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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E POLÍTICA

ESCOLA DE CIÊNCIA JURÍDICA

Teoria Geral do Processo: Jurisdição


            

Nome: Vini Macruz Rodrigues – 4 º Período

Professor: André Ricardo Cruz Fontes

Disciplina: Teoria Geral Do Processo E Organização Judiciária

Data: 28/11/2019
Resumo

A jurisdição pode ser entendida como peça fundamental para a atuação estatal,
dentro do objetivo de aplicar o direito material ao caso concreto apresentado,
resolvendo situação de crise jurídica e obtendo, por conseguinte, a pacificação social.
Diante disso, abordaremos sobre o Conceito de Jurisdição, suas características, seus
poderes e princípios. Abordaremos de forma resumida este tema tão complexo, para
termos uma base para discussão sobre a eficácia e caminhos alternativos para o futuro.

Palavra Chave: Jurisdição, Poderes da Jurisdição, Princípios da Jurisdição, Tutela


Jurisdicional, Conceito de Jurisdição.

1. Introdução

De acordo com Chiovenda, a jurisdição constitui a forma estatal, de composição


de litígios, todavia, não é única. Pois, a sociedade, desde tempos antigos, convive com
divergências que produzem conflitos, as lides. Para resolver esta resistência à
negociação, o Estado, veda a autotutela, e assim manifesta-se por meio da jurisdição,
cuja regência se operará por meio dos ritos estabelecidos pelo legislador.

Com isso, a jurisdição tem como fim a pacificação social e consiste em um


poder-dever do Estado, pois, se por um lado corresponde a uma manifestação do poder
soberano do Estado, impondo suas decisões de forma imperativa, por outro lado
corresponde a um dever que o Estado assume de resolver qualquer conflito que lhe
venha a ser apresentado.

Dessa forma, à medida que o Estado, veda a justiça privada, ele retira do
indivíduo a possibilidade de buscar por seus próprios meios a resolução dos conflitos,
assume, em contrapartida, o poder e o dever de solucioná-los com justiça.

Ressalta-se que o processo de solução imperativa dos conflitos, e do monopólio


estatal em extinguir controvérsias por meio do exercício da jurisdição, comandada pelo
Estado-Juiz, sendo este quem decide, seguido pelos auxiliares da Justiça. Salienta-se
que o Estado por mais que detenha o monopólio do exercício da jurisdição, ele admite a
resolução de controvérsias por meio da jurisdição arbitral. A vista disso, a justiça das
decisões arbitrais não pode ser revista pelo Poder Judiciário (ao Judiciário fica
resguardada apenas a possibilidade de decretação de nulidade da sentença arbitral,
prevista nos artigos 32 e 33 da Lei de Arbitragem - Lei 9307/96).
Prosseguindo sobre o tema, caberá ao direito processual, por sua vez, estabelecer
as regras destinadas a reger como se operará o exercício da jurisdição na solução dos
conflitos sociais.

Assim, é importante elencar os três elementos estruturais do direito processual: a


jurisdição, a ação e o processo. Sobre, a jurisdição, ela ocupa o centro da teoria
processual e por intermédio dela se manifesta uma das formas do poder estatal
soberano, configurando uma função estatal. Quanto ao direito de ação, ele é assegurado
a todos. E ao exercer esse direito, o cidadão provoca o exercício da atividade
jurisdicional. Por fim, o processo, é o instrumento utilizado pelo Estado para prestar
jurisdição.

1.2 Características da Jurisdição:

Destarte, cabe abordar sobre as principais características da Jurisdição,


começando pela Lide, ela trata sobre o conflito de interesse. Quando uma das partes tem
uma pretensão, um desejo, que é resistido por outro, nasce aí um conflito de interesse.
Característica essa constante na Atividade Jurisdicional.

Sobre a Inércia, tem se que a jurisdição age por provocação, sendo assim, não
ocorre o seu exercício, sem que haja provocação. Ela está praticamente restrita à
instauração do processo, pois, depois de instaurado, o processo deve seguir por impulso
oficial.

A respeito da Substitutividade, aqui cabe ao juiz, decidir, substituindo-se assim a


vontade dos conflitantes pela dele (Chiovenda), entretanto, isso nem sempre ocorre,
como ocorre na jurisdição voluntária e na execução indireta que é feito por meio de
coerção, o juiz pressiona o próprio devedor a cumprir a obrigação, não há
substitutividade.

Em relação a definitividade, as decisões que são tomadas através do poder


jurisdicional são imutáveis, tal fato somente se produz após o transcurso de toda fase
recursal. Por fim, o ato jurisdicional, em regra é dotado de imparcialidade,
definitividade e substitutividade, bem como é direcionado para o interesse público.

1.3 São poderes inerentes à jurisdição:

Por conseguinte, é importante versar sobre os poderes da jurisdição, começando


pelo poder de decisão, tal poder consiste em resolver as questões que lhe são submetidas
(art. 203 do CPC). Tem o poder de emitir decisões e determinar seu cumprimento.
(Acórdãos, sentenças, decisões interlocutórias, despachos).

No tocante ao poder de coerção, fundamenta-se no poder de impor aos sujeitos


do processo ou terceiros o respeito a obediência às suas ordens e decisões. Esse poder
possibilita inclusive emprego da força física ou policial, e de sanções e restrições à
liberdade individual, pessoal e patrimonial (art. 139, inciso IV do CPC).

Com respeito ao poder de documentação, esse poder registrar de modo


permanente e inalterável o conteúdo de determinados fatos e atos (arts. 209 e 367 do
CPC).

Acerca do poder de conciliação, cabe aqui ao juiz a qualquer tempo tentar


promover a conciliação das partes (art. 139, inciso V do CPC). E sobre o poder de
impulso, aqui cabe ao juiz, uma vez instaurado o processo, impulsioná-lo de ofício com
despachos e atos de expediente (art. 2º do CPC).

1.3 Princípios que informam a jurisdição:

A seguir, é imprescindível acentuar os princípios que regem a jurisdição, por


primeiro temos o princípio da investidura, aqui a jurisdição só pode ser exercida por
juízes regularmente investidos, providos em cargos de magistrados e que se encontrem
no efetivo exercício desses cargos.

Quanto ao princípio da indelegabilidade, ele afirma que cada órgão exerce a


função jurisdicional nos limites da competência que a lei lhe conferiu. É a
impossibilidade de qualquer órgão jurisdicional transferir esse poder, outorgado pela lei,
para outro juiz ou para outro órgão jurisdicional. Entretanto há exceções, como por
exemplo: carta precatória, rogatória e de ordem.

No que concerne ao princípio da territorialidade, os magistrados possuem


autoridade nos limites estabelecidos pela constituição federal, pelos regimentos internos
dos tribunais e pelas leis de organização judiciária.

Por último, temos o princípio da inevitabilidade e da indeclinabilidade, sobre o


primeiro, ele afirma que é inevitável que as partes sofram os efeitos, sendo eles
favoráveis ou desfavoráveis, de uma decisão judicial, visto que o poder do Estado é
soberano. O segundo, alega que nenhum juiz pode recursar de exercer a jurisdição
quando for solicitado.
1.4 A jurisdição pode ser classificada conforme:

É crucial, discorrer sobre a as espécies da jurisdição, que segundo a doutrina,


essa possui duas grandes espécies: a contenciosa e a voluntária. E dentro da contenciosa
a uma subclassificação: Jurisdição Comum e Jurisdição Especial.

Dentro da Jurisdição Comum, ela divide-se entre Civil e Penal. E sua esfera de
atuação se situa nas esferas federal, estadual e distrital. Na Jurisdição Especial, ela
divide-se em trabalhista, militar e eleitoral. Frisando que a esfera trabalhista é
exclusivamente Federal.

1.5 A tutela jurisdicional:

Segundo Cândido Rangel Dinamarco (2009, p.107) a tutela jurisdicional é “o


amparo que, por obra dos juízes, o Estado ministra a quem tem razão num litígio
deduzido em processo. Ela consiste na melhoria da situação de uma pessoa, pessoas ou
grupo de pessoas, em relação ao bem pretendido ou à situação imaterial desejada ou
indesejada”. E afirma que “a tutela jurisdicional não é necessariamente tutela de
direitos, mas tutela a pessoas ou a grupos de pessoas”.

À visto disso, a tutela jurisdicional é concedida ora para o autor e ora para o réu.
Ela será sempre conferida para as pessoas e não a direitos, podendo assim ser dada a um
dos litigantes para negar que existem direitos e obrigações entre ele e o adversário.

1.6 Conclusão

Por fim, muito tem se falado sobre o monopólio da jurisdição pelo Estado.
Compreendendo que é a partir deste monopólio, que se impede a “justiça pelas próprias
mãos”. Visto que se uma pessoa é citada para responder a demanda, ela não pode
declinar. Logo, a jurisdição se baseia no poder de império do Estado, pois precisa
manter a sua ordem jurídica.

Em razão disso, os grandes pensadores sobre o tema, começaram a questionar, se


o Estado era capaz de resolver todos os problemas. E debateram sobre o movimento de
acesso à justiça, como nos últimos tempos, há a busca por meios alternativos de
resolução de conflitos.
Além disso, nos últimos tempos, até pelo movimento de acesso à justiça,
buscam-se meios alternativos de resolução de conflitos. De toda sorte, mesmo com tais
fatores (desilusão com o Estado e busca / fortalecimento de meios alternativos), a
jurisdição ainda é, para a maioria, uma função estatal. Com isso a visão clássica, sobre
somente um caminho para resolução de conflitos deve ser repensada.

Bibliografia

DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. V, I. 6. Ed.


São Paulo: Malheiros Editores, 2009.

CARVALHO, Milton Paulo de, CARACIOLA, Andrea Boari, ASSIS, Carlos Augusto
de, DELLORE, Luiz. Teoria Geral do Processo civil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil, vol. II. São Paulo:
Saraiva & Cia. Editores, 1943, p. 11. Tradução J. Guimarães Menegale. Título original:
Istituzioni di Diritto Processuale Civile.

GUASP, Jaime. La pretensión Procesal, Madrid, 1981. p. 66. CARNELUTTI,


Francesco. Teoria Geral do Direito. São Paulo: Saraiva & Cia Editores, 1942, p. 78-82.
Tradução A. Rodrigues Queirós

THEODORO JR., Humberto. As Liminares e a Tutela de Urgência. Revista da Emerj,


vol. 5, nº 17, 2002, p. 24-52, p. 25.

Fundação Getúlio Vargas, Teoria Geral do processo, 2017. Rio de Janeiro – Capitulo 8
e 9.

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