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Curso de Graduação em
Engenharia Elétrica
Prof. R. S. Salgado
Florianópolis - SC
2009.
Sumário
1 Sistemas Trifásicos 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Conexão Balanceada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Componentes Simétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Representação no Domı́nio de Seqüência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.6 Curvas PV e QV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
3.7 Linhas de transmissão com perdas desprezı́veis . . . . . . . . . . . . . . . . 86
3.8 Fluxo de Potência em Linhas de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
3.9 Compensação de Linhas de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
3.10 Desempenho das linhas de transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
3.11 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Sistemas Trifásicos
1.1 Introdução
A teoria de sistemas trifásicos é usada no estudo da operação das redes de energia elétrica
em regime permanente. Os equipamentos utilizados na operação desses sistemas são na
sua maioria trifásicos, o que facilita em muitos casos a aplicação da teoria apresentada
neste capı́tulo. Sob condições de curto circuito assimétrico ou mesmo quando uma carga
desequilibrada é suprida, as correntes e tensões fasoriais são desbalanceadas, o que requer
um esforço computacional maior na sua determinação. As seções subseqüentes mostram
os métodos de solução dos circuitos trifásicos, com ênfase na representação desses sistemas
através da sua decomposição em Componentes Simétricos. 1
A figura 1.1 mostra uma fonte de tensão trifásica, conectada em Y , alimentando uma carga
trifásica balanceada (ou equilibrada, simétrica) conectada em Y . A fonte é suposta ideal
e portanto a sua impedância é desprezada. As tensões fase-neutro são balanceadas, ou
seja, iguais em magnitude e defasadas de 1200 . Considerando a seqüência de fase positiva
(ou abc) e tomando o fasor Van como referência, as tensões complexas são expressas por
1
Alguns dos exercı́cios propostos no final deste capı́tulo foram baseados em [1] e [2].
2 Capı́tulo 1: Sistemas Trifásicos
+ + Ic
Vcn Van
Ia ZY ZY
- -
n N
-
Vbn ZY
+ Ib
Do circuito da figura 1.1, as tensões de linha (ou fase-fase) são dadas por
isto é,
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 3
√
• os fasores tensão de√linha possuem módulo igual a 3 vezes a magnitude das tensão
fase-neutro (VL = 3Vf );
e de maneira análoga,
Van + Vbn + Vcn = 0
Vn − VN = VnN = 0.
Van Vf ∠00
Ia = = = IL ∠ − θ
ZY ZY ∠θ
Vbn Vf ∠ − 1200
Ib = = = IL ∠ − 1200 − θ
ZY ZY ∠θ
Vcn Vf ∠ + 1200
Ic = = = IL ∠ + 1200 − θ
ZY ZY ∠θ
Vf
onde IL = é a magnitude da corrente de linha.
ZY
As correntes de linha do sistema trifásico mostrado na figura 1.1 são iguais em mag-
nitude e defasadas de 1200 e por isso também são balanceadas. A corrente no neutro é
dada por
In = Ia + Ib + Ic
Sa = Van I∗a
= Vf IL ∠θ
Sb = Vbn I∗b
= Vf ∠ − 1200 IL ∠1200 + θ
= Vf IL ∠θ
Sc = Vcn I∗c
= Vf ∠ + 1200 IL ∠ − 1200 + θ
= Vf IL ∠θ
S3φ = Sa + Sb + Sc
= 3Vf IL ∠θ
VL
= 3 √ IL ∠θ
3
e portanto
√
S3φ = 3VL IL ∠θ (1.2)
Carga conectada em ∆
A figura 1.2 mostra um sistema trifásico, com a fonte conectada em Y e a carga conectada
em ∆. A carga é representada por uma impedância Z∆ = Z∆ ∠θ. Adotando-se a mesma
seqüência de fases (positiva) e o mesmo fasor de referência angular (Van ) do caso anterior,
as correntes em cada ramo da conexão ∆ são dadas por
√
Vab 3Vf ∠300
Iab = =
Z∆ Z∆ ∠θ
√
Vbc 3Vf ∠ − 900
Ibc = =
Z∆ Z∆ ∠θ
√
Vca 3Vf ∠1500
Ica = =
Z∆ Z∆ ∠θ
+ + Ic
Vcn Van
Ia Z∆
- -
Z∆ Z∆
-
Vbn
+ Ib
ou, alternativamente,
√
Ia = 3Iab ∠ − 300
√
Ib = 3Ibc ∠ − 300 (1.3)
√
Ic = 3Ica ∠ − 300
Portanto, para uma carga balanceada conectada em ∆ e suprida com tensões trifásicas
balanceadas em seqüência da fase positiva,
√
• a magnitude das correntes de linha é igual a 3 vezes a magnitude das correntes
nos ramos da conexão ∆;
• os fasores correntes de linha estão atrasados de 300 em relação aos fasores corre-
spondentes às correntes nas fases do ∆.
dada por
S3φ = Sa + Sb + Sc
= 3Vf IL ∠θ
VL
= 3 √ IL ∠θ
3
e portanto √
S3φ = 3VL IL ∠θ
que é a mesma representada pela Eq. (1.2).
Das equações deduzidas anteriormente, o módulo da impedância da carga conectada
em Y é dada por
Vf
ZY = √
3If
e da carga conectada em ∆ é expressa como
√
3Vf
Z∆ =
If
Ex. 1.1 Um alimentador trifásico, operando na tensão de 380 V, supre uma uma carga
balanceada conectada em ∆, constituı́da por três impedâncias iguais a 24 + j18 Ω/fase.
A linha que conecta a fonte e a carga tem uma impedância igual a Zl = 0, 087 + j0, 996
Ω/fase. Adote o fasor tensão Vab como referência, a seqüência de fases positiva (abc) e
determine:
• componentes de seqüência zero, representados por três fasores iguais (isto é, de
mesmo módulo e mesmo ângulo).
A figura 1.3 mostra a representação dos três sistemas de componentes simétricas.
Vc1
Vc0
Vc2 Vb2
Va0
Va1
Vb0
Va2
Vb1
Vb2 Vc
Vb
Va1 Vc1
Vb0
Va Vc0
Va0 Vc2
Va2 Vb1
Sistema desbalanceado
o qual aplicado a um fasor gira o mesmo de 1200 sem alterar o seu módulo. As componentes
de seqüência podem ser expressas em função das grandezas correspondentes à fase a, tal
que a Eq. (1.4) é re-escrita como
ou em forma matricial,
Ia 1 1 1 Ia0
Ib = 1 a2 a Ia1 (1.6)
Ic 1 a a2 Ia2
e na forma compacta,
If = AIs (1.7)
onde If e Is são vetores coluna de ordem 3 × 1, cujas componentes são os fasores corrente
dos domı́nios de fase e seqüência, respectivamente; e A é uma matriz de ordem 3 × 3
expressa por
1 1 1
A = 1 a2 a
1 a a2
As Eqs. (1.6) e (1.7) podem ser re-escritas como
Ia0 1 1 1 Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib (1.8)
3
Ia2 1 a2 a Ic
e
Is = A−1 If (1.9)
Portanto, A e A−1 são matrizes de transformação, que convertem respectivamente
fasores do domı́nio de seqüência para o domı́nio de fase e vice-versa.
No caso dos fasores tensão, as expressões correspondentes as Eqs. (1.6), (1.7), (1.8) e
(1.9) são
Van 1 1 1 Va0
Vf = AVs ⇒ Vbn = 1 a2 a Va1 (1.10)
2
Vcn 1 a a Va2
e
Va0 1 1 1 Van
1
Va1 = 1 a a2 Vbn
Vs = A−1 Vf ⇒ (1.11)
3
Va2 1 a2 a Vcn
onde as componentes de seqüência das Eqs. (1.10) e (1.11) referem-se aos fasores tensão
fase-neutro. Observe que expressões semelhantes a essas equações podem ser escritas para
os fasores tensão de linha (fase-fase), utilizando as mesmas matrizes de transformação.
1. das tensões trifásicas fase-neutro de magnitude 380 V, tomando o fasor Van como
referência e seqüência de fases positiva;
Cargas Estáticas
a
Ia
b
Ib
Za Zb
Zc
Zn
In
Ic
c
t - nó de terra
Vf = Zf If (1.14)
onde o ı́ndice f indica que os componentes desta equação pertencem ao domı́nio de fase.
As tensões e correntes dos domı́nios de fase e seqüência são relacionadas por
Vf = AVs If = AIs
Vs = Zs Is
onde Vs e Is são vetores cujos termos são os componentes simétricos da tensão fase-terra
e da corrente de linha, e Zs = A−1 Zf A é a matriz impedância convertida ao domı́nio de
seqüência, a qual é dada por
Za + Zb + Zc + 9Zn Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc
1
Zs = Za + aZb + a2 Zc Za + Zb + Zc Za + a2 Zb + aZc (1.15)
3 2 2
Za + a Zb + aZc Za + aZb + a Zc Za + Zb + Zc
e portanto
Va0 Za + Zb + Zc + 9Zn Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc Ia0
Va1 = 1 Za + aZb + a2 Zc Za + Zb + Zc Za + a2 Zb + aZc Ia1
3
Va2 Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc Za + Zb + Zc Ia2
(1.16)
As Eqs. (1.13) e (1.16) representam analiticamente o sistema da figura 1.4 nos domı́nios
de fase e seqüência, respectivamente. Se a carga é balanceada,
Za = Zb = Zc = Zy
A Eq. (1.17) consiste de três equações desacopladas, que podem ser representadas em
termos de circuitos monofásicos de seqüência positiva, negativa e zero, conforme mostra
a figura 1.4.
No domı́nio de fase, a corrente que flui no neutro do sistema trifásico é dada por
In = Ia + Ib + Ic
12 Capı́tulo 1: Sistemas Trifásicos
+ + +
- - -
e desde que
então
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
e portanto
In = 3Ia0
As cargas conectadas em Y solidamente aterrado, Y sem aterramento e ∆ são casos
particulares da carga conectada em Y -aterrado. Nos dois primeiros casos, as impedâncias
do neutro valem respectivamente Zn = 0 e Zn = ∞. A carga em ∆ é equivalente a uma
carga conectada em Y sem aterramento, casos nos quais a soma fasorial das correntes de
linha é zero; isto é,
Ia + Ib + Ic = 0
o que implica em
Ia0 = 0
Portanto, as correntes de seqüência zero existem apenas em sistemas trifásicos dese-
quilibrados e com neutro aterrado.
ou na forma compacta
Vf − Vf¯ = Zf If
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 13
Zlt
a ā
Zlt
b b̄
Zlt
c c̄
Máquina Sı́ncronas
A figura 1.8 mostra um gerador sı́ncrono, com as bobinas da armadura conectadas em
Y -aterrado. Cada fase é composta por uma fonte de tensão independente, representando
14 Capı́tulo 1: Sistemas Trifásicos
+ + + + + +
- - - - - -
a
Ia
b
Zg Zg Ib
+ +
Efa Efb
- -
In +
Efc
Zn
-
Zg
Ic
t: nó de terra c
In = Ia + Ib + Ic
e portanto
Vat = −(Zg + Zn )Ia + Efa − Zn Ib − Zn Ic (1.20)
Expressões semelhantes à Eq. (1.20) podem ser estabelecidas para as fases b e c, tal
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 15
Vf = −Zf If + Ef (1.22)
+ + + +
- - - -
Ex. 1.3 Considere um sistema trifásico onde as seguintes três cargas conectadas em par-
alelo são supridas por um a alimentador operando na tensão de 380 V:
• carga 1: conectada em ∆ e constituı́da por três impedâncias iguais a 24+j18 Ω/f ase;
3. as potências complexas absorvida pela carga total e fornecida pela fonte, a perda de
potência ativa e reativa no sistema de transmissão;
1.5 Exercı́cios
1.1 Um alternador trifásico com valores de placa 25 kVA, 380 volts, 60 Hz opera sob
condições balanceadas, suprindo uma corrente de linha de 20A por fase, com fator de
potência 0,8 atrasado e tensão nominal.
2. Qual o fator de potência da carga total e da fonte sob essa condição de operação?
1.3 Três impedâncias iguais a 30∠300 Ω, conectadas em ∆, são supridas por uma
fonte de tensão trifásica balanceada de 220 V, através de três condutores idênticos com
impedância 0,8+j0,6 Ω por fase.
2. Calcule a potência complexa total fornecida pela fonte e as perdas de potência nas
linhas de transmissão;
1.4 Num sistema trifásico balanceado, dois geradores suprem uma carga através de duas
linhas de transmissão. A carga absorve a 30 kW a um fator de potência 0,8 atrasado.
As impedâncias das linhas de transmissão entre os geradores G1 e G2 e a carga são
respectivamente 1,4+j1,6 Ω/fase e 0,8+j1,0 Ω/fase. Se o gerador G1 supre 15 Kw a um
fator de potência 0,8 atrasado e a uma tensão de 460 V, determine:
1.5 Os terminais de uma fonte trifásica são denotados por a, b e c. Entre qualquer
par de terminais um voltı́metro mede 115 V. Um resistor de 100 Ω e uma reatância
capacitiva de 100 Ω na freqüência da fonte estão conectados em série de a para b, com
o resistor conectado em a. O ponto de conexão desses elementos entre si é denotado
por n. Determine geometricamente a leitura do voltı́metro entre os terminais c e n, nas
seqüencias de fase positiva (abc) e negativa (acb).
1.6 Determine a corrente fornecida por uma linha de transmissão trifásica, com impedância
igual a 0,3+j1,0 Ω/fase, a um motor trifásico de 15 HP, operando a plena carga, com
90 % de rendimento, fator de potência de 80 % em atraso e tensão de 440 V. Calcule
a magnitude da tensão e a potência complexa na entrada da linha de transmissão, e a
potência complexa absorvida pela mesma. (1 HP(horse power) = 745,7 watts.)
1.8 Uma planta industrial necessita instalar um compressor para recalcar água de um
poço semi-artesiano. O compressor é alimentado por uma linha trifásica, conectada no
secundário do transformador da subestação de suprimento local. A tensão no secundário
do transformador trifásico é de 220 V, a corrente absorvida pelo motor do compressor é
de 100 A, com fator de potência 0,7 indutivo, e a linha trifásica tem uma impedância de
0,1 +j 0,05 Ω/fase. Determine:
1.9 Uma carga trifásica absorve 250 kW com um fator de potência de 0,707 em atraso
através de uma linha de transmissão trifásica de 400 V. Esta carga está conectada em
paralelo com um banco trifásico de capacitores de 60 kVar. Determinar a corrente total
fornecida pela fonte e o fator de potência resultante. Repita estes cálculos excluindo o
banco de capacitores e compare os valores da corrente fornecida pela fonte.
1.10 Um motor trifásico absorve 20 kVA com fator de potência de 0,707 em atraso, de
uma fonte de 220 V. Especifique os valores nominais (em kVar) de um banco trifásico de
capacitores, necessário para elevar o fator de potência do conjunto carga-banco a 0,90 em
atraso. Determine a corrente de linha antes e depois da adição do banco de capacitores,
supondo que a magnitude da tensão da fonte permanece constante.
1.11 Um motor de indução trifásico requer 6 kW com o fator de potência 0,8 em atraso.
Determinar os valores de um banco de capacitores conectados em Y de forma a produzir
um fator de potência unitário no sistema, quando colocado em paralelo com o motor, num
sistema balanceado de 250 V e freqüência de 60 Hz.
1.14 Duas cargas trifásicas associadas em paralelo são supridas por uma fonte através
de um sistema de transmissão de impedância igual a 0,1+j1,0 Ω/fase. A primeira carga
é um motor de 7,5 kW, fornecendo a sua potência nominal, numa tensão de 440 V, com
rendimento de 90% e fator de potência 0,8 em atraso. A segunda carga é representada
por três impedâncias de 20,0+j50,0 Ω, conectadas em ∆. Calcular:
1.15 Um gerador trifásico operando na tensão de 380 volts supre, através de uma linha
de transmissão com impedância 0,1 + j1,0 Ω/fase, uma carga trifásica que absorve uma
corrente de 50 Ampéres com fator de potência 0,8 em atraso. Supondo seqüência de
fases positiva e tomando o fasor tensão fase-neutro na fase a da carga como referência,
determinar:
3. a impedância por fase de uma conexão ∆, que associada em paralelo com a carga
torna unitário o fator de potência desta;
1.16 Duas cargas trifásicas conectadas em paralelo são supridas por um gerador sı́ncrono,
com bobinas da armadura conectadas em Y e reatância sı́ncrona de 0,5 Ω/fase, através de
uma linha de transmissão de impedância 0,5 + j0,5 Ω/fase. A tensão interna do gerador é
380 V. A carga 1 consiste de três impedâncias de 6,0 + j9,0 Ω conectadas em ∆ e a carga
2 é composta de três admitâncias de 0,12+j0,16 S conectadas em Y. Supondo seqüência
de fases positiva e adotando o fasor tensão Vab como referência, determinar:
4. o fator de potência com que opera cada uma das cargas, a carga total e o gerador
sı́ncrono;
1.17 Num sistema trifásico, um gerador sı́ncrono com valores de placa: 200 MVA, 16
kV, bobinas da armadura conectadas em Y com reatância sı́ncrona de 3 Ω/fase e fator
de potência 0,8 atrasado, supre uma carga trifásica, na tensão nominal, através de um
sistema de transmissão de impedância desprezı́vel. A carga consome 100 MVA com fator
de potência 0,8 em avanço. Adotando a seqüência de fases positiva e o fasor Van como
referência, calcular:
1.18 Uma fonte conectada em Y -solidamente aterrado opera com tensões fase-terra
iguais a Vat = 277∠00 V, Vbt = 260∠ − 1200 V e Vct = 295∠1150 V, suprindo uma
carga trifásica representada pela matriz de impedâncias
10 + j30 5 + j20 5 + j20
Zf = 5 + j20 10 + j30 5 + j20 Ω
5 + j20 5 + j20 10 + j30
1.19 Uma fase de um gerador trifásico opera em aberto enquanto as outras duas fases são
curto circuitadas à terra, circulando nas mesmas as correntes fasoriais Ib = 1000∠1500 A
e Ic = 1000∠300 A. Determinar os componentes simétricos destas correntes e a corrente
que flui através do neutro do gerador.
1.20 Dadas as tensões fase-terra Vat = 280∠00 V, Vbt = 250∠ − 1100 V e Vct =
290∠1300 V:
1.21 As correntes fasoriais numa carga conectada em ∆ são: Iab = 10∠00 A, Ibc =
15∠ − 900 A e e Ica = 20∠900 A. Determine:
1.22 Num sistema trifásico, tensões fase-terra iguais a Vat = 280∠00 V, Vbt = 250∠ −
1100 V e Vct = 290∠1300 V suprem uma carga balanceada conectada em Y solidamente
aterrado, composta de impedâncias iguais a 12 + j16 Ω/fase. Determine os circuitos de
seqüência do sistema e calcule as correntes de linha e suas correspondentes componentes
de seqüência.
1. supondo que a fonte e a carga são conectadas por uma linha de transmissão de
impedância 3 + j4 Ω/fase;
1.24 Num sistema trifásico, um gerador sı́ncrono supre um motor através de uma linha
de transmissão com impedância 0.5∠800 Ω/fase. O motor absorve 5 kW, na tensão de 200
V, com fator de potência 0,8 adiantado. As bobinas da armadura do gerador e do motor
são conectadas em Y aterrado, com impedâncias indutivas de de 5 Ω. As impedâncias de
seqüência das máquinas são iguais a Z0 = j5, Z1 = j15 e Z2 = j10 Ω. Determine os
circuitos de seqüência do sistema trifásico e calcule as tensões de linha nos terminais do
gerador. Considere o motor uma carga balanceada.
22 Capı́tulo 1: Sistemas Trifásicos
Capı́tulo 2
2.1 Introdução
Em estudos de redes elétricas em regime permanente, os sistemas trifásicos equilibrados
são modelados analiticamente pelo diagrama de impedâncias de uma fase do circuito Y
equivalente. Cada elemento constituinte do diagrama unifilar é representado por um
circuito monofásico de seqüência positiva, com os parâmetros e variáveis da rede elétrica
expressos no sistema por unidade. Este capı́tulo mostra como este circuito é determinado.
Para esta finalidade, três aspectos são fundamentais são apresentados. O primeiro é o
diagrama unifilar, que fornece uma idéia sobre a estrutura e a conexão dos componentes
do sistema, e à partir do qual é possı́vel determinar o diagrama de impedâncias. O
segundo é a representação do diagrama de impedâncias no sistema por unidade, o qual
tem por objetivo facilitar os cálculos de correntes e tensões no circuito elétrico. O terceiro
é a modelagem analı́tica dos componentes da rede elétrica em termos de elementos de
circuitos. Isto permite obter um modelo do sistema de potência em termos de equações
obtidas aplicando-se as leis de circuitos elétricos, cuja solução fornece os subsı́dios para a
análise da rede elétrica.
Transformador de Disjuntor a ar
dois enrolamentos
Transformador de Conexão Delta
três enrolamentos
Disjuntor Conexão Y
sem aterramento
Transformador de
corrente Conexão Y
Zn aterrado com Zn
ou Transformador de
potencial
A Amperı́metro Conexao Y
solidamente aterrado
Voltı́metro
V
1 2
Zng1 Zng3
G1 T1 T2 G3
Zng2 G2 LT
Carga 1 Carga 2
• a quantidade em pu é adimensional;
2. os outros dois valores base são calculados utilizando-se as relações entre tensão,
corrente, impedância e potência num circuito monofásico. Por exemplo, se a tensão
e a potência são escolhidas como grandezas base (Vb e Sb ), então os valores de
corrente base e impedância base são calculados por
Sb Vb Vb2
Ib = Zb = ou Zb =
Vb Ib Sb
De maneira análoga, a quantidade adotada como base para o cálculo de ambas, re-
sistência e reatância, no sistema por unidade é a impedância base, isto é,
Rb = Xb = Zb
1
Yb =
Zb
Sb1φ Sb3φ /3 S
Ib = = √ = √ b3φ
Vbf VbL / 3 3VbL
√
Vbf VbL / 3 V2
Zb = = √ = bL
Ib Sb3φ / 3VbL Sb3φ
Num sistema de potência trifásico, as seguintes regras são adotadas para a especificação
das quantidades base:
1. o valor de potência aparente trifásica base Sb3φ é o mesmo ao longo de todo o sistema;
2. a relação entre as tensões de linha base nos lados do transformador é igual aquela
entre os valores nominais da tensão do transformador, ou seja, a tensão de linha base
passa através do transformador trifásico segundo a sua relaão nominal de tensões
de linha.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 27
Ex. 2.1 Considere dois geradores trifásicos suprindo, através de linhas de transmissão
trifásicas separadas, duas cargas trifásicas balanceadas conectadas no mesmo ponto. A
carga 1, conectada em Y, absorve 20 kW operando com fator de potência 0,8 atrasado e a
carga 2, conectada em ∆, absorve 12 kVA operando com fator de potência 0,9 adiantado.
Há ainda uma terceira carga de 15 kW, resistiva e ligada em Y, conectada diretamente
aos terminais do gerador 2. A impedância da linha de transmissão entre o gerador 1 e
a carga é 1,4 +j1,6 Ω/fase, e da linha de transmissão entre o gerador 2 e a carga é 0,8
+j1,0 Ω/fase. O gerador 1 supre 20 kW a um fator de potência 0,8 atrasado, numa tensão
terminal de 460 V. Suponha que a potência das três cargas seja independente da tensão
de alimentação. Empregando o sistema por unidade e tomando como valores base 25 kVA
e 460 V no gerador 1, determinar:
1. o diagrama de impedâncias no sistema por unidade na base mencionada;
2. a corrente da carga 1, em pu e em ampéres;
3. a tensão nos terminais do gerador 2, em pu e em volts;
4. a potência aparente suprida pelo gerador 2, em pu e em kVA;
5. o valor da reatância em pu e em Ω/fase de uma carga de compensação reativa
necessária para tornar unitário o fator de potência do equivalente das cargas 1 e 2.
Zs = jXs
I
+ +
E G V
- -
V
Qg = (E cos δ − V )
Xs
onde δ é denominado ângulo de carga da máquina sı́ncrona.
Os diagramas fasoriais do gerador sı́ncrono sub-excitado e sobre-excitado são mostra-
dos nas figuras 2.4 e 2.5.
Motor Sı́ncrono
O circuito equivalente do motor sı́ncrono é mostrado na figura 2.6, e os correspondentes
diagramas fasoriais para os casos de sub-excitação e sobre-excitação são representados nas
figuras 2.7 e 2.8.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 29
E
IjXd
δ
V
φ
E
I IjXd
φ
δ
V
Zs = jXs
I
+
+
E G V
-
-
Compensadores Sı́ncronos
Quando a máquina sı́ncrona opera como um Compensador Sı́ncrono, a potência ativa
suprida é aproximadamente zero (em razão das perdas internas), sendo fornecida apenas
potência reativa (capacitiva ou indutiva). Este modo de funcionamento é o mesmo de
um motor sı́ncrono operando sem carga mecânica. Dependendo da corrente de excitação,
o dispositivo pode gerar ou absorver potência reativa. Desde que as perdas neste tipo
de dispositivo são consideráveis, se comparadas às dos Capacitores Estáticos, o fator de
30 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
V
IjXd
δ
E
φ
V
I IjXd
φ
δ
E
potência com que operam os compensadores sı́ncronos não é exatamente igual a zero. No
caso da operação em conjunto com os reguladores de tensão, os compensadores sı́ncronos
podem automaticamente funcionar superexcitados (sob condição de carga pesada) ou
subexcitados (sob condições de carga leve).
φ
E V
jXd I
V E
φ jXd I
é que em geral o equipamento está situado longe dos pontos de consumo e necessita de
elementos de transporte para atingir a demanda, ocasionando perda de potência.
Valvula de vapor
Pref
Para o
condensador Regula-
dor de Retificador
tensao Filtro
Transformador
de potencial
S = P + jQ
= VI∗a
= V Ia (cos θ + j sin θ)
tal que
P = V Ia cos θ
(2.1)
Q = V Ia sin θ
Note que, desde que o ângulo θ é numericamente positivo, a potência reativa liberada
pela máquina é positiva para cargas com fator de potência atrasado. Se a potência ativa de
saı́da (P ) é mantida constante a uma tensão terminal (V ) constante, a análise da equação
1
O texto a seguir é baseado nas referências [?, ?, 1].
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 33
2.1 mostra que a quantidade Ia cos θ também permanece constante. Nessas condições, a
magnitude da força eletromotriz interna (Ef ) varia proporcionalmente conforme a corrente
contı́nua de excitação do campo (If ) se modifica, de forma a manter a quantidade Ia cos θ
constante.
LG de Ef constante
LG de Ia cte Ef
Ia Xd cos θ
δ
jIa Xd
Vt Ia Xd sin θ
θ
Ia
Ia cos θ
Ia Xd sin θ
Ef
jIa Xd
Ia Xd cos θ
δ
Ia
θ
o Vt
Ex. 2.3 Considere um gerador sı́ncrono com valores nominais 635 MVA, fator de potência
0,90 atrasado, 3600 rpm, 24 kV e reatância sı́ncrona 1,7241 pu conectado a uma barra
infinita. Se esta máquina está suprindo uma corrente de 0,8 pu com fator de potência 0,9
atrasado a uma tensão terminal de 1,0 pu, determine a magnitude e o ângulo da tensão
interna do gerador e as potências ativa e reativa supridas a barra infinita. Se a potência
ativa de saı́da do gerador permanece constante, porém a sua excitação é (a) reduzida em
20 % e (b)aumentada em 20 %, determine o ângulo de carga e a potência reativa suprida
pelo gerador.
ωMf If
Ef = √
2
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 35
(a) P = cte
(c) Ef = cte
Ia Xd sin θ jIa Xd
cos θatrasado
(d) Ia = cte
θ
o Ef
p
Vt
P
δ cos θadiantado
Ia θ
Figura 2.13: Diagrama fasorial obtido pela rotação do diagrama da figura 2.12
(abaixo) da linha o − p;
O diagrama da figura 2.13 se torna mais útil quando os eixos são escalonados para
indicar as potências ativa e reativa de saı́da do gerador. O re-arranjo das equações
V Ef
Pg = sin δ
Xd
V
Qg = (Ef cos δ − V )
Xd
fornece
V Ef
Pg = sin δ
Xd
µ ¶
V2 Ef V
Qg + = cos δ
Xd Xd
A soma dos quadrados das duas últimas equações resulta na expressão
µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
2 V2 V Ef Ef V
Pg + Qg + = sin δ + cos δ
Xd Xd Xd
µ ¶2
Ef V ¡ ¢
= sin2 δ + cos2 δ
Xd
µ ¶2
Ef V
=
Xd
µ ¶ µ ¶
Ef V V2
a qual representa geometricamente um cı́rculo de raio centrado no ponto 0; − .
Xd µ X ¶d
V
Este cı́rculo pode ser obtido multiplicando-se cada fasor da figura 2.13 pela razão ,
Xd
o que significa o escalonamento dos eixos mostrado na figura 2.14.
O diagrama de carregamento da máquina sı́ncrona mostrado na figura 2.14 torna-
se mais prático quando se considera a corrente máxima (perdas I 2 R) que pode circular
nas bobinas da armadura e do campo e também os limites da máquina primária e o
aquecimento do núcleo da armadura. A figura 2.15 mostra a curva de capabilidade de um
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 37
(a) P = cte
Figura 2.14: Diagrama fasorial obtido pelo escalonamento do diagrama da figura 2.13
gerador sı́ncrono com valores nominais 635 MVA, 24 kV, fator de potência 0,9 e reatância
sı́ncrona 172,41 %.
Na figura 2.15, o ponto m corresponde ao valor nominal de potência aparente do
gerador com fator de potência nominal atrasado (635 MVA com cos θ = 0, 9 atrasado).
O projeto da máquina deve prever um valor de corrente de campo suficiente para que a
máquina sı́ncrona possa operar superexcitada ponto m. O limite da corrente de campo é
determinado segundo o arco m − r. A capacidade do gerador para liberar potência reativa
ao sistema é portanto reduzida. Na verdade, a saturação da máquina faz decrescer o valor
da reatância sı́ncrona e por esta razão os fabricantes fornecem curvas que se iniciam nos
limites de aquecimento do campo teóricos descritos anteriormente.
0
A imagem do ponto m é o ponto m , de operação na região de sub-excitação. Os op-
eradores do sistema de potência evitam operar a máquina sı́ncrona na região subexcitada
da curva de capabilidade por razões de estabilidade do sistema em regime permanente e
de sobre-aquecimento da máquina.
Quando a máquina opera na região de sub-excitação, as correntes parasitas induzidas
pelo sistema no ferro da armadura e o aquecimento por efeito Joule aumentam. Para
limitar este aquecimento os fabricantes fornecem curvas especı́ficas de capabilidade e re-
comendam os limites dentro dos quais se pode operar a máquina.
Para se obter os valores de potência ativa e potência reativa supridas pelo gerador num
ponto de operação através do uso da figura 2.15, os valores por unidade dessas grandezas
38 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
Potência reativa
0,8 limite de aquecimento do campo
r
cos θ = 0, 80
0,6
cos θ = 0, 90
0,4 m
cos θ = 0, 95
limite de
0,2 aquecimento MS superexcitada
θ da armadura
0,0 cos θ = 1, 0
Potência ativa
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
-0,2 MS subexcitada
δ cos θ = 0, 95
-0,4 m
0
n cos θ = 0, 90
-0,6
limite de
circulo de 100 %
subexcitação
de excitação
obtidos no diagrama devem ser multiplicados pelo valor base de potência aparente da
máquina, o qual no caso é o valor nominal de 635 MVA.
A distância n − m representa o valor por unidade da potência aparente expressa pela
Ef V
quantidade no ponto de operação m. Isto permite calcular o valor por unidade da
Xd
tensão interna da máquina na base da sua tensão nominal (no caso 24 kV) multiplicando
Xd
o comprimento n − m pela razão expressa em pu. Note que a curva de capabilidade
V
é determinada segundo a condição de operação com a tensão terminal mantida constante
no seu valor nominal; isto é, V = 1, 0 pu e portanto o produto envolve apena a reatância
sı́ncrona da máquina Xd .
1
Se a tensão terminal da máquina não é 1,0 pu, então o valor , atribuı́do à distância
Xd
V2
o − n na figura 2.15, deve ser corrigido para expresso no sistema por unidade. Esta
Xd
mudança altera o escalonamento da figura 2.15 pelo fator V 2 , de tal forma que as potências
ativa e reativa obtidas através do diagrama devem ser primeiro multiplicadas pelo fator V 2
e posteriormente pela potência aparente base para fornecer os valores efetivos de potência
ativa e reativa da operação.
Ex. 2.4 Considere que o diagrama de capabilidade de um gerador sı́ncrono trifásico com
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 39
valores nominais 635 MVA, 24 kV, fator de potência 0,9 e reatância sı́ncrona 172,41 %,
3600 rpm é aquele mostrado na figura 2.15. Se o gerador está fornecendo 458,47 MW e
114,62 Mvar numa tensão de 22,8 kV a uma barra infinita,
Ex. 2.5 Um gerador sı́ncrono trifásico de 30 MVA, 17,32 kV, fator de potência 0,8
atrasado, 60 Hz, resistência da armadura desprezı́vel e reatância sı́ncrona de 5 Ω/fase,
opera conectado diretamente a uma barra infinita. Determine:
• a tensão de excitação por fase, em kV, e o ângulo de carga para a operação sob 90
% de sua capacidade nominal, com fator de potência 0,9 atrasado;
2.5 Transformadores
As principais caracterı́sticas do transformador são:
1. os enrolamentos possuem resistência, às quais estão associadas perdas de potência
ativa;
permeabilidade µc
seção transversal Ac
φc
I2
I1
Bobina 1 Bobina 2 +
+
N1 N2 V2
V1
−
−
comprimento médio lc
E1 = N1 (jω)φc (2.3)
N1 φc = Lm Im
−j<c E1 N2
= + I2
N12 ω N1
0
= Im + I2
0
onde Im e I2 representam respectivamente as correntes de excitação e de carga, esta última
referida ao primério.
A análise da equação
<c
Im = −j 2 E1
N1 ω
revela que Im está atrasada de 900 em relação a E1 , sendo portanto a quantidade Bm =
<c
interpretada como uma susceptância que representa o efeito indutivo no núcleo.
N12 ω
As perdas por histerese e correntes parasitas são representadas por um ramo shunt
1
adicional contendo uma resistência (ou condutância) Rc = , através da qual circula
Gc
uma corrente de perda Ic .
Essas considerações conduzem ao circuito equivalente mostrado na figura 2.18, o qual
0
inclui as correntes de magnetização e de perdas no núcleo. Nesta figura, I1 é a componente
da carga na corrente fornecida ao primário do transformador e Rc é a resistência shunt que
0 0
representa as perdas por histerese e correntes parasitas. Os parâmetros R1 , X1 , R2 e X2
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 43
0
R1 jX1 I1 jX2 R2
I1 I2
Iφ + +
+ +
Ic Im
V1 Rc jXm E1 E2 V2
− − − −
a:1
Transformador
ideal
0 0
I1 R1 jX1 jX2 R2 I2
0
+ +
V1 Rc jXm V2
0
− −
• transformadores de grande porte, com potência aparente nominal maior do que 500
kVA, possuem enrolamentos com as resistências desprezı́veis quando comparadas
com as reatâncias de dispersão, e portanto essas resistências podem ser desprezadas.
Isto possibilita utilizar os circuitos equivalentes mostrados nas figuras 2.20 e ??. Nesses
circuitos, os parâmetros do transformador referidos ao lado 1 são dados por
µ ¶2
N1
Req = R1 + R2
N2
µ ¶2
N1
Xeq = X1 + X2
N2
sem a inclusão do ramo de magnetização.
Ex. 2.6 Uma carga de 15 kW com fator de potência 0,8 atrasado, é suprida na tensão
de 110 V por um transformador monofásico de dois enrolamentos com valores nominais
20 kVA, 480/120 V, 60 Hz e impedância equivalente referida ao lado de baixa tensão de
0,0525 ∠78, 130 Ω. Determine:
Os valores base de tensão e corrente nos dois lados do transformador monofásico estão
relacionadas da mesma forma que os valores nominais dessas quantidades, isto é,
VbAT VnomAT
=
VbBT VnomBT
IbAT InomAT
=
IbBT InomBT
0
I1 I2
Req Xeq
+ +
0
V1 V2
− −
0
Req = R1 + R2
0
Xeq = X1 + X2
+ +
0
V1 V2
− −
0
Xeq = X1 + X2
2.5.2 Autotransformadores
Conforme verificado previamente, num transformador convencional como aquele repre-
sentado na figura 2.22 as bobinas são acopladas apenas magneticamente, via fluxo mútuo
no núcleo.
46 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
I1 I2
+ +
V1 V2
− −
a:1
I1
+ +
V1
I1 + I2
− V1 + V2
I2 V2
− −
− +
V1
I1 − I2
+ −V1 + V2
I2 V2
− −
• pela conexão adequada de um mı́nimo de seis bobinas iguais dispostas num mesmo
48 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
núcleo.
a A
0 0
a A
b B
n 0 N
b
0 B
c C
0
c
0 C
Y Y
1. Nas conexões ∆∆ e Y Y, as bobinas são rotuladas de tal maneira que não há de-
fasagem angular entre as grandezas dos lados de AT e BT . O circuito equivalente
é portanto semelhante ao do transformador monofásico convencional.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 49
a A
0 0
a A
b B
n 0
b
0 B
c C
0
c
0 C
Y ∆
AT BT 0
I1 j300
I2
Req Xeq e : 1, 0
+ +
0
V1 V2
− −
0
Req = R1 + R2 Transformador
Xeq = X1 + X2
0 Defasador
I2
I1
+
N2 V2
+
−
N1 I3
V1
+
N3
− V3
−
0 0
R2 jX2
R1 jX1 +
0 0
R3 jX3
+
0
+ V2
V1 Rc jXm
0
V3
−
− −
0
Z2
Z1
+
0
Z3
+
+ V2
V1
V3
− − −
• as tensões VbAT , VbM T e VbBT são selecionadas de acordo com as relações nominais
de tensão do transformador.
3. Com relação ao item anterior, determine a tensão nos terminais do enrolamento se-
cundário e as correntes de linha nos terminais dos enrolamentos primário e terciário
em unidades reais.
54 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
1,1
1,05
1,00 Taps
0,95
0,90
Os Transformadores com Comutação sob Carga (Load Tap Changing (LTC) ou Tap
Changing Under Load (TCUL)) permitem o ajuste do tap enquanto o transformador
está energizado. A variação do tap é operada por servo-motores comandados por relés
ajustados de forma a manter a tensão num determinado nı́vel. Circuitos eletrônicos
especiais permitem esta mudança sem interrupção de corrente.
A representação de um transformador monofásico com tap variável é mostrada na
figura 2.32. O transformador com relação de transformação a : 1 é ideal, tendo como
finalidade refletir a relação variável entre os fasores tensão. O parâmetro a pode ser um
número real ou complexo. Se apenas a magnitude da tensão é ajustada o parâmetro a
é um número real. Se o equipamento opera com valores nominais de tensão, a = 1 e o
circuito mostrado na figura 2.32 se reduz ao circuito monofásico equivalente convencional.
A equação
· ¸ · ¸· ¸
I1 Y11 Y12 V1
=
I2 Y21 Y22 V2
2
O texto a seguir é baseado nas referências [2, 3].
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 55
Ii Yeq 1:a Ij
+ + +
Vj
Vi Vj
a
- - -
Transformador
ideal
µ ¶
V2
S1 = I∗1
a
S2 = V2 I∗2
I1 = −a∗ I2
µ ¶
V2
I1 = V1 − Yeq
a
Yeq
= V1 Yeq − V2
a
Yeq Yeq
I2 = −V1 ∗
+ V2 ∗
a aa
Yeq Yeq
= −V1 + V2
a∗ |a|2
Y11 = Yeq
Yeq
Y22 =
a2
Yeq
Y12 = Y21 = −
a
Yeq
A=
I1 a I2
- ¾
+ +
µ ¶ µ ¶
a−1 1−a
V1 B= Yeq C = Yeq V2
a a2
− −
µ ¶
1−a
C= Yeq
a2
Ex. 2.10 Um transformador trifásico possui os seguintes dados de placa: 1000 MVA,
13,8kV(∆)/345kV(Y), reatância de dispersão igual a 11,9025 Ω referida ao lado de alta
tensão. As bobinas de baixa tensão do transformador possuem taps com variação ± 10 %.
Zser
Ysh Ysh
2 2
• Linhas curtas: apenas os parâmetros série da linha são levados em conta, com a
impedância série da linha de transmissão sendo expressa por Zser = Rser + jXser .
Os parâmetros shunt da linha são desprezados.
58 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
Ysh = jBsh S
2.7 Cargas
Em estudos de sistemas de potência em regime permanente, é necessário modelar ade-
quadamente a carga, tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos. Numa
barra tı́pica, a demanda consiste em geral de:
• motores de indução;
• aquecimento e iluminação;
• motores sı́ncronos.
S = P + Q
I P − jQ
Y= =
V V2
Impedância constante
P(Q)
Corrente constante
α(β) = 0,0
Potência constante
α(β) = 1,0
α(β) = 2,0
Tensão V
nominal
• se a a carga for representada como injeção de corrente constante (I), o valor dos
coeficientes α e β é unitário (α = β = 1, 0);
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 61
I Potência constante
α(β) = 0,0 Impedância constante
α(β) = 2,0
Corrente constante
α(β) = 1,0
Vnom V
• se a a carga for representada como impedância constante (Z), o valor dos coeficientes
α e β é especificado como α = β = 2, 0;
A tabela 2.3 apresenta valores tı́picos dos expoentes α e β de algumas cargas carac-
terı́sticas. No caso de cargas compostas, a especificação do expoente α é geralmente feita
na faixa entre 0,5 e 1,8 enquanto que o valor de β assume valores na faixa entre 1,5 e 6,0.
Devido à saturação magnética dos transformadores de distribuição e à carga composta de
motores, o expoente β varia como função não linear da tensão.
Componentes da carga α β
Lâmpadas incandecentes 1,54 -
Condicionadores de ar 0,50 2,50
Ventiladores de forno 0,08 1,60
Carregadores de bateria 2,59 4,06
Fluorescentes compactas eletrônicas 0,95 - 1,03 0,31 - 0,46
Fluorescentes convencionais 2,07 3,21
ap + bp + cp = 1, 0
aq + bq + cq = 1, 0
Ex. 2.11 Analise a representação de uma carga constituı́da por um chuveiro elétrico,
cujos valores nominais são 2400 W, 220 V, submetido a uma tensão de 240 V através de
um condutor com reatância indutiva igual a 1 Ω.
2.8 Exercı́cios
2.1 Uma fonte trifásica operando na tensão de 380 V supre duas cargas trifásicas bal-
anceadas cujas caracterı́sticas são:
2.2 Considere um transformador com valores nominais de 5 kVA, 220/500 V, 60 Hz, 2,5
%. Calcular a corrente que circulará neste transformador, caso ocorra um curto circuito
nos terminais do secundário.
2.3 Qual a tensão que deve ser aplicada nos terminais do primário de um transformador
de 50 kVA, 200/1000 V, 60 Hz, impedância de dispersão de 3+j5 % , para que ele supra
uma carga nominal, na tensão nominal, com fator de potência 0,8 indutivo?
2.4 Um gerador monofásico operando na tensão de 6650 V está conectado a um trans-
formador com valores nominais 150 kVA, 8750/500 V, e reatância de dispersão 10 %,
através de uma linha de transmissão de impedância j50 Ω. Uma carga representada por
uma impedância de j2 Ω é suprida através do lado de baixa tensão do transformador.
Determine as tensões, correntes e potências em pu e em unidades reais nos dois lados do
transformador.
2.5 Um transformador monofásico de três enrolamentos possui os seguintes parâmetros:
Z1 = Z2 = Z3 = j0, 05 pu, Gc = 0 e Bm = 0, 20 pu. Três transformadores com estes
mesmos valores nominais são conectados com as bobinas dos seus primários em Y e
com as bobinas dos respectivos secundários e terciários em ∆. Mostre o diagrama de
impedâncias deste banco de transformadores.
2.6 Os valores nominais de um transformador trifásico de três enrolamentos são: primário
(1), 66kV (Y ), 20M V A; secundário (2), 13, 2kV (Y ), 15M V A; terciário (3), 2, 3kV (∆),
5M V A. As reatâncias de dispersão são: X12 = 8% (na base 15M V A, 66kV ), X13 = 10%
(na base 15M V A, 66kV ) e X23 =9% (na base 10M V A, 13, 2kV ). Determine o circuito
equivalente deste transformador em pu, na base 15 MVA, 66 kV nos terminais primários.
2.7 Um alimentador conectado ao primário do transformador do exercı́cio 2.6 supre
cargas puramente resistivas de 7,5 MW a 13,2 kV e 5 MW a 2,3 kV conectadas nos
terminais secundário e terciário. Mostre o diagrama de impedâncias em pu, na base
15 MVA, 66 kV nos terminais primários. Determine a potência aparente e a corrente
fornecidas pelo alimentador. Calcule as perdas de potência no transformador.
2.8 Um transformador trifásico de três enrolamentos 132 kV/33 kV/6,6 kV, 50 Hz, 30
MVA possui os seguintes valores de impedância medidos num ensaio de curto-circuito:
Z12 = j0, 15pu, Z13 = j0, 09 pu, Z23 = j0, 08pu. A bobina de 6,6 kV supre uma carga
trifásica balanceada, com uma corrente de 2000 A a um fator de potência 0,8 atrasado. A
bobina de 33 kV alimenta uma carga trifásica balanceada, conectada em Y de j50 Ω/fase.
Determine a tensão da fonte nos terminais de 132kV , para manter 6, 6kV nos terminais
do terciário. Calcule a potência ativa fornecida pela fonte.
64 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
2.9 Dois transformadores trifásicos idênticos posuem com valores de placa 20 MVA, 115
kV(Y)/13,2 kV(∆), 9% e 15 MVA, 115 kV(Y)/13,2 kV(∆), 7 %, operam em paralelo
para suprir uma carga de 35 MVA, com fator de potência 0,8 atrasado, a uma tensão de
13,2 kV. Determine a magnitude da a tensão na entrada dos transformadores e a potência
aparente fornecida ao conjunto transformadores-carga em pu e em unidades reais. Calcule
a corrente fornecida por cada transformador à carga. Verifique como o balanço de potência
é satisfeito nessa condição.
2.10 Um transformador com valores de placa 15 kVA, 220/380 V, reatância de dispersão
igual a 20 % e com o tap variável no lado de alta tensão ajustado em 1,05 conecta um
gerador com tensão 230 V a uma carga de 12,62 + j 9,46 Ω (no lado de alta tensão).
Tomando como base os valores 10 kVA e 230 V nos terminais do gerador, determine:
1. o circuito monofásico equivalente no sistema por unidade;
2.11 Considere o diagrama do sistema trifásico da figura 2.37, para o qual são fornecidos
os seguintes dados:
• gerador G1 : 150 MVA, 13,8(Y) kV, Xg1 = 30%;
YY Y∆
Ha Hb Hc
220 V
Xa Xb Xc
−
110 V
Através deste transformador, uma fonte de tensão constante supre uma carga de fator
de potência unitário, de 5 MW, 2,3 kV nominais e um motor sı́ncrono de 7,5 MVA, 13,2
kV, com reatância sı́ncrona de 20%. Tomando a base trifásica de 66 kV, 15 MVA no
primário do transformador, a) determinar o circuito equivalente no sistema por unidade
e b) o valor da resistência da carga em pu.
Y∆ Y∆
LT14 Transformador 2 Carga L5
Gerador 2
∆Y
Carga L1
1 2 3 4 M1
G
Zn
T1 LT T2 M2
2.18 Um transformador trifásico com valores de placa 200 MVA, 345(∆)/34,5(Y ) kV,
8 %, opera como um elo, conectando um sistema de transmissão de 345 kV e um sistema
de distribuição de 34,5 kV.
68 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
2.19 Um gerador trifásico (35 kVA, 380 V, X=10%) operando na tensão nominal, supre,
através de uma linha de transmissão com impedância 0,1 + j1,0 Ω/fase, uma carga
trifásica que absorve uma corrente de 50 Ampéres com fator de potência 0,8 em atraso.
Supondo seqüência de fases positiva, tomando o fasor tensão Vab na carga como referência
e adotando os valores nominais do gerador como base, determinar (em pu e em unidades
reais):
1. os fasores tensão de fase e de linha na carga e no gerador;
2. as potências ativa e reativa na carga e no gerador;
2.20 No sistema trifásico da figura abaixo, os parâmetros das duas linhas de transmissão
são 0,163 (LT1 ) e 0,327 (LT2 ) Ω/km por fase, com respectivos comprimentos de 220 km
(LT1 ) e 150 km (LT2 ).
3 Trafo 2 4 MS
2
1 2
M S1 Trafo 1 LT1
5 Trafo 3 6
LT2
Adotando como valores base a tensão 13,2 kV e a potência de 2000 MVA na barra 1,
determinar:
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 69
3.1 Introdução
Este capı́tulo apresenta a modelagem analı́tica das linhas de transmissão para o estudo
da operação em regime permanente. Primeiramente, representa-se a linha de transmissão
por um quadripolo, definido por quatro constantes calculadas com base nos parâmetros da
linha. A seguir, estuda-se o problema do máximo carregamento que a linha pode suprir,
com ênfase na construção e na análise das curvas PV e QV. Posteriormente, mostra-
se como os parâmetros da linha podem ser utilizados em cálculos rápidos, com nı́vel
de precisão satisfatório apesar das aproximações adotadas em alguns casos. O capı́tulo é
finalizado enfocando aspectos relacionados aos fluxos de potência e a compensação reativa
das linhas de transmissão.
• Indutância série: que representa o campo magnético criado pela corrente que per-
corre o condutor;
• Condutância shunt: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela diferença
de potencial no meio que circunda os condutores;
Zser
Ysh Ysh
2 2
Ve = AVr + BIr
(3.1)
Ie = CVr + DIr
Ie Ir
+ +
Ve Quadripolo Vr
- -
onde, A, B, C e D são parâmetros que dependem das constantes das linhas de trans-
missão. No caso de circuitos lineares passivos e bilaterais, como o da linha de transmissão,
a relação
AD − BC = 1
+ +
- -
x + dx x
Tensão e corrente Tensão e corrente
na posicao ∆x + ∆x na posicao x
z = r + jx (Ω/m)
y = = g + jb (S/m)
74 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
Vr = V(0) Ir = I(0)
tal que
Vr = A1 + A2
A1 − A2
Ir =
Zc
o que fornece
Vr + Zc Ir
A1 =
2 (3.5)
Vr − Zc Ir
A2 =
2
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 75
onde
expγx + exp−γx
cosh(γx) =
2
exp − exp−γx
γx
sinh(γx) =
2
A forma matricial das equações do quadripolo que representa uma linha de trans-
missão de comprimento l, com parâmetros série e shunt distribuı́dos z(Ω/m) e y(S/m) e
parâmetros concentrados Z = zl = R + jX (Ω) e Y = yl = G + jB (S) é
· ¸ · ¸· ¸
Ve (x) A(x) B(x) Vr (x)
= (3.7)
Ie (x) C(x) D(x) Ir (x)
onde, Ve (x) e Ie (x) são a tensão e a corrente no terminal emissor (de entrada) e Vr (x)
e Ir (x) são a tensão e a corrente no terminal receptor (de saı́da), expressos em função
da distância x, medida de um ponto qualquer da linha de transmissão até o terminal
receptor. Da comparação das Eqs. (3.6) e (3.7), obtém-se
Os parâmetros A(x), B(x), C(x) e D(x) são exatos e representam uma linha de
transmissão de qualquer comprimento. Entretanto, devido às suas caracterı́sticas, linhas
de comprimento médio e curto permitem que expressões mais simples sejam utilizadas.
Ie Z
0 Ir
+ +
0 0
Y Y
Ve Vr
2 2
- -
e portanto
0 sinh(γl)
Z =Z
γl
De forma semelhante, a primeira das Eqs. (3.9) fornece
0
Y cosh(γx) − 1
=
2 Z0
tal que,
0
Y Y tanh(γl/2)
=
2 2 (γl/2)
sinh(γl) tanh(γl/2)
Os termos e , denominados fatores de correção, são utilizados para
γl (γl/2)
converter a impedância série e a admitância shunt do circuito π-nominal nos parâmetros
0 0
Z e Y do circuito π-equivalente.
Linhas de transmissão médias, com comprimento 80km < l ≤ 240km, são represen-
tadas pelo circuito π-nominal mostrado na figura 3.5.
Ie Z = zl = (R + jωL)l Ir
+ +
Y (G + jωC)l Y
Ve = Vr
2 2 2
- -
Ve = Vr + ZIr
Ie = Ir
78 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
Ie Z = zl = (r + jωL)l Ir
+ +
Ve Vr
- -
ou na forma matricial, · ¸ · ¸· ¸
Ve 1 Z Vr
=
Ie 0 1 Ir
e portanto
A = D = 1 pu
B= Z Ω
C= 0 S
Para linhas médias e curtas, a relação AD − BC = 1 é válida. Desde que a linha
de transmissão possui a mesma configuração quando vista de qualquer um dos extremos,
então A = D. A linha de transmissão curta é um caso particular da linha de transmissão
média, onde os parâmetros shunt são desprezados, o que resulta em Y = 0 e A = D = 1
e B = Z.
Ex. 3.1 Para exemplificar o uso dos modelos de linha definidos com base no comprimento
da mesma, seja uma linha de transmissão trifásica, composta de condutores ACSR 127000
CMil 54/3, com espaçamento assimétrico, transposta, com impedância série e admitância
shunt respectivamente iguais a 0, 0165 + j0, 3306 Ω/km e j4, 674 × 10−6 S/km. A tabela
3.7 mostra os parâmetros que representam linhas de transmissão com estas caracterı́sticas
e com comprimentos iguais a 300 km, 160 km e 50 km.
Observa-se nesta tabela, que o efeito dos fatores de correção sobre determinados parâ-
metros é reduzido à medida que o comprimento da linha diminui. Por exemplo, a diferença
entre os valores nominais e equivalente da reatância indutiva da linha de 300 km (99,18 Ω
e 96,9 Ω) é de 2,28 Ω (2,30%). Conseqüentemente, se os parâmetros série desta linha de
transmissão longa não fossem corrigido, o cálculo da queda de tensão ao longo da linha
apresentaria um erro de aproximadamente 2%. No caso das linhas de 160 e 50 km, a
diferença entre os valores nominais e corrigidos é insignificante, indicando que não há
necessidade de se utilizar o circuito π-equivalente da linha. Com relação à admitância
shunt, no caso especı́fico desta linha o fator de correção não tem efeito considerável, tal que
os valores nominais e corrigidos são iguais, independentemente do comprimento da linha.
Nota-se ainda, que tanto a impedância caracterı́stica como a constante de propagação não
variam com o comprimento da linha de transmissão, pois estas constantes são definidas
com base nos parâmetros distribuı́dos da linha.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 79
l 300 km 160 km 50 km
Z(Ω) 4,95 + j99,18 2,64 + j52,89 0,82 + j16,53
0
Z (Ω) 4,72 + j96,90 2,60 + j52,54 0,82 + j16,51
Y(S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
0
Y (S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
Zc (Ω) 266,15 - j6,63 266,15 - j6,63 266,15 - j6,63
γ(km−1 ) j0,0012 j0,0012 j0,0012
A(pu) 0,9313 + j0,0034 0,9803 + j0,001 0,9981 + j0,0001
B(Ω) 4,72 + j96,90 2,60 + j52,54 0,82 + j16,51
C(S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
Ie = CVr + DIr
µ ¶
Ve − AVr
= CVr + D
B
j(θa +δ−θz )
AVe e − A2 Vr ej(2θa −θz )
= CVr ejθc +
Z0
∗
Se = (Ve ∠δ)Ie
µ ¶∗
jθc AVe ej(θa +δ−θz ) − A2 Vr ej(2θa −θz )
= Ve ∠δ CVr e +
Z0
µ ¶∗
j(θc −δ) AVe2 ej(θa −θz ) − A2 Ve Vr ej(2θa −θz −δ)
= CVe Vr e +
Z0
Sr = Vr I∗r
µ jδ ¶∗
Ve e − AVr ejθa
= Vr
Z 0 ejθz
Vr Ve AVr2
Pr = cos(θz − δ) − cos(θz − θa )
Z0 Z0
(3.11)
Vr Ve AVr2
Qr = sin(θz − δ) − sin(θz − θa )
Z0 Z0
ocorrendo a máxima transferência de potência ativa quando δ = θz ; ou seja,
Vr Ve AVr2
PrM ax = − cos(θz − θa )
Z0 Z0
sendo a potência reativa correspondente expressa como
AVr2
QM
r
axp
=− sin(θz − θa )
Z0
Ex. 3.2 Seja a linha de transmissão longa da tabela 3.7, operando na tensão de 765 kV.
0
Os parâmetros do circuito π-equivalente que representa esta linha são Z = 97, 0∠87, 20 Ω
0 0
e Y = 0, 0014∠89, 990 S e do quadripolo são A = 0, 9313∠0, 2090 pu, B = Z e C =
0, 0014∠90, 060 S. Adotando a tensão nominal da linha e a potência aparente de 2199
0 0
MVA como valores base, obtém-se Z = 0, 0177 + j0, 3641 pu, Y = 0, 0002 + j0, 3772 pu,
A = 0, 9313∠0, 2090 pu, C = −0, 0004 + j0, 3643 pu. A impedância caracterı́stica vale
Zc = 266, 15 − j6, 6376 Ω ou 1,00-j0,024 pu e a SIL é igual a 2199 MW ou 1,0 pu.
A figura 3.15 mostra a variação da potência no terminal emissor em função da diferença
angular da linha. Os terminais emissor e receptor são supostos compensados, para manter
a magnitude da tensão plana em 1,0 pu nos extremos da linha.
Quando a abertura angular é nula, não há transferência de potência ativa para o ter-
minal receptor, apenas a perda de potência ativa da linha (igual a 0,0002 ou 0,4398 MW)
é suprida. Nesta condição, a tensão de 1,0 pu aplicada no terminal emissor faz com que a
diferença entre as potências reativas gerada pela capacitância e consumida pela indutância
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 81
2 P x Delta
−1 Q x Delta
−2
−3
−4
−5
−6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Ângulo da Tensão (graus)
da linha seja igual a 0,1886 pu ou 414,73 Mvar. Em δ = 18, 760 , a potência reativa de-
cresce a zero, com correspondente valor de 0,8837 pu para a potência ativa. Como esta
é uma linha com perdas, o limite de estabilidade ocorre quando a abertura angular vale
87, 20 , com a transferência de 2,610 pu (MW) -2,555 pu (Mvar). A partir deste ponto,
a linha de transmissão opera na região considerada instável, tal que na abertura angular
de 174, 750 a potência ativa se anula enquanto a potência reativa alcança o valor -5,2905
pu. Em 1800 , a potência ativa vale -0.2690 pu e a potência reativa é igual a -5,2909 pu.
3.6 Curvas PV e QV
A magnitude da tensão no terminal receptor é determinada re-escrevendo-se a Eq. (3.11)
como
Vr Ve AVr2
cos(δ − θz ) = Pr + cos(θz − θa )
Z0 Z0
(3.12)
Vr Ve AVr2
sin(δ − θz ) = Qr + sin(θz − θa )
Z0 Z0
© ª ¡ ¢
A2 Vr4 + 2A [Pr cos(θz − θa ) + Qr sin(θz − θa )] − Ve2 Vr2 + Pr2 + Q2r Z 02 = 0 (3.13)
82 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
Fazendo-se y = Vr2 e
a = A2
© ª
b= 2A [Pr cos(θz − θa ) + Qr sin(θz − θa )] − Ve2
¡ ¢
c= Pr2 + Q2r Z 02
a Eq. (3.13) pode ser re-escrita como uma equação de segundo grau em y, tendo como
raı́zes
√
s −b + b2 − 4ac
y =
2a
(3.14)
√
−b − b2 − 4ac
yi =
2a
√ p
tal que duas magnitudes da tensão com significado fı́sico são Vrs = y s e Vri = y i .
A curva PV de uma barra é obtida fixando-se a tensão no terminal emissor, variando-se
a demanda no terminal receptor sem alterar o fator de potência da mesma, e resolvendo-se
a Eq. (3.13) para cada valor da demanda (caso mais simples). Nos casos práticos, esta
curva é traçada com base em sucessivas soluções do fluxo de potência correspondentes à
variação gradativa da demanda do sistema com o fator de potência mantido constante.
Para cada nı́vel de potência ativa demandada existem duas soluções de magnitude de
tensão, o que torna possı́vel uma analogia com a curva Pδ da estabilidade transitória do
ângulo do rotor em regime permanente. Ambas as curvas apresentam regiões de operação
estável e instável.
Ex. 3.3 A figura 3.8 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores de
potência, com a tensão no terminal emissor fixada no valor nominal, para a linha de
transmissão referida anteriormente.
Desta figura, observa-se que:
• para cada fator de potência, existe uma potência máxima que pode ser transmitida;
• para cada demanda especificada abaixo do valor máximo, existem duas possı́veis
soluções para Vr (duas raı́zes da Eq. (3.13));
• o perfil plano de tensão ocorre para a carga de fator de potência unitário, caso no
qual P < 1, 0 pu e Vr = Ve = 1, 0 pu.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 83
1.2
fp unitário fp capacitivo
1
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Potência Ativa (pu)
Ex. 3.4 Curvas QV correspondentes a diferentes nı́veis de potência ativa demandada são
mostradas na figura 3.9 para a linha de transmissão apresentada anteriormente.
A magnitude da tensão no terminal receptor é obtida variando-se a potência reativa
demandada e fixando-se a tensão no terminal emissor no valor nominal e a potência ativa
no terminal receptor em valores fracionários da potência máxima que pode ser transmitida
através da referida linha de transmissão. Essas curvas fornecem informações sobre a
compensação reativa necessária na barra para manter a tensão num nı́vel especificado.
84 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
1.2
1 Pr = Prmax
Pr = 0,75Prmax
0.6
0.4 Pr = 0,50Prmax
0.2 Pr = 0,25Prmax
0
−2.5 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1
Potência Reativa (pu)
Ex. 3.5 As figuras 3.10, 3.11 e 3.12 mostram linhas de transmissão com comprimentos
variando entre 50 km e 300 km, para cargas com fatores de potência iguais a 0,70 atrasado,
unitário e 0,90 adiantado. Nestas figuras observa-se que:
• linhas de transmissão com comprimento entre 150 km e 300 km podem operar com
nı́vel de tensão normal, desde que o fator de potência da carga seja elevado;
• mesmo quando a linha de transmissão longa supre uma demanda igual a SIL,
condição em que as magnitudes das tensões nos terminais emissor e receptor ten-
dem a se igualar, quando o comprimento da linha é 300 km a tensão no terminal
receptor é extremamente sensı́vel a qualquer variação na potência ativa da carga;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 85
l = 300 km
1.2
l = 150 km
1
l = 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Potência Ativa (pu)
0.8
Modulo da Tensão (pu)
300 km 150 km 75 km 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Potência Ativa (pu)
0.8
Modulo da Tensão
300 km 150 km 75 km 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Potência Ativa
curva, ou seja, correspondendo à menor das duas soluções, como pode ser observado
na figura 3.11 desde linhas de 50 km e 300 km. Neste caso, a operação da LT é
virtualmente instável.
• Impedância caracterı́stica:
r
L
Zc = Ω
C
• Constante de propagação:
√
γ = jβ = jω LC m−1
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 87
0
Is Z Ir
+ +
0 0
Y Y
Vs = Vs ∠δ Vr = Vr ∠00
2 2
- -
1
O termo √ representa a velocidade de propagação das ondas de tensão e corrente
LC
1
ao longo da linha de transmissão sem perda. Em linhas aéreas √ ≈ 3×108 m/s,
LC
e na freqüência de 60 Hz, λ ≈ 5 × 106 m; ou seja, comprimentos tı́picos de linhas
de transmissão são apenas uma fração de λ = 5000 km (lembrar que µ0 = 4π ×
10−7 H/m e ²0 = 8, 85 × 10−12 F/m).
A Surge Impedance Loading - SIL representa a potência liberada por uma linha
de transmissão sem perda a uma carga de fator de potência unitário de valor igual a
impedância caracterı́stica da linha. Se uma linha de transmissão sem perdas supre uma
carga de valor igual à SIL, então a corrente no terminal receptor é dada por
Vr
Ir =
Zc
tal que a corrente e a tensão ao longo da linha de transmissão são expressas por
V(x) = [cos(βx) + j sin(βx)] Vr
Vr (3.15)
I(x) = [j sin(βx) + cos(βx)]
Zc
A análise das Eqs. (3.15) indica que, desde que k cos(βx) + j sin(βx)k = 1, as mag-
nitudes da tensão e da corrente no terminal receptor (x = 0) e ao longo da linha de
transmissão são respectivamente,
¯ ¯
¯ Vr ¯
|V(x)| = |Vr | e |I(x)| = ¯¯ ¯¯
Zc
Portanto, se a carga é igual à SIL, o perfil de tensão é horizontal, isto é, a magnitude da
tensão e da corrente em qualquer ponto da linha sem perda é constante. Por esta razão, a
potência real suprida à carga também permanece constante ao longo da linha. A potência
reativa que flui do terminal emissor ao terminal receptor é nula, como conseqüência de
que os Mvar gerados pela capacitância shunt são iguais aqueles consumidos pela reatância
indutiva série.
Na tensão nominal, a potência real liberada é dada por
2
Vnom
SIL =
Zc
onde Vnom é a tensão nominal da linha de transmissão (de fase ou de linha, dependendo
do valor de potência desejado). A tabela 3.7 apresenta valores tı́picos das impedâncias
caracterı́sticas e de surto para linhas de transmissão aéreas operando na freqüência de 60
Hz.
Na prática, a demanda conectada nos terminais receptores das linhas de transmissão
de potência não é igual à SIL das linhas. Dependendo do comprimento e da compensação
da linha, a carga pode variar de uma pequena fração (durante os perı́odos de carga leve)
até múltiplos da SIL (durante os perı́odos de carga pesada). Isto faz com que o perfil de
tensão ao longo da linha seja peculiar a cada tipo de carga, conforme mostra o exemplo
a seguir.
Ex. 3.6 A figura 3.14 mostra o perfil de tensão na linha de transmissão da seção anterior,
desprezando as perdas, para diferentes tipos de carga conectadas ao terminal receptor,
com a tensão no terminal emissor mantida constante no valor nominal. A impedância
série e a susceptância shunt da linha valem respectivamente z = 0, 3306 Ω/km e y =
4, 67 µS/km. A impedância caracterı́stica, a SIL e a constante de propagação desta
linha valem respectivamente 266,0682 Ω; 2199,5 MW e 0.0012 rad/m. As grandezas
estão expressas no sistema por unidade, na base 765 kV e 2199,5 MVA. Com relação a
esta figura, observa-se que:
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 89
r
2
L Vnom
Vnom (kV) Zc = (Ω) SIL = (MW)
C Zc
69 366-400 12-13
138 366-405 47-52
230 365-395 134-145
345 280-366 325-425
500 233-294 850-1075
750 254-266 2200-2300
Curva V x Comprimento
circuito aberto
SIL
1
carga indutiva 1
0.8
Modulo da Tensão (pu)
0.6
carga indutiva 2
0.4
0.2
carga indutiva 3
0
0 50 100 150 200 250 300
Distância (km)
Figura 3.14: Perfil de tensão da linha de transmissão para diferentes tipos de carga
• na condição à vazio, a corrente que supre o terminal receptor é nula, isto é, Ir0 = 0,
tal que a tensão ao longo da linha aumenta de 1,0 pu (no terminal emissor) até
1,0733 pu (no terminal receptor), segundo a expressão Ve0 (x) = cos(βx)Vr0 ;
• Variando-se a impedância da carga de (1, 0+j1, 0)Zc a (0, 01+j0, 01)Zc , a magnitude
da tensão decresce ao longo da linha, de 0,8865 pu até 0,0380 pu.
• se a impedância da carga é nula (curto circuito), Vrcc = 0 e Vcc (x) = (Zc sin(βx)) Ircc ;
isto é, a tensão decresce de Vs = (Zc sin(βl)) Ircc no terminal emissor até Vrcc = 0
90 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
no terminal receptor;
Com relação à potência liberada no terminal receptor de uma linha sem perda, con-
sidere o circuito π-equivalente da figura 3.13, no qual a corrente no terminal receptor é
dada por
0
Ve − Vr Y
Ir = 0 − Vr
µ Z 2 ¶
0
Ve ∠δ − Vr ∠00 jB
= − Vr ∠00
jX 0 2
Vr Ve
Pr = 0 sin δ
µX ¶
0 (3.16)
Vr Ve cos δ − Vr2 B 2
Qr = + Vr
X0 2
A máxima potência que pode ser transferida ao terminal receptor sem perda de esta-
bilidade em regime permanente ocorre quando δ = 900 e vale
Vr Ve
Prmax = sin δ
X0
com a correspondente potência reativa igual a
µ 0 ¶
B 1
Qr (Prmax ) = Vr2 − 0
2 X
0 2π
e, desde que X = Zc sin(βl) e β = , o limite de estabilidade em termos da SIL é dado
λ
por
V pu V pu SIL
Prmax = e µr ¶
2πl
sin
λ
onde as tensões terminais da linha são expressas em por unidade, adotando a tensão
nominal como base.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 91
Ex. 3.7 Considerando a linha de transmissão da seção anterior, com as perdas de-
sprezadas, a qual tem reatância série e susceptância shunt nominais iguais a 99,18 Ω
e 0,0014 S, respectivamente, reatância série e susceptância shunt equivalentes iguais a
96,89 Ω e 0,0014 S, impedância caracterı́stica igual a 266,13 Ω, constante de propagação
igual a j0,0012 m−1 e comprimento de onda igual a 5056 km. Supondo que a magnitude
das tensões terminais são fixas no valor nominal, o ângulo de fase δ aumenta de 00 a
900 , conforme a potência ativa liberada pela linha aumenta. Quando a abertura angular
da linha é zero, a potência ativa suprida ao terminal receptor é zero, porém uma pequena
quantidade de potência ativa é gerada pela capacitância da linha, conforme pode ser ver-
ificado com auxı́lio da Eq. (3.16). A máxima potência que a linha pode liberar é dada
por
Vr Ve Vepu Vrpu SIL
Prmax = = µ ¶
X0 2πl
sin
λ
(765k)(765k) (1, 0)(1, 0)2199, 5
= ⇔ µ ¶
99, 18 2π × 300
sin
5000
= 5900, 63 ⇔ 2, 7465SIL
a qual representa o limite teórico de estabilidade em regime permanente para uma linha
sem perdas, com a correspondente potência reativa igual a -2,5579 pu. Note que a tensão
nominal da linha e a SIL foram adotados como valores base nestes cálculos.
A figura 3.15 mostra a representação geométrica da potência ativa transmitida em
função da variação da diferença angular entre as tensões terminais da linha. Note que,
neste caso a potência máxima transmitida ao terminal receptor através da linha de trans-
missão sem perdas ocorre quando a abertura angular entre as tensões terminais da linha
é 900 . Quando a abertura angular da linha é zero, não há fluxo de potência através do
elemento série da linha de transmissão, apenas os elementos shunt da LT geram 0,1886
pu(Mvar). Na abertura angular de 21,35 graus, a linha transmite 1,0 pu(MW) e 0,0
pu(Mvar); isto é, a carga é igual a SIL da LT. A transferência de potência ativa máxima
de 2,7465 pu(MW) ocorre em 90 graus, com a correspondente potência reativa igual a
-2,5579 pu(Mvar). Na abertura angular de 180 graus, o fluxo de potência ativa através da
LT é zero e o de potência reativa é igual a -5,3044 pu(Mvar). Portanto, a análise desta
figura permite as seguinte observações:
• o sentido do fluxo de potência ativa varia com a abertura angular da linha de trans-
missão e portanto é determinado pelo fasor tensão que está em avanço;
• quando a abertura angular atinge 90 graus (δ = 900 ), a transferência de potência
alcança o seu valor máximo (Pr = Pmax ), o que indica que o limite de estabilidade
estática foi atingido. Se a abertura angular ultrapassar 90 graus (δ > 900 ), o sin-
cronismo entre as barras é perdido e a potência transmitida decresce com o aumento
da defasagem angular;
Ve Vr
• o termo Pmax = é chamado potência de escape ou capacidade de transmissão.
X0
Este termo representa a potência máxima que a linha pode transmitir sem ultrapassar
92 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
P x Delta
2
Q x Delta
−1
−2
−3
−4
−5
−6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Ângulo da Tensão (graus)
Supondo que a tensão no terminal emissor é mantida constante, a Eq. (3.17) pode ser
re-escrita como
Vr∗ Ve = Vr∗ Vr cos(βl) + jZc sin(βl) (P − jQ)
= Vr2 cos(βl) + Zc Q sin(βl) + jZc P sin(βl)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 93
ay 2 + by + c = 0 (3.18)
onde a = cos2 (βl), b = (2Zc Q cos(βl) sin(βl) − Ve2 ) e c = Zc2 (Q2 + P 2 ) sin2 (βl).
Da mesma forma que no caso da Eq. (3.13), a magnitude da tensão no terminal
receptor é obtida resolvendo-se a Eq. (3.18), a qual a rigor possui quatro soluções, duas
das quais com significado fı́sico.
Ex. 3.8 A figura 3.16 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores
de potência, com a tensão no terminal emissor fixada no valor nominal, para a linha de
transmissão da seção anterior. No caso da linha sem perdas, observa-se que quando a
carga é igual à potência natural (SIL) com fator de potência unitário, o perfil de tensão
é plano em 1,0 pu. Observe que neste caso a potência ativa máxima correspondente à
demanda crı́tica é superior àquela correspondente ao caso das linhas de transmissão com
perdas. As curvas QV correspondentes à linha sem perda são apresentadas na figura 3.17.
fp capacitivo
1.2
fp unitário
1
Modulo da Tensão (pu)
fp indutivo
0.8
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Potência Ativa (pu)
1.2
1 Pr = Prmax
0.6
Pr = 0,50Prmax
0.4
0.2 Pr = 0,25Prmax
0
−2.5 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1
Potência Reativa (pu)
• Zser = Rij + jXij e Ysh = jBsh são respectivamente a impedância série e a ad-
mitância shunt da linha de transmissão;
• Sij = Pij + jQij e Sji = Pji + jQji são os fluxos de potência aparente que saem das
barras i e j, respectivamente.
Vi ∠δi Vj ∠δj
0
0
j
i Pij Zser = Rij + jXij Pji
Qij ? ?Pij - ¾
Pji
? ?Qji
- ¾
Qshi ? Q0ij ?Qshj
0
Qji
Ysh Ysh
2
= j B2c 2
= j B2c
0 1
Qij = 2
(Xij Vi2 − Xij Vi Vj cos δij − Rij Vi Vj sin δij )
Rij + Xij2
Desde que a condutância shunt da linha de transmissão é desprezı́vel, nenhuma potência
ativa flui pelo ramo paralelo da linha, e portanto
0
Pij = Pij
A potência aparente que flui no ramo shunt relativo a barra i é dada por
µ ¶∗
Vi Ysh V 2 Bc
∗
Sshi = Vi Ishi = Vi = −j i
2 2
e então
Vi2 Bc
Qshi = −
2
Portanto, os fluxos de potência ativa e reativa numa linha de transmissão são expressos
como
1
Pij = 2 2
(Rij Vi2 − Rij Vi Vj cos δij + Xij Vi Vj sin δij )
Rij + Xij
(3.20)
V 2 Bc 1
Qij = − i + 2 (Xij Vi2 − Xij Vi Vj cos δij − Rij Vi Vj sin δij )
2 Rij + Xij2
96 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
De maneira análoga, como sen δij = −sen δji e cos δij = cos δji , os fluxos de potência
ativa e reativa da barra j para a barra i são
1
Pji = 2
(Rij Vj2 − Rij Vi Vj cos δij − Xij Vi Vj sin δij )
Rij + Xij2
(3.21)
Vj2 Bc 1
Qji = − + 2 2
(Xij Vj2 − Xij Vi Vj cos δij + Rij Vi Vj sin δij )
2 Rij + Xij
PL = Pij + Pji
QL = Qij + Qji
Definindo a condutância e a susceptância séries da linha de transmissão como
Rij
gij = 2
Rij + Xij2
e
−Xij
bij = 2
Rij+ Xij2
os fluxos de potência ativa Pij e Pji são expressos respectivamente como
ou seja,
Pij + Pji = gij |Vi − Vj |2
Nesta última expressão, o termo |Vi − Vj | representa a magnitude da queda de tensão
no elemento série da linha de transmissão, e portanto a soma dos fluxos de potência em
sentidos opostos pode ser reconhecida como a perda ôhmica de potência na LT.
De maneira análoga os fluxos de potência reativa Qij e Qji são expressos respectiva-
mente como
Bc
Qij = −Vi2 + (−bij Vi2 + bij Vi Vj cos δij − gij Vi Vj sin δij )
2
e
Bc
+ (−bij Vj2 + bij Vi Vj cos δji + gij Vi Vj sin δij )
Qji = −Vj2
2
e a soma QL = Qij + Qji é dada por
Bc 2
Qij + Qji = − (V + Vj2 ) − bij (Vi2 + Vj2 − 2Vi Vj cos δij )
2 i
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 97
ou seja,
Bc 2
(V + Vj2 ) − bij |Vi − Vj |2
Qij + Qji = −
2 i
O primeiro termo desta equação pode ser identificado como a geração de potência
reativa nos elementos shunt, enquanto que o segundo pode ser interpretado como a perda
de potência reativa no elemento série da linha de transmissão. (Observe que de acordo
com as definições anteriores bij < 0 e Bc > 0).
Ex. 3.9 Para ilustrar o comportamento dos fluxos de potência, considere a linha de trans-
missão longa da tabela 3.7 conectando as barras e e r. Os fluxos de potência ativa e reativa
em ambos os sentidos são calculados com auxı́lio das Eqs. (3.20), mantendo-se a mag-
nitude das tensões nos terminais constante em 1,0 pu e variando-se a abertura angular
da linha de −π a π. A soma algébrica dos fluxos de potência ativa Per e Pre fornece o
valor da perda de potência ativa na transmissão Pl . Observa-se ainda que, fluxos positivos
de potência reativa Qer e Qre saem respectivamente das barras e e r, indicando que para
manter o nı́vel de tensão plano em 1,0 pu ambas as barras devem operar de forma a suprir
a reatância da linha de transmissão.
Curvas P x Delta e Q x Delta
6
Qer x Delta
4
Qre x Delta
Per x Delta
Potência Ativa (Reativa) (pu)
Pl (perda)
−2
Pre x Delta
−4
−6
−150 −100 −50 0 50 100 150
Ângulo da Tensão (graus)
Y Y
2 2
Terminal Z = R + jX Terminal
receptor emissor
Y Y
2 2
B Nl B Nl
−j( )( ) −j( )( )
2 100 2 100
Os reatores shunt são utilizados para consumir potência reativa gerada por linhas com
baixo carregamento. Os reatores shunt são geralmente instalados em pontos selecionados
ao longo das linhas de transmissão de Extra Alta Tensão, de cada fase ao neutro. Os
indutores absorvem potência reativa e reduzem as sobretensões durante os perı́odos de
carga leve e/ou resultantes de surtos de chaveamentos. Entretanto, sob condições de plena
carga é necessário remover o seu efeito da linha de transmissão a fim de que a capacidade
de carregamento da mesma não seja reduzido.
Os capacitores shunt são utilizados para gerar potência reativa em sistemas com alto
consumo de reativo e/ou muito carregados, com o objetivo de elevar a tensão num dos
terminais da linha de transmissão durante os perı́odos de carga pesada. No caso da
conexão desses bancos em paralelo com uma carga indutiva, os capacitores shunt fornecem
uma parte ou o suprimento total da potência reativa. Nesta condição, eles reduzem
a corrente transmitida para suprir a carga e portanto a queda de tensão na linha de
transmissão. Conseqüentemente, as perdas de potência ativa são reduzidas, melhorando
o fator de potência da carga e com isto uma quantidade de potência ativa maior pode ser
transmitida pela linha de transmissão.
A figura 3.22 mostra o circuito que ilustra o uso do capacitor shunt em um barramento
visando a compensação reativa. Neste circuito, todo o restante da rede elétrica com
exceção da barra em questão é representado pelo seu equivalente de Thèvenin. A tensão
no barramento antes do chaveamento do capacitor é igual à tensão da fonte, isto é
Vt = Eth
O diagrama fasorial mostrado na figura 3.23 ilustra como a magnitude da tensão au-
100 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
Chave S
Rth jXth
+ Ic
+
Eth G Capacitor C
Vt
- -
Ic jXth
Eth
Ic Ic Rth
Vth
Vt
menta na barra onde o capacitor foi instalado. Supondo que a tensão Eth é constante,
o aumento na tensão Vt causado pela adição do capacitor é aproximadamente igual a
Ic Zth , desde que antes do chaveamento Vt = Eth . Observe que tanto no caso dos capac-
itores shunt como no caso dos reatores shunt, quando a magnitude da tensão decresce a
potência reativa envolvida por estes dispositivos também decresce. No caso particular dos
capacitores, em perı́odos de carga leve, quando a magnitude da tensão tende a aumentar,
a potência reativa gerada por estes equipamentos tende a fazer com que a magnitude da
tensão aumente ainda mais, com o risco de exceder os limites.
Sob o ponto de vista da representação da linha de transmissão por um quadripolo,
os esquemas de compensação série e shunt podem ser vistos como um agrupamento de
quadripolos, da forma mostrada na figura 3.24. O quadripolo 2 representa a linha de
transmissão enquanto que os quadripolos 1 e 3 são iguais e representam a compensação
reativa. Os parâmetros correspondentes à compensação série são dados por
A1 = A3 = 1
X Nc
B1 = B3 = −j( )( )
2 100 (3.22)
C1 = C3 = 0
D1 = D3 = A1
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 101
A1 = A3 = 1
B1 = B3 = 0
B Nl (3.23)
C1 = C3 = −j( )( )
2 100
D1 = D3 = A1
Ie I1 I2 Ir
e portanto · ¸ · ¸· ¸· ¸· ¸
Ve A1 B1 A2 B2 A 3 B3 Vr
= (3.24)
Ie C1 D 1 C2 D 2 C3 D3 Ir
0.8
0.4
(1): fp unitário (s/comp)
transferida ao longo da linha. Assim, supondo uma compensação série de 30% (metade
instalada em cada extremo), os parâmetros dos quadripolos referidos na Eq. (3.24) são
A1 = A3 = 1
B1 = B3 = −j14, 53 S (0, 0546 pu)
C1 = C3 = 0
D1 = D3 = A1
Aeq = 1, 0
Beq = 0.0177 + j0.2549 (pu)
Ceq = C3 = 0
Deq = D3 = A 1
o que resulta num aumento do limite de estabilidade estática para 3,642 pu (sem a com-
pensação série este limite é 2,610 pu), para o qual corresponde uma potência reativa de
-3,89 pu (o valor sem compensação é -2,551 pu). Portanto a compensação série resultou
num aumento de aproximadamente 39% da potência ativa que pode ser transferida man-
tendo a linha plana em 1,0 pu de tensão. Entretanto, isto requer que uma quantidade
maior de potência reativa seja suprida pelo terminal receptor ao sistema de transmissão.
A figura 3.26 mostra as curvas P δ e Qδ da linha com e sem compensação reativa.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 103
(2)
2 (1)
−2
(3)
−4
(1): P−Delta (s/comp) (4)
(2): P−Delta (c/comp)
(3): Q−Delta (s/comp)
−6 (4): Q−Delta (c/comp)
−8
−150 −100 −50 0 50 100 150
Ângulo da Tensão (graus)
No presente caso, a corrente na linha de transmissão é zero na condição à vazio (Ir0 = 0),
tal que Vs = Vr0 .
Vs = Vr0
Vrpc jXIrpc
RIrpc
Irpc
Vs = Vr0
jXIrpc
Irpc
RIrpc
Vrpc
Nas figuras 3.27 e 3.28, observa-se que a regulação mais elevada tende a ocorrer no
caso do fator de potência em atraso. Um valor mais reduzido da regulação (as vezes até
negativo) pode ser obtido no caso de fator de potência em avanço. A regulação de tensão
é uma figura de mérito relativamente fácil de se calcular e fornece uma medida escalar
da queda de tensão ao longo da linha. O valor exato desta queda de tensão é obtido
através da diferença entre os fasores tensão nos terminais emissor e receptor da linha de
transmissão.
O rendimento de uma linha de transmissão é definido como:
Pr Pe − Pl
η(%) = = × 100
Pe Pe
onde, Pr é a potência ativa de saı́da, Pe é a potência ativa de entrada e Pl é o valor das
perdas de potência ativa na linha de transmissão. Estas perdas compreendem basicamente
as perdas Joule nas resistências série das linhas de transmissão.
O nı́vel de carregamento das linhas de transmissão pode ser caracterizado de três
formas:
• através do limite térmico;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 105
O limite térmico está relacionado à máxima temperatura que o condutor pode supor-
tar, a qual afeta o arco formado no seu vão (entre as torres de sustentação) e a sua rigidez
térmica. A temperatura do condutor depende:
• da temperatura ambiente;
• da velocidade do vento;
3.11 Exercı́cios
3.1 Considere uma linha de transmissão trifásica, 60 Hz, 300 km, 765 kV, transposta,
com z = 0, 0165 + j0, 3306 = 03310∠87, 140 Ω/km e y = j4, 674 × 10−6 S/km por fase,
composta de quatro condutores ACSR 1272000 CMil 54/3. A tensão no terminal emissor
é constante e igual à tensão nominal da linha. Determinar:
3.6 Capacitores série idênticos são instalados em cada fase de ambos os extremos da LT
do problema anterior, fornecendo 30 % de compensação. Determinar o valor máximo da
potência ativa que a linha compensada pode liberar e compará-lo com aquele da LT não
compensada. Supor que a tensão nos extremos da LT é 765 kV.
3.7 Seja uma linha de transmissão trifásica, de 130 km, com resistência e indutância
séries por fase 0,036 Ω/km e 0,8 mH/km, respectivamente; e capacitância shunt por fase
0,0112 µF/km. Com base no circuito π-nominal da figura 3.29, o qual representa esta
linha média, e nas leis de Kirchhoff, determinar: (a) os valores dos parâmetros Z e Y e
os parâmetros E, F, G e H da equação matricial
· ¸ · ¸· ¸
VR E F VS
=
IR G H IS
+ +
VS Y Y VR
2 2
− −
3.8 As constantes de uma linha de transmissão trifásica, 230 kV, 370 km de com-
primento, em 60 Hz são: A = D = 0, 8904∠1, 340 , B = 186, 78∠79, 460 Ω e C =
0, 001131∠900 S.
• Calcule a tensão no terminal receptor quando esta linha opera em circuito aberto,
com 230 kV no terminal emissor.
3.9 Uma linha de transmissão trifásica de 480 km supre uma carga de 400 MVA, na
tensão de 345 kV, com fator de potência 0,8 indutivo. Os parâmetros de quadripolo desta
linha são: A = D = 0,8180 ∠1, 30 pu; B = 712,2 ∠84, 20 Ω e C = 0,001933 ∠90, 40 S.
3.10 Considere uma linha de transmissão trifásica sem perdas, 60 Hz, 500 kV, 300 km,
com parâmetros 0,97 mH/km e 0,0115 µF/km.
• uma carga de 400 MVA, na tensão de 500 kV e com fator de potência unitário;
• uma carga de 1600 MVA, na tensão de 500 kV e com fator de potência unitário;
Interprete os resultados.
3.12 Considere uma linha de transmissão trifásica, 60 Hz, 280 km, impedância série
igual a 35 + j140 Ω e admitância shunt igual a 930 ×10−6 ∠900 S. Supondo que esta linha
está suprindo 40 MW, na tensão de 220 kV, com fator de potência 0,90 atrasado,
• Qual o valor da compensação reativa que fará com que esta linha se comporte como
uma linha curta?
3.13 A tensão no terminal emissor de uma linha de transmissão trifásica, 60 Hz, 400
km, é 220 kV. Os parâmetros da linha são: resistência série igual a 0,125 Ω/km, reatância
série igual a 0,500 Ω/km e susceptância shunt igual a 3,312 µS/km.
3.14 Considere uma linha de transmissão trifásica com as seguintes caracterı́sticas: 100
km, 230 kV e 60 Hz, com resistência série de 0,088 Ω/km, reatância série de 0,4654
Ω/km por fase, susceptância shunt igual a 3.524 µS/km e corrente em regime normal de
operação igual a 900 A. Tomando como base a potência de 100 MVA e a tensão nominal
da linha, determine:
• Qual a compensação shunt nos dois extremos da linha, necessária para manter a
tensão de 1,0 pu no gerador e na carga.
3.17 Considere uma linha de transmissão trifásica com as seguintes caracterı́sticas: 300
km, 230 kV e 60 Hz, com perdas desprezı́veis, reatância série de 0,48 Ω/km por fase,
susceptância shunt igual a 2,25 µS/km. Determine:
• no caso anterior, qual a potência reativa produzida pelos parâmetros série e shunt
da linha?
3.18 Considere uma linha de transmissão trifásica, 345 kV, comprimento de 320 km,
dois condutores 795000 CMil por fase, 60 Hz, resistência, reatância e susceptância re-
spectivamente de 0,0369 Ω/km, 0,3675 Ω/km e 4,5×10−6 S/km. Despreze as perdas de
potência ativa e determine:
4. a magnitude da tensão no terminal receptor, quando a linha supre uma carga igual
a SIL, com tensão nominal aplicada no terminal emissor. Justifique.
Fluxo de Potência
4.1 Introdução
Este capı́tulo aborda o problema de fluxo de potência, com ênfase em três aspectos.
O primeiro é a representação analı́tica da operação do sistema de potência em regime
permanente por um conjunto de equações algébricas não lineares. Para a determinação
deste modelo, assume-se que o sistema trifásico é balanceado e a rede de transmissão é
representada pelas correspondentes impedâncias de seqüência positiva. O segundo aspecto
enfocado diz respeito a descrição dos métodos básicos de solução para determinar as
tensões complexas ao longo da rede elétrica, e a partir destas calcular outras grandezas de
interesse tais como a corrente e os fluxos de potência nas linhas de transmissão, as injeções
de potência etc. O terceiro aspecto mostra como as soluções do fluxo de potência devem
ser ajustadas visando servir de referência a operação do sistema em regime permanente
sob o ponto de vista prático.
S∗gi Pg − jQgi
I gi = ∗ = i
Vi Vi ∠ − δi
S∗di Pd − jQdi
Idi = ∗
= i
Vi Vi ∠ − δi
S gi Sd i
(Jgi ) (Jdi )
Barra i Vi
e portanto
S∗i
Ii =
Vi∗
O balanço de potência aparente na barra i pode ser estabelecido observando-se na
figura 4.1
Sgi = Sdi + Sij + Sik + Sil
ou seja
Pgi + jQgi = Pdi + jQdi + Pij + jQij + Pik + jQik + Pil + jQil
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 113
1 V1 = 1, 0∠00 pu 2 V2 = 1, 0∠δ2 pu
Sd1 Sd 2
Z12 = j0, 05 pu
3 V3 = 1, 0∠δ3 pu
Sd 3
Sg3
G3
tal que δ12 = 3, 430 e, adotando o ângulo da barra 1 como referência, δ2 = −3, 430 . Os
fluxos de potência reativa na linha 1-2 são Q12 = Q21 = 0,036 pu. De maneira análoga,
δ32 = 0, 570 , δ3 = −2, 860 , Q32 = Q23 = 0,002 pu, P31 = -0,249 pu, Q13 = Q31 = 0,006
pu. O balanço de potência em cada barra fornece: Pg1 = 1,769 pu, Qg1 = 0,282 pu, Pg2 =
0,0 pu, Qg2 = 1,238 pu, Pg3 = 0,321 pu e Qg3 = 0,113 pu.
1 V1 V2 2
Sd1 Sd 2
LT1
Id1 Id2
LT2 LT3
V3 3
Sd3
Id3
y5
1 y4 2 y6 3
S1 S2 S3
I1 y1 I2 y2 I3 y3
A aplicação da lei dos nós de Kirchhoff ao circuito mostrado na figura 4.4 resulta nas
seguintes equações:
I1 (y1 + y4 + y5 ) −y4 −y5 V1
I2 = −y4 (y2 + y4 + y6 ) −y6 V2 (4.2)
I3 −y5 −y6 (y3 + y5 + y6 ) V3
ou, na forma compacta,
Ibarra = Ybarra Vbarra
Vbarra = Zbarra Ibarra
onde, Ibarra é o vetor das injeções de correntes nas barras; Ybarra é a matriz admitância
de barra e Vbarra é o vetor das tensões de barra.
Os termos da matriz admitância de barra da Eq. (4.2) são genericamente expressos
como
Xn
Yii = yij
j=0 (4.3)
Yij = −yij
116 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
a qual é usada para calcular as injeções de potência ativa e reativa em função das tensões
complexas nodais. Um sistema genérico de n barras possui 6n variáveis e n equações não
lineares e complexas, semelhantes a Eq. (4.5), ou alternativamente 2n equações reais e
não lineares.
As Eqs. (4.5) representam o modelo estático do sistema de potência de 3 barras
mostrado na figura 4.3. Estas equações são algébricas e não lineares, e a sua solução
requer o uso de métodos numéricos iterativos. Note que a freqüência aparece implicita-
mente através dos parâmetros da rede elétrica. Estas equações relacionam um total de 18
variáveis e podem ser decompostas em 6 equações reais. Desde que o número de equações
é menor do que o de incógnitas, 12 variáveis devem ter o seu valor especificado, o que é
feito observando-se que:
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 117
• as demandas de potência ativa e reativa são conhecidas e portanto podem ser con-
sideradas variáveis especificadas;
• um ângulo é adotado como referência, de forma que todos os outros são expressos
em relação a este ângulo;
• as perdas de potência nas linhas de transmissão não são conhecidas e portanto não
é possı́vel especificar a priori a potência de todos geradores simultaneamente. Uma
geração deve permanecer em aberto para completar o balanço total de potência do
sistema após conhecidas as perdas.
Para ilustrar como a Eq. (4.5) é usada para estabelecer as equações que representam
a operação do sistema de potência em regime permanente, considere o sistema mostrado
na figura 4.5, o qual representa uma máquina sı́ncrona suprindo uma carga expressa em
termos de potência constante por 0,36 + j0,20 pu(MVA) (na base 100 MVA), através de
uma linha de transmissão com perdas e admitância shunt desprezı́veis e reatância de 0,25
pu(Ω). O objetivo é determinar como deve operar a máquina de forma a suprir a carga,
num nı́vel de tensão satisfazendo os limites de 0,95 a 1,05 pu(kV), respeitando os limites
de capacidade do gerador sı́ncrono.
S g1
V1 V2
Barra 1 Barra 2
(referência)
LT
Sd1 = 0, 36 + j0, 20 pu
Uma análise preliminar deste problema, permite observar que 12 variáveis estão as-
sociadas a estas duas barras, 6 das quais com o valor automaticamente especificado
(Pd1 = Qd1 = 0, Pg2 = Qg2 = 0, Pd2 = 0, 36 pu, Qd2 = 0, 20 pu). As variáveis
fisicamente controláveis na máquina sı́ncrona são a potência ativa gerada (através do
torque mecânico da máquina primária) e a magnitude da tensão (através da corrente de
excitação). O ângulo da barra 1 é adotado como referência e a magnitude da tensão na
barra 1 é especificada em 1,0 pu, isto é V1 = 1, 0∠00 pu. Com isto, obtém-se 2 equações
118 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
complexas da forma da Eq. (4.5) e 4 incógnitas (V2 , δ2 , Pg2 , Qg2 ), dadas por
2
X
P1 − jQ1 = V1∗ Y1j Vj
j=1
O sistema não linear da Eq. (4.10) pode ser resolvido através de métodos iterativos,
tais como Newton-Raphson, Gauss-Seidel etc. No nı́vel especificado para a tensão da
barra 1, a solução deste sistema é
V2 = 0, 942 pu(kV ) δ2 = −5, 480
P1 = 0, 36 pu(M W ) Q1 = 0, 2477 pu(M var)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 119
V2 δ2 P1 Q1
(pu) (graus) (pu) (pu)
V1 =1,02 pu 0,964 -5,25 0,36 0,2456
V1 =1,05 pu 0,996 -4,94 0,36 0,2427
a qual apresenta a magnitude de tensão na barra 2 abaixo do limite mı́nimo de 0,95 pu.
Para corrigir o nı́vel da tensão na barra 2, é necessário re-especificar a magnitude da
tensão na barra 1, através do ajuste da corrente de excitação da máquina sı́ncrona.
A tabela 4.1 apresenta soluções correspondentes a duas especificações de tensão na
barra 1. A análise das 3 soluções obtidas mostra que a magnitude da tensão na barra
2 é indiretamente controlada pela magnitude da tensão na barra 1. Conforme o nı́vel
de tensão aumenta, menores aberturas angulares da linha de transmissão são necessárias
para suprir potência ativa da carga e menores quantidades de potência reativa circulam
na linha.
Desde que
n
X
S∗i = (Vi ∠ − δi ) Yij (Vj ∠δj )
j=1
então n
X
S∗i = Vi Yij (Vj ∠δji )
j=1
onde δji = δj − δi , tal que separando esta equação em partes real e imaginária, obtém-se
as expressões das injeções de potência ativa e reativa em função do ângulo e da magnitude
das tensões nodais, isto é,
n
X
Pi (V, δ) = Vi (Gij cos δij + Bij sin δij )Vj
j=1
n (4.11)
X
Qi (V, δ) = Vi (Gij sin δij − Bij cos δij )Vj
j=1
120 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
onde ∆Pi e ∆Qi são denominados discordâncias (desbalanços, resı́duos, desvios) de potência,
e representam a diferença entre a injeção de potência oriunda da geração e da carga e a
potência que flui nas linhas de transmissão que incidem na barra i. No processo itera-
tivo do fluxo de potência, a tensão complexa de cada barra é calculada de forma que a
magnitude das diferenças ∆Pi e ∆Qi tenda a zero. Geralmente o critério de convergência
utilizado é
Pi = Pgiesp − Pdiesp
Vi = Viesp
δi = δiesp
Vi = Viesp
Observe que para completar o balanço de potência um gerador deve estar instalado
na barra de folga.
4
Gb4
Pd4 + jQd4
Figura 4.6: Diagrama do sistema de 4 barras
122 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
Ysh
Linha Zser Yser
2
(pu) (pu) (pu)
1-2 0,02 + j 0,06 5,0 - j 15,0 j0,03
2-3 0,06 + j 0,18 1,66 - j5,0 j 0,02
2-4 0,06 + j 0,18 1,66 - j5,0 j 0,02
3-4 0,01 + j0,03 10,0 - j30,0 j 0,01
• Matriz Admitância
De acordo com a Eq. (4.3), a matriz admitância de barra é dada por
+5, 00 − j14, 97 −5, 00 + j15, 0
−5, 00 + j15, 00 +8, 32 − j24, 9 −1, 66 + j5, 00 −1, 66 + j5, 00
Ybarra =
−1, 66 + j5, 0 +11, 6 − j34, 97 −10, 0 + j30, 0
−1, 66 + j5, 0 −10, 0 + j30, 0 +11, 6 − j34, 97
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 123
P1 − jQ1
= Y11 V1 + Y12 V2
V1∗
P2 − jQ2
= Y21 V1 + Y22 V2 + Y23 V3 + Y24 V4
V2∗
P3 − jQ3
= Y32 V2 + Y33 V3 + Y34 V4
V3∗
P4 − jQ4
= Y42 V2 + Y43 V3 + Y44 V4
V4∗
onde
P1esp = Pg1 − Pd1 = −0, 80
Qesp
1 = Q g1 − Q d 1 = −0, 20
P2esp = Pg2 − Pd2 = −0, 00
Qesp
2 = Q g2 − Q d 2 = −0, 00
P4esp = Pg4 − Pd4 = +0, 20
e os termos Pi (V, δ) e Qi (V, δ) são dados pela Eq. (4.13).
onde cada variável do vetor x é expressa em função das outras variáveis (e da própria
variável, se for necessário); o método iterativo de Gauss consiste em executar os
seguintes passos:
|x(k) − x(k−1) | ≤ ²
à n
!
(k) 1 Piesp − jQesp X
i
Vi = (k−1)∗
− Yij Vjat (4.18)
Yii Vi j=1, j6=i
à n
!
(k) 1 Piesp − jQcalc X
i
Vi = (k−1)∗
− Yik Vkat , i = 1, 2, . . . , n (4.19)
Yii Vi k=1, k6=i
µ ¶
1 P1 − jQ1
V1 = − Y12 V2
Y11 V1∗
µ ¶
1 P2 − jQ2
V2 = − Y21 V1 − Y23 V3 − Y24 V4
Y22 V2∗
µ ¶
1 P4 − jQ4
V4 = − Y42 V2 − Y43 V3
Y44 V4∗
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 127
ou em termos numéricos,
µ ¶
1 −0, 80 + j0, 20
V1 ∠δ1 = − (−5, 0 + j15, 0)V2 ∠δ2
5, 0 − j14, 97 V1 ∠ − δ1
µ
1 0, 0 − j0, 0
V2 ∠δ2 = − (−5, 0 + j15, 0)V1 ∠δ1 −
8, 32 − 24, 9 V2 ∠ − δ2
(−1, 66 + j5, 0)1, 03∠δ3 − (−1, 66 + j5, 0)1, 02∠δ4 )
µ ¶
1 0, 20 − jQ4 0
1, 02∠δ4 = − (−1, 66 + j5, 0)V2 ∠δ2 − (−10, 0 + j30, 0)(1, 03∠0 )
11, 6 − j34, 9 1, 02∠ − δ4
(4.21)
Para representar a capacidade fı́sica dos geradores, limites de potência reativa são estab-
elecidos para cada nı́vel de potência ativa especificada. Esses limites, os quais são obtidos
com auxı́lio da curva de capabilidade dos geradores sı́ncronos, podem ser representados
através da inequação
Qmin
gi ≤ Qgi ≤ Qgi
max
onde Qmin
gi e Qmaxgi são os limites mı́nimo e máximo de geração de potência reativa. De-
pendendo do nı́vel de carregamento do sistema de potência, a especificação da magnitude
da tensão (valores demasiadamente altos ou baixos) pode levar à violações desta restrição
de desigualdade no processo iterativo. O procedimento adotado para o tratamento deste
tipo de restrição de potência consiste no seguinte:
– caso durante o processo iterativo o limite de potência reativa gerada for violado, a
barra correspondente é convertida em barra de carga. Isto é, a injeção de potência
reativa é fixada no limite e a magnitude da tensão passa a ser uma variável adicional
calculada ao longo das iterações.
Teste de Convergência
|Viv − Viv−1 | ≤ ²V
128 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
onde ²V é uma tolerância pré-especificada para a tensão complexa, para todas as barras
de carga (P Q) e de tensão controlada (P V ) envolvidas no processo. Caso este teste seja
satisfeito, um teste semelhante é efetuado para os resı́duos de potência ativa e reativa, isto
é
|Pesp
i − Pcalc
i | ≤ ²P (barras P V e P Q)
|Qesp
i − Qcalc
i | ≤ ²Q (barras P Q)
onde ²P e ²Q são as tolerâncias pré-especificadas para os resı́duos de potência ativa e
reativa.
A verificação da convergência é feita tomando-se inicialmente uma tolerância relativamen-
te elevada para as tensões. Quando esta for satisfeita, efetua-se o teste de convergência nos
resı́duos de potência ativa e reativa. Caso estes não satisfaçam as tolerâncias de potência, o
processo iterativo é reinicializado com uma tolerância reduzida para as tensões. Procede-se
desta forma até que ambos os testes sejam satisfeitos.
Existem muitos esquemas alternativos para a aplicação do método de Gauss-Seidel ao
problema do fluxo de potência, cada um com um número de vantagens e desvantagens
associadas. Em geral, a maior vantagem do método de Gauss-Seidel reside no fato de
que o número de elementos no termo relativo correspondente à somatória é pequeno e
corresponde ao número de linhas de transmissão do sistema de potência. Portanto, ambos,
os requisitos de memória e os cálculos envolvidos nas iterações são reduzidos. Por outro
lado, a maior desvantagem inerente a este método é a sua convergência lenta, o que
pode ser atribuı́do ao fraco acoplamento (sob o ponto de vista matemático) entre as
barras. A taxa de convergência é também dependente dos valores relativos dos termos
diagonais da matriz admitância de barra e da seleção da barra de referência. Para sistemas
numericamente bem condicionados a solução pode ser obtida em torno de 50 iterações.
No caso de sistemas com mal condicionamento numérico (por exemplo, sistemas com alto
nı́vel de compensação série), a solução pode requerer várias centenas de iterações, e em
alguns casos não ser obtida.
Algoritmo
supondo que uma estimativa inicial x(k) é conhecida, uma nova aproximação da solução é
dada por
x(k+1) = x(k) + ∆x
ou · ¸−1
∂f (x)
∆x = − f (x(k) ) = −J(x(k) )−1 f (x(k) ) (4.23)
∂x x=x(k)
onde J(x(k) ) é uma matriz de primeiras derivadas, de ordem n, denominada Jacobiana,
calculada no ponto (x(k) ). O elemento (i, j) desta matriz é definido como ∂fi /∂xj .
No caso do problema de fluxo de potência, o sistema de equações não lineares f (x) = 0
corresponde ao balanço de potência representado pela Eq. (4.12), isto é,
onde
∂Ppv,pq ∂Ppv,pq
H= N=
∂δ pv,pq ∂Vpq
∂Qpq ∂Qpq
M= L=
∂δ pv,pq ∂Vpq
o que resulta em
n
X
Hii = Vi (−Gik sen δik + Bik cos δik )Vk
k=1, k6=i
(4.27)
= −Qcalc
i − Vi2 Bii
Hik = Vi (Gik sen δik − Bik cos δik )Vk
∂∆Qi
Mii = −
∂δi
Xn
= +Vi (Gik cos δik + Bik sen δik )Vk (4.28)
k=1, k6=i
n
X
Lii = Vi (Gik sen δik − Bik cos δik )Vk − 2Vi2 Bii
k=1, k6=i
(4.30)
= (Qcalc
i − Vi2 Bii )
Lik = Vi (Gik sen δik − Bik cos δik )Vk
Algoritmo
1. Faça k = k + 1;
2. Calcule os desbalanços de potência ativa e reativa utilizando as Eqs. (4.24) e (4.25);
3. Verifique a convergência do processo iterativo: se
|Pesp
i − Pcalc
i | ≤ ²P (barras P V e P Q)
|Qesp
i − Qcalc
i | ≤ ²Q (barras P Q)
tal que na forma explı́cita o conjunto de equações não lineares a ser resolvido é expresso
por
£ ¤
−0, 80 − 5, 0V12 + V1 V2 (−5, 0 cos δ12 + 15, 0 sin δ12 ) = 0, 00
£ ¤
−0, 20 − 14, 97V12 + V1 V2 (−5, 0 sin δ12 − 15, 0 cos δ12 ) = 0, 00
£
0, 00 − 8, 32V12 + V2 V1 (−5, 0 cos δ21 + 15, 0 sin δ21 )
+V2 V3 (−1, 66 cos δ23 + 5, 0 sin δ23 )
+V2 V4 (−1, 66 cos δ24 + 5, 0 sin δ24 )] = 0, 00
£
0, 00 − 24, 93V12 + V2 V1 (−5, 0 sin δ21 − 15, 0 cos δ21 )
+V2 V3 (−1, 66 sin δ23 − 5, 0 cos δ23 )
+V2 V4 (−1, 66 sin δ24 − 5, 0 cos δ24 )] = 0, 00
£
0, 20 − 11, 66V42 + V4 V2 (−1, 66 cos δ42 + 5, 0 sin δ42 )
+V4 V3 (−10, 0 cos δ43 + 30, 0 sin δ43 )] = 0, 00
Adotando o perfil plano de tensões como solução inicial, na primeira iteração o vetor
dos desbalanços de potência é dado por
∆P1 −0, 8000
∆P2 0, 0833
∆P4 = 0, 0455
∆Q1 −0, 1700
∆Q2 0, 3200
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 PQ 0,955 -6,91 0,00 0,00 80,00 20,00
2 PQ 0,984 -4,19 0,00 0,00 0,00 0,00
3 folga 1,020 0,00 63,81 -36,42 0,00 0,00
4 PV 1,030 -0,56 40,00 62,02 20,00 10,00
∆P = H∆δ
∆Q = L∆V
O procedimento para obter a solução das equações da rede aplicando estas aproximações
consiste em resolver alternadamente os sistemas lineares resultantes, isto é, separar o problema
principal em subproblemas P δ e QV . Isto resulta num número maior de iterações para a
convergência, porém com menor esforço computacional.
Baseando-se nas suposições mencionadas anteriormente, outras aproximações podem ser
feitas na matriz Jacobiana. Assim, considerando que
• cos δij ≈ 1, 0;
a expressão
Hij = Vi (Gij sin δij − Bij cos δij )Vj
se transforma em
Hij == Vi (Gij δij − Bij )Vj
Hij = −Bij
2 + X 2 ) é constante.
onde Bij = −Xij /(Rij ij
De maneira análoga,
Lij = Vi (Gij sin δij − Bij cos δij )
Lij = −Bij
O método Desacoplado Rápido é formulado com base nestas aproximações. Dois sistemas
0 00
lineares independentes são resolvidos, cujas matrizes de coeficientes, denotadas B e B , são
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 135
(4.31)
00 Xij 00
X 1
Lij ⇒ Bij = − 2 2 ) = −Bij Lii ⇒ Bii = = −Bii
(Rij + Xij Xij
j²Ωi
Algoritmo
0 00
As aproximações vistas na seção anterior resultam em matrizes B e B reais, simétricas esparsas
e constantes, desde que elas contém apenas as admitâncias do sistema. Elas são constantes e
portanto necessitam ser fatoradas apenas uma única vez no processo iterativo. Os passos para a
solução das equações da rede elétrica via método desacoplado rápido são sumarizados a seguir.
1. Faça k = 0;
|Pesp
i − Pcalc
i | ≤ ²P (barras P V e P Q)
|Qesp
i − Qcalc
i | ≤ ²Q (barras P Q)
9. Calcule as injeções de potência ativa e reativa nas barras. Para as barras P V , verifique
os limites de geração de potência reativa:
• se a geração de potência reativa da barra i está fora dos limites, fixar Qgi no limite
violado e converter a barra PV para barra PQ. A partir deste ponto a magnitude e
o ângulo da tensão na barra i são calculados através do processo iterativo;
136 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
– cos δij ≈ 1, 0;
– sin δij ≈ δij (em radianos).
• a relação X/R das linhas de transmissão é alta (Xij À Rij ), de forma que a resistência
série (e portanto as perdas de potência ativa) nas linhas de transmissão são desprezadas.
Com estas aproximações, o fluxo de potência ativa numa linha sem perda é dado por
δi − δj
Pij = (4.32)
Xij
e a injeção de potência na barra i é dada por
n
X n
X
Pi = Pij = (1/Xij )(δi − δj )
j=1 j=1
n
X n
X
Pi = − Bij δi + Bij δj
j=1 j=1
n
X n
X
Pi = −δi Bij + Bij δj
j=1 j=1
A Eq. (4.33) considera todas as barras da rede elétrica e, desde que as perdas de potência
ativa nas linhas de transmissão são desprezadas, é possı́vel expressar a injeção de potência ativa
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 137
de uma barra como combinação linear das injeções de potência nas outras barras. Isto implica em
que a matriz B é singular e o sistema linear representado pela Eq. (4.33) não tem solução. Isto
também indica que o conjunto de equações lineares é redundante, de forma que se o ângulo de
uma barra for selecionado como referência, a equação correspondente pode ser excluı́da daquele
conjunto de equações. Utilizando este procedimento, obtém-se um novo sistema linear dado por
0
P=Bδ (4.35)
0
onde B é resultante da eliminação da linha e da coluna correspondentes a barra de referência
na matriz B.
Desprezando-se as resistência das linhas de transmissão do sistema mostrado na figura 4.6,
a matriz de coeficientes do sistema linear da Eq. (4.35) é expressa por
16, 67 −16, 67 0, 00 0, 00
−16, 67 27, 77 −5, 55 −5, 55
B=
0, 00 −5, 55 38, 88 −33, 33
0, 00 −5, 55 −33, 33 38, 88
e os fluxos nas linhas de transmissão, calculados com a Eq. (4.32), são dados por
P12 −0, 8000
P23 −0, 4154
P24 = −0, 3846 pu
P34 0, 1846
GS
1 4 1 : t34 3
T34
1 : t56
6 5 2
T56
GS
Pd6 + jQd6 Pd5 + jQd5 Pd2 + jQd2
Por ser a barra com maior capacidade de geração de potência ativa, a barra 1 foi selecionada
como barra de folga do sistema. A demanda total de potência ativa é 135 MW, os quais devem
ser supridos pelos geradores das barras 1 e 2. Visando manter uma certa margem (reserva)
com relação ao limite máximo de geração, a potência gerada na barra 2 foi especificada em
50 MW. A magnitude da tensão nas barras 1 e 2 foi especificada em 1,0 pu. As reatâncias
dos elementos de transmissão conectando as barras 3-4 e 5-6 correspondem a transformadores
com tap variável, cuja finalidade é controlar a magnitude da tensão nessas barras. A faixa de
variação da magnitude da tensão nas barras e dos taps é 0,90 a 1,10 pu, tendo sido ambos os taps
selecionados inicialmente em 1,0 pu. Com estas especificações, a solução do fluxo de potência
através do método de Newton-Raphson é mostrada na tabela 4.6.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 139
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,000 0,0000 97,44 49,35 - -
2 PV 1,000 -3,87 50,0 21,15 - -
3 PQ 0,844 -15,27 - - 55,0 13,0
4 PQ 0,867 -11,20 - - 0,00 0,00
5 PQ 0,814 -14,69 - - 30,0 18,0
6 PQ 0,847 -14,16 - - 50,0 5,00
A análise da solução mostrada na tabela 4.6 indica que a magnitude da tensão nas barras
de carga está fora da faixa de variação permitida. As perdas totais de potência ativa nas linhas
de transmissão são de 12,44 MW, correspondendo a 8,44 % da geração total de potência ativa.
Os controles disponı́veis para corrigir este baixo nı́vel de tensão são os taps dos transformadores
e a magnitude da tensão gerada nas barras 1 e 2. Ajustando-se o tap do transformador T56
para 1,05 e a magnitude da tensão na barra 1 para 1,1, a nova solução do fluxo de potência é
apresentada na tabela 4.7.
140 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,100 0,0000 96,14 63,29 - -
2 PV 1,000 -0,90 50,0 2,72 - -
3 PQ 0,921 -12,26 - - 55,0 13,0
4 PQ 0,951 -8,84 - - 0,00 0,00
5 PQ 0,896 -11,27 - - 30,0 18,0
6 PQ 0,921 -11,03 - - 50,0 5,00
Na tabela 4.7, observa-se uma melhoria considerável no nı́vel da magnitude da tensão das
barras de carga, apesar de que ajustes adicionais precisam ser realizados para que a magnitude
da tensão de todas as barras se situe dentro da faixa recomendável. Nota-se ainda que com o
aumento no nı́vel de magnitude da tensão, as perdas de potência ativa nas linhas de transmissão
foram reduzidas a 11.1437 MW, o que corresponde a 7,62 % da geração total de potência ativa.
4.7 Exercı́cios
4.1 No sistema mostrado na figura 4.8 todos os valores estão em pu na base 100 MVA. Um
gerador e dois compensadores sı́ncronos estão instalados respectivamente nas barras 1, 3 e 5.
Determine o fator de potência no qual deve operar o gerador para que a magnitude da tensão
nas barras 1, 3 e 5 seja igual a 1,0 pu.
CS
1 2 3 4 5
j0, 2pu j0, 04pu j0, 1pu
100 MVA
j0, 2pu cos φ = 0, 8
adiantado
G1 j0, 2pu j0, 04pu j0, 1pu
j0, 2pu
230 kV 138 kV 69 kV
200 MW CS
cos φ = 0,8 atrasado
4.2 Uma linha de transmissão com perdas de potência ativa desprezı́veis, possui uma reatância
série de 0,03 pu(Ω) e susceptância capacitiva shunt total de 1,8 pu(S). Ela interliga um gerador
a uma carga de 5,0 + j2,0 pu(MVA). Foram instalados dois reatores iguais em paralelo, um em
cada extremidade da linha. Para manter a tensão na barra de carga em 1,0 pu(kV) é necessário
regular a tensão do gerador em 1,05 pu(kV). Mostre o balanço de potência deste sistema.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 141
4.3 Para a rede de transmissão cujos dados são apresentados na tabela 4.8, determinar a
matriz admitância de barra em por unidade utilizando a análise nodal, adotando a base 100
MVA, 120kV.
4.4 Considere um sistema de potência de 4 barras, cujos dados são apresentados na tabela 4.9.
Suponha que entre as barras 2 e 3 há um transformador com reatância de dispersão 0,75 pu(Ω)
e tap ajustado em 0,98 no lado da barra 3.
4.5 Considere o sistema de três barras e três linhas de transmissão cujos dados (no sistema
por unidade) são mostrados na talela 4.10.
3. mostre uma iteração via método de Gauss-Seidel considerando 1, 0∠0, 00 pu como estima-
tiva para as tensões, 10−3 pu de MW e de Mvar como tolerância, e limites de potência
reativa para a barra de tensão controlada de −0, 030 e 0, 010 p.u. de M var.
5. calcule os fluxos de potência ativa e reativa e as perdas de potência ativa e reativa nas
linhas de transmissão;
6. se a barra de tensão controlada for convertida em barra de carga, com uma injeção de
potência reativa especificada em −0, 016 pu de Mvar, com a mesma injeção de potência
ativa, qual será a nova solução das equações da rede (utilize o programa computacional
de fluxo de potência)?
7. determine a solução das equações da rede através do método de fluxo de potência lin-
earizado e compare a mesma com aquela obtida para o modelo não linear da rede elétrica.
4.7 Para o sistema da figura 4.10, assuma que a base de potência é 100 MVA, e que as
impedâncias das linhas de transmissão estão expressas em pu numa base comum. Execute uma
iteração completa do fluxo de potência via método de Gauss-Seidel. Os dados das barras são os
seguintes: (barra 1, V1 = 1, 05∠00 pu), (barra 2, Potência ativa gerada = 25 MW, Potência
ativa consumida = 50 MW, Potência reativa consumida = 25 Mvar, Magnitude da tensão = 1,02
pu, limites de potência reativa: -10 e 30 Mvar), (barra 3, Potência ativa gerada = 0,0 MW,
Potência reativa gerada = 0,0 Mvar, Potência ativa consumida = 60 MW, Potência reativa
consumida = 30 MW).
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 143
GS CS
1 4 1 : t34 3
T34
1 : t56
6 5 2
T56
GS
Pd6 + jQd6 Banco de Capacitores Pd2 + jQd2
1 V1 2 V2
Sd 2
Z12 = j0, 25 pu
3 V3
Sd 3
2. Comente, utilizando ilustração gráfica se necessário, sobre as formas como são obtidas as
convergências dos métodos Desacoplado Rápido e Newton-Raphson.
6. Considere uma barra com demandas de potência ativa e reativa nulas e onde esteja insta-
lado um Compensador Estático de potência reativa. Na formulação do problema de fluxo
de potência, esta barra pode ser classificada como uma barra PQ? Esta barra pode ser
classificada como uma barra PV?
4.9 Uma concessionária dispõe de duas subestações de 130 kV supridas por uma barra de
geração através de um sistema de transmissão. A rede elétrica equivalente possui três barras e
três linhas de transmissão, com configuração em triângulo. As impedâncias série de cada linha e
os respectivos comprimentos são dadas na tabela 4.11, sendo desprezado o seu efeito capacitivo.
O resultado de um estudo de fluxo de potência, também mostrado na tabela 4.11, indicou a
necessidade de compensação reativa na barra 3 para manter a tensão nesta barra no nı́vel de
magnitude desejado (1,00 pu). Tomando como base trifásica 100 MVA e 130 kV,
5. mostre (e justifique) uma possı́vel classificação para as barras deste sistema, considerando
a instalação de um compensador sı́ncrono na barra 3 para a compensação desejada;
4.10 A tabela 4.12 mostra os dados de um sistema de três barras e o correspondente resultado
do fluxo de potência. Despreze o efeito capacitivo das linhas de transmissão e considere a
existência de um gerador na barra 1 e de um compensador sı́ncrono na barra 3.
4.11 Seja um sistema de potência de três barras, conectadas em anel através de três linhas de
transmissão de resistências desprezı́veis e reatâncias X12 = 0, 33 pu, X13 = 0, 50 pu e X23 = 0, 50
pu. As demandas de potência ativa nas barras 2 e 3 são respectivamente 0,5 pu(MW) e 1,0
pu(MW). Considerando a barra 1 como referência angular e utilizando o modelo de fluxo de
potência linearizado,
2. calcule o valor da compensação reativa série que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potência ativa na linha 1-2 não ultrapasse 0,5 pu(MW);
3. calcule o valor da compensação reativa série que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potência ativa na linha 2-3 seja 0,5 pu(MW);
4.12 Considere um sistema de quatro barras, conectadas em anel por linhas de transmissão
com reatâncias X12 = X13 = X24 = X34 = 0, 01 pu (Ω). Suponha que unidades geradoras estão
instaladas nas barras 1 e 3 e que as cargas das barras 2, 3 e 4 são respectivamente Sd2 = 1,0 +
j0,0 pu(MVA), Sd3 = 0,25 + j0,0 pu(MVA) e Sd4 = 1,0 + j0,0 pu(MVA). Adotando a barra 1
como referência angular,
2. Usando as equações não lineares do fluxo de potência, calcule as potências aparentes ger-
adas nas barras 1 e 3, supondo que as tensões complexas nessas barras são V1 = V1 =
1, 0∠00 pu.
3. Determine as perdas reativas nas linhas de transmissão para as condições do item anterior.
146 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
Capı́tulo 5
5.1 Introdução
Este capı́tulo apresenta a base teórica do estudo do curto-circuito em sistemas de energia elétrica.
Inicialmente, descreve-se o fundamento analı́tico da análise de faltas simétricas, ou seja, daque-
las cuja ocorrência não causa desbalanço entre as fases do sistema trifásico. Este tipo de curto
circuito envolve simultaneamente as três fases do sistema elétrico e a sua formulação analı́tica
é de grande auxı́lio para a compreensão do estudo de curto circuito. Posteriormente, enfoca-se
a análise do curto circuito desbalanceado. para esta finalidade, utiliza-se o conceito de de-
composição em componentes simétricos, apresentado no capı́tulo 1 para a solução de circuitos
trifásicos desequilibrados. No presente caso, o aspecto complementar enfocado é a análise do
gerador sı́ncrono operando em vazio, submetido a faltas assimétricas e a sua correlação com os
circuitos equivalentes de Thévenin das redes de seqüência. Isto forma a base do procedimento
tradicional do estudo de faltas assimétricas.
As faltas podem ainda ser permanentes ou transitórias. As primeiras são irreversı́veis. Após
a atuação da proteção, o fornecimento de energia elétrica não poderá ser restabelecido sem que
sejam efetuados os devidos reparos na rede defeituosa. Esse tipo de falta pode ocorrer, por
exemplo, devido ao rompimento dos condutores. As faltas transitórias são aquelas que ocorrem
sem danos fı́sicos ao sistema de potência. Isto significa que a operação normal da rede elétrica
poderá ser restabelecida sem maiores dificuldades após a atuação da proteção, cujo estudo
envolve basicamente:
• a capacidade dos equipamentos que devem interromper a corrente na linha com defeito
(disjuntores, religadores automáticos, chaves fusı́veis);
• a corrente de falta;
R L
i(t)
+
e(t) Chave fecha
em (t = 0)
-
e(t) = Vm sin(ωt + α)
1
O texto a seguir é baseado nas referências [1, 2, 6].
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 149
é
Rt
Vm −
sin(ωt + α − θ) − sin(α − θ) exp L
i(t) =
Z
√ ωL
onde Z = R2 + ω 2 L2 e θ = arctan( ).
R
A corrente de curto circuito é expressa por
i(t) = iac (t) + icc (t)
Vm Vm Rt
onde iac (t) = sin(ωt + α − θ) e icc (t) = − sin(α − θ) exp− L são denominadas respectiva-
Z Z
mente componente alternada e componente contı́nua da corrente de curto circuito. Em geral a
componente contı́nua existe em t = 0 e sua magnitude pode ser tão grande quanto a da corrente
de regime permanente.
O valor da corrente de curto circuito i(t) depende do ângulo α, da onda de tensão. Como
o instante em que ocorre a falta não é previsto, α não é conhecido a priori. Além disso, desde
que as tensões trifásicas do gerador sı́ncrono estão defasadas de 1200 , cada fase terá um valor
diferente da componente de corrente contı́nua. Esta componente decresce rapidamente, em geral
dentro de 8 a 10 ciclos.
O valor da indutância L é suposto constante, apesar de que à rigor imediatamente após a
ocorrência da falta a reatância da máquina sı́ncrona varia com o tempo. Assim, costuma-se
representar o gerador sı́ncrono por uma tensão constante em série com uma impedância variante
no tempo, a qual consiste basicamente da reatância indutiva, desde que a resistência das bobinas
da armadura é muito menor em magnitude do que a reatância do eixo direto.
A forma da corrente de falta, que pode ser registrada por um oscilógrafo, representação na
qual freqüentemente a componente contı́nua da corrente é removida. Nesses registros, pode ser
verificado que a amplitude da forma senoidal decresce de um valor inicial alto até um valor de
regime permanente mais baixo. Observa-se que o fluxo magnético associado às correntes de curto
circuito na armadura (ou pela fmm resultante na armadura) inicialmente percorre os caminhos
de alta relutância que não enlaçam o enrolamento de campo ou os circuitos amortecedores
da máquina. Segundo o Teorema dos Fluxos de Dispersão Constante, o enlace de fluxo num
caminho fechado não pode variar instantaneamente. A indutância da armadura é inversamente
proporcional a relutância, e portanto seu valor é inicialmente baixo. Na medida em que o fluxo
percorre os caminhos de relutância mais baixa, a indutância da armadura aumenta.
Uma interpretação alternativa indica que o fluxo magnético através do entreferro da máquina
possui valor elevado no instante de tempo em que a falta ocorre, após o qual começa a decrescer.
Quando a falta ocorre nos terminais da máquina sı́ncrona, algum tempo é necessário até a
redução do fluxo através do entreferro. Desde que a tensão produzida pelo fluxo no entreferro
regula a corrente, enquanto o fluxo decresce a corrente da armadura também decresce.
A componente alternada da corrente de falta iac (t) pode ser modelada por um circuito RL
série com indutância variante no tempo L(t) ou reatância X(t) = ωL(t). Para o cálculo da
corrente de falta, esta reatância variante pode ser representada por três valores básicos:
00
• a reatância subtransitória de eixo direto, denotada Xd , que predomina durante o primeiro
ciclo após a ocorrência da falta (até 0,05-0,10 segundos). Este valor inclui a reatância de
dispersão das bobinas do estator e do rotor do gerador, as influências dos enrolamentos
amortecedores e as partes sólidas consideradas na dispersão do rotor;
0
• a reatância transitória de eixo direto, denotada Xd , que predomina durante alguns ciclos
em 60 Hz (até 0,2-2,0 segundos). Este valor inclui a reatância de dispersão do estator e as
150 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
0 00 0 00
bobinas de excitação do gerador. Em geral Xd > Xd , ou Xd ≈ Xd (se os pólos do rotor
são laminados e não possuem enrolamentos amortecedores).
Na máquina de pólos salientes, o ı́ndice d se refere a uma posição do rotor em que o eixo das
bobinas do rotor coincide com o eixo das bobinas do estator, tal que o fluxo magnético passa
diretamente através da face polar, razão pela qual este eixo é denominado eixo direto. Por outro
lado, o eixo em quadratura está defasado 900 elétricos do eixo direto adjacente, sendo associado
00 0
às grandezas Xq , Xq e Xq . Porém, se a resistência da armadura é pequena as reatâncias do
eixo em quadratura não afetam significativamente a corrente de curto circuito e portanto não
são relevantes para o cálculo da corrente de falta. Nas máquinas de rotor cilı́ndrico, os valores
de Xd e Xq são aproximadamente iguais, e portanto não há necessidade da diferenciação.
10
5
ia, A
−5
−10
−15
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
As figuras 5.2, 5.3 e 5.4 ilustram a variação da corrente nas fases de uma máquina sı́ncrona
de pólos salientes, com valores nominais 500 MVA, 30 kV, 60 Hz, sujeita a um curto circuito
trifásico sólido nos terminais da armadura (ver referência [7], página 327, para maiores detalhes
sobre a obtenção dessas curvas).
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 151
20
15
ib, A
10
−5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
−5
ic, A
−10
−15
−20
−25
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
Observa-se nestas figuras, que a magnitude da corrente é alta no instante imediato após a
ocorrência da falta e tende a se manter constante após um determinado intervalo de tempo. Os
diferentes valores da reatância da máquina sı́ncrona durante o curto circuito trifásico são dados
por
00 Emax 0 Emax Emax
Xd = 00 Xd = 0 Xd =
Imax Imax Imax
onde Emax é a tensão máxima fase-neutro pré-falta do gerador. Apesar da sua variação inicial,
valores constantes de reatância são utilizados nos diferentes tipos de modelagem. Assim, a
00 0
reatância subtransitória Xd é usada na análise de curto circuito, a reatância transitória Xd é
usada em estudos de estabilidade transitória e a reatância sı́ncrona Xd é utilizada em estudos
152 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
de regime permanente.
À rigor, a condição de operação da rede elétrica antes da falta é representada pelas correntes e
tensões nodais obtidas na solução do problema de fluxo de potência. Porém, em funcionamento
normal as tensões são mantidas próximas ao seu valor nominal, de forma que as correntes pré-
falta são quase que puramente reais. Por outro lado, a variação da corrente nas linhas devida
a falta é predominantemente reativa. Assim, a corrente total, que é a expressa como a soma
vetorial de duas correntes (pré e pós-falta) defasadas de quase 900 , é praticamente igual à maior
dessas duas correntes. Isto equivale a ignorar as cargas e as admitâncias shunt e adotar as
seguintes hipóteses simplificadoras:
Para determinar o circuito equivalente da rede antes da falta, deve-se inicialmente modelar
analiticamente cada componente componentes do sistema, basicamente as linhas de transmissão,
os geradores e motores sı́ncronos e de indução, os transformadores e as cargas.
Em geral, a susceptância em derivação e a resistência série das linhas de transmissão são
desprezadas e portanto as linhas são representadas pelas sua reatância série equivalente (de
seqüência positiva).
Os geradores e motores sı́ncronos são representados por uma força eletromotriz interna con-
stante em série com a reatância subtransitória, conforme ilustrado na figura 5.5. Geralmente,
a resistência da armadura, a saliência dos pólos e os efeitos de saturação são desprezados. Os
motores de indução de pequeno porte (potência menor do que 50 HP) não são considerados e
os de grande porte (potência maior do que 50 HP) são representados de forma semelhante a das
máquinas sı́ncronas.
Os transformadores são representados pela sua reatância de dispersão, conforme mostrado na
figura 5.6. A resistência dos enrolamentos, as admitâncias shunt correspondentes aos parâmetros
transversais e os deslocamentos de fase ∆ − Y são desprezados.
Geralmente todas as cargas não rotativas são desprezadas. Porém, cargas significativas
podem ser representadas por uma admitância em derivação, conforme mostrado na figura 5.7.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 153
Vi
00
Zgi = jXd
Vi +
Efi
G -
Sgi = Pgi + jQgi
jXt
Vi Vj
Vi Vi
Idi
Idi
Pdi − jQdi
Ydi =
Sdi = Pdi + jQdi Vi2
A simplificação resultante dessas suposições não é válida para todos os casos da análise de
faltas. Por exemplo, as linhas de distribuição primária e secundária possuem valor de resistência
série que pode reduzir significativamente a magnitude das correntes de falta e portanto não
devem ser desprezadas no cálculo das correntes de curto circuito.
Para mostrar como é feita a análise de um curto circuito trifásico, considere o sistema mostrado
na figura 5.8. O circuito monofásico equivalente antes da ocorrência da falta é mostrada na
figura 5.9. o qual pode ser reduzido a forma mostrada na figura 5.10.
154 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
G 1 2 M
T1 LT T2
jXm
jXg
Chave S
+ +
Eg Em
- -
jXeq
jXg
Chave S
+ +
Eg Em
- -
As tensões internas das máquinas Eg e Em são supostas constantes para o cálculo da corrente
de falta. Quando ocorre um curto circuito trifásico sólido na barra 1, a tensão nesta barra se
anula. Esta condição pode ser representada analiticamente por duas fontes opostas e de mesma
magnitude conectadas em série, conforme mostra a figura 5.11. A magnitude da tensão em
ambas as fontes é Vi0 , valor da tensão pré-falta na barra onde ocorre o curto circuito.
A solução do circuito elétrico mostrado na figura 5.11, para o cálculo da corrente de falta
pode ser obtida aplicando-se o Teorema da Superposição. Para isto, dois circuitos são resolvidos.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 155
jXt1
1 2
00
Ig 00
IF
00
Im
+
jXg1 V10 jXm
-
+ +
-
Eg Em
V10
+ -
-
00
O primeiro, mostrado na figura 5.12, fornece a resposta a uma das quatro fontes de tensão, Ig1 ,
00 00
IF1 e Im1 . É importante observar que, sob o ponto de vista de contribuição para a corrente de
falta, este circuito pode ser interpretado como o equivalente de Thévenin visto da barra onde
ocorre a falta. O segundo circuito, apresentado na figura 5.13, fornece a resposta às outras três
jXg1 jXm
+
-
V10
+ -
00 00 00
fontes de tensão, Ig2 , IF2 e Im2 . Desde que Vi é a tensão no ponto do curto circuito antes da
falta ocorrer, este circuito representa a condição de operação pré-falta do sistema. A fonte de
tensão conectada entre a barra 1 e o nó de referência não exerce nenhum efeito sobre o sistema,
00
e portanto a contribuição à corrente de falta IF2 é nula, conforme mostra o circuito da figura
5.14.
A corrente subtransitória de falta é simplesmente
00 00
IF = IF1
156 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Eg Em
- -
Eg Em
-
- -
Ex. 5.1 Suponha que o gerador sı́ncrono da figura 5.8 está suprindo potência aparente nominal,
com fator de potência 0,95 atrasado e a uma tensão 5% acima da nominal.Os parâmetros do
referido sistema são os seguintes:
• transformador 1: 100 MVA, 13,8(∆)/138(Y ) kV, 0,1904 Ω/fase (referida ao lado de baixa
tensão);
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 157
• transformador 2: 100 MVA, 13,8(∆)/138(Y ) kV, 0,1904 Ω/fase (referida ao lado de baixa
tensão);
Adotando como base os valores nominais do gerador sı́ncrono, a impedância base no lado de
13,8 kV dos transformadores é
13, 82
Zb = = 1, 9044 Ω
100
os parâmetros dos componentes da rede em estudo no sistema por unidade são:
00 0, 2857
• gerador: Xg = = 0, 15 pu;
1, 9044
00 00 0, 1904
• transformadores: Xt1 = Xt2 = = 0, 10 pu;
1, 9044
00 20, 0
• linha de transmissão: XLT = = 0, 105 pu
190, 44
00 0, 3809
• motor sı́ncrono: Xm = = 0, 20 pu;
1, 9044
A impedância equivalente vista do ponto onde ocorre a falta é
0, 150(0, 505)
Zth = jXth = = j0, 1156 pu
0, 150 + 0, 505
00 V10 1, 05∠00
IF = = = −j9, 079 pu
Zth j0, 1156
Se as correntes pré-falta não são consideradas, as contribuições do gerador e do motor à
corrente de falta são, respectivamente,
µ ¶
00 0, 505
Ig1 = IF = −j7, 000 pu
0, 150 + 0, 505
µ ¶
00 0, 150
Im1 = IF = −j2, 079 pu
0, 150 + 0, 505
e no motor é Im2 = −Ig2 , tal que as contribuições do gerador e do motor à corrente de falta são
respectivamente
00 00 00
Ig = Ig1 + Ig2
= −j7, 000 + 0, 9524∠ − 18, 190
= 7, 353∠ − 82, 90 pu
= 30, 7627∠ − 82, 90 kA
00 00 00
Im = Im1 + Im2
= −j2, 079 − 0, 9524∠ − 18, 190
= 1, 999∠243, 10 pu
= 8, 3632∠243, 10 kA
onde Vk0 é a tensão pré-falta na barra k e ∆Vk representa a variação de tensão na barra j após
o curto circuito.
A operação em regime permanente é representada pela equação
ou alternativamente,
Vbarra = Zbarra Ibarra
tal que na operação pós-falta,
³ ´
Vpf = Zbarra I0barra + Ipf
barra
0 (referência)
-
VF
+
Z1j r Znj
Z12 Z2j
I1 I2 Ij In
1 2 j n
+ + + +
V1 V2 Vj Vn
- - -
-
Vk0 = VF0 , k = 1, . . . , n
O curto circuito na barra j pode ser representado pelo fechamento da chave localizada nesta
barra. Neste caso, a tensão nesta barra se anula, porém a injeção de corrente é diferente de zero,
isto é,
Vjpf = 0
00 VF0
I Fj =
Zjj
00
onde, IFj é a injeção de corrente na barra j.
O curto circuito trifásico pode ser visto como uma fonte que injeta uma corrente igual a
−IFj na barra j (elemento j do vetor Ibarra ), enquanto que todos os outros elementos do vetor
das injeções de corrente Ibarra ), são nulos. Assim, a variação da tensão em cada barra devida
160 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
resultando
∆V1 −Z1j IFj
∆V2 −Z2j IFj
.. ..
. .
∆Vj = −Zjj IF
j
.. ..
. .
∆Vn −Znj IFj
Apenas a j-ésima coluna da matriz impedância de barra é necessária para se calcular a
variação da magnitude da tensão em cada barra quando ocorre um curto circuito trifásico na
00
barra j. A corrente IFj induz uma queda de tensão em cada ramo do circuito, a qual é dada por
µ ¶
Zkj
Zkj IFj = VF
Zjj
tal que, em termos genéricos a tensão na barra k em relação ao neutro é
µ ¶
pf Zkj
Vk = 1 − VF0
Zjj
A figura 5.16 mostra a representação do curto circuito trifásico na barra j, quando o mesmo
ocorre através de uma impedância de falta ZF .
Vj j
IFj
ZF
Neste caso,
e
Vj0
I Fj =
(ZF + Zjj )
onde Vj0 = VF0 , tal que
−Zkj
∆Vk = V0 k = 1, 2, . . . , n
(ZF + Zjj ) F
e, desde que
Vkpf = Vk0 + ∆Vk
então
Zkj
Vkpf = VF0 − V0
(ZF + Zjj ) F
ou seja, · ¸
Zkj
Vkpf = 1− VF0
(ZF + Zjj )
e, no caso particular da barra j,
· ¸
ZF
Vkpf = VF0
(ZF + Zjj )
Após o cálculo da tensão pós-falta em cada barra, é possı́vel determinar a corrente pós-falta
em todos os componentes da rede elétrica. Por exemplo, a corrente na linha de transmissão que
interliga as barras i e j é dada por
³ ´
Vipf − Vjpf
Ipf
ij =
Zserij
Ex. 5.2 Considere o sistema do exemplo 5.1, onde a tensão pré-falta é 1,05 pu e que as correntes
pré-falta são desprezadas. O circuito monofásico equivalente é mostrado na figura 5.17, para o
qual as matrizes admitância e impedância de barra são respectivamente
· ¸
9, 9454 −3, 2787
Ybarra = −j
−3, 2787 8, 2787
· ¸
−1 0, 1156 0, 0458
Zbarra = Ybarra =j
0, 0458 0, 1389
00 VF
IF1 =
Z11
1, 05∠00
=
j0, 1156
= −j9, 079 pu
162 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
−j3, 2787 pu
1 2
00
Ig 00
Im
+
−j6, 666 pu −j5, 0 pu
VF
+ +
00
Eg
00 Em
-
- -
G1 G2
1 2
00 00
IF13 IF12
D1 D2
3
Carga
em pu e √ 0
CCC = 3VF IFj
com VF0 em kV entre linhas e IFj em kA por fase.
Desde que em geral VF0 = 1, 0 pu, então
VF0
IFj =
Zjj
e
1
CCC =
Zjj
Ex. 5.3 Os dados do sistema cujo diagrama unifilar é mostrado na figura 5.19 são os seguintes:
00
• gerador: 30,0 MVA, 13,8 kV, Xg =20 %;
Supondo que ocorre um curto circuito trifásico sólido (envolvendo a terra) na barra 2, de-
terminar:
2
3
M
1
G 1 T 2 4
M
5
M
• valores das impedâncias dos equipamentos no sistema por unidade na base 100 MVA e
tensões nominais:
µ ¶µ ¶
00 100 13, 8 2
– gerador: Xg = 0, 20 = 0, 667 pu;
30 13, 8
µ ¶µ ¶
100 13, 8 2
– transformador: Xt = 0, 10 = 0, 333 pu;
30 13, 8
µ ¶µ ¶
00 100 6, 9 2
– motores: Xm = 0, 15 = 1, 875 pu;
8 6, 9
· ¸
−1 0, 393 0, 256
Zbarra = Ybarra =j
0, 256 0, 385
100 × 1000
Corrente base no gerador: Ibg = √ = 4183, 7 A
3 13, 8
100 × 1000
Corrente base no motor: Ibm = √ = 8367, 4 A
3 6, 9
00 VF0 2
I F2 =
Z22
1, 00∠00
=
j0, 385
= −j2, 6 pu
= −j21, 755 kA
• tensões pós-falta:
µ ¶
Z12
V1 = 1 − V1
Z22
µ ¶
j0, 256
= 1− 1, 00∠00
j0, 385
= 0, 333∠00 pu
V2 = 0, 0 pu
I1 = I12
V1 − V2
=
Z12
0, 333 − 0, 0
=
j0, 333
= −j1, 0 pu
= −j4, 1837 kA
I2 = I1
= −j1, 0 pu
= −j8, 3674 kA
I F2 − I 2
I3 =
3
−j2, 6 − (−j1, 0)
=
3
= −j0, 533 pu
= 4, 4626 kA
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 167
+ + +
- - -
+ + + + + +
- - - - - -
+ + + +
- - - -
Transformadores
Um modelo simplificado consistindo apenas de uma reatância é adotado para representar o
transformador. Desde que os transformadores são equipamentos estáticos, a impedância de
dispersão não variará se a seqüência de fase for alterada. Por esta razão, a impedância de
seqüência positiva deste equipamento é igual à sua impedância de dispersão, a qual é obtida
através do ensaio de curto-circuito, isto é,
Z1 = Z2 = jXt
3ZN Z0 3Zn
3ZN Z0
de conexão inclui um circuito aberto no lado da conexão ∆. Estas considerações são modeladas
na rede de seqüência zero apresentada na figura 5.24.
Os transformadores trifásicos com conexões Y -solidamente aterrado / ∆ e Y não aterrado /
∆ são casos particulares da conexão Y aterrado / ∆ com ZN = 0 e ZN = ∞, respectivamente.
No caso do transformador trifásico com conexão ∆ / ∆, não existe caminho de retorno para
as correntes de seqüência zero e portanto elas não podem circular fora do transformador, embora
possam circular internamente nos enrolamentos da conexão ∆. A figura 5.25 mostra o circuito
de seqüência zero deste tipo de transformador.
Z0
jXp jXs
P
S
T
jXt
Curto-Circuito Fase-Terra
Considere a figura 5.27, a qual representa um gerador sı́ncrono sujeito a um curto circuito sólido
fase-terra na fase a. As equações que modelam este tipo de curto circuito no domı́nio de fase
Va a
Ia
Vb b
Zy Zy
Ib
IF
Zy ZN
Ic
Vc c
são,
Va = 0
Ib = Ic = 0
1 1 1 Ia
1
= 1 a a2 0
3
1 a2 a 0
resultando
Ia0 Ia
1
Ia1 = Ia
3
Ia2 Ia
ou seja,
Ia0 = Ia1 = Ia2 (5.1)
tal que a corrente que flui para a terra é
IF = Ia = 3Ia0
+ + + +
- - - -
Figura 5.28: Conexão dos circuitos de seqüência do gerador sı́ncrono na falta fase-terra
das redes de seqüência na forma apresentada na figura 5.28 constituem um modo conveniente de
estabelecer as equações para a solução do problema do curto-circuito fase-terra. Por exemplo,
pode-se calcular a componente de seqüência da corrente no circuito da figura 5.28 e então
172 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Curto-Circuito Fase-Fase
Va a
Ia
Vb b
Zy Zy
Ib
IF = Ib = −Ic
IN = 0
Zy ZN
Ic
Vc c
Este tipo de falta, ilustrado na figura 5.29, é caracterizado pelas seguintes equações no
domı́nio de fase:
Vb = Vc
Ia = 0
Ic = −Ib
Em termos de componentes de seqüência:
Ia0 1 1 1 Ia
1
Ia1 = 1 a a2 Ib
3
Ia2 1 a2 a Ic
1 1 1 0
1
= 1 a a2 Ib
3
1 a2 a −Ib
o que fornece
Ia0 (0
¡ + Ib −2 Ib¢)
1
Ia1 =
3 ¡aI2 b − a Ib ¢
Ia2 a Ib − aIb
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 173
ou seja,
Ia0 = 0 (5.3)
e
Ia2 = −Ia1 (5.4)
1 1 1 Va
1
= 1 a a2 Vb
3
1 a2 a Vb
resultando
Va0 ¡ (Va + Vb + V b) ¢
1
Va1 = Va + aVb + a2 Vb
3 ¡ ¢
Va2 Va + aVb + a2 Vb
e portanto
Va1 = Va2 (5.5)
O exame das equações 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6 indica que para representar este tipo de falta os
modelos de seqüência positiva e negativa devem ser ligados em paralelo, conforme ilustra a figura
5.30.
jX0 Ia0
- - - -
Figura 5.30: Conexão dos circuitos de seqüência do gerador sı́ncrono na falta fase-fase
174 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Va a
Ia
Va b
Zy Zy
Ib
IF = Ib + Ic
Zy ZN
Ic
Vc c
Curto-Circuito Fase-Fase-Terra
Este tipo de curto é representado na figura 5.31. e as condições que descrevem analiticamente a
falta fase-fase-terra no domı́nio de fase são
Vb = Vc = 0
Ia = 0
Em termos de componentes de seqüência,
Va0 1 1 1 Va
Va1 = 1 1 a a2 Vb
3
Va2 1 a2 a Vc
1 1 1 Va
1
= 1 a a2 0
3
1 a2 a 0
resultando
Va0 Va
Va1 = 1 Va
3
Va2 Va
ou seja,
Va
Va0 = Va1 = Va2 = (5.7)
3
e
Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2 = 0 (5.8)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 175
Para que as equações 5.7 e 5.8 sejam satisfeitas, as redes de seqüência do gerador sı́ncrono
devem ser ligadas em paralelo, conforme mostra a figura 5.33.
- - - -
Figura 5.32: Conexão dos circuitos de seqüência do gerador sı́ncrono na falta fase-fase-
terra
Observe-se que,
IF = Ib + Ic
porém,
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
IF = Ib + Ic = 3Ia0
Va = Vb = Vc = 0
Ia + Ib + Ic = 0
1 1 1 0
1
= 1 a a 2 0
3 2
1 a a 0
resultando
Va0 = Va1 = Va2 = 0 (5.9)
176 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Va a
Ic
Vb b
Zy Zy
Ia
IN = 0
Ia + Ib + Ic
Zy ZN
Ib
Vc c
1 1 1 Ia
1
= 1 a a2 a2 Ia
3
1 a2 a aIa
fornecendo ¡ ¢
Ia0 Ia¡ 1 + a2 + a ¢ 0
1
Ia1 = Ia 1 + a3 + a3 = Ia
3 ¡ ¢
Ia2 I a 1 + a4 + a2 0
e portanto
Ia0 = 0
Ia1 = Ia (5.10)
Ia2 = 0
De 5.9 e 5.10, observa-se que a condição estabelecida pela equação 5.9 implica em que todas
as redes de seqüência estão em curto, conforme representado na figura 5.34.
Se o curto trifásico não envolve a terra, então as condições do defeito são ainda,
Va = Vb = Vc = 0
Ia + Ib + Ic = 0
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 177
- - - -
Figura 5.34: Conexão dos circuitos de seqüência do gerador sı́ncrono na falta trifásica
Note que, desde que Ia0 = 0, o circuito de seqüência zero também pode ser deixado em
aberto.
1. Considera-se que as tensões nas barras são iguais (em geral a 1,0 pu ou a um valor
fornecido) e despreza-se todas as correntes pré-falta nas linhas do sistemas.
4. Para se calcular a corrente que fui para o defeito utiliza-se um procedimento análogo aquele
adotado no caso de curto-circuito nos terminais de geradores sı́ncronos funcionando a vazio;
isto é, os circuitos equivalentes de Thévenin das redes de seqüência positiva, negativa e
zero são conectados de acordo com o tipo de falta.
5. As correntes nos elementos do sistema que fluem para o ponto do onde ocorre o curto
circuito são calculadas desprezando-se as cargas. Estas correntes são portanto devidas
exclusivamente a falta.
178 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
7. Se a corrente pré-falta for considerada, as correntes pós-falta nas linhas são obtidas
aplicando-se o Teorema da Superposição.
8. Obtidas as correntes nas linhas pode-se então determinar a capacidade de interrupção dos
diversos disjuntores e os ajustes dos relés de proteção.
Ex. 5.4 Considere o sistema do exemplo 5.1, com os seguintes dados adicionais:
2. para um curto circuito fase-fase sem envolver a terra, nas fases b e c na barra 2;
· ¸
−1 0, 1156 0, 0458
Z1barra = Ybarra =j
0, 0458 0, 1389
· ¸
−1 0, 1278 0, 0521
Z2barra = Ybarra =j
0, 0521 0, 1456
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 179
· ¸
−1 0, 05 0, 00
Z0barra = Ybarra =j
0, 00 0, 25
I0 = I1 = I2
1, 05∠00
I0 =
j(0, 250 + 0, 1389 + 0, 1456)
= −j1, 9643 pu
Ia 1 1 1 −j5, 893
Ib = 1 a2 a −j5, 893
Ic 1 a a2 −j5, 893
−j5, 893 pu (×4, 184 = 24, 65 kA)
= 0, 0
0, 0
– Tensões após a falta:
V0 0, 0 j0, 250 0 0 −j1, 9643
V1 = 1, 05∠00 − 0 j0, 1389 0 −j1, 9643
V2 0, 0 0 0 0, 1456 −j1, 9643
−0, 4910
= 0, 7771 pu
−0, 2860
Vag 1 1 1 −0, 4910
Vbg = 1 a2 a 0, 7771
Vcg 1 a a2 −0, 2860
0, 0
= 1, 179∠231, 30 pu
1, 179∠128, 70
Ia 0, 0
Ib = 6, 391∠1800 (×4, 184 = 26, 74 kA∠1800 )
Ic −6, 391∠1800 (×4, 184 = 26, 74 kA)
– Tensões após a falta:
V0 0, 0 0
V1 = 1, 05∠00 − j0, 1389 (−j3, 690)
V2 1, 05∠00 j0, 1389
Vag 1 1 1 0, 0
Ibg = 1 a2 a 0, 5373
Icg 1 a a2 0, 5373
1, 075
= −0, 5373 pu
−0, 5373
3. curto circuito fase-fase-terra sólido;
– Corrente subtransitória de falta:
1, 05∠00
I1 = · ¸
(0, 1456 × 0, 250)
j 0, 1389 +
(0, 1456 + 0, 250)
= −j4, 5464 pu
µ ¶
0, 25
I2 = j4, 5464
(0, 1456 + 0, 250)
= j2, 873 pu
µ ¶
0, 1456
I0 = j4, 5464
(0, 1456 + 0, 250)
= j1, 6734 pu
Ia 1 1 1 j1, 6734
Ib = 1 a2 a −j4, 5464
Ic 1 a a2 j2, 873
0, 0
= 6, 898∠158, 660 (×4, 184 = 28, 86∠158, 660 kA)
6, 898∠21, 340 (×4, 184 = 28, 86∠21, 340 kA)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 181
– Corrente no neutro:
In = Ib + Ic
= 3I0
= j5, 020 pu (21, 9 kA∠900 )
– Contribuições da linha de transmissão e do motor à corrente de falta:
∗ seqüência zero:
Linha de transmissão, transformadores e gerador:
ILT0 = It10 = It20 = Ig0 = 0, 0
por causa do tipo de conexão dos transformadores trifásicos;
Motor: Im0 = I0 = j1, 6734 pu;
∗ seqüência positiva - aplicando o divisor de corrente no circuito de seqüência
positiva:
µ ¶
0, 20
ILT1 = −j4, 5464
(0, 20 + 0, 455)
= −j1, 3882 pu
µ ¶
0, 455
Im1 = −j4, 5464
(0, 20 + 0, 455)
= −j3, 1852 pu
∗
∗ seqüência negativa - aplicando o divisor de corrente no circuito de seqüência
positiva:
µ ¶
0, 21
ILT2 = j2, 783
(0, 21 + 0, 475)
= −j0, 8808 pu
µ ¶
0, 475
Im2 = j2, 783
(0, 21 + 0, 475)
= −j1, 9922 pu
ILTa 1 1 1 0, 0
ILTb = 1 a2 a −j1, 3882
ILTc 1 a a2 j0, 8808
0, 5074∠900 pu (2, 123∠900 kA)
= 1, 9813∠172, 64 pu (0, 8289∠172, 64 kA)
1, 9813∠7, 357 pu (0, 8289∠7, 357 kA)
Ima 1 1 1 j1, 6734
Imb = 1 a2 a −j3, 1582
Imc 1 a a2 j1, 9922
0, 5074∠900 pu (2, 123∠900 kA)
= 4, 9986∠153, 17 pu (20, 91∠153, 17 kA)
4, 9986∠26, 830 pu (20, 91∠26, 830 kA)
182 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
5.9 Exercı́cios
5.1 Considere o sistema trifásico cujo diagrama unifilar é mostrado na figura 5.35.
Gerador 1 1 3
j0,76 Ω
50 MVA
13,8 kV
00
Xg1 = 0, 76Ω
j01,90 Ω
Gerador 2
30 MVA 2 j1,52 Ω
13,8 kV
00
Xg2 = 0, 95Ω
As tensões pré-falta são todas iguais a 1, 0∠00 pu. Tomando como base os valores nominais
do gerador 1,
• calcular a corrente subtransitória de falta para um curto circuito trifásico sólido na barra
2 em pu e em Ampéres;
5.2 Seja um gerador sı́ncrono de 30 MVA, 13,8 kV, reatância subtransitória de eixo direto igual
a 10% e reatâncias de seqüência negativa e zero iguais respectivamente a 13% e 4%. O neutro
do gerador é aterrado através de uma reatância de 0,2 Ω. O gerador está operando em vazio
com tensão nominal nos seus terminais. Determinar a corrente subtransitória (em Ampéres)
que passa pela reatância de aterramento do neutro, quando nos terminais do gerador ocorre um
curto-circuito sólido: (a) monofásico à terra, (b) bifásico sem envolver a terra, (c) bifásico à
terra, (d) trifásico à terra.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 183
5.3 Suponha que o o gerador do sistema cujo diagrama unificar é mostrado na figura 5.36,
operava com tensão nominal em seus terminais antes do defeito. Considere ainda que os trans-
formadores são do tipo núcleo envolvente e os dados do sistema são os seguintes:
00 00
• gerador: 25 MVA, 10 kV, X1 = X2 = 0,125 pu,X0 = 0,05 pu, X1 = 1,15 pu;
• A corrente que flui para o defeito e as correntes pós-falta na linha de transmissão (am
Ampères), se ocorre um curto circuito bifásico sólido (sem envolver a terra) na barra de
alta tensão do transformador T2 .
1 2 3 4 M1
G
Zn
T1 LT T2 M2
• Determinar os circuitos equivalentes de Thévenin das redes de seqüência para defeitos que
ocorram no meio da linha de transmissão.
– a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito sólido no meio da linha
de transmissão.
– a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito fase-fase-terra sólido no
meio da linha de transmissão.
– as tensões pós falta em cada caso.
5.5 Considere o sistema mostrado na figura 5.38. As impedâncias dos componentes são:
1 2
G1 T1 LT1 T2 G2
LT2
13,8 kV 69 kV 13,8 kV
• Transformador T1 : X1 = X2 = X0 = 0, 10 pu;
• Transformador T2 : X1 = X2 = X0 = 0, 15 pu;
3 G2
1 2 D
G1
A TR B C
LT
G3
• transformador: 100 MVA, 13,8 (∆) kV / 138 (Y -solidamente aterrado) kV, Xt = 0,10
pu;
Suponha que as correntes pré-falta são desprezadas e que a tensão pré-falta é 1,0 pu. Considere
ainda que as bobinas da armadura dos três geradores são conectadas em Y solidamente aterrado.
Determinar:
3 Trafo 2 4 Gerador 2
1 2
Gerador 1 Trafo 1 LT 1
5 Trafo 3 6
LT 2
00
Componente Snom Vnom X
(MVA) (kV) (%)
Gerador 1 2000 13,8 (Y aterrado) 20
Gerador 2 2000 230 (Y aterrado) 20
Trafo 1 2200 13,8(∆):500(Y aterrado) 10
Trafo 2 500 500(Y aterrado):230(Y aterrado) 10
Trafo 3 1000 500(Y aterrado):138(Y aterrado) 12
5.7 No sistema trifásico da figura 5.40, suponha que as correntes pré-falta são desprezı́veis e que
as barras operam na tensão nominal antes da ocorrência da falta. As duas linhas de transmissão
possuem reatâncias série de 0,163 (LT1) e 0,327 (LT2) Ω/km por fase e comprimentos de 220
km (LT1) e 150 km (LT 2). Adotando como valores base as tensões nominais dos equipamentos
e a potência de 1000 MVA, determinar (em valores p.u. e em unidades reais):
• a corrente de curto circuito trifásico sólido num ponto F da linha de transmissão 1, situado
a 30 km da barra 2;
• a corrente que flui nos geradores 1 e 2, conectados às barras 1 e 4, sob as condições de
falta do item anterior;
• a corrente que flui no lado de AT do trafo 2, sob as condições de falta do item anterior;
5.8 Considere o sistema mostrado na figura 5.41, cujos dados são mostrados na tabela 5.2.
Supondo que as correntes pré-falta são nulas e que a tensão na barra 2 é 1,0 pu.
1. determine o circuito monofásico equivalente no sistema por unidade, tomando como base
os valores nominais do transformador 1;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 187
Gerador Motor
LT1 - 220 kV
Trafo T1 2 3 Trafo T2
5.9 A figura 5.42 mostra um gerador sı́ncrono de 625 kVA, 2,4 kV e reatância subtransitória
de 20%, operando na tensão nominal, suprindo uma carga constituı́da de três motores. Cada
motor possui valores nominais 250 HP, 2,4 kV, fator de potência unitário, rendimento de 90% e
reatância subtransitória de 20%. Supondo que os motores operam todos sob as mesmas condições,
adotando os valores nominais do gerador como base e desprezando as correntes pré-falta, a)
calcule a corrente de curto circuito em pu e em unidades reais, que acionaria os disjuntores A
e B na ocorrência de uma falta trifásica no ponto P ; b) repita o item anterior para uma falta
trifásica no ponto R. Observação: 1 HP = 746 W.
5.10 A matriz impedância de barra do sistema mostrado na figura 5.43 é dada por
0, 0793 0, 0558 0, 0382 0, 0511 0, 0608
0, 0558 0, 1338 0, 0664 0, 0630 0, 0605
Zbarra = j
0, 0382 0, 0664 0, 0875 0, 0720 0, 0603
0, 0511 0, 0630 0, 0720 0, 2321 0, 1002
0, 0608 0, 0605 0, 0603 0, 1002 0, 1301
188 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
D
M1
R A C
G M2
B P
M3
Q
1 3
2
j0, 168 pu j0, 126 pu
1, 0∠00 pu
1, 0∠00 pu j0, 1333 pu + −
− + j0, 1111 pu
5 j0, 210 pu
j0, 126 pu
Despreze as correntes pré-falta. a) Determine a barra com maior capacidade de curto circuito do
sistema e o valor desta; b) calcule a corrente de falta resultante de um curto circuito trifásico sólido
na barra do item anterior; c) determine a magnitude da tensão em cada barra e a contribuição de cada
componente do sistema à corrente de falta, na condição do item anterior.
• Transformadores 1, 2 e 3: XT = 0, 05 pu;
1 T1 2 3 T2 4
G1 LT1 G2
100 MVA
T3
25(∆)/230(Y ) kV
2. Determine a capacidade de curto circuito das barras 2 e 3 para faltas fase-terra (em
unidades reais).
3. Determine os fasores tensão na barra 1 sob condições de falta fase-terra na barra 2 (em
pu e em kV).
4. Qual o valor da corrente de falta para um curto circuito fase-terra na barra 6 (em pu e
em ampéres)?
Referências Bibliográficas
[2] J. D. Glover, M. Sarma, Power System Analysis and Design, PWS Publishers - Boston, 1994.
[3] R. D. Shultz, R. A. Smith, Introduction to Electric Power Engineering, John Wiley and
Sons, 1987.