Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Universidade Pedagógica
Lichinga
2016
iii
Universidade Pedagógica
Lichinga
2016
iv
Índice
Dedicatória.............................................................................................................................iv
Agradecimentos.......................................................................................................................v
Declaração de honra...............................................................................................................vi
Resumo..................................................................................................................................vii
Lista de siglas.......................................................................................................................viii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................10
1. Contextualização............................................................................................................10
1.1. Problematização.........................................................................................................11
1.3. Hipóteses........................................................................................................................12
1.5. Justificativa.....................................................................................................................13
2. Conceitos básicos...........................................................................................................15
3. Métodos..........................................................................................................................23
3.2.1. Entrevista................................................................................................................26
6. Conclusões.....................................................................................................................44
7. Sugestões........................................................................................................................45
Bibliografia...............................................................................................................................47
Apêndices..................................................................................................................................49
iv
Dedicatória
À minha mãe, Filomena Muera Manuel, aos meus irmãos e demais familiares!
v
Agradecimentos
A Deus, pelo dom da vida que me concedeu, e pela saúde que me tem proporcionado em
todas as etapas da minha vida. Aos meus pais, sobretudo à minha mãe, Filomena Muera
Manuel, que muito fez para que eu pudesse chegar onde cheguei, tendo me ajudado em todas
as vertentes, através de vários conselhos que me foram bastante úteis ao longo desta
caminhada académica. Aos meus irmãos, Dulce Paula Muchanga, José Mundindiripo Manuel,
agradecer também à minha namorada Maria Mucheape, que esteve perto durante a minha
caminhada académica, e aos demais familiares.
Ao dr. Francisco Banda Cataua, meu supervisor, pela orientação e paciência na colaboração e
execução do presente trabalho.
Aos meus colegas da turma e, ainda, amigos para toda vida, nomeadamente: Lourenço
Sairosse Arone, Carlos Panganai, Nito Mijai, Afoso Mulungo, Adolfo Chianaia, Jorge
Cavarro, Elísio Cézar, Ossumane Juma, Dulcio Plácido, Óscar Apilosse, Dulce Nuro, Ester
Salomão, Nélio Bonomar e Sergina que estiveram sempre presentes em todos os momentos da
minha vida estudantil.
vi
Declaração de honra
Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na Bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a
obtenção de qualquer grau académico.
O Candidato
____________________________________
Resumo
Lista de siglas
a) Figuras (imagens)
Figura 1: Vegetação do Posto Administrativo de Mussa…………………………………….30
Figura 2: Variedades convencionais…………………………………………………………37
Figura 3: Floresta tradicional da comunidade tradicional de Mussa………………………...41
b) Gráficos
1. Contextualização
A gestão das florestas constitui um desafio para toda a humanidade em que os recursos
florestais, a nível mundial, constitui importante fonte de riqueza, pois, o seu impacto para a
garantia do bem-estar e da saúde pública somente será atingido por meio de conhecimentos
das interacções recíprocas dos organismos, portanto, faz-se necessário conhecer o que vem
sendo abordado na área da ecologia da população de plantas desta espécie, para que
programas de conservação e manejo sustentáveis possam ser propostos e executados,
garantindo, assim, a existência dessas populações.
O trabalho tem por objectivo, descobrir algo que tem a ver com a contribuição da comunidade
local na preservação das florestas, daí que constitui um instrumento-chave na protecção e
conservação dos recursos florestais de Mussa.
11
1.1. Problematização
1.3. Hipóteses
Para GOOD & HATT (1969:75) apud GIL (1989:60), hipótese é uma proposição que pode
ser colocada a prova para determinar a sua validade.
Assim, esta ordem de ideia e de acordo com o problema levantado, pressupõem-se que:
MARCONI & LAKATOS (1990:27), refere que delimitar a pesquisa é estabelecer limites
para a investigação.
Interpondo as ideias dos autores supra citados, delimitar uma pesquisa é referir ou dar limites
em função da área de actuação, de modo a ser mais preciso à pesquisa e não vago, em relação
ao local que se pretende estudar. Assim, a presente pesquisa limitar-se-á no estudo da
Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade na Preservação Florestal, isto, no
Posto Administrativo de Mussa – Distrito de Chimbunila (2012-2015), visto que é neste ponto
de referência em estudo, através da contribuição da comunidade local na preservação florestal
e a conservação do meio ambiente, ajuda bastante na preservação das florestas existentes.
1.5. Justificativa
Constituiu motivo da escolha deste tema, o facto de que o autor desejou estudar a
Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade de Mussa na preservação dos
recursos florestais, visto que os mesmos recursos trazem alguns benefícios para a mesma
comunidade. Um outro motivo relevante na escolha desta temática de pesquisa, para o autor,
reside ao facto de não existir nenhum trabalho científico que aborda sobre o tema em alusão.
A relevância do tema reside no facto dos resultados poderem constituir mais um ponto de
reflexão sobre a Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade na Preservação
Florestal: Estudo de Caso do Posto Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila (2012-
2015), também, a partir dos resultados que foram alcançados pela pesquisa pensa-se que
poderão contribuir para a identificação e diversificação das formas de participação de mais
contribuições tradicionais das comunidades na preservação florestal a nível da província,
assim como do país.
Os resultados que foram obtidos nesta pesquisa, constituíram mais um documento que virá
aumentar o nível de conhecimento científico relacionado com o assunto em estudo e com a
matéria pesquisada no campo.
15
Neste capítulo, são arroladas abordagens de diferentes autores sobre o objecto de estudo, bem
como a fundamentação da teoria de base e a operacionalização dos conceitos seleccionados
para este estudo.
2. Conceitos básicos
Pretende-se com este trabalho dar alguns conceitos básicos de vários autores, que discutem ao
redor do tema em questão.
a) Floresta
Segundo DUPAS (2008:86), Floresta é a comunidade vegetal que abrange pelo menos uma
diversidade de árvores. Ou é a cobertura vegetal que pode nos dar madeira, habitat dos
animais e participa no regime hídrico ou precipitação.
Para BREUGEL (2007:43), florestas são entendidos como sendo um ecossistema no qual as
árvores ocupam um lugar predominante.
Interpondo as ideias dos autores, é um sistema natural dominado por espécies arbóreas, com
diversas espécies vegetais arbustivas e herbáceas e habitada por diferentes espécies animais,
formando uma estrutura complexa (ecossistema formado por solo, plantas e animais).
As florestas representam uma determinada dimensão para as populações rurais, que vivem
dentro ou próximo de maciços florestais. Para as populações urbanas, elas representam um
refúgio. A valoração das florestas passa pela obrigatória via dos mercados, organizar e
aumentar a produtividade das espécies florestais nativas é uma forma de garantir um destaque
para os produtos regionais, no mercado global.
b) Comunidade local
c) Conhecimentos tradicionais
Consomem o Dióxido de carbono (um dos principais gases com efeito de estufa que
provoca alterações climáticas);
Moderam as temperaturas fornecendo-nos sombras e abrigos;
Facilitam a infiltração de água no solo reabastecendo os lençóis subterrâneos;
Fixam o solo e impedem a erosão;
Embelezam a paisagem, tornando-a mais atractiva;
Dão abrigo e alimento aos animais (fauna) e às pessoas;
Fornecem-nos matérias-primas (lenha, pasta de papel, cortiça, resinas e colas, madeiras e
tábuas, borracha, especiarias, sementes, cogumelos silvestres, mel, frutos do bosque).
Segundo ARRUDA & DIEGUES (2001:31), é composto pelo conjunto de saberes e saber
fazer a respeito do mundo natural e sobrenatural, transmitido oralmente, de geração em
geração.
1
Artigo 3o do decreto 118/2002
17
De facto, descobre-se mais, a cada dia, que para interpretar correctamente os mitos e os ritos
e, ainda, para os interpretar sob o ponto de vista estrutural (que seria errado confundir com
uma simples análise formal), a identificação precisa das plantas e dos animais que se
mencionam ou que são utilizados directamente, sob a forma de fragmentos ou de despojos.
Ainda não há, de facto, uma legislação específica que se refira a protecção dos conhecimentos
tradicionais. As populações tradicionais ainda detém grande quantidade de informações
inexplorados pelas ciências oficias, sobre a forma de lidar com ambientes biologicamente
diversificados, e que podem ser muito úteis para a compreensão do ecossistema e para o
desenvolvimento de práticas menos predatórios ao meio, ou seja, tais conhecimentos são de
fundamental importância para o desenvolvimento das práticas sustentáveis.
A preservação da cultura e dos saberes locais depende da manutenção destes povos em seu
lugar de origem.
Quando estes povos são retirados de seu lugar, corre-se o risco da sua cultura perder se devido
a perda de contacto com a natureza e, também, os indivíduos ficam susceptíveis a enfrentar
situações traumáticas e problemáticas da sociedade.
18
Assim, a maioria das pessoas concorda que o problema deve ser sanado, mas os meios não
são tão simples como fortalecendo cercas ao redor das restantes floresta ou proibir o comércio
madeireiro, os economistas, políticos, e outras camadas sociais não irão permitir a persistir
florestas se forem completamente fechados de uso e desenvolvimento. Assim destacam-se
algumas técnicas:
Históricas abordagens à conservação da floresta têm falhado, como a demonstrada pelo ritmo
acelerado do desmantamento. Em muitas regiões, fechar as florestas como intocáveis parques
e reservas não tem nem melhorou a qualidade de vida e das oportunidades económicas para
rurais pobres, nem dissuadiu a compensação das florestas por madeireiros ilegais e
desenvolvedores.
O problema com esta abordagem tradicional já que os parques de preservação dos países em
desenvolvimento não conseguem gerar incentivos económicos, suficientes para respeitar e
manter a floresta. Florestas húmidas só irão continuar a sobreviver, como funcional dos
ecossistemas, se puder ser demonstrada a proporção de benefícios económicos tangíveis. A
população local e do próprio governo deve ver o retorno financeiro para justificar os custos de
manutenção de parques e perdido de receitas de actividades económicas dentro dos limites da
área protegida.
O vínculo das populações tradicionais com os seus territórios estabelece se por meio de
valores de pertence (arraigado), historicamente reproduzidos e expressos em simbologias.
Como a oralidade, os valores e o saber-fazer são transmitidos exercitando e redignificando a
memória popular.
Esta ligação do mundo natural com o social, em comunidades tradicionais, mostra nos que
áreas florestais e roças vão além do olhar de uso somente para subsistência, repercutindo na
esfera da organização simbólica da sociedade em questão. Assim, cognição e acção aparecem
como duas faces de uma mesma moeda, posto que o que está em jogo é a reprodução social e
20
Para o manejo desses mosaicos nas áreas florestais, pode-se ser realizado a inserção de novas
espécies, eliminação de espécies competidoras entre outras técnicas.
Sobre o corte das árvores, alguns moradores mostram uma maior resistência, até mesmo para
uso, falam que acabam usando o que cai no chão, para preservar mais. Outros afirmam que
algumas árvores são necessárias cortar para lenha.
Sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, culturas
agrícolas, pinhos, eucalipto, forrageiras em uma mesma unidade de manejo, de acordo com
arranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e interacções entre estes
componentes, (CONAMA, 2010).
Da floresta natural, densa e extensa, que foi o berço do homem primitivo, à floresta dos
nossos dias, houve sempre uma ligação muito estreita, umbilical, entre a História dos Homens
e a História das Florestas. Desta longa e íntima co-habitação surgiram representações
simbólicas, saberes e práticas, religiões e mitologias, moldaram-se paisagens e
desenvolveram-se poderosas manifestações artísticas que fizeram da floresta, a par da sua
dimensão económica, social, recreativa e ambiental, um importante património histórico e
cultural, (CONAMA, 2010).
O desenvolvimento das sociedades humanas fez-se quantas vezes à custa das florestas, contra
as florestas. Um longo processo histórico de desarborização e de rearborização marcou, desde
tempos imemoriais, a acção modeladora e tantas vezes destruidora do homem – das florestas,
as florestas têm uma representação fortíssima na nossa vida cultural, científica e cultural do
contacto do homem com a natureza e os espaços florestais; a relação afectiva e cultural do
homem com os objectos do quotidiano em madeira e cortiça, cada vez mais símbolos de
qualidade e conforto; as manifestações artísticas, literárias, musicais, escultóricas e outras,
inspiradas pela árvore e pela floresta; e ainda a sua carga religiosa, mística e simbólica, tão
vincada nas culturas celtas e na tradição, (Iden, 2000).
As árvores e as florestas são um dos temas simbólicos mais ricos e generalizados em todos os
tempos e culturas: árvores o símbolo da vida, do carácter cíclico da evolução cósmica,
consagradas aos deuses, símbolo de uma família, de uma cidade, de um povo, de uma nação,
símbolo de fecundidade ou de segurança, símbolo político ou, ainda, fonte inesgotável de
mitos, crenças, lendas, fábulas e contos de fada. As plantações simbólicas de árvores,
comemorativas de figuras e acontecimentos, têm tradição.
Para CONAMA (2010:14), das várias medidas para a valorização e preservação florestal, a
comunidade contribui de forma mais importante, e apresenta as seguintes medidas:
Neste capítulo, são discutidos os métodos de investigação usados durante a pesquisa, onde, de
forma separada, estão identificados detalhadamente os métodos (de abordagem e de
procedimento) usados na recolha e processamento de dados. Ainda no desenvolvimento deste
capítulo estão apresentadas as técnicas, ou seja o instrumento que auxiliou os métodos acima
referenciados, na aquisição da informação necessária para o desenvolvimento da pesquisa.
3. Métodos
Método representa um procedimento racional e ordenado (forma de pensar),
constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar a reflexão e
anexperimentação, para proceder ao longo do caminho (significado
etimológico de método) e alcançar os objectivos preestabelecidos no
planeamento da pesquisa projecto, (GARCIA, 1998).
Significa que se está perante uma pesquisa centrada na compreensão do fenómeno em estudo,
de forma subjectiva, sem controlo sobre o objecto de estudo, obtendo dados próximos dos
agentes da pesquisa, procurando a descoberta e exploração do objecto de estudo a partir da
realidade destes, ou seja, o conhecimento surge de dentro para fora.
Escolheu-se este tipo de pesquisa porque a finalidade deste estudo passou pelo
desenvolvimento, esclarecimento e modificação de conceitos e ideias, tendo em vista a
24
O método de abordagem que foi usado na presente pesquisa para alcançar os objectivos pré-
estabelecidos é o indutivo.
Segundo LAKATOS & MARCON (1992:110), método indutivo é um processo mental por
intermediário do qual partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se
uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.
Essa generalização não ocorreu por meio das escolhas, a prior, das respostas, sendo que estas
devem ser repetidas, geralmente baseadas na experimentação. Isso significa que a indução
parte de um fenómeno para chegar a uma ordem geral por meio da observação de
experimentação, descobrindo-se a relação existente entre dois fenómenos para se generalizar.
dum estudo de caso e este método permitiu ao pesquisador manter um contacto com a área de
estudo, através da observação de determinadas componentes da pesquisa.
O autor usou este método pelo facto de possibilitar o estudo comparativo de grandes
agrupamentos sociais, separados pelo espaço e pelo tempo. É que se realizaram os estudos
comparando diferentes culturas ou sistemas políticos. Dizer que podem também ser
efectivadas pesquisas envolvendo padrões de comportamento familiar ou religioso de épocas
diferentes.
Entretanto, este método ajudou o autor a fazer a comparação dos fenómenos entre o antes e o
depois, pois, só assim, é que foi fácil perceber as mudanças que ocorreram nesta área, num
dado período e sob mesmos fenómenos.
De acordo com GIL (2002:44), Método Bibliográfico é desenvolvido com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Este método serviu de um grande suporte do autor para a materialização da pesquisa, pois,
para a formulação da revisão literária foi necessária a consulta de material já elaborado. Mas
26
também em caso de alguma dúvida ou dificuldade na área de estudo, o autor teve que recorrer
a este material. Em suma, para o desenvolvimento do tema, fez-se o uso de várias consultas
bibliográficas.
Entretanto, este método permitiu o autor no uso de mapa e ilustrações sobre a localização do
distrito em estudo e de outros fenómenos referentes ao distrito.
Com recurso a este método, o autor fez um estudo profundo sobre o tema, possibilitando
maior transparência na obtenção dos resultados. Ou seja, tendo em conta que o autor não é a
primeira pessoa a fazer um estudo sobre este problema (existem casos semelhantes). A partir
destes casos semelhantes e da realidade da área em estudo foi possível fazer um estudo
detalhado e aprofundado.
As técnicas usadas nesta pesquisa, para a colecta de dados, foram: entrevista e a observação
directa.
3.2.1. Entrevista
Segundo MERIA (1985:43), é uma conferência entre duas pessoas em local e hora
antecipadamente combinados, ou é uma conversa efectuada entre dois ou mais
interlocutores, de modo a obter uma determinada informação.
27
Segundo CHALMERS (1997:49), a observação produz uma base firme e objectiva da qual o
conhecimento pode ser derivado.
Amostra para este estudo foi de 30 elementos compostos por moradores e especialista desta
área, isto é, 29 moradores incluindo 1 líder da área em estudo no Posto Administrativo de
Mussa-Distrito de Chimbunila, e 1 especialista da área florestal.
28
Entretanto, foram seleccionados 29 moradores para amostra pelo facto de viverem todas as
transformações que se verificam naquele posto e ninguém mais como eles possa descrever
com clareza a sua participação na preservação florestal. Entretanto, a escolha do líder deveu-
se pelo facto de ser o responsável e o mais antigo morador da área, ele também de forma
exacta e detalhada fez a descrição do fenómeno, e a escolha de um (1) especialista da área
florestal derivou-se a especialização da área ou seja, é um conhecedor da área e deu um
grande contributo sobre o problema em estudo.
Pretende-se com este capítulo apresentar os resultados da pesquisa, de forma sucinta. Nesse
capítulo vai se apresentar a caracterização da área em estudo.
Segundo Dicionário Aurélio (2014:354), vegetação é Conjunto de plantas que cobrem uma
região. Não se congregam ao acaso, varia bastante, conforme o clima e o solo, donde
30
existirem tipos muito diversos e fauna é conjunto dos animais próprios de uma região ou de
um período geológico.
c) Clima
do ano: uma chuvosa e outra seca. A estação chuvosa vai de Outubro a Março e a estação seca
de Abril a Setembro. No período seco (Inverno), que vai de Abril a Setembro, a temperatura
média, na província, varia de 15 a 25 graus centígrados e no período chuvoso (verão), que vai
de Outubro a Março, eleva-se a mais de 25 graus centígrados, raramente superando, contudo,
os 30 graus centígrados, (MAE, 2005).
d) Relevo
e) Solos
A avaliar a distribuição espacial dos solos e das plantações florestais ora estabelecida neste
distrito, conclui-se que estão povoados maioritariamente solos vermelhos de textura média
profundos com ocorrência de solos líticos.
f) Hidrografia
A hidrografia do local de estudo, apresenta cursos de água que estão mais próximos do posto,
assim como do Distrito, onde localiza-se o rio Chimbunila, está localizado no Oeste, na
entrada da sede do Distrito e Namicher está localizado no Este do distrito, este primeiro nome
originou o próprio distrito no local em estudo, (MAE, 2005).
h) Área económica
Outras actividades económicas praticadas pelas populações da área em estudo são a produção
de lenha e carvão, a venda de postes e estacas e de outros produtos comestíveis provenientes
da floresta. Assim, para além da prática da comercialização, quase que todos os bens e
produtos são de importância vital para o dia-a-dia dessas comunidades. A base de alimentação
é essencialmente determinada pelos produtos agrícolas e florestais. A lenha e o carvão são as
principais fontes para a confecção de alimentos e aquecimento. De uma forma geral, as casas
e outros tipos de abrigos são construídos com material oriundo da vegetação local.
33
Este capítulo apresenta aspectos relacionados com os resultados obtidos na pesquisa que a
partir dos mesmos resultados, houve discussão dos dados em torno às entrevistas feitas, isto é,
a empresa florestal que está em projecto de preservação florestal ao nível do distrito de
Chimbunila, assim como no Posto Administrativo de Mussa, foram seleccionados uma média
de amostra de 30 elementos dos quais (1) um agente técnico florestal (especialista) que faz
parte na área de plantação, (1) secretário do bairro e 28 comunidades locais.
As técnicas tradicionais, assim como convencionais, já vinham sendo usadas pela comunidade
desde os seus primeiros momentos de vida na face da Terra, como é o caso das seguintes:
Com base na entrevista feita, em que se procurava perceber sobre as técnicas utilizadas pela
comunidade do Posto Administrativo de Mussa, na preservação das suas florestas, ficou-se a
saber que: Não se deve fazer abate indiscriminado das árvores. Para esta técnica, durante a
entrevista, a comunidade frisou que esta prática vinha provocando o desagrado no seio da
comunidade visto que as árvores florestais eram derrubadas de uma forma inadequada, assim
existem medidas de sanções para aquelas pessoas que forem encontradas a fazer o abate
indiscriminado das próprias árvores, cujas medidas são tomadas pelo secretário, líder
comunitário do bairro ou mesmo da comunidade em geral para melhor conservação das suas
florestas, assim como da sua tradição local.
Durante a entrevista, a comunidade disse que tem feito vedação das árvores históricas, visto
que estas plantas são históricas para a comunidade tradicional e, esta técnica também é feita
pelo secretário da comunidade ou mesmo pelos líderes comunitários para melhor gestão dos
seus recursos florestais.
Percebeu-se também que a comunidade tem feito abertura de aceiros ao redor das floresta,
esses aceiros têm uma dimensão de 3 a 4 metros de distância, para evitar que em caso de
queimadas descontroladas possa afectar as florestas. Esta técnica tem se verificado muito mais
34
nos períodos de preparação da terra para a prática agrícola, isto no início do mês de Agosto.
Contudo, as queimadas provocadas pelo homem têm se generalizado na comunidade, até a
ponto de terem modificado o período de rotação, a frequência e a intensidade do fogo nas
florestas, a comunidade acrescentou que essas acções têm importantes impactos nos índices
de sobrevivência das sementes e das plantas mais jovens, isto nas florestas. Assim, a
comunidade é responsável na transmissão destes conhecimentos.
Com base na entrevista, procurando saber sobre as técnicas convencionais utilizadas pela
comunidade, alguns dos entrevistados apontaram as seguintes técnicas: Uso racional dos
recursos florestais, eles salientaram que com esta capacidade de racionalizar os recursos
florestais, permitirá melhor valorização da sua tradição para que não seja esquecida, visto que
as florestas ainda vão manter com as mesmas espécies florestais até as gerações futuras, esta
técnica também permite a protecção ambiental da comunidade, em face da crescente
demanda, como a potencialização de novas possibilidades de oferta ambiental, adquirem
importância extraordinária, cuja influência sobre o desenvolvimento se torne cada vez mais
relevante. Uma abordagem básica relacionada às preocupações da comunidade no uso
racional dos recursos florestais, constitui-se na utilização positiva do meio ambiente, no
processo de desenvolvimento, isto é, da valorização de recursos que ainda não haviam sido
incorporados à actividade económica. Num dado momento histórico, os conhecimentos
técnicos convencionais permitem uma utilização dos recursos socialmente aceitáveis para a
comunidade.
Acrescentaram que tende a apoiar as empresas que operam de forma a minimizar os danos
ambientais, este apoio tem sido, por vezes, de sua mão-de-obra ajudando na vedação das
florestas e tem recebido remuneração na sua ajuda, também tem incentivado a outra
comunidade na explicação da importância das florestas, e encorajar a comunidade a viver de
um bom modo que não machuque o ambiente, isto em forma de palestras que os secretários
dos bairros têm feito. Estas técnicas são todas elas do conhecimento da comunidade em geral,
visto que quem não cumpre sofre, por vezes, punições, estas punições têm sido de prisão ou
mesmo multas estabelecidas.
35
Nesta questão 01, onde se procurava saber da comunidade do Posto de Mussa sobre as
técnicas tradicionais e convencionais para preservação das suas florestas, dos 30
entrevistados, 27 que corresponde a 88%, disseram que a comunidade tradicional daquele
Posto Administrativo usa algumas técnicas tradicionais e convencionais para preservar as suas
florestas, tendo mencionado as seguintes técnicas: não fazer abate indiscriminado das árvores
ou por outra o desmantamento das árvores, os mais velhos deixam sinais nas áreas históricas,
vedação das suas árvores históricas, em caso de alguém da comunidade precisar algumas
árvores florestais deve ir ao encontro do secretário do bairro explicar o que pretende com as
árvores daí que pode ter autorização de abater, mas tem que plantar uma árvore em forma de
substituição, incentivar a comunidade na explicação da importância das mesmas florestas para
a sua vida social. A comunidade tem feito algumas picadas (caminhos) ao redor das florestas
para evitar que em tempos de queimada das machambas não possa afectar as florestas, tem
apoiado a empresa Chikweti Forests of Niassa, em seus ensinamentos tradicionais, o uso
racional dos recursos florestais, abertura de aceiros ao redor das florestas, os mesmos
entrevistados afirmaram que nem toda a comunidade adere à estas técnicas, e (3) dos
entrevistados corresponde a 12% disseram que não aderem a nenhuma técnica tradicional
assim como convencional para a preservação das florestas, devido a falta de informação, no
que diz respeito ao mesmo assunto, como mostra o gráfico 1:
Font
e: Autor, (2016).
36
Os dados em estudo dão a entender que grande parte da população que corresponde a 88%
conhecem as técnicas tradicionais e convencionais para a preservação florestal, e os mesmos
dados justificam que a comunidade do Posto Administrativo de Mussa está envolvido
directamente nos conhecimentos tradicionais e convencionais.
Partindo da entrevista feita à comunidade em estudo, em que se procurava saber das principais
variedades preservadas tradicionalmente, foram apontados: Nbau, Nthubat, Nzozula, Nzulo,
Nzupa, Chambila, Nhenha, Natchaze, Muturro, Umbila e Chanfuta. Estas variedades são de
extrema importância para a comunidade, porque para além das mesmas serem tradicionais,
isto é, invocação dos seus antepassados, pedido de chuva e muito mais, as mesmas árvores
desenvolvem um papel importante no ecossistema, pois são responsáveis por manter
biodiversidade e, também, reduzem a poluição sonora e os ventos, mantendo humidade do ar
e chuvas regulares e fornecem base para produtos como madeiras, além de frutas, flores,
sementes, e fibras para os seus fins.
O secretário do bairro acrescentou que estas árvores ajudam a evitar a erosão do solo, uma vez
que as suas raízes retêm a água das chuvas. Elas ainda ajudam a purificar o ar, capturando as
cadeias de monóxido de carbono, para além de serem reguladoras térmicas, regulam a
humidade de um ambiente, são refúgios para pássaros, macacos e milhares de insectos. No
37
entanto, estas variedades são um conjunto com outras associações vegetais, as florestas
encerram uma grande biodiversidade e garantem o necessário equilíbrio ecológico. Por isso,
essas variedades são reconhecidas como um espaço de importância fundamentalmente para a
manutenção dos valores naturais da comunidade e para a melhoria da qualidade de vida das
populações.
Estas variedades, segundo a comunidade, têm ajudado de grande forma na redução, até 10%,
do consumo de energia por meio do efeito de moderação climática local, promovendo saúde
dos solos e evitam erosão com suas raízes, beleza natural para nossos olhares e almas, e uma
38
A comunidade acrescentou, ainda, que este processo de conservação das principais variedades
florestais consiste em salvaguardar as suas tradições, sua cultura, crença, religião e mitologia.
Este conhecimento de preservar surge da necessidade de aproximar-se dos antepassados, visto
que este conhecimento não pode se apagar no seio daquela comunidade do Posto
Administrativo de Mussa e deve ser transmitido de geração para geração.
No gráfico 2, os menos evidentes que 66,7% têm informação de pequenas quantidades das
principais variedades.
39
Com base na entrevista feita à comunidade sobre o contributo convencional das suas florestas,
ficamos a saber que: não se deve fazer queimadas descontroladas, porque quem fizer e
afectar as florestas sofre uma punição estabelecida pela lei. Desta forma a comunidade tem
40
apoiado o governo da Província de Niassa no controlo desses recursos através dos seguintes
homens, (Polícia de Protecção da Fauna Bravia e Polícias da República de Moçambique) que
coordena com a estrutura e a comunidade local.
Visto que a lei de Florestas e Fauna Bravia e o seu Regulamento reconhecem as comunidades
locais como elementos chave no controlo da exploração e uso dos recursos florestais em suas
zonas de residência. Estes instrumentos legais estabelecem, ainda, o conceito de gestão dos
recursos florestais, livre acesso, direito de exploração para auto-consumo e partilha de
benefícios resultantes da exploração comercial destes recursos por terceiros. O papel das
comunidades locais na fiscalização das florestas e da fauna bravia, é de participar na
formulação e discussão dos instrumentos legais que orientam a gestão dos recursos florestais e
a fiscalização em particular, participa activamente no controlo da exploração florestal em suas
zonas de residência; a comunidade denuncia actos ilegais praticados pelos operadores e
empresas florestais, tendo em conta que são os actores melhor posicionados para detectar e
alertar sobre o uso inadequado ou ilegal dos recursos, participa em campanhas de educação,
divulgação da legislação do sector assim como na implementação ao nível local de boas
práticas de maneio e uso sustentável dos recursos florestais, e aplicam regras tradicionais de
gestão e controlo dos recursos, sempre que for necessário.
Na tentativa de procurar responder esta questão 03, pretendendo saber sobre o nível de
participação da comunidade na preservação das florestas tradicionais, foram entrevistados
no total 30 elementos, dos quais 27, que correspondem a 88% disseram que a comunidade
contribui bastante na preservação florestal para o seu prestígio e, (3), que corresponde a 12%,
afirmaram que contribuem, mas não frequentemente devido as suas ocupações que não lhes
possibilita sempre estar presente.
Dos 27 entrevistados disseram que o seu contributo é de fazer perceber as comunidades sobre
algumas árvores mais importantes nas florestas, como é o caso de Nzulo, esta espécie não se
pode abater mesmo que se encontre seco ninguém pode usar a mesma árvore para seus fins,
como: lenha e carvão, o outro contributo dado pela comunidade é não fazer as queimadas nos
locais próximo das florestas locais, a comunidade preserva todas as florestas míticas.
A comunidade acrescentou que este todo contributo ajuda a mesma a perceber o seguinte:
algumas árvores preservadas são utilizadas, as suas raízes, para a cura de várias doenças
tradicionais. A árvore Nzulo tem a grande importância na comunidade, porque quando a
comunidade quer ir a caça, seja de pesca assim como de animais selvagens, a comunidade vai
41
debaixo da árvore um dia antes para pedir sobre ela da sua saída, também serve para pedir as
chuvas, e boa produção. Nesta comunidade o controlo das florestas é feita pela estrutura local,
régulos, seus secretários, líderes comunitários, polícias comunitários, ou seja toda a
comunidade é responsável pelo controlo das florestas.
Fica claro que na comunidade do Posto Administrativo de Mussa, para além de existir as
normas locais de protecção florestal, o governo da Província de Niassa também faz o controlo
dos mesmos recursos através da Polícia de Protecção da Fauna Bravio e Polícia da República
de Moçambique que coordena com a estrutura e a comunidade local.
Assim a comunidade contribui na preservação das florestas porque nela encontra aquilo que
são os seus valores culturais, tradicionais que os permite encaminhar aquilo que é a sua
tradição ou prestígio.
A comunidade local com estes saberes deve saber transmitir estes conhecimentos para a
geração futura, para que esta prática não seja vista como algo novo no seio da “comunidade
do amanhã”.
A comunidade tradicional não deve estar ínsita dos conhecimentos convencionais, visto que
estes ajudam a auxiliam os seus conhecimentos na melhor gestão da valorização das florestas
tradicionais e a comunidade deve manter-se informada, e que nos tempos de preparação da
terra para actividade agrícola, todos tenham o conhecimento de que as queimadas não devem
ser feitas ao redor das florestas, caso contrário no acto da queimada devem estar por perto
para que o fogo não se alastre para as florestas.
Com base na observação feita, propõem-se a melhoria da infra-estrutura social como hospital,
fonte de água e estradas, provida pelas empresas florestais que também influenciam na
mudança de classe social das famílias (NUBE, 2013). O desenvolvimento florestal
43
Interpondo as ideias dos autores, dizer que o governo deve estar a par com as comunidades
tradicionais naquilo que são as suas práticas, isto é, o melhoramento das vidas sociais dentro
da comunidade na área em estudo. As empresas florestais podem ajudar a melhorar a vida das
comunidades nos locais florestais, através da oferta da empregabilidade social, e haverá o
melhoramento na área das infra-estruturas, vias de acesso, água potável, hospitais e outros
recursos que as empresas podem oferecer durante o processo das suas actividades. O governo
deve proteger os conhecimentos tradicionais e convencionais porque podem ser vistos como
condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e económica, utilizando
conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição. A melhoria das
casas associa se a entrada ou a presença das empresas florestais, pois as mesmas oferecem
empregos às pessoas e, as pessoas com o trabalho formal agregam renda fixa ao rendimento
da família e encaram como oportunidade o melhoramento das suas casas.
44
6. Conclusões
O contributo da comunidade para a preservação florestal para o seu prestígio, a menor parte
da comunidade afirmou não ter contribuído frequentemente devido às suas ocupações
laborais, mas a maior parte contribui na transmissão dos seus conhecimentos para os mais
novos, não abatendo algumas espécies de árvores, as florestas tradicionais, para além de ser
um lugar onde depositam os seus restos mortais, têm algumas espécies de árvores que são
históricas alias, é onde os régulos vão debaixo delas pedir os seus propósitos aos
antepassados.
7. Sugestões
Constatações:
A comunidade local reclama pela falta de responsabilidade social por parte da empresa;
Existem problemas que são difíceis de se resolver, isto é, foram suspensos alguns
trabalhadores e que até ao momento ainda não foram pagos os seus salários, o que deixa a
sociedade preocupada;
A comunidade pede ao governo para que tenha um tempo suficiente para assistir as suas
actividades tradicionais e convencionais, visto que algumas vezes tem passado
dificuldades.
Recomendações ao Governo:
Comunidade tradicional:
Bibliografia
DUPAS, G. Meio ambiente e crescimento económico: tensões estruturais. São Paulo: Editora
UNESP, 2008.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 2. Ed. São Paulo, Atlas, 1989.
48
GIL, A. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª Ed. São Paulo, Altas, 2006.
___________. Como elaborar projecto de pesquisa. 4aed., Editora Atlas São Paulo, 1999.
KASTRUP, Virginia. Psicologia e Sociedade – The funtioning of attention in the work: Using
cartographic method. 2010.
Apêndices