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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FREDERIC WALTHERE JOACHIM PILI e Tribunal de Justica de Sao Paulo,

protocolado em 09/01/2015 às 13:37 , sob o número 10010891320158260100.


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Sobre a paciente: Sra. Paola Yurie Nozu Bagordache

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1001089-13.2015.8.26.0100 e código D64515.

A paciente Sra. Paola Yurie Nozu Bagordache desenvolveu, precocemente, na 16 a semana de sua gestação trigemelar monocoriônica triamniótica, um quadro de transfusão fet

Quintero) do feto II (doador) para o feto III (receptor). Além disso, foi observado que o comprimento do colo uterino é de 28 mm, curto para uma gestação trigemelar.

A síndrome da transfusão feto-fetal (STFF) ocorre em 10 - 30% das gestações gemelares monocoriônicas, o que corresponde a um caso a cada 3600 - 1200 gestações. É caract

desbalanceada de sangue de um feto (doador) para outro (receptor), através de anastomoses vasculares placentárias (Camano et al., 1999; De Lia, 1996; Rodrigues et al., 1996).

Em geral, quando os casos de STFF são acompanhados de forma expectante, a taxa de óbito de pelo menos um gêmeo é de cerca de 70%, com danos neurológicos no sobrevi

hipóxico-isquêmicos, da ordem de 25% (Galea et al., 2005).

Quintero et al., (1999) classificaram os casos de STFF em quatro estágios e correlacionaram estes estágios com o prognóstico perinatal. No estágio I, há somente discrepância e

fetais e entre a quantidade de líquido amniótico nas câmaras âmnicas. No estágio II, o feto doador fica com a bexiga permanentemente vazia e com cavidade amniótica sem líquido (an

receptor fica coma bexiga permanentemente distendida e polidrâmnio. No estágio III, começam as alterações Dopplervelocimétricas no doador e/ou no receptor (aumento de resistênc

umbilical do doador e inversão no fluxo durante a contração atrial no ducto venoso do receptor). No estágio IV, o receptor entra em insuficiência cardíaca e fica edemaciado.
São considerados casos graves de STFF aqueles em estágios II, III e IV sugeridos por Quintero et al., (1999). Para estes casos, se a conduta expectante for adotada, ocorre óbit

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em 95% dos casos, sendo a incidência de danos neurológicos no sobrevivente de 50 a 100% (Denbow et al., 1998; Cincotta et al., 2000; Peralta et al., 2009).

As opções terapêuticas para os casos de STFF são a amniodrenagem seriada, a septostomia e a ablação a laser dos vasos placentários.

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A amniodrenagem foi por muito tempo o tratamento de escolha para os casos de STFF e ainda vem sendo utilizada em muitos centros especializados em medicina fetal. Tem a

procedimento tecnicamente fácil e barato. Proporciona a diminuição do polidrâmnio e permite o prolongamento da gravidez, sem, no entanto, eliminar a causa da STFF. Os estudos ma

dessa técnica mostram sobrevida de 4 7 a 91% de pelo menos um dos fetos, com a ocorrência de danos neurológicos nos sobreviventes em 22 a 55% dos casos (Denbow et al., 1998; C

Haverkamp et al., 2001; Lopriore et al., 2003).

A septostomia tem sido abandonada pela maioria dos centros em decorrência de suas possíveis complicações, como a banda amniótica e o aprisionamento do cordão umbilica

Um único estudo randomizado realizado por Moise Jr. et al (2005) demonstrou não haver diferença significativa na sobrevida entre os casos tratados com septostomia e aqueles tratado

seriada.

Em 1991, DeLia descreveu uma técnica para oclusão dos vasos placentários com o uso do laser, por visibilização direta dos mesmos na superfície placentária. Desde então este

comparado com os demais para o tratamento da STFF.

O mais importante estudo randomizado comparando os resultados da amniodrenagem seriada com aqueles do laser para tratamento da STFF foi realizado por Senat et al. (2004

randomização de 14 2 pacientes (72 para laser e 70 para amniodrenagem), foi demonstrado que os resultados do laser são significativamente melhores do que os observados com a am

(Sobrevida de pelo menos um gêmeo: Laser – 76% X Amniodrenagem – 56%; Leucomalácia periventricular: Laser – 7% X Amniodrenagem – 35%; Idade gestacional do parto: Laser

Amniodrenagem – 29 semanas).

O estudo acima ratifica resultados de trabalhos prévios e coloca a ablação a laser dos vasos placentários como principal opção terapêutica em casos de síndrome de transfusão

adotada nos mais importantes centros de medicina fetal do mundo, sendo hoje um consenso de que deve ser realizada como tratamento de escolha, quando disponível e quando a trans

desenvolve até a 26ª semana de gravidez (Peralta et al., 2010a; Peralta et al., 2010b; Peralta et al., 2011; Peralta et al., 2013).


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A paciente Sra. Paola Yurie Nozu Bagordache desenvolveu, precocemente, na 16 a semana de sua gestação trigemelar monocoriônica triamniótica, um quadro de transfusão fet

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Quintero) do feto II (doador) para o feto III (receptor). Além disso, foi observado que o comprimento do colo uterino é de 28 mm, curto para uma gestação trigemelar.

Esta condição é considerada de extrema urgência na especialidade de Medicina Fetal / Ginecologia e Obstetrícia. O quadro de STFF grave (estágio III) pode levar os fetos ao ó

curto, causado pelo excesso de líquido amniótico da STFF, aumenta ainda mais o risco de perda dos fetos e de toda a gestação. Logo, a paciente em questão tem indicação médica de

rapidamente possível. Como a gestante encontra-se com 16 semanas e 4 dias de gravidez, a cirurgia deverá ser realizada no dia 09/01/2015, quando completará 17 semanas, o que min

risco de aborto pós procedimento. É imprescindível que o tratamento não seja postergado e seja realizado na data prevista.

Assim sendo, o tratamento deverá ser realizado no HCor, Hospital do Coração de São Paulo, na próxima sexta feira (09/01/2015). A vaga hospitalar da paciente já está reserva

(19 hs do mesmo dia). A paciente terá alta no dia 10/01/2015 caso o procedimento siga sem intercorrências.

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1998; 178:4 79-83
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2013;34 :206-10.
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São Paulo, 06/01/2015

Dr. Cleisson Fábio A. Peralta

CRM-SP: 7924 0

Médico especialista em ginecologia e obstetrícia e medicina fetal.

Médico responsável pela cirurgia.

Honorários médicos:

O valor dos honorários médicos é de 30.000,00 reais, não sendo considerado neste montante os gastos hospitalares nem os honorários da equipe de anestesia.


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