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Direito do Trabalho II Aula 03

Profa. Veronica Azevedo Wander Bastos


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Aula 03 – MODALIDADES ESPECIAIS DE CONTRATO A TERMO

Além das hipóteses previstas na CLT, verifica-se a previsão de


contratação do empregado a prazo certo em leis específicas.

Contrato de Safra

No âmbito rural, a Lei 5.889, de 8 de junho de 1973, no art. 14, prevê o


contrato de safra, considerado como o que tenha sua duração
dependente de variações estacionais da atividade agrária (parágrafo
único do art. 14).

Contrato de Trabalhador Rural por Pequeno Prazo: Lei


11.718/2008

O contrato de trabalhador rural por pequeno prazo pode ser firmado por
produtor rural pessoa física, o que afasta a referida contratação por
pessoa jurídica. A contratação deve ter por finalidade o exercício de
atividades de natureza temporária. Desse modo, para a validade do
mencionado contrato, a atividade a ser desempenhada pelo empregado
não pode ter duração indeterminada, mas sim de previsão de término
em curto espaço de tempo.
O § 1° do art. 14-A revela que o prazo do contrato não poder superar
dois meses, dentro do período de um ano; caso esse limite seja
superado, o contrato fica automaticamente convertido em contrato de
trabalho por prazo indeterminado. Pode-se entender que, depois de
terminado o período de um ano, nova contratação fica autorizada, desde
que tenha por finalidade o exercício de atividades de natureza
temporária, devendo-se observar, novamente, o prazo limite
mencionado.
É entendimento também uma possível prorrogação do contrato do
trabalhador rural por pequeno prazo, firmado com certo empregado,
desde que persista a justificativa do exercício de atividade de natureza
temporária, observando-se, dentro do período de um ano, o prazo
máximo de dois meses, mesmo com eventual prorrogação contratual
(ou seja, já computada a prorrogação, o prazo máximo deve ser de dois
meses, dentro do período de um ano).
Todas as parcelas devidas ao trabalhador contratado por pequeno prazo
devem ser calculadas dia a dia e pagas diretamente a ele mediante
recibo. Frise-se que esse cálculo das verbas trabalhistas inclui direitos
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como férias e décimo terceiro salário. A prova da quitação de cada um


dos direitos trabalhistas devidos, assim, é feita por meio de recibo
respectivo, firmado pelo trabalhador rural. O FGTS deve ser recolhido e
pode ser levantado nos termos da Lei 8.036/1990.

Contrato por Obra Certa

A Lei 2.959, de 17 de novembro de 1956, dispõe sobre os contratos por


obra certa. O seu art. 1° esclarece que o contrato em questão só pode
ser firmado com o empregador construtor, que exerça tal atividade (de
construção civil) em caráter permanente.

Contrato de Trabalho do Atleta Profissional

De acordo com a Lei 9.615, de 24 de março de 1998, o desporto pode


ser organizado e praticado de modo não profissional (identificado pela
liberdade de prática e pela inexistência de contrato de trabalho, sendo
permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio) e de
modo profissional, sendo este último caracterizado pela remuneração
pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de
prática desportiva (art. 3°, parágrafo único, inciso I).
Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da legislação
trabalhista e da Seguridade Social, ressalvadas as peculiaridades
constantes da mencionada Lei 9.615/1998.
A entidade de prática desportiva formadora de atleta terá o direito de
assinar com ele, a partir de 16 anos de idade, o primeiro contrato
especial de trabalho desportivo, cujo prazo não poderá ser superior a
cinco anos (art. 29 da Lei 9.615/1998, com a redação dada pela Lei
12.395/2011).
É considerada formadora de atleta a entidade de prática desportiva que
forneça aos atletas programas de treinamento nas categorias de base e
complementação educacional e satisfaça cumulativamente os seguintes
requisitos: estar o atleta em formação inscrito por ela na respectiva
entidade regional de administração do desporto há, pelo menos, 1 (um)
ano; comprovar que, efetivamente, o atleta em formação está inscrito
em competições oficiais; garantir assistência educacional, psicológica,
médica e odontológica, assim como alimentação, transporte e
convivência familiar; manter alojamentos e instalações desportivas
adequados, sobretudo em matéria de alimentação, higiene, segurança e
salubridade; manter corpo de profissionais especializados em formação
técnico-desportiva; ajustar o tempo destinado à efetiva atividade de
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formação do atleta, não superior a 4 (quatro) horas por dia, aos


horários do currículo escolar ou de curso profissionalizante, além de
propiciar-lhe a matrícula escolar, com exigência de frequência e
satisfatório aproveitamento; ser a formação do atleta gratuita e as
expensas da entidade de prática desportiva; comprovar que participa
anualmente de competições organizadas por entidade de administração
do desporto em, pelo menos, 2 (duas) categorias da respectiva
modalidade desportiva; garantir que o período de seleção não coincida
com horários escolares (art. 29, § 2° da Lei 9.615/1998, com redação
dada pela Lei 12.395/2011).
O contrato de trabalho do atleta profissional tem prazo determinado,
com vigência nunca inferior a três meses nem superior a cinco anos
(art. 30 da Lei 9.615/1998, com redação dada pela Lei 9.981/2000).

A Lei 12.395, de 16 de março de 2011, que alterou a Lei 9.615/1998, no


art. 28, de forma expressa, passou a prever que no contrato especial de
trabalho desportivo, firmado com entidades de prática desportiva, deve
constar, obrigatoriamente, dois tipos de cláusulas:

● Cláusula indenizatória desportiva, devida exclusivamente à


entidade de prática desportiva à qual está vinculado o atleta (nas
hipóteses de: transferência do atleta para outra entidade, nacional
ou estrangeira, durante a vigência do contrato especial de
trabalho desportivo; ou por ocasião do retorno do atleta às
atividades profissionais em outra entidade de prática desportiva,
no prazo de até 30 meses);
● Cláusula compensatória desportiva, devida pela entidade de
prática desportiva ao atleta (nas hipóteses de: rescisão decorrente
do inadimplemento salarial, de responsabilidade da entidade de
prática desportiva empregadora, nos termos da Lei 9.615/1998;
rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na legislação
trabalhista; e dispensa sem justa causa do atleta).

Além disso, é lícito ao atleta profissional recusar competir por entidade


de prática desportiva, quando seus salários, no todo ou em parte,
estiverem atrasados em dois ou mais meses (art. 32).
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Contrato de Trabalho do Artista

De acordo com a previsão da Lei 6.533, de 24 de maio de 1978, o


contrato de trabalho de artistas e de técnicos em espetáculos de
diversões pode ser estabelecido por prazo determinado ou
indeterminado (art. 10, inciso II e parágrafo único).
Considera-se artista o profissional que cria, interpreta ou executa obra
de caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de exibição ou
divulgação pública, por meios de comunicação de massa ou em locais
onde se realizam espetáculos de diversão pública.
Considera-se técnico em espetáculos de diversões o profissional que,
mesmo em caráter auxiliar, participa, individualmente ou em grupo, de
atividade profissional ligada diretamente à elaboração, registro,
apresentação ou conservação de programas, espetáculos ou produções.
O exercício das profissões de artista e de técnico em espetáculos de
diversões requer prévio registro da Delegacia Regional do Trabalho, do
Ministério do Trabalho e Emprego, o qual tem validade em todo o
território nacional (art. 6° da Lei). Para esse registro do artista ou do
técnico em espetáculo de diversões é necessária a apresentação de:
I – diploma de curso superior de Diretor de Teatro, Coreógrafo,
Professor de Arte Dramática, ou outros cursos semelhantes,
reconhecidos na forma da lei; ou
II – diploma ou certificado correspondentes às habilitações
profissionais de 2° Grau de Ator, Contrarregra, Cenotécnico,
Sonoplasta, ou outras semelhantes, reconhecidas na forma da lei;
ou
III – atestado de capacitação profissional fornecido pelo Sindicato
representativo das categorias profissionais e, subsidiariamente,
pela Federação respectiva.

Permite-se a fixação da chamada “cláusula de exclusividade” nos


contratos de trabalho de artistas ou técnicos em espetáculos de
diversões. Seu objetivo é evitar que o empregado preste serviços a
empresas concorrentes. Mesmo assim, a cláusula de exclusividade não
impede o artista ou o técnico em espetáculos de diversões de prestar
serviços a outro empregador, em atividade diversa da ajustada em
contrato de trabalho, em outro meio de comunicação, desde que isso
não caracterize prejuízo para o contratante com o qual foi assinada a
cláusula de exclusividade (art. 11 da Lei).

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