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LLM Direito Trabalhista


Jornada dos Atletas Profissionais de Futebol

Participantes:

Lucas Françani Correia

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12/2022
INTRODUÇÃO 2

Base legal – Lei Pelé

• Atleta profissional é aquele firmou contrato especial de trabalho


desportivo – a idade mínima para firmar contrato é com 16 anos
• Em 1976, tivemos a primeira lei que tratou da profissão de atleta
de futebol, a qual somente foi revogada em 2011 (Lei 6.354/1976).
• Atualmente, aos atletas profissionais de futebol são aplicadas a Lei
9.615/1998 (“Lei Pelé”), a Consolidação das Leis do Trabalho
(“CLT”) e outras leis trabalhistas compatíveis com a profissão de
atleta, já que a própria Lei 9.615/1998 autoriza a aplicação
subsidiária da legislação laboral comum (art. 28).

* Menor de 16 anos firma “contrato de aprendizagem esportiva”

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Jornada

1. Lei 6.354/1976 – jornada de 8h diárias e 44 semanais

2. Redação de seu art. 96, a Lei 9.615/1998, determinou a revogação


do art. 6º da Lei 6.354/1976 (gerou uma lacuna)

3. Alterações da Lei Pelé de 2011 - Art. 28.VI. - jornada de trabalho


desportiva normal de 44 (quarenta e quatro) horas semanais.”

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Intervalo intrajornada

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Intervalo interjornada

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Adicional noturno – Atleta profissional de futebol

1. Minoritária - entende ser devido o adicional noturno:


- Art. 7º, IX, da Constituição Federal + suposta ausência de previsão específica sobre o
tema na Lei Pelé.

2. Majoritária - entende não ser devido:


- O empregador não escolhe unilateralmente as datas e horários das partidas.

- As partidas disputadas de noite favorecem o atleta profissional de futebol.

- Os horários dos jogos se estendem até às 22h00, pois visam coincidir com o
horário de lazer dos torcedores que, direta ou indiretamente, sustentam as
atividades econômicas esportivas e os próprios salários dos atletas.

- Art. 28, parágrafo 4º, inciso III, da Lei Pelé – Acréscimos remuneratórios.

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Jurisprudência

- O empregador não escolhe unilateralmente as datas e horários das


partidas.

“(...) Nessa esteira, tampouco é devido o adicional noturno, já que a atuação do atleta em
partidas terminadas ou iniciadas em horário noturno, é parte integrante e inerente à natureza do
contrato do jogador de futebol e, nesse sentido, já se encontra devidamente quitado. Ademais,
talvez com raras exceções, a determinação do horário de início (e, por conseguinte, do término)
dos jogos não depende do arbítrio do clube empregador, pois é determinado pelas entidades
gestoras de cada uma das competições.”

(TRT-4 - ROT: 00217690920165040021, Data de Julgamento: 24/08/2020, 9ª Turma)

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Jurisprudência

- As partidas disputadas de noite favorecem o atleta profissional de futebol.

“(...) De mais a mais, as partidas disputadas à noite expõem menos os atletas às intempéries em
comparação com os jogos realizados durante o dia, quando há incidência dos raios solares.

Ainda há de se destacar que diante da maior exposição midiática, audiência e visibilidade, os


jogos realizados às 22 horas representam maiores ganhos econômicos, não só para o clube, mas
também para os atletas, de forma direta (direito de arena) e indireta (possibilidade de o jogador
realizar propagandas comerciais)

(0000523-24.2018.5.12.0001 – 1ª Câmara TRT-12 – Data de Publicação: 17/12/2019).

- Os horários dos jogos se estendem até às 22h00, pois visam coincidir com
o horário de lazer dos torcedores que, direta ou indiretamente,
sustentam as atividades econômicas esportivas e os próprios salários dos
atletas.
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Acréscimos remuneratórios

- O artigo 28, parágrafo 4º, inciso III, da Lei Pelé traz a figura dos “acréscimos remuneratórios”:

§ 4º Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da legislação trabalhista e da Seguridade


Social, ressalvadas as peculiaridades constantes desta Lei, especialmente as seguintes:

III - acréscimos remuneratórios em razão de períodos de concentração, viagens, pré-temporada e


participação do atleta em partida, prova ou equivalente, conforme previsão contratual;

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Se o jogador de futebol apresentar reclamação trabalhista,


pleiteando adicional noturno, o clube deverá ser condenado ao
pagamento de acréscimo remuneratório?

ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL. ACRÉSCIMOS REMUNERATÓRIOS. NECESSIDADE DE


CONTRATAÇÃO EXPRESSA. Os acréscimos remuneratórios, parcela salarial que se destina à
satisfação dos períodos de concentração, viagens, pré-temporada e participação em partidas,
prova ou equivalente, são um direito assegurado ao atleta profissional, cujo pagamento, porém,
depende de expresso ajuste contratual. A mera previsão legal, conforme se extrai da parte final
da Lei nº 9.615/1998, art. 28, § 4º, III, é insuficiente para gerar à entidade desportiva a obrigação
de adimplemento e, ao atleta, o direito ao seu recebimento. Inexistente a pactuação, inexiste o
direito aos acréscimos remuneratórios. 

(TRT-12 – RO: 00022861320135120041 SC 0002286-13.2013.5.12.0041, Relator: LIGIA MARIA


TEIXEIRA GOUVEA, SECRETARIA DA 3A TURMA, Data de Publicação: 23/08/2017).
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ATLETA PROFISSIONAL. ACRÉSCIMO REMUNERATÓRIO. CONDICIONAMENTO À PREVISÃO


CONTRATUAL. Embora o §4º do art. 28 da Lei 9.615/1998 tenha estabelecido que “aplicam-se ao
atleta profissional as normas gerais da legislação trabalhista e da Seguridade Social”, ressalvou “as
peculiaridades constantes desta Lei”. Uma destas peculiaridades diz respeito aos “acréscimos
remuneratórios em razão de períodos de concentração, viagens, pré-temporada e participação do
atleta em partida, prova ou equivalente, conforme previsão contratual” (inciso III). Com efeito, o
texto normativo condicionou o pagamento dos acréscimos remuneratórios à existência de
previsão contratual. Fosse silente o legislador nesse aspecto, seria defensável a incidência da regra
geral no sentido de que todo o tempo à disposição do empregador, nele incluído o decorrente do
período de concentração, deveria ser remunerado.

(0000523-24.2018.5.12.0001 – 1ª Câmara TRT-12 – Data de Publicação: 17/12/2019)

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Concentração

O que é o período de concentração?

O tempo de concentração é o período em que os jogadores são convocados a se reunir e pousar na


estrutura do clube ou hotéis, visando receber um suporte técnico para descansar e se alimentar
corretamente antes e depois dos jogos.

Inicialmente, o tempo de concentração foi estabelecido para que os jogadores fizessem um tipo de
“terapia coletiva” antes de grandes jogos e partidas oficiais.

O tempo de concentração é previsto no inciso I do § 4º do art. 28 da Lei Pelé, o qual permite que o
clube estabeleça a concentração até 3 dias consecutivos por semana.
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§ 4º Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da legislação


trabalhista e da Seguridade Social, ressalvadas as peculiaridades
constantes desta Lei, especialmente as seguintes:

I - se conveniente à entidade de prática desportiva, a concentração


não poderá ser superior a 3 (três) dias consecutivos por semana,
desde que esteja programada qualquer partida, prova ou equivalente,
amistosa ou oficial, devendo o atleta ficar à disposição do empregador
por ocasião da realização de competição fora da localidade onde
tenha sua sede;

II - o prazo de concentração poderá ser ampliado, independentemente


de qualquer pagamento adicional, quando o atleta estiver à disposição
da entidade de administração do desporto;

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Concentração

A jurisprudência entende que não é tempo à disposição


AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. RECURSO DE REVISTA. EMPREGADO DO TIME DE
FUTEBOL GRÊMIO. RESPONSÁVEL TÉCNICO DE EQUIPE QUE NÃO ATUAVA COMO TREINADOR.
VIAGENS EM TERRITÓRIO NACIONAL E CONCENTRAÇÕES PREPARATÓRIAS PARA JOGOS. NORMA
COLETIVA QUE PREVIU O PAGAMENTO DA PARCELA ADICIONAL DE VIAGEM A TÍTULO DE
COMPENSAÇÃO PELAS HORAS EXTRAS E PELO ADICIONAL NOTURNO. PARCELA EQUIVALENTE A 50%
DO SALÁRIO-DIA POR DIA DE PERMANÊNCIA. 1 - Nega-se provimento ao agravo de instrumento por
meio do qual a parte não consegue desconstituir os fundamentos da decisão agravada. 2 - O TRT
entendeu que é válida a norma coletiva que previu o pagamento do adicional de viagem a título de
compensação pelas horas extras e pelo adicional noturno, consignando que não há afronta ao
art. 4º da CLT, pois "a concentração não pode ser confundida com o tempo em que o empregado
permanece à disposição do empregador, trabalhando ou executando ordens. Isso porque, na
concentração, tanto o atleta como os demais envolvidos, não estão de sobreaviso, de forma que
possam ser chamados a qualquer momento para prestar trabalho, na verdade, apenas estão se
preparando para o confronto com o time adversário, descansando e se alimentando. Veja-se que o
autor, no período imprescrito, não atuou como treinador mas como responsável técnico da equipe e,
por isso, sequer se pode assegurar que ele não poderia se afastar do hotel, nada havendo nos autos
nesse sentido". Decisão em conformidade com a jurisprudência e a doutrina. 3 - Agravo de
instrumento a que se nega provimento.”
(AIRR-442-86.2012.5.04.0008 , 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT
22/03/2016).

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Se o jogador de futebol apresentar reclamação trabalhista,


pleiteando horas extras do período de concentração, o clube
deverá ser condenado ao pagamento de acréscimo
remuneratório?

JOGADOR DE FUTEBOL. PERÍODOS DE CONCENTRAÇÃO. ACRÉSCIMO REMUNERATÓRIO. INEXISTÊNCIA DE


AJUSTE CONTRATUAL. PAGAMENTO INDEVIDO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 28, § 4º, IV, DA LEI 9615/98. O período
de concentração encerra obrigação contratual que não integra a jornada de trabalho, pelo que, a teor da
realidade da prática desportiva, eventuais acréscimos remuneratórios daí decorrentes, bem assim de viagens,
pré-temporada e participação do atleta em partida, dependem de prévia estipulação no contrato especial de
trabalho desportivo, sem a qual chega-se à conclusão de que salário auferido já remunera a atuação do atleta
em referidos lapsos temporais. Apelo improvido, nesse aspecto.

(TRT-2 10020735820175020063 SP, Relator: JANE GRANZOTO TORRES DA SILVA, 6ª Turma - Cadeira 1, Data de
Publicação: 27/03/2019)

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Férias + repouso semanal remunerado

FÉRIAS - O artigo 28, parágrafo 4º, inciso V, da Lei Pelé


V - férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, acrescidas do abono de
férias, coincidentes com o recesso das atividades desportivas; 

A concessão das férias não fica a critério do empregador, dependendo


então do calendário anual desportivo, o qual será administrado pelas
entidades de administração do desporto (CBF e Federações Regionais,
no caso do futebol).

RSR - O artigo 28, parágrafo 4º, inciso IV, da Lei Pelé


V - repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) horas ininterruptas,
preferentemente em dia subsequente à participação do atleta na partida,
prova ou equivalente, quando realizada no final de semana;
*O repouso semanal remunerado pode ser concedido dentro do próprio clube, com treino regenerativo,
sem que tal fato seja configurado como tempo à disposição do empregador .

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