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LIÇÃO 6: A SEXUALIDADE HUMANA

INTRODUÇÃO

A sexualidade humana é complexa. Isso nos afeta fisicamente, mentalmente e emocionalmente.


No Éden, depois da queda, Deus nos deu leis espirituais para garantir que a sexualidade pudesse
continuar sendo a bênção que Ele pretendia que fosse. No entanto, os instintos sexuais foram
contaminados (Gn 3.7,10,11). Desejos impuros assolam todas as gerações e leva, inclusive,
pessoas regeneradas a pensar em sua sexualidade como algo impuro, algo que não glorifica à
Deus, quando na verdade, a sexualidade humana foi criada e dada como dádiva, para a máxima
glória de Deus! Nosso desejo sexual não é pecado. Mas os desejos sexuais fora do casamento
entre um homem e uma mulher são o que a Bíblia chama de “cobiça”, e ceder a eles é pecado,
inclusive sexo antes do casamento, sexo extraconjugal, ceder a pensamentos sexuais impuros,
pornografia, homossexualidade. O homem irregenerado está sujeito a estas coisas, mas aquele
que nasceu de novo, pode experimentar uma sexualidade sadia, segundo os padrões bíblicos,
para a glória de Deus! Vamos pensar maduramente a fé cristã?

I – DEUS CRIOU APENAS DOIS SEXOS

1. Definição de sexo. “Sexo - substantivo masculino: 1. conformação física, orgânica, celular,


particular que permite distinguir o homem e a mulher, atribuindo-lhes um papel específico na
reprodução. 2. nos animais, conjunto das características corporais que diferenciam, numa
espécie, os machos e as fêmeas e que lhes permitem reproduzir-se”. Atualmente, a sociedade
procura distinguir sexo, gênero e orientação sexual. O sexo é a natureza biológica da pessoa,
definida pelos seus cromossomos, hormônios e órgãos reprodutores. Entre os seres humanos,
existem dois sexos: macho e fêmea. Uma pequena minoria tem algumas características físicas
dos dois sexos, mas, a vasta maioria tem um sexo bem definido. Ou seu corpo foi projetado para
receber um bebê dentro de si, ou não foi. A palavra “gênero” tem origem no grego genos e
significa “raça”. Na concepção da Lógica, o termo indica “espécie”. Usualmente deveria
indicar o “masculino” e o “feminino”, como ocorre na Gramática. Nesse sentido, a expressão é
inofensiva; porém, na sociedade pós-moderna tal significado é relativizado e distorcido em
“ideologia de gênero”. Essa ideologia também é conhecida como “ausência de sexo”. Esse
conceito ignora a natureza e os fatos biológicos, alegando que o ser humano nasce sexualmente
neutro. Os ideólogos afirmam que os gêneros - masculino e feminino-são construções histórico-
culturais impostas pela sociedade.

2. Deus criou o sexo. Logo, através de um só casal - Adão e Eva - vieram a existir todas as
nações. Há alguns anos, com base na genética, os cientistas concluíram que todos os seres
humanos descendem de uma única mulher - a chamada Eva mitocondrial. Com base no DNA
mitocondrial que, pelo que consta, apenas é transmitido pela mãe, conseguiram afunilar todos os
seres humanos até uma só mulher. O sexo é um bom presente de um Deus bom que se deleita
em nossa alegria. Em Provérbios 5.18,19, Salomão diz a seus filhos: “Seja bendita a sua fonte!
Alegre-se com a esposa da sua juventude. Gazela amorosa, corça graciosa; que os seios de sua
esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhos dela”. O Senhor instrui
aqui, que o ideal de Deus é apenas uma esposa desde a juventude!

3. Os dois sexos. De fato, esta ideologia é a última rebelião da criatura contra a sua condição de
criatura. É uma teoria absurda, cheia de incoerências e contradições e que apesar disso, tem-se
tentado impor seu ensino nas escolas como uma teoria científica. Apesar de suas
incongruências, tem encontrado muitos adeptos e defensores. Dizem que não existe “homem” e
“mulher”. Para eles “Sexo” seria biológico e “gênero” seria construído socialmente. Sendo
assim, não poderia nem mesmo existir o conceito de “homossexual” ou “heterossexual”, que
supõe um sexo básico pelo qual a pessoa é atraída. Logo, a “ideologia do gênero” destrói os
mesmos direitos dos “homossexuais” e combate os que lutam pelos direitos deles. A Bíblia
revela que Deus criou dois sexos anatomicamente distintos: “E criou Deus o homem à sua
imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27). Portanto,
biologicamente o sexo está relacionado aos órgãos genitais e às formas do corpo humano.
Assim sendo, os seres humanos nascem pertencendo ao sexo masculino ou ao feminino; o
homem, designado por Deus como macho, a mulher como fêmea. Por conseguinte, não
podemos alterar a verdade bíblica para acomodar a ideologia de gênero. A cultura humana
permanece sob o julgamento de Deus (1Pe 4.17-19). Teóricos da “ideologia de gênero”
afirmam que ninguém nasce homem ou mulher, mas que cada indivíduo deve construir sua
própria identidade, isto é, seu gênero, ao longo da vida. “Homem” e “mulher”, portanto, seriam
apenas papéis sociais flexíveis, que cada um representaria como e quando quisesse,
independentemente do que a biologia determine como tendências masculinas e femininas.

II - OBJETIVOS DA SEXUALIDADE HUMANA

1. Procriação. Só existe um meio de a espécie humana propagar-se: através da união sexual


entre um homem e uma mulher. A ciência já deu passos definitivos nessa área, já não é mais
verdadeira a afirmativa da lição; A inseminação artificial e a fertilização in vitro são as
principais técnicas para ajudar pessoas com dificuldades para ter um filho. E esta área da ciência
está indo além. A intimidade física entre marido e mulher é bela e sagrada. Ela é ordenada por
Deus para a criação de filhos e para a expressão do amor entre marido e mulher. Deus ordenou-
nos que a intimidade sexual seja reservada para o casamento. A geração de filhos restrita ao
casamento, objetiva, além da pureza sexual, poupar o homem do sofrimento. Ao casal original,
unidade de desiguais, transferiu-se a bênção da reprodução para a adequada e seletiva
perpetuação da espécie. Os indivíduos coletivizados na sociedade conjugal, embora conjunto de
dois, eram uma só carne, imagem do Criador, pela natureza, pela identidade de propósitos, pelo
psiquismo integrado, pela afinidade agápica, pela interação social, pela fé comum, pelo gozo
sensual compartilhado, pela geração de semelhantes. Do Criador o casal, homem e mulher,
recebeu, equipado devidamente, a incumbência do governo, do domínio e da procriação (esta
por meio do sexo prazeroso); tudo conforme a vontade do Pai Celeste (Gn 1.26-28). Homem e
mulher possuem genitália apropriada à reprodução. Notem que Deus não criou meio termo, não
criou um ser humano que em determinado momento pudesse assumir funções incompatíveis
com a natureza do seu ser. Deus não criou um homem com possibilidades sexuais de
desempenhar o papel da mulher no ato sexual, e vice-versa. Ocorre que a natureza pecaminosa
em função da queda no Éden coloca o homem em rebeldia contra Deus. Pela influência do
diabo, o homem continua se rebelando contra o Criador e Sua palavra. Daí as perversões na área
sexual.

2. União conjugal. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a
glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36); “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra
coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). O padrão bíblico é que o sexo
expresso dentro do casamento entre um marido e mulher é santo, saudável e bom. O sexo
expresso em outro lugar fica aquém da intenção de Deus e viola o seu mandamento. A união
sexual é reservada exclusivamente para o casamento (Hb 13.4). O intercurso sexual não é
pecaminoso, nem uma concessão ao pecado, mas uma dádiva prazerosa de Deus. O autor de
Hebreus (13.4) afirma: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito
[intercurso sexual] sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros”. O livro de
Cantares é uma canção de amor tenra, às vezes erótica, entre um homem e uma mulher
enquanto eles preparam para o casamento. Não há um traço de autoconsciência moral sobre o
intercurso sexual matrimonial. É verdade que os pais da igreja frequentemente tinham uma
visão que diminuía o sexo e o corpo humano, mas isso se devia à influência de ideias gnósticas
e pagãs greco-romanos. Eles não tiraram essa convicção da Bíblia, que retrata o intercurso
matrimonial como belo, prazeroso e santo.

3. A glória de Deus. Cantares é uma canção de amor tenra, às vezes erótica - embora alguns
repudiem essa idéia, espiritualizado o livro - entre um homem e uma mulher enquanto eles
preparam para o casamento. Sexo fora do casamento é pecado; todos os cristãos sabem isso, e
os incrédulos também. Não ter sexo no casamento (sob as circunstâncias ordinárias) também é
pecado; talvez nem todos estejam cientes disso. De acordo com 1 Coríntios 7.3-5, sexo no
casamento é uma dívida. Negligenciar ou recusar fazer sexo com o seu cônjuge é roubo, uma
quebra do oitavo mandamento: “Não furtarás”. Interessante essa colocação, e pouco pensamos
acerca disso, de que o sexo também é para a glória de Deus! Dizemos que Jesus Cristo é
Senhor, e devemos ter a compreensão de que isso significa que Ele é Senhor do casamento e do
lar do casal também. Assim, nosso objetivo é a glória de Deus em Jesus Cristo e a edificação
dos santos. Dentro dessa estrutura e com esse espírito, consideremos o dever do sexo no
casamento.

III - DISTORÇÕES DA SEXUALIDADE

1. A fornicação. Fornicação vem da palavra grega porneia, cujo significado inclui adultério e
incesto. Porneia vem de outra palavra grega, cuja definição inclui também ceder a qualquer tipo
de luxúria ilícita, inclusive a homossexualidade. Em 1 Timóteo 1.10, os "impuros" e
"sodomitas" (ou "homossexuais") violam o sétimo mandamento (Êx 20.14), que proíbe a
atividade sexual fora do leito conjugal. Deus nunca tolera o pecado, o qual não tem lugar, de
modo algum, em seu reino, e nem a pessoa cujo padrão de vida seja o de imoralidade, impureza
e cobiça habituais estará em seu reino, pois tal pessoa não é salva (1Co 6.9,10; Gl 5.17-21; 1Jo
3.9,10).

2. O adultério. O adultério, por outro lado, refere-se ao pecado sexual de pessoas casadas com
alguém que não seja seu cônjuge, e a palavra é usada no Antigo Testamento, literal e
figurativamente. A palavra hebraica traduzida por "adultério" significa literalmente "quebrando
o casamento." Curiosamente, Deus descreve a deserção do Seu povo a outros deuses como
adultério. O povo judeu foi considerado como o cônjuge de Jeová, então quando eles se
voltaram aos deuses de outras nações, foram comparados com uma esposa adúltera. O Antigo
Testamento muitas vezes se refere à idolatria de Israel como uma mulher devassa que
"prostituiu-se" com outros deuses (Êx 34.15,16; Lv 17.7; Ez 6.9). Além disso, todo o livro de
Oseias compara a relação entre Deus e Israel com o casamento do profeta Oseias e sua esposa
adúltera, Gomer. As ações de Gomer contra Oseias eram um retrato do pecado e da infidelidade
de Israel, que, vez após vez, abandonou o seu verdadeiro marido (Jeová) para cometer adultério
espiritual com outros deuses. No Novo Testamento, as duas palavras gregas traduzidas como
"adultério" são quase sempre usadas para se referirem literalmente ao pecado sexual envolvendo
parceiros casados. A única exceção é na carta à igreja de Tiatira, que foi condenada por tolerar
"Jezabel, que a si mesma se declara profetisa" (Ap 2.20). Esta mulher chamou a igreja à
imoralidade e práticas idólatras e qualquer um seduzido por suas falsas doutrinas foi
considerado como se tivesse cometido adultério com ela.

3. O homossexualismo. O mandamento de Deus a respeito da homossexualidade é claro: “Com


homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é” (Lv 18.22). Isto é expandido em
Levítico 20.13: “Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher,
ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles”. Estas
passagens estão inseridas no contexto do julgamento de Deus quanto a crimes sexuais e são uma
expansão do sétimo mandamento. O que isto tudo significa é que o mandamento relativo à
homossexualidade em Levítico 18.23 e 20.13 ainda são altamente relevantes porque eles foram
reincorporados no código do Novo Testamento. Existe uma unidade moral entre o Antigo e o
Novo Testamento. Sempre foi erado matar, estuprar, roubar, ter relações sexuais com animais e
ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo. Deus lidou com seu povo de diferentes formas
em diferentes épocas, mas Seu padrão de retidão nunca mudou. Se a moralidade mudou, então a
pessoa de Deus mudou, porque a base da moralidade está na pessoa de Deus, que é imutável
(Ml 3.6).

4. A ideologia de gênero. De fato, esta ideologia é a última rebelião da criatura contra a sua
condição de criatura. É uma teoria absurda, cheia de incoerências e contradições e que apesar
disso, tem-se tentado impor seu ensino nas escolas como uma teoria científica. Apesar de suas
incongruências, tem encontrado muitos adeptos e defensores. O Comentário da Bíblia Diário
Vivir do texto de Romanos 1.26 e 27, traz o seguinte: “O plano divino quanto às relações
sexuais normais é o ideal de Deus para sua criação. É lamentável, mas o pecado distorce o uso
natural dos dons de Deus. Freqüentemente, o pecado não só implica negar a Deus, mas
também negar a forma em que nos fez. Quando uma pessoa diz que qualquer ato sexual é
aceitável sempre que não fira ninguém, está-se enganando. A mudança ou abandono das
relações sexuais naturais propagou-se nos dias de Paulo como nos nossos. Muitas práticas
pagãs o respiravam. No mundo de hoje, muitos consideram aceitável esta prática, inclusive
algumas Igrejas. Mas não é a sociedade que estabelece o padrão para as leis de Deus . Ainda
sobre Romanos 1.26 e 27, Paulo registra as tríplices rejeições: “Deus os entregou”, “Deus os
entregou”, “foram entregues pelo próprio Deus” (Rm 1.24,26,28, A21). A conjunção do verbo
“entregar” no pretérito perfeito exibe o sentido do abandono pleno do Criador, como uma
resposta iminente de Deus deixando os seres humanos a mercê de suas perversidades explicitas
nos versículos 22 e 23. Para os defensores da “nova perspectiva”, não se devem fazer distinções
porque qualquer diferença é suspeita, má, ofensiva. Por isso procuram estabelecer a plena
igualdade entre homens e mulheres, independentemente das diferenças naturais entre os dois. É
interessante notar que a mesma Dale O’ Leary evidencia que a finalidade do “feminismo do
gênero” não é melhorar a situação da mulher, mas separar totalmente a mulher do homem e
destruir a identificação de seus interesses com os interesses de suas famílias. Além disso,
acrescentava que o interesse primordial do feminismo radical nunca foi diretamente melhorar a
situação das mulheres nem aumentar a sua liberdade, mas sim impulsionar a agenda
homossexual/lesbiana/bissexual/transexual. O “feminismo do gênero” não se interessa pelas
mulheres comuns e correntes. As “feministas de gênero” pretendem assim, “desconstruir” os
“papéis socialmente construídos”, principalmente os seguintes: (1) A distinção entre
masculinidade e feminilidade. Consideram que o ser humano nasce sexualmente neutro e, em
seguida, é socializado em homem ou mulher. Essa socialização afeta negativamente e de forma
injusta as mulheres; (2) As relações de família: pai, mãe, marido e mulher; (3) As ocupações ou
profissões próprias de cada “sexo”; e, (4) A reprodução humana. Diz uma autora da dita
perspectiva: “em sociedades mais imaginativas a reprodução biológica poderia ser assegurada
com outras técnicas”.

CONCLUSÃO

A sociedade atual está cada vez mais perdendo de vista o princípio que Deus definiu para a
união sexual entre os seres humanos: um homem e uma mulher, unidos pelo compromisso
eterno do matrimônio. Em virtude deste crescente desvio do padrão idealizado por Deus no
princípio, têm surgido anomalias sexuais como as descritas na lição. O propósito de Deus é que
o homem junte-se com a mulher e os dois formem “uma só carne” (Gn 2.24), constituindo-se
numa família heterossexual, na qual os filhos poderão ser educados em meio a um ambiente
sadio e livre de preconceitos. Este ideal está totalmente corrompido na sociedade moderna, e as
relações sexuais passaram a ser apenas um meio de obter prazer a qualquer custo, sem atentar
para as orientações dadas por Deus no passado, e para os perigos de não seguir estas
orientações.

Lição 6: A Sexualidade Humana

Introdução: Deus fez o homem macho, para ser macho sempre e a mulher fêmea, para ser
fêmea sempre, assim foi no princípio e assim será para toda a eternidade, no contexto de reino
terreno, que continuará pós arrebatamento da Igreja. Um homem e uma mulher, nada mais além
disso, pois se Deus criasse mais de uma mulher para Adão, então haveria um precedente, mas
ele fez só uma. Isso significa que o homem e a mulher formam um casal e essa situação
conjugal é indissolúvel e o que Deus ajuntou o homem não pode separar.
a) Jesus pregou, curou muitos, mas entre eles, mentes mal intencionadas. Jesus foi
incansável na Sua missão evangelizadora, onde percorria grandes distâncias levando as boas
novas da salvação, como também realizando curas em todos que se chegavam a Ele. Esse é um
trabalho que incomoda o Diabo e sendo assim, ele sempre está arquitetando os seus planos
malignos para perturbar um trabalho que envolve misericórdia e compaixão pelas almas
perdidas. Entre as multidões que seguiam Jesus, havia também não só seguidores com boas
intenções, mas também alguns seguidores com mal intenções. Quem trabalha com fidelidade na
seara do Senhor, já está acostumado com esse tipo de gente e sabe como lidar com eles.

b) O repúdio a mulher só pode acontecer em caso de infidelidade conjugal. Os fariseus se


julgavam os maiores conhecedores da lei mosaica e procuravam usar esse conhecimento para
inferiorizar ou pegar em alguma falta os que pregavam e agiam em prol do reino de Deus. Os
fariseus desprezavam Jesus porque Ele ia de encontro os seus falsos ensinos, como também
expunha a sua vida enganosa, que exteriormente parecem homens santos, mas interiormente
eram como sepulcros caiados. As intenções desses religiosos era testar Jesus e levá-lo ao
descrédito perante a opinião pública e tornar a sua missão em fracasso. As intenções desses
religiosos ao inquirirem o Senhor Jesus na questão de o homem repudiar a sua mulher era na
realidade colocá-lo numa situação sem saída diante da sua resposta a eles. Como Jesus pregava
o amor; misericórdia; compaixão ao povo, eles entenderam que Ele iria contra o que dizia a lei
sobre o adultério e neste caso o acusaram de ir contra esta lei, o que daria motivo para
incriminá-lo e levá-lo a julgamento.

c) É macho e fêmea e fêmea e macho, mudar isso é ir contra o Deus criador. Deus faz tudo
perfeito e na questão da sexualidade, Ele criou macho e fêmea com a finalidade principal, que
era a multiplicação da raça humana. Para isso foram criados com corpos adaptados para a
geração de filhos, sendo que o homem para fecundar e a mulher para gerar. Mas para que os
dois pudessem copular seria necessário que tivessem o desejo sexual, pois se não tivessem esse
desejo, não iriam copular. Assim, tendo os dois, esse desejo, a multiplicação da raça aconteceria
e Deus permitiu que esse desejo continuasse para poderem manter relações também na sua vida
continua, ao contrário dos animais que só copulam para gerar filhotes, fora disso não. Macho e
fêmea é algo racional, fora disso é irracional e diabólico, pois Satanás sempre age para tornar
imperfeito, o que Deus faz perfeito.

d) Os pais não podem fazer parte da união dos filhos que são uma só carne. A Bíblia diz
que o cordão de três dobras não se rompe entendendo que significa o casal e a presença de
Cristo. Porém se o pai ou mãe, ou ambos querem fazer parte desse cordão é óbvio que não vai
dar certo e nessa condição, o que tem tudo para ser um lar feliz passará a ser um transtorno. O
casamento é o início de uma nova família, a qual será constituída dentro do planejamento do
casal, sem a interferência de pai ou mãe, ou parentes. O casamento que sofre interferência dos
pais está sujeito a confusões, discussões e certamente uma das partes, principalmente a mulher é
que sofrerá as consequências. Deus na sua sabedoria já deixou esse conselho para que uma
união que poderia ser feliz pode tornar-se uma infelicidade e sujeita ao fracasso e em alguns
casos em separação.

e) Moisés permitiu o divórcio, mas visava livrar a mulher do marido opressor. As mulheres
nos tempos do antigo testamento, quando Israel saiu do Egito, não eram tratadas pelos seus
maridos como uma adjutora conforme a ordem divina. A maioria vivia num regime de semi-
escravidão e tratadas com rudeza pelos seus maridos, o que tornava a vida conjugal um
tormento contínuo. Os fariseus inquiriram Jesus acerca do divórcio baseados no texto da lei em
Deuteronômio 24.1 onde Moisés escreveu sobre essa questão, a qual erroneamente eles
interpretavam para dar respaldo ao divórcio. Moisés diz se for encontrado coisa indecente na
mulher, o homem poderia pedir o divórcio. Coisa indecente não era adultério, pois o adultério
era penalizado com sentença de morte segundo a lei. Nesse caso coisa indecente poderia ser
interpretada como qualquer coisa que desagradasse o marido. Esse termo não foi definido por
Jesus, mas deixou claro que a lei mosaica a respeito do divórcio era uma concessão e não uma
prescrição. Na realidade os homens interpretavam a lei como uma prescrição e quando se
cansaram de viver com a sua mulher, simplesmente usavam dessa prerrogativa para se divorciar
deixando a mulher numa situação difícil de desamparo. Assim Moisés abriu essa concessão para
que a mulher não ficasse no sofrimento atormentada e oprimida por um marido estúpido e cheio
de ignorância. Eles não estavam interessados no padrão divino para o casamento que Deus tinha
estabelecido desde a criação e queriam impor os seus próprios padrões achando que estavam de
acordo com a lei mosaica.

f) O casamento é um compromisso de vida e só pode ser desfeito por traição. Os fariseus


achavam que iriam obter alguma vantagem sobre esta questão na conversa com Jesus
imaginando que Ele daria o aval para que continuassem se divorciando à revelia. O que eles não
imaginavam é que a situação não ficou fácil com eles queriam e, sim ficou mais estreita ainda
quando Jesus disse que divórcio, só se houver adultério, fora disso nem pensar. O que Jesus
determinou, mesmo sendo ainda no tempo da lei continua em pleno vigor, pois o apóstolo Paulo
dá mais detalhes a respeito disso na carta aos Coríntios. Em nossos tempos isso não vem sendo
observado por muitos cristãos e mais ainda, por líderes evangélicos. O que se tem visto nesta
questão é fato e não especulação e isso tem provocado escândalos em nosso meio. Líderes estão
se divorciando sem que houvesse motivo para isso, que seria o adultério e fazendo isso como se
fosse algo normal e não é, porque essa prática é condenável. O pior é que a igreja aceita ser
pastoreada por esses tipos que não tem mais moral alguma para estar num púlpito.

g) Jesus veio colocar ordem na questão do divórcio para resguardar a mulher. Os fariseus
hipócritas interpretando a lei segundo os seus interesses foram os grandes culpados pela
proliferação do adultério, através de um divórcio que burlava e distorcia o que a lei intencionava
nessa questão. Jesus deixou bem claro que o divórcio era permitido somente em caso de
adultério e que a parte vitimada ficava livre para constituir um novo casamento, a fim de que ele
ou ela tivesse outra oportunidade de desfrutar novamente as bênçãos de uma nova convivência,
que foram destruídas na relação anterior. No caso de um casal que um seja crente e ou outro não
a separação deve partir do incrédulo, independente se houve adultério, ou não; e nesse caso, ele
ou ela fica livre para um novo casamento. O casamento que tem possibilidade de ser bem
sucedido é o que vem de uma relação de amor e não de paixão. O amor a bíblia diz que as
muitas águas não podem apagá-lo, mas o que se une por paixão é totalmente incerto, porque a
paixão acaba com o tempo, mas o amor não. Paulo falou sobre o celibato, isso porque por força
da sua condição, ele realmente tinha que estar solteiro para realizar a sua missão evangelizadora
e instruiu a quem tinha essa vocação que vivessem dessa maneira, mas quem não continha os
desejos sexuais, então que se casassem.

AULA 07 - A QUEDA DO SER HUMANO

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Queda de Adão, o primeiro ser humano. Este trágico acontecimento é
apresentado, literalmente, na Bíblia Sagrada. Não é um relato teórico ou figurativo, mas um
relato histórico. Deus deu um mandamento a Adão, e Satanás o instigou a desobedecer a esse
mandamento, e as consequências foram fatais (cf. Gn 3.14-24), para ele e para sua posteridade,
chegando até nós. Portanto, a essência do primeiro pecado está na desobediência do homem à
vontade divina e na realização de sua própria vontade. O pecado de Adão e Eva foi uma
transgressão deliberada ao limite que Deus lhe havia estabelecido. Deus concedeu ao ser
humano o livre-arbítrio, mas estabeleceu uma linha divisória entre o certo e o errado; ultrapassar
esse limite estabelecido por Deus é considerado um erro gravíssimo, e isto trará consequências
danosas, que poderá repercutir por toda a eternidade; o apóstolo Paulo advertiu: “Não erreis:
Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl
6.7).
I. LIVRE-ARBÍTRIO DO SER HUMANO

1. O Livre-arbítrio. Livre-Arbítrio é a faculdade mediante a qual o homem é dotado de poder


para agir sem coações externas, e de acordo com sua própria vontade ou escolha. Como um
livre agente, o ser humano tem a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de
desobedecer a Deus (Dt 30.11-20; Js 24.15). Isso, por si só, é suficiente para que ele seja
responsável pelas consequências de seus atos. Deus fez o homem com poder de servi-lo ou não
e, por isso, nós, simples seres humanos, não podemos querer obrigar as pessoas a servir a Deus.
Quem cerceia, pois, a liberdade de opção da pessoa em servir, ou não, a Deus, algo que,
infelizmente, muitas vezes foi praticado em nome do Senhor, atenta, antes de mais nada, contra
a própria ordem estabelecida por Deus, o qual foi quem criou o homem com esta faculdade. O
livre-arbítrio é o maior patrimônio de Deus ao homem, mas a liberdade que Deus lhe deu tem
uma correspondência: a responsabilidade. Paulo advertiu aos crentes de Gálatas: “Porque vós,
irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à
carne...” (Gl 5.13). A contrapartida do poder dado ao homem para escolher entre o bem e o mal
é a de que deve responder diante de Deus pela escolha feita, arcando com as consequências de
sua opção. O preço de uma má escolha, que fere os ditames da Palavra de Deus, trará
consequências danosas, que poderá repercutir por toda a eternidade. Paulo adverte aos que usam
da “liberdade para dar ocasião à carne”: “...os que cometem tais coisas não herdarão o Reino
de Deus” (Gl 5.21). A Bíblia contém uma série de textos em que o direito humano de escolha
fica claro: (1) Adão e Eva, no jardim do Éden. Eles podiam escolher o fruto que quisessem
comer, menos o proibido; escolheram a desobediência e foram castigados. Se estivessem
predestinados a pecar, Deus não os condenaria; (2) Caim e seu rancor. Deus deixou claro para
Caim que, se ele mudasse sua atitude, sua oferta poderia ser aceita (Gn 4.7); por outro lado,
havia a opção pelo pecado; ele escolheu matar o seu próprio irmão. Caim estava morto
espiritualmente, mas isso não significava incapacidade de ouvir a voz de Deus, crer e decidir;
(3) Josué escolheu servir a Deus, porém, os israelitas escolheram servir aos deuses cananeus:
“Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos
deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em
cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). “E os filhos de
Israel fizeram o que parecia mal aos olhos do SENHOR, e se esqueceram do SENHOR, seu
Deus, e serviram aos baalins e a Astarote” (Jz 3.7); e, (4) Moisés colou diante dos israelitas
duas opções para que eles escolhessem: a bênção e a maldição, e esta advertência ainda ecoa em
nossos dias: “O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a
vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua
descendência” (Dt 30.19).

2. A soberania divina. Sendo um dos seus atributos (aquilo que lhe é próprio, qualidade), a
soberania de Deus é uma autoridade inquestionável que o Senhor detém sobre o Universo, pelo
fato óbvio de que Ele é o Criador de todas as coisas (Is 44.6; 45.6; Ap 11.17). “Assim diz o
SENHOR, Rei de Israel e seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o
último, e fora de mim não há Deus” (Is 44.6). (1) Por ser soberano, Deus decidiu criar todas as
coisas e, por isso, o mundo foi criado, pois, em Deus, o simples desejo já é efetuar (Fp 2.13); (2)
Por ser soberano, Deus quis criar o ser humano com o livre-arbítrio, ou seja, com liberdade para
escolher entre o bem e o mal; e, (3) Por ser soberano, Ele estabeleceu a única maneira de o ser
humano alcançar a salvação, Jesus Cristo (Jo 14.6). Entretanto, a soberania divina não interfere
na liberdade do homem, porque a soberania diz respeito a Deus, que está além de toda a criação;
é algo imputável somente a Ele, faz parte da sua própria natureza e, por isso, não podemos
querer transferir a soberania divina para algo que diz respeito apenas ao homem. Vemos, pois,
que o fato de Deus ser soberano, tem, logicamente, implicações no plano estabelecido para a
salvação do homem. Este plano só existe porque Deus é soberano e quis criar uma forma de o
homem se livrar do pecado.

3. A responsabilidade humana. Como eu disse, o livre-arbítrio, a liberdade humana, é uma


manifestação da vontade divina. Deus quis que o ser humano tivesse esta liberdade e, por isso,
não cabe a nós querer estabelecer limites ou objeções ao Senhor por causa desta liberdade. Mas,
a liberdade que Deus deu ao ser humano, tem uma contrapartida: a responsabilidade. Ao
verificarmos o texto sagrado de Gênesis 2.16,17, notamos que Deus deu uma ordem ao homem
no sentido de que ele comesse livremente de todas as árvores do jardim do Éden, com exceção
da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que dela comesse, certamente
morreria. O homem poderia escolher entre o bem e o mal, mas, no dia em que desobedecesse a
Deus, em que escolhesse o mal, adviria uma penalidade, qual seja, a morte, a separação entre o
homem e Deus - “certamente morrereis”. A contrapartida do poder dado ao homem para
escolher entre o bem e o mal era a de que deveria responder diante de Deus pela escolha feita,
arcando com as consequências de sua opção. Esta ideia de responsabilidade mostra, claramente,
duas coisas, a saber: (1) Não existe liberdade sem responsabilidade. O homem não faz o que
quer sem qualquer consequência, uma vez que a sua liberdade não é o direito de ditar as regras
para si, mas de optar entre seguir, ou não, as regras estabelecidas por Deus. Liberdade não se
confunde, pois, com libertinagem, como, infelizmente, tem sido propagandeado pelo mundo ao
longo dos séculos e, muito intensamente, nos dias em que vivemos; e, (2) A liberdade humana
não altera a soberania divina. O uso da liberdade pelo homem deverá ser objeto de prestação de
contas diante de Deus, que é o soberano, a máxima autoridade. O plano da salvação, pois, não
elide nem sequer diminui a soberania divina. Como, então, conciliar o direito de liberdade do
homem com a soberania divina? Deus é Onipotente, Onipresente e Onisciente, e, em virtude
destes atributos, é soberano, visto que tem todo o poder, está presente em todos os lugares ao
mesmo tempo e sabe de todas as coisas. Sem tais atributos, com os quais se relaciona com o
mundo, não poderia ser soberano, não teria a autoridade suprema sobre tudo e sobre todos. Esta
soberania é tanta que permitiu que seres – humanos e anjos - fossem criados com o atributo
chamado livre-arbítrio, ou seja, a liberdade de escolher entre servir, ou não, a Deus. O Senhor
não quis criar seres autômatos, verdadeiros “robôs”, mas, na sua soberania, quis que fossem
criados seres que, assim como Ele, pudessem saber o que é o bem e o que é o mal, e, portanto,
tivessem liberdade para escolher fazer o bem, seguindo, assim, as determinações divinas ou de
fazer o mal, ou seja, escolherem ter uma vida em que estivessem distantes de Deus. Essa
liberdade de escolha aparece já nos primórdios de Gênesis, na aurora da raça humana, quando o
primeiro casal dá ouvidos à serpente e comete por sua livre vontade a primeira transgressão
contra Deus (Gn 3.1-13). Este livre-arbítrio é a maior prova de que Deus é soberano, pois está
tão acima dos seres criados que lhes permite, inclusive, dar as costas para Ele. O fato de Deus
permitir que seres humanos possam não lhe obedecer, isto não representa qualquer fragilidade
ou diminuição na autoridade de Deus sobre tudo, antes, porém, demonstra a reafirmação desta
autoridade, pois o fato de o ser humano poder desobedecer a Deus não retira o fato de que Deus
mantém o controle sobre tudo, tanto que tais seres humanos serão responsabilizados pela
desobediência no tempo, modo e lugar, já previamente determinado pelo Senhor. Portanto, a
liberdade tem, como contrapartida indispensável, a responsabilidade. Deus nos criou com o
poder de escolha, com o poder de decidir o que iremos fazer ou não, mas prestaremos contas de
todas estas escolhas e decisões perante Ele, com quem haveremos de tratar um dia (Hb 4.13).
“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes
aos olhos daquele com quem temos de tratar”.

II. A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E LITERAL

Para muitos, o capítulo 3 de Gênesis não passa de lenda, mito, fábula, alegoria ou um simples
fato isolado na história antiga. Se essa narrativa bíblica não corresponde a um fato histórico com
implicações históricas universais até a época presente, então, esse capítulo não deve ser levado a
sério e ninguém precisa se preocupar com a ideia de pecado nem aguardar algum tipo de
solução ou intervenção divina. Com base nessa interpretação das Escrituras Sagradas é que
diversas teorias apostam no homem como a solução para si e para o mundo. Entretanto, para os
que confiam na autoridade da Bíblia, os fatos e as consequências da história, que estão narradas
em Gênesis 3.14-24, foram e são reais. Acreditar na Queda do homem implica acreditar numa
catástrofe que tem afetado todo o curso da humanidade - a minha e a sua vida.
1. A possibilidade da Queda. A Queda do homem foi uma catástrofe que afetou toda a criação,
cujo reflexo se perenizou na história da humanidade, chegando até os dias atuais, ainda com
grande intensidade. Alguém pode indagar: “Deus tinha conhecimento de que o homem ia cair,
isto é, pecar?”. Sim, tinha. Nós já afirmamos que um dos atributos de Deus é a Onisciência.
Seu conhecimento é absoluto: Ele conhece o passado, o presente e o futuro. Conhece tão bem o
eterno passado como o futuro eterno. Se Deus não conhecesse o eterno futuro, Ele não seria
Deus. Só conhecemos Deus como aquele ser que tem todo o poder no Céu, o Universo, e na
Terra. “Se Deus sabia que o homem ia pecar, por que o criou?”. O autor do livro “A Bíblia
responde. CPAD”, dá a seguinte resposta a esta pergunta: “Apesar de saber disso, Deus criou o
homem por causa de seu imensurável amor para com aqueles que haveriam de herdar a
salvação. Por causa dos que não quiseram no passado, dos que rejeitam no presente e dos que
recusarão no futuro a graça oferecida por Deus, esse Deus de amor não poderia deixar de
mostrar sua inefável bondade para com aqueles que no passado aceitaram, para com os que no
presente estão recebendo, e para com os que no futuro aceitarão com corações transbordando
de alegria o eternal plano de salvação. “Estas verdades sublimes, que não podem ser
contraditadas, estão reveladas na Palavra inspirada do apóstolo Pedro: ‘eleitos segundo a
presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência…’ (1Pe 1.2). Não
aceitamos uma predestinação arbitrária que permite uma vida desregrada para os
‘contemplados’ porque isso ofende a santidade de Deus. Mas cremos numa eleição em
santificação do Espírito para a obediência. Foi para isso que Deus nos chamou, e isso glorifica
o Seu nome”. Ao criar Adão e Eva, Deus conferiu ao este casal a liberdade de manutenção (ou
não) do seu estado de inocência original. Essa possibilidade dependia da maneira como eles
usariam a liberdade. Lemos em Gênesis 2.16,17 que, após a criação de Adão, Deus lhe deu uma
ordem de natureza positiva e negativa. A positiva dizia: “de toda a árvore do jardim comerás
livremente”; e a negativa: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás”. A
partir desse exato momento, Adão se viu num teste, no qual poderia se alimentar do fruto de
qualquer árvore do jardim, exceto de uma árvore em particular. O teste pode ser visto sob duas
perspectivas: Provação e Tentação. (1) Com a Provação, Deus estava aplicando um teste de
obediência à Sua vontade. É claro que Deus não precisava de algum tipo de instrumento para
conhecer as livres reações humanas no futuro, pois Ele é Onisciente (Sl 139.1-6). O alvo do
teste na perspectiva divina era o sucesso de Adão e Eva, o qual dependia do alinhamento do
coração, alma e entendimento deles (fator interno) à vontade e ao caráter de Deus (fator
externo); e, (2) Com a Tentação, Satanás pressionou o primeiro casal a uma atitude de rebelião
contra a vontade de Deus. Como uma criatura “caída” que se rebelou contra Deus (Is 14.13,14;
Ex 28.11-19), Satanás tentava convencer Adão e Eva a seguirem os passos dele. O alvo do teste
na perspectiva diabólica era o fracasso dos dois, o qual dependia do alinhamento do coração,
alma e entendimento deles (fator interno) à vontade e ao caráter do diabo (fator externo).
Portanto, a possibilidade da Queda foi um período de teste. Não sabemos quanto tempo durou
tal teste. Sabemos que ele passou a ter validade no momento em que foi instituído.

2. A realidade da tentação. Observamos no relato da queda do primeiro casal, que o diabo


surge como uma serpente, ou seja, de forma quase imperceptível, quase sem ser notado,
apresentando-se à mulher de repente, de surpresa, num momento em que a mulher não esperava,
diríamos que num instante de distração. Ante à distração da mulher, Eva, o diabo conseguiu
entrar no Jardim para efetuar a sua tarefa destruidora. A distração, o “cochilo espiritual”, é fatal
à saúde espiritual do crente. O caminho da vigilância está relacionado com a meditação diuturna
da Palavra de Deus. Quando meditamos nas Escrituras Sagradas, quando as estudamos
ininterruptamente, o adversário não encontra brecha para agir. Observe os passos que levaram a
Queda do ser humano:

a) Satanás instigou dúvida em relação à Palavra de Deus. “É assim que Deus disse: não
comereis de toda árvore do jardim?” (Gn 3.1b). Eva estava distraída e, por causa disto, o diabo
pôde se aproximar e iniciar um diálogo com ela, lançando-a no campo da dúvida. Diante de
tanta amabilidade, Eva aceitou o diálogo, porém, não mostrou firmeza, pois a sua resposta não
correspondeu aquilo que, de fato, Deus havia dito. Nossas dúvidas e inseguranças na Palavra de
Deus tornam Satanás mais ardiloso e com uma vantagem enorme para atuar.

b) Eva demonstrou desconhecimento da Palavra de Deus. Ela declarou (falando sobre a


árvore do conhecimento do bem e do mal): “... do fruto das árvores do jardim comeremos, mas,
do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele
tocareis, para que não morrais”. Dá para perceber que a mulher demonstrou desconhecimento
da Palavra de Deus. Enquanto a ordem divina era para que não se comesse da árvore do
conhecimento do bem e do mal (cf. Gn 2.16,17), a mulher respondeu à serpente que a ordem era
a proibição de comer e tocar na árvore que estava no meio do jardim (Gn 3.3). Vemos aqui,
portanto, que a mulher alterou em dois pontos a ordem divina, a saber: (1) árvore da ciência do
bem e do mal por árvore que está no meio do jardim; (2) não comereis por não comereis nem
tocareis.

c) Satanás contradita o próprio Deus. Face o desconhecimento da Palavra de Deus, agora


Satanás estava em condições de contraditar o próprio Deus, pois sentiu que já tinha o controle
sobre a mulher. Mais uma vez, com muita sutileza, lançou dúvidas quanto à veracidade da
Palavra do próprio Deus: “... certamente não morrereis”, uma maneira muito sutil de afirmar
que Deus havia mentido. Satanás deturpou o mandamento do Senhor ao sugerir que Deus tinha
ocultado algo benéfico para Adão e Eva. Satanás se atreveu a negar as consequências da
desobediência, como fazem até hoje seus seguidores, ao continuarem negando a existência do
inferno e a punição eterna.

d) Satanás desperta na mulher a soberba e o desejo de ser como Deus. Não tendo havido
nenhuma reação por ter ouvido que a Palavra do Criador não era verdadeira, então Satanás com
maior sutileza deu sua cartada final, despertando, agora, a soberba e o desejo de ser como Deus:
“Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis
como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn 3.5). Satanás utilizou-se de um motivo sincero para
testar Eva: “sereis como Deus”. Eva não estava errada em querer ser como Deus; tornar-se mais
parecido com Deus é o maior objetivo da humanidade. Deveríamos ser assim. Mas, Satanás
enganou Eva no que diz respeito ao modo de alcançar esse objetivo. Ele alegou que ela poderia
parecer-se com Deus desafiando a autoridade dele, tomando o seu lugar e decidindo por si
mesma o que era melhor para a sua vida. Na verdade, ele a instruiu a ser seu próprio deus.
Entretanto, parecer-se com Deus não é o mesmo que querer ser Deus; ao contrário, é refletir nas
características de Deus e reconhecer a autoridade dele sobre a vida de cada pessoa. Assim como
Eva, possuímos um objetivo valioso, mas tentamos alcançá-lo de forma errada. Agimos como
um candidato político que usa de suborno para ser “eleito”; ao fazer isto, servir a comunidade já
não é mais seu objetivo. A exaltação própria conduz à rebelião contra Deus. Logo que
começamos a retirar Deus de nossos planos, colocamo-nos acima dele. E é exatamente isto o
que Satanás deseja. O humanismo secular tem perpetuado a mentira de Satanás: “você será
igual a Deus”.

e) A derrocada de Adão e Eva. O diabo mentiu, pôs em descrédito os ditos do Senhor e criou
fantasias nas quais o primeiro casal acreditou, e isto determinou a sua derrocada. Sem qualquer
ameaça, sem nenhuma palavra forte, apenas na sutileza, Satanás já estava com a mulher na
“palma de sua mão”. Eva se deixou enganar - pensou que seria como Deus. Veja a linha
sequencial da derrocada de Adão e Eva: (1) Olhou: “vendo a mulher que a árvore era boa para
se comer, agradável aos olhos”; (2) Desejou: “... árvore desejável para dar entendimento...”;
(3) Tomou: “... tomou-lhe do fruto...”; (4) Comeu: “... comeu...”; e, (5) Morreu: morte
espiritual instantânea e morte física gradativa. A punição por transgredir o mandamento era a
morte: “... no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Uma vez se
desprendendo das Escrituras, as pessoas são iludidas com falsas promessas e fantasias - que as
Escrituras denominam de “fábulas”, ou seja, “contos da carochinha” (1Tm 1.4; 4.7; 2Tm 4.4;
2Pe 1.16), falsidades que a seu tempo se revelarão e que, infelizmente, para muitos, significarão
a morte eterna. Paulo, profeticamente, advertiu o povo de Deus acerca disso: “Porque virá
tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para
si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade,
voltando às fábulas” (2Tm 4.4). Adão e Eva tiveram o que queriam: um conhecimento
profundo do bem e do mal. Mas isto eles conseguiram cometendo pecado e os resultados foram,
portanto, desastrosos. Algumas vezes, temos a ilusão de que “liberdade” é fazer o que
queremos. Mas Deus diz que a verdadeira liberdade vem da obediência e da consciência do que
não deve fazer. As restrições impostas por Ele são para o nosso bem, para ajudar-nos a evitar o
mal. Temos a liberdade de andar em frente a um carro em alta velocidade, mas não precisamos
ser atropelados para perceber quão tolo isto seria. Não dê ouvidos às tentações de Satanás. Você
não precisa fazer o mal para adquirir mais experiências e aprender mais sobre a vida. No Jardim
do Éden, Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal como forma de testar a
obediência do ser humano. A única razão para não comerem daquele fruto era o fato de Deus
assim haver ordenado. De muitas maneiras, tal fruto ainda se encontra em nosso meio nos dias
de hoje.

3. A historicidade da Queda. A Queda do ser humano, como já disse no introito deste tópico, é
uma realidade indubitável, deve ser aceita tal como foi narrada no capítulo 3 de Gênesis.
Argumenta o Pr. Claudionor de Andrade que “a narrativa da Queda do ser humano tem de ser
acolhida de forma literal, pois o Livro de Gênesis não é uma coleção de parábolas mitológicas,
mas um relato histórico confiável (2Co 11.3; Rm 15.4)”. Argumenta, ainda, o Pr. Claudionor de
Andrade: “a hermenêutica pós-moderna, manejando ferramentas e armas forjadas do inferno,
ataca impiedosa e malignamente os 11 primeiros capítulos de Gênesis, como se tais passagens
fossem meras parábolas morais. E, dessa forma, em repetidos e monótonos golpes, intenta
destruir as bases, as colunas e o majestoso edifício da soteriologia bíblica. O que esses
pretensos exegetas e hermeneutas não sabem é que a Doutrina da Salvação, qual penha de
comprovada solidez, jamais será desgastada por seus martelos. Antes, como já tem ocorrido
tantas vezes, são estes a se agastarem, e não aquela, porquanto o Calvário, apesar desses dois
milênios já decorridos, continua tão firme hoje quanto na tarde em que o Filho de Deus,
entregando o Espirito ao Pai, exclamou: ‘está consumado’”. Portanto, se não aceitarmos a
historicidade e a literalidade do Livro de Gênesis, não teremos condições de entender o restante
das Escrituras Sagradas.

III. AS CONSEQUENCIAS DA QUEDA DE ADÃO

Deus fez o homem com o poder de escolher entre o bem e o mal, sendo real a possibilidade da
escolha do mal, só que, uma vez feita a escolha pelo mal, o homem sofreria as consequências de
sua opção. Ao criar o homem com liberdade, Deus também estabeleceu que o homem
responderia diante d’Ele sobre o uso desta liberdade.

1. Adão e Eva conheceram pessoalmente o mal: seus olhos "foram abertos" (Gn 3.7).
“Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de
figueira, e fizeram para si aventais”. Adão e Eva chegaram a assemelhar-se a Deus,
distinguindo entre o bem e o mal, porém, seu conhecimento se diferencia do conhecimento de
Deus em que o conhecimento deles foi o da experiência pecaminosa e contaminada. Deus, ao
contrário, conhece o mal como um médico conhece o câncer, porém, o homem caído conhece o
mal como o paciente conhece sua enfermidade. A consciência deles despertou para um
sentimento de culpa e vergonha.

2. Perderam a comunhão com Deus - foram expulsos do Paraíso (Gn 3.23,24). O pecado
sempre despoja a alma da pureza e do gozo da comunhão com Deus. A vida no jardim do Éden
era como a vida no Céu. Tudo era perfeito e, se Adão e Eva tivessem obedecido a Deus, eles
poderiam ter vivido ali para sempre. Mas, após desobedecerem, Adão e Eva não mais
mereceriam o Paraiso, e Deus os expulsou dali, onde, diariamente, conversavam com o Senhor
(Gn 3.8). “o SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que
fora tomado. E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden e
uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”. Se
continuassem a viver no Jardim e a comer da árvore da vida, viveriam para sempre, mas seu
estado de pecado significaria a tentativa de esconder-se de Deus por toda a eternidade. A partir
daí o ser humano, para reatar a comunhão com Deus, deve ter a presença de um intermediador,
Jesus Cristo, que nos atende pela fé que depositamos n’Ele (Hb 11.6). O apóstolo Paulo
enfatizou isto: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus
Cristo” (Rm 5.1). Ele é o único mediador entre Deus e o homem (1Tm 2.5).

3. A natureza humana corrompeu-se e o homem adquiriu a tendência para pecar. O ser


humano, agora, já não era inocente como uma criança, mas sua mente se havia sujado e ele
sentia vergonha de seu corpo (Gn 3.7). Outra prova da sua natureza corrompida: ele lançou a
culpa sobre sua mulher. Adão chegou a insinuar que Deus era o culpado: "A mulher que me
deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi" (Gn 3.12). Isto é uma demonstração clara
da natureza decaída do homem.

4. A transmissão do pecado à espécie humana. Somos herdeiros da corrupção moral de Adão.


Seu pecado nos foi imputado. Como filhos de Adão, todos os seres humanos nascem em
pecado. Adão se posicionou na porta de entrada da história e por meio dele o pecado entrou no
mundo. Agora todos estão em estado de depravação total. Todos os seres humanos depois de
Adão carregam a sua imagem. Vários textos bíblicos indicam este fato, mas destacaremos
apenas dois textos que Paulo escreveu: "Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram"
(Rm 5.12). "Pela ofensa de um só, a morte reinou" (Rm 5.17).

5. A mulher sofreria dores no parto e estaria sujeita a seu marido (Gn 3.16). “E à mulher
disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu
desejo será para o teu marido, e ele te dominará”. Estar sujeita ao esposo é maldição? Não
deve ter a família uma cabeça? Além do mais, não está aí uma figura da relação entre Cristo e a
Igreja? (Ef 5.22,23). O mal consiste em que a natureza decaída do homem torna-o propenso a
abusar de sua autoridade sobre a mulher; do mesmo modo que a autoridade do marido sobre a
mulher pode trazer sofrimento, o desejo feminino a respeito de seu esposo pode ser motivo de
angústia. O desejo da mulher não se limita à esfera física, mas abrange todas as suas aspirações
de esposa, mãe e dona-de-casa. Se o casamento fracassa, a mulher fica desolada.

6. O homem foi sentenciado a obter alimento de uma terra amaldiçoada com espinhos e
cardos (Gn 3.17-19). “E a Adão disse: Porquanto destes ouvidos à voz de tua mulher e
comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa
de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te
produzirão; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te
tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás”. Isto significa
que o homem teria de trabalhar o resto da vida em fadigas e com suor do rosto até retornar ao
pó. Devemos observar que o trabalho não é uma maldição. Em geral, o trabalho é uma bênção.
A maldição está mais ligada à tristeza, à frustração, ao suor e ao cansaço que acompanham o
trabalho. Toda a raça humana e a própria natureza ainda continuam sofrendo como
consequência do juízo pronunciado sobre o primeiro pecado. O apóstolo Paulo fala
poeticamente de uma criação que "geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm
8.22). Todavia, quando Jesus implantar o seu Reino Milenial, logo após a Grande Tribulação, o
planeta será plenamente restaurado e haverá perfeito gozo, justiça, paz, fartura, harmonia,
perfeita saúde (Is 35). Vem logo, Senhor Jesus!

7. A morte - espiritual, física e eterna. A desobediência de Adão e Eva trouxe maldições a


toda criação, cuja maior penalidade foi a morte. (1) Em primeiro lugar, morreram
espiritualmente, pois perderam seu estado de inocência e foram dominados pelo pecado; por
conseguinte, perderam a comunhão com Deus. Alguns exemplos de seus descendentes mostram
que o ser humano perdeu a inocência: ira e rancor (Gn 4.5), homicídio (Gn 4.8), poligamia (Gn
4.19), etc.; (2) Em Segundo lugar, o casal também morreu fisicamente, não naquele momento
após a queda, mas ali foi iniciado o processo de morte gradual. Muito embora a morte de Abel
tenha sido a primeira na história humana, não foi “natural”, mas provocada. A partir da Queda,
qualquer pessoa volta ao pó da terra (Gn 3.19). O capítulo 5 de Gênesis serve de quadro nítido
dessa realidade. Lemos em Gênesis 5.5 que Adão viveu 930 anos e morreu. A expressão
“morreu” é repetida como um fúnebre refrão por todo capítulo (cf. Gn 5.11,14,17,27,31). De
fato, esse refrão ainda hoje é entoado na história humana com muito mais frequência; e, (3) Em
terceiro lugar, a Queda reservou ao ser humano, que vive no pecado e que rejeita a salvação
providenciada por Cristo na cruz do Calvário, a pior de todas as mortes: a morte eterna, isto é, a
separação eterna de Deus. A Bíblia declara que os pecadores são “réus do fogo do inferno” (Mt
5.22). Está escrito que “os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem
de Deus” (Sl 9.17). Aliás, Jesus foi bem claro em afirmar que não devemos temer quem tenha o
poder de matar o nosso corpo, mas, sim, aquele que pode nos lançar no fogo do inferno (Mt
10.28). “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E
aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.14,15).

8. A promessa de um juízo redentivo (Gn 3.15). “E porei inimizade entre ti e a mulher e


entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Este
versículo é conhecido como protoevangelho, isto é, “o primeiro evangelho”. Esta é a mais
gloriosa promessa de redenção, de soerguimento do homem da condenação. Ao invés de lançar
apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o casal, Deus, o justo Juiz, abriu um espaço
para a redenção. Observe a bondade de Deus ao prometer a vinda do Messias antes mesmo de
decretar a sentença de juízo condenatório ao homem e a mulher. Este texto anuncia a inimizade
perpétua entre Satanás e a mulher (que representa toda a humanidade), e entre a descendência
de Satanás (seus representantes) e o seu descendente (o descendente da mulher, o Messias). O
descendente da mulher feriria a cabeça de Satanás. Essa ferida foi conferida no Calvário,
quando o Salvador triunfou sobre Satanás. Este, por sua vez, feriria o calcanhar do Messias.
Essa ferida se refere ao sofrimento (incluindo morte física), mas não à derrota final. Cristo
sofreu na cruz e morreu, mas ressuscitou dentre os mortos, vitorioso sobre o pecado, o inferno e
Satanás (Ap 1.18). “e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém!
E tenho as chaves da morte e do inferno”.

CONCLUSÃO

A Queda levou o mundo ao caos, consequência do pecado cometido pelo primeiro casal.
Entretanto, apesar da Queda, Deus não abandonou o ser humano e provou esse cuidado
oferecendo Jesus para religar o pecador a Si. Portanto, há uma esperança para o pecador, em
Cristo Jesus. Através de Cristo, Deus Pai provê-nos eterna e suficiente redenção, dispensando-
nos um tratamento mui especial. O homem enquanto vive neste mundo, antes da morte física,
ele tem a escolha de aceitar ou não o amor de Cristo. Se ele o aceitar, estará aceitando ir morar
com Cristo, estar ao lado d’Ele para sempre (Jo 3.16-21; 14.1-3; 17.24).

LIÇÃO 7 - A QUEDA DO SER HUMANO E O LIVRE-ARBÍTRIO

INTRODUÇÃO

Esta lição é longa e seu assunto complexo, então, não espere esgotar o tema em apenas 45
minutos. No entanto, tentarei, mesmo que resumidamente, tocar cada subtópico, a fim de
esclarecer os pontos propostos. Iniciando com o tema livre-arbítrio, trago não apenas a visão
Arminiana, mas apresento também uma breve explicação da visão Reformada (livre-agência).
De início, a Queda do primeiro casal foi devastadora para a posteridade humana. Para qualquer
um de nós é algo completamente impossível supor o que tenha sido o conhecimento prático da
queda. Como projetar a experiência da perda da perfeição original? Nada, em nossa existência,
serve de parâmetro para isso. Até onde tentamos imaginar o Éden, partimos de nossa realidade
caída e, efetuando alguma modalidade de matemática espiritual, aplicamos o maior exponencial
que a nossa mente pode conceber, e temos um lugar paradisíaco aos nossos olhos. Todavia,
segundo o que afirmam as Escrituras, ainda assim tal realidade está muito aquém da realidade
que aguarda os filhos de Deus: ...mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles
que o amam (1Co 1.29). A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra deve ser
distinguida do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do homem, a maldição e o
posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade está por natureza
sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a inescapável ira de Deus (Rm 1.18-
19;3.9,19;5.17,21). Ele relaciona a origem desse estado ao pecado de um homem - Adão, que
ele descreve como o nosso ancestral comum (At 17.26; Rm 5.12-14). Apocalipse 12.9 identifica
a serpente como o próprio Satanás, aqui em forma corpórea. Vamos pensar maduramente a fé
cristã?

I – LIVRE-ARBÍTRIO DO SER HUMANO

Quem nunca ouviu falar em livre-arbítrio? A palavra é conhecida, mas seu significado pode ser
desconhecido pela maioria das pessoas, que a utilizam assim mesmo. O conceito dessa palavra é
tão importante que, quando entendido corretamente, pode causar grande confusão. Foi o que
ocorreu na época da Reforma Protestante. Depois de ter afixado nas portas da catedral de
Wittenberg suas 95 teses, Martinho Lutero precisou debater com Erasmo de Roterdã sobre livre-
arbítrio. Ele até escreveu um livro muito conhecido intitulado A escravidão da vontade, no qual
argumentou contra a Igreja Católica Apostólica Romana e expôs as ideias bíblicas sobre livre-
arbítrio. Para Lutero, era impossível conciliar o verdadeiro evangelho da graça de Deus com a
ideia de livre-arbítrio pregada e crida na Igreja Católica. Por causa disso, Lutero foi
excomungado e tratado como herege, mas, apesar disso, ele abriu as portas para um movimento
de retorno às Escrituras, o que permitiu a compreensão desse tema tão importante, à luz da
Palavra de Deus. Popularmente, livre-arbítrio é entendido como a possibilidade do homem de
fazer escolhas de forma “livre”, ou seja, o homem pode fazer o que quiser, e isso o tornaria
livre de qualquer influência, até mesmo de Deus. É como se o Senhor não tivesse nada a ver
com as nossas decisões diárias. Porém, o termo livre-arbítrio sob a óptica da teologia e da
filosofia é muito técnico e restrito. Nesta lição, o que nos interessa é o livre-arbítrio relacionado
à Soberania de Deus na salvação e como deve ser entendido à luz das Escrituras.

1. O livre-arbítrio. O livre-arbítrio é nosso poder de escolha, como consequência, cada pessoa é


responsável por suas ações. O livre-arbítrio não é: livrar-se por si próprio do pecado; buscar a
Deus por iniciativa própria; crer em Jesus por suas próprias forças; capacidade inata de escolher
a salvação sem o Espírito Santo; muito menos ver a fé como característica inata do homem. Em
Mateus 23.37, o Senhor Jesus afirmou, diante da dureza do coração dos judeus: “Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu
ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não
quiseste!” Observe que Jesus “quis” ajuntar os filhos de Jerusalém, porém eles “não
quiseram” que Ele assim o fizesse. Isso não deveria nos levar a refletir profundamente sobre a
doutrina bíblica do livre-arbítrio? Afinal, nesse caso, o Senhor Jesus, que é Deus e estava em
perfeita sintonia com o Deus Pai, queria que os judeus quisessem. E, mesmo assim, eles não
quiseram! Vamos entender também o que diz a teologia reformada sobre esse ponto: “Podemos
dizer que livre-arbítrio é a capacidade que o homem tem de fazer escolhas que podem ser
contrárias ou não à sua natureza. O termo arbítrio diz respeito a julgar, isto é, o homem
“teria” a capacidade de avaliar se vai tomar uma decisão contrária à sua natureza ou não, por
isso o termo “livre”. Usei o verbo no futuro do pretérito (teria), porque, na realidade, segundo
a Escritura, nenhum homem tem livre-arbítrio. O único homem que teve livre-arbítrio foi Adão.
É importante entender que o homem foi criado segundo a imagem e semelhança de Deus, ou
seja, em retidão e perfeita santidade. “Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto,
mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29; cf. Gn 1.27; 2.7; 3.6; Sl 8.5; Mt 10.28; Rm
2.14,15; Cl 3.10). Quando o homem pecou, perdeu a condição de “arbitrar” sobre sua
vontade, perdeu a possibilidade de escolher entre estas duas alternativas: praticar a vontade de
Deus ou pecar. Para entender isso o esquema criado por Agostinho de Hipona sobre a
condição do homem antes e depois do pecado é de grande ajuda. Antes da Queda o homem era:
posse non peccare (capaz de não pecar) e posse peccare (capaz de pecar). Depois da Queda o
homem é: non posse non peccare (incapaz de não pecar). Antes de pecar, o homem poderia
obedecer à vontade de Deus e lhe ser agradável por meio da sua própria justiça e santidade.
Após a Queda, ele tornou-se incapaz de não pecar. A relação entre a liberdade,
responsabilidade e soberania será explorada mais à frente, nas lições desta revista. No
momento, interessa-nos conhecer a devassidão causada pelo pecado para podermos
compreender que, após a Queda, o homem conseguiu o que chamamos de “livre-agência”

2. A soberania divina. A afirmação de que Deus é absolutamente soberano na criação, na


providência e na salvação é básica à crença bíblica e ao louvor bíblico. A visão de Deus
reinando de seu trono é repetida muitas vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2;
conforme Sl 11.4; 45.6; 47.8,9; Hb 12.2; Ap 3.21). Somos constantemente lembrados, em
termos explícitos, que o SENHOR (Javé) reina como rei, exercendo o seu domínio sobre
grandes e pequenos, igualmente (Ex 15.18; Sl 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5; 146.10; Pv 16.33; 21.1;
Is 23.23; 52.7; Dn 4.34,35; 5.21-28; 6.26; Mt 10.29-31). O domínio de Deus é total: ele
determina como ele mesmo escolhe e realiza tudo o que determina, e nada pode deter seu
propósito ou frustrar os seus planos. Ele exerce o seu governo no curso normal da vida, bem
como nas mais extraordinárias intervenções ou milagres. As criaturas racionais de Deus,
angélicas ou humanas, gozam de livre ação, isto é, têm o poder de tomar decisões pessoais
quanto àquilo que desejam fazer. Não seríamos seres morais, responsáveis perante Deus, o Juiz,
se não fosse assim. Nem seria possível distinguir – como as Escrituras fazem – entre os maus
propósitos dos agentes humanos e os bons propósitos de Deus, que soberanamente, governa a
ação humana como meio planejado para seus próprios fins (Gn 50.20; At 2.23; 13.26-39).
Contudo, o fato da livre ação nos confronta com um mistério. O controle de Deus sobre os
nossos atos livres – atos que praticamos por nossa própria escolha – é tão completo como o é
sobre qualquer outra coisa. Mas não sabemos como isso pode ser feito. Apesar desse controle,
Deus não é e não pode ser autor do pecado. Deus conferiu responsabilidade aos agentes morais,
no que concerne aos seus pensamentos, palavras e obras, segundo a sua justiça. O Salmo 93
ensina que o governo soberano de Deus (1) garante a estabilidade do mundo contra todas as
forças do caos (vv.1-4); (2) confirma a fidedignidade de todas as declarações e ensinos de Deus
(v.5) e (3) exige a adoração do seu povo (v.5). O salmo inteiro expressa alegria, esperança e
confiança no Todo-Poderoso.

3. A responsabilidade humana. A Bíblia ensina de forma clara que Deus é soberano e também
que, o homem é responsável pelos seus atos. Essas são verdades bíblicas encontradas ao longo
de todo o texto, ensinadas de Gênesis a Apocalipse. “Se eu não viera, nem lhes houvera falado,
não teriam pecado, mas agora não tem desculpa do seu pecado” (Jo 15.22). Neste texto o
Senhor não diz que, se ele não tivesse vindo, eles estariam sem pecado, mas que a sua vinda
havia incitado o pecado mais severo e mais mortal, o pecado da rejeição a Deus e de rebelião
contra Deus e contra a verdade de Deus. Foi o pecado decisivo da rejeição, da escolha
deliberada e fatal das trevas em vez da luz, da morte em vez da vida da qual Jesus falou. Ele
havia feito tantos milagres e dito incontáveis palavras para provar que era o Messias e o Filho
de Deus, mas eles foram hostis no seu amor pelo pecado e na rejeição do Salvador (Hb 4.2-5;
6.4-6; 10.29-31). Aqui entra a responsabilidade humana, o pecado marcante dos judeus, o
pecado que agravou suas iniquidades anteriores acima de qualquer outra, foi sua recusa em
receber Jesus Cristo como o Messias. gora, o pecado dos judeus é repetido todos os dias pelos
gentios; aquilo que eles fizeram uma vez, muitos continuam a fazer dia após dia.

II - A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E LITERAL


1. A possibilidade da queda. Na afirmativa “A apostasia de Adão e Eva deu-se em
consequência do conflito entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina”, há algo que não é
esclarecido nos subtópicos seguintes. A queda não foi conseqüência de conflito entre
responsabilidade do homem e soberania divina, aliás, nem havia conflito ainda, visto que tudo
que foi criado, foi declarado que era ‘bom’. Na Queda, Eva achou que Satanás estava dizendo a
verdade e que ela havia entendido Deus erroneamente, não sabia, porém, o que estava fazendo.
Não foi uma rebelião manifesta contra Deus, mas sedução e engano para fazer com que a
mulher acreditasse que seu ato era a coisa certa a fazer. O Novo Testamento confirma que Eva
foi enganada (2Co 11.3; 1Tm 2.14; Ap 12.9). Após cair e ser confrontada por Deus, Eva
empenha-se num esforço desesperado de passar a culpa para a serpente, o que em parte era
verdade (1Tm 2.14), no entanto, essa meia verdade não a absolveu da responsabilidade de ter
desconfiado de Deus e desobedecido a Ele. Por fim, a responsabilidade pela queda ainda é de
Adão, uma vez que ele optou por desobedecer a Deus sem ter sido enganado (Rm 5.12-21; 1Co
15.21,22).

2. A realidade da tentação. Adão foi colocado sob provação. O teste consistia de obediência à
ordem do seu Criador. Ele foi proibido de comer o fruto de certa árvore. Não foi um pecado em
particular, mas a propensão inerente ao pecado que entrou no âmbito humano; os seres humanos
tornaram-se pecadores por natureza, condição essa, herdada. Essa natureza está presente a partir
do momento da concepção (Sl 51.51.5). Foi Satanás, o pai do pecado quem levou a primeira
tentação a Adão e Eva, e como nós estávamos nele, por conseguinte, toda humanidade pecou
com ele (Rm 5.18; Hb 7.7-10).

3. A historicidade da queda. A Queda do Homem foi um evento histórico, e não existe espaço
na Bíblia para outro tipo de interpretação. Algumas pessoas insistem em tentar interpretar a
história da Queda do Homem como uma alegoria ou um mito. Mas a Bíblia é clara ao afirmar a
historicidade desse evento. Qualquer interpretação que desconsidera essa realidade contradiz as
Escrituras. Entre os mais caluniados, desacreditados e distorcidos trechos da Bíblia encontram-
se os três primeiros capítulos de Gênesis. A alguém que frequentasse qualquer universidade
secular, ou alguma igreja liberal ou modernista, lhe seria dito que os primeiros capítulos de
Gênesis não relatam fatos reais. O professor de uma faculdade secular humanista e o pastor
modernista argumentariam que essas primeiras narrativas são mitos, lendas, contos ou parábola.
Em outras palavras, que não existiu um Adão e uma Eva literais, ou uma queda literal e
histórica no tempo e no espaço. Devido à frequente e largamente divulgada negação de um
Adão e de uma Eva literais e históricos (e sua conexão com a exposição do evangelho no Novo
Testamento), é muito importante compreender os ensinos bíblicos sobre a historicidade de
Adão. Para examinar a historicidade de Adão, precisamos considerar os seguintes tópicos: (1)
Em primeiro lugar, precisamos considerar o fato de que a rejeição modernista e neo-ortodoxa da
historicidade de Adão é fundamentada em axiomas seculares e apóstatas. Cristãos liberais e
barthianos (seguidores da filosofia de Karl Barth - um neo-ortodoxo) chegaram às suas posições
sobre Adão não por causa de cuidadosos estudos exegéticos da Bíblia, mas devido às suas
pressuposições modernistas, racionalistas e antibíblicas. Não podemos esquecer que esses
homens não formulam suas teorias de forma isolada e objetiva. Eles têm seus pontos de partida,
suas pressuposições. Por isso, ignoram as abundantes e claras evidências bíblicas de que Adão
foi uma figura histórica, real e literal; (2) Em segundo lugar, precisamos examinar
resumidamente os argumentos usados para negar a historicidade de Adão. Isso provará que tais
argumentos não passam de falácias, que são, tanto, fundamentados sobre mentiras grosseiras
(macro-evolução, posições sobre o Pentateuco baseadas na Alta Crítica, etc.) como sobre pura
especulação humana; e, (3) Em terceiro lugar, devemos considerar a impressionante evidência
bíblica de que Adão realmente existiu. Então, veremos que a historicidade de Adão e de uma
queda literal, ocorrida no tempo e no espaço, são tão teologicamente interligadas com o ensino
do evangelho e do segundo Adão (Jesus Cristo), que negar a historicidade do primeiro Adão
logicamente conduz à negação do próprio cerne do evangelho.
4. O estrago do pecado. A condição espiritual do homem depois do pecado é conhecida como
depravação total ou radical. Primeiro, sobre essa condição, é necessário saber que o pecado de
Adão atingiu todos os homens em todas as épocas, incluindo até mesmo a criação inanimada
(Rm 8.19-21). “… pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23), e “… assim
como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Adão era o representante
da criação diante de Deus; quando ele pecou, toda a criação caiu com ele. É importante entender
a extensão do pecado para reconhecer que ninguém está alheio aos seus efeitos, nem mesmo as
crianças. Diz o rei Davi: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl
51.5; cf. Is 48.8). Após a Queda, todos os seres humanos nascem na condição de pecadores.
Segundo, o pecado nos tornou inimigos de Deus. Em sua carta aos Efésios, o apóstolo Paulo diz
“… andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e
dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3).
Tiago registra que “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”
(Tg 4.4b; cf. Cl 1.21). A ruptura que o pecado causou na comunhão de Deus com o homem
tornou esse último não apenas desobediente, mas também um potencial rival da vontade divina.
Terceiro, o pecado matou o homem, afastando-o de Deus. Em Efésios, lemos: “Ele vos deu
vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.1; cf. Gn 2.17). O profeta Isaías
disse: “… as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2). A morte espiritual diz respeito à
impossibilidade que o homem tem de se voltar para Deus. Há um abismo tão grande entre o
pecador e o Senhor que é impossível para o homem aproximar-se dele. Em último lugar, o
pecado afetou todas as faculdades do ser humano. Isso significa que não há um pensamento,
atitude e palavra que não estejam manchados pelo pecado; e isso é assustador. As Escrituras
relatam que “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era
continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gn 6.5). Esse retrato não se refere somente
à geração do dilúvio. O que o Senhor revela em sua Palavra sobre nossa condição é humilhante:
“… como está escrito: Não há um justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem
busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não
há um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de
víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus
pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram
o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos” (Rm 3.10-18). Alguns
apontamentos são interessantes. Perceba que o apóstolo Paulo faz várias citações do Antigo
Testamento, ou seja, essa verdade está presente em toda Escritura. Note que todos os homens
são colocados sob o mesmo patamar, e por duas vezes ele afirma “não há um sequer”. Agora,
veja a lista de pecados que ele coloca como nossos, pois todos nós estamos sujeitos a praticá-
los. Isso significa ser depravado de forma total, ou radical. Quando observamos a nossa vida,
podemos até pensar que não somos tão maus assim. Mas, de fato, o que a Palavra ensina é que a
raiz - por isso usamos o termo radicalmente - está contaminada e compromete tudo o que dela
procede. Essa raiz é o coração. O pecado habita no coração do homem e, como nosso Senhor
Jesus ensinou, “do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição,
furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15.19). Após a Queda, “Enganoso é o coração,
mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).
Todas as decisões que o ser humano toma estão permeadas de pecado. O homem não consegue
agir contra as rédeas que são o legado de sua carne contaminada. Por isso, dizemos que o
homem perdeu o livre-arbítrio, isto é, ele não tem mais a capacidade de arbitrar entre o bem e o
mal; mas a condição da sua vontade é de livre-agência.

5. Do livre-arbítrio para a livre-agência. A livre-agência pode ser definida como a capacidade


de o homem fazer escolhas somente de acordo com a sua natureza. Se Adão, que foi criado
santo e reto, pôde fazer uma escolha contrária à sua natureza boa, depois do pecado, todos os
homens agem somente – por isso livre-agência – de acordo com a sua natureza, agora decaída.
Podemos definir a livre-agência entre pré-conversão e pós-conversão. Não é o nosso objetivo,
nesta lição, discutir a respeito da salvação do homem – isso será feito em lições futuras, mas
pretendemos estudar como se dá a livre-agência nesses dois modelos possíveis.

a) Pré-conversão. Antes de crer em Cristo Jesus, como vimos brevemente, o homem está morto
em seus delitos e pecados e vive em desobediência a Deus (Ef 2.1-3). “Pode, acaso, o etíope
mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando
acostumados a fazer o mal” (Jr 13.23). Veja a constatação do profeta Jeremias. É importante
lembrar que ele fala para um povo e em uma época em que não existiam as cirurgias estéticas
tão comuns atualmente. É como se ele estivesse dizendo que, se fosse possível alguém mudar a
cor da pele, só porque quer, então, alguém acostumado a fazer o mal conseguiria fazer o bem. A
situação é de escravidão, servidão é: “… todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo
8.34). A vontade do homem está condicionada e servilmente sujeita ao pecado que habita nele.
Não há nada que o homem caído possa fazer para, sozinho, desvencilhar-se dessa situação, pois
ele está morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1). Assim, sua vontade não é de maneira alguma
livre; ele não pode arbitrar entre o bem e o mal, e segundo a Palavra todo homem deseja
somente pecar. Se Deus não usar de sua graça e misericórdia, o homem continuará fazendo
somente a vontade da carne.

b) Pós-conversão. A livre-agência do cristão não é a mesma daquele que ainda não conheceu a
Cristo e foi salvo por ele. Quando Deus nos salva, ele retira de nós o coração de pedra - lembre-
se, a raiz do problema - e coloca em nós um novo coração, disposto a servi-lo, obedecê-lo e
buscá-lo (Ez 11.19; 36.26; Sl 51.10). Ao mesmo tempo, ainda estamos presos a nosso estado
corruptível; mas, em sua nova vida, o cristão tem condições de lutar contra o pecado e, em
Cristo, ser vitorioso sobre os seus inimigos: a carne, o mundo e o diabo (Jo 16.8-11,33; Rm
6.13,18; 8.10, 37; 1Jo 2.13,14; 5.4,5). Cristo Jesus foi morto “… carregando ele mesmo em seu
corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos
para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1Pe 2.24). Contudo, não dizemos que o cristão
volta a ter livre-arbítrio de Adão, porque ainda reside nele o pecado, e seu coração precisa ser
constantemente fortalecido e preenchido pela Palavra e pelo Espírito para que ele obedeça a
Deus de modo que o agrade (Gl 5.16; Ef 5.15-20; 2Tm 3.16,17; Hb 4.12). Adão e Eva, antes de
pecarem, não precisavam se esforçar para obedecer a Deus, pois tinham sido criados santos e
justos. Quanto ao crente, nascido sob o pecado, mas regenerado pelo Espírito de Deus, ele
precisa se esforçar para cumprir a vontade do Senhor (Êx 19.5; Dt 6.17; At 24.16; Ef 4.3; Hb
4.11; 12.15; Jd 3). Assim sendo, mesmo tendo a capacidade de vencer sua natureza maligna, o
crente tem também uma natureza transformada, e age de acordo com ela (Gl 5.17). Seguindo o
ensino bíblico, nos novos céus e nova terra, não mais pecaremos (non posse peccare), assim
nossa natureza estará cativa somente à vontade de Deus.

III - AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DE ADÃO

1. A consciência do pecado. Após o pecado foram dominados por um sentimento de vergonha.


Antes tinham consciência da nudez, mas não tinham vergonha: “Ora um e outro, o homem e sua
mulher, estavam nus e não se envergonharam” (Gn 2.25). “Então foram abertos os olhos de
ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si
aventais” (Gn 3.7). O resultado de terem comido o fruto proibido, não foi a aquisição da
sabedoria sobrenatural, como satanás havia dito, ao contrário, agora eles descobriram que foram
reduzidos a um estado de miséria.

2. A perda da comunhão com Deus. Após o pecado, tiveram medo e fugiram: “E ouviram a voz
do Senhor Deus que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua
mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a
Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava
nu, e escondi-me” (Gn 3.8-10). Adão e Eva se escondem ao chamado de Deus. Consciência
culpada sempre produz medo e fuga. Pecaram e agora têm medo da sentença condenatória que
Deus pode proferir contra eles. O pecado os separou de Deus, rompeu a comunhão com Deus. E
é sempre assim. A menos que a obra de Cristo seja realizada em nosso favor, estaremos frente a
frente com o juízo de Deus (Hb 2.3).

3. A transmissão do pecado à espécie humana. A nudez de Adão e Eva é a perda da justiça


original da imagem de Deus. Todos os seres humanos nascem agora (após a Queda) nesta
condição e as Escrituras dizem que é necessário que recebamos as "vestes brancas" (Ap 3.18);
"vestes de salvação" (Is 61.10), que é a justiça original que Cristo nos traz de volta. No último
versículo do capítulo 3 de Gênesis, lemos que Adão e Eva foram expulsos do jardim do Éden.
Eles também foram impedidos de se aproximarem novamente da árvore da vida. A partir dali, as
consequências da desobediência não ficariam isoladas ao primeiro casal. A sentença proferida
por Deus atingiu toda a humanidade! O pecado se tornou universal, e todos foram separados de
Deus. Na Queda do Homem com Adão, todos pecam. O apóstolo Paulo escreveu que “todos
morrem em Adão” (1Co 15.22; Rm 5.12-19). Isto significa que o homem já nasce contaminado
pelo pecado. É exatamente esse conceito que alguns estudiosos chamam de “Pecado Original”,
porque é derivado da raiz da humanidade. Todo indivíduo já nasce com ele, e,
consequentemente, esse primeiro pecado é a origem de todos os outros pecados cometidos pelos
homens.

4. A enfermidade da Terra. Por causa do pecado do homem a terra e toda a criação sofreram a
maldição e isso se agrava a cada dia, porque o mesmo homem que causou a maldição da terra,
tudo tem feito para destrui-la. Veja o que está escrito: “Porque sabemos que toda a criação
geme e está juntamente com dores de parto até agora.” (Rm 8.22). Deus amaldiçoou o objeto
do trabalho do homem e fê-lo relutantemente, ainda que ricamente, obter o seu alimento por
meio do trabalho árduo. A natureza sofre junto com a humanidade, compartilhando assim as
conseqüências da queda. As Escrituras descrevem esta maldição em três maneiras:

a) O sustento será obtido com fadiga. Assim como a mulher terá seus filhos com dor, o
homem haverá de comer o fruto da Terra por meio de trabalho penoso. Antes da queda, o
trabalho de Adão no jardim era prazeroso e agradável, mas de agora em diante, seu trabalho,
bem como o dos seus descendentes será seguido de cansaço e tribulação.

b) A Terra produzirá cardos e abrolhos. O cultivo da terra seria mais difícil do que antes.
Cardos e abrolhos aqui significam: plantas indesejáveis, desastres naturais, enchentes, insetos,
secas e doenças. A natureza foi subvertida com o pecado do homem. (Rm 8.20,21).

c) No suor do rosto comerás. O trabalho árduo se tornaria a porção do homem. A vida não
seria fácil.

5. A morte física. Pela desobediência aos termos do seu governo, o homem cai, experimentando
assim a perda do seu domínio. Desta forma, o homem perde o poder da vida, essencial ao
governo no Reino de Deus. Foram postos dois querubins para guardar a Árvore da Vida para
prevenir que o homem dela comesse e, portanto, viesse a viver para sempre. Agostinho,
seguindo Paulo, vê um elo entre o pecado e a morte. Todos os homens morrem porque todos
tem pecado. Na criação, Adão foi feito com a posse mori e a pose non mori. Isto refere-se à
capacidade para morrer e para não morrer. Adão não foi feito intrinsecamente imortal. Ele
continuaria a viver apenas enquanto se refreasse do pecado. Ele poderia ou não morrer
dependendo da sua resposta ao comando de Deus. A palavra “morte” ocorre na Bíblia, com 3
sentidos diferentes, embora o conceito de separação seja comum aos três: (1) Morte Física: (Ec
12.7); (2) Morte Espiritual: (Rm 6.23; 5.12); e, (3) Morte Eterna: (Mt 25.46). Deus não criou o
homem para que viesse a morrer. Pelo contrário, Ele o fez imortal (Gn 2.17). Se Adão e Eva não
tivessem pecado, ainda estariam vivos, e nós não precisaríamos conviver com a morte. Deus não
criou o homem para que viesse a morrer. Pelo contrário, Ele o fez imortal (Gn 2.17). Se Adão e
Eva não tivessem pecado, ainda estariam vivos, e nós não precisaríamos conviver com a morte.

CONCLUSÃO
Deus criou o homem para a Sua glória (Is 43.7). Ele é a Sua imagem e glória (1Co 11.7). Deus
não precisava mostrar a Sua glória ao homem, pois Ele já a tem e ninguém a pode tirar. No
homem, sua eterna majestade é demonstrada nos atos da criação, queda e redenção. O Senhor
Jesus que morreu para adquirir a salvação para os perdidos estava cumprindo o plano eterno,
desde a fundação do mundo. De acordo com o propósito eterno de Deus antes da criação, a
morte de Cristo sela para sempre a redenção daqueles que crêem (At 2.23; 4.27,28). No Éden, o
primeiro casal, Adão e Eva, foi criado santo e justo, mas desobedeceu e caiu em pecado. A
partir daí, todos os homens nascem sob as correntes do pecado, tendo sua vontade sempre cativa
pelo mal e por este são influenciados; nessa condição, não conseguem por si mesmos voltar-se
para Deus. No entanto, quando, por meio da ação sobrenatural do Espírito, Deus transforma um
pecador e o resgata, este passa a ter o privilégio de obedecer e fazer a vontade do Criador. A
nossa esperança, que se encontra fortalecida pela promessa de Deus, é que um dia seremos
totalmente transformados e nunca mais pecaremos. Diante de tudo isto, a conclusão que
podemos chegar é que a fé que temos abraçado não é uma quimera ou uma falácia, mas sim, a fé
tem uma firme âncora: Deus. Nossa confiança está firmada numa verdade que tem saído
incólume de todas as batalhas ao longo dos séculos. As teorias humanas vêm e vão-se e caem no
esquecimento e se cobrem com a poeira do tempo, mas a Palavra de Deus permanece para
sempre!

LIÇÃO 07 – A QUEDA DO SER HUMANO - 1º TRIMESTRE DE 2020 (Gn 3.1-7)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos sobre a realidade da queda do ser humano à luz das Escrituras;
veremos também, que o homem foi criado com o livre-arbítrio e que Deus não é o autor do
pecado; pontuaremos o que o pecado trouxe para o ser humano e quais as consequências deste
terrível ato contra Deus.

I – A ORIGEM DO PECADO À LUZ DA BÍBLIA

A palavra hebraica: “hatah” e a grega: “hamartia” originalmente significam


respectivamente: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias
designações bíblicas para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta
a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo.
Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em
ato, disposição ou estado”. Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de
Deus” (1Jo 3.4). Quanto a origem do pecado, vejamos:

1. Deus não é o autor do pecado. Precisamos destacar que de modo algum Deus pode ser
responsabilizado pela entrada do pecado no universo. Atribuir a culpa a Deus, torna-se uma
blasfêmia contra o seu caráter moral, que é absolutamente perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó
34.10; Sl 18.30), sendo um erro gravíssimo afirmar como fazem alguns, que o Senhor decretou
o pecado. Pois afirma Tiago: “[…] Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém
tenta” (Tg 1.13, ARA).

2. O pecado no mundo espiritual. De acordo com a Bíblia um número incontável de anjos


foi criado por Deus (Hb 12.22); estes eram bons por natureza, assim como tudo o que Senhor
criou (Gn 1.31). Mas ocorreu uma Queda no mundo angélico, no qual, vários anjos se
apartaram de Deus (Jd 6). Pouco se diz sobre o que ocasionou essa Queda, mas pelo que
encontramos em alguns textos, podemos concluir que foi o orgulho e a cobiça de desejar ser
semelhante a Deus, fez com que Lúcifer (nome tradicional dado a este arcanjo tirado de Is
14.12, da expressão ‘estrela da manhã’, na tradução latina da Bíblia - Vulgata Latina) fosse
banido e destinado ao inferno (1Tm 3.6; Is 14.11-23; Ez 28.11-19; Lc 10.18; Ap 12.9). Como
alguém acertadamente ressalta: “Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer fez-se Satanás”.
3. O pecado no mundo físico. No que diz respeito à origem do pecado na história da
humanidade, a Bíblia nos informa que se deu pelo ato deliberado, perfeitamente voluntário de
Adão e Eva (Gn 3; Rm 5.12,19). Sobre a causa que levou ao pecado, diz Norm an Geisler:
“[…] Deus não fez com que Adão pecasse, pois, como já analisamos, Deus não pode pecar,
nem tentar ninguém nessa direção. Tampouco Satanás fez com que Adão pecasse, pois, o
tentador fez somente aquilo que o seu nome sugere, ele não o forçou, nem fez nada no seu
lugar […] Deus criou criaturas livres, e se é bom que sejamos livres, então a origem do mal
é o mal-uso da liberdade” (2010, p. 70,75). A resposta real é que Adão pecou porque
escolheu pecar.

II – A REALIDADE DO LIVRE-ARBÍTRIO HUMANO E A SOBERANIA DIVINA

1. O livre-arbítrio humano. O dicionário Vine diz que livre-arbítrio vem do termo grego:
“eklego”, “escolher, selecionar, eleger” e, “eleutheros”, “liberdade de ir onde quer”. O
dicionário Houaiss define como: “possibilidade de decidir, escolher em função da própria
vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”. A palavra
livre vem do latim: “liber”, que significa: “livre” e o termo arbítrio: “arbiter”, que é
“uma pessoa escolhida para decidir sobre uma questão”. A Declaração de Fé das Assembleia
de Deus no Brasil nos diz: “CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação
de Deus […], dotado por Deus de livre- arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o
bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou
Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao
Criador”. Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf.
Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se
tornou tão completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder
responder de maneira livre (Gn 3.9,10).

2. A soberania divina. A soberania de Deus consiste em sua onipotência, expressa em


relação ao mundo criado, mormente no tocante à responsabilidade moral das criaturas diante
dele. Além de mandar na sua criação sem que alguém possa intervir nas decisões divinas (Sl
24.1; Sl 2.3,4; Is 43.1 Mt 20.15; Rm 9.20,21), a Bíblia nos ensina que essa soberania é exercida
tendo em vista galardoar a piedade e castigar a rebeldia (Rm 11.22). Isso nos mostra que Deus
não age arbitrariamente, movido por capricho, quando determina as coisas conforme os ditames
de sua soberana vontade. Deus usa o livre-arbítrio do homem sem destruí-lo para exercer sua
vontade soberana. Como ele faz isso? Única e exclusivamente baseado no Pré conhecimento
que Ele tem das escolhas humanas. Há alguns segmentos evangélicos que defendem não haver
qualquer harmonia entre esses dois conceitos, pois, segundo eles, se Deus é soberano o homem
não pode ter o livre arbítrio essa é uma visão distorcida de duas verdades absolutas reveladas
nas Escrituras.

III – O PECADO NO HOMEM

Tudo o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mal uso
do livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando (não destruindo) a
imagem de Deus (imago Dei) no homem. Sobre alguns efeitos ou consequências do pecado no
homem, podemos destacar:

1. O pecado herdado. Uma controvérsia gerada no século V, foi a que a raça humana não teria
sido afetada pela transgressão de Adão, ou seja, que o homem não herda o pecado original de
seu primeiro pai. No entanto, o que a Bíblia afirma é que, pelo fato de Adão ser o cabeça e o
representante de toda a raça humana, seu pecado afetou a todos (Rm 3.23; 5.12-19), por isso
que todos possuímos a “natureza pecaminosa”, herança que recebemos de nossos pais Adão e
Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2 Co 1.17; Gl 5.13; Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa forma todos somos
por natureza, culpados diante de Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes
mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no entanto, as
crianças apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não conhecem
experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus atos antes de terem
condições morais e intelectuais para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado (Is 7.15;
Jn 4.11; Rm 9.11).

2. O pecado afetou todo o ser do homem. O pecado no homem não é meramente um


hábito adquirido, ele é uma herança natural do ser humano, ninguém precisa ser ensinado a
pecar, mas, o faz naturalmente (Rm 3.10; Gl 5.19-21; Ef 2.3). A relação com Deus e com o
próximo foram afetadas pelo pecado (Gn 3.7-10), além de trazer a morte física, espiritual e
eterna (Gn 2.16,17; Rm 6.23; Ef 2.1-3; Ap 20.14,15). A Declaração de Fé das AD nos diz: “A
corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição: corpo (Rm 8.10),
alma (Rm 2.9) e espírito (2Co 7.1). Isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam:
intelecto (Is 1.3), emoção (Jr 17.9), vontade (Ef 4.18), consciência (1Co 8.7), razão (Tt 1.15) e
liberdade (Tt 3.3)”.

3. O pecado não destruiu a imagem de Deus. Embora o homem tenha sido afetado
extensivamente pelo pecado, isto não significa dizer que a imagem de Deus no homem tenha
sido destruída completamente (Rm 2.12-14). Encontramos um mandamento para não
amaldiçoar outras pessoas, pois elas também foram criadas a imagem de Deus, e isto seria o
mesmo que amaldiçoar a representação do próprio Deus (Tg 3.9,10). (Veja também Gn 9.6).

4. O pecado não anulou a capacidade de escolha. Embora tenha pecado e se tornado


espiritualmente morto (Gn 2.17; Ef 2.1), passando a ter a natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão
não perdeu totalmente a capacidade de ouvir a voz de Deus e também de responder (Gn
3.9,10); a imagem de Deus, que inclui o livre arbítrio permanece, ainda que desfigurada nos
seres humanos. As Escrituras afirmam claramente que mesmo o homem tendo sua volição
(vontade) afetada pelo pecado, não foi anulada (Dt 30.19; Js 24.15; Rm 1.18-20; 2.14,15).

IV - AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DO HOMEM

Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves consequências ao Universo, especialmente a vida na


Terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado (1Rs 8.46; Rm
1.18; Rm 3.10-12,23; 6.23). Portanto, vejamos algumas consequências que o pecado trouxe ao
homem depois da Queda.

CONSEQUÊNCIAS DO PECADO NA CRIAÇÃO REFERÊNCIAS


O pecado fez com que a terra fosse amaldiçoada (Gn 3.17.18)
O pecado trouxe ao homem a punição da morte física e (Gn 3.19; Rm 5.12; 6.23;
espiritual Tg 2.26)
O pecado acarretou punições naturais e físicas na vida do (Gn 3.16; Rm 8.20-23)
homem
O pecado deu origem a lei da morte atuante sobre a totalidade (1Co 15.21,22; Ef 2.1,2)
da raça humana
O pecado escravizou o homem e interrompeu a comunhão com (Jo 8.34; Rm 3.23)
Deus
O pecado exclui o homem do céu (Ap 22.15)

CONCLUSÃO

Como pudemos ver na aula de hoje, o pecado só trouxe ruína e destruição. A queda nos
fala do patamar que tínhamos, de uma comunhão quebrada e que o homem em si nunca poderá
restaurar. O pecado foi um ato deliberado contra a santidade de Deus, como consequência a
morte nos âmbitos e físicos e espirituais foram o salário recebido por tamanho mal. Louvamos
a Deus por Jesus Cristo, que tem poder sobre o pecado como também para nos restaurar.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A Queda do Ser Humano

A perspectiva das Escrituras quanto a natureza humana é realista: o ser humano é inclinado ao
mal. A Bíblia diz que o ser humano foi manchado totalmente pelo pecado. Seu interior foi
corrompido pela maldade. A natureza humana, nesse sentido, é má por causa do pecado. As
Escrituras revelam que só por meio de Jesus Cristo há redenção para o ser humano caído. A
Bíblia diz que Deus quer todo o homem seja salvo. Só o Evangelho pode remover a mancha do
pecado.

Não ignore os objetivos. Para mostrar essa realidade a lição deseja conscientizar os alunos
acerca da gravidade do pecado. Para realizar essa conscientização temos três objetivos
específicos para atingir. O primeiro, relacionar o livre- -arbítrio com a soberania divina. O
segundo, apresentar a Queda como um evento histórico e literal. Em terceiro, pontuar as
consequências da queda de Adão. Assim, podemos perceber que tudo na lição concorre para o
seguinte ponto: a queda humana representou a perda do completo domínio do homem sobre a
criação e o tornou vulnerável à morte.

Resumo da lição e perspectivas. O primeiro tópico relaciona o livre-arbítrio com a soberania


divina, mostrando que entre os dois encontra-se a responsabilidade humana. Isso significa
reconhecer que a soberania divina não anula a responsabilidade humana. O segundo tópico, ao
apresentar a literalidade da Queda, destaca a possibilidade da queda, a realidade da tentação e a
historicidade da queda. Ou seja, a Queda humana foi literal, sua história narrada no Gênesis é
realista. Como disse um grande pensador cristão: “a doutrina do pecado original talvez seja a
única doutrina do cristianismo que pode ser provada empiricamente”. ra, em cada esquina é
possível ver a maldade humana manifestada no homicídio, na imoralidade, no roubo. E,
finalmente, o terceiro tópico, ao pontuar as consequências do pecado, destaca: a consciência do
pecado, a perda da comunhão com Deus, a transmissão do pecado às gerações subsequentes, a
enfermidade da terra e, finalmente, a morte física. Todos esses pontos mostram a universalidade
do pecado. Sua perspectiva psicológica, a consciência do pecado; a inclinação para a idolatria, a
perda da comunhão com Deus; a condenação da humanidade, a transmissão do pecado para
gerações; a poluição do Meio Ambiente e o sofrimento da Terra, a enfermidade da Terra; e a
morte como o salário do pecado, a morte física.

Subsídio para a aula da Escola Bíblica Dominical: A Queda do Ser Humano

A Queda do Ser Humano

A verdade prática permite compreender que ao pecar contra Deus, o homem perdeu o
completo domínio sobre a criação e tornou-se vulnerável à morte; em Cristo, porém temos o
Reino e a vida eterna. Verdade prática que corrobora com o texto áureo, que assim está escrito:
Pelo que como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim
também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram. O presente texto
Bíblico permite compreender as seguintes verdades: Por causa da desobediência de Adão o
pecado entrou no mundo; O pecado original teve como uma das consequências à morte; e, O
fim da vida com a consumação da morte ensina que o pecado original tornou todos os
homens pecadores. Portanto, o objetivo geral da presente lição é: Conscientizar acerca da
gravidade da queda do ser humano. E os objetivos específicos são: Relacionar o livre-arbítrio
com a soberania divina; Apresentar a Queda como um evento histórico e literal; e, Pontuar
as consequências da queda de Adão.

1. O livre-arbítrio do ser humano. Para Andrade o livre-arbítrio corresponde com o instituto


que nos faculta escolher entre o bem e o mal. Do uso que fazemos deste instrumento,
prestaremos contas ao Supremo Juiz no último dia. Sem o livre-arbítrio, o homem jamais
poderia firmar-se como criatura racional e moralmente livre. Logo, sem o livre-arbítrio o ser
humano não seria autônomo e nem consciente da sua própria existência. Entretanto, o livre-
arbítrio do homem não elimina a soberania divina, pois, Deus está no controle de todas as
coisas. Logo, as decisões de cada indivíduo são definidas pelo Senhor. Por isso, Salomão
escreve: do homem são as preparações do coração, mas do Senhor, a resposta da boca (Pv
16.1). Deus governa a humanidade e a cada ser que na Terra habita, sendo assim, todas as coisas
acontecem mediante os decretos de Deus. A vida do ser humano está nas mãos de Deus. O que
poderá ocorre dentre alguns minutos só Ele sabe, porém a certeza que todo cristão deverá ter é a
de que Deus não é limitado pelo tempo, pois Ele é eterno, e sendo eterno Ele outorga a todos os
que aceitarem a Ele como Salvador, o direito da vida eterna, isto é, a possibilidade de viver
eternamente ao lado do Senhor.

2. A queda, um evento histórico e literal. Adão representava perante Deus toda a humanidade.
A aliança de Deus com Adão tinha uma promessa (vida eterna), uma condição (obediência) e
uma pena (a morte). Para a obtenção da promessa de viver eternamente, Adão não poderia
desobedecer a Palavra divina de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal. Adão desobedeceu, logo sofreu como pena a morte. A desobediência de Adão descreve a
queda da humanidade. Queda que teve como iniciação a tentação que foi motivada pela
concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e a soberba da vida. A concupiscência dos
olhos é descrita pelo ato de olhar para o objeto proibido, enquanto a concupiscência da carne é
descrita pelo desejo de possuir, isto é, tomar posse, e por fim, a soberba da vida se resume no
sentimento do indivíduo de ser igual a Deus, tendo o conhecimento do bem e do mal.

3. As consequências da queda de Adão. Uma análise de Gênesis 3 permite compreender que


as consequências do pecado foram: A primeira consequência foi de ordem espiritual, pois Adão
juntamente com Eva ao ouvirem a voz de Deus esconderam da presença do Senhor (Gn 3.8); Já
a segunda de ordem física foi direcionada a serpente que se tornou maldita mais do que todos os
animais do campo, andaria sobre o ventre e do pó da terra sobreviveria (Gn 3.14); A terceira,
também de ordem física, a mulher passaria a sofre dores no parto e sofreria a partir de então o
domínio do marido (Gn 3.16); A quarta consequência está direcionada com a maldição da terra,
com o surgimento de espinhos e cardos (Gn 3.17,18); A quinta de ordem também física, a dor
para conseguir o pão (Gn 3.19); e a última é definida como a pena que se consuma com o fim da
vida na terra, a morte (Gn 3.19). [...] Se Adão e Eva não tivessem pecado, estariam eles
conosco até hoje. A morte é a mais triste consequência do pecado (Rm 6.23). Todavia, a pior
morte que alguém pode experimentar é a separação eterna de Deus; a segunda morte (Ap
2.11;20.6). Quando a nós, os que já recebemos Jesus Cristo como o nosso Senhor e Salvador,
a morte não terá efeito sobre nós, porque Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11.25).

LIÇÃO 08 – O INÍCIO DA CIVILIZAÇÃO HUMANA – 1º TRIMESTRE DE 2020 (Gn


4.1-16)

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje, iremos estudar sobre o início da civilização humana; veremos como Deus a
partir do primeiro casal originou a todos os povos; estacaremos também, a soberania de Deus
sobre as nações da terra; e por fim, pontuaremos o destino final da civilização humana.

I – DEFINIÇÕES

1. Civilização. De acordo com o dicionário da língua portuguesa civilização é: “ato ou efeito


de civilizar-se, conjunto de aspectos peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de
uma época, de uma região, de um país ou de uma sociedade”. De modo que a civilização é um
conceito da antropologia, da sociologia e também da história. É o estágio mais avançado de
determinada sociedade humana, caracterizada pela sua fixação ao solo mediante construção de
cidades, daí derivar do latim: “civitas” que designa: “cidade”, e o termo: “civile” de onde vem:
“civil” que é: “o habitante desta cidade”. Pode-se dizer ainda que a civilização é: “a soma das
realizações espirituais, morais, sociais, materiais e econômicas, que tornam a vida humana
possível num determinado lugar. Foi o que demonstraram Adão e seus descendentes logo após
a Queda” (Gn 4).

II – A ORIGEM DA CIVILIZAÇÃO HUMANA

A civilização humana teve início quando Adão recebeu Eva como esposa (Gn 2.18-25). A partir
daí, não somente a família, mas a nação, o povo e o Estado tornaram-se possíveis (Gn 5; 10).
Após o pecado do primeiro homem, duas linhagens irão se desenvolver, a de Caim e a de Sete.
Essas duas irão formar a primeira civilização, marcada por pessoas ímpias, como também por
pessoas piedosas.

1. O início da civilização com Adão e seus descendentes. O início da civilização começa com
o surgimento do primeiro homem, Adão, (Gn 1.26; 2.7) a partir dele toda humanidade é criada
(At 17.26), pois a Bíblia relata que Adão teve filhos e filhas (Gn 5.4) e que ele viveu 930 anos.
Os filhos de Adão foram gerados depois da queda, a palavra de Deus não relata uma
descendência anterior a Adão, e nem, a existência de filhos antes da queda do homem, no Éden
(Gn 3.28; 4.2) caso contrário, existiria uma geração que não herdaria o pecado universal e a
afirmação bíblica que todos pecaram seria contraditória (Rm 3.9,12,23; Rm 5.12,18). Dessa
forma, toda a descendência adâmica, logo após a expulsão do Jardim, deu origem aos primeiros
povos e nações.

2. A linhagem de Caim. Os descendentes de Caim foram os primeiros a se desenvolver


em tecnologias, músicas e cidades, Caim edificou uma cidade (Gn 4.17), Jabal, foi o pai dos
que habitam em tendas (Gn 4.20), Jubal este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão, e
Tubalcaim foi mestre de toda obra de cobre e ferro (Gn 4.22). Porém, essa sociedade também se
destacou pelo pecado; cometeram homicídios e foram polígamos (Gn 4.23). Um dos
descendentes, Lameque, orgulhosamente se proclamou senhor de seu destino [...] essa
alegação titânica é o ponto culminante da lista de pecados que começou com o egoísmo
orgulhoso de Caim. Dessa maneira, a linhagem de Caim, tanto se destaca pelos avanços em
várias áreas, como também pelos diversos pecados. Isso é muito semelhante à nossa sociedade;
desenvolvida, mas pecadora (1Jo 5.19).

3. A linhagem de Sete. É a partir de Sete, filho de Adão, que se desenvolve uma nova geração.
Esta prioriza a Deus, pois um dos seus filhos, Enos foi o pioneiro da oração e da adoração
pública. Já a família ímpia de Caim buscou a autossuficiência ao desenvolver e centrar sua
vida em torno das artes e atividades seculares. Por outro lado, a família de Sete invoca “o
nome do Senhor” afim de expressar a sua dependência d’Ele. É dessa linhagem que surge
Enoque (Gn 5.19-22), o homem que andou com Deus e que o Senhor o tomou para si (Hb 11.5).
Judas nos informa que Enoque se manifestou contra a impiedade e imoralidade daquela época,
além de anunciar o juízo vindouro (Jd 14,15). Semelhantemente, a Igreja do Senhor vive no
mundo, mas não é desse mundo (Jo 15.19; 17.14; 1Jo 3.1; 4.5). Ela proclama o reino de Deus
(Mt 28.19,20; Mt 4.17; Mc 1.15; 16.15) e convoca o mundo ao arrependimento (At 2.38; 3.19).

4. Os pecados da primeira civilização. O texto bíblico destaca os erros dessa civilização: (a)
os filhos de Deus casaram-se com as filhas dos homens (Gn 6.2). A expressão “os filhos de
Deus” embora seja uma expressão polissêmica (mais de um significado dependendo do
contexto) nessa passagem referem-se à descendência de Sete, uma vez que esta expressão é
utilizada também nas Escrituras, para se referirem a pessoas que servem a Deus (Dt 14.1;
32.5; Sl 73.15; Os 1.10). A Teoria de que “os filhos de Deus” são anjos caídos não tem
sustentação bíblica, pois a palavra de Deus afirma que os anjos não se casam e nem se dão em
casamento (Mt 22.30; Mc 12.25); e, (b) a Bíblia revela que a maldade dos homens cresceu
extremamente, tanto de ordem sexual como em violência (Gn 6.4,5), de maneira que Deus
declarou que o seu Espírito não “contenderia” ou “permaneceria” mais com homem (Gn 6.3
ARA), e determinou a destruição daquela geração (Gn 6.7). Tudo isso evidencia um princípio:
quando o pecado de um povo ultrapassa todos os limites (Gn 15.16; Mt 23.32; 1Ts 2.16),
Deus exerce o seu justo juízo (Ez 36.23; 39.21,22; 1Sm 2.25; Jn 1.1,2).

5. A civilização pós-dilúvio. O dilúvio foi o juízo de Deus exercido sobre a maldades dos
homens (Gn 6.13-16). Após esse evento, Noé, o homem justo no meio daquela geração
perversa (Gn 7.1; Hb 11.7) foi o precursor da nova civilização. Seus filhos: Sem, Cão e Javé
deram origem as principais nações (Gn 10.1,32). O propósito desse capítulo é demostrar
como as nações e povos tiveram origem a partir de Noé e seus filhos. Essa expansão de nações
também é explicada pela confusão das línguas na torre de Babel (Gn 11.7,8).
6. A torre de Babel. Uma cidade e uma torre foram construídas para evitar que a população se
espalhasse pela Terra, em rebelião direta à ordem de Deus (Gn 9.1). Esta torre serviu como um
ponto de reunião e símbolos da fama e grandeza daquela civilização. Ao confundir as línguas,
Deus estabeleceu as línguas básicas da Terra, à partir das quais se desenvolveram outras línguas
e dialetos (existem hoje mais de 7.000 línguas catalogadas). O resultado dessa confusão foi a
dispersão da humanidade.

III – A SOBERANIA DE DEUS SOBRE A CIVILIZAÇÃO HUMANA

Deus é soberano (Dt 10.17; Sl 103.19; 135.5) sobre toda sua criação, inclusive sobre as nações.
É Ele que estabelece o lugar dos povos no planeta e intervém nos reinos humanos. Vejamos:
1. Deus tem controle sobre as nações. Deus por ser o criador dos céus e da terra (Gn 1.1; 2Cr
6.30; Sl 33.6; Sl 124.8; Sl 146.6; Is 66.1; At 7.48; At 14.15; Ap 14.7) tem domínio sobre as
nações que compõe a civilização. Esse domínio é de tão grande majestade que até o local onde
as nações habitam foi determinado por Deus: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às
nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, pôs os termos dos povos...” (Dt
32.8; ver At 17.26). Ele é quem estabelece os reis das nações e mudas os tempos. (1Sm 2.8;
Dn 2.20). Todas as nações para o Senhor são como pó miúda da balança ou como uma gota
d’água (Is 40.15). Por isso, o salmista afirma: “[…] Ele domina entre as nações” (Sl 22.29).
Nenhuma nação está fora do controle soberano de Deus.

2. Deus intervém nas nações. Como Deus possui o controle tudo, é fato que o Senhor
intervém nas nações: (a) destronando reis e estabelecendo reinos (Sl 75.7; Dn 2.21,44), (b)
destruindo nações (Jr 51.1), como também (c) revertendo o juízo quando existe
arrependimento: “No momento em que eu falar contra uma nação e contra um reino, para
arrancar, e para derribar, e para destruir se a tal nação, contra a qual falar, se converter da
sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe” (Jr 18.7,8). A prova
bíblica mais contundente que Deus intervém nas nações é o povo de Israel; quantas nações
tentaram destrui-la, mas Deus não permitiu. Sempre houve uma intervenção do Senhor no
sentido de evitar a aniquilação do Estado de Israel (2Sm 7.16).

IV – O DESTINO FINAL DA CIVILIZAÇÃO HUMANA

O destino final da civilização humana já estar revelado por Deus em sua Palavra. De acordo
com as profecias bíblicas, três julgamentos ocorrerão no futuro em relação a humanidade, sendo
que, em ocasiões diferentes, para propósitos distintos e para pessoas específicas. Notemos a
tabela abaixo:

Julgamento Tribunal de Cristo Julgamento das Nações Juízo Final “Trono


Branco”

Quando será? Após o Arrebatamento Após a Grande Após a última revolta do


(Ap 22.12). Tribulação (Mt 25.31-33). Diabo (Ap 20.11-15).

Para quem será? Para os salvos que serão Para os que sobreviverem Para todos os vivos e
na Grande Tribulação (Mt mortos ímpios e os anjos
ressuscitados e
25.32). caídos (Jd 6; Ap 20.12).
arrebatados (Rm 14.10).

Quais os propósitos? Galardoar os salvos (2Co Decidir quem entrará no Condenação eterna (Ap
5.10). Reino Milenial (Mt 20.12-15).
25.34-46).

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta lição que a partir de Adão e Eva a civilização humana foi originada, vimos
que Deus é soberano entre as nações. E que o Senhor tem traçado um plano de redenção que
envolve toda humanidade: novos céus e nova terra para os que aceitarem Jesus como Salvador,
e condenação para os ímpios.

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