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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


CURSO DE DESIGN
UNIDADE ACADÊMICA DE DESIGN

DISCIPLINA: HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN


PERÍODO 2018.1
PROFESSOR: JOÃO BATISTA GUEDES

As principais características

Alunos:
Elian Santos do Nascimento
Lucíola Maria de Melo Cordeiro

CAMPINA GRANDE - PB
2018
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Durante a sua história, a arte teve alguns períodos que se desenvolveram de


forma espontânea e diversos movimentos formados por artistas que compartilhavam
ideias semelhantes entre si. Esse trabalho, especificamente, tratará de dois
movimentos artísticos: o pré-rafaelismo e o secessionismo vienense, e tem como
objetivo mostrar como esses movimentos foram criados e quais as suas principais
características.

O pré-rafaelismo ou Irmandade pré-rafaelita, como também é conhecida, foi um


movimento artístico criado em 1848 por John Everett Millais, Dante Gabriel Rosseti e
William Holman Hunt, e que teve outros artistas associados com o passar do tempo.
Incomodados com o rumo que arte havia tomado, devido ao modo de representação
defendido pela Academia Real Britânica, esses artistas resolveram formar um grupo
que se opusesse a esse domínio. Enquanto a Academia defendia uma faixa estreita de
temas idealizados e definições convencionais de beleza, extraídos do renascimento e
da arte clássica, os pré-rafaelitas defendiam a representação realista da natureza e do
corpo humano (figura 01).

Figura 01 – Ofélia (John Everett Millais).

Em síntese, os pré-rafaelitas rejeitavam não apenas a preferência da Academia


Real Britânica por assuntos e estilos vitorianos, mas também seus métodos de ensino.
Para eles, a forma mecânica a qual os artistas eram submetidos, tirava a verdade e a
experiência real dos seus trabalhos, deixando a arte sem vida e previsível. Eles
defendiam o estudo detalhado da natureza e a fidelidade à sua aparência, mesmo
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correndo o risco de mostrar a fealdade nas representações. Além disso, tinham grande
interesse pela literatura e poesia, reproduzindo através das pinturas, cenas
encontradas nos textos e contos que liam.
Essa mudança artística apresentada pelos pré-rafaelitas, chocou e incomodou
diversos críticos, que consideravam a arte deles um desrespeito com os temas
sagrados, devido a maneira com que os personagens eram representados. Uma das
artes que mais chocou, foi a pintura feita por John Everett Millais, “Cristo na Casa de
seus Pais”. Nela os críticos consideraram que Maria foi representada como uma mulher
feia e a Sagrada Família como sendo comum e pobre. Para eles era um escândalo que
retratar Maria como outra que não uma mulher bonita e idealizada (figura 02).

Figura 02 – Cristo na Casa de seus Pais (John Everett Millais).

O movimento pré-rafaelita pode ser entendido como tendo duas partes distintas:
a primeira e a principal parte, foi a Irmandade pré-rafaelita, que era justamente a grupo
organizado inicialmente por Rossetti, Millais e Hunt, mas que se desfez após apenas
quatro anos; o segundo, conhecido simplesmente como Pré-Rafaelitas ou Pré-
Rafaelismo, que foi um movimento muito mais difuso que durou mais de duas décadas,
mantido por artistas que se associaram ao pré-rafaelismo por compartilharem dos
mesmos interesses.
Diante disso, as pinturas pré-rafaelistas se caracterizam pela representação da
natureza e das situações de forma realista; pela presença quase que constante de
mulheres em suas pinturas, em grande maioria com longos cabelos ruivos e pelo uso
da literatura, da poesia e de temas religiosos como instrumento de inspiração para
desenvolver novas obras (figura 03, 04, 05 e 06). Embora o Pré-rafaelismo esteja mais
associado à pintura, o movimento também teve um profundo efeito nas artes
decorativas, especialmente a partir das obras do artista William Morris (figura 07),
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designer têxtil, romancista e poeta que confeccionou diversos estilos de papel de


parede e estampas para roupas.

Figura 03 – A noiva (Dante Gabriel Figura 04 – A sombra da morte (William


Rossetti). Holman Hunt).

Figura 05 – Santa Eulália (John William Figura 06 – A anunciação (Dante Gabriel


Waterhouse). Rossetti).
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A Secessão de Viena tem sua formação em 1897, marcando o início formal da


arte moderna na Áustria. Foi a união do primeiro movimento de artistas e designers
comprometidos com uma visão internacionalista e futurista do mundo da arte. A
Secessão surgiu da insatisfação de um grupo de artistas com o sistema de exposições
de arte contemporânea da cidade durante a década de 1890. Deram à arte
contemporânea seu primeiro local dedicado na cidade: o Edifício da Secessão de
Viena, que até hoje é sinônimo do movimento como um todo, funcionando como um
espaço de exposição para a arte moderna além de exibir o trabalho de seus famosos
membros fundadores (figura 07). Desse modo, o secessionismo não só introduziu a
capital austríaca ao seu trabalho, mas a dos movimentos de arte contemporânea e
histórica em escala global.

Figura 07 – Edifício da Secessão de Viena.

O Secessionismo de Viena foi grande responsável pela ascensão meteórica de


Gustavo Klimt, um de seus principais líderes, como também de Joseph Maria Olbrich,
Koloman Moser e Josef Hoffman, que ajudaram em boa parte a relocar a parte austríaca
no mapa durante as duas primeiras décadas do século 20. A fundação da Secessão foi
para promover a inovação na arte contemporânea e não para fomentar o
desenvolvimento dos demais estilos. Os aspectos formais e discursivos do trabalho de
seus membros mudaram ao longo dos anos, de acordo com as tendências atuais no
mundo da arte.
Gustavo Klimt foi um dos mais importantes fundadores da Secessão de Viena e
serviu como presidente inicial. Sua força e fama internacional como o mais famoso
pintor da Art Nouveau contribuíram para muito para o sucesso inicial da Secessão como
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também para o seu rápido declínio, quando ele a deixou em 1905. Embora a arte de
Klimt seja atualmente muito popular, no século 20 eram bastante negligenciadas pelo
fato de provocarem nos espaços públicos uma tempestade de oposição, sendo
acusadas por obscenidade pelo uso de conteúdo bastante erótico em suas obras (figura
08 e 09).

Figura 08 – Judith I, pintura sobre o relato


bíblico em que Judith corta a cabeça de
Holofernes.

Sendo assim, o erotismo e a nudez


são as principais características das
obras do Secessionismo de Viena. Além
de Klimt, outros artistas se destacaram
nesse movimento artístico e muito
contribuíram para a história da arte
contemporânea: Egon Schiele, Oskar
Kokoschka, Ferdinand Hodler, Max
Figura 09 – Goldfish.
Liebermann (figuras 10 a 12).
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Figura 10 – A verdade (Ferdinand Hodler).

Figura 11– Nu de homem velho (Oskar Figura 12 – Nu feminino (Egon Schiele).


Kokoschka).
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Em janeiro de 1898, a Secessão começou a publicar o seu próprio periódico, o


Ver Sacrum que aparecia mensalmente até janeiro de 1900 sendo emitido duas edições
por mês, com sua duração reduzida para 20 páginas, podendo ser considerado como
um boletim regular da arte. O título Ver Sacrum se traduz do latim como “primavera
sagrada”, e se refere às lendas da Antiguidade. Foi nesse período de publicação da
revista onde surgiram os primeiros indícios do design gráfico (figura 14 e 15).

Figura 14 – Capa de uma das edições da revista Ver Sacrum.

Figura 15 – Design gráfico de pôster da Secessão de Viena.


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É inegável a contribuição artística deixada pelo Pré-Rafaelismo e pelo


Secessionismo Vienense. Ambos apresentam características distintas e bastante
peculiares quando comparadas entre si. No entanto, é possível destacar um ponto em
comum no desenvolvimento desses dois movimentos artísticos: ambos foram criados
como resposta ao desconforto e insatisfação de artistas com a arte que era apresentada
no período especifico de cada um. Além disso, a inovação encontrada na técnica das
obras desses dois grupos, talvez seja a característica que mais chamou atenção na
época e que se perdura até os dias atuais.

• Pré-Rafaelismo:

________________, Irmandade Pré-Rafaelita. Google Arts and Culture. Disponível


em <https://artsandculture.google.com/entity/m0q245> Acesso em: 20 de julho de
2018.

BBC, documentário. Os Pré-Rafaelistas: Vitorianos Revolucionários. Direção:


Andrew Hutton. 2013. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=Ykfr7xQJS
fU> Acesso em: 03 de julho de 2018.

SOUTER, A. FURNARI, R. A visão geral e análise do movimento pré-rafaelita. 2018.


Disponível em <https://www.theartstory.org/movement-pre-raphaelites.htm> Acesso
em 02 de julho de 2018.

GOMBRICH, E. H. A História da Arte. LTC Editora; Edição: 16. 1999.

• Secessionismo Vienense:

________________, Secessão de Viena. Google Arts and Culture. Disponível em <


https://artsandculture.google.com/entity/m04zh55> Acesso em: 20 de julho de 2018.

CLERICUZIO, P. A Visão Geral e Análise do Movimento de Secessão de Viena.


2018. Disponível em <https://www.theartstory.org/movement-vienna-secession.htm>
Acesso em 02 de julho de 2018.

GOMBRICH, E. H. A História da Arte. LTC Editora; Edição: 16. 1999.

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