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JOÃO PAULO BATISTA LIMA

12/06/2020

MÓDULO:
TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA

SEMINÁRIO V

RECURSOS, AÇÃO RECISÓRIA E


COISA JULGADA
JOÃO PAULO BATISTA LIMA
12/06/2020

Respostas – Seminário V

Questão n° 1.

a) Interpretando os ensinamentos do Nobre Professor Paulo de Barros


Carvalhoi, entendemos como segurança jurídica, a consubstanciação do sentimento de
previsibilidade, validade e correição, pela coletividade, sendo estes efeitos jurídicos
emanados das regulações de condutas em gerais, do qual se efetiva com a devida atuação
de outros princípios, como por exemplo, os da legalidade e irretroatividade.

De forma resumida, a efetivação desta segurança faz com que a população sinta-se
tranquilizado para realizar planejamentos futuros de acordo com a aplicação das normas
no presente. Em todas as óticas tal segurança se mostra de imensurável importância. A
título de exemplo, verificando o lado financeiro do país, a movimentação deste ocorre de
forma muito mais intensa quando os cidadãos detêm a possibilidade de prever suas
economias de acordo com cenária jurídico em que cada um se encontra.

b) No que tange as limitações impostas em prol da segurança jurídica,


na Constituição Federal de 1988, podemos evidenciar tais limites no Art. 5º, inc. II e XXXVI,
bem como no Art. 150 e seus incisos e alíneas. Vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
[...]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
JOÃO PAULO BATISTA LIMA
12/06/2020

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;


II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por
eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos;
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
[...]

Já no Código Tributário Nacional, verificamos tal limitação no Art. 9º. Vejamos:

Art. 9º, CTN. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração,
o disposto nos artigos 21, 26 e 65;
II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial do
exercício financeiro a que corresponda;
[...]

c) O princípio da segurança jurídica poderá ser resguardado, nos casos


de mudança de entendimento do STF, com a devida edição de súmula vinculante, que por
sua vez fará com que ocorra a uniformização dos efeitos futuros em face dos contribuintes,
até mesmo nos casos em que se vislumbre a figura da coisa julgada.

d) Tendo em vista o fator da uniformização de entendimentos, o novo


Código de Processo Civil não vai de encontro à segurança jurídica. O novo códice almeja
que todos os contribuintes que se socorram do judiciário detenham o mesmo fim,
uniformizando a jurisprudência majoritária, e consequentemente, fazendo vigorar o
princípio da isonomia, também se faz vigorar o da segurança jurídica.
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Questão n° 2.

O alcance do termo “precedente” no novo Código de Processo Civil estende-


se desde os já conhecidos antigamente, quais sejam as decisões proferidas em controle
concentrado de constitucionalidade e as súmulas vinculantes, quanto também as inovações
deste códice que correspondem aos julgamentos repetitivos proferidos pelo Supremo
Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça; aos julgamentos dos demais Tribunais
que seguirem a forma do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas; e, por fim, os
julgamentos que utilizarem a forma do Incidente de Assunção de Competência.

Precedente e Jurisprudência não são sinônimos no sistema jurídico brasileiro.


Enquanto que precedente envolve os já citados recursos de uniformização de
entendimento, a jurisprudência figura como o conjunto das decisões proferidas (podendo
deter diferentes entendimentos), ou até mesmo como uma decisão isolada de um só órgão.

Os precedentes são normas jurídicas gerais e abstratas, que originam de


casos concretos.

O desrespeito aos precedentes enseja a possibilidade de Reclamação das


partes envolvidas, fazendo com que, de forma indireta, vincule as decisões dos juízes e
tribunais, conforme dito no aludido artigo.

De certa ótica, é possível afirmar que esta obrigação corrobora com a


segurança jurídica, afinal, busca a uniformização das decisões judiciais, diminuindo a
possibilidade de tratamento não isonômico aos contribuintes que se socorrem ao judiciário.

Questão n° 3.

a) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI:


b) Mandado de Segurança Coletivo:
c) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental:
d) Ação popular:
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e) Ação Civil Pública:


f) Ação de rito comum:

Questão n° 4.

Em prestigio ao princípio da segurança jurídica e ao interesse social, é


possível a modulação de efeitos em sede de decisão proferidas em controle difuso de
constitucionalidade que lhe atribuiu efeito ex nunc, com fundamento no Art. 27, da Lei n°
9.868/99, vejamos:

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá, o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de
outro momento que venha a ser fixado.

Sendo assim, há nítida limitação para modulação, podendo ela ser aplicada
apenas os casos em que restou verificada situação excepcional em que a declaração de
nulidade se agisse com seus normais efeitos, ou seja, ex tunc, causaria prejuízo ao
interesse público e sistema legislativo vigente, situação que autoriza a utilização do efeito
ex nunc a fim de resguardar segurança jurídica.

No entanto, a modulação de efeitos não poderá atribuir o efeito erga omnes


à decisão. Para isso, se faz necessária a edição de resolução pelo Senado Federal nos
termos do artigo 52, X, da Constituição Federal, que atribuirá força vinculante e efeito erga
omnes à decisão que pronunciou a inconstitucionalidade de lei em controle difuso de
constitucionalidade.

Ou ainda, poderá o Supremo Tribunal Federal utilizar-se da edição de Súmula


Vinculante se presentes os requisitos do artigo 103-A, §1°, instrumento este capaz de
conferir efeitos vinculantes e eficácia erga omnes à decisão, possível em prestígio do
sobrevalor da segurança jurídica.
JOÃO PAULO BATISTA LIMA
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Questão n° 5.

a) A decisão de mérito do Supremo Tribunal Federal, em ADIN julgada


improcedente em controle de constitucionalidade concentrado possui efeitos erga omnes e
em regra, ex tunc. No entanto, não é capaz de rescindir a coisa julgada, que somente
sofrerá readequação com a cassação de seus efeitos futuros.

Neste sentido, para que a União não seja compelida a cumprir a sentença
que a condenou à restituição do tributo, deverá ajuizar ação rescisória com fulcro no artigo
966, V do Código de Processo Civil, pelo fato da sentença violar manifestamente norma
jurídica, violação verificada quando, após formação da coisa julgada, o Supremo Tribunal
Federal proferiu decisão confirmando a constitucionalidade da lei tida como inconstitucional
na decisão rescidenda.

A coisa julgada é limite objetivo que realiza o sobrevalor da segurança


jurídica, que, como vimos, se mantém inalterada quando o Supremo Tribunal Federal se
pronuncia de forma diversa ao consignado na decisão transitada em julgado, sofrendo
apenas adequação quanto a sua aplicação futura. Desta forma, preservando a segurança
jurídica, apenas a ação rescisória é capaz de produzir nova norma individual e concreta
que retire a validade da norma individual e concreta produzida através da decisão que se
pretende rescindir.

b) No caso da modificação do entendimento do Supremo Tribunal


Federal ter se dado por meio do controle difuso de constitucionalidade, a situação fica ainda
mais difícil para a União. Posto que, os efeitos deste mais recente posicionamento são
destinados exclusivamente às partes do processo, de modo que não atinge à coisa julgada
nem ao menos quanto aos seus efeitos futuros.

Desta forma, entendo que a resposta dada para a questão anterior não
se altera para este caso, uma vez que, tanto no primeiro caso como no segundo, a decisão
do Supremo Tribunal Federal não produz por si só o efeito de rescindir a coisa julgada de
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maneira automática, o que se assim o fosse, restaria prejudicada a segurança jurídica,


uma vez que, aquele que obteve sentença favorável transitada em julgado ficaria a
depender de eventual controle de constitucionalidade futuro que poderia dar entendimento
diverso do produzido anteriormente e então não haveria qualquer previsibilidade ou certeza
do direito, o que fragiliza substancialmente a decisão conseguida.

Portanto, o único instrumento cabível para que a União busque a


desconstituição da coisa julgada para não ter que cumprir a sentença que a condenou à
restituição do tributo é a ação rescisória com fundamento no artigo 966, inciso V do Código
de Processo Civil.

Questão n° 6.

No caso em tela, não há necessidade de recolhimento complementar, haja


vista que o fato gerador ocorreu na vigência da norma delimitada pela Instrução Normativa
01/02, da qual expressamente consignava que não há a inclusão dos valores de frete na
base de cálculo do tributo.

Sobre o assunto, corrobora o princípio da irretroatividade da norma com o


fato de que não se deve cobrar tributo sobre fatos que ocorreram antes da entrada em
vigor da lei que o instituiu. Com efeito reflexo, ao respeitar este princípio, também se faz
valer o sobreprincípio da segurança jurídica.

Em 01/07/2016: não é válida; não é vigente; não incide; e não apresenta


eficácia jurídica. Pois o STF decidiu pela inconstitucionalidade da lei federal com efeitos
erga omnes.

Questão nº 7.

i
In Curso de direito tributário. 15ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 149.

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