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Se o racismo e a exclusão eram explícitos, porque hoje, mais de 100 anos

depois, é necessário explicar que há racismo no Brasil?

?
Oliveira Viana Gilberto Freyre
Evolução do Povo Brasileiro (1923) Casa Grande e Senzala (1933)

- Influência negra e indígena nos - Integração entre indígenas,


enfraqueceu intelectualmente e portugueses e africanos enriqueceu
culturalmente diante da Europa o pais

X
- A presença de negros e índios não - Cultura negra como parte
teve nenhum valor cultural e integrante do Brasil e não algo
causou instabilidades sociais estranho
- “Arianismo bandeirante” - Lusotropicalismo
- Brasil tem problema de raça - Excepcionalidade do povo brasileiro
- Necessidade de fortalecimento - Escravidão branda e relações
racial do país. amigáveis
- A mestiçagem deve ser - Colonização portuguesa mais
estimulada como caminho para a pacífica
purificação
Gilberto Freyre e a Democracia Racial

Não são dois nem três, porém muitos os casos de crueldade de


senhoras de engenho contra escravos inermes.
Sinhá-moças que mandavam arrancar os olhos de mucamas
bonitas e trazê-los à presença do marido, à hora da sobremesa,
dentro da compoteira de doce e boiando em sangue ainda
fresco. Baronesas já de idade que por ciúme ou despeito “Havia uma doçura nas relações entre
mandavam vender mulatinhas de quinze anos a velhos
senhores com escravos domésticos,
libertinos. Outras que espatifavam a salto de botina dentaduras
de escravas; ou mandavam-lhes cortar os peitos, arrancar as onde a casa-grande fazia subir da
unhas, queimar a cara ou as orelhas. senzala para o serviço mais íntimo e
Toda uma série de judiarias. (Freyre, 337) delicado dos senhores, vários indivíduos
como amas de criar, mucamas…”
Gilberto Freyre e a Democracia Racial

“Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo belo louro,


traz na alma quando não na alma e no corpo, a sombra,
ou pelo menos a pinta, do indígena e ou do negro”

Reconhecimento pleno da mestiçagem como verdadeira identidade brasileira


Desafricanização de elementos culturais, simbolicamente embranquecidos
Passividade africana diante da escravidão
Retrato de uma convivência que, apesar da violência, era marcada pelo amor e pelo prazer
Identidade nacional vem desse encontro pacifico, de trocas
Epistemicídio
SUELI CARNEIRO

Parte de pressupostos de Boaventura de


Sousa Santos:

A destruição de conhecimentos, de saberes,


e de culturas não assimiladas pela cultura
branca/ocidental

Omissão do ponto de vista negro

Esquecimento dos saberes e vivências


negras no nosso cotidiano
Três bases principais

“O sofrimento aqui é de
“Aqui ninguém é branco,
classe. Quem sofre é o pobre,
como pode haver racismo?”
não tem a ver com cor.”

“Racismo mesmo tem é nos


EUA. Aqui ninguém segregou.”
Destaques do Jornal O Globo
(1950 e 1952)
Marcas do Racismo Brasileiro e as consequências
da democracia racial para o senso comum

Banalização da violência da escravidão


● Não desenvolvimento de uma
seriedade histórica
● Desigualdade perde o vínculo
com as políticas racistas e se
torna questão de ‘falta de força
de vontade’
● Se torna questão de opinião e
não questão social
● Cegueira pra questões
institucionais e estruturais
Marcas do Racismo Brasileiro e as consequências
da democracia racial para o senso comum

Racismo de “marca” e não de


Banalização da violência da escravidão
● Não desenvolvimento de uma
“origem”
● Se baseia em fenótipo
seriedade histórica
● Dificuldade de autoidentificação
● Desigualdade perde o vínculo
● Estereótipos e concepções
com as políticas racistas e se
negativas naturalizadas no senso
torna questão de ‘falta de força
comum
de vontade’
● Impossibilidade do racismo devido a
● Se torna questão de opinião e
criação de um ‘racista-outro’
não questão social etnicamente padronizado
● Cegueira pra questões Racismo é caráter e má índole
institucionais e estruturais
Respostas ao primeiro censo
brasileiro que permitiu a auto
identificação racial (1976)

Autoidentificação no
Brasil
Quanto mais se é
próximo do padrão
branco, menos os
efeitos do racismo
serão sofridos, e mais
se tentará apagar a
identidade negra do
sujeito.
A isso damos o nome
de COLORISMO
Marcas do Racismo Brasileiro e as consequências
da democracia racial para o senso comum

Racismo de “marca” e não de ● Lógica dos EUA como


Banalização da violência da escravidão
“origem” modelo (hollywoodiana)
● Não desenvolvimento de uma
● Se baseia em fenótipo ● Eufemismos
seriedade histórica
● Dificuldade de autoidentificação ● Silêncios e negações
● Desigualdade perde o vínculo
● Estereótipos e concepções ● Desqualificações e
com as políticas racistas e se
negativas naturalizadas no senso
torna questão de ‘falta de força paternalismos
comum
de vontade’ ● Difícil de ser provado e
● Impossibilidade do racismo devido a
● Se torna questão de opinião e argumentado
criação de um ‘racista-outro’
não questão social etnicamente padronizado RACISMO VELADO E CORDIAL
● Cegueira pra questões Racismo é caráter e má índole
institucionais e estruturais
Racismo Racismo como parte da nossa
formação enquanto sociedade
Estrutural

RACISMO Racismo Organizações e instituições


funcionando excluindo uma raça ou
Institucional reforçando a superioridade de outra

Sistema de
Racismo Racismo de um indivíduo para outro,
hierarquias raciais Interpessoal âmbito individual

que opera de
O que não se confessa, mas está nas
modos diferentes Racismo entrelinhas e aparece em comentários
sobre cor da pele, cabelo, lugar social,
em sociedades Velado o “não sou racista, mas…”

diferentes
O que vem com intimidade, envolve
Racismo elogios e relações próximas:
Cordial “Mas eu tenho até um amigo negro”
“Magina, você é negra, mas é muito
linda, sabia?”
Adilson Moreira e o Racismo Recreativo

Mecanismo cultural que propaga o racismo, mas


que ao mesmo tempo permite que pessoas
brancas possam manter uma imagem positiva
de si mesmas
Dicas de Leitura

❖ Livro “Nem preto nem branco, muito pelo contrário: Cor e raça na sociabilidade
brasileira” de Lilia Schwarcz
❖ Livro “O que é Racismo Recreativo” de Adílson Moreira
❖ Livro “O Genocídio do negro brasileiro: Processo de um Racismo Mascarado”, de
Abdias do Nascimento
❖ Livro “Tornar-se Negro”, de Neusa Santos Souza
❖ Livro “Famílias inter-raciais: tensões entre cor e amor” de Lia Vainer Schucman
OBRIGADX!
jardim.suzane@gmail.com

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