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Administração

de Materiais
Administração
de Materiais

1ª edição
2017
Unidade 1
Introdução à administração
de Recursos Materiais e
Patrimoniais
1
Para iniciar seus estudos

Nesta unidade você aprenderá os conceitos iniciais de administração de


materiais, que abordam os conceitos mais históricos e de fundamentos,
que serão a base para o estudo das próximas unidades que exigirão base
teórica para análise de tomada de decisão.

Objetivos de Aprendizagem

• Identificar a empresa e seus recursos;


• Reconhecer a administração dos recursos da empresa;
• Compreender a importância da Administração de Materiais e dos
bens patrimoniais;

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Administração de Materiais | Unidade de Estudo 1 – Introdução à administração de recursos
materiais e patrimoniais

1.1 A empresa e seus recursos


As empresas são organizações sociais que necessitam de recursos para atingir os seus objetivos. Inicialmente,
para a existência de uma organização, é necessário o envolvimento de quatro elementos: indivíduos, recursos,
coordenação das tarefas e objetivos comuns.

Figura 1 – Elementos necessários para a existência de uma organização.

COORDENAÇÃO OBJETIVOS
INDIVÍDUOS + RECURSOS + DAS TAREFAS
+ COMUNS
= ORGANIZAÇÃO

Legenda: Os quatro elementos necessários para a existência de uma organização


(indivíduos, recursos, coordenação das tarefas e objetivos comuns).
Fonte: Elaborada pelos autores (2017).

iNote a importância dos elementos necessários para a existência de uma organização


(empresa).

Ainda para falarmos sobre organização, que é o mesmo que falarmos de empresas, existe outra definição, de que
a empresa é um conjunto de duas ou mais pessoas que realizam tarefas em grupo ou individualmente, de forma
coordenada e controlada, atuando num determinado ambiente, com um objetivo pré-determinado e utilização
de recursos disponíveis.
Para que uma empresa seja constituída, há necessidade de planejamento de seus recursos, como, por exemplo,
uma atitude empreendedora de abrir um negócio em que se destaca o recurso financeiro, ou investir em um
projeto já existente, nos quais os recursos materiais alocados e utilizados de forma adequada podem vir a ser um
diferencial em processo ou competitividade.
Podemos definir recursos como sendo os itens que auxiliam em um processo, para geração de riqueza, de valor
monetário. Lélis (2016, p. 6) afirma que “de um modo geral pode-se dizer que os fatores de produção (capital,
terra e trabalho) são recursos e, portanto, devem ser administrados”. Por exemplo, numa sala de aula, o professor
necessita de recursos para lecionar, como datashow, lousa, cadeiras, mesas etc. Toda esta infraestrutura também
pode ser considerada recurso, pois auxilia no processo de geração de riqueza. Vejamos, a seguir, quais são os
tipos de recursos existentes.

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materiais e patrimoniais

Figura 2 – Tipos de recursos.

Recursos Recursos Recursos Recursos de capital


Recursos humanos
tecnológicos patrimoniais materiais ou financeiros

Legenda: A figura mostra os cinco tipos de recursos (recursos tecnológicos, patrimoniais, materiais, de capital e humano).
Fonte: Elaborada pelos autores (2017)

Segundo Chiavenato (2014, p. 4), “recursos são conjuntos de riquezas que podem ser exploradas economica-
mente pela empresa. Contudo, os recursos são estáticos e inertes, não tem vida própria e precisam ser adminis-
trados”. Os recursos são os meios ou ativos de que dispõem as empresas para poder produzir. A gestão procura
a máxima rentabilização dos recursos necessários à obtenção dos objetivos. Existe uma variedade de recursos
empresariais, porém os recursos mais importantes são os seguintes:
• Recursos tecnológicos: são os sistemas informatizados de gestão e armazenagem de informações em
banco de dados, que podem ser robustos ou simplesmente planilhas. Isso se propõe a partir do controle
da distribuição da informação ao longo da cadeia de suprimentos, que garante a gestão estratégica da
empresa com ajuda de hardware e de software, tais como palmtops, sistemas de posicionamento global
GPS (Global Positioning System), computadores de bordo, sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) e
internet.
• Recursos patrimoniais: estão relacionados ao conjunto de bens, valores e avaliação monetária que está
disponível para execução desta operação. Dentro deste contexto, os estoques têm a sua importância, bem
como a necessidade de fazer a adequada administração dos materiais para que não ocorram interrupções
eventuais, além de administrar os recursos materiais e patrimoniais, que são atributos indispensáveis
para que qualquer empresa alcance seu maior objetivo: o lucro.
• Recursos materiais: estão relacionados aos produtos para fabricação ou a itens que compõem o
serviço, que, por sua vez, se relacionam diretamente aos custos das operações. Neste ponto também
são avaliados não somente os recursos materiais, mas também o fluxo destes materiais no processo. O
fluxo do processo (e consequentemente dos materiais) determina o resultado da operação. Ou seja, se
tivermos muitos materiais em uma determinada etapa da operação, isso pode interferir no desempenho
do todo, não finalizando com resultado esperado.
• Recursos de capital ou financeiro: estes recursos correspondem aos bens e ao patrimônio que estejam
disponíveis para a empresa, podendo pertencer aos proprietários ou a terceiros. Atualmente, uma das
áreas que mais crescem dentro das empresas é a da Administração de Materiais, pois é necessário gerir os
itens em estoque para que eles não fiquem parados por um longo período de tempo e sem necessidade,
tendo em vista que isso compromete o investimento de capital da empresa, pois estoque parado é
dinheiro perdido.
• Recursos humanos: são as pessoas que trabalham em todos os níveis da empresa, desde o presidente
até o mais humilde dos operários. Na verdade, as pessoas são os únicos recursos vivos e inteligentes de
uma empresa, capazes de lidar com todos os demais recursos empresariais. Cada vez mais as empresas
investem em seu capital humano e intelectual, e, na Administração de Materiais, também não é diferente.
Assim como ocorre em outras áreas da empresa, são muitas as preocupações, como, por exemplo, em
relação às condições de trabalho, segurança, salários, treinamento, processo de comunicação, motivação
para o trabalho etc.

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Figura 3 – Apresentação dos recursos da empresa.

Legenda: Esquema que mostra a divisão de recursos da empresa.


Fonte: Chiavenato (2014, p. 5)

Toda empresa existe para produzir algo: produtos (bens) ou serviços. As empresas que produzem bens são cha-
madas de empresas industriais, enquanto as empresas que prestam serviços são chamadas de empresas presta-
doras de serviços. Para tanto, é necessária uma boa administração dos recursos empresariais, que movimentam
as atividades diárias, como vimos na Figura 3.
Ainda existe uma definição importante que merece ser citada, em que os economistas definem os recursos
empresariais como fatores de produção. Para eles, a produção de riqueza somente ocorre quando quatro fatores
de produção estão presentes: a natureza, o capital, o trabalho e a própria empresa. Vejamos mais detalhada-
mente esses fatores:
• Natureza: é o fator que fornece os insumos necessários à produção, como as matérias-primas, os
materiais, a energia etc. É o fator de produção que proporciona as entradas de insumos para que a
produção possa se realizar. Dentre os insumos, figuram os materiais e matérias-primas.
• Capital: é o fator que fornece o dinheiro necessário para adquirir os insumos e pagar o pessoal. O capital
representa o fator de produção que permite meios para comprar, adquirir e utilizar os demais fatores de
produção.
• Trabalho: é o fator constituído pela mão de obra, que processa e transforma os insumos, por meio de
operações manuais ou de máquinas e ferramentas, em produtos acabados ou serviços prestados. O
trabalho representa o fator de produção que atua sobre os demais, isto é, que aciona e agiliza os outros
fatores de produção. É comumente denominado mão de obra porque se refere principalmente ao
operário manual ou braçal que realiza operações físicas sobre as matérias-primas, com ou sem o auxílio
de máquinas e equipamentos.
• Empresa: é o fator integrador capaz de aglutinar a natureza, o capital e o trabalho em um conjunto
harmonioso que permite que o resultado alcançado seja muito maior do que a soma dos fatores
aplicados no negócio. Ou seja, a empresa constitui o sistema que aglutina e coordena todos os fatores de
produção envolvidos, fazendo com que o resultado do conjunto supere o resultado que teria cada fator

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isoladamente. Isto significa que a empresa tem um efeito multiplicador, capaz de proporcionar um ganho
adicional, que é o lucro.
Atualmente, dois outros tipos de recursos passaram a integrar os recursos básicos da empresa: os recursos mer-
cadológicos e os administrativos. Vejamos na figura a seguir.

Figura 4 – Recursos mercadológicos e administrativos.

São os recursos comerciais que as empresas utilizam


Recursos para colocar seus produtos ou serviços no mercado,
mercadológicos como vendas, promoção, propaganda, pesquisa de
mercado, definição de preços etc.

Recursos São os recursos gerenciais que as empresas


administrativos utilizam para planejar, organizar, dirigir e controlar
suas atividades.

Legenda: A figura mostra as características dos recursos mercadológicos e administrativos.


Fonte: Elaborada pelos autores (2017).

Quando ocorre a ausência de um desses recursos, o processo de produção e a colocação dos bens e serviços no
mercado é restringida. Portanto, todos os recursos organizacionais são importantes.
Podemos mencionar alguns importantes avanços nos recursos organizacionais, como a logística, as técnicas de
administração japonesa, o código de barras e a informática e suas consequências para a Administração de Mate-
riais, visando otimizar suas atividades.
Uma das mais famosas técnicas de administração japonesa é a técnica dos 5S, que vem de encontro ao aspecto
cultural, de confiança e responsabilidade, baseado no respeito à hierarquia, na participação das pessoas no
desenvolvimento da tarefa, nas decisões consensuais e na harmonia das relações.

1.1.2 Cinco “S”

Os 5S são as iniciais de cinco palavras japonesas que começam com “s”, que têm por objetivo proporcionar o
melhor aproveitamento do espaço, eliminar as causas dos acidentes, desenvolver o espírito de equipe e assegu-
rar boa aparência da organização. A implantação do programa dos cinco “S” nas empresas japonesas requer que
todos os funcionários sejam pessoalmente responsáveis pelas seguintes atividades dentro da organização:
• Seiri: eliminar o desnecessário – o estoque, ferramentas não necessárias, máquinas não utilizadas e
produtos com defeito.
• Seiton: organizar, colocar as coisas nos seus devidos lugares. As coisas precisam ser mantidas em ordem,
para que estejam prontas quando necessário.
• Seiso: limpar, manter o ambiente limpo e agradável.
• Seiketsu: padronizar, simplificar as coisas.
• Shitsuke: disciplinar, manter a ordem e os compromissos e obedecer às normas do local de trabalho.

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Uma vez listadas as características do sistema de produção japonês, fica fácil adotar as características genéricas
do estilo de administração japonesa que podem ser aplicadas em outros ambientes culturais.
Aliadas a técnicas modernas de administração, temos a tecnologia, um grande aliado no processo. Podemos
exemplifica-la com o código de barras, que é uma representação gráfica de dados numéricos ou alfanuméricos.
A decodificação (leitura) dos dados é realizada por um tipo de scanner – o leitor de código de barras –, que emite
um raio vermelho que percorre todas as barras. Onde a barra for escura, a luz é absorvida; onde a barra for clara
(espaços), a luz é refletida novamente para o leitor. Os dados capturados nessa leitura óptica são compreendidos
pelo computador, que, por sua vez, converte-os em letras ou números humano-legíveis. Sua utilização é muito
comum em diversas áreas, desde a indústria até seu amplo uso no comércio e serviços.

Figura 5 – Código de barras

Legenda: Exemplo de código de barras, que serve como identificação de um produto no sistema eletrônico de varejo.
Fonte: 123RF. ID: 12358029

Figura 6 – Scanner de código de barras

Legenda: Equipamento utilizado para a leitura eletrônica de código de barras.


Fonte: 123RF. ID: 14088397

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1.2 A administração dos recursos da empresa


Devemos entender que as empresas sempre buscam a eficiência da sua gestão empresarial, sendo ela pública
ou privada, por isso é muito importante a compreensão e utilização dos conceitos da Administração de Recursos
Materiais e Patrimoniais, e todos os elementos aí compreendidos.
Como já vimos, os recursos organizacionais são os vários meios que as instituições possuem para atingirem seus
objetivos. São os bens ou serviços utilizados nas atividades organizacionais. Quando falamos em recursos, não
estamos nos referindo apenas a dinheiro, mas, também, às matérias-primas utilizadas na produção, nos serviços
prestados pelas organizações, materiais, equipamentos e colaboradores.

Figura 7 – Recursos organizacionais.

Legenda: Representação de recursos organizacionais, mostrando estoque e equipamentos de uma empresa.


Fonte: 14526372 (123rf)

O patrimônio ou acervo patrimonial de uma organização é normalmente representado pelo conjunto de seus
bens imóveis e permanentes móveis. Entende-se por gestão patrimonial, conforme Correia (2009), o processo
de aquisição, registro, conservação e controle do acervo de bens permanentes de um órgão público ou privado.
O controle patrimonial é uma atividade administrativa que visa à preservação e defesa deste acervo. Este controle
consiste no registro (tombamento), na identificação da utilização e do estado da conservação dos bens e na sua
localização no espaço físico da organização ou fora dela e, também, na retirada (baixa) do bem do acervo.
Uma das atividades mais importantes na administração dos recursos patrimoniais é registrar e controlar todos os
bens patrimoniais da empresa. Para que essa ação possa se desenvolver com melhor e perfeito controle, é neces-
sário classificar e codificar todos os bens pertencentes à empresa. Os objetivos da classificação e codificação de
materiais e bens é simplificar, especificar e padronizar, com uma numeração, todos os bens da empresa, tanto os
materiais como os patrimoniais.
Esta codificação é o processo de numeração de um bem, produzindo um registro único e sequenciado para o
mesmo. Essa rotina prática faz parte da gestão de ativo imobilizado. Ela é feita, em sua maior parte, por uma uni-
dade organizacional denominada controle de ativo fixo ou imobilizado, porque os bens não são adquiridos pela
empresa de uma só vez, eles são adquiridos ao longo de sua existência. Contudo, quando há a organização dos
ativos, esta ação irá desenvolver-se com clareza e perfeito controle e, além disso, ficará muito mais eficaz para a
gestão organizacional. Outra atividade importante é a realização de inventários, de tempos em tempos, para a
localização dos bens que foram adquiridos pela empresa.

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materiais e patrimoniais

Os bens patrimoniais podem ser entendidos como as instalações, prédios, terreno, equipamentos, veículos,
maquinário, bem como todo o arranjo físico necessário para que ocorra o processo produtivo da empresa,
seja esta prestadora de serviços ou manufatureira. Deste modo, os equipamentos podem ser exemplificados
enquanto máquinas operatrizes, caldeiras, reatores, pontes rolantes, computadores e móveis. Já os prédios e
terrenos são os edifícios e instalações prediais em geral, ou seja, tudo que faz parte do Patrimônio da empresa.
Com a codificação do bem, podemos ter um registro que irá nos informar sobre todo o seu histórico, tais como
aquisição, preço inicial, localização, vida útil esperada, valor depreciado, valor residual, manutenção realizada e
previsão de sua substituição. Após o bem estar codificado, recebe uma plaqueta com sua numeração e controle,
conforme especificado na Figura 8.

Figura 8 – Codificação de bens.

Legenda: Exemplo de código de bens do Banco do Brasil.


Fonte: <http://3tecinfor.blogspot.com.br/>.

Notemos, então, a importância de se fazer o controle do Patrimônio e a necessidade que a empresa tem de con-
trolar adequadamente os seus bens, a fim de prevenir o extravio de equipamentos ou qualquer outro patrimônio.

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1.3 A importância da administração de materiais e dos bens


patrimoniais
Dentro do contexto histórico de mecanização, racionalização e automação, entende-se que é desnecessário
manter o excedente de produção. Desta forma, a Administração de Materiais é um instrumento básico para man-
ter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a matéria-prima e, muito menos, ocorram desperdícios com
excedentes.
A evolução da Administração de Materiais, ao longo dessas fases produtivas, baseou-se na necessidade de pro-
duzir mais com custos mais baixos. Atualmente, a Administração de Materiais tem como função principal o con-
trole de produção, estoque e distribuição, e vem ganhando espaço cada vez maior dentro das empresas, sejam
elas públicas ou privadas.
A situação atual é bem diversificada. As exigências do mercado aumentaram rapidamente e muitas organizações
não estão preparadas tecnicamente para esta evolução. Hoje já existe uma discussão para a reestruturação do
setor de Administração de Materiais, para que ele tenha uma autonomia relativamente própria.
Em um ambiente cada vez mais competitivo no mundo globalizado, o grande desafio das empresas é adminis-
trar os seus ganhos e reduzir os seus custos. Contudo, diante deste panorama, a gestão empresarial carece de
novas ferramentas que possibilitem eliminar os desperdícios ocorridos no processo de produção. Por meio dos
conceitos básicos de redução de desperdícios, com base em sete tipos de desperdícios de produção, eles podem
ser acompanhados e evitados através de uma administração de materiais eficientes. Existem sete tipos de des-
perdícios de produção que podem ser, dessa forma, evitados. Vejamos a seguir:

Figura 9 – Os sete desperdícios de produção.

Excesso de
Inventário Transporte Espera
produção

Processos
Movimentação Defeitos
desnecessários

Legenda: Os sete tipos de desperdícios de produção: inventário, excesso de produção,


transporte, espera, movimentação, processos desnecessários e defeitos.
Fonte: Elaborado pelos autores (2017).

iPara saber mais sobre os sete tipos de desperdícios de produção, assista ao vídeo “Saiba
identificar os 7 desperdícios da produção”, disponível em <https://www.youtube.com/
watch?v=zQ5ZHJ67e8I>..

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A Administração de Materiais faz parte de um subsistema importante em qualquer organização, seja qual for o
tamanho que ela apresenta, e tem uma ligação direta com a área de logística. Seu objetivo principal é estabelecer
quando, como e quanto comprar, ao menor custo possível, e acompanhar o processo desde a compra junto ao
fornecedor selecionado até a entrega do produto ao cliente final. A Administração de Materiais é mais do que o
simples controle de estoque, é uma atividade complexa e com muitos fatores.
O principal objetivo de um administrador de materiais é promover o equilíbrio entre estoque e consumo, com
alto padrão de excelência, bem como o fluxo constante e ininterrupto da redução de custos e a melhoria dos
resultados internos e externos da empresa. Dentre as principais tarefas da área de Administração de Materiais,
podemos citar as seguintes:

Quadro 1 – Tarefas da área de administração de materiais.

TAREFA DEFINIÇÃO

Comprar Identificar os fornecedores que melhor se adéquam às necessidades e ao perfil da empresa.

Identificar a demanda dos produtos e a exata noção do quanto armazenar, pois o armazenamento
Armazenar
em excesso pode trazer prejuízos à organização.

Controlar Fazer o controle de estoque, respeitando a condição financeira da organização e a demanda.

Distribuir Fazer a distribuição dos produtos, na quantidade necessária para cada cliente, de acordo com as
ordens de compra recebidas.

Legenda: Quadro com as quatro tarefas da área de Administração de Materiais


(comprar, armazenar, controlar e distribuir) e suas definições.
Fonte: Elaborado pelos autores (2017).

Ballou (2005, p. 24) consegue expressar esta relação entre a operação logística e o fluxo de materiais, dizendo
que:
A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que faci-
litam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo
final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o pro-
pósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.
A administração de materiais é bem mais complexa do que a administração de patrimônio, podendo ser dife-
rente dependendo do segmento da empresa, do seu porte ou tamanho, do tipo de material utilizado no pro-
cesso, entre outros fatores.
Na indústria, a administração de materiais está nas áreas de estoques (almoxarifados e expedição) e na linha de
produção. Cada departamento é responsável pelo material que movimenta nos processos produtivos e os mate-
riais são os mais diversos, em sua maior parte componentes e insumos.

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Já no comércio há uma variação muito grande quanto à responsabilidade, mas, geralmente, cada setor ou depar-
tamento envolvido é responsável pelo seu controle e sua gestão. Na prestação de serviço o funcionamento é
semelhante: o responsável pelo material muitas vezes é o executor do serviço.
O conhecimento e a prática da integração entre administração de materiais e as funções logísticas seguem desde
o abastecimento até a produção, distribuição física, venda e fluxo de informações, e produz resultados positivos
para a empresa. Podemos considerar, ainda, que, com a integração, a empresa obtém resultados como redução
e adequação do estoque de produtos e, principalmente, redução dos custos da logística.
A ruptura de modelos pode propiciar a adaptação ou criação de artefatos que auxiliem os processos nessas áreas.
Um exemplo consiste em trazer os conceitos japoneses de produção enxuta, que têm como objetivo aperfeiçoar
processos e procedimentos através da redução contínua de desperdícios. As suas finalidades fundamentais são:
• Otimização e integração do sistema de manufatura: é um processo contínuo que visa à redução da
quantidade de tarefas que serão necessárias para completar um afazer.
• Qualidade: é a exigência de se produzir produtos com bons acabamentos, ou seja, com garantia de
qualidade, com funcionários com perfil profissional que apresente responsabilidade e conhecimento
técnico e segurança para a execução das tarefas.
• Flexibilidade do processo: é a obtenção de materiais com agilidade e em um curto espaço de tempo e ao
menor custo possível para atender a produção de acordo com a demanda.
• Compromisso com clientes e fornecedores: é o compromisso que as empresas têm de manter as relações
com clientes e fornecedores para produção de produtos, com eficiência no prazo de entrega, qualidade
e margens de lucro.
É necessário um sistema que facilite a relação cliente/fornecedor, contribuindo, dessa forma, na divulgação dos
processos logísticos, bem como oferecendo às empresas um método moderno e eficaz no gerenciamento de
estoques. Por exemplo, a empresa FEDEX (Federal Express), que é uma empresa americana de remessa expressa
de correspondência, documentos e objetos, utiliza frotas de aviões invejadas por outras companhias aéreas e é
sinônimo de desempenho em logística e excelente atendimento em entregas e armazenamento de cargas. A
FEDEX possui boas referências junto aos clientes e até mesmo aos concorrentes, que buscam constantemente
atender seu padrão de conformidade e excelência de atendimento.
Em face ao quadro de mudanças, como a abertura de mercados e a instabilidade política e econômica do Brasil,
a logística surge como uma ferramenta fundamental a ser utilizada para produzir vantagens competitivas. Tradi-
cionalmente, as atividades logísticas concentram-se em dois setores diferenciados da organização. O primeiro
deles, o setor de suprimento, nasceu junto com a logística, estando derivado da cadeia de suprimentos, que
estudaremos na Unidade 2. Ele diz respeito aos itens administrados, movimentados, armazenados, processados
e transportados pela logística. Já o segundo, a distribuição física, constitui o conjunto de operações relativas ao
fluxo de bens, desde o local de sua produção até seu destino final e das informações associadas, juntando-se ao
transporte, manutenção armazenamento, tratamento de pedidos, previsões de demanda etc.
Juntamente com os custos totais envolvidos na produção de bens ou serviços de uma empresa, aparecem os
custos logísticos, que são todos os custos relacionados com a logística de uma empresa. Dentre estes, podemos
citar, por exemplo, custos com encomendas, custos de transporte e custos com mercadorias. O administrador de
materiais precisa geri-los da melhor maneira possível para a correta sobrevivência da empresa.
A administração de materiais e de patrimônio possui, hoje, uma visão estratégica e um envolvimento direto com
gestão da empresa e os principais departamentos, focalizando em ser a melhor por meio da inovação, melho-
rando sempre aquilo que já existe e estabelecendo técnicas e parcerias por meio da logística, tema que estuda-
remos em profundidade na Unidade 2.

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1.4 Princípios da Administração de Recursos Materiais e


Patrimoniais
• Qualidade do material: o material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua aceitação dentro
e fora da empresa (mercado).
• Quantidade: ela deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades da produção e estoque,
evitando a falta de material para o abastecimento geral da empresa, bem como o excesso em estoque.
• Prazo de entrega: deverá ser o menor possível, a fim de levar a um melhor atendimento aos consumidores
e evitar falta do material.
• Menor preço: o preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posição da concorrência no
mercado, proporcionando à empresa um lucro maior.
• Condições de pagamento: deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha maior flexibilidade
na transformação ou venda do produto.
A importância que envolve os recursos materiais e patrimoniais da empresa, além de identificação, responsabi-
lidade e controle dos recursos empresariais, compõe esta visão estratégia e envolvimento com outros departa-
mentos da organização.

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Considerações finais
Nesta unidade, você pôde iniciar seus estudos da Administração de Mate-
riais, conhecendo um pouco sobre suas diferentes concepções e sua inte-
gração com a área de Logística. Além disso, pode compreender a utiliza-
ção dos cinco tipos de recursos da empresa, bem como a aplicação da
tecnologia para o gerenciamento destes recursos. Por fim, vimos como é a
atuação do gestor da área de Administração de Materiais e a sua evolução
no contexto empresarial atual. Mantenha-se sempre atento a tudo que
foi estudado, pois você sempre precisará lembrar desses conceitos para
entender as próximas unidades.

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Referências bibliográficas
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística
Empresarial. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

CHIAVENATO, I. Administração de Materiais: uma abordagem introdu-


tória. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

CORREIA, W. C. V. Manual Gestão Patrimonial: Secretaria Municipal do


controle interno. Aracaju, 2009.

LÉLIS, E. C. Administração de Materiais. São Paulo: Pearson Education


do Brasil, 2016.

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