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A Didática e Sua Contribuição No Processo de Formação Do PDF
A Didática e Sua Contribuição No Processo de Formação Do PDF
PROFESSOR
Resumo: Este trabalho pretende mostrar como a Didática reflete na formação do professor. Tem como
objetivo principal analisar a importância da Didática para que o professor possa construir e reconstruir
sua identidade profissional valorizando-se e valorizando o educando enquanto ser social. Também visa
mostrar como é preciso que haja uma relação de intensa união entre a teoria e a prática, sendo que
somente assim o ensino acontecerá de forma a garantir verdadeiro significado ao educando em paralelo
à formação integral do educador. Para fundamentar este trabalho foram utilizados principalmente os
conceitos de autores como Damis (1988, 2010), Libanêo (1990, 2001 e 2012), Freire (1996) e Veiga
(1989, 2014).
INTRODUÇÃO
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Acadêmica do VIII Período de Pedagogia da Faculdade de Pimenta Bueno (FAP). E-mail:
flaviapb_lh@hotmail.com.
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Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), atualmente professor da
Faculdade de pimenta Bueno (FAP) ministrando aulas no curso de Pedagogia. E-mail:
fjorgefreitas15@bol.com.br.
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Neste sentido, o objetivo principal do trabalho é analisar a importância da Didática para
que o professor possa construir e reconstruir sua identidade profissional valorizando-se e
valorizando o educando enquanto ser social.
O artigo foi estruturado em seções, que se apresentam de forma a garantir o
entendimento do tema proposto. Inicialmente será abordadaa trajetória da Didática em paralelo
com a história da Educação. A seguir foca-se a Didática como disciplina, buscando refletir seu
papel na formação do professor.Posteriormente, apresenta-se a necessidade de articular teoria
é prática,sendo que a relação entre ambas deve acontecer de modo a valorizar a realidade social
das partes envolvidas nos processos de ensino e aprendizado. E, por fim, a última seção trata
da construção da identidade do professor, entendendo que esta acontece á partir do
entendimento das ações práticas, das orientações teóricas e dos valores e atitudes decorrentes
da interação com a realidade social.
O artigo foi produzido através de pesquisa bibliográfica em obras publicadas sobre o
assunto,como os trabalhos de Damis (1988, 2010), Libanêo (1990, 2001 e 2012), Freire (1996) e
Veiga (1989, 2014), que justificam a importância da Didática na formação profissional do
professor.
Ao entender a Didática como disciplina de extrema relevância para a formação docente,
espera-se quenão apenas se entenda o funcionamento doprocesso de ensino, mas também,em
como agir para que o futuro profissional conquiste a realização pessoal e o sucesso em sua
carreira.
Jan Amos Comenius (1592-1670), na obra Didática Magna (1651) relata as primeiras
interpretações a respeito da didática como a “arte de ensinar”.
Comenius (1651) reconhece o direito à educação e a importância da Didática em relação
ao ensino e ao aprendizado na vida de todo ser humano. Levando em conta a diferença entre o
ensinar e o aprender, diz:
Nós ousamos prometer uma didática magna, ou seja, uma arte universal de
ensinar tudo a todos: de ensinar de modo certo, para obter resultados, de
ensinar de modo fácil, portanto sem que docentes e discentes se molestem ou
enfadem, mas, ao contrario, tenham grande alegria; de ensinar de modo solido,
não superficialmente, de qualquer manheira, mas para conduzir á verdadeira
cultura, aos bons costumes, a uma piedade mais profunda (COMENIUS,
1651, p. 13).
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A didática é defendida e estudada há séculos por diferentes teóricos, estudiosos e autores
que buscavam identificar e discutir sobre as várias técnicas e modelos de metodologias
educacionais existentes, que teriam como um único fim a melhoria da educação.
Damis (1988, p. 13), relata a evolução da Didática em paralelo com a história da
educação quando diz:
Desde os jesuítas, passando por Comênio, Rousseau, Herbart, Dewey,
Snyders, Paulo Freire, Saviani, dentre outros, a educação escolar percorreu
um longo caminho do ponto de vista de sua teoria e prática. Vivenciada através
de uma prática social específica – a pedagogia -, esta educação organizou o
processo de ensinar-aprender através da relação professor aluno e sistematizou
um conteúdo e uma forma de ensinar (transmitir-assimilar) o saber erudito
produzido pela humanidade.
Considerada uma ciência que estuda os saberes necessários á prática docente a Didática
é um dos principais instrumentos para a formação do professor, pois é nela que se baseiam para
adquirir os ensinamentos necessários para a prática. De acordo com Libâneo (1990, p. 26) “a
didática trata da teoria geral do ensino”. Como disciplina é entendida como um estudo
sistematizado, intencional, de investigação e de prática (LIBÂNEO, 1990).
Ainda, nesta mesma linha de pensamento, Pimenta et al (2013, p.146), diz que:
A didática, como área da pedagogia, estuda o fenômeno ensino. As recentes
modificações nos sistemas escolares e, especialmente, na área de formação de
professores configuram uma “explosão didática”. Sua ressignificação aponta
para um balanço do ensino como prática social, das pesquisas e das
transformações que têm provocado na prática social de ensinar.
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Masetto (1997, p. 13), infere que “a didática como reflexão é o estudo das teorias de
ensino e aprendizagem aplicadas ao processo educativo que se realiza na escola, bem como dos
resultados obtidos”.
Portanto, estudar Didática no Ensino Superior, não significa acumular informações
sobre as práticas e técnicas do processo de ensino-aprendizagem, mas sim acrescentar em cada
sujeito a capacidade crítica em questionar e fazer reflexão sobre as informações adquiridas ao
longo de todo processo de ensino-aprendizado. Veiga (2010, p. 58) diz que é preciso “tornar o
ensino da Didática mais atraente e respaldado nos resultados das investigações envolvendo
alunos em processo de formação”.
Para Rios (2001, p. 55) “tratar o fenômeno do ensino como uma totalidade concreta,
buscar suas determinações, pensá-lo em conexão com outras práticas sociais é o que se espera
fazer, do ponto de vista de uma concepção crítica do trabalho da didática”.
Por muito tempo ensinar era nada mais do que ter conteúdos para transmitir para os
alunos, e estes eram considerados seres sem luz, incapazes de construir conhecimentos próprios.
Diz Martins, “historicamente, é muito comum ouvir nos meios educacionais, sobretudo
entre alunos, afirmações como: “aquele professor não tem didática...”; “ele tem conhecimento,
mas não sabe comunicar”; “o professor conhece o assunto da sua matéria, mas não sabe
transmitir”. E acrescenta adiante “a didática é usualmente vista como sinônimo de métodos e
técnicas de ensino e, mais que isso, que a escola é tida como a instituição que transmite
conhecimentos” (2006, p. 75-76).
Contudo,o modo de atuar educacionalmente, requer adequações ao mundo atual e suas
transformações ágeis que não permitem a estagnação, o que cobra do professor uma posição
dinâmica frente ao processo educacional.
Segundo Veiga (2004, p.13):
Enfatizar o processo didático da perspectiva relacional significa analisar suas
características a partir de quatros dimensões: ensinar, aprender, pesquisar e
avaliar. O processo didático, assim, desenvolve-se mediante a ação reciproca
e interdisciplinar das dimensões fundamentais. Integram-se, são
complementares.
A formação do educador exige uma inter-relação entre a teoria e a prática, sendo que a
teoria se ocupa da pesquisa unindo-se com os problemas reais que surgem na prática e, esta,
por sua vez, se determina pela teoria.
De acordo com Guimarães (2004, p. 31):
O que deve mover a discussão dessa temática é o empenho na formação
profissional, é a convicção de que a educação é processo imprescindível para
que o homem sobreviva e se humanize e de que a escola é instituição ainda
necessária neste processo, enfim, a relevância dessa temática está na
compreensão da urgência, da complexidade e da utopia do projeto de
escolarização obrigatória e da qualidade por uma sociedade efetivamente mais
democrática.
Os educadores enquanto seres sociais que transformam a realidade quando realizam sua
prática, precisam estar conscientes da base teórica, a fim de se orientar por ela ao mesmo tempo
em que a teoria se alimenta da prática.
Freire (1996, p. 43-44),aborda a importância da reflexão crítica, em que professor deve
fazer da prática sobre a teoria e vice-versa.
Freire (1996, p. 24) afirma que, “a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência
da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”.
E reforça a seguir que, “quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-
aprender participamos de uma experiência total, diretiva, ideológica, gnosiológica, pedagógica,
estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a
seriedade” (FREIRE, 1996, p. 26).
Um dos campos específicos da Didática aplica-se à constante articulação entre teoria e
prática com outras áreas do conhecimento para assim dar suporte ao professor no
desenvolvimento de suas habilidades e competências diante da educação.
Ao referir-se a tal assunto Libanêo (2012, p. 16) diz que:
Nesta perspectiva percebe-se a importância da Didática visto que ela “se caracteriza
como mediação entre as bases teórico-cientificas da educação escolar e a prática docente”
(LIBÂNEO, 1990, p. 28).
Eis as 10 famílias:
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
2. Administrar a progressão das aprendizagens.
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.
5. Trabalhar em equipe.
6. Participar da administração da escola.
7. Informar e envolver os pais.
8. Utilizar novas tecnologias.
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
10. Administrar sua própria formação contínua.
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Contudo, muitos profissionais não vêm necessidade em se apropriar da teoria como base
para suas ações, consideram a boa atuação como “vocação natural ou somente da experiência
prática, descartando-se a teoria” (LIBÂNEO, 1990, p. 28).
Entretanto, para Freire (1996, p. 51),uma verdadeira formação docente acontece somente
através de um novo olhar sobre a curiosidade epistemológica, pois:
Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do
exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua a
curiosidade epistemológica, e de outro, sem o reconhecimento do valor das
emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação.
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É certo, assim, que a tarefa de ensinar a pensar requer dos professores o
conhecimento de estratégias de ensino e o desenvolvimento de suas próprias
competências do pensar. Se o professor não dispõe de habilidades de
pensamento, se não sabe “aprender a aprender”, se é incapaz de organizar e
regular suas próprias atividades de aprendizagem, será impossível ajudar os
alunos a potencializarem suas capacidades cognitivas.
Gadotti (2007, p. 65), diz que “o poder do professor está tanto na sua capacidade de
refletir criticamente sobre a realidade para transformá-la, quanto na possibilidade de construir
um coletivo para lutar por uma causa comum”.
Imbernón (2002, p. 27) afirma que “[...] ser um profissional da educação significa
participar da emancipação das pessoas. O objetivo da educação é ajudar a tornar as pessoas
mais livres, menos dependentes do poder econômico, politico e social. E a profissão de ensinar
tem essa obrigação intrínseca”.
Os professores precisam repensar o modo pelo qual agem diante da sociedade e qual sua
contribuição, uma vez que identidade não é inerente ao ser humano, e sim, uma posição que se
constrói quer seja com certezas e/ou incertezas estabelecidas nas relações com a realidade
social. Freire (1996, p. 25) enfatiza a respeito da formação que “quem forma se forma e re-
forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”.
De acordo com Tardif (2007, p. 23):
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No que concerne à identidade profissional do professor pode-se dizer que o mesmo tem
que ser mais do que um coadjuvante no ensino, que cativa e tem a atenção do aluno; mais do
que isso, tem que promover situações em que os alunos sejam capazes de construir-se e
reconstruir-se a partir de uma educação epistemologicamente cientifica, que garante ao aluno
um ensino produtivo e significativo cognitivamente, estabelecendo intrínseca relação com a
solidariedade, a democracia e o desenvolvimento humano enquanto ser social e histórico.
Vale dizer que sendo sujeito de sua própria prática, o professor constrói sua história a
partir de seus valores e atitudes de seu dia a dia como cidadão, fundamentando assim sua
identidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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______. Didática: suas relações, seus pressupostos. In: VEIGA. I. P. A. (coord.). Repensando
a didática. Campinas: Papirus, 1988.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, Moacir. A escola e o professor: Paulo freire e a paixão de ensinar. São Paulo:
Publisher Brasil, 2007.
GIROUX. Henri. A escola crítica e a politica cultural. São Paulo: Cortez, 1988.
______. Qual o papel da pedagogia crítica nos estudos de língua e de cultura?: Entrevista com
Henry A. Giroux. In: Revista Crítica de Ciências Sociais, n., 73, p. 131-143, dez. 2005.
Entrevista concedida a Manuela Guilherme. Disponível
em:<www.ces.uc.pt/rccs/includes/download.php?id=911> Acesso em: outubro/2015.
LIBÂNEO. José Carlos. Adeus professor, adeus professora? : novas exigências educacionais
e profissão docente. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
PARO, VITOR, HENRIQUE. Gestão democrática da escola pública. 3. ed. São Paulo: Ática.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas
Sul, 2000.
RIOS, T. A. Compreender e ensinar: Por uma docência de melhor qualidade. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2001.
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______. Tendências e correntes da educação brasileira. In MENDES, D. T. (Org.).Filosofia da
educação brasileira, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1983.
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