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Farmacoterapia da

Contracepção
• IBGE: a taxa de fecundidade de 6,3 filhos, em 1960, diminuiu para 1,7 filho por
mulher em 2015.
• Primeiramente, essa redução ocorreu entre as mulheres que tinham maior escolaridade e
que habitavam as zonas urbanas.

• Apesar dessa redução, mais da metade das gestações que ocorrem no Brasil não
são planejadas, segundo a pesquisa nacional Nascer no Brasil.

• Mais de 160 milhões de mulheres e adolescentes não tiveram acesso a métodos


contraceptivos no mundo em 2019.
Contracepção
• Uma vez que a eficácia do método contraceptivo depende de correta
administração, admite-se que a maioria das gestações indesejadas
resulte de uso incorreto ou inconsistente daquele, mais do que à sua
falha.
• Apesar de o uso correto dos anticoncepcionais orais combinados (AOC)
apresentar taxa de falha de 0,01%, no uso típico, essa falha sobe para 8% em
mulheres adultas e até 24% em adolescentes.
Contracepção
• A escolha do método contraceptivo deve
adequar-se às necessidades e condições
das pacientes.

• Leva-se em conta se a gravidez é proibitiva


ou opcional para o casal, se o
relacionamento sexual é eventual ou
sistemático, estável ou não, com um ou
mais parceiros. Idade, condição
socioeconômica e cultural, paridade,
estado de saúde são fatores que
interessam no aconselhamento.
Métodos não farmacológicos
Métodos naturais
• Tabelinha / rítmico / Ogino Knaus
• Muco cervical / Billings
• Sintotérmico
• Coito interrompido
• Ducha vaginal
Métodos de barreira
• Preservativo
• Diafragma
• Espermicida
Métodos de esterilização
• Ligadura tubária
• Vasectomia
Métodos farmacológicos
Anticoncepcionais orais combinados
• Os AOC contêm uma combinação de estrogênio sintético e
progestina sintética.
Estrógeno Progestógeno Nome comercial
Etinilestradiol Acetato de ciproterona Diclin, Selene
Etinilestradiol Acetato de clormadinona Belara, Liberfem
Etinilestradiol Levonorgestrel Nordette, Level
Etinilestradiol Gestodeno Tâmisa, Diminut
Etinilestradiol Desogestrel Dioless, Femina
Etinilestradiol Drospirenona Elani Ciclo, Iumi
Valerato de estradiol Dienogeste Qlaira A eficácia dos AOC é de
Estradiol Acetato de nomegestrol Stezza, Iziz 99,9% e sua efetividade
varia entre 97 e 98%.
Anticoncepcionais orais combinados
Benefícios dos Redução das cólicas menstruais e da dor ovulatória, TPM;
AOCs para
além da Redução do fluxo sanguíneo menstrual;
contracepção:
Redução do risco de câncer de ovário;

Redução dos riscos de cistos ovarianos, gravidez ectópica, doença inflamatória


pélvica, endometriose, fibromas uterinos e doença benigna da mama.

Tratar disfunções dos hormônios sexuais androgênicos, relacionados a acne,


oleosidade excessiva e pelos faciais.
Anticoncepcionais orais combinados
Critérios de seleção quanto à concentração dos estrógenos:

• AOC com menos de 50 µg de etinilestradiol (inclusive os com 15 µg de EE) têm a


mesma eficácia contraceptiva, com definida redução de risco de fenômenos
tromboembólicos (trombose venosa profunda [TVP] e embolia pulmonar [EP]) e
cardiovasculares.

• AOC aumentaram o risco de trombose venosa em cinco vezes comparativamente


ao não uso.
− O risco foi positivamente associado à concentração de estrógeno em AOC.
− O risco de trombose não diferiu significativamente entre 30 µg e 20 µg, mas foi superior na
concentração de 50 µg.
− Como desvantagens da concentração menor (15 µg), houve menor percentual de ciclos
normais, maior ocorrência de sangramento de escape e de ausência de sangramento de
retirada.
Anticoncepcionais orais combinados
Critérios de seleção quanto à presença de progestógenos:

• O risco de TVP com AOC contendo progestágenos é maior em relação a não


usuárias.
• Progestógenos isolados não apresentaram risco de tromboembolismo
venoso.
Anticoncepcionais orais combinados
Critérios de seleção quanto ao tipo dos estrógenos:

• Como a principal preocupação com os AOC é o risco de trombose venosa


profunda, têm-se buscado novas formulações com melhor perfil de
tolerabilidade e efeitos adversos. Nesse sentido, um dos esforços da
pesquisa se relaciona à substituição de EE por estradiol, hormônio natural.
• Às novas formulações que empregam formas de estrógeno mais
“fisiológicas”, 17β-estradiol (E) ou valerato de estradiol (VE), adicionaram-se
novos progestógenos.
• A maior dificuldade no emprego do estradiol é garantir a estabilidade
endometrial, evitando, assim, sangramentos de escape.
Anticoncepcionais orais combinados
Critérios de seleção quanto ao tipo dos estrógenos:

• Em função disso, uma das formulações atualmente


disponíveis emprega valerato de estradiol combinado
ao progestógeno dienogeste, em regime de quatro
fases, com queda de concentração de estradiol e
aumento das concentrações de dienogeste.
• Mais estudos ainda são necessários para determinar a
relevância clínica das diferenças entre esta associação e
outros AOC já disponíveis.
• Esse contraceptivo também recebeu aval de FDA para
tratamento do sangramento uterino excessivo.
Anticoncepcionais orais combinados
Critérios de seleção quanto ao tipo dos estrógenos:
• Há também outra formulação com 17β-estradiol
associado a acetato de nomegestrol.
• Sangramento menstrual mais curto, mais leve ou
ausente com maior frequência (32,9%).
• Efeitos adversos relatados com a combinação com 17β-
estradiol foram acne, ganho de peso e sangramento de
retirada irregular. Outro estudo mostrou resultados
similares.
• Para esse também ainda não existem relatos da
incidência de trombose venosa profunda e embolia
pulmonar.
Anticoncepcionais orais combinados
Fatores de risco para uso
• Tabagismo
• > 35 anos
• Hipertensão arterial
• História de acidente vascular cerebral isquêmico, doença cardíaca isquêmica (ou atual), história
ou episódio agudo (mesmo sob anticoagulação) de trombose venosa profunda, embolia
pulmonar
• História familiar de TVP/EP (1 grau)
• Veias varicosas
• Hipercoagulabilidade: trombofilias familiares
• Diabetes
• Hipercolesterolemia
• Enxaqueca
• Câncer de mama
• História familiar de câncer de mama
Orientações para uso de AOC com 35, 30 e
20 µg de EE
1.Iniciar no 1º dia do ciclo menstrual
2.Tomar ininterruptamente, no mesmo horário do dia, por 21 dias
3.Parar por 7 dias para que haja menstruação, o que geralmente ocorre
entre o 2° e o 4° dia da pausa
4.Reiniciar no 8° dia de pausa, mesmo na vigência de fluxo menstrual
5.Não reiniciar o uso se não houver fluxo menstrual, pela possibilidade de
gestação em curso, cujo diagnóstico deve ser estabelecido
6.Em caso de esquecimento, a pílula deve ser tomada no momento em que
for lembrada, e a próxima, na hora habitual; se período < 12 h, não há perda
da eficácia; se o período > 12 h, utilizar método de barreira como
anticoncepção auxiliar por 3 dias; se > 24 h, suspender, aguardar fluxo
menstrual e reiniciar uso de nova cartela. Utilizar método de barreira no
primeiros 7 dias da cartela.
Orientações para uso de AOC com 15 µg de
EE e 60 µg de gestodeno
1.Iniciar no 1° dia do ciclo menstrual

2.Tomar ininterruptamente, no mesmo horário do dia, por 24 dias

3.Parar por 4 dias para que haja menstruação, o que geralmente


ocorre no 2° dia da pausa

4.Reiniciar no 5° dia de pausa, mesmo na vigência de fluxo menstrual


Anticoncepcionais só progestogênicos
• Desogestrel 0,075 mg (Mamades)
• Noretisterona 0,35 mg (Norestin)
• Drospirenona 4 mg (Slinda, Ammy)

• Menor uso se justifica por minipílulas terem maior índice de falha.


Anticoncepcionais só progestogênicos
Condições preferenciais de uso de contraceptivo só progestogênico
Quando há intolerância, contraindicação formal ao uso de estrógenos
Durante a amamentação, pois não inibem a produção de leite
Enxaquecas
Mulheres > 35 anos, tabagistas ou obesas
História de doença tromboembólica
HAS em mulheres > 35 anos ou com doença vascular
Doença cerebrovascular
Orientações quanto ao uso de
anticoncepcionais orais só progestogênicos
• Tomar o comprimido no 1º dia do ciclo menstrual.

• O uso é contínuo (cada cartela subsequente deve ser iniciada


imediatamente após o término da anterior).

• Quando prescritas no puerpério de mulheres que amamentam,


podem ser iniciadas 3-4 semanas após o parto ou no mínimo 14 dias
antes do retorno da atividade sexual.
Anticoncepcionais injetáveis
Composição Frequência de aplicação Nomes comerciais

Algestona acetofenida
Aldijet
+ Mensal
Perlutan
Enantato de estradiol
Enantato de noretisterona
Mesigyna
+ Mensal
Noregyna
Valerato de estradiol
Acetato de medroxiprogesterona
Cyclofemina
+ Mensal
Depomês
Cipionato de estradiol

Contracep
Acetato de medroxiprogesterona Trimestral
DepoProvera
Algestona acetofenida + enantato de
estradiol
• A dose recomendada é a administração de uma ampola entre o 7º e
10º dia (preferivelmente no 8º dia) após o início de cada
menstruação.
• Contar o primeiro dia de sangramento menstrual como o dia número
1.
Enantato de noretisterona + valerato de
estradiol
• A primeira injeção deve ser administrada no primeiro dia do ciclo menstrual (primeiro
dia de sangramento).
• A segunda injeção, assim como as injeções posteriores devem ser administradas,
independentemente do padrão do ciclo, em intervalos de 30 ± 3 dias, isto é, no mínimo
27 e no máximo 33 dias.
• Transcorrendo intervalo de injeção superior a 33 dias, não se pode contar, a partir desta
data, com o grau necessário de segurança contraceptiva, e a usuária deverá utilizar um
método contraceptivo adicional.
• Se dentro dos 30 dias posteriores à administração não ocorrer sangramento por
privação hormonal, deve-se descartar a possibilidade de gravidez por meio de teste
adequado.
Acetato de medroxiprogesterona + cipionato
de estradiol
• A aplicação deve ser feita entre o 1º e o 5º dia do ciclo menstrual.
• As aplicações seguintes deverão ocorrer seguindo o intervalo de 30
dias (±3 dias) da aplicação anterior, independente de menstruação.
Acetato de medroxiprogesterona
• É importante que a injeção intramuscular inicial seja aplicada durante os 5
primeiros dias após o início de um ciclo menstrual normal; ou nos 5 primeiros
dias pós-parto se a paciente não estiver mantendo aleitamento materno.

• Caso a paciente esteja mantendo a criança em aleitamento materno exclusivo a


administração deve ser realizada somente a partir da 6ª semana pós-parto.

• Deve repetir a dose injetável intramuscular após 90 dias.


Anticoncepção de emergência
• Consiste em uma pílula única contendo 1,5 mg de levonorgestrel
(progestágeno), e que deve ser tomada até 72 horas após a relação sexual sem
proteção.
• Outra opção é comercializada na forma de dois comprimidos, cada um contendo
0,75 mg de levonorgestrel. O primeiro comprimido deve ser tomado até 72 horas
após a relação sexual sem proteção (quanto mais cedo, mais efetivo); o segundo
deve ser tomado 12 horas depois.

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