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Amílcar Pereca Manuel

A Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade na Preservação


Florestal: Estudo de Caso de Posto Administrativo de Mussa-Distrito de
Chimbunila (2012-2015)

Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitações em Ensino de História

Universidade Pedagógica

Lichinga

2016
iii

Amílcar Pereca Manuel

A Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade na Preservação Florestal:


Estudo de Caso Posto do Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila (2012-2015)

Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitações em Ensino de História

Monografia Científica, a ser entregue ao


Departamento de Ciências da Terra e
Ambiente, Curso de Geografia, para
obtenção do grau académico de
Licenciatura em Ensino de Geografia com
habilitações em Ensino de História.

Supervisor: dr. Francisco Banda Cataua

Universidade Pedagógica

Lichinga

2016
iv

Índice
Dedicatória.............................................................................................................................iv

Agradecimentos.......................................................................................................................v

Declaração de honra...............................................................................................................vi

Resumo..................................................................................................................................vii

Lista de siglas.......................................................................................................................viii

Lista de gráficos e figuras (imagens).....................................................................................ix

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................10

1. Contextualização............................................................................................................10

1.1. Problematização.........................................................................................................11

1.2. Objectivos do trabalho:..............................................................................................12

1.2.1. Objectivo geral.......................................................................................................12

1.2.2. Objectivos específicos:...........................................................................................12

1.3. Hipóteses........................................................................................................................12

1.4. Delimitação da área em estudo.......................................................................................13

1.5. Justificativa.....................................................................................................................13

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................15

2. Conceitos básicos...........................................................................................................15

2.2. Técnicas tradicionais e convencionais utilizadas pela comunidade para a preservação


das florestas...........................................................................................................................18

2.3. Principais variedades florestais preservadas pela comunidade..................................20

2.4. O contributo da comunidade na preservação florestal...............................................21

2.5. Medidas para a valorização e preservação florestal...................................................22

CAPÍTULO III: METODOLOGIA..........................................................................................23

3. Métodos..........................................................................................................................23

3.1. Método de Abordagem...............................................................................................24

3.1.1. Método indutivo.....................................................................................................24


v

3.1.2. Métodos de procedimentos.....................................................................................24

3.1.3. Método Estatístico – Matemático...........................................................................25

3.1.4. Método comparativo...............................................................................................25

3.1.5. Método Bibliográfico.............................................................................................25

3.1.6. Método cartográfico...............................................................................................26

3.1.7. Método monográfico..............................................................................................26

3.2. Técnicas de recolha de dados.....................................................................................26

3.2.1. Entrevista................................................................................................................26

3.2.2. Observação directa.................................................................................................27

3.3. Universo ou população e amostra..............................................................................27

3.4. Procedimentos para análise e interpretação de dados................................................28

CAPÍTULO IV: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.........................................29

4. Localização geográfica do Posto Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila....29

4.1. Aspectos físico-geográficos.......................................................................................29

CAPÍTULO V: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA


...................................................................................................................................................33

5. Técnicas tradicionais e convencionais utilizadas pela comunidade...............................33

5.3. Principais variedades preservadas pela comunidade..................................................36

5.4. A contribuição da comunidade na preservação florestal............................................39

5.5. Medidas para a valorização da contribuição tradicional e convencional...................42

CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES..................................................................44

6. Conclusões.....................................................................................................................44

7. Sugestões........................................................................................................................45

Bibliografia...............................................................................................................................47

Apêndices..................................................................................................................................49
iv

Dedicatória
À minha mãe, Filomena Muera Manuel, aos meus irmãos e demais familiares!
v

Agradecimentos

A Deus, pelo dom da vida que me concedeu, e pela saúde que me tem proporcionado em
todas as etapas da minha vida. Aos meus pais, sobretudo à minha mãe, Filomena Muera
Manuel, que muito fez para que eu pudesse chegar onde cheguei, tendo me ajudado em todas
as vertentes, através de vários conselhos que me foram bastante úteis ao longo desta
caminhada académica. Aos meus irmãos, Dulce Paula Muchanga, José Mundindiripo Manuel,
agradecer também à minha namorada Maria Mucheape, que esteve perto durante a minha
caminhada académica, e aos demais familiares.

Ao dr. Francisco Banda Cataua, meu supervisor, pela orientação e paciência na colaboração e
execução do presente trabalho.

Ao Departamento de Ciências de Linguagem, Comunicação e Artes, especialmente ao Msc.


António Chicumba Cuatuacha, pela correcção linguística da minha Monografia Científica.

A todos docentes do Departamento de Ciências de Terra e Ambiente, em particular aos do


Curso de Geografia, que foram determinantes na minha formação. Não menos importantes,
também, são os meus agradecimentos às estruturas da comunidade de Mussa, por terem
colaborado e facilitado nas minhas entrevistas com vista a obter as informações necessárias
para o desenvolvimento da presente pesquisa.

Aos meus colegas da turma e, ainda, amigos para toda vida, nomeadamente: Lourenço
Sairosse Arone, Carlos Panganai, Nito Mijai, Afoso Mulungo, Adolfo Chianaia, Jorge
Cavarro, Elísio Cézar, Ossumane Juma, Dulcio Plácido, Óscar Apilosse, Dulce Nuro, Ester
Salomão, Nélio Bonomar e Sergina que estiveram sempre presentes em todos os momentos da
minha vida estudantil.
vi

Declaração de honra

Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na Bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a
obtenção de qualquer grau académico.

Lichinga, aos ______de ______________ 2016

O Candidato

____________________________________

Amílcar Pereca Manuel


vii

Resumo

A presente Monografia Científica é intitulado “A Contribuição Tradicional e Convencional da


Comunidade na Preservação Florestal: Estudo de Caso do Posto Administrativo de Mussa-Distrito de
Chimbunila (2012-2015) ”, a escolha deste tema deve-se na necessidade de mostrar o papel da
comunidade na preservação dos recursos florestas daquele Posto Administrativo, visto que grande
parte de pesquisas do género centra-se no contexto das comunidades urbanos. Assim, surge como
necessidade do autor o estudo desta área, visto que é menos explorado. Salientar que o trabalho tem
como objectivo geral: Analisar o nível de contribuição tradicional e convencional da comunidade na
preservação florestal, e específicos: Descrever as técnicas tradicionais e convencionais utilizadas pela
comunidade do Posto Administrativo de Mussa para a preservação das florestas; Identificar as
principais variedades preservadas de forma tradicional e convencional pela comunidade do Posto
Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila; Demonstrar o contributo da comunidade na
preservação florestal para o seu prestígio e Propor medidas para a valorização da contribuição
tradicional e convencional na comunidade na preservação florestal. Facto que suscita o autor da
pesquisa a avaliar o contributo da comunidade na participação da preservação das florestas, visto que
as florestas tradicionais daquele Posto Administrativo, são tratadas de forma poderoso na preservação
das suas culturas e práticas tradicionais. Metodologicamente a presente Monografia Científica, fez-se
com o recurso, à revisão bibliográfica, onde são conjugadas diversas visões de autores que abordam
com o assunto em estudo, e trabalho de campo onde se apresentaram as formas de contribuição
tradicional e convencional da comunidade de Mussa na preservação das florestas. Assim, o presente
trabalho percebe-se que a comunidade local, do Posto Administrativo de Mussa, esteve sempre
presente, em todo o tempo, na contribuição tradicional e convencional da preservação florestal, visto
que as mesmas florestas são preservadas de geração para geração, permitindo, assim, mater a tradição,
e cultura dos antepassados.

Palavras-chave: Contributo, Comunidade local, Floresta, Posto Administrativo Mussa.


viii

Lista de siglas

INE-Instituto Nacional de Estatísticas


SPGC-Serviços Provinciais de Geografia e Cadastro
MAE-Ministério de Administração Estatal
APUD-Citado Por
IDEM-Ibidem
ENR-Estratégia Nacional de Reflorestamento
PFFB-Polícias Florestas e Fauna Bravia
ix

Lista de gráficos e figuras (imagens)

a) Figuras (imagens)
Figura 1: Vegetação do Posto Administrativo de Mussa…………………………………….30
Figura 2: Variedades convencionais…………………………………………………………37
Figura 3: Floresta tradicional da comunidade tradicional de Mussa………………………...41

b) Gráficos

Gráfico 1: As técnicas tradicionais e convencionais utilizadas……………………………...35


Gráfico 2: Principais variedades preservadas de forma tradicional…………………………38
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Contextualização

A gestão das florestas constitui um desafio para toda a humanidade em que os recursos
florestais, a nível mundial, constitui importante fonte de riqueza, pois, o seu impacto para a
garantia do bem-estar e da saúde pública somente será atingido por meio de conhecimentos
das interacções recíprocas dos organismos, portanto, faz-se necessário conhecer o que vem
sendo abordado na área da ecologia da população de plantas desta espécie, para que
programas de conservação e manejo sustentáveis possam ser propostos e executados,
garantindo, assim, a existência dessas populações.

Em Moçambique um dos recursos mais usado pela comunidade local dentro de um


ecossistema florestal é o combustível lenhoso, que é uma fonte de energia, particularmente,
para as populações rurais e urbanas (camadas pobres). O seu uso é importante para outros os
sectores públicos de interesses como: ambiente, saúde pública, desenvolvimento rural,
emprego, etc. Por isso, o governo deve estar envolvido no planeamento de energia lenhoso.
Os efeitos directos da falta do planeamento de energia lenhosa podem ser cruciais para os
grupos pobres, pois resulta na exploração e da intervenção ineficiente do governo.

A contribuição da comunidade de Mussa na preservação florestal visa defender os prestígios,


a honra, os mitos, e a cultura dos antepassados, cuja preservância necessita de um
acompanhamento contínuo da comunidade, isto é, os conhecimentos são transmitidos de
geração para geração de modo a garantir a melhoria na conservação das florestas,
contribuindo para o desenvolvimento local.

A presente Monografia Científica, intitulada “A Contribuição Tradicional e Convencional da


Comunidade na Preservação Florestal: Estudo de Caso Posto do Administrativo de Mussa-
Distrito de Chimbunila (2012-2015) ”, enquadra-se na linha de pesquisa da Educação e
Desenvolvimento Sustentável, surgindo, assim, na perspectiva de obtenção do grau académico
de Licenciatura em Ensino de Geografia com habilitações em História.

O trabalho tem por objectivo, descobrir algo que tem a ver com a contribuição da comunidade
local na preservação das florestas, daí que constitui um instrumento-chave na protecção e
conservação dos recursos florestais de Mussa.
11

Metodologicamente a presente Monografia Científica, fez-se com o recurso, à revisão


Bibliográfica, onde são conjugadas diversas visões de autores que abordam acerca do assunto
em estudo, e trabalho de campo onde foram apresentadas as formas de contribuição
tradicional e convencional da comunidade de Mussa na preservação das florestas.

A monografia está estruturada em seis (6) principais capítulos, a destacar: Capítulo I:


apresenta introdução, delimitação do tema, objectivo geral, objectivos específicos, hipóteses
da pesquisa e a estrutura do trabalho. Capítulo II: arrola conteúdos inerentes aos
procedimentos metodológicos usados no trabalho, a saber: metodologia, tipo de pesquisa,
técnica de pesquisa, selecção da população, amostra e os respectivos instrumentos de recolha
de dados. Capítulo III: centra-se na revisão literária, onde é apresentado o enquadramento
teórico e são conjugadas diversas visões de autores que abordam acerca do assunto em estudo.
Capítulo IV: é constituído pela descrição da área em examinação, no âmbito físico-
geográfico, e a respectiva localização geográfica. Capítulo V: são apresentadas as técnicas
tradicionais e convencionais para a preservação florestal, nesse capítulo são analisados e
discutidos os resultados da pesquisa; e o Capítulo VI: apresenta as conclusões da pesquisa,
sugestões, por fim são apresentadas as referências Bibliográficas e apêndices.

1.1. Problematização

Em Moçambique a silvicultura desempenha um papel importante, do ponto de vista


económico, social e ambiental, onde espécies exóticas de rápido crescimento foram
introduzidas. Importa referir que, a não preservação das florestas traz consigo enormes
consequências drásticas, cujas estas apresentam muitas deformações ambientais: destruição da
biodiversidade, erosão e empobrecimento dos solos, enchente e assoreamento dos rios,
diminuição dos índices pluviométricos, elevação das temperaturas, desertificação,
proliferação de pragas e doenças.

As consequências da devastação das florestas são a destruição e extinção de diferentes


espécies. A devastação e o desmantamento florestal é o progresso dos processos de erosão, as
árvores de uma floresta tem uma função de proteger o solo, para que as águas das chuvas não
passe pelo tronco e infiltre no subsolo, ela também diminui a velocidade do escoamento
superficial, e evita o impacto directo das chuvas como o solo e as suas raízes ajudam a retê-lo
evitando a sua desagregação.
12

O Distrito de Chimbunila por se situar a 15 quilómetros da Cidade de Lichinga e pelo facto de


ser rico em espécies florestais, sofre grande pressão de exploração irracional da biomassa
lenhosa (carvão vegetal) para vários fins e principalmente para atender as necessidades da
comunidade local e da Cidade de Lichinga.

O Distrito de Chimbunila é apontado como sendo um dos fornecedores de lenha e carvão


vegetal, sem precaver os problemas que advêm no uso irracional deste precioso recurso,
assim, perante esta situação o autor da pesquisa coloca a seguinte questão:

 Qual é a contribuição tradicional e convencional da comunidade do Posto


Administrativo de Mussa na preservação florestal no Distrito de Chimbunila?

1.2. Objectivos do trabalho:

O trabalho apresenta cinco objectivos, dos quais um é geral e quatro específicos.

1.2.1. Objectivo geral


 Analisar o nível de contribuição tradicional e convencional da comunidade na preservação
florestal.

1.2.2. Objectivos específicos:


 Descrever as técnicas tradicionais e convencionais utilizadas pela comunidade do Posto
Administrativo de Mussa para a preservação das florestas;
 Identificar as principais variedades preservadas de forma tradicional e convencional pela
comunidade do Posto Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila;
 Demonstrar o contributo da comunidade na preservação florestal para o seu prestígio;
 Propor medidas para a valorização da contribuição tradicional e convencional na
comunidade na preservação florestal.

1.3. Hipóteses

Para GOOD & HATT (1969:75) apud GIL (1989:60), hipótese é uma proposição que pode
ser colocada a prova para determinar a sua validade.

No desfecho de um problema de pesquisa científica, o autor esboça as possíveis respostas que


constituem hipóteses.
13

Assim, esta ordem de ideia e de acordo com o problema levantado, pressupõem-se que:

 As técnicas tradicionais e convencionais utilizadas pela comunidade para a preservação


das florestas podem estar directamente ligadas com mitos, regras, cultura, valores,
conhecimentos, e o plantio das árvores que definem a maneira e período como tais
recursos serão utilizados, podendo ser considerados elementos culturais regulatória;
 Provavelmente que as principais variedades preservadas, de forma tradicional e
convencional pela comunidade, sejam todas as árvores de grande porte, assim como as
florestas míticas, em que aproveitam invocar os espíritos dos antepassados para o
benefício da comunidade;
 É possível que a comunidade tradicional tenha convocado o seu povo mensalmente para
uma palestra que visa transmitir os conhecimentos dos antepassados, de geração para
geração, de forma a garantir a preservação das áreas míticas para o seu prestígio;
 A valorização dos conhecimentos tradicionais, protecção aos conhecimentos tradicionais e
convencionais, pode ser visto como condição para sua reprodução cultural, social,
religiosa, ancestral e económica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas geradas e
transmitidas pela tradição.

1.4. Delimitação da área em estudo

MARCONI & LAKATOS (1990:27), refere que delimitar a pesquisa é estabelecer limites
para a investigação.

Interpondo as ideias dos autores supra citados, delimitar uma pesquisa é referir ou dar limites
em função da área de actuação, de modo a ser mais preciso à pesquisa e não vago, em relação
ao local que se pretende estudar. Assim, a presente pesquisa limitar-se-á no estudo da
Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade na Preservação Florestal, isto, no
Posto Administrativo de Mussa – Distrito de Chimbunila (2012-2015), visto que é neste ponto
de referência em estudo, através da contribuição da comunidade local na preservação florestal
e a conservação do meio ambiente, ajuda bastante na preservação das florestas existentes.

1.5. Justificativa

O interesse pela pesquisa sobre “A Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade


na Preservação Florestal: Estudo de Caso do Posto Administrativo de Mussa-Distrito de
14

Chimbunila (2012-2015)” surge da necessidade de mostrar o papel da comunidade na


preservação dos recursos florestas daquele Posto Administrativo, visto que grande parte de
pesquisas do género centra-se no contexto das comunidades urbanos.

Constituiu motivo da escolha deste tema, o facto de que o autor desejou estudar a
Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade de Mussa na preservação dos
recursos florestais, visto que os mesmos recursos trazem alguns benefícios para a mesma
comunidade. Um outro motivo relevante na escolha desta temática de pesquisa, para o autor,
reside ao facto de não existir nenhum trabalho científico que aborda sobre o tema em alusão.

A relevância do tema reside no facto dos resultados poderem constituir mais um ponto de
reflexão sobre a Contribuição Tradicional e Convencional da Comunidade na Preservação
Florestal: Estudo de Caso do Posto Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila (2012-
2015), também, a partir dos resultados que foram alcançados pela pesquisa pensa-se que
poderão contribuir para a identificação e diversificação das formas de participação de mais
contribuições tradicionais das comunidades na preservação florestal a nível da província,
assim como do país.

Portanto, o trabalho poderá contribuir de forma significativa para a Comunidade de Mussa, na


medida em que foi se fazendo um estudo de campo a mesma comunidade se beneficiara de
algumas medidas propostas no trabalho para melhor preservação dos seus recursos florestais,
permitindo assim a boa preservação florestal.

Os resultados que foram obtidos nesta pesquisa, constituíram mais um documento que virá
aumentar o nível de conhecimento científico relacionado com o assunto em estudo e com a
matéria pesquisada no campo.
15

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, são arroladas abordagens de diferentes autores sobre o objecto de estudo, bem
como a fundamentação da teoria de base e a operacionalização dos conceitos seleccionados
para este estudo.

2. Conceitos básicos
Pretende-se com este trabalho dar alguns conceitos básicos de vários autores, que discutem ao
redor do tema em questão.

a) Floresta

Segundo DUPAS (2008:86), Floresta é a comunidade vegetal que abrange pelo menos uma
diversidade de árvores. Ou é a cobertura vegetal que pode nos dar madeira, habitat dos
animais e participa no regime hídrico ou precipitação.

Para BREUGEL (2007:43), florestas são entendidos como sendo um ecossistema no qual as
árvores ocupam um lugar predominante.

Interpondo as ideias dos autores, é um sistema natural dominado por espécies arbóreas, com
diversas espécies vegetais arbustivas e herbáceas e habitada por diferentes espécies animais,
formando uma estrutura complexa (ecossistema formado por solo, plantas e animais).

O termo estrutura de florestas implica na ocupação espacial dos componentes


de uma massa vegetal, e para determiná-la como caracterização
multidimensional da vegetação faz-se necessário conhecer a percentagem de
plantas que apresentam certo tipo biológico e quantificar as funções que se
encontram representadas na população, (CONAMA, 2010).

As florestas representam uma determinada dimensão para as populações rurais, que vivem
dentro ou próximo de maciços florestais. Para as populações urbanas, elas representam um
refúgio. A valoração das florestas passa pela obrigatória via dos mercados, organizar e
aumentar a produtividade das espécies florestais nativas é uma forma de garantir um destaque
para os produtos regionais, no mercado global.

b) Comunidade local

Segundo FERRÃO (2009:72) a comunidade local é um conjunto ou agregado de pessoas


funcionalmente relacionadas que valorizam a consciência existente entre os membros do
grupo.
16

De acordo com FERNADES (1973:96), comunidade local é um conjunto de pessoas que se


organizam sob o mesmo conjunto de normas, geralmente vivem no mesmo local, sob o mesmo
governo ou compartilham do mesmo legado cultural e histórico.

c) Conhecimentos tradicionais

São considerados conhecimentos tradicionais todos os elementos intangíveis


associados a utilização comercial ou industrial das variedades locais e
restantes matérias autóctone desenvolvidos pelas populações locais, em
colectividade ou individualmente, da maneira não sistemática e que se insiram
nas tradições culturais e espirituais dessa população, compreendendo, mas não
se limitando a conhecimento relativos a métodos, produtos, e denominações
com aplicação na agricultura, alimentação e actividade industriais em geral,
incluindo o artesanato, o comercio e os serviços, informalmente associado a
utilização e preservação das variedades locais e restante matéria autóctone
espontânea abrangidos pelo disposto no presente diploma 1.

A associação das características das comunidades tradicionais, principalmente no que se


refere à utilização dos recursos naturais e ao processo oral de transmissão, é parte constituinte
do conhecimento destas populações.

2.1. A importância da Floresta

CONAMA (2010:216), sustenta que as árvores e as florestas são essenciais à vida


desempenhando inúmeras funções:

 Consomem o Dióxido de carbono (um dos principais gases com efeito de estufa que
provoca alterações climáticas);
 Moderam as temperaturas fornecendo-nos sombras e abrigos;
 Facilitam a infiltração de água no solo reabastecendo os lençóis subterrâneos;
 Fixam o solo e impedem a erosão;
 Embelezam a paisagem, tornando-a mais atractiva;
 Dão abrigo e alimento aos animais (fauna) e às pessoas;
 Fornecem-nos matérias-primas (lenha, pasta de papel, cortiça, resinas e colas, madeiras e
tábuas, borracha, especiarias, sementes, cogumelos silvestres, mel, frutos do bosque).

Segundo ARRUDA & DIEGUES (2001:31), é composto pelo conjunto de saberes e saber
fazer a respeito do mundo natural e sobrenatural, transmitido oralmente, de geração em
geração.

1
Artigo 3o do decreto 118/2002
17

Para CUNHA (1989:156), a interdependência entre os (saberes dos antigos) e o quotidiano


das populações conduz à compreensão dos conhecimentos tradicionais como (produtos
históricos), constituídos pela continuidade e transformação dos seus conteúdos.

A inserção destes elementos na composição dos conhecimentos tradicionais coloca a


transmissão oral, como um dos pontos imprescindíveis, para o processo de produção dos
mesmos e demonstra a intensa conexão que existe entre as características das populações
tradicionais e seus respectivos conhecimentos com o mecanismo de difusão utilizado.

Este aspecto permite considerar que os conhecimentos tradicionais não se limitam ao


conteúdo, bem como o processo de transmissão não pode ser entendido como um transporte
de informações, pois ambos são dependentes do contexto no qual se propagam.

Nesta perspectiva, o manejo desses recursos está directamente ligado com


mitos, regras, valores e conhecimentos, que definem a maneira e período
como tais recursos serão utilizados, podendo ser considerados “elementos
culturais regulatória”, pois determinam as atitudes das pessoas perante o meio
ambiente, (CULTIMAR, 2008).

De facto, descobre-se mais, a cada dia, que para interpretar correctamente os mitos e os ritos
e, ainda, para os interpretar sob o ponto de vista estrutural (que seria errado confundir com
uma simples análise formal), a identificação precisa das plantas e dos animais que se
mencionam ou que são utilizados directamente, sob a forma de fragmentos ou de despojos.

2.1.1. Protecção aos conhecimentos tradicionais

Ainda não há, de facto, uma legislação específica que se refira a protecção dos conhecimentos
tradicionais. As populações tradicionais ainda detém grande quantidade de informações
inexplorados pelas ciências oficias, sobre a forma de lidar com ambientes biologicamente
diversificados, e que podem ser muito úteis para a compreensão do ecossistema e para o
desenvolvimento de práticas menos predatórios ao meio, ou seja, tais conhecimentos são de
fundamental importância para o desenvolvimento das práticas sustentáveis.

A preservação da cultura e dos saberes locais depende da manutenção destes povos em seu
lugar de origem.

Quando estes povos são retirados de seu lugar, corre-se o risco da sua cultura perder se devido
a perda de contacto com a natureza e, também, os indivíduos ficam susceptíveis a enfrentar
situações traumáticas e problemáticas da sociedade.
18

2.1.2. Populações tradicionais

O termo população tradicional está no cerne de diversas discussões e sua implicação


ultrapassa a procura pela teorização, envolvendo uma série de problemáticas relacionados às
políticas ambientais, territoriais e tecnológicas, uma vez que os diversos organismos
multilaterais que trabalham em torno deste assunto apresentam dificuldades e discordâncias
na tentativa de indicar uma definição aceite universalmente, o que facilitaria a protecção dos
conhecimentos tradicionais difundidos pela tradição oral destas populações.

Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que


se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social,
que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua
reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e económica, utilizando
conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição,
(FERRÃO, 2009).
Interpondo as ideias do autor, chega-se a concluir que comunidade local é a população que
mantém interesses em comuns ou seja que vive num determinado lugar e que divide os
mesmos hábitos e costumes da região.

2.2. Técnicas tradicionais e convencionais utilizadas pela comunidade para a


preservação das florestas

Segundo FERRÃO (2009:298), o desmantamento das florestas têm a um impacto


global  através de espécies extinção, a perda de importantes ecossistemas de serviços e
recursos renováveis, bem como a redução de carbono.

Assim, a maioria das pessoas concorda que o problema deve ser sanado, mas os meios não
são tão simples como fortalecendo cercas ao redor das restantes floresta ou proibir o comércio
madeireiro, os economistas, políticos, e outras camadas sociais não irão permitir a persistir
florestas se forem completamente fechados de uso e desenvolvimento. Assim destacam-se
algumas técnicas:

 Ensinar outras pessoas sobre a importância do ambiente e como elas podem ajudar a


salvar florestas;
 Restaurar os ecossistemas danificados por plantio de árvores em terrenos onde as florestas
foram abatidas;
 Encorajar as pessoas a viver de uma forma que não “machuca” o ambiente;
19

 Estabelecer parques para proteger florestas tropicais e vida selvagem;


 Apoiar as empresas que operam de forma que minimizam os danos causados ao ambiente.

Históricas abordagens à conservação da floresta têm falhado, como a demonstrada pelo ritmo
acelerado do desmantamento. Em muitas regiões, fechar as florestas como intocáveis parques
e reservas não tem nem melhorou a qualidade de vida e das oportunidades económicas para
rurais pobres, nem dissuadiu a compensação das florestas por madeireiros ilegais e
desenvolvedores.

O problema com esta abordagem tradicional já que os parques de preservação dos países em
desenvolvimento não conseguem gerar incentivos económicos, suficientes para respeitar e
manter a floresta. Florestas húmidas só irão continuar a sobreviver, como funcional dos
ecossistemas, se puder ser demonstrada a proporção de benefícios económicos tangíveis. A
população local e do próprio governo deve ver o retorno financeiro para justificar os custos de
manutenção de parques e perdido de receitas de actividades económicas dentro dos limites da
área protegida.

Para o entendimento destas práticas e formas de uso e manejo de Floresta de Araucária em


comunidades tradicionais possuí suas particularidades, sendo esta relação com a paisagem,
quanto ao maneio, uma forma clara para que possamos interpretar a aplicabilidade destes
saberes dos moradores.

O vínculo das populações tradicionais com os seus territórios estabelece se por meio de
valores de pertence (arraigado), historicamente reproduzidos e expressos em simbologias.
Como a oralidade, os valores e o saber-fazer são transmitidos exercitando e redignificando a
memória popular.

O sistema de conhecimento tradicional não é descontextualizado. Ele está


intrinsecamente aderido às práticas sociais (organização social e económica) e
à paisagem. Não existe uma classificação dualista entre o “natural” e o
“social”, o que há é uma linha contínua entre ambos, (DIEGUES &
ARRUDA, 2001).

Esta ligação do mundo natural com o social, em comunidades tradicionais, mostra nos que
áreas florestais e roças vão além do olhar de uso somente para subsistência, repercutindo na
esfera da organização simbólica da sociedade em questão. Assim, cognição e acção aparecem
como duas faces de uma mesma moeda, posto que o que está em jogo é a reprodução social e
20

ecológica da colectividade. Nesses termos, é possível pensar na sustentabilidade das práticas e


do conhecimento popular e sua relação com a manutenção da diversidade local.

Quanto aos significados destes conhecimentos e práticas nas sociedades tradicionais, em


termos culturais, toda cultura possui uma forma particular de identificar e designar sua
realidade espacial terrestre como vales, montanhas, rios, áreas de declive.

Segundo TOLEDO & BARRERA-BASSOLS (2009:46), Neste contexto, resulta interessante


a análise dos topónimos (nomes atribuídos a lugares específicos) que normalmente denotam
alguma característica do lugar que valorizam.

Para o manejo desses mosaicos nas áreas florestais, pode-se ser realizado a inserção de novas
espécies, eliminação de espécies competidoras entre outras técnicas.

Sobre o corte das árvores, alguns moradores mostram uma maior resistência, até mesmo para
uso, falam que acabam usando o que cai no chão, para preservar mais. Outros afirmam que
algumas árvores são necessárias cortar para lenha.

Grande importância foi à possibilidade de diálogo entre o conhecimento científico e o local


acerca da dinâmica florestal, pois, a partir desta troca de conhecimentos, foi possível
identificar e correlacionar estes saberes.

2.3. Principais variedades florestais preservadas pela comunidade

Sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, culturas
agrícolas, pinhos, eucalipto, forrageiras em uma mesma unidade de manejo, de acordo com
arranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e interacções entre estes
componentes, (CONAMA, 2010).

A população tradicional é discriminada por sua identidade sociocultural e impedidas de


reproduzir seu modo de vida, tanto pelo modelo de ocupação predatório que se expande
quanto pelo modelo de conservação ambiental vigente.

Assim, paradoxalmente acabam por desenvolver uma postura anti-conservacionista,


identificando o ambientalismo como o substituto dos antigos grileiros e passando a
desenvolver práticas predatórias do meio ambiente como único meio de garantir sua
subsistência e não cair na marginalidade ou na indigência.
21

A política ambiental vigente, ao ignorar o potencial conservacionista dos segmentos,


culturalmente diferenciados, que historicamente preservaram a qualidade das áreas que
ocupam, tem desprezado possivelmente uma das únicas vias adequadas para alcançar os
objectivos a que se propõe. Essa via é a da inclusão da perspectiva das populações rurais no
nosso conceito de conservação e o investimento no reconhecimento de sua identidade, na
valorização de seu saber, na melhoria de suas condições de vida e na garantia de sua
participação na construção de uma política de conservação da qual sejam também
beneficiadas.

2.4. O contributo da comunidade na preservação florestal

Da floresta natural, densa e extensa, que foi o berço do homem primitivo, à floresta dos
nossos dias, houve sempre uma ligação muito estreita, umbilical, entre a História dos Homens
e a História das Florestas. Desta longa e íntima co-habitação surgiram representações
simbólicas, saberes e práticas, religiões e mitologias, moldaram-se paisagens e
desenvolveram-se poderosas manifestações artísticas que fizeram da floresta, a par da sua
dimensão económica, social, recreativa e ambiental, um importante património histórico e
cultural, (CONAMA, 2010).

O desenvolvimento das sociedades humanas fez-se quantas vezes à custa das florestas, contra
as florestas. Um longo processo histórico de desarborização e de rearborização marcou, desde
tempos imemoriais, a acção modeladora e tantas vezes destruidora do homem – das florestas,
as florestas têm uma representação fortíssima na nossa vida cultural, científica e cultural do
contacto do homem com a natureza e os espaços florestais; a relação afectiva e cultural do
homem com os objectos do quotidiano em madeira e cortiça, cada vez mais símbolos de
qualidade e conforto; as manifestações artísticas, literárias, musicais, escultóricas e outras,
inspiradas pela árvore e pela floresta; e ainda a sua carga religiosa, mística e simbólica, tão
vincada nas culturas celtas e na tradição, (Iden, 2000).

O conhecimento da floresta e da natureza, em geral, constitui um valor cultural muito


importante, que pode ser potenciado pelo aprender a observar e pelo estudo do que se observa.
É o prazer de conhecer o nome das árvores, dos arbustos, das flores silvestres, dos animais,
dos pássaros e dos seus cantos e também o de identificar as suas características e perceber as
suas interligações.
22

As árvores e as florestas são um dos temas simbólicos mais ricos e generalizados em todos os
tempos e culturas: árvores o símbolo da vida, do carácter cíclico da evolução cósmica,
consagradas aos deuses, símbolo de uma família, de uma cidade, de um povo, de uma nação,
símbolo de fecundidade ou de segurança, símbolo político ou, ainda, fonte inesgotável de
mitos, crenças, lendas, fábulas e contos de fada. As plantações simbólicas de árvores,
comemorativas de figuras e acontecimentos, têm tradição.

2.5. Medidas para a valorização e preservação florestal

Para CONAMA (2010:14), das várias medidas para a valorização e preservação florestal, a
comunidade contribui de forma mais importante, e apresenta as seguintes medidas:

 O incentivo por parte da comunidade na transmissão dos conhecimentos dos antepassados


acerca das tradições míticas das florestas;
 O combate ao aquecimento global e a reeducação do desmantamento de maiores florestas;
 As florestas podem prestar valiosos serviços sociais para a comunidade local, por
exemplo, quando estão protegidas por Reservas Extractivistas e Reservas de
Desenvolvimento Sustentável;
 Explicar aos demais que as florestas significam garantia de água em quantidade e
qualidade, estocagem de carbono, fornecimento de produtos madeireiros e não-
madeireiros, diversidade cultural e beleza cénica;
 A principal forma de preservar as florestas é por meio de unidades de conservação. Esses
espaços possibilitam que a riqueza e diversidade biológica abrigadas pelas florestas sejam
protegidas e utilizadas de forma sustentável;
 Incentivar a população o não abate das árvores florestas descontroladamente;
 Propor leis que possibilitam a garantia e a sobrevivência das florestas.
23

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Neste capítulo, são discutidos os métodos de investigação usados durante a pesquisa, onde, de
forma separada, estão identificados detalhadamente os métodos (de abordagem e de
procedimento) usados na recolha e processamento de dados. Ainda no desenvolvimento deste
capítulo estão apresentadas as técnicas, ou seja o instrumento que auxiliou os métodos acima
referenciados, na aquisição da informação necessária para o desenvolvimento da pesquisa.

3. Métodos
Método representa um procedimento racional e ordenado (forma de pensar),
constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar a reflexão e
anexperimentação, para proceder ao longo do caminho (significado
etimológico de método) e alcançar os objectivos preestabelecidos no
planeamento da pesquisa projecto, (GARCIA, 1998).

Na visão de GIL (1999:47), Metodologia é um conjunto de procedimentos por intermédio dos


quais se propõem os problemas específicos.

Método é a observação sistemática dos fenómenos da realidade através de


uma sucessão de passos, orientados por conhecimentos teóricos, buscando
explicar a causa desses fenómenos, suas correlações e aspectos não revelados,
(GOLDENBERG & DIAS, 2008).

A pesquisa, quanto ao tipo, é qualitativa do estilo exploratória. As pesquisas exploratórias têm


como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em
vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores. Habitualmente envolvem levantamento Bibliográfico e documental, entrevistas
não padronizadas e estudos de caso.

Segundo GIL (2006:27), Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objectivo de


proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado facto.

Significa que se está perante uma pesquisa centrada na compreensão do fenómeno em estudo,
de forma subjectiva, sem controlo sobre o objecto de estudo, obtendo dados próximos dos
agentes da pesquisa, procurando a descoberta e exploração do objecto de estudo a partir da
realidade destes, ou seja, o conhecimento surge de dentro para fora.

Escolheu-se este tipo de pesquisa porque a finalidade deste estudo passou pelo
desenvolvimento, esclarecimento e modificação de conceitos e ideias, tendo em vista a
24

formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores, e


só um estudo qualitativo do estilo exploratório é que melhor pode conduzir a esse fim, daí a
necessidade da escolha deste tipo de pesquisa.

3.1. Método de Abordagem

Na visão de MARCONI & LAKATOS (2003:86), é um método responsável pela


generalização, isto é, parte-se de algo particular para uma questão mais ampla/geral.

O método de abordagem que foi usado na presente pesquisa para alcançar os objectivos pré-
estabelecidos é o indutivo.

3.1.1. Método indutivo

Segundo LAKATOS & MARCON (1992:110), método indutivo é um processo mental por
intermediário do qual partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se
uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.

O método indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e


coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de colecta de
dados particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não
deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de
casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade, (GIL, 2008).

Essa generalização não ocorreu por meio das escolhas, a prior, das respostas, sendo que estas
devem ser repetidas, geralmente baseadas na experimentação. Isso significa que a indução
parte de um fenómeno para chegar a uma ordem geral por meio da observação de
experimentação, descobrindo-se a relação existente entre dois fenómenos para se generalizar.

3.1.2. Métodos de procedimentos

Métodos de procedimentos constituem etapas mais concretas da investigação,


com finalidades mais restritas em termos de explicação geral dos fenómenos
menos abstractos. Pressupõe - se uma atitude concreta em relação ao
fenómeno e estão limitados ao domínio particular, (LAKATOS &
MARCONI, 1992).

Escolheu-se este método de procedimento porque melhor facilitou na aquisição da informação


necessária para o desenvolvimento do tema e do problema da pesquisa, pois estava-se diante
25

dum estudo de caso e este método permitiu ao pesquisador manter um contacto com a área de
estudo, através da observação de determinadas componentes da pesquisa.

Assim, para a realização deste trabalho de pesquisa, utilizou-se os seguintes métodos:

3.1.3. Método Estatístico – Matemático

Este método significa redução de fenómenos sociológicos, políticos e


económicos, a termos quantitativos e a multiplicação estatísticas que permite
comprovar as relações dos fenómenos entre si, e obter generalizações sobre a
sua natureza, ocorrência ou significados. (LAKATO & MARCONI, 2001).
Com recurso a este método quantificou-se o universo e a amostra, tendo-se estabelecido uma
amostra de cerca de 30 elementos, constituído por moradores e especialista deste distrito. De
salientar que depois de colher as informações, a partir da entrevista, fez-se o agrupamento dos
dados em gráficos e posteriormente a sua análise e interpretação.

3.1.4. Método comparativo

Segundo GIL (2006:17), O método comparativo procede pela investigação de indivíduos,


classes, fenómenos ou factos, com vista a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles.

O autor usou este método pelo facto de possibilitar o estudo comparativo de grandes
agrupamentos sociais, separados pelo espaço e pelo tempo. É que se realizaram os estudos
comparando diferentes culturas ou sistemas políticos. Dizer que podem também ser
efectivadas pesquisas envolvendo padrões de comportamento familiar ou religioso de épocas
diferentes.

Entretanto, este método ajudou o autor a fazer a comparação dos fenómenos entre o antes e o
depois, pois, só assim, é que foi fácil perceber as mudanças que ocorreram nesta área, num
dado período e sob mesmos fenómenos.

3.1.5. Método Bibliográfico

De acordo com GIL (2002:44), Método Bibliográfico é desenvolvido com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.

Este método serviu de um grande suporte do autor para a materialização da pesquisa, pois,
para a formulação da revisão literária foi necessária a consulta de material já elaborado. Mas
26

também em caso de alguma dúvida ou dificuldade na área de estudo, o autor teve que recorrer
a este material. Em suma, para o desenvolvimento do tema, fez-se o uso de várias consultas
bibliográficas.

3.1.6. Método cartográfico

KASTRUP (2010:2) sublinha que este método consiste na descrição de fenómenos


cartografados ou mapeados. Servindo-se de mapas para localizar os fenómenos ou lugares.

Entretanto, este método permitiu o autor no uso de mapa e ilustrações sobre a localização do
distrito em estudo e de outros fenómenos referentes ao distrito.

3.1.7. Método monográfico

Na visão de GIL (2006:18), O método monográfico parte do princípio de que o estudo de um


caso em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou mesmo de
todos os casos semelhantes. Esses casos podem ser indivíduos, instituições, grupos e
comunidades.

Com recurso a este método, o autor fez um estudo profundo sobre o tema, possibilitando
maior transparência na obtenção dos resultados. Ou seja, tendo em conta que o autor não é a
primeira pessoa a fazer um estudo sobre este problema (existem casos semelhantes). A partir
destes casos semelhantes e da realidade da área em estudo foi possível fazer um estudo
detalhado e aprofundado.

3.2. Técnicas de recolha de dados

As técnicas usadas nesta pesquisa, para a colecta de dados, foram: entrevista e a observação
directa.

3.2.1. Entrevista

Segundo MERIA (1985:43), é uma conferência entre duas pessoas em local e hora
antecipadamente combinados, ou é uma conversa efectuada entre dois ou mais
interlocutores, de modo a obter uma determinada informação.
27

A técnica de entrevista consistiu na elaboração de um guião com questões, e os entrevistados


escolheram uma das respostas, também pré determinada, que foi feita de maneira clara, de
modo a facilitar a obtenção de informação necessária para a análise de dados. Assim, foi
elaborado um questionário com questões direccionadas e coerentes e entregues a cada grupo
envolvido na pesquisa, para responder num intervalo de tempo de um (1) dia. A escolha deste
tempo permitiu que o questionário não fosse respondido de maneira a satisfazer as
necessidades do pesquisador, mas sim respondido com exactidão e sentimento às questões lá
colocadas e, os entrevistados tiveram uma capacidade de análise no que responderam.

3.2.2. Observação directa

Segundo CHALMERS (1997:49), a observação produz uma base firme e objectiva da qual o
conhecimento pode ser derivado.

Para MARCONI & LAKATOS (2004:275), A observação é técnica básica de investigação


científica utilizada na pesquisa de campo.

A observação utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade e não


consiste apenas em ver, mas também examinar os factos e fenómenos observados. Permitiu a
percepção da causa directamente e na recolha de dados ou informações. Assim sendo, o autor
achou necessário o uso desta técnica, pois lhe permitiu ver in loco o fenómeno em estudo,
permitindo, assim, ter resultados fidedignos e ter uma percepção directiva do fenómeno.

3.3. Universo ou população e amostra

Segundo GIL (1995:91), universo ou população é um conjunto definido de elementos que


possuem determinadas características. Nesta ordem de ideia, o universo desta pesquisa foi de
300 pessoas.

MULENGA (2004:23) sustenta que amostra é o subconjunto ou parte das unidades


estatísticas seleccionadas da população para o estudo, muitas vezes quando não é possível
ou é difícil estudar toda a população.

Amostra para este estudo foi de 30 elementos compostos por moradores e especialista desta
área, isto é, 29 moradores incluindo 1 líder da área em estudo no Posto Administrativo de
Mussa-Distrito de Chimbunila, e 1 especialista da área florestal.
28

Entretanto, foram seleccionados 29 moradores para amostra pelo facto de viverem todas as
transformações que se verificam naquele posto e ninguém mais como eles possa descrever
com clareza a sua participação na preservação florestal. Entretanto, a escolha do líder deveu-
se pelo facto de ser o responsável e o mais antigo morador da área, ele também de forma
exacta e detalhada fez a descrição do fenómeno, e a escolha de um (1) especialista da área
florestal derivou-se a especialização da área ou seja, é um conhecedor da área e deu um
grande contributo sobre o problema em estudo.

3.4. Procedimentos para análise e interpretação de dados

Para a análise e interpretação exaustiva de dados recorreu-se aos métodos comparativos,


observação directa dos dados colectados, nos grupos de entrevistados, para captar as
explicações e interpretações do ocorrido daquela realidade. Os dados colectados foram
agrupados, de acordo com as respostas, em números de indivíduos e colocadas na tabela e
interpretados em gráficos.
29

CAPÍTULO IV: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Pretende-se com este capítulo apresentar os resultados da pesquisa, de forma sucinta. Nesse
capítulo vai se apresentar a caracterização da área em estudo.

4. Localização geográfica do Posto Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila

Para SPGC (2016:231), o Posto Administrativo de Mussa do Distrito de Chimbunila está


localizado no Este da cidade de Lichinga, com os respectivos limites:

Norte -localidade de Salanje (Muembe);


Oeste-bairro de Mponda (Luchuringo);
Este-bairro de Machomane;
Sul-bairro de Mpalume (Chimbunila).

1. Mapa do Distrito de Chimbunila.

Fonte: SPGC, (2016).

4.1. Aspectos físico-geográficos


a) Neste ponto são apresentadas a seguir as características físico-geográficos: vegetação,
clima, relevo, solos, hidrografia, população e actividades económicas e área económicas.
b) Vegetação

Segundo Dicionário Aurélio (2014:354), vegetação é Conjunto de plantas que cobrem uma
região. Não se congregam ao acaso, varia bastante, conforme o clima e o solo, donde
30

existirem tipos muito diversos e fauna é conjunto dos animais próprios de uma região ou de
um período geológico.

A formação florestal nativa predominante na área é o miombo decíduo seco e tardio,


caracterizado pela ocorrência marcante das espécies do género Brachystegia boehmii,
Brachystegia spiciformis e Julbernardia globiflora. O matagal baixo e a pradaria dominam a
zona Norte, já a zona central é vegetada por pradarias arborizadas, enquanto a zona Sul é
composta por uma mistura de pradarias arborizadas com uma mancha de matagal baixo na
área da marginal, (MAE, 2005).

Imagem 1: Vista parcial da Vegetação do Posto Administrativo de Mussa

Fonte: Autor (2016).

A vegetação é bastante diversificada e nota-se a predominância de floresta de Miombo,


destacando-se a savana arbustiva. Nas florestas encontram-se várias espécies de árvores, tais
como: Eucalipto e Pinheiro, entre outras espécies de plantas arbustivas que se encontram
dentro desta paisagem natural.

c) Clima

O clima do Posto Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila é do tipo tropical húmido,


influenciado pela altitude. O clima é caracterizado por duas estações bem definidas ao longo
31

do ano: uma chuvosa e outra seca. A estação chuvosa vai de Outubro a Março e a estação seca
de Abril a Setembro. No período seco (Inverno), que vai de Abril a Setembro, a temperatura
média, na província, varia de 15 a 25 graus centígrados e no período chuvoso (verão), que vai
de Outubro a Março, eleva-se a mais de 25 graus centígrados, raramente superando, contudo,
os 30 graus centígrados, (MAE, 2005).

d) Relevo

O tipo de relevo que apresenta o Posto Administrativo de Mussa-Distrito de Chimbunila é de


planaltos, vertentes, em algumas áreas apresenta acidentes geomorfológicos (no Sul do
distrito) (MAE, 2005).

e) Solos

Os solos abundantes na área em estudo são do tipo argilosos-avermelhados e outras áreas do


terreno apresentam solos acastanhados. Estes solos são predominantemente vermelhos de
textura média profundas, podendo ser óxidos de ferro e argilosos, (MAE, 2005).

A avaliar a distribuição espacial dos solos e das plantações florestais ora estabelecida neste
distrito, conclui-se que estão povoados maioritariamente solos vermelhos de textura média
profundos com ocorrência de solos líticos.

f) Hidrografia

A hidrografia do local de estudo, apresenta cursos de água que estão mais próximos do posto,
assim como do Distrito, onde localiza-se o rio Chimbunila, está localizado no Oeste, na
entrada da sede do Distrito e Namicher está localizado no Este do distrito, este primeiro nome
originou o próprio distrito no local em estudo, (MAE, 2005).

g) População e Actividades Económicas

De acordo com o último censo populacional efectuado em 2007 o Distrito de Chimbunila


contava com uma população total de 62.802 habitantes e uma densidade populacional de 15,9
habitantes por km2, (INE, 2010).
32

h) Área económica

A base económica do Distrito de Chimbunila, em geral, é a agricultura, sendo de subsistência


e é praticada por grupos de famílias em pequenas áreas, que contempla a consociação de
culturas com variedade de espécies tradicionais. As principais culturas de rendimento são:
batata reno, milho, feijão manteiga e tabaco, sendo normalmente comercializadas na época da
colheita. (INE, 2010).

Outras actividades económicas praticadas pelas populações da área em estudo são a produção
de lenha e carvão, a venda de postes e estacas e de outros produtos comestíveis provenientes
da floresta. Assim, para além da prática da comercialização, quase que todos os bens e
produtos são de importância vital para o dia-a-dia dessas comunidades. A base de alimentação
é essencialmente determinada pelos produtos agrícolas e florestais. A lenha e o carvão são as
principais fontes para a confecção de alimentos e aquecimento. De uma forma geral, as casas
e outros tipos de abrigos são construídos com material oriundo da vegetação local.
33

CAPÍTULO V: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Este capítulo apresenta aspectos relacionados com os resultados obtidos na pesquisa que a
partir dos mesmos resultados, houve discussão dos dados em torno às entrevistas feitas, isto é,
a empresa florestal que está em projecto de preservação florestal ao nível do distrito de
Chimbunila, assim como no Posto Administrativo de Mussa, foram seleccionados uma média
de amostra de 30 elementos dos quais (1) um agente técnico florestal (especialista) que faz
parte na área de plantação, (1) secretário do bairro e 28 comunidades locais.

Da entrevista constatou-se que:

5. Técnicas tradicionais e convencionais utilizadas pela comunidade

As técnicas tradicionais, assim como convencionais, já vinham sendo usadas pela comunidade
desde os seus primeiros momentos de vida na face da Terra, como é o caso das seguintes:

5.1. Técnicas tradicionais

Com base na entrevista feita, em que se procurava perceber sobre as técnicas utilizadas pela
comunidade do Posto Administrativo de Mussa, na preservação das suas florestas, ficou-se a
saber que: Não se deve fazer abate indiscriminado das árvores. Para esta técnica, durante a
entrevista, a comunidade frisou que esta prática vinha provocando o desagrado no seio da
comunidade visto que as árvores florestais eram derrubadas de uma forma inadequada, assim
existem medidas de sanções para aquelas pessoas que forem encontradas a fazer o abate
indiscriminado das próprias árvores, cujas medidas são tomadas pelo secretário, líder
comunitário do bairro ou mesmo da comunidade em geral para melhor conservação das suas
florestas, assim como da sua tradição local.

Durante a entrevista, a comunidade disse que tem feito vedação das árvores históricas, visto
que estas plantas são históricas para a comunidade tradicional e, esta técnica também é feita
pelo secretário da comunidade ou mesmo pelos líderes comunitários para melhor gestão dos
seus recursos florestais.

Percebeu-se também que a comunidade tem feito abertura de aceiros ao redor das floresta,
esses aceiros têm uma dimensão de 3 a 4 metros de distância, para evitar que em caso de
queimadas descontroladas possa afectar as florestas. Esta técnica tem se verificado muito mais
34

nos períodos de preparação da terra para a prática agrícola, isto no início do mês de Agosto.
Contudo, as queimadas provocadas pelo homem têm se generalizado na comunidade, até a
ponto de terem modificado o período de rotação, a frequência e a intensidade do fogo nas
florestas, a comunidade acrescentou que essas acções têm importantes impactos nos índices
de sobrevivência das sementes e das plantas mais jovens, isto nas florestas. Assim, a
comunidade é responsável na transmissão destes conhecimentos.

5.2. Técnicas convencionais

Com base na entrevista, procurando saber sobre as técnicas convencionais utilizadas pela
comunidade, alguns dos entrevistados apontaram as seguintes técnicas: Uso racional dos
recursos florestais, eles salientaram que com esta capacidade de racionalizar os recursos
florestais, permitirá melhor valorização da sua tradição para que não seja esquecida, visto que
as florestas ainda vão manter com as mesmas espécies florestais até as gerações futuras, esta
técnica também permite a protecção ambiental da comunidade, em face da crescente
demanda, como a potencialização de novas possibilidades de oferta ambiental, adquirem
importância extraordinária, cuja influência sobre o desenvolvimento se torne cada vez mais
relevante. Uma abordagem básica relacionada às preocupações da comunidade no uso
racional dos recursos florestais, constitui-se na utilização positiva do meio ambiente, no
processo de desenvolvimento, isto é, da valorização de recursos que ainda não haviam sido
incorporados à actividade económica. Num dado momento histórico, os conhecimentos
técnicos convencionais permitem uma utilização dos recursos socialmente aceitáveis para a
comunidade.

Acrescentaram que tende a apoiar as empresas que operam de forma a minimizar os danos
ambientais, este apoio tem sido, por vezes, de sua mão-de-obra ajudando na vedação das
florestas e tem recebido remuneração na sua ajuda, também tem incentivado a outra
comunidade na explicação da importância das florestas, e encorajar a comunidade a viver de
um bom modo que não machuque o ambiente, isto em forma de palestras que os secretários
dos bairros têm feito. Estas técnicas são todas elas do conhecimento da comunidade em geral,
visto que quem não cumpre sofre, por vezes, punições, estas punições têm sido de prisão ou
mesmo multas estabelecidas.
35

Nesta questão 01, onde se procurava saber da comunidade do Posto de Mussa sobre as
técnicas tradicionais e convencionais para preservação das suas florestas, dos 30
entrevistados, 27 que corresponde a 88%, disseram que a comunidade tradicional daquele
Posto Administrativo usa algumas técnicas tradicionais e convencionais para preservar as suas
florestas, tendo mencionado as seguintes técnicas: não fazer abate indiscriminado das árvores
ou por outra o desmantamento das árvores, os mais velhos deixam sinais nas áreas históricas,
vedação das suas árvores históricas, em caso de alguém da comunidade precisar algumas
árvores florestais deve ir ao encontro do secretário do bairro explicar o que pretende com as
árvores daí que pode ter autorização de abater, mas tem que plantar uma árvore em forma de
substituição, incentivar a comunidade na explicação da importância das mesmas florestas para
a sua vida social. A comunidade tem feito algumas picadas (caminhos) ao redor das florestas
para evitar que em tempos de queimada das machambas não possa afectar as florestas, tem
apoiado a empresa Chikweti Forests of Niassa, em seus ensinamentos tradicionais, o uso
racional dos recursos florestais, abertura de aceiros ao redor das florestas, os mesmos
entrevistados afirmaram que nem toda a comunidade adere à estas técnicas, e (3) dos
entrevistados corresponde a 12% disseram que não aderem a nenhuma técnica tradicional
assim como convencional para a preservação das florestas, devido a falta de informação, no
que diz respeito ao mesmo assunto, como mostra o gráfico 1:

Font
e: Autor, (2016).
36

Os dados em estudo dão a entender que grande parte da população que corresponde a 88%
conhecem as técnicas tradicionais e convencionais para a preservação florestal, e os mesmos
dados justificam que a comunidade do Posto Administrativo de Mussa está envolvido
directamente nos conhecimentos tradicionais e convencionais.

Técnicas tradicionais de conhecimento e manejo são algumas vezes enraizados em religiões e


sistemas de crença. Bosques sagrados, por exemplo, são porções de florestas que são
reservadas por razões religiosas (PIMBERT; PRETTY, 2000). Na concepção mítica das
sociedades primitivas e tradicionais existe uma simbiose entre o homem e a natureza, tanto no
campo das actividades do fazer, das técnicas e da produção, quanto no campo simbólico
(DIEGUES, 1996). Assim, nesta ordem de ideias, a comunidade do Posto Administrativo de
Mussa implementa as suas técnicas na preservação florestal, isto devido ao seu valor
simbólico no seio da sua comunidade, visto que as mesmas florestas foram deixadas pelos
antepassados e transmitidos de geração em geração para a sua preservação.

5.3. Principais variedades preservadas pela comunidade

As principais variedades preservadas pela comunidade, são as tradicionais e convencionais.

5.3.1. Variedades tradicionais

Partindo da entrevista feita à comunidade em estudo, em que se procurava saber das principais
variedades preservadas tradicionalmente, foram apontados: Nbau, Nthubat, Nzozula, Nzulo,
Nzupa, Chambila, Nhenha, Natchaze, Muturro, Umbila e Chanfuta. Estas variedades são de
extrema importância para a comunidade, porque para além das mesmas serem tradicionais,
isto é, invocação dos seus antepassados, pedido de chuva e muito mais, as mesmas árvores
desenvolvem um papel importante no ecossistema, pois são responsáveis por manter
biodiversidade e, também, reduzem a poluição sonora e os ventos, mantendo humidade do ar
e chuvas regulares e fornecem base para produtos como madeiras, além de frutas, flores,
sementes, e fibras para os seus fins.

O secretário do bairro acrescentou que estas árvores ajudam a evitar a erosão do solo, uma vez
que as suas raízes retêm a água das chuvas. Elas ainda ajudam a purificar o ar, capturando as
cadeias de monóxido de carbono, para além de serem reguladoras térmicas, regulam a
humidade de um ambiente, são refúgios para pássaros, macacos e milhares de insectos. No
37

entanto, estas variedades são um conjunto com outras associações vegetais, as florestas
encerram uma grande biodiversidade e garantem o necessário equilíbrio ecológico. Por isso,
essas variedades são reconhecidas como um espaço de importância fundamentalmente para a
manutenção dos valores naturais da comunidade e para a melhoria da qualidade de vida das
populações.

5.3.2. Variedades convencionais

Como base na observação directa no terreno, referente as variedades convencionais, a


comunidade destacou as seguintes: Eucalipto e Pinheiro. Assim, questionado a população
sobre a importância destas espécies para a sua vida, visto que são parte de um formidável e
complexo ecossistema que abriga e alimenta diversas espécies de insectos, aves, répteis e
mamíferos, bem como diversas espécies de plantas. Afirmaram que há tempos, a comunidade
não compreendia a real importância das variedades convencionais para o equilíbrio da
natureza. Mas hoje, graças as empresas florestais, o olhar da comunidade mudou. Assim, não
se pode aceitar a continuidade do desmatamento de florestas nativas. Sabemos que isso causa
uma série de problemas ambientais, comprometendo a nossa própria sobrevivência no planeta.

Imagem 2: Vista parcial das variedades convencionais

Fonte: Autor, (2016).

Estas variedades, segundo a comunidade, têm ajudado de grande forma na redução, até 10%,
do consumo de energia por meio do efeito de moderação climática local, promovendo saúde
dos solos e evitam erosão com suas raízes, beleza natural para nossos olhares e almas, e uma
38

grande árvore pode providenciar as necessidades de oxigénio para a existência da comunidade


local.

Em relação à questão 02 colocada, que focalizava sobre as árvores que a comunidade


valoriza mais na sua tradição! Durante a entrevista a comunidade do Posto Administrativo de
Mussa, referentes as principais variedades preservadas, importa dizer que dos 30 elementos de
amostra, 20 correspondente a 66,7% disseram que as principais variedades são: Nbau,
Nthubat, Nzozula, Nzulo, Nzupa e Nhenha, (7) equivalentes a 23% disseram que as principais
são: Chambila, Umbila e Chanfuta, e (3) 10 % destacaram as seguintes variedades: Natchaze,
Muturro, Eucalipto e Pinheiro.

A comunidade acrescentou, ainda, que este processo de conservação das principais variedades
florestais consiste em salvaguardar as suas tradições, sua cultura, crença, religião e mitologia.
Este conhecimento de preservar surge da necessidade de aproximar-se dos antepassados, visto
que este conhecimento não pode se apagar no seio daquela comunidade do Posto
Administrativo de Mussa e deve ser transmitido de geração para geração.

Assim como o gráfico ilustra 2:

Fonte: Autor, (2016).

No gráfico 2, os menos evidentes que 66,7% têm informação de pequenas quantidades das
principais variedades.
39

De acordo com os argumentos da comunidade do Posto Administrativo de Mussa, estas


árvores são espécies que a comunidade em geral olha como seus Deuses, isto devido à sua
prática tradicional, aproveitando, assim, as mesmas, para vários fins tradicionais como
pedidos espirituais, invocação dos antepassados e, ainda, afirmaram que para que haja essa
protecção das árvores sensibiliza-se a comunidade para aderir às boas práticas ou seja a não
realizar as queimadas descontroladas, ainda proíbe a comunidade o abate das árvores que dão
frutos nas florestas. Visto que alguma parte da comunidade não adere frequentemente a estas
práticas de protecção dessas espécies.

5.4. A contribuição da comunidade na preservação florestal

A comunidade do Posto Administrativo de Mussa tem contribuído bastante na preservação


das suas florestas, cuja preservação é feita de todas as maneiras, seja tradicional, assim como
convencional, visto que estas duas maneiras possibilitam que as florestas se desvalorizem.

5.4.1. Contributo tradicional

Com base na entrevista, os contributos tradicionais mencionados pela comunidade foram:


sensibilização da comunidade para não fazer queimadas descontroladas ao redor das
florestas, proibição de abate de algumas espécies de árvores no caso de Nzulo, preserva todas
florestas místicas, controlo da estrutura local, régulos, seus secretários, e líderes
comunitários.

Estes contributos da comunidade têm sido feitos em forma de palestras em volta da


comunidade, proibindo as queimadas descontroladas, pois que as florestas tradicionais
apresentam árvores místicas. No entanto, o secretário do bairro acrescentou que a árvore
Nzulo tem grande importância para a comunidade em geral, esta planta tem um grande puder
para os antepassados, isto é, as suas raízes são utilizadas como medicamento tradicional, as
suas folhas também servem para tratar dores de barriga, e pedidos aos antepassados.

5.4.2. Contributo convencional

Com base na entrevista feita à comunidade sobre o contributo convencional das suas florestas,
ficamos a saber que: não se deve fazer queimadas descontroladas, porque quem fizer e
afectar as florestas sofre uma punição estabelecida pela lei. Desta forma a comunidade tem
40

apoiado o governo da Província de Niassa no controlo desses recursos através dos seguintes
homens, (Polícia de Protecção da Fauna Bravia e Polícias da República de Moçambique) que
coordena com a estrutura e a comunidade local.

Visto que a lei de Florestas e Fauna Bravia e o seu Regulamento reconhecem as comunidades
locais como elementos chave no controlo da exploração e uso dos recursos florestais em suas
zonas de residência. Estes instrumentos legais estabelecem, ainda, o conceito de gestão dos
recursos florestais, livre acesso, direito de exploração para auto-consumo e partilha de
benefícios resultantes da exploração comercial destes recursos por terceiros. O papel das
comunidades locais na fiscalização das florestas e da fauna bravia, é de participar na
formulação e discussão dos instrumentos legais que orientam a gestão dos recursos florestais e
a fiscalização em particular, participa activamente no controlo da exploração florestal em suas
zonas de residência; a comunidade denuncia actos ilegais praticados pelos operadores e
empresas florestais, tendo em conta que são os actores melhor posicionados para detectar e
alertar sobre o uso inadequado ou ilegal dos recursos, participa em campanhas de educação,
divulgação da legislação do sector assim como na implementação ao nível local de boas
práticas de maneio e uso sustentável dos recursos florestais, e aplicam regras tradicionais de
gestão e controlo dos recursos, sempre que for necessário.

Na tentativa de procurar responder esta questão 03, pretendendo saber sobre o nível de
participação da comunidade na preservação das florestas tradicionais, foram entrevistados
no total 30 elementos, dos quais 27, que correspondem a 88% disseram que a comunidade
contribui bastante na preservação florestal para o seu prestígio e, (3), que corresponde a 12%,
afirmaram que contribuem, mas não frequentemente devido as suas ocupações que não lhes
possibilita sempre estar presente.

Dos 27 entrevistados disseram que o seu contributo é de fazer perceber as comunidades sobre
algumas árvores mais importantes nas florestas, como é o caso de Nzulo, esta espécie não se
pode abater mesmo que se encontre seco ninguém pode usar a mesma árvore para seus fins,
como: lenha e carvão, o outro contributo dado pela comunidade é não fazer as queimadas nos
locais próximo das florestas locais, a comunidade preserva todas as florestas míticas.

A comunidade acrescentou que este todo contributo ajuda a mesma a perceber o seguinte:
algumas árvores preservadas são utilizadas, as suas raízes, para a cura de várias doenças
tradicionais. A árvore Nzulo tem a grande importância na comunidade, porque quando a
comunidade quer ir a caça, seja de pesca assim como de animais selvagens, a comunidade vai
41

debaixo da árvore um dia antes para pedir sobre ela da sua saída, também serve para pedir as
chuvas, e boa produção. Nesta comunidade o controlo das florestas é feita pela estrutura local,
régulos, seus secretários, líderes comunitários, polícias comunitários, ou seja toda a
comunidade é responsável pelo controlo das florestas.

Fica claro que na comunidade do Posto Administrativo de Mussa, para além de existir as
normas locais de protecção florestal, o governo da Província de Niassa também faz o controlo
dos mesmos recursos através da Polícia de Protecção da Fauna Bravio e Polícia da República
de Moçambique que coordena com a estrutura e a comunidade local.

A imagem que se ilustra abaixo, reflecte o contributo da comunidade na preservação desta


floresta porque é nesta que a comunidade deposita os seus restos mortais, assim como também
celebra as suas orações tradicionais, algumas árvores oferecem à comunidade a madeira para
o fabrico das suas necessidades primárias como: mesas, cadeiras, janelas, cachões, portas,
aros e muito mais.

Imagem 3: Vista parcial da Floresta Tradicional

Fonte: Autor, (2016).

Um elemento importante na relação entre a comunidade tradicional e a floresta é a noção de


território que pode ser definido como uma porção da natureza e espaço sobre o qual uma
sociedade determinada reivindica e garante a todos, ou a uma parte de seus membros, direitos
estáveis de acesso, controlo ou uso sobre a totalidade ou parte dos recursos naturais aí
existentes que ela deseja ou é capaz de utilizar (GODELIER, 1984 apud DIEGUES, 1996).
42

Assim a comunidade contribui na preservação das florestas porque nela encontra aquilo que
são os seus valores culturais, tradicionais que os permite encaminhar aquilo que é a sua
tradição ou prestígio.

5.5. Medidas para a valorização da contribuição tradicional e convencional

Na tendência de perceber sobre as medidas tradicionais, assim como convencionais, utilizadas


pela comunidade para a valorização das suas florestas, foram mencionados as seguintes:
medidas tradicionais e medidas convencionais que visa garantir a maior segurança dos
recursos florestais existentes naquela comunidade.

5.5.1. Medidas tradicionais

Com base na observação e na entrevista, a comunidade deve participar nos diferentes


encontros convocados pelos seus líderes e secretários dos bairros, para que se mantenha
informada sobre as medidas tradicionais nas actividades da conservação dos recursos
florestais. Deve-se fazer sentir as regras propostas de boas maneiras na valorização das
florestas.

A comunidade local com estes saberes deve saber transmitir estes conhecimentos para a
geração futura, para que esta prática não seja vista como algo novo no seio da “comunidade
do amanhã”.

A comunidade tradicional não deve estar ínsita dos conhecimentos convencionais, visto que
estes ajudam a auxiliam os seus conhecimentos na melhor gestão da valorização das florestas
tradicionais e a comunidade deve manter-se informada, e que nos tempos de preparação da
terra para actividade agrícola, todos tenham o conhecimento de que as queimadas não devem
ser feitas ao redor das florestas, caso contrário no acto da queimada devem estar por perto
para que o fogo não se alastre para as florestas.

5.5.2. Medidas convencionais

Com base na observação feita, propõem-se a melhoria da infra-estrutura social como hospital,
fonte de água e estradas, provida pelas empresas florestais que também influenciam na
mudança de classe social das famílias (NUBE, 2013). O desenvolvimento florestal
43

ecologicamente sustentável é entendido como habilidades da floresta fornecer benefícios


múltiplos ao longo do prazo, seu papel sustentação de vida e o seu valor para o seu meio
ambiente.

O crescimento da economia nacional, no âmbito da globalização da economia mercado,


também deve assegurar o fortalecimento do sector florestal no plano de desenvolvimento
nacional e na geração sustentável de serviços florestais necessários para outros sectores.
Deve, também, garantir que o fornecimento de serviços sociais e ambientais que são tratados
como parte integral do desenvolvimento geral (ENR, 2006).

Interpondo as ideias dos autores, dizer que o governo deve estar a par com as comunidades
tradicionais naquilo que são as suas práticas, isto é, o melhoramento das vidas sociais dentro
da comunidade na área em estudo. As empresas florestais podem ajudar a melhorar a vida das
comunidades nos locais florestais, através da oferta da empregabilidade social, e haverá o
melhoramento na área das infra-estruturas, vias de acesso, água potável, hospitais e outros
recursos que as empresas podem oferecer durante o processo das suas actividades. O governo
deve proteger os conhecimentos tradicionais e convencionais porque podem ser vistos como
condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e económica, utilizando
conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição. A melhoria das
casas associa se a entrada ou a presença das empresas florestais, pois as mesmas oferecem
empregos às pessoas e, as pessoas com o trabalho formal agregam renda fixa ao rendimento
da família e encaram como oportunidade o melhoramento das suas casas.
44

CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES

6. Conclusões

Com os resultados do presente trabalho conclui-se que a comunidade do Posto Administrativo


de Mussa esteve presente, em todo o tempo, na contribuição tradicional e convencional da
preservação florestal. As técnicas utilizadas pela comunidade tradicional, segundo as
informações colhidas, estão ligadas com os seus antepassados em termos mitológicos,
culturais, valores, conhecimentos, que todos estes processos fortificam a sua sobrevivência
dentro da comunidade. Assim mencionaram as seguintes: não fazer abates indiscriminados
das árvores ou seja, o desmantamento das florestas. Os mais velhos deixam sinais nas áreas
históricas, vedação das suas florestas históricas, a reposição das árvores, incentivo a
comunidade na explicação da importância das florestas na vida social evitando as queimadas
descontroladas e o uso racional dos recursos florestais.

No que tange as principais variedades preservadas, a comunidade destacou as seguintes:


Nbau, Nthubat, Nzozula, Nzulo, Nzupa, Nhenha, Chambila, Umbila e Chanfuta Natchaze,
Muturro, estas variedades são as mais preservadas pela sociedade do Posto Administrativo de
Mussa.

O contributo da comunidade para a preservação florestal para o seu prestígio, a menor parte
da comunidade afirmou não ter contribuído frequentemente devido às suas ocupações
laborais, mas a maior parte contribui na transmissão dos seus conhecimentos para os mais
novos, não abatendo algumas espécies de árvores, as florestas tradicionais, para além de ser
um lugar onde depositam os seus restos mortais, têm algumas espécies de árvores que são
históricas alias, é onde os régulos vão debaixo delas pedir os seus propósitos aos
antepassados.

As medidas da valorização consistem em preservar os seus conhecimentos tradicionais e


convencionais que se manifestam de várias formas, seja religiosa, económica, sociais e
culturais baseadas na tradição. O governo deve estar a par da comunidade explicando que a
principal forma de preservar as florestas é por meio de unidades de conservação. Esses
espaços possibilitam que a riqueza e diversidade biológica abrigadas pelas florestas sejam
protegidos e utilizados de forma sustentável.
45

7. Sugestões

Face as abordagens apresentadas ao longo do presente trabalho, pode-se dizer:

Constatações:

As constatações da área em estudo, olhando para o impacto sócio-ambiental do


reflorestamento e nas empresas florestais instaladas no local em estudo, notou-se que:

 A comunidade local reclama pela falta de responsabilidade social por parte da empresa;
 Existem problemas que são difíceis de se resolver, isto é, foram suspensos alguns
trabalhadores e que até ao momento ainda não foram pagos os seus salários, o que deixa a
sociedade preocupada;
 A comunidade pede ao governo para que tenha um tempo suficiente para assistir as suas
actividades tradicionais e convencionais, visto que algumas vezes tem passado
dificuldades.

Recomendações ao Governo:

 Capacitar as comunidades tradicionais no sentido de proporcionar melhor conhecimento


acerca da preservação e a valorização das florestas, assim como a capacitação da mesma
comunidade dos seus direitos e deveres sobre a valorização das florestas para aproveitar
mais as oportunidades oferecidas pela natureza;
 Deve ficar claro a toda comunidade tradicional que qualquer actividade intensiva gera
impactos, mesmo tratando-se de florestas. Entretanto, eles podem ser minimizados,
quando negativos, e maximizados quando positivos;
 Sempre deve aparecer um olhar na parte do governo, procurando saber a vida das
populações e principalmente dos trabalhadores de valorização florestais, se há
preocupações por parte da comunidade tradicional e procurar resolver em tempo e hora;
 O Governo deve estar presente na vida da comunidade tradicional, na preservação e
valorização das suas tradições culturais, para que estas práticas sejam úteis para as
gerações vindouras.
46

Comunidade tradicional:

 A mesma comunidade continue na protecção e valorização das suas florestas tradicionais,


porque aproveita algo delas;
 Incentivar a toda comunidade na participação da preservação e valorização dos seus
recursos florestais;
 A comunidade tradicional deve transmitir todos os seus conhecimentos aos mais novos,
nos valores, importância, cultura, tradição e nas mitologias das suas florestas para que esta
geração não desperdice dos conhecimentos tradicionais na preservação florestal;
 Deve haver uma interacção entre a comunidade e o governo local em troca de
conhecimentos tradicionais, assim como científicos para melhor valorização e preservação
das florestas;
 Trocar experiências entre várias comunidades tradicionais na preservação e valorização
das florestas tradicionais.
47

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Apêndices

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