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4) ASPECTOS RELEVANTES DO CONTRATO DE ATLETA PROFISSIONAL DE

FUTEBOL (Lei 9.615 DE 1998, art. 28 e seguintes)

Os direitos da entidade formadora em relação a outra entidade não formadora, de


acordo com a Lei Pelé, são fundamentais para garantir a proteção e reconhecimento
do trabalho realizado na formação de atletas. A entidade formadora tem o direito de
receber uma compensação financeira, conhecida como "direito de formação",
quando um atleta por ela formado é transferido para outra entidade desportiva. Essa
compensação é calculada com base em um percentual sobre o valor da
transferência do atleta e é estabelecida mediante negociação entre as partes
envolvidas.

Além do direito de formação, a Lei Pelé institui o mecanismo de solidariedade, que


visa reconhecer e valorizar as diversas entidades que contribuíram para a formação
do atleta ao longo de sua trajetória, desde os 12 anos de idade até sua primeira
transferência internacional. Nesse mecanismo, uma parte do valor da transferência
é destinada proporcionalmente às entidades envolvidas, levando em consideração
os períodos em que cada uma delas contribuiu para a formação do atleta.

É essencial que a entidade formadora registre o contrato de formação do atleta em


uma entidade de administração do desporto. Esse registro assegura o
reconhecimento dos direitos da entidade formadora e é fundamental para que ela
possa receber as compensações financeiras devidas em caso de transferência do
atleta para outra entidade desportiva.

Além dos direitos de compensação financeira, a entidade formadora tem o direito de


buscar indenização caso seja comprovado o descumprimento do contrato de
formação, seja pelo atleta ou por outra entidade desportiva. Essa indenização pode
abranger os investimentos realizados na formação do atleta, bem como as
oportunidades perdidas de transferência.

É importante ressaltar que a Lei Pelé estabelece as diretrizes gerais para os direitos
da entidade formadora, no entanto, é possível que existam regulamentações
específicas por parte das federações esportivas e das entidades de administração
do desporto, complementando essas regras e garantindo uma maior segurança
jurídica para todas as partes envolvidas.

No que diz respeito aos efeitos do atraso de salário por tempo superior a três
meses, a Lei Pelé estabelece que o empregador ou associação desportiva que
estiver em atraso com os pagamentos salariais dos atletas não poderá participar de
competições oficiais ou amistosas, exceto mediante autorização expressa da
respectiva Federação ou Confederação a que estiver filiado. Essa medida visa
proteger os direitos dos atletas e evitar situações de inadimplência prolongada.
Nesse contexto, caso o salário esteja atrasado por pelo menos três meses, o atleta
tem o direito de encaminhar o pedido de rescisão do contrato, buscando
salvaguardar seus direitos e interesses.

Além disso, a lei prevê que o atleta profissional tem direitos assegurados no caso de
atraso de salário, seja no pagamento do salário propriamente dito, seja no
pagamento de direitos de imagem. Vale ressaltar que as verbas salariais não se
limitam exclusivamente ao salário fixo, abrangendo também outros direitos e
obrigações contratuais. Portanto, o atraso no cumprimento dessas obrigações pode
configurar uma situação que justifique o pedido de rescisão contratual por parte do
atleta.

No que se refere às formas de transferência do atleta profissional de uma entidade


de prática desportiva para outra, existem diferentes maneiras pelas quais esse
processo pode ocorrer. Primeiramente, as entidades desportivas podem realizar a
transferência por meio de negociação, estabelecendo os termos e condições dessa
transação. Geralmente, isso envolve o pagamento de uma quantia em dinheiro à
entidade de origem, conhecida como "valor da transferência" ou "taxa de
transferência".

Outra forma de transferência é por meio do fim de contrato entre o atleta e a


entidade de origem. Quando o contrato chega ao seu término, o atleta tem o direito
de negociar um novo contrato com outra entidade desportiva, e nesse caso, não é
necessário o pagamento de uma taxa de transferência, uma vez que o contrato se
encerrou naturalmente.

Em determinadas situações, é possível que o atleta rescinda unilateralmente o


contrato com a entidade de origem, desde que exista um motivo justificado. Nessa
circunstância, não será exigida a pagamento de uma taxa de transferência. No
entanto, é importante observar as cláusulas contratuais e as consequências
estabelecidas para a rescisão, podendo incluir possíveis indenizações.

Por fim, existe a possibilidade de transferência por meio de empréstimo. Nesse


caso, uma entidade desportiva pode emprestar o atleta para outra entidade por um
período determinado. Após o término do empréstimo, o atleta retorna à entidade de
origem, a menos que durante o período de empréstimo seja acordada uma
transferência permanente entre as partes.

É válido ressaltar que as regras específicas para as transferências de atletas podem


variar de acordo com as regulamentações das federações esportivas, as normas
internas das entidades desportivas e os contratos individuais assinados entre os
atletas e as entidades. Portanto, é importante que todas as partes estejam cientes
das obrigações e direitos envolvidos nas transferências, a fim de garantir uma
relação transparente e justa.

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