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O que os economistas pensam sobre sustentabilidade, Ricardo Arnt (org.), editora 34, 288
“O economista é um profissional cético por natureza”, afirmou Gustavo Franco ao
jornalista Ricardo Arnt, em seu livro de entrevistas “O que os economistas pensam sobre
sustentabilidade”. Ricardo Arnt sentiu na pele o que o ex-presidente do BC queria dizer.
Entre muitos céticos, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega parece tê-lo deixado
perplexo ao pôr o próprio aquecimento global em questão: “de 2001 a 2007, o aquecimento
global não aumentou”.
De fato, para José Eli da Veiga, abdicar do crescimento será uma circunstância que a
finitude dos recursos cedo ou tarde imporá à humanidade: “é uma questão de lógica!”. Mas
como alerta Sergio Besserman Vianna, o perigo de ignorar os alertas da degradação
ambiental (e da lógica!) não é a destruição da Terra, pois “se a gente encher muito o saco,
ela se livra de nós em cinco ou dez milhões de anos.” A conclusão é que “somos nós que
temos um problema”.
A maioria dos economistas entrevistados por Ricardo Arnt, porém, preferem não
contar com transformações comportamentais profundas que salvarão a humanidade.
Para a maior parte deles, abdicar de crescimento econômico para reduzir impacto
ambiental não é uma proposta muito realista basicamente por duas razões: em
primeiro lugar, porque envolveria um problema quase insolúvel de ação coordenada
entre países soberanos; e em segundo lugar, porque seria injusto impor aos países
mais pobres o fardo de se contentar com um nível de bem-estar muito inferior ao dos
países industrializados, que em geral não tiveram muito pudor ao desmatar suas
florestas e poluir a atmosfera.