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Anticoncepção Hormonal

Internato de Saúde da Mulher


2024.1
Douglen de Oliveira Resende
Lara Pimentel de Oliveira Netto
ESCOLHA DO MÉTODO

Para definir um método contraceptivo, devemos levar e consideração:

EFICÁCIA

SEGURANÇA

PREFERÊNCIA

ELEGIBILIDADE
EFICÁCIA

É a capacidade desse método de proteger contra a gravidez, seja ela, não desejada
e/ou não programada.

É expressa pela taxa de falhas própria do método, em um período de tempo,


geralmente um ano

Índice de Pearl

IP: nro. de falhas x 12 meses x 100 mulheres


Nro. total de meses de exposição
SEGURANÇA PREFERÊNCIA

Avaliada pelos efeitos indesejáveis e Critério mais importante para a


complicações que pode provocar. escolha ou eleição de um método
anticoncepcional
Mede o potencial de causar riscos à
saúde. A decisão do método é feita pelo(a)
paciente, excetuando-se
↑ Segurança = ↓ chance de contraindicações.
problemas
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

• Categoria 1: sem restrição;

• Categoria 2: beneficios maiores que os riscos

• Categoria 3: risco considerado superior aos benefícios

• Categoria 4: o método está contraindicado.


INTRODUÇÃO

Objetivo: impedir uma gravidez não desejada e/ou não programada, sem
qualquer restrição nas relações sexuais.

São métodos reversíveis

O potencial antigonadotrófico é o que promove a anticoncepção


bloqueio da secreção de FSH e LH.
DROGAS DE ESCOLHA
Esteróides sexuais sintéticos:
Estrógenos e Progesterona
Estrógeno: Etinilestradiol
Efeitos adversos: Hiperglicemia, Hipertrigliceridemia, aumento de proteínas e
enzimas hepáticas, aumento de fatores de coagulação, aumento da síntese de
renina, aumenta síntese de SHBG (efeito antiandrogênico), reduz a circulação
intra-hepática da bile
Progestágenos:
17-OH-progesterona
Ciproterona (potencial antiandrogênico)
19-nortestosterona: maior potencial antigonadotrófico:
Gestodeno, desogestrel, LNG e norestisterona
Derivado da espironolactona: drospirenona
MÉTODOS

Contracepção oral
ACO combinado
Monofásico – mesma composição e dose em todos
Bifásicos – mesma composição, mas em duas doses diferentes
Trifásicos – 21 pílulas, mesma composição, mas 3 doses diferentes
ACO progestágeno
Injetáveis
Mensais – combinados e Trimestrais – progestágenos
Implantes
Anéis vaginais
DIU (SIU-LNG)
Adesivos cutâneos
ACO COMBINADO

Modo de usar:
Iniciar o uso com a primeira A pausa pode ser omitida se desejo de
pílula no 1º dia do ciclo ausência de sangramento
Usar 1 pílula ao dia, todos os Em caso de esquecimento, tomar assim
dias, no mesmo horário que se atentar ao fato.
Adequar a pausa ou ausência de Se esquecimento por 2 dias, fazer uso de
pausa de acordo com a cartela 2 ao se atentar e uso de método de
(quantidade de pílulas) barreira por 14 dias
21--> máx. 7 dias
22 -->máx. 6 dias
24 -->máx. 4 dias
26 -->máx. 2 dias
MECANISMO DE AÇÃO - ACO COMBINADO

Influência no eixo neuroendócrino, alterando o mecanismo de


estimulação ovariana e os mecanismos de feedback.
Bloqueio do pico de LH – anovulação
Alteração do muco cervical, tornando o impenetrável pelo sptz
Alteração endometrial, deixando-o hipotrófico para que, se o embrião
for formado, não se implante.
Os efeitos são revertidos com interrupção do uso
CONTRAINDICAÇÕES - ACO COMBINADO

História pessoal de CA de mama HAC


Enxaqueca com aura DM com vasculopatia
Epilepsia Trombofilia
Se controle e/ou remissão é Tabagismo
permitido iniciar Adolescentes
Em caso de novo quadro, Reduz ganho de massa óssea
suspender o uso Puérpera - iniciar após desmame
TVP agudo: iniciar apenas após
resolução do quadro
Doença hepática grave
EFICÁCIA EFEITOS ADVERSOS - ACO COMBINADO

Se uso ideal à IP 0,5/100 Acne, pele oleosa


Risco relativo aumentado Amenorreia
para formulações de muito Sangramento intermenstrual e spottings
baixa dose Ingurgitamento mamário e mastalgia
Depressão e alterações do humor
Problemas oculares
Galactorreia
Cefaleias
Nausea
Aumento de peso
ANEL VAGINAL

Anel flexível com etonorgestrel e etinilestradiol

Permanece o uso por 3 semanas e interrupção do uso por 7 dias

Mecanismo de ação igual das pílulas

IP: 0,65

Não há metabolização hepática

Pode gerar sensação de corpo estranho e desconforto vaginal


ADESIVOS CUTÂNEOS CONTRACEPTIVOS

Contêm etinilestradiol e Havendo interesse, a pausa pode ser


norelgestromina suprimida
São absorvidos diretamente Vantagens em relação a via oral: menor
para a circulação sistêmica. impacto na coagulação sanguínea por
Os adesivos devem ser substituídos redução do estímulo da síntese aguda de
a cada semana, por três semanas proteínas.
consecutivas, seguindo-se uma As considerações feitas para as pílulas
semana de pausa, sem o adesivo são as mesmas para os adesivos e anéis
(como o uso clássico das pílulas vaginais, incluindo eficácia,
combinadas). contraindicações e benefícios não
contraceptivos.
INJETÁVEL MENSAL

Combinado
Início deve ser feito ate o 5º dia do ciclo
Aplicado IM, com a paciente em decúbito a cada 30 dias
As menstruações acontecem na metade do tempo de duas injeções – metabolismo
mais rápido do estrogênio
Mecanismo de ação é o mesmo de pílulas combinadas
Efeito adverso de irregularidade menstrual, cefaleia, mastalgia, ganho ponderal e
vertigem
Retorno à fertilidade em aprox. 60 dias
ACO DE PROGESTÁGENO ISOLADO

levonorgestrel, Mecanismo de ação


noretisterona ou linistrenol:
aleitamento materno
Inibição do pico de LH
inibição da ovulação
desogestrel (75 mcg)
espessamento no muco cervical =
maior eficácia
“hostil”
não lactantes
atrofia endometrial
diminuição na motilidade tubária
INDICAÇÃO

qualquer faixa etária durante o menacme

pós-parto, amamentando ou não


se amamentando: introduzir 6 semanas após o parto

Se contraindicações ao uso de estrógeno (hipertensão arterial, diabetes,


doenças vasculares, lúpus eritematoso, cardiopatia, enxaqueca)
ACO DE PROGESTÁGENO ISOLADO

Forma de uso
uso contínuo
efeito colateral: padrão de
sangramento imprevisível. Orientações
primeiros meses: irregular e padrão de sangramento.
frequente (motivo para sangramento persistente: o
descontinuidade) método deve ser
após três meses: descontinuado.
infrequentes e podem
evoluir para amenorreia.
INJETÁVEL TRIMESTRAL

acetato de medroxiprogesterona de
depósito. Indicação
via intramuscular (Brasil) ou subcutânea Amamentando
Ação: comorbidades (anemia,
inibição da ovulação epilepsia, hipertensão arterial
efeito no muco cervical e outras)
atrofia endometrial. sangramento aumentado,
Boa eficácia dismenorreia e endometriose
taxa de falha em uso consistente e
correto de 0,2% Contraindicações
em uso típico (inclui uso inadequado, gravidez e câncer de mama
incorreto) de 6%
INJETÁVEL TRIMESTRAL

Eventos adversos
alterações no padrão de Orientações
sangramento, mas tende a alterações de sangramento
amenorreia. possível ganho de peso.
47-70% de amenorreia após um desejo reprodutivo: demora
ano de uso. ao retorno de fertilidade,
ganho de peso podendo ser de até um ano.
cefaleia, queda de cabelo e
alteração de humor (depressão) e
libido.
IMPLANTE SUBDÉRMICO

implante de etonogestrel
No Brasil, o único liberado pela Anvisa é o Implanon
haste de 40 mm por 2 mm (formada por vinil acetato de etileno), contém
68 mg de etonogestrel (derivado do desogestrel)
contracepção reversível de longa ação
Inicialmente: doses de 60 a 70 mcg por dia
35 a 45 mcg por dia no final do primeiro ano
30 a 40 mcg por dia no final do segundo ano
25 a 30 mcg por dia no término do terceiro ano.
IMPLANTE SUBDÉRMICO
Eficácia
taxas de falha (0,05%) Eventos adversos
• alterações no padrão
Duração da ação de sangramento
3 anos, devendo ser retirado após esse período. • Cefaleia
• Tontura
Indicação • mudança de humor
qualquer faixa etária • ganho de peso
puérperas logo após o parto ou abortamento e na • dores nas mamas
amamentação • acne
Contraindicações queda de cabelo
gravidez e câncer de mama
SIU-LNG

endoceptivo de longa ação reversível e altamente eficaz


meia-vida: 5 anos

pequeno dispositivo (32 mm) em forma de “T”


que é inserido dentro do útero e que contém um
reservatório com levonorgestrel (52 mg) ao
redor da haste vertical. Esse reservatório mede
19 mm, disposto sobre o braço vertical do
dispositivo de plástico, coberto por uma
membrana de polidimetilsiloxano que regula a
liberação intrauterina de 20 mcg de LNG
durante 24 horas. Após cinco anos, a dose
liberada é menor, sendo reduzida para 10 mcg
por dia.
SIU-LNG

Mecanismo de ação
atrofia endometrial
ação no muco cervical
ação mais local
pouco efeito sobre o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano
taxa de inibição de ovulação é inferior a 25%
o efeito contraceptivo é principalmente local
Indicação
qualquer faixa etária
primeira opção para as adolescentes devido a sua alta eficácia, facilidade de
uso e tempo prolongado.
SIU-LNG

Contraindicações
alterações anatômicas locais
câncer de mama
Inserção
qualquer momento do ciclo menstrual se certeza de que não grávida.

Benefícios e riscos
redução na duração e intensidade do sangramento uterino
melhora da dismenorreia primária
reduz a dor em mulheres com endometriose e adenomiose
não aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
SIU-LNG

Eventos adversos
primeiros meses: acne, dores nas mamas, cefaleia e alteração de humor.
modificação do padrão de sangramento, principalmente nos primeiros
três meses.

Orientações
avaliação 4-6 semanas após a inserção
Não há contraindicação para a realização de qualquer exame de imagem,
incluindo ressonância magnética.
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

é utilizada após o ato sexual (até 120 horas)


reduzindo a taxa de gravidez não planejada e abortamento inseguro
No Brasil --> métodos hormonais
etinilestradiol e levonorgestrel (método Yuzpe),
levonorgestrel,
acetato de ulipristal
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

Características dos métodos


Método de Yuzpe: utiliza pílula combinada (200 mcg de etinilestradiol e 1
mg de levonorgestrel), duas doses com intervalo de 12 horas, até 72
horas da relação sexual;
Levonorgestrel: dose única (comprimido de 1,5 mg) até 120 horas da
relação sexual;
Acetato de ulipristal: dose única de 30 mg via oral, de preferência até 72
horas da relação sexual, mas pode ser indicado até 120 horas.

Efeito adverso: náusea, vomito, cefaleia, alterações de sangramento.


CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

Mecanismos de ação Eficácia


impedem ou atrasam a Levonorgestrel previne cerca de dois
ovulação. terços das gestações se for iniciada até
alteram os níveis hormonais, 24 horas do ato sexual.
interferindo no Acetato de ulipristal é mais eficaz que o
desenvolvimento folicular e levonorgestrel.
na maturação do corpo lúteo A eficácia do método diminui
e inibindo a fertilização significativamente com o atraso na
administração após a relação sexual
desprotegida
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA
Segurança e recomendações
não apresentam contraindicações absolutas para a maioria das mulheres.
Podem ser usados em todas as faixas etárias
o uso concomitante de drogas como barbitúricos, carbamazepina, felbamato,
griseofulvina, oxcarbazepina, fenitoína, rifampicina, erva de-são-joão e
topiramato interfere diminuindo a sua eficácia.
Podem ser prescritos para mulheres que estejam amamentando
acetato de ulipristal, por ser lipofílico, não deve ser realizada em
lactantes, sendo recomendada uma pausa por 36 horas, pois podem ser
excretados no leite materno
peso corporal e o índice de massa corporal (IMC) de uma mulher podem
afetar a eficácia do uso de AE com levonorgestrel.
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

Indicações
mulheres após relação sexual desprotegida (ausência de uso de método), na
presença de suspeita de falha contraceptiva (rompimento de preservativo,
esquecimento da pílula) ou quando há intercurso sexual contra a sua
vontade (coerção, agressão, exploração).
Contraindicações absolutas: Não há.
Não há limite de idade para o uso desse método
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

Eventos adversos
náuseas, vômitos, cefaleia e tontura.
método Yuzpe
maior incidência de náuseas e vômitos
acetato de ulipristal
provoca sangramento antes da data prevista
INÍCIO DE MÉTODO REGULAR

A contracepção hormonal pode ser iniciada imediatamente após o


uso de AE com levonorgestrel, mas deve ser adiada por cinco dias
se a anticoncepção escolhida foi o acetato de ulipristal, para evitar
a redução da sua eficácia.
Se houver a necessidade de novo uso subsequente de
contracepção de emergência, a mulher deve ser orientada a usar
novamente o levonorgestrel em dose única, mas deve ser
informada da redução da eficácia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNANDES, Carlos E.; SILVA DE SÁ; Marcos; et al. Tratado de ginecologia


Febrasgo. Rio de Janeiro: Elsevier, 1ª ed, 2019. Acesso em: Fev.2024

Ministério da Saúde, BRASIL. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da


Mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Acesso em: Fev.2004

Poli, M.E.H.; Mello, C.R.; Machado, R.B.; Pinho Neto, J.S.; et al. Manual de
anticoncepção da FEBRASGO. Rio de Janeiro: Femina, 2009. v. 37. N° 9. Acesso
em: Fev.2024
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