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dentro da igreja
"Dos textos petrinos, Mateus 16:18s é claramente central e tem a distinção de ser
o primeiro texto escritural invocado para apoiar as pretensões de primazia dos
bispos romanos. Antes de meados do século III, no entanto, e mesmo depois de tal
data, alguns exegetas patrísticos ocidentais, como também orientais (antigos
Padres da Igreja que na sua interpretação da Bíblia usaram técnicas críticas)
entenderam que pela "pedra" Cristo não se referiu a Pedro mas a si mesmo ou à fé
que Pedro professou. Não obstante, em finais do século IV e V houve uma
crescente tendência por parte dos bispos romanos de justificar escrituralmente e de
formular em termos teóricos a mal definida preeminência na igreja universal que
havia por longo tempo sido adscrita à Igreja Romana e ao seu bispo. Assim,
Dámaso I, apesar da existência de outras igrejas de fundação apostólica, começou
a chamar a Roma "A sede apostólica". Pela mesma época as categorias da Lei
Romana se tomaram emprestadas para explicar e formular as prerrogativas do
bispo romano. O processo de elaboração teórica alcançou o culminar nas opiniões
de Leão I e Gelásio I, o primeiro entendendo-se a si mesmo não simplesmente
como o sucessor de Pedro mas também o seu representante ou vigário. Ele era o
'indigno herdeiro' de Pedro, possuindo por analogia com a lei romana da herança os
poderes plenos que o próprio Pedro tinha tido, que ele [Leão] interpretava como
monárquico, já que Pedro tinha sido investido com o 'principatus' sobre a igreja.
«Definimos que a Santa Sede Apostólica e o Romano Pontífice têm a primazia sobre
todo o mundo, que o próprio Romano Pontífice é o sucessor de Pedro, príncipe dos
Apóstolos, que ele é o verdadeiro vigário de Cristo, cabeça de toda a igreja, pai e
mestre de todos os cristãos, e [definimos] que a ele na pessoa de Pedro foi dado
por nosso Senhor Jesus Cristo o poder pleno de nutrir, reger e governar a igreja
universal; como também está contido nas actas dos concílios ecuménicos e nos
santos cânones.»"
Acrescenta o autor que este decreto formou a base para a definição promulgada
pelo Concílio Vaticano I de 1870 na Constituição Dogmática "Pastor Aeternus".