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UNIC- UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

PSICANÁLISE

FECHAMENTO DO TEXTO:
O DISCURSO DO DESEJO
A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS

Prof.: André Assis

Aluna: Taiana Lourenço

CUIABÁ, 2017.
O livro A Interpretação de Sonhos de Freud, foi muito mal aceito pelos
psiquiatras e pela crítica da época. No entanto, após esse fracasso inicial a obra foi
sendo compartilhada por quase todos os estudiosos da psicanalise. A interpretação
de sonhos é absolutamente um dos livros mais importantes deste século. Freud, fez
questão de que a primeira edição viesse datada com a sigla do novo século. Apesar
de sua obra já estar pronta desde a data de novembro de 1889.
Segundo Freud, o sonho dos neuróticos não difere do sonho das pessoas
normais e que a diferença entre a neurose e a saúde vigorosa vigora apenas
durante o dia, uma pessoa saudável é virtualmente um neurótico, mas os únicos
sintomas que ela consegue gerar são os seus sonhos, sendo assim os sonhos não
são apenas a via privilegiada de acesso ao inconsciente, eles são também é a ponte
de mediação entre o normal e o patológico. Freud afirma que os sonhos não são
absurdos e que são realizações do nosso desejo, são criações e comunicações da
pessoa que sonha, é através do relato feito por ela que teremos o conhecimento dos
seus sonhos e o que é interpretado psicanaliticamente, não é o que a pessoa
realmente sonhou, mas sim seu relato.
Quando o sonho é relatado ele parece inacessível até para o próprio
sonhador, a suposição de Freud é que quando a pessoa sonha ela sabe o
significado do seu sonho, apenas não compreende que realmente sabe, segundo
Freud, isso ocorre porque a censura o impede de saber. Assim sendo, o que temos
não são mais neurônios catexizados (que concentra a energia num dado objeto),
mas sim sentidos a serem interpretados. Este é o ponto em que a psicanalise se
articula com a linguagem e rompe definitivamente com qualquer referencial
neurológico, os sonhos possuem um sentido. Com relação ao sentido e a
interpretação dos sonhos Freud afirma que os sonhos tem realmente um sentido e
que o método cientifico de interpretá-los é possível, no entanto o sentido do sonho
não é imediatamente acessível nem ao sonhador e nem ao interprete, isso ocorre
porque os sonhos é uma maneira disfarçada de realização dos desejos que a
pessoa tem, e assim reflete uma censura que tem como efeito produzir uma
deformação onírica, deformação que tem o papel de proteger o sujeito do caráter
ameaçador dos seus desejos, ou seja o sonho lembrado e relatado ao interprete é
de alguma forma um substituto deformado de outra coisa, sendo do conteúdo
inconsciente.
O sonho se inscreve em dois registros: o que corresponde ao sonho lembrado
e relatado pela pessoa. E um outro oculto, inconsciente, que o interprete pretende
atingir através da sua interpretação. O material do 1º, Freud chama de conteúdo
manifesto, o material do 2º de pensamentos oníricos latentes. Como o que se
interpreta não é o sonho sonhado, mas o relato do sonho, Freud caracteriza dois
métodos de interpretação de sonhos: método da interpretação simbólica que
considera a totalidade do sonho procurando substitui-lo por outro que seja igual a ele
e inteligível. E o método da decifração que considera cada elemento constituinte do
sonho como um sinal criptográfico e fixo. Ambos os procedimentos apresentam
defeitos graves, pois o método simbólico é restrito, impreciso e difícil para se colocar
em termos gerias e o método da decifração tem como principal defeito a questão da
confiabilidade da “chave” de interpretação, além de desconsiderar os procedimentos
de deslocamento e condensação, segundo Freud, devemos tomar como objeto de
nossa atenção não o sonho como um todo, mas parcelas isoladas de seu conteúdo.
Cada elemento do sonho funciona como um significante de algo oculto e
inconsciente e o sentido do sonho não está presente desde o início, ele surgirá a
partir do momento que iniciar seu trabalho de estruturação. O conteúdo manifesto é
uma reprodução dos pensamentos oníricos latentes cuja construção é dada pelo
inconsciente. O inconsciente não é algo que os pensamentos são transformados e
distorcidos, mas aparece como aquilo de que se fala, a sua maneira, com sintaxe
particular. Os significantes são as distorções a que os pensamentos oníricos latentes
são submetidos que vão nos servir de meio para chegarmos a construção do
inconsciente. O mecanismo que transforma os pensamentos latentes em conteúdo
manifesto, fazendo-os aparecer de maneira distorcida e que os torna inacessível ao
sonhador chama-se elaboração onírica e, já o mecanismo contrário a isso, que
procura chegar ao conteúdo latente partindo do manifesto para decifrar a elaboração
onírica, é o trabalho de interpretação, fenômeno chamado de regressão.
Sendo assim Freud aponta quatro procedimentos essenciais que ocorre no
trabalho do sonho, o primeiro mecanismo é a condensação que corresponde ao
conteúdo manifesto do sonho ser menor que o latente, ela pode operar de três
maneiras, primeiro omite determinados elementos do conteúdo latente, segundo
permite que apenas alguns elementos apareçam e por último combina vários
elementos do conteúdo, ou seja condensa várias marcas em uma só. O segundo
mecanismo é o deslocamento, é a censura dos sonhos, e opera basicamente de
duas maneiras: Pela substituição por meio de um deslizamento associativo
transforma elementos primários de um conteúdo latente por um outro mais remoto
em detalhes secundários de um conteúdo manifesto; a segunda maneira é quando o
acento é mudado de um elemento importante para outros sem importância. O
terceiro mecanismo é a figuração que se constitui na transformação dos elementos
do sonho em imagens, este mecanismo se encarrega sozinho de proceder para a
distorção do sonho. Então temos a e elaboração secundária que tema a função de
modificação do sonho com a finalidade de que apareça com a forma de uma história
coerente e compreensível.
O sentido de um sonho nunca se esgota numa única interpretação, e isso
porque todo sonho é sobredeterminado, isto é, um mesmo elemento do sonho
manifesto pode nos remeter a series de pensamento latentes inteiramente
diferentes. Mas não é uma característica apenas dos sonhos e sim de qualquer
formação do inconsciente. A sobredeterminação se refere a relação do conteúdo
manifesto com os pensamentos latentes. Ela atinge tanto os sonhos como um todo,
como os elementos considerados isolados. Já a superinterpretação se refere a uma
segunda interpretação que gera outro significado do sonho daquele que foi obtido na
interpretação original, e isso não ocorre porque a primeira interpretação estava
errada, ocorre pelo fato de ser essencial pela natureza sobredeterminada do sonho.
Outro aspecto da sobredeterminação e da superinterpretação é aquele decorrente
do simbolismo inerente ao sonho, existe essa separação é a sobredeterminação do
simbolismo não é sequente da elaboração onírica, mas sim um produto da própria
cultura.
No início o conteúdo do simbolismo não obteve grande importância por parte
de Freud e foi por causa da influência de Wilhelm Stekel que ele se propôs introduzir
na quarta edição de A interpretação dos sonhos (1914), uma nova explicação sobre
o simbolismo. A primeira utilização que Freud faz da definição de símbolo é em seu
artigo de 1984: as neuropsicoses de defesa, ele utiliza como sinônimo de sintoma
mnêmico ou sintoma histérico. Essa utilização da definição de símbolo Freud usa o
mesmo termo com um sentido que apresenta independência com relação ao
símbolo mnêmico é o que ele nomeia ato somático simbólico. O ato somático
simbólico pode ser detectado uma semelhança de conteúdo entre signo e referente,
já o símbolo mnêmico essa semelhança não precisa estar presente. O foco
essencial do texto é a 1º tópica freudiana, ou seja, a elaboração do aparelho
psíquico, formado mecanismos, sendo: sistema inconsciente, pré-consciente e o
consciente. O aparelho psíquico é direcionado no sentido progressivo e regressivo.
Desta maneira o aparelho psíquico é formado por sistemas, que se mantem
de forma contínua permitindo uma sequência de movimentos orientado num
determinado sentido. O desempenho psíquico inicia-se a partir de estímulos,
podendo ser internos ou externos e termina em uma descarga motora. A primeira
explicação do aparelho psíquico seria um conjunto formado de dois sistemas, sendo
um que receberia os estímulos, localizado na parte sensória, que seria o sistema
perceptivo- Pept. O outro sistema estaria na extremidade motora, sendo o acesso
para a atividade motora, sendo o sistema motor- M. O sistema Pept recebe os
estímulos perceptivos, mas não faz o registro e nem associa, isso ocorre pelo fato
de ter que ficar aberto para o recebimento de novos estímulos.
Freud afirma que é no inconsciente que se localiza o impulso para a formação
dos sonhos. O desejo que é inconsciente conecta-se aos pensamentos oníricos que
pertencem ao Pcs/Cs e vai em busca da melhor maneira de acessar a consciência,
e isso ocorre em razão a diminuição da censura durante o sono. Na vigília a
excitação percorre o sentido progressivo, e durante os sonhos e nas alucinações ela
percorre o caminho inverso. E este caminho inverso, Freud chama de regressão,
que ocorre quando em um sonho uma ideia é novamente transformada em imagem
sensorial de onde se originou. Desta forma no sonho não ocorre apenas a regressão
a infância do indivíduo, mas sim a infância da espécie, ou seja, a regressão nos
sonhos é uma extensão tanto individual quanto coletivo.
A partir disso se os sonhos são realizações do desejo, o que seria o desejo?
O desejo é uma ideia ou então um pensamento. O desejo ocorre por meio de uma
representação como sendo relacionado as fantasias. Esses pensamentos sofrem
uma deformação onírica por exigência da censura. A matéria prima dos sonhos é
composta de pensamentos, mas não carregam apenas um sentido, mas também de
um valor, o valor do sentido. Freud aponta três origens para os desejos que se
realizam nos sonhos, a primeira seria os restos diurnos não satisfeitos; que
pertencem O Pcs/Cs. A segunda seria os restos diurnos recalcados, que são
aqueles desejos que surgem durante o dia, mas que não foram impedidos por
causas externas, e sim foram suprimidos, são desejos do Pcs/Cs que foram
transmitidos para o Ics. A terceira origem seria desejos que não tem nada a ver com
a vida diurna, mas pertence a Ics e aparecem durante o sono. Ainda assim Freud
acrescentou mais uma origem que seria os impulsos decorrentes de estímulos
noturnos, como sede, sexo, fome, entre outros. Mas não são todos os desejos que
podem produzir um sonho, porém um desejo que ficou insatisfeito durante o passar
do dia, pode favorecer para a realização do sonho, os únicos desejos que podem
produzir um sonho são aqueles que pertence ao inconsciente. Para que os desejos
que estão no pré-consciente possa levar a um sonho e necessário que se apoie em
um desejo inconsciente.
Mesmo sobre a afirmação de Freud que os sonhos é uma realização de
desejos, vem a questão dos sonhos desagradáveis, que muitos chamam de
pesadelo, aqueles que geram medo, ansiedade, e leva o indivíduo a acordar.
Segundo Freud isso ocorre pelo fato do afeto que está ligado aos pensamentos
oníricos se sobressair no sonho manifesto, o que provoca desagrado, isso ocorre
pelo motivo de que é muito mais dificultoso a elaboração onírica fazer uma alteração
no real sentido dos afetos do que alterar o conteúdo dos sonhos. Do mesmo modo
que o sonho e uma realização do desejo, os sonhos considerados desagradáveis
também são, e conspirado um sonho ruim e que traz desagrado para o sonhador
pelo fato de que esse conteúdo tenha escapado do inconsciente, que seria a parte
da censura, esse desejo sendo inaceitável para o consciente gera ansiedade.
Antes Freud caracterizava o aparelho psíquico com o princípio de qualquer
excitação que fosse sensorial fosse descarregada pela via motora, futuramente
Freud substitui esse modelo para o modelo de constância, onde não teria descarga
total da excitação, e sim uma regulação por um nível de energia acumulada.
Partindo para a concepção do aparelho psíquico, ele não vem completamente
formado com todos os detalhes, para que isso ocorra leva um prolongado tempo de
desenvolvimento, para apresentar isso, em um recém-nascido seu organismo não
tem a capacidade de realizar as ações especificas, ou seja não e capaz de eliminar
a tensão decorrente da estimulação interna, mesmo quando ele tem a necessidade
de saciar a fome, ele não consegue se satisfazer, ele depende sempre do outro,
então ele usa mecanismos para isso, chora, esperneia, mas isso não libera a
tensão, somente após o auxílio externo que seria o fornecimento do alimento, o
recém- nascido atinge sua experiencia de satisfação.
Como o aparelho psíquico funciona em relação a força e do conflito dessas
forças, quando está no Ics Freud chama de processo primário, e quando se trata de
Pcs/Ics se chama de processo secundário. O processo secundário e uma
modificação do processo primário, sendo um aumento de exigências. No processo
primário a energia é livre, procura por uma descarga imediata, enquanto no
secundário a energia é ligada e procura escoar de forma controlada e estável. Freud
afirma “ a interpretação dos sonhos é a vida real que leva ao conhecimento das
atividades inconscientes da mente”. Ou seja, os sonhos são realizações do desejo,
sendo desagradáveis ou não, até mesmo aqueles que achamos que não tem sentido
algum, na verdade tem sim, de pequena ou grande importância os nossos sonhos
trazem significados.

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