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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL


CAMPUS JOÃO UCHOA

RENATRUDES PONTES PEREIRA COSTA

FAMÍLIAS MONOPARENTAIS CHEFIADAS POR


MULHERES: REFLEXÃO A PARTIR DO PROJETO
AGÊNCIA DE FAMÍLIA DO BANCO DA PROVIDÊNCIA

RIO DE JANEIRO
Setembro/2016
RENATRUDES PONTES PEREIRA COSTA

FAMÍLIAS MONOPARENTAIS CHEFIADAS POR


MULHERES: REFLEXÃO A PARTIR DO PROJETO
AGÊNCIA DE FAMÍLIA DO BANCO DA PROVIDÊNCIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


á banca examinadora da Universidade
Estácio de Sá para obtenção do grau de
Serviço Social.

Orientador: Profª. Ana Paula Pereira Oliveira

RIO DE JANEIRO
Setembro/2016
FICHA CATALOLOGRÁFICA
FICHA CATALOGRÁFICA DISPONÍVEL NA BIBLIOTECA DO
CAMPUS
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

FAMÍLIAS MONOPARENTAIS CHEFIADAS POR MULHERES: REFLEXÃO A


PARTIR DO PROJETO AGÊNCIA DE FAMÍLIA DO BANCO DA PROVIDÊNCIA

RENATRUDES PONTES PEREIRA COSTA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado em cumprimento às exigências
para a obtenção do grau no Curso de
Graduação em Serviço Social na
Universidade Estácio de Sá

Aprovada em ___ / ___ / _____

BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Profª. Ana Paula Pereira Oliveira - Orientadora
Universidade Estácio de Sá
_____________________________________________
***********Banca Examinadora
Universidade Estácio de Sá
_____________________________________________
***********Banca Examinadora
Universidade Estácio de Sá

RIO DE JANEIRO
Setembro/2016
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter nos dado saúde e força para superar аs dificuldades.

A esta universidade, sеυ corpo docente, direção е administração qυе


oportunizaram а janela qυе hoje vislumbramos υm horizonte superior levando
confiança nо mérito е ética aqui presentes.

Agradeço а todos оs professores pоr proporcionar о conhecimento nãо


apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо
processo dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а nós, nãо somente
pоr terem nos ensinado, mаs por terem nos feito aprender. А palavra mestre, nunca
fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus
eternos agradecimentos.

A nossa orientadora Profª. Ana Paula Pereira Oliveira, pelo suporte nо pouco
tempo qυе lhe coube, pelas suas correções е incentivos.

Obrigada a minha família que nоs momentos dе ausência dedicados ао


estudo superior, sеmprе fizeram entender qυе о futuro é feito а partir dа constante
dedicação nо presente.

A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о meu


muito obrigado.
Ser Assistente Social é sempre buscar fazer com que o indivíduo
tenha acesso aos direitos sociais, fazendo com que ele se sinta
sujeito na sociedade e não apenas um indivíduo qualquer. Escolhi
Serviço Social, porque acredito que a solução para as questões
sociais, possam partir de nós mesmos porque, creio que ainda que
as classes sejam distintas, tudo que envolve o ser, o indivíduo
enquanto cidadão, enquanto membro da sociedade, todos são
defendidos por uma única constituição.

SANDRO LIMA
RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso visa apresentar a monoparientalidade das


famílias chefiadas por mulheres atendidas pelo Projeto Agência de Família para
capacitação para o mercado de trabalho e geração de renda, na Instituição Banco
da Providência no qual se deu a origem da pesquisa. A pesquisa bibliográfica foi o
que deu subsídio para a construção teórica desta pesquisa, que busca refletir a
chefia e a forma de sobrevivência feminina das famílias monoparentais em
sociedade cujo principal provedor é a mulher. Sendo essas mulheres responsáveis
pelo sustento dos filhos e supre a ausência paterna. O pai de seus filhos não
contribuir, e não cumprir com os mesmos deveres, cabendo a mulher o sustento e
os laços afetivos assumindo uma dupla jornada de trabalho na tentativa de suprir as
necessidades e cuidados com seus filhos.

Palavras – chave: Monoparientalidade; Família; Sociedade.


ABSTRACT

This course completion work aims at presenting the monoparentality of the families
headed by women assisted by the Family Agency Project to qualify for the job market
and income generation in the Banco da Providência Institution where the research
originated. The bibliographical research was what gave subsidy to the theoretical
construction of this research, which seeks to reflect the leadership and the form of
female survival of single parents in society whose main provider is the woman. These
women are responsible for the sustenance of their children and provide for parental
absence. The father of his children does not contribute, and does not fulfill the same
duties, being the wife the sustenance and the affective ties assuming a double
working day in the attempt to supply the necessities and cares with its children.

Key - words: Monoparientalidade; Family; Society.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social

PNAS- Política Nacional de Assistência Social

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INESC - Instituto de Estudos Socioeconômicos


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................7
1.1 OBJETIVOS...........................................................................................................8
1.1.1 Objetivo geral.....................................................................................................8
1.1.2- Objetivos específicos......................................................................................8
1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIAS........................................................................8
1.3 PROBLEMA............................................................................................................9
1.4 HIPÓTESE.............................................................................................................9
2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................10
CAPÍTULO I - O CONCEITO E AS MUDANÇAS DAS FAMÍLIAS ATRAVÉS DO
TEMPO ATÉ A CONTEMPORANEIDADE ...............................................................10
I.I AS DIFERENTES CONFIGURAÇÃOES FAMILIARES NO BRASIL.....................12
I.II FAMÍLIAS BRASILEIRAS: O QUE MUDOU NO SÉCULO XXI............................13
CAPÍTULO II - MULHERES CHEFES DE FAMÍLIA: SEU ESPAÇO NA
SOCIEDADE, MERCADO TRABALHO, ESCOLARIDADE E PRECONCEITOS
SOFRIDOS.................................................................................................................15
CAPÍTULO III- APRESENTANDO O PROJETO AGÊNCIA DE FAMÍLIA DO
BANCO DA PROVIDÊNCIA E A IMPORTÂNCIA E PARTICIPAÇÃO DO
ASSISTENTE SOCIAL..............................................................................................19
III-I O PROJETO AGÊNCIA DE FAMÍLIA DO BANCO DA PROVIDÊNCIA..............20
III-II A IMPORTÂNCIA E PARTICIPAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROJETO
AGÊNCIA DE FAMÍLIA..............................................................................................22
3 METODOLOGIA.....................................................................................................24
4 CONCLUSÃO.........................................................................................................25
REFERÊNCIAS..........................................................................................................26
ANEXO A ...................................................................................................................29
ANEXO B ...................................................................................................................30
ANEXO C ..................................................................................................................31
ANEXO D ..................................................................................................................32
7

1 INTRUDUÇÃO

Esse trabalho com o tema “Famílias monoparentais chefiadas por mulheres:


reflexão a partir do projeto agência de família do Banco da Providência” foi
desenvolvido por uma estudante do 8º período do Curso de Graduação em Serviço
Social, da Universidade Estácio de Sá, e está inserido na linha de pesquisa Política
Social, Questão Social e Movimentos Sociais.
A motivação para este trabalho se deu, através do meu campo de estágio,
realizado na Instituição Banco da Providência. O Projeto oferece Capacitação para o
mercado de trabalho e geração de renda, tem como público alvo mulheres chefes de
famílias oriundas das comunidades empobrecidas na busca pela qualificação
profissional, através dos cursos oferecidos pela Instituição. Para assim, obter êxito
na geração de renda e inclusão social. Porém ainda carece de aperfeiçoamento do
sistema de proteção social voltado para essas famílias que não seja de caráter
emergencial, imediatista fragmentado, maior proteção nos serviços de creche para
as crianças que muitas das vezes essa mulher não tem com quem deixar os filhos,
na busca por oportunidades de trabalho com renda compatível. Para enriquecimento
da pesquisa foi feito levantamento bibliográfico sobre o assunto em livros, arquivos
científicos e em trabalhos que já foram desenvolvidos sobre o tema.
É notório o estado de abandono sofrido por estas mulheres pela falta de
oportunidades frente ás dificuldades desafiadoras que envolvem esses arranjos
familiares. A insegurança de serem inseridas no mercado de trabalho, obter
renumerações visto que tem baixa escolaridade, e por serem as únicas
responsáveis pelo sustento dos filhos, essas mulheres tendem a sofrer de baixa
estima e demonstram grandes preocupações em relação á vida cotidiana e o futuro
dos filhos. A família é a instituição mais importante de nossa sociedade, Carvalho
(2008) aponta que a família é a expressão máxima da vida privada, espaço da
intimidade, em que se constroem sentimentos, na qual se externa o sofrimento
psíquico que a vida de todos nós põe e repõe. É percebida como nicho afetivo e de
relações indispensáveis à socialização dos indivíduos, que assim desenvolvem o
sentido de pertencimento de um campo relacional propulsor de relações includentes
na própria vida em sociedade.
Esta monografia contém 03 (três) capítulos, o primeiro aborda o conceito e as
mudanças das famílias através do tempo até a contemporaneidade. O segundo
8

capítulo aborda a forma como mulheres que chefiam a casa sozinhas, enfrentam a
sociedade e o mercado competitivo de trabalho, seus níveis de escolaridade e
preconceitos sofridos. No terceiro capítulo será apresentado o Projeto de estudo e a
participação e importância e o convívio do Assistente Social neste Projeto.

1.1 OBJETIVOS

Os objetivos desta pesquisa foram:

1.1.1- Objetivo geral

Reconhecer a monoparentalidade das famílias pobres chefiadas por mulheres


na sociedade brasileira.

1.1.2- Objetivos específicos

 Relatar as principais questões enfrentadas pelas mulheres atendidas no


projeto Agência de Família Catumbi.
 Identificar as políticas sociais para as mulheres, e quais as formas de
assistência são a elas necessárias.

1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIAS

Este trabalho justifica-se pela necessidade e importância da intervenção


profissional do Assistente Social junto as mulheres que chefiam sozinhas suas
famílias. A justificativa é definida por Gray (2012, p. 47) como, “Um argumento em
favor da realização da pesquisa, com referência nas atuais lacunas do conhecimento
e na potencial aplicabilidade dos resultados”
É relevante explicitar que o Trabalho de Conclusão de Curso, é considerado mais
que uma exigência para obtenção do Grau de Bacharel em Serviço Social. É,
sobretudo, um ato de criação da autora, no sentido de conhecer a intervenção
profissional do Serviço Social junto as mulheres que ao procurarem a assistência
participam de palestras, reuniões, dinâmicas de grupo e outras atividades
relacionadas à necessidade de orientação e encaminhamentos.
9

Para a sociedade busca-se promover a divulgação e informação da sua atuação do


Serviço Social e sua forma de contribuição para amenizar este problema.
Figueiredo (1977, p. 76) afirma que: “Relevância é uma medida de informação
apresentada por um documento em relação a uma pergunta”.
No caso da pesquisa científica, a relevância é apresentada dentro da justificativa
tendo em vista o problema definido.
A Relevância Social aplica-se a importância do conhecimento teórico e prático
do Assistente Social nas formas de famílias monoparentais, acrescentando
informação e meios de acesso à sociedade.
A Relevância acadêmica deve-se a importância para a Universidade, pois
acrescentará conhecimentos teóricos e técnicos na atuação do Assistente Social,
como também para que este estudo possa contribuir para demais pesquisas na área
do Serviço Social.
A Relevância Científica deve-se pela busca de contribuir para a produção de
material científico, para que possa ser utilizado para demais pesquisa, e buscar
conscientizar os estudante/futuros profissionais para a importância da pesquisa
científica tanto para a sociedade quanto para o crescimento profissional e pessoal.

1.3 PROBLEMA

As questões enfrentadas por famílias monoparentais chefiadas por mulheres


pobres refletem impacto na sociedade?

1.4 HIPÓTESE

Na perspectiva neoliberal, aprofunda-se a desigualdade da participação entre


homens e mulheres na economia produtiva exercendo a mesma função mas em
desigualdade com as mulheres. Essas mesmas mulheres que possuem a mesma
responsabilidade financeira para sustentar suas famílias.
10

2 - DESENVOLVIMENTO

CAPÍTULO I - O CONCEITO E AS MUDANÇAS DAS FAMÍLIAS ATRAVÉS DO


TEMPO ATÉ A CONTEMPORANEIDADE.

A família vem sofrendo transformações desde os tempos mais remotos até


a atualidade. Nas palavras de Medeiros (1997) “A família, por ser mais antiga que o
Estado, constitui-se como célula germinal da comunidade estatal.”
Nas formas anteriores de família, o homem nunca sentira dificuldade em encontrar
mulheres, podiam optar por uma ou mais, porém na família pré-monogâmica esses
hábitos tornaram-se raros, sendo necessário procurá-las, e Engels (2002 16 Ed) 
enfatiza que “por isso começam com o casamento pré-monogâmico, o rapto e a
compra de mulheres, sintomas bastante difundidos, mas nada mais que sintomas de
uma transformação muito mais profunda que se havia efetuado”.
O casamento passou a ser uma forma de manter para si uma esposa, já
que eram raras, dando origem à família monogâmica, caracterizada pelo
casamento e pela procriação. Conforme o mesmo autor, somente ao
homem era concedido o direito de romper o casamento ou então repudiar
sua mulher, em caso de traição ou esterilidade. A lei da época, o Código de
Napoleão, permitia que o homem fosse infiel desde que não levasse a sua
concubina para o lar conjugal.  COULANGES, 1998. p. 47.

O trabalho com famílias tem se constituído numa fonte de preocupação para os


profissionais que trabalham na área, tanto pela atualidade do tema como pela sua
complexidade. Segundo Mioto (2004) a sua discussão envolve inúmeros aspectos
como as diferentes configurações familiares, as relações que a família vem
estabelecendo com outras esferas da sociedade, tais como Estado, Sociedade Civil
e Mercado, bem como os processos familiares. Além destes, estão envolvidos os
aspectos inerentes à própria história e desenvolvimento das profissões que atendem
a esse campo.
Venosa (2003 p.20) diz que “no século XX, o papel da mulher se transforma
ocasionando visíveis mudanças no meio familiar. Com o trabalho das mães fora de
casa, os filhos passam um tempo maior longe do lar, praticando atividades escolares
ou recreativas.” A longevidade adquirida por melhores condições de vida possibilita
que várias gerações convivam e daí surgem os primeiros conflitos que refletem à
sociedade atual.
11

Ainda, segundo o autor, os conflitos sociais gerados pela nova posição social dos
cônjuges, as pressões econômicas, a desatenção e o desgaste das religiões
tradicionais fazem aumentar o número de divórcios. O matrimônio fica relegado a
segundo plano e por volta da década de 70, na civilização ocidental, surgem as
famílias conduzidas por um único membro, que poderia ser o pai ou a mãe.
No Brasil a Proteção Social tem maior ênfase e garantia com a aprovação da
Constituição de 1988, que vai constituir legalmente como função do Estado prover a
Proteção Social, que inicia com a consolidação e aprovação em 1993 da Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS). A Lei Orgânica de Assistência Social
(LOAS) vem estabelece que “a assistência social, direito do cidadão e dever do
Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos
sociais, realizada através de um conjunto integrado de iniciativa pública e da
sociedade, para garantir o atendimento as necessidade básicas”. A Assistência
Social, a partir da LOAS em sua constituição, inserida no processo de Estado de
Bem-Estar-Social remete-nos a um tripé de Proteção Social, juntamente com a
Saúde e a Previdência Social. Conforme a Política Nacional de Assistência Social
(PNAS), “proteção social deve garantir as seguintes seguranças: segurança de
sobrevivência (de rendimento e de autonomia); de acolhida; de convívio ou vivência
familiar”.  (Michelly Laurita Wiese – PUCSP 2015)
O fato de a mulher estar mais inserida no mercado de trabalho contribuiu para as
novas configurações familiares, pois além delas não serem mais tão dependentes
dos homens, por estarem inseridas nesse mercado, conseguem ter suas vidas mais
independentes, criando seus filhos sem serem casadas, dando origem a um grande
número de famílias monoparentais. Outro fator é o aumento das separações, que
segundo IBGE (2009), em todos os Estados brasileiros, a maior porcentagem de
separações não consensuais foi requerida por mulheres, sendo estas 71,7% do
total.
“A expressão “famílias monoparentais”, termo originariamente da França, desde a
metade dos anos setenta, designa as unidades domésticas em que as pessoas
vivem sem cônjuge, com um ou vários filhos”. (VITALE, 2002). Portanto, qualquer
pai ou mãe que conviva com um ou vários filhos, sem o cônjuge serão consideradas
família monoparental. A respeito desse modelo familiar Diniz (2002) apresenta em
sua obra a análise de que,
12

A família monoparental ou unilinear desvincula-se da ideia de um casal


relacionado com seus filhos, pois estes vivem apenas com um dos seus
genitores, em razão de viuvez, separação judicial, divórcio, adoção
unilateral, não reconhecimento de sua filiação pelo outro genitor, produção
independente, etc. (p.11).

A família monoparental tem problemas e características que são peculiares.


Com a industrialização dos anos 1930, o conceito de família muda, tornando-se algo
moderno. O homem começa a trabalhar nas fábricas e a mulher se insere no
mercado de trabalho. Sendo assim, surgem as ideias de igualdade de direitos, que
são adquiridos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Uma nova estrutura da família nasce no século XX, tornando-se nuclear sedo pai,
mãe e filhos. A família monoparental somente é considerada legítima no Brasil, após
a Carta Magna de 1988.
Fonte: http://www.unifra.br/eventos/interfacespsicologia/Trabalhos/3081.pdf

I.I - AS DIFERENTES CONFIGURAÇÃOES FAMILIARES NO BRASIL

Na Constituição da República Federativa do Brasil em seu Artigo 226 na


qual declara que a família, base da sociedade tem especial proteção do Estado.
Nota-se que algumas mudanças constitucionais trazem perspectivas, igualitária e
menos discriminatórias, como exemplo referência a “pessoa” e não mais ao homem.
Diante disso, o que se percebe é uma preocupação com a igualdade de gênero.
Segundo SARTI, (1996), na realidade brasileira, estudos têm apontado para a
dinâmica dos arranjos familiares nas classes populares, demonstrando a
permanência de uma hierarquia de papeis, organizados a partir de uma visão
tradicional, em que o homem representa o papel do provedor familiar.
No entanto Goldani (1994), entre essas mudanças se verifica uma perda de
espaço no percentual de famílias compostas pelo casal e filhos e um aumento de
famílias composta por um dos membros e filhos ou de pessoas morando sozinhas,
ao lado da queda de fecundidade, do aumento da esperança de vida e do tamanho
dos módulos familiares.
Nas palavras de Leite (2003, p.22), entende-se que uma família é monoparental
quando a pessoa considerada (homem ou mulher) encontram-se sem cônjuge, ou
companheiro, e vive com uma ou várias crianças. A monoparentalidade feminina
sempre existiu, mas tem crescido consideravelmente, nos últimos vinte anos.
13

Fatores como viuvez, mães solteiras, divórcio ou separação, adoção e


fatores secundários tem contribuído para o surgimento cada vez notório de mulheres
que passam a chefiar seus lares. Logo, a família que antes era biparental se
transforma em monoparental.
Essa mudança na realidade da mulher pobre principalmente a de classe
popular mãe e trabalhadora ocorreu com sobrecaga ter dupla função conciliar o
cuidado com os filhos, as tarefas domesticas sem falar na dificuldade de não contar
com creches para os filhos, pois é uma difícil tarefa para essa mulher, sem contar
que ganham pouco deixando insegurança em relação o futuro dela e dos próprios
filhos no qual dependem exclusivamente dela.
Mães solteiras com filhos já criados, ou até viúvas, cujos filhos permanecem
em casa por opção ou necessidade.
De acordo com O (IBGE), ano de 1995 a 2005, a porcentagem de famílias
chefiadas por mulheres com filhos e sem cônjuge passou de 17,4% para 2,1% no
Nordeste, e no Sudeste, 15,9% para 18,3%. Nos últimos trinta anos que a família
monoparental firmou-se como fenômeno social, passando a ser objeto de estudos e
preocupações, como uma categoria específica de famílias. (INESC, 2003).
A pesquisa feita pelo (IBGE), relata a preocupação em relação o crescente
fenômeno denominado de família monoparental, em alguns estados brasileiros, é
visível principalmente por tratar de famílias em maioria mães, abandonadas pelo pai
dos filhos, e pelo próprio Estado em relação questões de políticas públicas
direcionadas para melhor atender as necessidades dessas mulheres chefes de
famílias.

I.II - FAMÍLIAS BRASILEIRAS: O QUE MUDOU NO SÉCULO XXI

Acompanhar e registrar as mudanças da família brasileira tem sido um grande


desafio para o IBGE. O Censo de 2010 listou 19 laços de parentesco que se
formaram, contra 11 em 2000. O estudo concluiu que a família brasileira se
multiplicou, deixando para trás o modelo convencional de casal com filhos. As
combinações são as mais diversificadas possíveis e dentre elas destacamos as
mulheres que vivem sozinhas e representam cerca de 3,4 milhões em todo país. As
mulheres estão cada vez mais comandando os lares. Nas estatísticas, as mulheres
comandam 38,7% dos domicílios, em 2010, contra 24,9% registrado em 2000.
14

As famílias estão se transformando, o que no passado poderia parecer algo


impossível na estrutura familiar, hoje, no entanto já é uma realidade. As mulheres
estão tornando-se chefes de família no lar mesmo com a presença do homem, os
casais estão aderindo à união estável ao invés do casamento civil, as famílias
monoparentais estão crescendo a cada dia; enfim classificar o que é ou não família
é algo muito complexo e difícil. Fonte: www.e-publicacoes.uerj.br › Capa › v. 13, n. 2 (2014)
Um novo modelo de família denominado de nuclear caracterizou-se pela
perda de importância do parentesco extenso, independência econômica dos filhos, o
que ocasionou a perda progressiva da autoridade paterna, aumento da participação
da mulher no sistema produtivo, natalidade planejada e reduzida.
Dos modelos de família da atualidade um fenômeno na sociedade é a
família monoparental, que é composta pela figura do pai ou da mãe, e estes podem
estar na condição de solteiros, separados, divorciados ou viúvos e sua prole.
Apesar do grande aumento de famílias monoparentais femininas em nosso
país, não foram criadas políticas sociais específicas para este seguimento
familiar.
No capítulo seguinte serão abordados aspectos sociais, inserção no
mercado de trabalho, grau de escolaridade e tipos de preconceitos sofridos por
mulheres chefes de família.
15

CAPÍTULO II - MULHERES CHEFES DE FAMÍLIA: SEU ESPAÇO NA


SOCIEDADE, MERCADO TRABALHO, ESCOLARIDADE E PRECONCEITOS
SOFRIDOS.

Desde o século passado, ditavam que o marido era o provedor do lar. A


mulher não precisava e não deveria ganhar dinheiro. As que ficavam viúvas, ou
eram de uma elite empobrecida, e precisavam se virar para se sustentar e aos filhos,
trabalhavam em casa de outras famílias, faziam doces por encomendas, arranjo de
flores, bordados etc. Mas além de pouco valorizadas, essas atividades eram mal
vistas pela sociedade. Mesmo assim algumas conseguiram transpor as barreiras do
papel de ser apenas esposa, mãe e dona do lar, ficou, para trás a partir da década
de 70 quando as mulheres foram conquistando um espaço maior no mercado de
trabalho. No entanto, a mulher chefe de família mesmo com todas as mudanças
ocorridas em relação a novas configurações continua sofrendo preconceitos e
questionamentos feitos quando se trata de uma tradição em relação á família
nuclear, composta por pai, mãe e filhos quando cabia ao homem, o sustento da
família com o advento da modernidade, a perda do sentido da tradição, as
mudanças no mundo do trabalho e no mundo da mulher fazem surgir novos modelos
de famílias como:
Destaca-se a ‘’família monoparental’’, que alcançou maior visibilidade como arranjo
familiar a partir da década de 70. Segundo Goldani “(apud VITALE), a expressão
‘‘famílias monoparentais” foi utilizada na França, desde a metade dos anos setenta,
para designar as unidades domésticas em que as pessoas vivem sem cônjuge, com
um ou vários filhos com menos de 25 anos e solteiros.
Segundo Iamamoto, (2008) é exatamente o legado de direitos conquistados nos
últimos séculos que esta sendo desmontado nos governos de orientações neoliberal,
em uma nítida regressão da cidadania que tende a ser reduzida á suas dimensões,
civil e política, erodindo a cidadania social.
Entretanto, como a sociedade brasileira continua sendo desigual, excluindo
sistematicamente determinadas categorias sociais faz-se necessário implantação de
políticas públicas voltadas para mulheres chefes de família que visem ajudá-las
cumprir minimamente as necessidades básicas.
Como já relatei através de observações feitas mo meu campo de estágio, os
principais usuários dos serviços são mulheres, que em algum momento de suas
16

vidas, foram obrigadas a chefiar suas famílias. Assim os relatos das mulheres chefes
de famílias são na forma de suprir necessidades responsabilidades que vivenciam
complicações quando são estigmatizadas como menos capazes de cuidar ou
administrar suas famílias sem a presença de um homem.
Entretanto com a Revolução Industrial, exigiu-se um número maior de trabalhadores
nas indústrias sendo as mulheres e as crianças opções para suprir essa carência de
mão- de- obra. Dessa, forma a mulher passava a ser duplamente explorada, pois
tinha dois compromissos- na família e no trabalho sem nenhum reconhecimento
financeiro. Ou seja, a mulher entrou no mundo capitalista de produção em condições
inferior ás do homem, pois foi chamada a participar justamente por ser mão – de-
obra barata e menos qualificada. Seu ingresso no mundo do trabalho não foi fruto
exclusivo da luta em busca de crescimento ou independência, mas sim resposta ás
condições precárias em que se encontravam as famílias naquele período histórico.
No entanto, a história mostra que a saída da mulher em direção ao trabalho foi um
avanço.
Segundo Beauvoir (1970):
Foi pelo trabalho que a mulher cobriu em grande parte a distância que a
separava do homem; só o trabalho pode assegurar-lhe uma liberdade
concreta. Desde que ela deixa de ser uma parasita, o sistema baseado em
sua dependência desmorona; entre o universo e ela não há mais
necessidade de um mediador masculino (BEAUVOIR, 1770, p.449).

Portanto, com a inserção da mulher no mercado de trabalho gerou sua saída da


esfera privada da casa, do lar, da família, para a vida pública, descaracterizando a
família nuclear. Ao longo das gerações, outros fatores também contribuíram para as
transformações da dinâmica familiar como o movimento feminista, que reivindicavam
igualdade entre os homens e as mulheres no que diz respeito aos direitos, ás
condições de trabalho e a diversos outros direitos que as mulheres não desfrutavam
de igualdade com os homens.
Na realidade brasileira para a mulher chefe de família a de classe popular
desprovida de qualificação profissional com baixa escolaridade exercendo a mesma
função que o homem ainda assim, ganha menos. Nota-se cada vez ser encarado
como uma difícil tarefa, necessidade extrema, um sacrifício necessário para o
sustento dos filhos onde a mulher chefe de família é a única provadora.
O conceito de “chefia família” tem sua origem nas sociedades antigas, em
que geralmente era associado aos homens exercerem a chefia familiar, haja
vista que para tal função o valor econômico do homem como provedor
17

financeiro estabelecia a relação de co-dependência dos membros familiares


esposa, filhos e mães dando-lhe, neste sentido, o atributo de
responsabilidade da família e sucessivamente o poder sobre os demais
membros do domicilio (Carvalho, 1998, p. 52).

Porém na atual conjuntura, a chefia familiar já não é vista como exclusividade dos
homens. Ou seja, as mulheres estão atualmente tornando-se cada vez mais
importantes na obtenção de recursos para o sustento da família, logo, não se deve
deixar de considerar que as mulheres até hoje sejam detentoras de salários
menores, mesmo exercendo os mesmos cargos que os homens ou seja, ainda hoje
as mulheres sofrem preconceitos, descriminações junto a sociedade. Há cargos que
podem ser mais desempenhados por homens, mas sempre vai ter uma mulher no
meio da equipe. Preconceito existe ainda sim. Muitas mulheres que optam por entrar
em um mercado de trabalho mais masculino enfrentam preconceito até mesmo
dentro de casa. Segundo, Mendes, (2002). É preciso enxergar na diversidade
desses novos arranjos o potencial de autonomia dessas mulheres em assumir suas
famílias, ocupar a esfera pública e encontrar alternativas para as suas
necessidades.
Porém essa dinâmica sobre a vida dessas mulheres vem sofrendo uma série de
dificuldades no dia- a- dia, mas que isso, nessas circunstancias enfrentam inúmeros
desgastes físicos e emocionais, conciliar a rotina da mulher chefe de família
encontra-se na mão dupla trabalho / vida familiar, uma problemática que acaba por
refletir as inúmeras funções exercidas dessas mulheres na vida e na formação dos
filhos. Muitas mulheres estão mostrando que filhos, uma casa para cuidar e os
eternos preconceitos não são barreiras.
Homens e mulheres são iguais, com especial atenção para as mulheres chefe de
família, mulheres pobres, negras, descriminadas duplamente pela sociedade por
serem as mulheres que lutam pelo sustento dos filhos e contra a violência e toda
forma de preconceito e fazer valer a Constituição.
Scott (2002) caracteriza os principais problemas enfrentados por elas e os campos
em que as políticas públicas podem estar atuando, direta ou indiretamente, para
proporcionar qualidade de vida para as mulheres: nos arranjos familiares em
especial a monoparentalidade das famílias pobres as únicas provedoras da família
possuem uma renda baixa, pela falta de qualificação para inserção no mercado de
trabalho; são inúmeras as dificuldades enfrentadas falta de creches, para deixa-los
18

os filhos na escola, não possuem tempo para se qualificar para o mercado de


trabalho e dá continuidade aos estudos. No entanto a mãe chefe de famílias quase
sempre sofre pela falta de políticas direcionadas para elas em relação á saúde
pública não conseguem atendimentos direcionados para a saúde da mulher sem
falar que tem o fator idade.
Justiça: precisam de apoio jurídico para manter a guardas dos filhos, não tem os
filhos reconhecidos pelo pai assim não recebem pensões a que tem direito. Sofrem
com descriminação têm histórias de agressões enfim, são inúmeras as queixas que
vivenciei nos relatos das mulheres usuárias do Projeto Agência de Família do Banco
da Providência.
No capítulo III e último deste estudo serão apresentados os dados do objeto
do estudo, o projeto agência de família da Instituição Banco da Providência com a
participação do Assistente Social.
19

CAPÍTULO III- APRESENTANDO O PROJETO AGÊNCIA DE FAMÍLIA DO


BANCO DA PROVIDÊNCIA E A IMPORTÂNCIA E PARTICIPAÇÃO DO
ASSISTENTE SOCIAL.

Em 1959, o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio Dom Helder Câmara


fundou o Banco da Providência, que ganhou este nome justamente porque os mais
necessitados não tinham acesso aos bancos financeiros. A missão era contribuir
para uma sociedade mais igualitária, em que mesmos os mais sem
oportunidades tivessem “um banco” para chamar de seu! E, ao longo de mais de
meio século é uma referência no atendimento as demandas sociais.
O Banco da Providência é uma organização social sem fins lucrativos que
há 57 anos trabalha para contribuir na redução da desigualdade social e colaborar
para a defesa dos direitos de jovens, adultos e famílias que vivem em situação de
pobreza extrema na cidade do Rio de Janeiro, através dos projetos de capacitação
profissional e geração de renda. Fonte: http://www.bancodaprovidencia.org.br/projetos
A ação estratégica está concentrada em oito bairros que abrangem 90 comunidades
com os mais baixos índices de desenvolvimento humano (IDH).
Sua Missão é atuar, de maneira articulada e convergente com as políticas públicas,
para a redução da desigualdade social, a promoção e defesa de direitos de jovens,
adultos e famílias residentes nas comunidades empobrecidas do Município do Rio
de Janeiro. Sua Visão é ser uma referência na formulação e execução de iniciativas
para a redução da desigualdade social, a promoção e defesa de direitos e o
desenvolvimento humano de jovens, adultos e famílias residentes nas comunidades
empobrecidas. E tem como Valores a dignidade e potencial da pessoa
humana, Diversidade, Solidariedade, Ética, Transparência, Sustentabilidade social,
econômica e ambiental. Fonte: http://www.bancodaprovidencia.org.br/.
Diante de tanta procura surge também a preocupação de arrecadar os recursos
suficientes para fazer frente às necessidades das pessoas atendidas. Foi a partir daí
que em dezembro de 1959 aconteceu a primeira ação que daria origem dois anos
depois a tradicional Feira da Providência. Fonte: http://www.feiradaprovidencia.org.br/. Este
tradicional evento tão esperado pelos cariocas é até hoje a principal fonte de
recursos do Banco da Providência.
20

III-I O PROJETO AGÊNCIA DE FAMÍLIA DO BANCO DA PROVIDÊNCIA

Os projetos do Banco da Providência atendem os diferentes grupos da


sociedade regularizando documentos, conscientizando seus usuários quanto ao
aumento do grau de escolaridade, o desenvolvimento de metodologias que
possibilitem a geração ou o aumento de renda, encaminhamento para uma vaga de
emprego.
O Projeto Agência de Famílias faz parte de um programa institucional de inclusão
social. O objetivo principal deste programa é “incluir socialmente” a população
usuária, definindo como inclusão social o aumento de renda familiar e inserção no
mercado de trabalho, seja de que forma for, priorizando, portanto, um viés
puramente econômico. Desta forma, o projeto tem como critério de elegibilidade
famílias com baixa renda. As Agências de Família são instaladas em comunidades.
Oferecem Cursos de Formação para o Mundo do Trabalho. Famílias com renda
familiar per capita que estejam na linha da pobreza extrema e que tenha pelo menos
um adulto em idade de se capacitar para o trabalho. A Instituição tem um histórico
acumulado de 60% das famílias capacitadas terem aumentado á renda e
transformado condições de vida. Desenvolve nos participantes: capacidade de
comunicação; Capacidade de acessar direitos humanos e sociais; integração em
políticas públicas; Confiança na capacidade profissional; Protagonismo profissional;
Protagonismo para acessar novas oportunidades.
Os alunos são moradores de Comunidades em busca de qualificação para o
Trabalho e transformação Social através dos cursos oferecidos como na área de
beleza, bolos e tortas entre outros, também encaminhamento para agência de
emprego. O programa conjuga três eixos que contribuem no desenvolvimento
humano por meio de qualificação para o trabalho.
 Formação específica oficinas profissionalizantes
 Formação social e humana oficinas de treinamento de habilidades para o
desenvolvimento pessoal e associativismo
 Formação em gestão de pequenos empreendimentos
Investir na formação de mulheres chefes de famílias é investir também no
desempenho escolar das crianças.
21

O nível de estudos atingidos pelos pais, sobretudo pela mãe, é decisivo no que
tange ao bom desempenho escolar da criança.
Pesquisas apontam que a repetência diminui á medida que aumenta o nível de
formação do chefe de família’
O perfil do público atendido tem em sua composição 80% de mulheres e em sua
maioria são oriundas das Comunidades da Coroa, do Morro do Catumbi e da
Mineira, com baixa escolaridade que protagonizaram ou já encenaram caso de
violência domestica.
Os critérios para seleção das famílias são:
 Ser uma família: um conjunto de pessoas que morem juntas e que tenham
relações de afinidades e de interdependência.
 Ter renda familiar per capita abaixo de R$ 140,00 (cento e quarenta reais).
 Ter ao menos uma pessoa em idade e condições físicas de capacitar-se para
gerar renda no mercado de trabalho formal e informal.
 Residir em áreas que fiquem no entorno das agências de família, a maiorias
são de famílias chefiadas por mulheres que possuem de 2 a 3 filhos jovens,
com idade de 0 a 24 anos e não possuem renda. Ou seja, 60% não possuem
renda, 14% têm o biscate e o trabalho informal, 13% são aposentados ou
recebem benefícios ou pensão 6%.
De acordo com dados do Projeto, a escolaridade da chefia familiar é a seguinte:
 Ensino Fundamental incompleto 38%
 Ensino Médio completo 31%
 Ensino Médio incompleto 17%
 Ensino Fundamental completo 13%
O Programa de Inclusão Social de famílias é executado através dos projetos nas
Agências de famílias, esses núcleos se desenvolvem sob a Coordenação Geral da
Assistente Social e através da gestão das Assistentes Sociais em cada unidade.
Com objetivos de colaborar para redução do número de famílias que vivem com uma
renda per capita R$ 140,00 (cento e quarenta reais) que sinaliza a linha da pobreza
pela ONU. O Banco da Providência promove cursos de capacitação e formação
profissional como forma estratégica de inserção dessas famílias ao mundo do
trabalho e renda.
Algumas limitações a serem vencidas pelo Projeto são:
22

 Efetivar visitas domiciliares com mais frequência.


 Planejar junto a liderança reuniões como estratégias para atingir o
público alvo.
 Aumentar o número de parcerias, focar em uma melhor divulgação
para o projeto.
Fortalecimento e ampliação das redes locais, com objetivo de atender com maior
qualidade as diversas demandas que apresentam os usuários, são potencialidades a
serem exploradas.
Considerando o perfil dos atendidos, identifica-se que a grande demanda é de
mulheres, de baixo nível educacional, com filhos e desempregadas. Através das
entrevistas individuais o assistente social percebe que algumas dessas mulheres
sofrem de diversos tipos de violência, abusos, intimidação, de ameaças do tipo. Se
você for para seu curso de capacitação seus filhos irão ficar jogados: a privação
econômica quase nunca Acontece porque o projeto paga o valor do transporte para
essas mulheres se capacitarem e elas vivem em situação de incisiva pobreza, a
agressão psicológica e sexual também são diversas vezes identificadas, pois seus
algozes usam de diversas táticas para oprimi-las.
Entende-se que essas mulheres quando se inscrevem no projeto Agência de Família
está buscando algum tipo de ascensão, seja no universo familiar, profissional ou
social.
Sendo assim diante da afirmativa do parágrafo anterior pode-se vislumbrar no
contexto do projeto Agência de Família, uma flexibilidade para abordagem
investigação e pesquisa para o elemento Gênero, com objetivo de buscar uma nova
abordagem institucional para graduação do curso de Serviço Social.

III-II A IMPORTÂNCIA E PARTICIPAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO


PROJETO AGÊNCIA DE FAMÍLIA.

O Banco da Providência se caracteriza por ser uma instituição com viés


conservador e assistencialista, entendendo as ações assistenciais como favor,
benesse, solidariedade/fraternidade e não como um direito. A escolha por esta
perspectiva fica perceptível, por exemplo, quando a instituição realiza ações como
cursos profissionalizantes que fomentam atividades informais e de subemprego,
23

reforçando cada vez mais o estigma de subalternidade da população usuária, com


um discurso de “inclusão social”, “tirar da linha da pobreza”, “ajudar os mais
necessitados”, “atender os mais pobres”.
Fonte: http://e-revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/download/4712/3638
Como aborda Mota (2008), “são ações que expressam discursos contaminados de
recorrências morais como “reparar injustiças”, “acabar com a fome”, “incluir
excluídos”, todos em nome da cidadania, da democracia e da justiça social”.
No Banco da Providência há vários profissionais, a maioria, do Serviço Social. As
pessoas que comparecem na Agência de Família possuem pouco ou nenhum
documento, baixa escolaridade, baixa autoestima, pouco ou nenhum contato familiar
e a sua maior demanda é um emprego.
Segundo Iamamoto (1998:3) o Serviço Social precisa trabalhar com as
“possibilidades”. São poucos os recursos, mas o Serviço Social trabalha com
perseverança, procurando novos parceiros, visto que alguns com o tempo deixam de
apoiar o Projeto.
Requer do Serviço Social, escutar pacientemente, saber dialogar, explicar sobre o
serviço do Curso de Formação: Preparação Para o Mundo do Trabalho, explicar a
sua importância para a obtenção de um emprego formal, buscar documentar todos
que procuram o Projeto, encaminhar para as agencias, verificando a possibilidade
de uma vaga de emprego e ainda o acompanhamento destes, até o objetivo final
que é a obtenção do emprego formal.
24

3 METODOLOGIA

Para se obter o levantamento do tema utilizou-se a pesquisa bibliográfica


onde se obteve fundamentação teórica a partir de livros e redes eletrônicas de
acesso ao público em geral. A linha geral que norteia a pesquisa é descritiva,
assumindo um caráter exploratório. Vergara (1998, p. 45) define pesquisa descritiva
da seguinte forma:
A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou
de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre
variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os
fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.

A grande contribuição das pesquisas descritivas é proporcionar novas visões sobre


uma realidade já conhecida. Nada impede que uma pesquisa descritiva assuma a
forma de um estudo de caso. Entretanto, as pesquisas descritivas geralmente
assumem a forma de levantamentos.
Na visão de Gil (2010, p. 27).
As pesquisas exploratórias têm como propósito proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a
construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois
interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato ou
fenômeno estudado. Pode-se afirmar que a maioria das pesquisas
realizadas com propósitos acadêmicos, pelo menos num primeiro momento,
assume o caráter de pesquisa exploratória, pois neste momento é pouco
provável que o pesquisador tenha uma definição clara do que irá investigar.

Optou- -se pelo estudo de caso como método de pesquisa. Os estudos de caso
descritivos procuram apenas apresentar um quadro detalhado de um fenômeno para
facilitar a sua compreensão, pois não há a tentativa de testar ou construir modelos
teóricos.
Utilizando procedimentos de pesquisa bibliográfica e documental do Projeto Agência
de Família, na Instituição Banco da Providência – Localizado na Região Central da
Cidade do Rio de Janeiro – RJ.
25

4 CONCLUSÃO

O momento atual é caracterizado pelas inúmeras transformações pelas


quais a família tem passado, sendo as famílias monoparentais femininas uma
realidade cada vez mais frequente. Como em qualquer configuração familiar, há
inúmeros desafios que se apresentam a essas mulheres que são chefes de suas
famílias. Esta pesquisa permite concluir que, a realidade de mulheres em situação
de vulnerabilidade social é permeada por contradições que afirmam sua
complexidade, ao longo da história brasileira. Desse modo, há que qualificar as
possibilidades de enfrentamento e sobrevivência de mulheres brasileiras chefes de
famílias monoparentais. Este estudo mostrou que grande parte das mulheres
brasileiras que se encontram na condição de chefes de família, são pobres, o que
pode indicar que o ingresso dessas mulheres ao mercado de trabalho e o
estabelecimento da própria condição de provedoras econômicas da família esta
relacionado às condições de pobreza. O trabalho do Assistente Social no Projeto
Agência de Famílias do Banco da Providência faz toda a diferença para as mulheres
chefes de família, pois é através do setor de Serviço Social que elas são acolhidas,
ouvidas e direcionadas para capacitação e empregos com vista à cidadania,
Considerando as limitações do estudo, que teve como foco somente de famílias
chefiadas por mulheres, sugere-se a realização de pesquisas que estudem a
realidade das famílias monoparentais incluindo a participação de outros membros.
Sugere-se ainda a realização de estudos com foco nas políticas públicas
direcionadas as famílias brasileiras, sobretudo aquelas que compõem o contexto
socioeconômico e cultural aqui apresentado, de forma a avaliar o alcance e a
adequação de tais políticas.
26

REFERÊNCIAS

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social.html
Acesso em: 02. Set 2016.
29

ANEXO A

Foto Projeto Agência de Família Cidade de Deus

www.bancodaprovidencia.org.br
30

ANEXO B

Foto Projeto Agência de Família Bangu

www.bancodaprovidencia.org.br
31

ANEXO C

Foto Projeto Agência de Família Realengo

www.bancodaprovidencia.org.br
32

ANEXO D
Foto Dom Helder Camara- Fundador do Banco da Providência

http://paroquiasaoconradorj.blogspot.com.br/2014/08/uma-autentica-opcao-pelos-pobres-por.html

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