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E EMPREENDEDORISMO
autor
ALEXANDRE MÁRCIO MELO DA SILVA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial regiane burger, roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
Prefácio 7
4. 2Desenvolvimento do comportamento
inovador 89
7
a construção de ambientes de inovação. Possuindo a base fundamental que é
compreender o processo de criação do conhecimento e da inovação tecnológi-
ca, vamos partir para estudar sobre o empreendedor. Será estudado o desen-
volvimento do comportamento empreendedor para entendermos quais são as
habilidades, características e competências necessárias para ser um empre-
endedor de sucesso, além de entender quais são as barreiras e dificuldades de
empreender. O desenvolvimento do comportamento inovador também será es-
tudada, apresentando a inovação e criatividade, a inovação de produtos e pro-
cessos e algumas características do comportamento inovador. E por fim, será
estudado a cultura organizacional para inovação.
Diante de todos os aspectos descritos acima, esperamos que com um estudo
dedicado e atencioso a este material, você aluno desperte o seu lado inovador e
empreendedor, e esteja motivado em colocar aquela ideia de negócio que você
teve, ou ainda, começar a ficar mais atento para aproveitar as oportunidade de
mercado e colocar a sua ideia em prática e, quem sabe, criar a sua empresa.
Bons estudos!
1
O processo
de criação do
conhecimento
1. O processo de criação do conhecimento
A inovação está relacionada com a vantagem competiva, que é tão buscada por
organizações que procuram se destacar uma das outras na disputa por espaço
no mercado. Para alcançar a vantagem competitiva, essencialmente, as orgra-
nizações possuem a necessidade de inovar. Basicamente, elas implementam
inovação em seus produtos, tecnologias ou processos, seja de forma incremen-
tal ou, até mesmo, de forma radical. O fato é que a inovação é fruto da intera-
ção dos conhecimentos de vários indivíduos envolvidos com a organização. Ou
seja, a inovação é baseada na criação do conhecimento organizacional.
Diante disto, neste capítulo estudaremos pontos importantes a fim de en-
tender a importância do conhecimento e como ele pode ser aplicado para que
a inovação seja alcançada, bem como seus principais conceitos que servirão
como base para a melhor compreensão sobre o assunto deste capítulo, e co-
nhecer os processos e modelos que estão relacionados com a aprendizagem e
a criação de novos conhecimentos organizacionais.
OBJETIVOS
• Entender a importância do conhecimento para a inovação e a vantagem competitiva;
• Saber diferenciar os conhecimentos tácito e explíctio. E entender a sua importância na
criação de conhecimento organizacional.;
• Conhecer e compreender o processo SECI de conversão de conhecimento;
• Conhecer e compreender o processo espiral do conhecimento e as suas condi-
ções promotoras;
• Conhecer o modelo de fases do processo de criação do conhecimento e saber relacionar
cada fase desse processo com o processo SECI;
• Saber qual o método mais eficaz para a transferência de conhecimento;
• Refletir sobre a aplicabilidade das dimensões do processo de transferência do conheci-
mento na relação universidade-empresa;
• Compreender a importância de se buscar a inovação.
10 • capítulo 1
1.1 A importância do conhecimento
capítulo 1 • 11
pode ser considerado como um recurso organizacional que precisa ser alcan-
çado, acessado e utilizado. Esse recurso organizacional é considerado valioso,
pois além de gerar inovação e, consequentemente, a vantagem competitiva,
advêm de indivíduos que possuem conhecimento especializado dentro da or-
ganização. Sendo, dessa forma, um recurso estratégico fundamental por ter a
capacidade de ser combinado e potencializar outros recursos. Porém, apenas
nos últimos 10 anos é que as organizações começaram realmente a aprimorar
suas estratégias e formas de atuar em um mercado cada vez mais competitivo
através da utilização do conhecimento. Para a sua aplicação correta é necessá-
rio avaliar todos os mecanismos e processos pelos os quais é criado, transferido
e gerenciado.
Esse conhecimento organizacional é, basicamente, o conhecimento de in-
divíduos internos e externos à organização que ao interagirem entre si podem
produzir a chave para a vantagem competitiva, a inovação. Para isso, o am-
biente organizacional deve favorecer a criação e a interação do conhecimento.
Uma organização que possuiu a capacidade de gerar aprendizado é habilitada
a criar, adquirir, transferir conhecimento e modificar o seu próprio compor-
tamento refletindo o novo conhecimento (Garvin, 1993). Deve estar claro que
para que as organizações alcancem um alto desempenho produtivo e competi-
tivo é de suma importância o desenvolvimento da capacidade de processamen-
to e transformações de informações e conhecimentos em ativos econômicos
(Balestrin, Vargas, & Fayard, 2005).
Como dito, a base da inovação é o conhecimento, mas para obtê-la é fun-
damental saber como utilizar o conhecimento presente na organização. Pois o
mesmo pode ser encontrado não somente em documentos/artefatos, bancos
de dados e sistemas de informação, mas em processos de negócios, dinâmicas
e práticas em grupos, e principalmente, na experiência acumulada pelos indiví-
duos internos e externos a fim de buscar a inovação, aumentar a produtividade
e o desempenho das organizações.
12 • capítulo 1
No processo de busca da informação, podemos citar algumas etapas como
referência na pesquisa científica, mas servindo como base também para o pro-
cesso de conhecimento de um empreendedor:
• Início: neste estágio a pessoa se torna inicialmente consciente da falta de
conhecimento ou entendimento. Também é nesta etapa que as sensações de
incerteza e apreensão são comuns. Neste ponto as tarefas são meramente de
reconhecer as necessidades de informação. As ações frequentemente envolvem
possibilidades de discussão de tópicos e de acessos.
• Seleção: durante esta etapa a tarefa é identificar e selecionar tópicos ge-
rais para serem investigados ou localizar a uma maneira de obtê-los.
• Exploração: é caracterizada por sensações de confusão, de incerteza e
de dúvida, que frequentemente aumentam durante o decorrer deste período.
Nesta etapa o indivíduo busca por informações relevantes a respeito de um tó-
pico genérico.
• Formulação: nesta etapa o indivíduo possui um direcionamento para o
seu estudo. Este é considerado por alguns um momento decisivo, pois o senti-
mento de incerteza diminui e a pessoa sente-se mais confiante.
• Coleta: neste período o usuário já possui um senso de direção bem defi-
nido, sabendo que caminho irá tomar e sente-se mais confiante. Outro aspecto
que ocorre durante a etapa da “Coleta” é a maior interação do usuário com os
sistemas de informação. Esta característica ocorre de um modo mais efetivo
durante esta etapa, comparando-se a outros momentos do processo.
• Encadear: o indivíduo segue uma ligação entre as citações, que podem
levar a outros materiais relevantes e, assim, realizando formas de conexão en-
tre o que foi pesquisado e novas informações. As conexões têm dois aspectos
básicos: o encadeamento para trás no tempo, que busca identificar material
para leitura a partir das listas de referências que constam em outros materiais;
e o encadeamento para frente no tempo, que identifica material para leitura
a partir dos índices de citação. O encadeamento para trás é uma atividade de
busca de informação bastante utilizada por pesquisadores de todas as áreas,
pois possibilita a localização de documentos relevantes de maneira simples.
• Navegar: é uma forma de pesquisa não muito objetiva, ou seja, é uma bus-
ca semi-direcionada a uma área de interesse geral. Os principais tipos de in-
formação que são recuperados quanto este padrão é empregado são listas de
autores, de periódicos, de anais de eventos, de trabalhos citados entre outros.
capítulo 1 • 13
• Diferenciar: o indivíduo utiliza a diferença entre as fontes como um filtro
para verificar o material analisado. Ele avalia aspectos como tipo de conteúdo e
relevância do material, a fim de obter uma comparação. Os três principais crité-
rios de diferenciação empregados são os seguintes: tópico principal, acesso ou
perspectiva e nível, qualidade ou tipo de tratamento.
• Monitorar: observa-se o desenvolvimento de uma determinada área, atra-
vés do monitoramento de fontes de informação específicas. O monitoramento
pode ser aplicado a várias fontes ou por exemplo, somente a certos tipos de fon-
tes dentro de uma determinada base de dados. O pesquisador é quem define o
que será monitorado, conforme seu interesse e suas necessidades.
• Extrair: o indivíduo trabalha de forma sistemática em uma fonte específica
para obter material de seu interesse. Esta é uma característica que muitos pes-
quisadores se engajam por um tempo razoável em suas carreiras. Isto acontece
tanto consultando diretamente a fonte, quanto através do uso de índices cumu-
lativos enquanto fontes de pesquisa, ou através de uma combinação das duas.
Figura 1.1 – Fonte: MAIA, F. Charge. Santa Catarina: Jornal A Noticia, [s.d].
14 • capítulo 1
Informações relevantes levam o capital humano a uma evolução contínua
de seu intelecto, chamado de Capital Intelectual, ponto importante para a ges-
tão do conhecimento (knowledge management), onde esta gestão e controle do
conhecimento só é possível através de competências comportamentais e técni-
cas para identificar o conhecimento que deve ser empregado na empresa.
Vamos agora conhecer alguns tipos de connhecimento, que podem ser classifi-
cados da seguinte forma:
• Intelectual: é um conhecimento envolvido por uma lógica de pensamen-
to, alto nível de análise e relfexão, ou seja, é um raciocínio mais elaborado.
• Popular: esse tipo de conhecimento está relacionado com a cultura, a tra-
dição, o senso comum, onde não existe uma apuração ou análise metodológica
a cerca de algo. Basicamente, não se possui reflexão, é subjetivo e superficial.
• Filosófico: é o conhecimento que vem do filosofar. Nesse tipo de conhecimen-
to, o mesmo é construído através de indagações e debates, possuindo uma relação
maior com a construção de conceitos e ideias. É semelhante ao conhecimento
científico no que se refere a ter uma metodologia experimental, porém, se diferen-
cia no que diz respeito ao tratamento de questões imensuráveis e metafísicas.
• Religioso (teológico): é o conhecimento baseado na fé, na divindade, ou
em experiências arqueológicas, coletivas, espirituais e históricas que dão sus-
tentação a determinado conhecimento. Onde se busca provar a existência de
Deus e a inspirição divina na qual os textos bíblicos foram escritos, sendo acei-
tos como verdades incontestáveis e absolutas.
• Sensorial: é um conhecimento obtidos a partir de experiências fisiológi-
cas e sensitivas por intermédio de nossos cinco sentidos (tato, visão, olfato, au-
dição e paladar).
• Declarativo: é o conhecimento voltado às coisas estáticas, como a descri-
ção de um objeto, a classificação de relevo ou a conceitos de uma ciência.
• Científico: é o conhecimento que se baseia em constatações, procurando
de forma racional explicar determinado fenômeno ao algo que está sendo obser-
vado. O alicerce desse conhecimento está na metodologia adotada e na raciona-
lidade, sempre em busca de provas concretas. Somado a outros aspectos, o co-
nhecimento científico pode ser tido como a antítese do conhecimento popular.
capítulo 1 • 15
Além desses tipos de conhecimentos que foram citados, existem outros
dois que serão tratados mais à frente neste capítulo, que são os conhecimentos
tácito e explícito.
Novo
Conhecimento
Novas Ações
16 • capítulo 1
conhecimento não é algo estático e linear ele é dinâmico e altamente depen-
dente do contexto no qual ele é aplicado.
Uma cultura voltada ao conhecimento trará os insumos necessários para
que os colaboradores se adaptem a uma nova realidade.
capítulo 1 • 17
tidas através do processo de conversão do conhecimento e das condições capa-
citadoras. O conhecimento tácito é incorporado nessas dinâmicas baseado na
estrutura cognitiva do indivíduo possibilitando a sua expansão através da inte-
ração social, que faz com que o fato de aprender seja uma experiência pautada
na individualidade, onde a inovação se origina da criação do ser e do mundo
que o cerca, através do processo de conversão do conhecimento.
Dimensão
Espitemológica
Conhecimento
Explícito
Conhecimento
Tácito
Dimensão
Ontológica
Indivíduo Grupo Organização Interorganização
Nível de Conhecimento
18 • capítulo 1
somente do processamento de informações objetivas. O fator crítico a ser desta-
cado é o comprometimento pessoal dos indivíduos das organizações para com a
organização e a sua missão. A abordagem mais holística a cerca do conhecimen-
to em organizações japonesas tratam as mesmas como um organismo vivo, ou
seja, a organização não é uma máquina, ela possui a capacidade de desenvolver
senso de identidade e um propósito fundamental coletivo.
Para inovar tem-se que recriar o ambiente de acordo com determinada vi-
são ou ideia. A criação de conhecimento significa recriar a organização e os
indivíduos que a compõem em um processo de auto-renovação. A criação de
conhecimento envolve um processo de aprendizado individual que resulta de
reflexão, criatividade e questionamentos. Porém, se o aprendizado trata de um
processo de criação de conhecimento pela experiência de indivíduos e se trans-
forma em aprendizado organizacional, e se tal aprendizado pode ser obtido a
partir da reprodução de modelos existentes, as organizações não produzem um
novo conhecimento de fato, pois o mesmo não é efetivamente novo. A criação
do conhecimento é alcançada quando processos sociais que foram elaborados
se tornam capazes de criar novos conhecimentos por meio da conversão do co-
nhecimento tácito em explícito e ao ser reconhecido a sinergia existente entre
estes tipos de conhecimento.
A criação do conhecimento organizacional é um processo que objetiva a am-
pliação do conhecimento criado por indivíduos de uma organização e cristali-
zá-lo como componente de uma rede de conhecimento da própria organização.
Deve ser observado que essa conversão é um processo “social” entre indivíduos e não
confinado em um único indivíduo. (Nonaka & Takeuchi, 2008)
capítulo 1 • 19
A conversão do conhecimento trata-se, nada mais e nada menos, do que a
transformação do conhecimento tácito em conhecimento explícito, e vice-versa.
Sabendo disso, apresentamos os quatros modos de conversão do conhecimen-
to que possibilitam a compreensão desse processo de conversão, que é conhe-
cido como SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização).
Tácito Tácito
Externalização
Socialização
Tácito
Explícito
Conversão do
Compartilhamento
conhecimento
de experiências
Tácito em Explícito
Internalização
Combinação
Explícito
Incorporação do
Tácito
conhecimento Sistematização
Explícito no de conceitos
conhecimento Tácito
Explícito Explícito
20 • capítulo 1
diálogos, ligações telefônicas, banco de dados ou por outras fontes informati-
zadas ou não.
• Internalização – de explícito para tácito: ocorre quando as experiências
são socializadas, externalizadas e combinadas através de modelos mentais
compartilhados, captados em documentos ou transmitidos na forma de histó-
rias. Neste processo a aprendizagem e socialização ocorre mediante a repetição
de uma tarefa, a fim de que o conhecimento explícito seja absorvido como co-
nhecimento tácito. Quando um conhecimento técnico é compartilhado, o mes-
mo se torna o bem mais valioso de uma organização devido sua internalização
entre os indivíduos.
Em resumo podemos dividir em quatro modos diferentes de conversão do
conhecimento:
1. De conhecimento tácito em conhecimento tácito, que chamamos de
Socialização;
2. De conhecimento tácito em conhecimento explícito, que denomina-
mos de Externalização;
3. De conhecimento explícito em conhecimento explícito, ou Combinação;
4. De conhecimento explícito para conhecimento tácito, ou Internalização.
Tácito Tácito
i i
Tácito
Explícito
i i i g i
i
g
o
Explícito
Tácito
g g o g
i g
Explícito Explícito
capítulo 1 • 21
1.5 Condições promotoras da espiral do conhecimento
Externalização
Conhecimento
Combinação
Explícito
Conhecimento
Tácito Socialização
Internalização
Dimensão
Ontológica
Indivíduo Grupo Organização Interorganização
Nível de Conhecimento
22 • capítulo 1
Tácito Tácito
Socialização Externalização
Tácito
Explícito
Explícito
Tácito
Internalização Combinação
Explícito Explícito
capítulo 1 • 23
em um ambiente organizacional provoca um colapso de rotinas, hábitos ou es-
truturas cognitivas, o que leva o estado habitual de ser e agir a interrupção. Já o
caos criativo é fruto de uma organização que enfrenta uma crise real, como por
exemplo, queda nas vendas, crescimento e mudanças no mercado e etc. Os líde-
res da organização também podem utilizar-se do caos criativo para evidenciar
uma crise interna entre seus subordinados por meio de metas desafiadoras.
• Redundância: refere-se a superposição intencional de informações relacio-
nadas às atividades realizadas pela organização, o que permite o conhecimento
tácito ser compartilhado entre os indivíduos, o que acelera o processo de criação
do conhecimento. E também, possibilita que o espiral do conhecimento aconte-
ça em nível organizacional, a fim de superar as exigências de informações para
atender a demanda das exigências imediatas. A redundância apresenta a sua im-
portância, principalmente, na fase de desenvolvimento do conceito que se dese-
ja, expressando-o por meio de imagens com o conhecimento tácito. Outra impor-
tância da redundância está no fato da mesma permitir que indivíduos tenham
acesso às atribuições funcionais uns dos outros, levando a fazerem sugestões ou
a fornecerem novas informações dentro de perspectivas diferentes, dessa forma,
auxiliando os indivíduos no compartilhamento dessas informações.
• Variedade de requisitos: refere-se à busca da maximização e a garantia
dentre os vários níveis organizacionais as várias formas de se obter acesso rá-
pido a uma maior escala de informações que são necessárias, por meio de um
menor número de etapas para alcançá-las. Essa eliminação de níveis hireráqui-
cos proporciona uma interligação entre várias unidades por meio de redes de
informações.
24 • capítulo 1
organização. Tal conhecimento tácito está detido por seus possuídores e são a
base para a criação do conhecimento da organização. Dessa forma, esta é a fase
crítica do processo de criação. Para que esta fase seja concluída, a organização
deve encontrar uma forma de favorecer a interação e o compartilhamento de
experiências indivuais por meio de uma equipe denominada de auto-organiza-
da, onde todos os indivíduos trabalham em conjunto para alcançar e superar as
metas organizacionais. Com a equipe auto-organizada obtém-se facilidades em
criar uma variedade de requisitos enquanto se experimenta a redundância de
informações. Aos líderes da organização cabe a missão de gerar o caos criativo
através do estabelecimento de metas tidas como desafiadoras e o fornecimento
de um alto grau de autonomia aos membros da equipe auto-organizada.
• A criação de conceitos: corresponde ao processo de Externalização do
SECI. Os conceitos que aqui são criados surgem de forma cooperativa através
de diálogos. Nesta fase, ocorre entre os indivíduos uma interação mais inten-
sa e o conhecimento tácito transforma-se em conhecimento explícito. Essa
conversão é favorecida pela utilização de vários métodos de raciocínio, como
por exemplo, a dedução – partir de um raciocínio já conhecido e montar novas
ideias –, a indução – procura pontos comuns no processo de conversão – e a
abdução – escolher o melhor raciocínio ou ideia. Nesta fase, a autonomia per-
mite aos membros da equipe auto-organizada a expressar de forma livre os seus
pensamentos. A intenção organizacional atua como ferramenta que converge
os pensamentos em uma única direção. A variedade de requisitos, em conjunto
com a flutuação e o caos criativo, permitem a equipe representar as suas ideias
e a fornecer várias e diferentes perspectivas para analisar um problema. A re-
dundância permite através de linguagem figurativas uma melhor compreensão
dos outros membros.
• A justificação dos conceitos: determina que os conceitos recém-criados
possuem utilidade tanto para a organização quanto para a sociedade. Em algum
momento, esses conceitos recém-criados precisam ser justificados para que o
novo conhecimento seja tido como verdadeiro. A organização deve possuir cri-
térios de justificação consistentes, quantitativos e qualitativos, não precisam ser
baseados em fatos. Alguns exemplos dos critérios: custo, margem de lucro, grau
de contribuição do produto para o crescimento da empresa, estética etc.
• A construção de um arquétipo (protótipo ou modelo): corresponde ao
processo de Combinação do SECI. Com o conhecimento já criado e justificado,
essa é a fase onde o conhecimento é transformado em algo palpável ou concreto
capítulo 1 • 25
como um arquétipo (protótipo ou modelo) que também é um conhecimento
explícito. Para a obtenção de um novo produto teremos um protótipo e para
um novo serviço teremos um modelo de dispositivo de operações. Nesta fase,
deve ser dada a devida atenção aos detalhes e à necessidade da cooperação, que
são facilitadas pelas condições de variedades de requisitos e redundância de
informações.
• A difusão interativa do conhecimento: corresponde ao processo de
Internalização do SECI. Nesta fase, a criação do conhecimento organizacional
é tida como um processo interminável com atualizações constantes. A difusão
interativa do conhecimento ocorre entre os vários níveis ontológicos, com a
possibilidade de se tornar real, arquétipo ou iniciar um novo ciclo de criação de
conhecimento. Aqui, a autonomia é essencial para que cada unidade da organi-
zação possa utilizar e compartilhar o conhecimento desenvolvido externamen-
te, como em outras unidades, parceiros, cliente e universidades.
Condições promotoras
Interação
Autonomia
Flutuação e caos criativo
Redundância
Variedade requisito
Conhecimento tácito Conhecimento explícito
na organização na organização
Internalização
Mercado
Figura 1.8 – Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento. Fonte: No-
noka e Takeuchi (1997). Adaptado.
26 • capítulo 1
organizações são colocadas em prática e transferidos para o ambiente externo,
por exemplo, outras organizações.
O método mais utilizado para a transferência do conhecimento é a palestra,
porém, é o método menos eficaz já que após alguns dias o indivíduo não se re-
corda de tudo o que foi ensinado, além de ter absorvido somente um décimo do
que foi ouvido. A transferência de conhecimento por audição pode ser realizada
através de palestras ou audivisual. O método de “aprender fazendo” pertence a
transferência de conhecimento por tradição, sendo esse o método mais eficaz
para a transferência de conhecimento entre organizações, visando aumentar as
suas competências. Porém, a grande desvantagem é que na prática essa trans-
ferência de conhecimento por tradição exige muito tempo e grande parte dela
é conhecimento tácito, dificultando para o receptor do conhecimento, sendo
necessário um maior esforço para absorver.
Como já foi visto neste capítulo, para buscar a inovação se faz necessário o
investimento em conhecimento, pois, dessa forma, se torna possível a obtenção
da transferência contínua do conhecimento cada vez mais vital para a economia
e sociedade. Também é necessário entender que os fatores culturais da organiza-
ção podem inibir a busca pelo conhecimento. Esses inibidores, também conhe-
cidos como atritos, são responsáveis por retardar ou impedir a transferência do
conhecimento, alguns desses inibores são: a falta de confiança; culturas, vocabu-
lários e quadros de referência diferentes; a falta de tempo e locais de reunião; a
falta de capacidade de absorção nos receptores; a intolerância pelos erros e pela
necessidade de ajuda; a dispersão geográfica entre os indivíduos etc.
Uma das formas existentes para estimular a transferência do conhecimento
é a criação de ocasiões e lugares para que os indivíduos possam se reunir de
forma informal. As organizações podem promover passeios, feiras e fóruns de
conhecimento com essa finalidade, que apresenta uma oportunidade para a
interação fora do horário de trabalho. As interações devem ser estimuladas, po-
rém, não há garantias, como por exemplo, que determinada inovação aprovada
e adotada em um país será aprovada e adotada em outro. Os meios formais e
capítulo 1 • 27
informais de transferência de conhecimento organizacional devem ser consi-
derados (Davenport e Prusack, 1998).
28 • capítulo 1
que as organizações podem passar ao negociar com universidades: os pequisa-
dores acadêmicos podem se apropriarem dos resultados da pesquisa em cola-
boração e iniciar os seus próprios negócios; ou ainda, os acadêmicos podem
fornecer informações da pesquisa para organizações concorrentes da organi-
zação com a qual colabora.
• Implicitabilidade do conhecimento: procura incrementar as relações en-
tre universidade e empresa, pois quanto mais interagirem mais será possível
obter conhecimento.
• Universalidade do conhecimento: possibilita, de forma proveitosa, a utiliza-
ção do conhecimento em várias áreas, e em alguns casos, longe do local de origem.
capítulo 1 • 29
ção, ou seja, o conhecimento organizacional combinado potencializando os pro-
cessos organizacionais para o aumento do desempenho da mesma.
É fato que ao alcançar a tão buscada inovação, os impactos na produção, na
qualidade dos produtos (bens ou serviços) e até mesmo nos custos de distribui-
ção serão bastantes significantes. Vale ressaltar que a inovação não precisa ser
algo novo no mercado, mas deve ser algo novo para a organização.
ATIVIDADES
01. Qual a importância do conhecimento?
02. De acordo com o que foi estudado neste capítulo, quantos e quais são os tipos de
conhecimento?
REFLEXÃO
Neste capítulo estudamos o processo de criação do conhecimento, para tal iniciamos os
nossos estudos fundamentando a importância do conhecimento para que as organizações
possam, através dele, inovar as suas tecnologias, processos e produtos, seja de forma in-
cremental ou radical, a fim de alcançar vantagem competitiva frente aos seus concorrentes
de mercado. Também estudamos a criação do conhecimento numa organização abordando
conceitos como, os tipos de conhecimento e em especial detalhamos um pouco mais os con-
ceitos de conhecimentos tácito e explícito, as dinâmicas epistemológica e ontológica para
servirem de base para o entendimento dos demais tópicos estudados. Apresentando a cria-
ção do conhecimento organizacional como um processo que tem por objetivo a ampliação do
conhecimento criado por indivíduos de uma organização e cristalizá-lo como um componente
de uma rede de conhecimento da própria organização.
30 • capítulo 1
Estudamos os quatros modos de conversão do conhecimento, conhecido como SECI
(Socialização, Externalização, Combinação e Internalização) que foram relacionados com as
fases do processo de criação do conhecimento. Neste capítulo, também aprendemos que a
criação do conhecimento organizacional é um processo espiral que completa seu ciclo SECI
e recomeça-o em patamares cada vez mais elevados, o que amplia a aplicação do conheci-
mento na organização. E foi visto as cinco condições (Intenção, Autonomia, Flutuação e Caos
Criativo, Redundância e Variedade de requisitos) que promovem a aspiral do conhecimento.
Aprendemos, também, que embora a transferência de conhecimento por tradição demande
muito tempo e esforço é o método mais eficaz para a transferência de conhecimento orga-
nizacional. E aplicamos os conceitos das quatros dimensões da transferência de conheci-
mentos utilizando como exemplo a colaboração entre universidade e empresa. E finalizamos
ressaltando que a inovação precisa ser a implementação de algo novo para a organização
para que ela possa ter impactos significativos, seja na produção, na qualidade de seus produ-
tos, ou em seus custos de distribuição.
LEITURA
Para você avançar mais o seu nível de aprendizagem envolvendo os conceitos referentes a
esse capítulo, consulte as sugestões abaixo:
BINOTTO, E., NAKAYAMA, M. K., SIQUEIRA, E. S. O Modelo de Cinco Fases do Pro-
cesso de Criação do Conhecimento Organizacional: Uma Aplicação Prática. In: XXXV
Encontro da ANPAD, Rio de Janeiro, 2011.
FIGUEIREDO, R., MARQUES, C., FERREIRA, J., NETO, J. V. A Dimensão Conceitual
da Transferência de Conhecimento como Fator-Chave para a Inovação. In: Revista
Eletrônica de Administração e Ciências,1(3): 1 – 24, 2014.
SILVA, C. V. Processo de Transferência de Conhecimento na Interação Univer-
sidade-Empresa: Programas de Incubação do Distrito Federal. Dissertação de Mestrado.
Universidade de Brasília, 2010.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALESTRIN, A., VARGAS, L. M., & FAYARD, P. Ampliação interorganizacional do conhecimento: o
caso das redes de cooperação. Revista Eletrônica de Administração, 11(1): 1-25, 2005.
COUTINHO, L. G., & FERRAZ, J. C. Estudo da competitividade da indústria brasileira. Campinas:
Papirus, 1995.
capítulo 1 • 31
DAVENPORT, T. H., & PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o
seu capital intelectual. 7 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
FERREIRA, M. A. T. Conhecimento Organizacional. Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação
da UFMG, 2004. Notas de aula.
GARVIN, D. A. Building a learning organization. Harvard Business Review, 71(4): 78-92, 1993.
NONAKA, I., & TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas
geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
NONAKA, I., & TAKEUCHI, H. Teoria da criação do conhecimento organizacional. In H. Takeuchi &
I. Nonaka (Orgs.), Gestão do conhecimento (p.54-90). Porto Alegre: Bookman, 1998.
PORTER, M. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro:
Campus, 1992.
SVEIBY, K.E. A nova riqueza das organizações: gerenciamento e avaliando patrimônios de
conhecimento. Rio de Janeiro: Campos, 1998.
32 • capítulo 1
2
O processo
de inovação
tecnológica
2. O processo de inovação tecnológica
Foi visto no capítulo anterior que a inovação está relacionada com vantagem
competiva, que é tão buscada por organizações para se destacarem uma das ou-
tras na disputa pelo mercado. Para alcançar vantagem competitiva, essencial-
mente, as orgranizações precisam inovar e, basicamente, elas implementam
inovação em seus produtos, tecnologias ou processos, seja de forma incremen-
tal ou, até mesmo, de forma radical.
Diante disto, estudaremos pontos importantes a fim de entender a impor-
tância da tecnologia e como ela pode ser aplicada para se buscar a inovação
e como seus principais conceitos que servirão como base para a melhor com-
preensão sobre o assunto deste capítulo, bem como uma reflexão teórico-con-
ceitual sobre a gestão destas atividades e conhecer processos e modelos que
estão relacionados com o processo de inovação tecnológica. Por fim, algumas
reflexões sobre os desafios colocados à agenda brasileira de Ciência, Tecnologia
e Inovação (CT&I).
OBJETIVOS
• Entender a importância da tecnológica para a inovação e vantagem competitiva;
• Saber conceituar inovação tecnológica, sistemas de inovação e gestão da Inovação;
• Entender a sua importância na criação de conhecimento organizacional;
• Conhecer o modelo de fases do processo de inovação tecnológica;
• Conhecer a importância de políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação;
• Compreender a importância de se buscar a inovação tecnológica.
34 • capítulo 2
mas eles nos dão uma pista interessante sobre a importância que vêm sendo
atribuída ao tema (Fuck e Vilha, 2011).
O conceito de inovação tecnológica possui diversos significados que depen-
dem bastante de qual contexto o mesmo está inserido. Aqui, adotaremos o seu
contexto como podendo abranger sejam, os processos, produtos ou os serviços.
Ao ser tratado no contexto de mercado, o termo obtém a definição de ser toda
a modificação na qual o consumidor a percebe, mesmo quando tal modifica-
ção não é visível fisicamente. Ao tratar na área produtiva, o termo obtém a sua
definição na materialização completa ou parcial de algo novo nos processos,
produtos ou serviços.
Vários são os autores presentes na literatura que buscam colaborar de tal
forma com a definição da inovação tecnológica, veremos algumas dessas de-
finições. Segundo Caraynnis e Roy (2000), não possui necessariamente relação
com o problema que se possui, mas é com a demanda de mercado que a inova-
ção possui um relacionamento. Para Sáenz e García Capote (2002), a inovação
nada mais é do que um processo que integra o novo com o já existente, que no
caso trata-se do conhecimento, que de alguma forma resulta em melhorias ou
novidades onde são aplicadas. E que a origem, o que provoca a inovação é a
combinação de três fatores: necessidades sociais, demanda de mercador, e por
fim, o meio científico e tecnológico. Segundo Barbieri e Álvares (2005), a inova-
ção tecnológica é o novo, uma novidade, um invento em termos tecnológicos.
Já a definição mais aceita é a do Manual de Oslo (OECD, 2006), onde a inovação
é composta por atividades, que envolvem etapas tecnológicas, científicas, orga-
nizacionais, comerciais e financeiras com o intuito de materializar em proces-
sos ou produtos o novo, seja para melhorar ou modificá-los totalmente.
Outra boa definição para a inovação tecnológica, a trata como uma nova
ideia ou evento que pode ser desenvolvido ou moldado até se tornar algo práti-
co para que possa ser aplicado por outras pessoas. Não podemos deixar de lado
a definição dada por Schumpeter, que de acordo com Almeida (1981) e Barros
(1996), contempla cinco importantes pontos que merecem destaque:
• A inserção de um novo bem ou de uma nova qualidade sua que não é de
conhecimento de seus consumidores;
• A inserção de uma nova forma de produzir, que é baseado em nova des-
coberta científica, que ainda não foi devidamente testada no meio em questão.
Um novo modo de manipular um bem;
capítulo 2 • 35
• A abertura de um novo ramo ou nicho de mercado onde a indústria ainda
não se faz presente;
• A aquisição de uma nova fonte de fornecimento;
• Criar ou deixar uma posição de determinado monopólio.
Para sobreviver e ter sucesso, cada organização tem de se tornar um agente da mu-
dança. A forma mais eficaz de gerenciar a mudança é criá-la. (Peter Drucker)
36 • capítulo 2
sendo de fundamental importância para empresas que buscam novas oportu-
nidades e novos mercados.
A inovação tecnológica, nos dias atuais é indispensável para os negócios em
diversos seguimentos, acrescentando diferencial para os concorrentes.
Estamos diante da chamada “era das incertezas”, que é provocada por mudanças rápi-
das e dinâmicas e que exige das empresas a capacidade de lidar com a imprevisibili-
dade, descontinuidade e instabilidade em todos os setores de atividade (Vilha, 2010).
capítulo 2 • 37
Visto isso, é importante identificar que não basta investimentos financeiros
por parte das empresas, faz-se necessária a existência da capacidade inovadora
que deve estar presente em todas as etapas do processo de inovação, ressaltan-
do o ambiente institucional favorável e, de forma crescente, de politicas de in-
centivos específicos. Ou seja, existem fatores internos e externos às empresas e
demais instituições envolvidas no processo.
É fato que a inovação é necessária para a sobrevivência das organizações
frente a concorrência que enfretam no mercado, e que caso não haja, de algu-
ma forma, inovação dentro de uma organização a mesma pode estar com os
seus dias contados. Com isso, podemos, em determinados momentos, perce-
ber um crescimento considerável de empresas quando um novo nicho indus-
trial é descoberto, porém, com o passar do tempo o número de organizações
começam a diminuir até que se estabilize. Um exemplo disso é a própria inter-
net, que quando surgiu várias empresas também surgiram, mas apenas as que
procuraram e conseguiram inovar se estabilizaram e seguiram no mercado.
Dentro deste contexto, neste capítulo iremos discutir alguns elementos que
são considerados relevantes para o entendimento do processo de inovação, so-
bretudo a tecnológica.
38 • capítulo 2
• Alterações demográficas;
• Alterações na percepção;
• Novos conhecimentos.
capítulo 2 • 39
2.4 Dinâmica da inovação tecnológica
Os governos às vezes concluem que um setor desejável não pode emergir por conta
própria, por isso, subsidiam ou facilitam os investimentos necessários para que um
determinado setor se forme (Christensen, Grossman e Hwang, 2009).
40 • capítulo 2
pudessem investir em inovação, dessa forma, atendendo a necessidade do mer-
cado (Nemet, 2009).
Demanda Determinação
puxada regulatória
empurrada
Processos de
inovação
Workshops,
Competências Problemas
Tecnológicas análise de relevantes Inovação
cenário, etc.
Tempo
Interesses
corporativos
capítulo 2 • 41
tecnológica as determinações regulatórias empurradas. Segundo Brem e Voigt
(2009) as determinações regulatórias empurradas são elementares e afetam a
melhoria incremental de produtos e serviços, assim como o desenvolvimento
de novos produtos. Da perspectiva de demanda puxada e da tecnologia empur-
rada, esse estímulo revela-se como o principal fator influenciador de alteração
nas necessidades de mercado. As mudanças tecnológicas modificaram a forma
como as empresas em geral passaram a tratar as necessidades de seus clientes,
melhorando os processos de desenvolvimento e fabricação de seus produtos.
Além disso, influenciam de forma significativa as atividades inovativas. A in-
fluência do porte da empresa sobre a atividade inovativa é justificada pelo fato
que as firmas maiores têm mais facilidade para financiar projetos inovativos e
os retornos das inovações são mais expressivos quando a empresa tem maior
volume de vendas, uma vez que os custos fixos são mais facilmente absorvidos.
A dinâmica em médias empresas também gera impactos positivos sobre a pos-
sibilidade de inovação, pois a competitividade estimula os investimentos em
atividades inovativas. O que facilita a ampliação dos mercados e contribuem
efetivamente para a redução dos custos fixos que são gerados no processo
de inovação.
42 • capítulo 2
Para J. Schumpeter, em CSD (1942/1984), “o impulso fundamental que inicia e
mantém o movimento da máquina capitalista decorre de novos bens de consumo, dos
novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados, das novas formas
de organização industrial que a empresa capitalista cria” (p.112). “não age apenas
quando existe de fato, mas também quando é meramente uma ameaça onipresente”
(p.115). (Fuck e Vilha, 2011).
Figura 2.2 – Esteira rolante na linha de produção ilustrada no filme Tempos Modernos.
Fonte: Google.
capítulo 2 • 43
É possível verificar que as inovações de processo e as inovações organizacio-
nais podem até ser confundidas, visto seus estados próximos. Todos os tipos de
inovação tem como característica a redução dos custos por meio de conceitos
novos e conhecimento de produção, distribuição e organização interna. Como
enfatizado no Manual de Oslo, o que diferencia estes tipos é a atividade relacio-
nada: inovações de processo lidam, sobretudo, com a:
44 • capítulo 2
No contexto das iniciativas de inovação aberta, o termo “open innovation” tem sido
utilizado para designar vários fenômenos, como por exemplo, open source, (West and
Gallagher, 2007), inovação centrada no usuário (von Hippel 2005), inovação distribuí-
da (Sawhney and Prandelli 2000), co-criação(Franke and Piller 2004). A dificuldade
em se extrair a essência do termo levou a um uso disperso do termo e alguns autores
afirmam que pouco existe de novo no fenômeno da inovação aberta (e.g. Piller and
Walcher, 2006) com base no fato de que muitos dos clássicos exemplos de Ches-
brough (2003) datam da década de 1950 em diante (Giannopoulou et al.,2010).
Já para Gassmann e Enkel (2004), “fazer inovação aberta significa que uma
organização precisa abrir suas sólidas fronteiras para deixar conhecimento de
valor fluir com o objetivo de criar oportunidades para cooperação entre parcei-
ros, clientes e/ou fornecedores”. Sendo assim, podemos verificar que idéias de
transações e parcerias podem ser realizadas, a partir de iniciativas de inovação
dos usuários de uma comunidade.
Outro exemplo que vem para complementar o conceito de Baldwin et al
(2006) é o crowdsourcing. Um modelo de produção que utiliza a inteligência
e os conhecimentos coletivos e voluntários espalhados pela internet para re-
solver problemas, criar conteúdo e soluções ou desenvolver novas tecnologias.
capítulo 2 • 45
• Estímulo a contratação de pesquisadores pelas empresas e a cooperação
em inovação com a Empresa.
46 • capítulo 2
A atividade de “Desenvolvimento” trata da aplicação destes novos conheci-
mentos para se obter resultados práticos (OECD, 2006).
Vale destacar que essa classificação não exclui situações em que a pesquisa básica
gera resultados “aplicáveis”, já que, comumente a fronteira entre o básico e o aplicado
é de demarcação difícil. Dentro das empresas envolvidas no processo, as atividades
de P&D desenvolvem sua habilidade de gerar conhecimento interno, bem como a ca-
pacidade de absorver conhecimento externo, facilitando a geração de parcerias com
“parceiros” do sistema de inovação, como os Institutos de Pesquisa, as Universidades,
as empresas concorrentes e fornecedores (Fuck e Vilha, 2011).
Gerar Conhecimento
Trabalhos teóricos e
Pesquisa Básica experimentais sobre fenômenos
e fatos (SEM finalidade de
aplicação em particular)
Gerar Conhecimento
Trabalhos teóricos e
P&D Pesquisa Aplicada experimentais sobre fenômenos
e fatos (COM finalidade de
aplicação em particular)
Por fim, cabe destacar neste capítulo que as inovações são novas para a em-
presa, para o mercado e para o mundo. Sendo novas quando a novidade imple-
mentada está limitada ao âmbito da empresa, para o mercado quando a empre-
sa é a primeira a introduzir a inovação no mercado que está inserida e quanto
ao escopo geográfico, tendo sua própria visão sobre seu mercado de operação
podendo incluir empresas domésticas ou internacionais e de um modo geral,
é nova para o mundo quando é a primeira a introduzir a inovação em todos
os mercados e indústrias, domésticas ou internacionais. Assim, uma inovação
nova para o mundo implica em um grau de novidade qualitativamente maior
do que uma inovação nova somente para o mercado (OECD, 2006).
capítulo 2 • 47
Neste capítulo|, nosso olhar está voltado preponderantemente para a gera-
ção de inovações de natureza tecnológica, por estas terem a necessidade de es-
tar, em grande medida, baseadas em conhecimento científico e técnico. Neste
sentido, há um aspecto peculiar no entendimento deste tipo de inovação e que
consiste em caracterizar as diferenças existentes entre os conceitos de “inven-
ção” e “inovação”, normalmente tidos como sinônimos, que veremos com mais
detalhes a partir daqui.
A invenção representa uma ideia, um esboço ou mesmo um modelo para
um novo dispositivo, produto, serviço, processo ou sistema; uma invenção não
necessariamente se transforma em inovação que se concretiza quando ocor-
rem transações comerciais envolvendo a mesma, isto é, passam necessaria-
mente pelo princípio da implementação. Uma distinção muito simples entre
invenção e inovação se resume aos verbos “conceber” e “usar”. Invenção envol-
ve a concepção de uma ideia, enquanto que inovação é o uso, de onde a ideia ou
invenção é direcionada para a economia (Roman e Júnior, 1983).
Vale lembrar que invenções não necessariamente se tornam inovações. Neste sentido,
outras visões parciais comumente associadas ao conceito de inovação sinalizam para
as seguintes noções: inovação é pesquisa e desenvolvimento (P&D) forte; inovação é
equipamento de última geração; inovação é tecnologia de informação (TI); inovação é
invenção/patente; inovar é atender às necessidades dos clientes; inovar é criar tecnolo-
gia de ponta; inovação é um jogo apenas de grandes grupos (Quadros e Vilha, 2006).
48 • capítulo 2
Custos da Inovação
(P&D) (RH) Licenciamento, Aquisição) (Investimento Produtivo (MKT)
Empresa
Leis e Políticas
Cientifica e
P&D tecnológica
Fontes de informação e (Governo)
cooperação tecnológica:
- Clientes Produção Financiamento
- Fornecedores de inovação
- Universidades (instituições
- Concorrentes Marketing financeiras)
- IPPs
Inovação Tecnológica
Produto Processo
Impactos Econômicos
capítulo 2 • 49
Finalizando este capítulo sobre a inovação tecnológica, é importante consi-
derar o cenário Brasileiro de CT&I (Ciência, tecnologia e inovação). Destacando
o novo Marco Legal de CT&I que aproxima as universidades das empresas, tor-
nando mais dinâmicos a pesquisa, o desenvolvimento científico e tecnológico
e a inovação no País.
Sublinhamos na seção anterior que as atividades inovadoras de uma empre-
sa dependem, cada vez mais, de suas interações com as fontes de informação,
conhecimentos, tecnologias, recursos humanos e financeiros.
O processo de inovação, visto de forma interativa, relaciona-se com o con-
ceito de Sistema de Inovação (SI) sistêmico, que pode ser entendido como um
conjunto de instituições públicas e privadas que contribuem nos âmbitos ma-
cro e microeconômico para o desenvolvimento e a difusão de inovações de um
determinado setor, região ou país (Sbicca e Pelaez, 2006). Vista desta forma,
a visão sistêmica de inovação enfatiza a importância da ação coordenada de
diferentes atores (universidades, empresas, instituições de pesquisa, institui-
ções financeiras, órgãos governamentais de políticas públicas) no desempenho
tecnológico dos países.
Como foco principal deste capítulo, a inovação tecnológica é um tema que
vem atraindo cada vez mais atenção. Nos últimos anos, devido ao seu reconhe-
cimento para a competitividade do parque industrial brasileiro, o país tem
avançado na construção de um ambiente institucional mais favorável às ativi-
dades inovativas.
Podemos exemplificar, algumas das iniciativas mais importantes na área de CT&I, com
destaque para:
a constituição dos Fundos Setoriais (1999), o que possibilitou um maior montante de
recursos para CT&I, apesar dos problemas com o contingenciamento de recursos; a
Lei da Inovação (2004/05), que procura dar suporte a condições mais propícias à
constituição de parcerias entre universidades, instituições de pesquisa e empresas,
apesar de ainda persistirem dificuldades em sua implementação;
a Lei do Bem (2005), que fornece novos incentivos privados ao gasto privado em
P&D; O fortalecimento dos direitos de propriedade intelectual em diversas áreas,
entre outras iniciativas (Fuck e Bonacelli, 2010).
50 • capítulo 2
Neste sentido, a política industrial brasileira tem enfatizado a impor-
tância estratégica da inovação. Entre as iniciativas recentes, destaque para a
Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE); a Política de
Desenvolvimento Produtivo (PDP); e o Plano Brasil Maior. Este último é con-
siderado mais abrangente que as políticas anteriores e prevê “um conjunto de
medidas de estímulo ao investimento e à inovação, apoio ao comércio exterior
e defesa da indústria e do mercado interno.”
Ainda com foco no cenário nacional, podemos verificar que, mesmo com
essas iniciativas e com o destaque internacional em diversas áreas como nas
atividades de pesquisas agrícolas, exploração de petróleo em águas profundas,
na energia obtida do etanol, na tecnologia de automóveis bicombustíveis etc. e
embora possua empresas reconhecidamente inovadoras, muitos desafios ain-
da precisem ser solucionados.
Sabendo que o setor privado é o principal responsável por estas atividades.
Vale ressaltar que, segundo pesquisas, aproximadamente três quartos dos
cientistas trabalham no setor acadêmico. Além do pequeno número de pesqui-
sadores no setor privado, possuem mestrado ou doutorado, o que nos leva a
incentivá-lo para este mercado. O que ajuda a explicar o porquê da ciência de
patentes geradas pela indústria brasileira e das dificuldades em se ampliar as
relações entre universidades e empresas. Podemos exemplificar dentro do sis-
tema educacional de empresa privada, a Estácio quanto a este incentivo e visão
de inovação.
Em relação às publicações científicas nacionais, além do crescimento em
seu número, o impacto dos artigos escritos por autores de instituições bra-
sileiras também cresceu nos últimos anos. Já em relação às patentes indus-
triais e acadêmicas emitidas pelo Escritório de Patentes e Marcas Registradas
dos Estados Unidos (USPTO), mesmo à frente dos demais países latino-ame-
ricanos, a participação brasileira é pouco significativa se comparada à Índia,
por exemplo.
O sistema de inovação brasileiro oferece desafios estruturais aos seus atores
e ao governo para a ampliação da competitividade brasileira e que consistem
em (Brito e Pacheco, 2004):
• Salientar o papel da empresa na inovação. Para tanto, é desejável que o
governo encoraje e estimule as atividades inovativas empresariais, ampliando
recursos e revigorando o padrão existente de recursos para inovação por meio
de uma ampliação da base de financiamento, incentivos fiscais e subvenção.
capítulo 2 • 51
• Formular uma política científica e tecnológica mais próxima da polí-
tica econômica do país e menos dependente de instrumentos e modelos de
ação acadêmicos. Para tanto, é preciso estabelecer um quadro legal e regula-
tório adequado.
• Fortalecer o sistema de inovação brasileiro, enfatizando a articulação e
parceria entre os atores públicos e privados, visando a troca e complementação
de recursos e competências, além do avanço científico e tecnológico em áreas
tidas como estratégicas para o Brasil, como biotecnologia, nanotecnologia, TI,
energia, mudanças climáticas e Amazônia.
• Repensar o papel do Governo, não diminuindo sua ação, mas transformá-
-lo visando ter maior competência para estruturar o desenvolvimento da ciên-
cia, tecnologia e inovação no país (neste sentido, atuando como planejador,
indutor, coordenador de políticas de incentivo à inovação).
ATIVIDADES
01. De acordo com o que foi estudado neste capítulo, defina inovação tecnológica.
02. De acordo com o texto, após o lançamento de um setor, pode ocorrer intervenção do
governo para que o setor seja estabilizado. Qual a intenção dessa intervenção?
03. De acordo com o que foi estudado, o que é a inovação tecnológica incremental e qual
a sua importância?
52 • capítulo 2
REFLEXÃO
Neste capítulo estudamos o processo de inovação tecnológica, para isso começamos os
nossos estudos fundamentando o conceito de inovação tecnológica conhecendo a definição
de diversos autores. E podemos observar que no geral, os autores concordam que a inovação
tecnológica envolve a criação de novos processos, produtos, bens e serviços, e ainda, envolve
modificações de melhorias em processos, produtos, bens e serviços que já existem. Também
estudamos a relação entre inovação e a sobrevivência das organizações, onde verificamos
que as organizações devem inovar para sobreviver, caso contrário elas não resistem a con-
corrência de mercado e acabam falindo. E aprendemos que existe uma lei de apoio a inova-
ção tecnológica. Já sobre as fontes de inovação, aprendemos que a maioria das inovações
e, especialmente, as de maior sucesso, resultam de uma procura consciente e intencional de
oportunidades de inovação, que se resumem a apenas algumas situações, podendo ser tra-
balhadas em ambientes empresariais. O que reforçou a ideia estudada no item de inovação
e a sobrevivência das organizações.
Estudamos três inovações apresentada pelo OCDE: inovações mercadológicas, inova-
ções organizacionais e inovações de processo. Apresentamos o significado de cada uma
dessas inovações. Conhecemos duas estratégias de inovação, a inovação aberta ou open
innovation e o crowdsourcing. Ao tratarmos de construção de ambiente de inovação refor-
çamos o que seria inovação tecnológica incremental e radical, diferenciamos de uma forma
mais detalhada e simplista os termos invenção e inovação. E finalizamos ressaltando que, por
se tratar de um processo fundamental para a sobrevivência das organizações, o investimento
tecnológico na inovação é caracterizado como um papel de pesquisa e análise no processo
decisório na governança corporativa e um papel da política externa brasileira, o que, desse
modo, requer a atenção e cuidados especiais.
LEITURA
Para você avançar mais o seu nível de aprendizagem envolvendo os conceitos referentes a
esse capítulo, consulte as sugestões abaixo:
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa. Disponível em: https://www.rnp.br
VILHA, A. M., FUCK, M. P., BONACELLI, M. B. Aspectos das trajetórias das políticas
públicas de CT&I no Brasil. Políticas públicas em debate. Santo André: MP Ed, 2013.
FUCK, M. P., BONACELLI, M. B. M. Sistemas de inovação e a internacionalização da
P&D: novas questões, novos problemas?. Economia & Tecnologia, v. 22, p. 137-146, 2010.
capítulo 2 • 53
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apresentada ao Departamento de Política Científica e Tecnológica, Instituto de Geociências –
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56 • capítulo 2
3
Desenvolvimento
do comportamento
empreendedor
3. Desenvolvimento do comportamento
empreendedor
OBJETIVOS
• Entender o que é empreendedorismo e a sua importância para o processo de desenvolvi-
mento econômico;
• Entender o que é ser empreendedor, quais são as suas motivações, habilidades e compe-
tências e principais características de um empreendedor de sucesso;
• Compreender que não existe um modelo único de empreendedor a ser seguido e conhecer
alguns de seus tipos;
• Aprender quais são os comportamentos e atitudes de um empreendedor bem-sucedido;
• Reconhecer a importância do planejamento na vida de um empreendedor;
• Estudar as dificuldades e barreiras que o empreendedor pode enfrentar na sua jornada.
58 • capítulo 3
3.1 O empreendedor e suas interações
Empreendedor é aquele que quebra a ordem corrente e inova, criando mercado com
uma oportunidade identificada (Schumpeter, 1949).
3.1.1.1 Empreendedorismo
A palavra empreendedorismo é derivado da palavra imprehendere, do latim,
que significa de forma traduzida, empreender. Empreender pode significar
capítulo 3 • 59
“decidir, realizar, tentar” ou ainda, “colocar em execução uma nova ideia, en-
frentando desafios e realizando”. A expressão empreededorismo originou-se
da tradução da expressão de língua inglesa entrepreneurship. O sufixo ship,
neste caso, pode significar uma habilidade, perícia ou combinação desses sig-
nificados como em leadership (liderança = perícia ou habilidade de liderar).
Empreendedorismo pode, também, significar “fazer algo”.
O empreendedorismo, por muitas das vezes, pode ser entendido como a
arte do fazer acontecer por meio da motivação e da criatividade, o prazer em
realizar e inovar projetos, sejam pessoais ou organizacionais, desafiando sem-
pre as oportunidades e riscos. O empreendedorismo é assumir, diante de pro-
blemas que precisam ser resolvidos, um comportamento proativo. E despertar
no empreendedor as suas potencialidades racionais e intuitivas. É buscar o au-
to-conhecimento em prol do aprendizado permanente se abrindo para novas
experiências e princípios.
60 • capítulo 3
de forma simples empreendedor e empreendedorismo: o primeiro busca a mu-
dança, a responde e explora como oportunidade.
3.1.1.2 Empreendedor
capítulo 3 • 61
A palavra empreendedor origina-se da palavra entrepreneur que é francesa, literal-
mente traduzida, siginifica Aquele que está entre ou intermediário. (Hisrich, 1986)
62 • capítulo 3
No final do século XIX até o início do século XX, segundo Ely e Ress (1937), o
empreendedor passou a ter a definição vista por uma perspectiva econômica. O
empreendedor era quem organizava e operava uma empresa em busca de lucro
pessoal. Esse indivíduo paga pelos preços dos materiais, do uso de terra, pelos
serviços, e pelo capital que precisa contribuindo para sua iniciativa, habilida-
de e criatividade no planejamento, organização e administração empresarial.
A esse empreendedor, era dada a responsabilidade pelo prejuízo e lucro como
consequência de circunstâncias imprevistas e incontroláveis.
Segundo Schumpeter (1952), em meados do século XX, o empreendedor é
tido como um indivíduo inovador. A sua função é a de reformar ou revolucio-
nar o padrão de produção de forma a explorar uma invenção ou método tec-
nológico que não havia sido experimentado para a produção de um novo bem,
ou utilizar de uma nova maneira um método tecnológico antigo. Dessa forma,
abrindo novas fontes de suprimentos materiais ou nova comercialização de
produtos, organizando um novo setor. O ato de inovar, lançar novas ideias,
produtos e serviços se tornou uma das mais difíceis trarefas empreendedoras.
Para inovar, é exigido do empreendedor uma visão holística do ambiente para
que ele possa desenvolver algo inovador, ou até modificar uma nova estrutu-
ra organizacional.
Até a década de 60, a economia mundial era apoiada pelo desempenho das
multinacionais ou pelas estatais, se baseando no processo de escala industrial
da produção. Ainda na década de 60 e 70, foram criados novas definições ad-
ministrativas da produção em virtude da crise de matérias-primas, internacio-
nalização das organizações e por maior produtividade. Dessa forma, a admi-
nistração da produção introduz um caracter mais empreendedor e humanista,
tendo uma análise mais comportamentalista até a década de 80, onde surgiu
uma nova realidade graças ao aumento de privatizações, produtividade, fusões
e aquisições. Ainda na década de 80, aconteceu grande redução de emprega-
dos, o surgimento da reengenharia, o que configurou os processos já existentes
a nova realidade mundial. E o surgimento do conceito de empregabilidade e o
aumento considerável do desemprego.
Já para este século XXI, segundo Dornelas (2008), empreendedor é quem
encontra uma oportunidade, cria um negócio e assume riscos calculados para
ganhar lucros sobre ela. Sendo o indivíduo que possue os seguintes aspectos:
iniciativa para a criação de negócio e paixão pelo que faz; de forma criativa,
capítulo 3 • 63
utiliza recursos disponíveis e transforma o ambiente socio-econômico onde
vive; assume riscos calculados e a possibilidade de fracasso.
64 • capítulo 3
• Fatores pessoais: a ambição por realização pessoal, a vontade de ganhar
dinheiro, insatisfação no ambiente de trabalho, desejo ardente em mudar de
vida, ou até mesmo, o fato de ter sido demitido do seu emprego;
• Fatores ambientais: analisar e identificar as oportunidades de negócios
ou a possibilidade de entrar em projetos;
• Fatores sociológicos: a chance de possuir um grupo de indivíduos com
competência e com características semelhantes, influência de membros da fa-
mília, ou até mesmo modelos já desenvolvidos por ela.
MULTIMÍDIA
Dica de 7 filmes que podem servir de motivação para empreendedores: Chef (2014), Piratas
do Vale do Silício (1999), A rede social (2010), Jerry Maguire – A grande virada (1996), The
Corporation (2003), Inside Job (2010) e Á procura da felicidade (2006).
capítulo 3 • 65
seguir onde temos um comparativo entre as habilidades técnicas, administra-
tivas e empreendedoras pessoais.
HABILIDADES EMPREENDEDORAS
HABILIDADES TÉCNICAS HABILIDADES ADMINISTRATIVAS
PESSOAIS
Planejamento e estabeleci- Controle interno e de
Redação
mento de metas disciplina
Capacidade de tomar
Expressão oral Capacidade de correr riscos
decisões
Administração comercial
Marketing Orientação para mudanças
técnica
Construção de rede de
Negociação
relacionamento
Lançamento de
Estilo administrativo
empreendimentos
Administração do
Treinamento
crescimento
Capacidade de trabalho em
equipe
Tabela 3.1 – Habilidades necessárias dos empreendedores. Fonte: Hisrich, Peter (2004,
p. 39).
66 • capítulo 3
liderança, inovação, controle pessoal, capacidade de correr riscos e visão de fu-
turo, sendo essas importantes para o crescimento do empreendimento.
Competência significa um conjunto de qualificações que o indivíduo ne-
cessita para realizar determinada tarefa com um nível maior de performance.
E também pode ser definida como conjunto de fatores que envolve diferentes
traços de personalidade, habilidades e conhecimento, que podem ser influen-
ciados pela educação, capacitação, experiências, e outras variáveis. Destacam-
se em sete as áreas de competências empreendedoras (Man e Lau, 2000) que
representam comportamentos distintos, são elas:
• Competências de oportunidades: reconhecer oportunidades é algo fun-
damental para empreender e para reconhecê-las se faz necessário possuir um
leque de informações e utilizá-las de forma eficaz. O processo de reconheci-
mento de negócios pode ser percebido em três etapas: identificação, avaliação
e busca de oportunidade de mercado. Basicamente, o empreendedor deve pos-
suir a competência de identificar cenários favoráveis aos objetivos pessoais e
organizacionais e trabalhar sobre as chances de negócios através de uma avalia-
ção com o intuito de transformá-las em oportunidades positivas;
capítulo 3 • 67
a isso, possuem a capacidade de perceber situações por diferentes ângulos ou
de maneira positiva, de forma a buscar opções para um mesmo problema.
Inovam nos mercados através da descoberta de novos nichos introduzindo ser-
viços, métodos, a utilização de tecnologia, na forma de busca de produtos e na
distribuição como novidade. Essas competências auxiliam na fácil adaptação a
nova situação. O eficiente empreendedor deve possuir a capacidade de avaliar
condições de riscos que aparecem em virtude de suas ações.
• Competências administrativas: são as habilidades e conhecimento essen-
ciais para o desenvolvimento de funções de gerência, como as de planejamento,
organização, liderança, motivação, delegação e controle. E a eficiência em alocar
talentos, recursos (físicos, financeiros e tecnológicos). Quando não se possui dis-
ponibilidade na empresa de recursos como fundos, parcerias e funcionários, os
empreendedores precisam trazê-los para o ambiente organizacional com o ob-
jetivo de fortalecer potencialidades da mesma. Liderar seus funcionários e aju-
dá-los frente a dificuldades e mudanças, motivá-los a alcançar as suas metas, po-
dendo fazer uso de sistemas de aconselhamento, recompensa e encorajamento.
• Competências estratégicas: são as competências que estão relacionadas
com a escolha e implementação de estratégias organizacionais. O empreendedor
necessita ser eficaz em planejar objetivos realistas de médio prazo. Dessa forma,
procura desenvolver oportunidades integrando nas capacidades administrativas
o escopo competitivo. E sempre procurar direcionar as estratégias organizacio-
nais a repostas das mudanças no ambiente e no mercado. As táticas são adotadas
com o intuito de enfrentar clientes e competidores. Tendo a responsabilidade de
estimar a viabiliade financeira dos mecanismos de controle de seus resultados.
• Competências de comprometimento: essas competências solicitam habi-
lidades de dedicação e manutenção nos negócios em diferentes situações. Esse
comprometimento pode ser apresentado pelo trabalho duro e desejo em atingir
objetivos. Deve-se possuir a capacidade de reiniciar a atividade organizacional,
até mesmo depois de uma situação de fracasso, ou a disposição de não deixar
o negócio em seu momento de crescimento independente de crises setoriais.
• Competências de Suporte: outras competências suportam e dependem
da personalidade do empreendedor. Ele deve ser um bom gerenciador de tem-
po para saber lhe dar com a questão de ser dono, gerente e profissional ao mes-
mo tempo que precisa balancear o trabalho, tempo livre, família e saúde, pois
o empreendedor envolve-se bastante com o trabalho. Outro suporte fundamen-
tal é a habilidade em gerir a preocupação e estresse, possuir a competência de
saber equilibar o trabalho e a vida pessoal.
68 • capítulo 3
Na tabela 3.2 é mostrado essas sete competências que apresentamos ante-
riormente, mas de forma mais simplificada e didática, relacionando-as com
focos comportamentais dos empreendedores.
ÁREAS DE
FOCO COMPORTAMENTAL
COMPETÊNCIAS
COMPETÊNCIAS DE Competências relacionadas a reconhecimento de oportunidades de merca-
OPORTUNIDADES dos em suas diferentes formas
Tabela 3.2 – Áreas de Competências e Focos Comportamentais. Fonte: Man e Lau (2000).
Adaptado.
capítulo 3 • 69
• Percepção social: compreender os outros, o que inclui o entendimento
correto de seus motivos, intenções e características;
• Expressividade: conseguir expressar suas emoções de forma a serem per-
cebidas por outros;
• Administração da imagem: habilidades em utilização de técnicas com a
finalidade de induzir reações positivas em outros indivíduos quando se encon-
tram pela primeira vez;
• Persuasão e influência: proficiência em utilizar diversas técnicas para
mudanças de comportamento e atitudes de outros indivíduos para a direção
que se deseja;
• Adaptabilidade social: conseguir adaptar-se a uma grande variedade
de contextos sociais e estar confortável com pessoas em seus mais diferen-
tes convívios.
70 • capítulo 3
• Liderança: dentro e fora da organização, o empreendedor deve possuir a
liderança como qualidade sempre presente. Saber definir objetivos, orientar ta-
refas, estimular pessoas, favorecer relações dentro da equipe de trabalho e em
torno do empreendimento;
• Dinamismo: deve jamais de acomodar para que a capacidade de concreti-
zar simples ideias em grandes negócios nunca se perca;
• Independência: deve ser livre para determinar seus próprios objetivos e
passos para alcançá-los, ser seu próprio patrão. A meta mais importante para o
sucesso é a independência;
• Otimismo: enxegar o sucesso e não imaginar o fracasso. O empreende-
dor deve possuir a capacidade de enfrentar os desafios e olhar além e acima
dos obstáculos;
• Tino empresarial: geralmente, esse é o somatório de todas as qualidades
já citadas. É o “sexto sentido”, o faro empresarial, a intuição.
capítulo 3 • 71
• Daniel Wjuniski: até a sua adolescência, encontrava-se acima do peso.
Com o passar do tempo iniciaram-se as complicações de sua saúde, que ini-
cialmente vieram com fortes dores abdominais. Era apendicite e foi operado.
Porém, as dores voltaram e um novo diagnóstico apontou uma doença chama-
da de Crohn (doença inflamatória crônica do intestino que afeta o revestimento
do trato digestivo – sem cura). Na busca por informações que lhe ajudasse a
conviver com seu diagnóstico, ele encontrou apenas informações sobre a doen-
ça em sites americanos. Verificando que faltava informações em português,
Daniel se viu motivado para a criação do Minha Vida e do Dieta e Saúde que,
atualmente, são dois projetos que ajudam milhões de brasileiros com informa-
ções sobre saúde e bem estar.
• Flavio Augusto: era o tipo de pessoa egocêntrica. Mas ao encontrar pela
primeira vez aquela que viria ser a sua esposa, o “eu” passou a dar lugar ao
“nós”. Ele conseguiu crescer em um emprego que tinha em uma escola de in-
glês. Com 4 anos empregado virou gestor e pretendeu abrir o seu próprio ne-
gócio. E o WiseUp foi criado. Após um tempo, Flavio decidiu vender a sua rede,
mas sentiu a falta de amplificar o “nós”. Em sua busca para amplificar o “nós”
mais uma vez, ele criou o Geração de Valor, que tem como objetivo comparti-
lhar conhecimento sobre empreendedorismo nas mídias sociais.
• Nelson Sirotsky: ele trabalhava na Rádio Gaúcha (atualmente Grupo RBS),
empresa do seu pai. Aos 20 anos pediu demissão da rádio por conflito de visões.
Nelson acreditava que a rádio deveria acompanhar a seleção brasileira e reali-
zar a cobertura da copa do mundo. Nelson voltou a rádio, a pedido do seu pai, e
assumiu a responsabilidade de captar investimentos para a realização da trans-
missão. Tal cobertura da copa foi o que impulsionou o crescimento da RBS.
• Vilmar e Aline Ferreira: Aos 18 anos, Vilmar, decidiu sair do interior do
Ceará e partir para a capital Fortaleza em busca de melhorar de vida. Conseguiu
um emprego onde ganhava menos de um salário mínimo. Era rápido em suas
tarefas e sempre entusiasmado com o que fazia. E fazia isso para arrecadar
dinheiro para abrir o seu próprio negócio. Em apenas 6 meses a empresa na
qual trabalhava já tinha mais que dobrado. Quando chegou a hora de Vilmar
se despedir do patrão, ele chegou a oferecer 5% da empresa e um salário justo
à Vilmar para que ele não o deixasse. Vilmar abriu várias empresas familiares
no decorrer de sua jornada como empreendedor até criar a Aço Cearense, que
atualmente está sob comando de sua filha, Aline.
72 • capítulo 3
CONEXÃO
“Esses e outros casos de empreendedores de sucesso podem ser vistos na íntegra neste
link: https://endeavor.org.br/day-1-2015-melhores-momentos/”
Nato
“Normal” Aprende
Tipos de
Herdeiro Serial
Empreendedores
Necessidade Corporativo
Social
capítulo 3 • 73
3.2.1 O empreendedor nato ou mitológico
74 • capítulo 3
Por ser o dinamismo uma de suas qualidades mais fortes, este tipo de
empreendedor está atento aos acontecimentos ao seu redor e sempre con-
versa com outras pessoas, participa de eventos, associações e adora fazer
networking. A expressão “tempo é dinheiro” se encaixa perfeitamente neste
tipo de empreendedor, que possui grande habilidade em motar e motivar equi-
pes, captar recursos e colocar a organização em funcionamento. Ele acredita
nas oportunidades e não descansa até concretizá-las e ao concluí-las procura a
sua motivação em outros desafios e empreendimentos. É o tipo de pessoa que
possui várias histórias de fracasso por se envolver em vários empreendimentos
ao mesmo tempo, o que serve de estímulo para superar os próximos desafios.
Como o próprio nome já destaca, este está relacionado com práticas sociais.
Este empreendedor busca construir um mundo melhor para os outros se en-
volvendo em causas humanitárias. O seu desejo é o de mudar o mundo crian-
do oportunidades para quem não possui acesso a elas. As características desse
tipo de empreendedor possuem similaridade com os dos demais empreende-
capítulo 3 • 75
dores, diferenciando-se no fato de que realizam seus projetos não visando os
resultados para si, mas para os outros.
Esse tipo de empreendedor é comum em nacões em desenvolvimento, pois
como atuam em questões sociais, geralmente, preenchem lacunas que são dei-
xadas pelo poder público. Sendo assim, é o único tipo de empreendedor que
não desenvolve patrimônio financeiro já que o seu objetivo não é adquirir po-
der aquisitivo, ganhar dinheiro. Ele busca compartilhar seus próprios recurso e
contribuir para o desenvolvimento de outros indivíduos.
76 • capítulo 3
O desafio deste tipo de empreendedor é a de multiplicar o patrimônio que
recebeu. Geralmente, ele segue os passos que aprendeu com exemplos que teve
na família. Muitos deles aprendem cedo sobre o funcionamento e as respon-
sabilidades da organização, o que os leva, ainda jovens, a assumir cargos de di-
reção. Enquanto alguns adotam um comportamento conservador, preferindo
não alterar os rumos do que é certo, outros possuem o senso de independên-
cia e a vontade de inovar e mudar as regras. Então, aqui temos duas variações
do tipo de empreendedor herdeiro. Muitas dessas famílias estão procurando
capacitar e especializar as novas gerações para que as decisões possam ser to-
madas não somente tendo como base experiências e histórias das outras gera-
ções anteriores.
capítulo 3 • 77
McClelland fundamentou-se na motivação psicológica, compondo dessa for-
ma três necessidades básicas:
• Necessidade de realização: determina as realizações pessoais que podem
aplicar mudanças na sua vida, são instituídas de metas possíveis que os colo-
cam em situações competitivas. A necessidade de realização pode, também,
impulsionar os empreendedores a abrir um novo empreendimento.
• Necessidade de afiliação: está relacionado a necessidade de estabelecer
relações emocionais positivas, conservar ou restabelecê-las com seus contatos;
• Necessidade de poder: o empreendedor possui uma forte atenção ao exe-
cutar ações importantes e desempenhar autoridade sobre os outros indivíduos.
Conjunto da Realização
• Busca de oportunidades e iniciativa;
Conjunto de Planejamento:
• Persistência;
• Busca de informações;
• Correr riscos calculados;
• Estabelecimento de metas;
• Correr Riscos Calculados;
• Planejamento e monitoramento
• Exigência de Qualidade e Eficiência;
• Comprometimento
Conjunto de Poder:
• Independência e autoconfiança;
• Persuasão e redes de contatos
78 • capítulo 3
3.3.1 Busca de informações
capítulo 3 • 79
financeiros para poder utilizá-los nas tomadas de decisão. O planejamento do
empreendedor é feito através da elaboração do seu plano de negócio, e com
ele é possível avaliar o negócio, fazer um monitoramento no mesmo, consegue
captar investidores e recursos para o seu empreendimento.
O ponto negativo desta característica é que o empreendedor pode ficar ape-
nas no planejamento e nunca sair para executar o plano ou o executa atrasado.
80 • capítulo 3
O ponto negativo desta característica é que o empreendedor pode se tornar
um indivíduo prepotente ou auto-suficiente.
capítulo 3 • 81
3.3.8 Comprometimento
3.3.9 Persistência
82 • capítulo 3
3.3.10 Correr riscos calculados
É notável que existem riscos no meio dos negócios, caso contrário, as organiza-
ções não passariam por dificuldades e até mesmo, pela possibilidade de chegar
a falência. Com isso em mente, o empreendedor deve avaliar as alternativas an-
tes de tomar alguma decisão. Os empreendedores devem possuir a capacidade
de enfrentar as dificuldades sem colocar tudo a perder devido a uma ação não
pensada. Esta característica inclui atitudes como: avaliar as alternativas e cal-
cular o riscos tomando como base ferramentas de análise e não somente a sua
intuição; agir para a redução dos risco e controle dos resultados; e colocar-se
em situações que requerem desafios e riscos moderados.
O ponto negativo desta característica é que o empreendedor pode querer
tentar eliminar os riscos em sua totalidade. Porém, como tudo na vida, os riscos
sempre existem.
capítulo 3 • 83
Prefeitura e outros, para satisfazer suas exigências, o que acaba gerando um
obstáculo para a criação legal do negócio. Uma dessas barreiras é a demora no
processo de legalização que mantém o empreendedor inativo por tempo inde-
terminado arcando com maiores custos;
• Dificuldades tecnológicas: o empreendedor deve estar ciente que ao criar
um empreendimento deve tomar decisão relacionada a tecnologia que será
implantada. Neste caso, existe uma exigência de que o empreendedor possua
experiência para tal. Mas na falta dessa experiência ele passa por dificuldades
em escolher as técnicas, os processos e os equipamentos mais adequados para
a sua produção;
• Dificuldades mercadológicas: a ideia do empreendedor pode até ser boa,
mas o que vai decidir o seu sucesso é a aceitação do mercado. Portanto, ele pre-
cisa possuir um eficiente sistema de coleta de dados e de informação para que
possa enfrentar as dificuldades que é de introduzir a empresa ou o produto
no mercado;
• Dificuldades de concorrência: o empreendedor deve encontrar uma for-
ma de sobressair no mercado apresentando o melhor potencial possível. Para
isso, será necessário, também, que o empreendedor possua informações de
seus concorrentes para possibilitar a escolha de produtos que deverão ser fa-
bricados e das estratégias competitivas. É algo comum o empreendedor ter que
disputar consumidores, o que é um desafio assim como é também um desafio
criar um empreendimento altamente competitivo;
• Dificuldades financeiras: as novas pequenas e médias empresas são puni-
das em relação aos fatores financeiros devido a ausência de incentivos na cap-
tação de recursos. Pela ausência de estrutura e tradição, as novas empresas não
alcançam acesso a linhas de crédito para o financiamento do capital de giro,
dessa forma, enfrentam dificuldades para sobreviver frente a elevadas taxas de
juros no mercado;
• Dificuldades do período inicial de operação da nova empresa: esse é um
período crítico para a sobrevivência de um empreendimento. Nesse momento,
a fragilidade da empresa quanto a insegurança do empreendedor põe em risco
a vida da nova organização. Em muitos casos elas são paradas antes de comple-
tarem um ano de atividade.
84 • capítulo 3
Figura 3.5 – O verdadeiro just do it (apenas faça).
Para que estas e/ou outras dificuldades e barreiras não peguem o empreen-
dedor de surpresa, o mesmo necessita ter um planejamento para assegurar que
está indo pelo caminho correto. Pois sem planejamento não há como medir
parâmetros e avaliar o desempenho da empresa. Planejar é definir de forma
antecipada os próximos passos, o que e como fazer. Traçando, dessa forma, os
objetivos e caminhos que devem ser alcançados de forma flexível e baseada em
conhecimentos, estimativas e finalidades.
Independente do caso do empreendedor se deparar com várias dificulda-
des, existem fatores que os dão forças e os impulsionam como agentes do pro-
cesso de criação de novos empreendimentos. Em um lugar especial, encontra-
se a família, que representa apoio e estímulo ao empreendedor que pode obter
ajuda de variados tipos, como, ajuda financeira, ajuda com a incorporação da
família na equipe de trabalho, na obtenção de informações e ao tomar decisões.
Os amigos que já possuem experiência empresariais possuem uma influência
positiva ao empreendedor que pode ser auxiliado e impulsionado para concre-
tizar o seu sonho, a iniciativa empresarial, sejam dando conselhos especializa-
dos e indicações para a tomada de decisão. Tanto a família quanto os amigos
podem dar ao empreendedor uma visão mais holística e realista da situação em
que o negócio se insere, percebendo detalhes que passa despercebido ao olhos
do empreendedor justamente pelo fato dele estar 100% envolvido no negócio.
capítulo 3 • 85
ATIVIDADES
01. Quais são as habilidades sociais de um empreendedor de sucesso? Descreva cada
uma delas.
REFLEXÃO
Neste capítulo estudamos, inicialmente, os conceitos de empreendedorismo e empreende-
dor. Estudamos a evolução do significado da palavra empreendedor ao longo da história,
nos deparando com um dos conceitos mais atuais onde apresenta o empreendedor como,
aquele indivíduo dotado de habilidades, competências e características, quem inicia e opera
um negócio com o objetivo de realizar uma ideia ou projeto pessoal com a responsabilidade
sobre os riscos, buscando a inovação sempre.
Apresentamos a importância que o empreendedorismo possui no desenvolvimento eco-
nômico e as motivações do empreendedor. Conhecemos algumas histórias de empreende-
dores que alcançaram o sucesso em suas jornadas. Neste capítulo, estudamos com mais
detalhes o agente empreendedor procurando identificar e compreender as suas especificida-
des. Em especial, estudamos as habilidades e competências do empreendedor, bem como as
características de empreendedores bem-sucedidos. Conhecemos os oito principais tipos de
empreendedores, onde aprendemos que não existe um modelo único de empreendedor, que
de acordo com um contexto e características ambientais podemos ter uma tipagem diferente
de empreendedor. O que nos mostra que qualquer um pode ser um (tipo de) empreendedor.
Conhecemos, também, os dez comportamentos do empreendedor que foram descritos
na literatura pelo psicólogo McClelland. Reunindo todo esse conhecimento apresentado
neste capítulo temos uma base sobre o que é ser um empreendedor e quais devem ser
86 • capítulo 3
as características, habilidades e competências que o mesmo deve possuir para alcançar
o sucesso.
LEITURA
Para você avançar mais o seu nível de aprendizagem envolvendo os conceitos referentes a
esse capítulo, consulte as sugestões abaixo:
MALHEIROS, R. C. C., FERLA, L. A., CUNHA, C. J. C. A. Viagem ao Mundo do Em-
preendedorismo. 2 ed. Florianópolis: Instituto de Estudos Avançados, 2005.
NAKAHATA, F. T., TEIXEIRA, R. M. A Criação de Negócios pelos Dekasseguis: Es-
tudo Comparativo de Casos de Sucesso e Fracasso. In: XXXIV Encontro da Associação Na-
cional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, XXXIV EnANPAD. Rio de Janeiro,
RJ, 2010.
PRANDO, R. A. Empreendedor e Sociedade: Análise do Perfil e de Uma Trajetória So-
cial de Sucesso. In: V Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas
Empresas, V EGEPE. São Paulo, SP, 2008.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DOLABELA, F. A corda e o sonho. Revista HSM Management, 2010, p. 128-132.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
ELY, R.T., RESS, R. H. Outline of economics, 6 ed. 1937.
HISRICH, R. D. et al. Entrepreneurship. 1986.
HISRICH, R. D., PETER, M. P. Empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2004.
MAN, T. W. Y., LAU, T. Entrepreneurial competencies of SME Owner/Managers in the Hong Kong
Services Sector: a qualitative analysis. Journal of Enterprising Culture. v. 8. no 3, September 2000,
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ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
SALIM, C. S., NASAJON, C., SALIM, H., MARIANO, S. Administração Empreendedora: teoria e
prática usando estudos de casos. Rio de Janeiro: Ed. Campus: Elsevier, 2004. 226p. cap. 1, p. 1-17.
capítulo 3 • 87
SCHUMPETER, J. Can capitalism survive?, 1952.
SHUMPETER, J. A. Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Vitor Civita, 1982.
SCHUMPETER, J. A. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo, Nova Cultura, 1988.
USSMAN, A. M. University and Entrepreneurship Development. In: Anais da International
Conference of Academy of Business & Administrative Science (ABAS), Budapeste, 1998.
88 • capítulo 3
4
Desenvolvimento
do comportamento
inovador
4. Desenvolvimento do comportamento
inovador
Para dar continuidade no que foi visto no capítulo anterior, vamos relembrar
que para conseguir destaque em um mercado, que se apresenta a cada dia mais
competitivo, se faz necessário apresentar um diferencial que possa promover
mudanças e o desenvolvimento econômico de uma região ou país. O empreen-
dedor deve possuir capacidades inovadoras que levem o seu empreendimento
para o sucesso, adquirindo, assim, espaço em um mercado competitivo. Ten-
do como premissa que as atividades inovativas são os fatores responsáveis por
um desempenho empresarial (receita líquida e valor adicionado) superior nas
empresas que praticam atividades inovativas. Estas atividades estão associadas
ao processo inovador de uma empresa, caracterizadas por atividades como o
investimento em ativo (máquinas e equipamentos; e terrenos e edificações) e o
treinamento dos funcionários.
Diante disto, neste capítulo estudaremos pontos importantes a fim de com-
preendermos melhor o comportamento inovador. Estudaremos os conceitos
de inovação e criatividade, inovação de produtos, inovação de processos, solu-
ção de problemas. E como exemplos de inovação conheceremos alguns casos
de sucesso. Aprenderemos, também, a variedade do comportamento inovador
como disposição, curiosidade, observação, estratégia e criatividade.
OBJETIVOS
• Entender os perfis para o processo de inovação tecnológica;
• Entender o que é ser inovador, quais são as suas motivações, habilidades e competências,
e principais características de um comportamento inovador;
• Compreender o que é inovação de produto, inovação de processo e solução de problemas
no processo de inovação;
• Aprender quais são os comportamentos e atitudes de um inovador bem-sucedido;
• Reconhecer a importância da disposição, curiosidade, observação, estratégia e criatividade.
90 • capítulo 4
4.1 Perfis para o processo de inovação tecnológica
Inovação tecnológica é toda a novidade implantada pelo o setor produtivo, por meio
de pesquisas ou investimentos, que aumenta a eficiência do processo produtivo ou
que implica em um novo ou aprimorado produto. De acordo com o manual de Oslo,
elaborado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
inovação tecnológica pode ser de produto ou de processo.
capítulo 4 • 91
Quanto a empresa, é importante ressaltar que apesar da complexidade para
o gerenciamento de inovação tecnológica, pois inovação pode ocorrer de várias
formas e locais, o perfil tecnológico da empresa tem que ser considerado como
uma estratégia, pois, à empresa necessita manter o seu perfil tecnológico de
acordo com a compatibilização da inovação desejada (LOPES, 2011). Para que
uma empresa conheça a sua identidade tecnológica, ou seja, seu footprint (per-
fil tecnológico), faz-se necessário a utilização de um instrumento próprio para
o acesso à inovação tecnológica.
92 • capítulo 4
Desta forma, cada vez que a organização adiciona uma fonte de conheci-
mento, ela poderá melhorar suas chances de desenvolver um novo produto, e/
ou pode acontecer que aumente os seus custos do processo de inovação. Então,
poderíamos entender que, a decisão do Footprint correto precisa ser objetiva e
as empresas precisam continuar procurando em locais que se diferenciem no
conhecimento, até que os benefícios das diversidades extras sejam superados
pelos crescentes custos de integração.
É interessante estudarmos outros autores quanto ao perfil, como Lopes
(2011), que explica que para acessar inovação a empresa necessita conhecer
seu perfil tecnológico, como cada empresa possui seu footprint especifico, que
depende de fatores que se alteram ao longo do tempo (como recursos, capaci-
dades, experiências e outros), pode-se imaginar que o perfil do footprint tecno-
lógico talvez se altere à medida que a empresa, seus recursos, suas capacidades
e suas experiências evoluem ou, simplesmente, se redirecionam. Quanto ao
acesso tecnológico, é um processo dinâmico que busca um equilíbrio entre o
perfil tecnológico, tendo seus recursos, as capacidades e as competências da
empresa e as características da inovação em análise.
A importância do acesso tecnológico concentra-se no fato de que uma ino-
vação que não possua atributo aos valores, cultura, experiência e conhecimen-
to sociabilizado de uma empresa, pode sofrer rejeição interna ou pode não ser
bem incorporada, diminuindo as chances de sua utilização e aumentando os
riscos de insucesso (LOPES, 2011).
Outro autor seria, Tidd, Bessant e Pavitt (2008), que ressalta que a inova-
ção depende da boa gestão, principalmente, quando surgem escolhas a serem
feitas sobre fonte de acesso. Uma análise aprofundada de inovações tecnoló-
gicas ao longo do tempo mostra que, embora existam dificuldades técnicas e
barreiras estruturais a superar, a maioria das falhas se deve a alguma incon-
sistência na forma como o projeto é administrado. Os autores defendem que
a inovação vai depender de dois elementos importantes: fonte de informação
técnica e competência organizacional. Neste capítulo é importante perceber
que estes fatores são significantes para o processo de acesso especificamente
para o retorno do capital empregado em inovação tecnológica, levando a com-
petência organizacional.
O perfil de inovação indica que “um indivíduo qualquer só se torna e/ou
só continua empresário quando e enquanto estiver inovando ou seja, intro-
duzindo e/ou consolidando novos produtos, novas formas de produzir e de
capítulo 4 • 93
comercializar.” Freeman (2008, p. 344) enfatiza o papel do empresário como
o principal agente das inovações, afirmando: “inventores empresários desem-
penharam um papel-chave no processo inovativo”. Para J.-B Say, citado por
Schumpeter (1982, p. 54), “a função do empresário é combinar os fatores pro-
dutivos e reuni-los”. Sendo que, a combinação dos fatores só é relevante na pri-
meira vez que ocorre, assim, só quando é uma inovação.
94 • capítulo 4
Podemos destacar algumas premissas para que isto seja possivel:
• Nem todo empreendedor é um inovador, mas todo inovador tem um espí-
rito empreendedor!
• Não existe inovação sem inovadores!
• É na escola que tudo começa!
capítulo 4 • 95
pessoas, potencializa o grupo, estimula o comprometimento e a criatividade)
e professor (revela modelos mentais, promove a apreendizagem, trabalha de
forma sistêmica), assumindo posturas diferentes e simultâneas (SENGE, 1990).
“O perfil tecnológico da empresa tem que ser considerado como uma estra-
tégia, pois, à empresa necessita manter o seu perfil tecnológico de acordo com
a compatibilização da inovação desejada”
Para alcançar a inovação tecnológica devemos verificar algumas variáveis:
Alguns autores caracterizam como “auditoria da inovação”
Exemplos de variáveis:
• clima de apoio a novas ideias;
• pesquisas sistemáticas de ideias para novos produtos;
• inovação aberta;
• controle dos prazos e orçamentos de novos projetos de inovação;
• inteligência competitiva.
Outro fator que devemos analisar neste processo é o clima psicológico pre-
dominante na organização é um fator de fundamental importância para a pro-
moção da criatividade e a geração de propostas inovadoras. Como exemplo po-
demos destacar:
• Autonomia;
• Sistema de premiação dependente do desempenho;
• Apoio à criatividade;
• Aceitação das diferenças e interesse pela diversidade entre os membros;
• Envolvimento pessoal;
• Apoio da direção.
96 • capítulo 4
Figura 4.1 – Fonte: Giane Sales/ Google/imagens/
capítulo 4 • 97
4.3.1 Inovação de Produtos tecnologicamente novos
98 • capítulo 4
criam novos paradigmas, novas indústrias. No segundo caso, trata-se da disse-
minação das novas soluções no sistema produtivo, sendo que, eventualmen-
te, um produto novo ou aprimorado de uma empresa pode tornar-se processo
novo ou aprimorado de outra. Observa-se que o conceito de difusão adotado
abrange até o nível de tecnologia de produto e processo que seja nova para a
empresa, excluindo-se os impactos completos e posteriores à primeira adoção/
comercialização da TPP (OCDE, 1997).
As inovações organizacionais diferem das inovações tecnológicas, posto
que se referem a mudanças introduzidas não em produtos ou em processos
produtivos, mas no modelo de gestão organizacional, com a introdução de mu-
danças significativas na estrutura, técnicas de gestão e orientações estratégicas
da firma, implicando em mudanças mensuráveis nos resultados da empresa
(OCDE, 1997).
Nem sempre é possível uma distinção clara entre inovações tecnológicas e
inovações organizacionais, posto que não raro são complementares ou interde-
pendentes. É o caso típico do just-in-time, que envolve tanto elementos tecno-
lógicos quanto de gestão, segundo Barbieri (2003).
Inovar o processo significa buscar no que já existe, uma melhor forma para
fazer o que já é feito. A Inovação é fruto da criatividade. A criatividade é o meio,
processo e não o que vão gerar coisas novas ou inovação.
Neste capítulo, podemos exemplificar alguns casos como contribuições
para o entendimento do processo de inovação e o perfil da empresa inovadora,
vale destacar alguns significados assumidos pela inovação pelo fator econômi-
co. Embora tenhamos em mente a associação imediata de inovação com no-
vos produtos, cabe aqui rever uma classificação dos tipos de inovação que uma
empresa pode gerar e que podem compreender as inovações mercadológicas,
organizacionais e tecnológicas. Essa classificação tem por base a terceira edi-
ção do Manual de Oslo, estudo publicado pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) voltado à mensuração e interpretação de
dados relacionados às atividades de CT&I.
Quanto as inovações organizacionais, oferecemos como exemplo a expe-
riência da empresa Natura na implementação de um novo meio para organizar
as relações e a integração com seus fornecedores.
capítulo 4 • 99
Com o objetivo de viabilizar sua estratégia de desenvolvimento de produtos com uso
sustentável de ativos da biodiversidade brasileira, a empresa precisou atuar direta-
mente sobre sua cadeia de fornecimento, orquestrando mecanismos relacionados a
certificações que garantissem a origem sustentável dos insumos utilizados, o relacio-
namento com as comunidades extrativistas, a parceria com fornecedores interme-
diários e o atendimento à legislação que regula o acesso à biodiversidade brasileira,
caracterizando esse processo como uma inovação organizacional provida em sua
cadeia de fornecimento (OECD, 2006).
As inovações tecnológicas como visto anteriormente, por sua vez, podem ser
entendidas como a introdução de produtos/serviços ou processos produtivos
tecnologicamente novos e melhorias significativas em produtos e processos
existentes. Considera-se que uma inovação tecnológica de produto/serviço ou
processo tenha sido implementada se a mesma tiver sido introduzida no mer-
cado (inovação de produto), ou utilizada no processo de produção (inovação de
processo) (OECD, 2006). Na categoria de inovações de produto, vários exemplos
poderiam ser indicados neste capítulo, entre eles o caso do jato ERJ 145 da em-
presa Embraer com capacidade de 50 passageiros que revolucionou o mercado
do setor, ao oferecer conforto e benefícios de um avião a jato, mas com custos
operacionais de uma aeronave turboélice. Vale ressaltar que é importante pes-
quisar estes casos para melhor entender as várias formas e inovações utilizadas
pelas empresas de sucesso.
100 • capítulo 4
4.5 Solução de problemas
capítulo 4 • 101
Dentro deste contexto podemos pensar de forma positiva, vendo que um
problema não resolvido fornece oportunidades de se criar algo novo e original
e de se diferenciar dos competidores.
Para melhor identificação podemos, classificar os problemas em
duas categorias:
1. Problemas bem estruturados
2. Problemas mal estruturados
102 • capítulo 4
totalmente novo, mesmo que seja exaustivamente repetido a mesma situação.
A ausência de uma metodologia torna muito difícil replicar os processos bem
sucedidos e desenvolver as habilidades na solução de problemas.
Podemos exemplificar conforme alguns autores os principais pontos a se-
guir, vale ressaltar que esses passos, podem ser trabalhados em uma sequência
logica e bem definida para maior sucesso nesta identificação:
• A definição do problema.
• A coleta e análise de informações
• A identificação das causas do problema
• A geração de soluções
• A avaliação das soluções
• A seleção de uma solução e sua implementação.
capítulo 4 • 103
Podemos exemplificar o processo criativo de geração de ideias, na figura
4.2.
CRIAÇÃO PROPOSTA
DE IDEIAS DE SOLUÇÃO
DETECÇÃO ACEITAÇÃO
DO PROBLEMA DA PROPOSTA
SITUAÇÃO /
OPORTUNIDADE
PROBLEMA
Pensamento convergente: fase para avaliar e fazer escolhas entre as várias opções
e possibilidades imaginadas na fase divergente. Nesta fase se faz a seleção dos
dados mais relevantes, das ideias mais promissoras, dos critérios e estratégias mais
adequadas e viáveis.
104 • capítulo 4
de aplicações multimídias, poder de processamento e agregação de inúmeros
aplicativos e mais funções, como reconhecimento facial, biometria, fotografia,
GPS etc.
Dentro deste contexto, também temos vários estudos quanto aos princí-
pios Inventivos, como exemplo podemo citar Altshuller, que identificou 40
Princípios Inventivos, e também concluiu que os princípios de um ramo de ati-
vidades, como mecânica ou transporte, podem ser aplicados em outros setores
distintos como hotelaria, construção, etc. Ou seja com essa visão sistêmica das
atividades, os problemas podem ser tratados em todo o sistema de informação
envolvido. Destas conclusões, Altshuller desenvolveu a metodologia TRIZ (do
russo Teoryia Reshenyia Izobretatelskikh Zadach), que podemos traduzir por
Teoria de Solução Inventiva de Problemas.
Abordaremos neste tópico apenas alguns exemplos para ilustrar o significa-
do e aplicação dos princípios Inventivos. Alguns deles como:
• O princípio da Segmentação;
• O princípio da Universalização;
• O princípio da Ação Periódica.
CONEXÃO
A descrição destes princípios pode ser encontrada na internet a partir da pesquisa pelo ter-
mo TRIZ. Uma boa fonte de informações é o TRIZ Journal ( http://www.triz-journal.com/ ).
capítulo 4 • 105
Não pretendamos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a
melhor bênção que pode suceder a pessoas e países, porque a crise traz progressos”
Indagado o que faria se tivesse apenas uma hora para salvar o mundo: “Eu gastaria
55 minutos para definir o problema e 5 minutos para resolvê-lo. (Albert Einstein)
106 • capítulo 4
comparação com outros prédios mostrou que esta percepção era exagerada. A
solução adotada: colocar espelhos ao lado das portas dos elevadores em todos
os andares. As pessoas aproveitam o tempo de espera para se observarem e se
arrumarem. As reclamações foram quase totalmente eliminadas.”
capítulo 4 • 107
Para os teóricos contingenciais o desenvolvimento da estratégia de uma
organização e por consequência sua forma de se comportar no mercado de-
pende de vários fatores: do porte da empresa, da sua tecnologia, da hostilidade
do ambiente externo e da estabilidade do seu contexto e entre outros. Para os
pensadores da escola ambiental o ambiente apresenta-se à organização como
um conjunto de forças gerais que conduzirão o processo de geração da estra-
tégia e do comportamento da organização, ou seja, a empresa deve respon-
der e se adaptar a essas forças ou ficará fadada ao fracasso e será eliminada
(MINTZBERG, 2000).
Podemos, então, citar que para o comportamento inovador do empreende-
dor ou empresa, temos como principais características a disposição; curiosi-
dade; a observação, a estratégia e a criatividade. Podendo levar ao processo de
cultura organizacional, que veremos no próximo capítulo.
4.6.1 Disposição
4.6.2 Curiosidade
A expressão em inglês thinking outside the box, cuja tradução literal é pensando
fora da caixa, é uma metáfora muito recorrente no âmbito empresarial, que significa
pensar de uma maneira não-convencional, por uma nova perspectiva. A “caixa” deve
ser interpretada não somente como o ambiente que nos circunda, mas principalmente
como o modo de elaborarmos nosso raciocínio e agirmos.
108 • capítulo 4
relacionada às habilidades associativas e criativas do indivíduo, muito mais
do que a capacidade de armazenar e decorar informações. Em outras palavras,
terá um aprendizado mais eficiente o profissional que refinar sua percepção e
souber correlacionar as informações que recebe.
Cientistas argumentam que as pessoas que obtêm melhor desempenho in-
telectual durante e após o processo de aprendizagem são aquelas que procuram
interagir e se envolver profundamente com o tema em questão. Isso significa
formular perguntas, estabelecer relações entre a nova informação e elementos
que são presentes em suas vidas, extrapolando a esfera profissional. Tratam-se,
essencialmente, de pessoas que não se contentam com somente uma aborda-
gem explicativa, mas que recorrem a mais de uma fonte de informação.
A curiosidade, portanto, é uma habilidade que pode ser exercitada por meio
da observação, da criação de mapas mentais e hipóteses. Organizar pensamen-
tos usando organogramas, fluxos, listas, anotações ou desenhos pode ser uma
excelente maneira de visualizar e entender o modo como a mente está interpre-
tando e alocando cada informação.
A leitura constante e variada de diversas fontes e sobre diferentes temas é
um dos meios mais eficientes de se atingir uma forma de pensamento plural.
Um incentivo simples e didático é questionar-se sempre: quando foi a última
vez que eu me interessei por algo desconhecido, que me propus a ler ou a fazer
algo novo? Enfim, quando eu tentei “sair da caixa”? Ser curioso com objetivo de
empreender e inovar.
4.6.3 Observação
capítulo 4 • 109
consumidores invertiam o solado para deixar as sandálias mais bonitas. Claro
que depois teve um longo processo de reposicionamento de marca, mas a ori-
gem da mudança começou com uma simples observação de mercado.
Definido o problema a estudar/ investigar, inicia-se uma reflexão sobre os
possíveis fatores e determinantes maiores relacionados ao problema, possibi-
litando uma maior compreensão do mercado. Sendo que ,uma empresa inova-
dora requer, antes de tudo, atenção.
• Observar as necessidades do cliente,
• Ouvir as sugestões de colaboradores,
• Trocar ideias com fornecedores no dia-a-dia.
110 • capítulo 4
4.6.4 Estratégia
Missão
Forças e Fraquezas
Visão
Ações Estratégicas
Crenças e Valores Objetivos / Política / Projetos e Feedback
Análise Competitiva
Cenários
capítulo 4 • 111
• Que as inovações sigam o rumo desejado pelo planejamento;
• Que medidas de acompanhamento sejam aplicadas para que se possam
adotar medidas corretivas se o ritmo do progresso for insatisfatório.
4.6.5 Criatividade
112 • capítulo 4
• Inconformismo com a situação existente e desejo de melhora contínua;
• Especialidade em uma área de conhecimento.
Ambiente externo
Comportamento
Missão e estratégia
de liderança
Atmosfera Práticas de
Recursos e tecnologia
organizacional gerenciamento
Sistemas, políticas e
Requisitos de tarefas
procedimentos
Processos psicológicos
e organizacionais
Desempenho e bem-estar
individual e organizacional
A criatividade possibilita que você adquira certa autonomia, que o leva a ado-
tar uma postura empreendedora não só na sua vida profissional, como também
na pessoal. Você a utilizará nas situações em que precisa encontrar soluções
para determinados problemas. Para aprimorá-la, busque ter ideias que tragam
melhorias, pois a chave da criatividade está em ser inovador. Vale ressaltar, que
alguns autores afirmam que o caminho para o sucesso está na capacidade de
alocar nossas habilidades criativas para pensar e agir diferente, de forma a ser
inovador em todas as situações que nos são apresentadas. Portanto, inovação é
o fator principal para se aumentar as chances de atingir o sucesso em todos os
aspectos de nossas vidas.
Entendemos que, pode-se definir criatividade como uma aptidão para criar
ou inventar; capacidade de produzir uma coisa que não existia; engendrar, in-
ventar, fundar, estabelecer e fazer nascer; ou ainda um processo de formular
ideias e hipóteses, testando-as e comunicando os resultados. Além disso, cria-
tividade também pode ser a produção de uma idéia, um conceito original, útil
que satisfaz tanto o seu criador quanto outras pessoas durante algum tempo.
capítulo 4 • 113
“Entretanto, no mundo empreendedor e/ou corporativo além de gerar no-
vas idéias, essas idéias devem ser aceitas por outras pessoas e deve ter útil.
Simplificando podemos dizer que:
“A criatividade é um processo de criação de algo novo, seja uma idéia ou um
conceito, que deve ser reconhecido pela sociedade e apresentar uma utilidade
prática a seu destinatário”.
ATIVIDADES
01. Como você define Inovação?
REFLEXÃO
Neste capítulo estudamos inicialmente os perfis para o processo de inovação tecnológica.
Estudamos a evolução do significado da palavra inovação ao longo da história referenciado
por vários autores, nos deparando com um dos conceitos mais atuais onde apresenta o em-
preendedor como inovador e a empresa de sucesso com perfil inovador, aquela que, busca
a inovação sempre.
Apresentamos a importância que a inovação de produtos e de processo possui no desen-
volvimento econômico e as motivações do empreendedor e seus respectivos conceitos. Co-
nhecemos algumas histórias de empresas que alcançaram o sucesso em suas jornadas com
a inovação. Neste capítulo, estudamos com mais detalhes o desenvolvimento do comporta-
mento inovador com relação a disposição, curiosidade, observação, estratégia e criatividade.
Conhecemos, também, alguns pontos para solução de problemas com relação a inova-
ção. Reunindo todo esse conhecimento apresentado neste capítulo temos uma base sobre
o que é ser inovador e quais devem ser as características, habilidades e competências do
empreendedor e da empresa dentro do contexto de inovação, para alcançar o sucesso.
114 • capítulo 4
LEITURA
Para você avançar mais o seu nível de aprendizagem envolvendo os conceitos referentes a
esse capítulo, consulte as sugestões abaixo:
DE OSLO, Manual. Manual de Oslo. Recuperado de http://gestiona. com. br/wpcontent/
uploads/2013/06/Manual-de-OSLO-2005. pdf, 1997..
MALVEZZI, Felipe de Almeida. Marketing de patentes à inovação: um estudo multicaso em
universidades brasileiras. 2013.
PRANDO, R. A. Empreendedor e Sociedade: Análise do Perfil e de Uma Trajetória Social de
Sucesso. In: V Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, V
EGEPE. São Paulo, SP, 2008.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DOLABELA, F. A corda e o sonho. Revista HSM Management, 2010, p. 128-132.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
ELY, R.T., RESS, R. H. Outline of economics, 6 ed. 1937.
HISRICH, R. D. et al. Entrepreneurship. 1986.
HISRICH, R. D., PETER, M. P. Empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2004.
MAN, T. W. Y., LAU, T. Entrepreneurial competencies of SME Owner/Managers in the Hong
PONTI, F. (2001): “La empresa Creativa”. Ediciones Granica. Barcelona.
Kong Services Sector: a qualitative analysis. Journal of Enterprising Culture. v. 8. no 3, September
2000, p.235-254.
ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
SALIM, C. S., NASAJON, C., SALIM, H., MARIANO, S. Administração Empreendedora: teoria e
prática usando estudos de casos. Rio de Janeiro: Ed. Campus: Elsevier, 2004. 226p. cap. 1, p. 1-17.
SCHUMPETER, J. Can capitalism survive?, 1952.
SHUMPETER, J. A. Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Vitor Civita, 1982.
SCHUMPETER, J. A. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo, Nova Cultura, 1988.
USSMAN, A. M. University and Entrepreneurship Development. In: Anais da International
Conference of Academy of Business & Administrative Science (ABAS), Budapeste, 1998.
capítulo 4 • 115
116 • capítulo 4
5
Cultura
organizacional para
inovação
5. Cultura organizacional para inovação
Já é de conhecimento que as pessoas produzem melhor se forem incentivadas e
motivadas para isso. O mesmo serve para as equipes. Mas para que isso ocorra,
os gestores devem estar atentos em buscar melhorar os seus processos e proce-
dimentos que envolve as equipes de trabalho. Outro ponto que é essencial a ser
trabalho pelos gestores refere-se a cultura organizacional, que deve favorecer
uma competição saudável entre os membros, proporcionando a eles todos os
recursos para que possam ter ótimas ideias, colocá-las em prática, produzir me-
lhor, inovar, e consequentemente, gerar vantagem competitiva para a organiza-
ção diante os seus concorrentes de mercado. Sempre procurando desenvolver
o espírito empreendedor dentro da mesma.
Diante disto, neste capítulo estudaremos pontos relevantes para entender-
mos a importância de focar esforços na cultura organizacional, preparar seus
funcionários para serem bons gestores e despertar neles o empreendedorismo,
além de dar liberdade e os recursos necessários para que possam trabalhar em
suas ideias, desde que estejam alinhadas ao objetivo estratégico da organiza-
ção. Transformando, dessa forma, todo o conhecimento gerado em inovação e
vantagem competitiva.
OBJETIVOS
• Compreender a importância da cultura organizacional para a inovação;
• Aprender os principais conceitos do intra-empreendedorismo;
• Entender a importância de possuir uma estrutura organizational orgânica;
• Reconhecer que a organização deve focar em superar os obstáculos que impedem a sua
inovação tecnológica e a vantagem competitiva;
• Conhecer e aprender sobre grupo de indicadores de cultura intra-empreendedora;
• Conhecer e compreender o funcionamento do processo de avaliação da cultura
intra-empreendedora.
5.1 O intra-empreendedorismo
118 • capítulo 5
preendedorismo interno em algum lugar e ao empreendedor interno de algum
lugar como o seu agente. Esse lugar é a organização. Partindo desse raciocínio
é possível afirmar que o intra-empreendedorismo é o empreendedorismo cor-
porativo, embora são seja um conceito comumente utilizado na prática por
organizações, embora tenha ganhado força nos últimos anos. Esse empreen-
dedorismo corporativo pode ser definido como um sistema revolucionário que
acelera as inovações tecnológicas dentro das grandes organizações, por inter-
médio do uso de seus talentos, os empreendedores (Pinchot III, 1987). O que
ressalta a importância do papel do intra-empreendedor para a inovação tec-
nológica dentro das organizações. Outros tratam o intraempreendedorismo
como uma forma de justificar a revitalização do desempenho das empresas em
âmbito organizacional. Ressaltam, também, que essa revitalização deve estar
condicionada aos objetivos organizacionais e aos objetivos e aspirações pes-
soais dos funcionários (Antoncic e Hisrich, 2003). Uma outra definição é dada
por Hashimoto (2006) que descreve o intra-empreendedorismo como a utiliza-
ção da criatividade dos funcionários, por parte da empresa, para que haja um
desenvolvimento de serviços e produtos de forma inovadora para a empresa.
Normalmente, o intra-empreendedorismo informal surge em empresas
que não possuem um ambiente que favoreça a inovação. Os empreendedores
que convivem com esse tipo de ambiente agressivo e com situações adversas
prosperam e acabam forjando as suas competências nessas situações. O intra
-empreendedorismo acelera as inovações, desafia as organizações a criar opor-
tunidades e meios para que seus intra-empreendedores persigam e realizem as
visões alinhadas à estratégia organizacional.
Para que um ambiente favorável ao intra-empreendedorismo possa ser cria-
do, Hamilton (2008), destaca cinco ações que as organizações podem praticar:
• Recompensar o tipo de comportamento almejado: as boas ideias e suas
implementações bem sucedidas devem ser recompensadas quando a organiza-
ção busca um comportamento dirigido a inovação.
• Fazer com que seja adequado que as pessoas assumam riscos: essa é uma
ação que amedronta as organizações justamente por permitir que seus funcio-
nários possam cometer erros, dando “carta branca” para cometê-los. Mas deve
ser levado em consideração que muitas ideias inovadoras possuem o seu grau
de risco, mas em contrapartida oferecem retornos financeiros diretamente
proporcionais ao risco que correm, desde que a ideia dê certo.
capítulo 5 • 119
• Dar controle às pessoas: deve ser criado um ambiente aberto e de res-
ponsabilidade onde o controle sobre o conteúdo e processo estejam nas
mãos dos intra-empreendedores, para que eles possam fazer as coisas como
bem entenderem.
• Fazer com que o aprendizado seja uma parte inerente ao negócio: existe
a necessidade de que haja processos para a gestão de conhecimentos e ideias
acessíveis a todos, frequentemente utilizados e revisados para que exista a dis-
seminação da aprendizagem na organização, tudo isso para que seja possível a
obtenção do máximo de vantagem sobre o sucesso e o aprendizado.
• Promover transparência no negócio: a estratégia, o foco para o crescimen-
to e desenvolvimento dos novos produtos,e a inovação como peça chave no fu-
turo do negócio devem estar claro para todos os intra-empreendedores.
120 • capítulo 5
projetos internos em negócios de sucesso. E de uma forma mais simplificada,
Pinchot e Pellman (2004), o definem como aquele que “arregaça as mangas”,
aquele que faz acontecer, o que reúne todos os recursos necessários para con-
verter uma simples ideia.
capítulo 5 • 121
• A participação no capital da empresa: ao modo em que vai ocorrendo a
progressão empresarial por ações e ideias propostas pelos intra-empreendedo-
res, estes são convidados a terem participação no capital da empresa, o que os
torna sócios do negócio.
• A participação nos lucros ou resultados da empresa: parte dos lucros do
negócio é destinado em forma de prêmios aos intra-empreendedores que apre-
sentarem ideias mais criativas e inovadoras, que ao serem implementadas ge-
raram fortes sinais de progresso organizacional.
122 • capítulo 5
• Estabelecem cronogramas corporativos ou auto-impostos;
• Sabem delegar, mas põem a mão na massa;
• Possuem habilidades semelhantes aos empreendedores;
• São auto-confiantes e corajosos;
• São cínicos a respeito do sistema, mas otimistas quanto a sua capacidade
de superá-lo;
• Têm atenção aos riscos e necessidades;
• Focalizam os clientes;
• Gostam de riscos moderados;
• Não temem serem demitidos;
• Fazem sua própria avaliação intuitiva do mercado.
capítulo 5 • 123
A seguir, a tabela abaixo representa a visão de Lanny Herron, professor ame-
ricano, em relação ao comportamento intra-empreendedor:
ÁREA DESCRIÇÃO
CONHECIMENTO DO Habilidades para entender o produto, o desenho, a concep-
PRODUTO ção e o potencial.
124 • capítulo 5
realizados para que as atividades sejam feitas. Essas características, comuns
em empresas burocráticas, podem acabar gerando uma barreira à inovação.
Pinchot (1985), apresenta uma lista com dez mandamentos, que segundo ele,
são direcionados ao intra-empreendedor que esta em busca do seu espaço para
que possa realizar as suas ideias dentro de grandes organizações, são eles:
1. Faça qualquer trabalho que precise fazer para que seu projeto funcione
independentemente da descrição do seu cargo.
2. Divida o mérito sabiamente.
3. Lembre-se de que é mais fácil pedir perdão do que permissão.
4. Venha trabalhar a cada dia mais disposto a ser demitido.
5. Peça conselhos antes de pedir recursos.
6. Siga sua intuição com relação às pessoas; construa um time com
os melhores.
7. Crie uma coalizão discreta para trabalhar em sua ideia; fazer propagan-
da muito cedo ativa o sistema imunológico da corporação.
8. Nunca aposte em uma corrida a não ser que você mesmo esteja compe-
tindo nela.
9. Seja fiel a seus objetivos, mas realista a respeito das formas de como
alcançá-los.
10. Honre seus patrocinadores.
capítulo 5 • 125
apresenta não são satisfatórias. Levando isso em consideração, é mais viável
que a estrutura organizacional possa permitir a produção de muitas ideias,
para que, dessa forma, algumas delas possam ser implementadas como inova-
ções bem sucedidas. Esse tipo de estrutura descentralizada, tem a tendência de
produzir uma situação na qual ideias sejam geradas com uma frequência maior
do que em uma estrutura do tipo centralizada. Kanter (1983), ressalta que no
tipo de estrutura descentralizada, os gerentes possuem grande autonomia e
controle de recursos. Com isso, podem testar o maior número de ideias criati-
vas que podem resultar em um maior número de inovações. A cerca de estutura
centralizada, Pierce e Delbecq (1977), existe uma ampla cadeia de comando na
qual as novas ideias passam antes de serem aprovadas ou alocados recursos
para que seja executada. Sendo notável que ao centralizar esta sendo permitido
a exclusão de ideias promissoras ou a negação de recursos, o que consequente-
mente, reduz as inovações adotadas com sucesso.
• Formalidade: segundo os autores Kanter (1983) e Van de Ven (1986), a re-
solução de problemas presente nas inovações relacionados à incertezas ocorre
de maneira mais fácil por intermédio de uma troca de informações de forma
informal. Sobre essa troca, Zaltman, Ducan e Holbeck (1973), ressaltam que
uma forte troca de informações entre os envolvidos nos processos inovadores é
facilitada por estruturas informais. Essas estruturas permitem que o conheci-
mento ou as habilidades demandadas possam ser acessíveis pela equipe inova-
dora. Reforçando essa ideia, Russell e Russell (1992), destacam procedimentos
formais ou um conjunto de regras não podem guiar membros da organização
por meio das ambiguidades desses processos justamentente porque a inovação
se representa como algo novo, uma nova atividade, e nessa situação os procedi-
mentos e regras não foram, ainda, definidos.
• Complexidade: a inovação em si ocorre em grupos, ela é uma atividade
coletiva que precisa de diversas habilidades, e é em organizações complexas
que elas são encontradas mais facilmente (Van de Ven, 1986).
126 • capítulo 5
eficaz, que seja repassado adiante, aos gestores para a inovação. As estruturas
orgânicas apenas contribuem com um contexto interno que permite que ocor-
ra interações sociais e a troca de informações, sendo elas necessárias para que
ocorra, sem limites, a inovação (Russell e Russell, 1992).
capítulo 5 • 127
habilidade e a possibilidade de negociação com bons funcionários, em espe-
cial os intra-empreendedores, muito maior do que era exigido no passado.
Na visão da organização, existe vantagem na prática do intra-empreendedo-
rismo de forma pró-ativa. Já que o intra-empreendedor tem a possibilidade de
implementar as suas ideias e as encaram como um desafio pessoal. Acreditando
em suas ideias e na possibilidade de contribuição para o desenvolvimento or-
ganizacional, o intra-empreendedor se empenha em realizá-las. E por meio de
motivações e premiações, a organização favorece a ação empreendedora uma
nova velocidade que, de certa forma, permite que mais trabalhos sejam realiza-
dos, o que reflete em uma maior grau de produtividade.
Outra vantagem que merece destaque é que, para a organização, se ela real-
mente quer reter e preservar os funcionários acima da média, a aplicação do in-
tra-empreendedorismo torna muito menor a possibilidade de ter funcionários
deixando a organização, o que torna esse índice de demissões muito menor.
Partindo para a visão dos funcionários, as principais vantagens estão em
relação a participação no capital da organização, nas decisões tomadas, na par-
ticipação das constantes reuniões denominadas de brainstorms relacionadas a
criação de novos produtos, serviços e melhorias de processo, incentivos as suas
inovações e a “carta branca” para criar e inovar. Aqui podemos observar que
é realizadas ações motivacionais que ressaltam a importância de se trabalhar
com a parte psicológica dos funcionários.
De simples empregados que apenas recebem e obedecem ordens, eles pas-
sam a serem mais ativos e mais participantes das decições da organização.
Porém, uma análise crítica deve ser realizada, pois nesse contexto surgem al-
gumas desvantagens, muitas vezes geradas pela distorção administrativas. A
primeira desvantagens que podemos destacar é a excessiva competição intra
-empreendedora, essa pode gerar problemas no que diz respeito na troca de in-
formações entre os intra-empreendedores. Excessos não devem ser permitidos,
pois podem gerar conflitos, como boatos, fofocas, sonegação de informações,
tudo para a obtenção de mais poder. A competição deve sim existir, mas de for-
ma controlada e sem excessos. Pois podem impactar negativamente sobre o
trabalho das equipes inovadoras, que serão inevitáveis, caso isso ocorra.
Outra desvantagem está relacionada ao fato de que o intra-empreendedo-
rismo cobra dos funcionários, para que suas propostas sejam aprovadas, que
sejam indivíduos que estejam acima da média, bem como os seus conhecimen-
tos. De certa forma, isso parece ser algo positivo quando levado em considera-
ção a possibilidade de se ter trabalhos de alta qualidade. Mas, deve ser levado
128 • capítulo 5
em consideração, também, que isso pode acabar gerando, entre a mão-de-obra
que nem sempre terá o conhecimento para a produção de boas propostas, um
desconforto. Afetando assim, a autoestima desses funcionários, e prejudicar o
empenho desses em capacitação para que possam melhorar.
O intra-empreendedorismo pode acabar estimulando apenas premiações
financeiras, o que apresenta uma outra desvantagem. Pois, nem sempre pre-
miações financeiras é o desejável. Com isso, a organização pode acabar criando
um ambiente propício a “mercenários”, aqueles que só trabalham pelo retor-
no financeiro.
Apesar dessas desvantagens, a mais preocupante é o “apadrinhamento”
que pode ser gerado pelo intra-empreendedorismo. Pois, podem gerar falsas
competições e o estímulo a premiações injustas. Já que os apadrinhados terão
vantagens sobre os não-apadrinhados. Isso pode ocasionar a estagnação profis-
sional daqueles deixados em segundo plano por não serem aqueles que caem
nas graças dos chefes. Os iluminados que não são tão iluminados assim.
capítulo 5 • 129
dos executivos, a ausência de metas relativas à inovação, a falta de visão da alta
direção e a não existência de uma estratégia formal de empreendedorismo.
• Políticas caracterizadas pelo excesso de burocracia, com a excessiva segu-
rança e ciclos longos e complexos para a aprovação de novos projetos.
• Características pessoais, tais como a resistência à mudança, a orientação
ao curto prazo, o medo de falhar, a complacência e habilidades inapropriadas.
• Cultura, cujas características serão exploradas no tópico 5.2.
DIRECIONAMENTO POLÍTICAS E
SISTEMAS ESTRUTURAS PESSOAS CULTURA
ESTRATÉGICO PROCEDIMENTOS
Sistemas de
Ciclos de apro-
avaliação e Muitos níveis Falta de metas de Valores mal
vação longos e Medo da falha
recompensa hierárquicos inovação definidos
complexos
mal digeridos
Sistema de
Valores conflitantes
planejamento Falta de compro- Critérios de Orientação ou
Gerenciamento com os requisitos
exagerada- metimento dos performance não foco no curto
top-down necessários ao
mente formais executivos sênior realistas prazo
empreendedorismo
e rígidos
130 • capítulo 5
Os esforços das organizações devem ser focados em superar esses obstácu-
los. O incentivo a superação desses é fundamental para que seja promovido as
inovações tecnológicas e as vantagens competitivas.
capítulo 5 • 131
de detergente automotivo, pois os ganhos compensam a troca da embalagem
do produto”. Essa proposta foi posta em prática no ano de 2011 e reconheci-
da pela Feam (Fundação Estadual de Meio Ambiente). A unidade Vazante con-
quistou o 2º Prêmio Mineiro de Boas Práticas em Gestão de Resíduos Sólidos
Industriais – Minas Menos Resíduos;
• Construtora RKM: no início de cada ano, essa empresa elabora o seu Plano
de Ação, que basicamente é composto por desafios para que os seus funcioná-
rios possam propor ideias inovadoras. A esses profissionais é dada a liberda-
de para pesquisar novos materiais, soluções e fornecedores de outros estados.
Segundo Adriana Bordalo, diretora comercial e de relacionamento do grupo,
“Apoiamos e incentivamos os funcionários para que possam contribuir com o
desenvolvimento da empresa, seja na área técnica ou no crescimento pessoal
dos demais colaboradores. As equipes são orientadas a sempre questionarem
como 'fazer melhor', usando materiais diferenciados, procurando novas tecno-
logias e parcerias, reduzindo os impactos na natureza e procurando oferecer
ambientes saudáveis e sustentáveis”;
• Involves: a cada trimestre cada equipe dessa empresa se reúne com a in-
tenção de definir objetivos coletivos e individuais que ultrapassem a rotina diá-
ria e que rendam algo diferenciado do cotidiano de trabalho. Com essa prática,
além de conquistar uma equipe alinhada, a Involves, gera um ciclo virtuoso,
onde cada indivíduo reconhece os seus objetivos traçados e as conquistas dos
demais membros.
132 • capítulo 5
Alguns indicadores:
• Iniciativa individual: nível de responsabilidade, liberdade e independên-
cia das pessoas;
• Tolerância ao risco: nível de encorajamento da agressividade, inovação
e riscos;
• Direção: clareza em relação aos objetivos e expectativas de desempenho.
• Integração: capacidade de trabalharem de maneira coordenada;
• Contatos gerenciais: fornecer comunicações claras, assistência e apoio
aos subordinados;
• Controle: volume de regras e regulamentos;
• Indentidade: grau de identificação das pessoas com a organização;
• Tolerância: grau de abertura para a manifestação de conflitos e críticas.
capítulo 5 • 133
de conflitos de interesses, pode levar à existência de culturas e sub cultura com-
pleta exclusão, por motivos propícios e condutas, que tanto conduz ao consen-
so como à oras para a harmonia da organização. Dependendo não somente da
coexistência da sub cultura na cultura organizacional, mas também da coexis-
tência de diferenças de poder e nos próprios conflitos de interesse. A existência
de conflitos de interesse e de diferentes visões entre as pessoas, não são causa-
dores de não harmonia nas organizações. A partilha de opiniões é fundamental
das sub culturas, que caracterizam dessa mesma cultura;
• Fragmentada: nesta perspectiva o foco de análise é o indivíduo. Dessa
forma, a cultura organizacional é vista como “uma teia de indivíduos, relacio-
nados casualmente de um modo ténue pelas suas posições mutantes, numa
variedade de problemas, dependendo o seu envolvimento cultural, dos proble-
mas activos a cada momento”. Sendo assim, vista conforme o momento e os
indivíduos que a compõe. O indivíduo se torna a principal unidade de referên-
cia, o foco, em função dos problemas que enfrentam e pelo fato de que as orga-
nizações são constituídas por uma diversidade de sistemas organizacionais e
sociais, sempre sujeita a mudanças.
Canalizada
AMBIGUIDADE Excluída para fora das Enfatizada
subculturas
134 • capítulo 5
A cultura organizacional deve ser analisada dentro de vários níveis, citados
anteriormente, e dentro dessas perspectivas para que possa ser comprovada a
sua existência.
“Grandes líderes criam condições que revelam a habilidade das pessoas para produzir
resultados extraordinários. Um elemento essencial nesta tarefa é a criação de um am-
biente para inovação, um campo de força que leva gerentes e intra-empreendedores a
buscar a inovação ou a desistir dela” (Pinchot e Pellman, 2004).
capítulo 5 • 135
• Auto-seleção;
• Nenhuma transferência de tarefas;
• Sem fronteiras;
• Comunidade organizacional forte;
• Foco nos clientes;
• Escolha de fornecedores internos;
• Medição da inovação;
• Transparência e verdade;
• Bom tratamento pessoal;
• Responsabilidade social, ambiental e ética;
• Evitar a filosofia home run (busca apenas de inovações maiores).
136 • capítulo 5
• Alimentar o desejo de ser inovador;
• Investir nas ideias das pessoas;
• Compartilhar riscos e recompensas com os funcionários;
• Reconhecer que o ato de falhar é crítico, mas importante.
Por mais que se argumente que o empreendedorismo pode ser uma saída ou uma
forma de se lidar com o paradigma atual dos negócios, de necessidade de mudança
e se adaptar rapidamente a elas, não é fácil, para muitas organizações e pessoas na
organização, superar certas barreiras organizacionais, que podem impedir a imple-
mentação de conceitos empreendedores e a prática do empreendedorismo. Isso
ocorre, porque para muitos a mudança é algo perigoso, que mudará o status quo, que
obrigará estas pessoas a saírem de uma zona de conforto, à qual já se adaptaram
(DORNELAS, 2001).
capítulo 5 • 137
cliente, as decisões e os programas de incentivo. Ou seja, aborda os indicadores
que demonstram como é realizado a divulgação, a comunicação e a dissemi-
nação dos anseios organizacionais entre os funcionários. Pois, os funcionários
precisam estar cientes das estratégias que são adotadas na mesma pelos gesto-
res, justamente por terem um papel fundamental no funcionamento e cresci-
mento da empresa;
• Processo decisório: aborda os indicadores como os prazos no qual os ge-
rentes estão focados, por exemplo. É importante o foco gestor voltado para a
responsabilidade social e ambiental, além da visão de futuro. Cumprir com o
que foi prometido, dentro da visão, missão e estratégia organizacional é funda-
mental para que se tenha credibilidade entre os colaboradores e os gestores;
• Incentivos e motivação: este é o ponto mais importante para que uma or-
ganização se torne intra-empreendedora. Pois, os funcionários não agem sem o
devido incentivo. Deve existir um plano de incentivos ao compartilhamento de
idéias entre empresa-funcionário para a criação de uma cultura intra-empreen-
dedora sustentável. Não pode existir punição para os erros e fracassos cometidos
na tentativa de gerar inovação. Os incentivos às pequenas inovações também de-
vem ser avaliados, e elas devem ser inovações incrementais para que as pequenas
melhorias ou modificações nos processos e nos produtos possam ser estimula-
das. Para que isso seja possível, deve ser disponibilizado aos funcionários o fator
tempo, para que exista a possibilidade de ser colocado em prática a criatividade;
• Recompensas: aborda os indicadores relacionados com a recompensa
após a geração de inovação, pois, caso não exista a devida recompensa, essa
ausência de incentivo pode causar a desmotivação nos funcionários e paralizar
a continuidade da inovação. As pequenas inovações e melhorias em produtos e
processos, devem ser recompensadas de alguma forma, seja de forma financei-
ra, psicológica ou socialmente. Uma forma de recompensa que, também, pode
ser citada é a realização de manutenção dos funcionários os alocando em novos
projetos quando estes forem implantados;
• Autonomia: aborda os indicadores que tratam do erro da organização em
querer se tornar intra-empreendedora sem que seja dada a devida autonomia
aos seus funcionários. Se torna inútil a existência de planos de incentivos e de
recompensas sem que os funcionários tenham a liberdade para praticarem o
intra-empreendedorismo. Sendo assim, os funcionários devem possuir auto-
nomia para agir, e por autonomia entende-se o fácil acesso aos recursos, liber-
dade para trabalhar em novos projetos e compartilhar os riscos;
138 • capítulo 5
• Liderança: aborda os indicadores que levam os funcionários a receber
treinamento para se tornarem líderes. Pois, eles devem estar capacitados para,
eventualmente, assumir as funções do seu superior de imediato sempre que
for necessário;
• Equipes: aborda os indicadores voltados a motivação entre os seus in-
tra-empreendedores em relação ao senso de comunidade, de cooperação e de
formação de equipes multifuncionais para a realização de projetos. As equipes
multifuncionais são fundamentais para o compartilhamento do conhecimento
e para que seja mantido o comprometimento que os funcionários devem pos-
suir para com a inovação (Hartman, Reis e Kovaleski, 2004);
• Controle e mensuração: aborda os indicadores relacionados com o moni-
toramento e controle, pois, toda a inovação gerada pelos intra-empreendedo-
res devem ser monitoradas e controladas de forma contínua, para que, dessa
forma, possa se alcançar a possibilidade de avaliá-las e a partir daí, recompen-
sar os funcionários.
A tabela 5.4 é apresentada de forma simplificada as características de cada
um dos oito grupos de indicadores.
capítulo 5 • 139
GRUPO DE INDICADORES CARACTERÍSTICAS
Liderança
Capacidade dos funcionários de assumirem as fun-
Capacidade de assumir a
ções do seu superior imediato sempre que necessário.
posição do superior imediato
Equipes Senso de comunidade e cooperação. Formação de
Trabalho cooperativo equipes multifuncionais.
Controle e mensuração
Monitorar e controlar as inovações realizadas. Visando
Acompanhamento das
a recompensa.
inovações
O ciclo que foi estruturado por Hartman (2006), em seu trabalho, apresenta
os grupos de indicadores estudados anteriormente como atitudes que podem ser
desenvolvidas para o favorecimento da cultura intra-empreendedora (figura 5.2).
Comunicação
Processo
Decisório
Incentivos/
Motivação
Liderança
Autonomia Recompensas
Equipes
Inovação
FEEDBACK
Controle/
Mensuração
140 • capítulo 5
o compartilhamento das ideias para que elas sejam aplicadas. Dessa forma,
a inovação ocorre quando os líderes e as equipes possuem a autonomia para
atuarem e, consequentemente, gerar a inovação e por fim, eles poderão ser re-
compensados (Hartman, 2006).
capítulo 5 • 141
Os resultados da aplicação desse questionário permite ser realizada a classi-
ficação das organizações das seguintes formas (Hartman, 2006):
• IE (intra-empreendedora): envolve as organizações que possuem ambien-
te favorável à inovação em um nível elevado de cultura intra-empreendedora,
onde encontram-se sem a necessidade de aplicar vários ajustes em seu proces-
sos de gestão. Ou seja, já aplicam de forma favorável à organização os grupos de
indicadores trabalhados neste capítulo.
• MIE (medianamente intra-empreendedora): envolve as organizações que
possuem um nível médio de cultura intra-empreendedora, onde encontram-se
necessitando de alguns ou de vários ajustes em seus processos de gestão. Ou
seja, aplicam na organização os grupos de indicadores, mas precisam de me-
lhorias para alcançar a classificação IE.
• PIE (pouco intra-empreendedora): envolve as organizações que possuem
um baixo nível de cultura intra-empreendedora, onde encontram-se neces-
sitando de muitos ajustes em seus processos de gestão. Ou seja, podem até
aplicar os indicadores, porém, aplicam de forma ineficaz. Dessa forma, encon-
tram-se em um nível de cultura intra-empreendedora muito abaixo da média.
Pensando em flexibilizar a pontuação, Hartman (2006) adicionou à pontua-
ção do questionário uma margem de segurança de 5%, o que resultou na pon-
tuação dos níveis de intra-empreendedorismo de acordo com o que está apre-
sentado na tabela a seguir:
142 • capítulo 5
QUESTIONÁRIO (CULTURA INTRA-EMPREENDEDORA)
a.Marque um "X" na opção que lhe pareça mais próxima à realidade da sua empresa;
b.Marque apenas uma resposta para cada questão.
c.S (SEMPRE) – F (FREQÜENTEMENTE) – R (RARAMENTE) – N (NUNCA) – NS (NÃO SABE)
ITEM QUESTÃO S F R N NS
COMUNICAÇÃO
A visão e os objetivos estratégicos da sua empresa são informa-
1
dos/ensinados a todos o funcionário
O grau de importância dado aos clientes pelos funcionários é
2
elevado
A empresa divulga e/ou dissemina as suas decisões entre todos
3
os colaboradores
Os funcionários são consultados sobre sua satisfação com os
4 programas de incentivos ao compartilhamento de novas idéias
existentes
PROCESSO DECISÓRIO
As decisões dos gestores da empresa são tomadas visualizando
5
resultados num prazo maior que 3 anos
A empresa age de acordo com suas políticas e diretrizes
6
divulgadas
A empresa trabalha com programas de responsabilidade social,
7
ambiental e/ou ética
INCENTIVOS/MOTIVAÇÃO
Existem incentivos para que os funcionários apresentem novas
8
idéias
Em caso de erro e/ou fracassos, o funcionário continua sendo
9
incentivado
Existe estímulo para os funcionários explorarem novas idéias sem
10
a obrigação de obter sucesso
A empresa incentiva pequenas (mínimas) melhorias apresentadas
11
pelos funcionários
RECOMPENSAS
Quem cria um novo projeto permanece trabalhando nele depois
12
que ele deu certo
As novas idéias (inovações) propostas pelos funcionários são
13
aceitas
A empresa valoriza pequenas (mínimas) melhorias apresentadas
14
pelos funcionários
A empresa recompensa as novas idéias geradas pelos funcioná-
15
rios quando estas são efetivamente utilizadas
AUTONOMIA
16 Os funcionários podem escolher seus projetos de trabalho
Gerentes e/ou líderes de equipes possuem autonomia e motiva-
17
ção para incentivar projetos inovadores
Existe autonomia para agir mesmo sem permissão em prol do
18
bom desempenho da empresa na ausência de um superior
capítulo 5 • 143
QUESTIONÁRIO (CULTURA INTRA-EMPREENDEDORA)
Funcionários têm acesso as informações necessárias para de-
19 senvolver seus projetos quando os "donos" das informações não
estão presentes
Funcionários podem acessar recursos necessários para desenvolver
20
seus projetos quando os "donos" dos recursos não estão presentes
LIDERANÇA
Os funcionários são treinados para substituírem seus superiores
21
imediatos quando for necessário
EQUIPES
As pessoas se ajudam e cuidam umas das outras não pensando
22
apenas na sua própria área (Comunidade)
O nível de cooperação entre os diversos setores da empresa é
23
elevado
Formam-se equipes multifuncionais para trabalhar com o desen-
24
volvimento de novos projetos
CONTROLE/MENSURAÇÃO
A empresa monitora os resultados obtidos com a implantação das
25
idéias sugeridas
ATIVIDADES
01. Quais são as ações que as organizações podem praticar para que um ambiente favorável
ao intra-empreendedorismo possa ser criado?
02. Sabendo que as estruturas organizacionais mais orgânicas possuem uma ligação com
um alto graus de inovação, quais são essas estruturas?
03. Descreva o funcionamento do ciclo estruturado por Hartman (2006) referente a cultura
intra-empreendedora nas organizações.
REFLEXÃO
Neste capítulo estudamos, inicialmente, sobre o intra-empreendedorismo, o seu conceito,
carcterísticas, competências e os mandamentos do intra-empreendedor presente na litera-
tura, as estruturas organizacionais que o favorece, as vantagens e desvantagens sob a ótica
144 • capítulo 5
da organização e do intra-empreendedor. Estudamos também, um conjunto de dificuldades
e barreiras que inibem e bloqueiam o desenvolvimento do intra-empreendedorismo. E foram
apresentados alguns casos de intra-empreendedorismo para que possamos ter uma noção
melhor sobre o impacto desse tipo de empreendedorismo tanto no contexto econômico da
empresa quanto no contexto ambiental.
Para tratar da avaliação da cultura intra-empreendedora estudamos uma metodologia
proposta e validada por Hartman (2006). Tal metodologia faz uso dos grupos de indicado-
res apresentados neste capítulo e por meio de um questionário composto de vinte e cinco
questões, com uma escala de resposta com suas respectivas pontuações, a metodologia
classifica uma organização em três níveis: IE (intra-empreendedora), MIE (mediamente intra
-empreendedora) e PIE (pouco intra-empreendedora).
Reunindo todo o conhecimento apresentado neste capítulo temos uma base sólida so-
bre o que é o intra-empreendedorismo e a sua importância no que se refere a inovação e a
vantagem competitiva. Além de conhecermos uma metodologia para a avaliação da cultura
intra-empreendedora para que as possíveis melhorias possam ser aplicadas.
LEITURA
Para você avançar mais o seu nível de aprendizagem envolvendo os conceitos referentes a
esse capítulo, consulte as sugestões abaixo:
DUARTE, M. F., FERRAZ, S. F. S., MASCENA, K. M. C. O modelo intraempreendedor e
suas interfaces com a gestão estratégica e a gestão de pessoas. In: XIV Simpósio de
Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais, XIV SIMPOI, São Paulo,
SP, 2011.
HASHIMOTO, M. Organizações intraempreendedoras: Construindo a ponto entre
clima interno e desempenho superior. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) –
Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2009.
LIZOTE, S. A., LANA, J., GAUCHE, S., VERDINELLI, M. A. Comportamento intraem-
preendedor: Um estudo em instituições de ensino superior. Revista Gestão Universitária na
América Latina, GUAL, Florianópolis, v.6, n.1 p. 233-252, jan. 2013.
capítulo 5 • 145
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOAS, E. P. V., SANTOS, S. A. Empreendedorismo corporativo: estudo de casos múltiplos sobre
práticas promotoras em empresas atuantes no Brasil. Revista de Administração, v.49, n.2, p. 399-414,
abr./maio/jun. 2014.
DANTAS, E. B. Empreendedorismo e intraempreendedorismo: é preciso aprender a voar com
os pés no chão. Local, 2008. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/dantas-edmundo-
empreendedorismo.pdf>. Acesso em: 30 maio 2016.
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do trabalho em equipes multifuncionais: um estudo de caso na indústria de fertilizantes. In: Anais
do XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Florianópolis-SC, 03 a 05 de novembro,
2004.
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Metodologia. Dissertação de Mestrado, Universidade Tecnológica do Paraná, Ponta Grossa, 2006.
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Simon & Schuster, 1983.
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SCHEIN, E. H. How leaders Embed and Transmit Culture, Organizational Cultures and
Leardership. S. Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1986.
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v.32, p. 590-607, 1986.
ZALTMAN, G., DUNCAN, R., HOLBECK, J. Innovations and organizations: New York: Wiley, 1973.
GABARITO
Capítulo 1
capítulo 5 • 147
04. Socialização – O compartilhamento do conhecimento tácito; Externalização – A criação
de conceitos; Combinação – A construção de um arquétipo; Internalização – A difusão inte-
rativa do conhecimento.
Capítulo 2
01. Anovação tecnológica envolve a criação de novos processos, produtos, bens e serviços,
e ainda, envolve modificações de melhorias em processos, produtos, bens e serviços que
já existem.
02. A intenção, geralmente, é a de limitar a concorrência, garantir que população tenha
acesso ao setor ou ainda, ter em suas mãos o controle de qualidade dos produtos.
03. Ela pode ser entendida como o aperfeiçoamento contínuo e gradual de produtos, servi-
ços ou processos já existentes e corresponde à maior parte das inovações geradas. Mudan-
ças tecnológicas incrementais são, por vezes, percebidas como de segunda categoria, muito
embora possuam signicativo impacto econômico. A importância das inovações incrementais
para os negócios reside sobre o fato de que esses tipos de inovação são mais fáceis de serem
geradas e, neste sentido, preenchem continuamente o processo de mudança nos mercados.
04. Uma distinção muito simples entre invenção e inovação se resume aos verbos “conce-
ber” e “usar”. Invenção envolve a concepção de uma ideia, enquanto que inovação é o uso, de
onde a ideia ou invenção é direcionada para a economia.
Capítulo 3
01. Percepção social: compreender os outros, o que inclui o entendimento correto de seus
motivos, intenções e características; Expressividade: conseguir expressar suas emoções de
forma a serem percebidas por outros; Administração da imagem: habilidades em utilização de
técnicas com a finalidade de induzir reações positivas em outros indivíduos quando se encon-
tram pela primeira vez; Persuasão e influência: proficiência em utilizar diversas técnicas para
mudanças de comportamento e atitudes de outros indivíduos para a direção que se deseja;
Adaptabilidade social: conseguir adaptar-se a uma grande variedade de contextos sociais e
estar confortável com pessoas em seus mais diferentes convívios.
02. Assumir riscos, identificar oportunidades, conhecimento, organização, tomar decisões,
liderança, dinamismo, independência, otimismo e tino empresarial.
03. Daniel Wjuniski: empreendedor que aprende; Flavio Augusto: empreendedor serial; Nel-
son Sirotsky: empreendedor herdeiro; Vilmar Ferreira: empreendedor nato; Aline Ferreira:
empreendedor herdeiro.
148 • capítulo 5
04. Conjunto da Realização: busca de oportunidades e iniciativa, persistência, correr riscos
calculados, exigência de qualidade e eficiência, comprometimento; Conjunto de Planejamen-
to: busca de informações, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento; Con-
junto de Poder: Independência e autoconfiança, persuasão e redes de contatos.
Capítulo 4
Capítulo 5
01. Recompensar o tipo de comportamento almejado; Fazer com que seja adequado que as
pessoas assumam riscos; Dar controle às pessoas; Fazer como que o aprendizado seja uma
parte inerente ao negócio; Promover transparência no negócio.
02. Descentralizada, informal e complexa.
03. Esse ciclo começa com a ação de propagar os valores organizacionais, representada
pela comunicação. Em seguida, os planejamentos de longo prazo devem estar contidos no
processo decisório que deve estar baseado em ações de responsabilidade social, ambiental
e ética. É importante que tenha programas que incentivem o compartilhamento de ideias
para que elas sejam aplicadas amplamente e difundidas na organização. Quando os líderes
e as equipes possuem autonomia para agirem, a inovação ocorre e deve ser recompensada.
capítulo 5 • 149
ANOTAÇÕES
150 • capítulo 5