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INTRODUÇÃO
Em 1976, tivemos a primeira lei que tratou da profissão de atleta de futebol, a qual
somente foi revogada em 2011 (Lei 6.354/1976).
Atualmente, aos atletas profissionais de futebol são aplicadas a Lei 9.615/1998 (“Lei
Pelé”), a Consolidação das Leis do Trabalho (“CLT”) e outras leis trabalhistas compatíveis com a
profissão de atleta, já que a própria Lei 9.615/1998 autoriza a aplicação subsidiária da
legislação laboral comum (art. 28).
A Lei 6.354/1976, previa em seu art. 6º, que a jornada seria de 8 horas com limitação
semanal de 44h. Porém, através da redação do art. 96, a Lei 9.615/1998, determinou a
revogação desse artigo.
Assim, considerando essa revogação dos artigos que tratavam sobre o tema, criou-se
uma grande controvérsia que fez parte da doutrina defender a inaplicabilidade da limitação da
jornada semanal, dadas as peculiaridades que envolvem o profissional do futebol.
Contudo, após anos, com a redação dada pela lei 12.395/11, a Lei 9.615/1998 (“Lei
Pelé”) passou a dispor, no inciso VI, do § 4º, do seu art. 28, sobre jornada de trabalho
desportiva, fixando ela em 44 horas semanais.
INTERVALO INTRAJORNADA
Contudo, tal regra não é aplicável aos intervalos durante as partidas, uma vez que se
trata de intervalo típico da prática desportiva, ou seja, para que o atleta reponha e se
reconstitua dentro do próprio jogo. Portanto, serão computados os intervalos na jornada e sua
duração semanal. A doutrina aponta que tal intervalo assemelha-se ao previsto no art. 72 da
CLT:
INTERVALO INTERJORNADA
Art. 25 - Os clubes e atletas profissionais não poderão, como regra geral, disputar
partida em competições sem observar o intervalo mínimo de sessenta e seis (66)
horas.
Não obstante ser uma medida benéfica, o artigo supra fere a Constituição da
República, pois trata de norma de Direito do Trabalho, cuja competência para legislar é da
União e não de um órgão privado.
ADICIONAL NOTURNO
Existe uma minoritária corrente que entende ser devido o adicional noturno ao atleta
profissional de futebol, tendo em vista a redação do art. 7º, IX, da Constituição Federal e uma
suposta ausência de previsão específica sobre o tema na Lei Pelé.
3. Os horários dos jogos se estendem até às 22h00, pois visam coincidir com o horário de
lazer dos torcedores que, direta ou indiretamente, sustentam as atividades
econômicas esportivas e os próprios salários dos atletas. E o salário deles é atrelado à
quantidade de pessoas que está consumindo as partidas.
4. O artigo 28, parágrafo 4º, inciso III, da Lei Pelé traz a figura dos “acréscimos
remuneratórios”:
ACRÉSCIMO REMUNERATÓRIO PELO PERÍODO DE CONCENTRAÇÃO (ART. 28, § 4º, III, LEI
12.395/2011) - CONCENTRAÇÃO SUPERIOR A 3 DIAS - CONCENTRAÇÃO PARA OS JOGOS NA
MESMA BASE TERRITORIAL DO RECLAMADO. Os acréscimos remuneratórios previstos no art.
28, § 4º, III, da Lei 9.615/98, são verbas de origem contratual. Portanto, é necessária a previsão
no contrato especial de trabalho desportivo, firmado entre o atleta e a entidade empregadora,
estabelecendo a remuneração adicional correspondente aos períodos de concentração,
viagens, pré-temporada e participação em partida, prova ou equivalente. Dessa forma, não há
obrigação da entidade esportiva de pagar acréscimo remuneratório pelos períodos de
concentração, caso inexistente ajuste correlato no contrato de trabalho esportivo. Isto porque,
nessa situação, tem-se a presunção de que o salário contratado entre as partes também se
destina à remuneração desses períodos.
(TRT-3 - RO: 00116684320175030137 MG 0011668-43.2017.5.03.0137, Relator: Adriana
Campos de Souza Freire Pimenta, Data de Julgamento: 29/01/2020, Decima Turma, Data de
Publicação: 31/01/2020.)
CONCENTRAÇÃO
A concentração serve basicamente para preservar o jogador e auxiliar para que ele
tenha um melhor rendimento na competição. Nesse momento, o empregador pode até exigir
que o atleta se alimente adequadamente, observe as horas corretas de sono, abstenha-se de
ingerir bebidas alcoólicas e treine.
FÉRIAS E RSR
É imperioso destacar que a regra geral das férias, prevista na CLT, não se aplica aos
atletas profissionais, por força do artigo 28, §4º, V da Lei 9.615/98 (Lei Pelé):
Ademais, a concessão das férias não fica a critério do empregador, dependendo então
do calendário anual desportivo, o qual será administrado pelas entidades de administração do
desporto (CBF e Federações Regionais, no caso do futebol). No mais, as férias devem ser
concedidas sempre junto ao recesso das atividades desportivas.