Direito e eSports

Pedro Henrique Mendonça

 Sócio do escritório Accioly, Mendonça & Camargos Advogados

 Mestre em Direito Transnacional pela Universidade Católica

Portuguesa. Especialista em Direito Desportivo pela Universidade
Cândido Mendes e em Direito Corporativo pelo IBMEC. LL.M
International Business Law pela Universidade Católica Portuguesa.

 Conselheiro da Sociedade Brasileira de Direito Desportivo (SBDD) e

Membro da Associação Portuguesa de Direito Desportivo (APDD).
Membro do Conselho Editorial (Divisão América do Sul, Central e
Caribe) da LawInSport.
eSports é esporte?
PLS 383/2017
Não existe lei definindo o que é
esporte.

Afinal, o que é esporte?

 Características do esporte
1. Atividade física (diferente de “exercício físico”; exemplo: Tiro
Esportivo)
2. Relação interpessoal
3. Regras
4. Competição
5. Objetivo competitivo, não meramente artístico
Fonte: “O Enquadramento Jurídico do Esporte Eletrônico” (Ricardo Georges Affonso Miguel)
 eSports é esporte?

 reúne características do esporte

 vem sendo cada vez mais reconhecido socialmente como

esporte

 tratamento jurídico como esporte (com desafios)

 Direito (d)esportivo

Lex Sportiva Legislação

nacional
 Direito (d)esportivo

Lex Sportiva Legislação

nacional
Lex Sportiva
 Lex Sportiva
 Elegibilidade dos jogadores

 Formação da equipe

 Estrutura do torneio

 Funcionamento da partida

 Condutas
Direito (d)esportivo: Lex Sportiva

“Esportes tradicionais”:
Sistema piramidal
Direito (d)esportivo: Lex Sportiva

COI / IPC

Federações Internacionais

Federações Nacionais

Clubes

Atletas
Direito (d)esportivo: Lex Sportiva

COI

FIFA

CBF

Clubes

Atletas de futebol
Direito (d)esportivo: Lex Sportiva

COI

World Triathlon

CBTri

N/A

Triatletas
Mas a pirâmide tradicional se aplica
aos eSports?

Qual a(s) posição(ões) ocupada(s)

pelas desenvolvedoras?
 Principais diferenças

 Atividade baseada em propriedade intelectual (as

desenvolvedoras como “donas dos jogos”)

 Estruturação distinta do sistema federativo do esporte

tradicional
 Natureza jurídica

 esportes tradicionais com entidades comumente

formadas enquanto associações, isto é, sem fins
econômicos (exceção: clube-empresa)

 eSports mais comumente relacionados a sociedades

empresárias, ou seja, com fins econômicos
 Direito (d)esportivo

Lex Sportiva Legislação

nacional
 Legislação nacional

 amplamente voltada para a regulação do futebol

 desafios na aplicação a outros esportes

 busca pela maior aderência possível, visando minimizar riscos

jurídicos
 Qual a natureza da
contratação de um Pro
Player?
Depende de análise caso a caso
 Contratação de pro players
1º passo: verificar se são/serão preenchidos os requisitos de uma
relação de emprego
 Pessoalidade
 Onerosidade
 Não eventualidade
 Subordinação jurídica

Gaming house / Gaming office

 Nappon x paiN

https://www.uol.com.br/start/ultimas-noticias/2019/12/17/contratacoes-em-league-of-legends-nappon-processou-pain.htm
 Marf x Team One

https://www.uol.com.br/start/ultimas-noticias/2020/02/17/marf-processa-team-one-por-salarios-atrasados-e-direitos-trabalhistas.htm
 Diversos x Team One

https://theclutch.com.br/rainbowsix/r6-jogadores-processam-team-one-justica/
 Contratação de pro players

E dando aos eSports tratamento jurídico de esporte, a fim de

minimizar riscos...

... convém seguir os preceitos da Lei Pelé.

 Mayumi x INTZ

https://www.uol.com.br/start/ultimas-noticias/2020/07/30/lol-intz-cobra-multa-de-r-320-mil-de-pro-player-mayumi-na-justica.htm
Contrato especial de trabalho desportivo
 Prazo determinado, nunca inferior a 3 meses nem superior a 5
anos
 Cláusula indenizatória (devida à equipe)
 Cláusula compensatória (devida ao atleta)
 No máximo 40% da remuneração total pode ser pactuada em
contrato de natureza civil – cessão de direitos de imagem
Contrato especial de trabalho desportivo
 Prazo determinado, nunca inferior a 3 meses nem superior a 5
anos
 Cláusula indenizatória (devida à equipe)
 Cláusula compensatória (devida ao atleta)
 No máximo 40% da remuneração total pode ser pactuada em
contrato de natureza civil – cessão de direitos de imagem
 Cláusula indenizatória
 Popularmente referida como “multa rescisória”, na hipótese em
que o atleta pretende encerrar o contrato antes do fim de sua
vigência – por exemplo, para se transferir a outra equipe

 Valor máximo de 2.000 vezes o salário do atleta (para

transferências nacionais)
 Cláusula indenizatória
 Transferência entre clubes: independentemente do valor da
cláusula indenizatória, é possível que dois clubes (sempre com
anuência do pro player) negociem a transferência do pro player
por valor inferior.
 RED Canids x Flamengo

https://www.uol.com.br/start/ultimas-noticias/2019/11/21/disputa-na-justica-entre-red-canids-e-flamengo-no-league-of-legends.htm
 RED Canids x Flamengo

*acórdão refere-se a Felipe BrTT como atleta

Contrato especial de trabalho desportivo
 Prazo determinado, nunca inferior a 3 meses nem superior a 5
anos
 Cláusula indenizatória (devida à equipe)
 Cláusula compensatória (devida ao atleta)
 No máximo 40% da remuneração total pode ser pactuada em
contrato de natureza civil – cessão de direitos de imagem
 E no caso dos streamers?
Mais uma vez: análise caso a caso.

Mas se não houver subordinação jurídica, não haverá relação de

trabalho, logo...

 No máximo 40% da remuneração total pode ser pactuada em

contrato de natureza civil – cessão de direitos de imagem
Pode haver alguma diferença na
contratação de um pro player de
um game em relação a um pro
player de outro?

Sim!
 Contratação de atleta autônomo
 Modalidades individuais

 Remuneração 100% baseada em contrato de natureza civil (ex:

direitos de imagem, patrocínio, “bolsa”...)
Direito (d)esportivo
Interseção entre Lex Sportiva e legislação
nacional
 É comum que dessa zona de interseção decorram possíveis
conflitos entre normas
 Dois exemplos que podem suscitar questionamentos no cenário
brasileiro de eSports:
 Aplicação de punições disciplinares
 Sistema de franquias
Quem julga as infrações disciplinares?
 Lei Pelé, art. 23: obrigação das entidades de administração do
desporto de instituir Tribunal de Justiça Desportiva

 Em regra, as entidades organizadoras de competições de

eSports não atendem a essa obrigação legal
Mas a pirâmide tradicional se aplica
aos eSports?

Qual a(s) posição(ões) ocupada(s)

pelas desenvolvedoras?
Qual a(s) posição(ões) ocupada(s)
pelas desenvolvedoras?
 Se elas forem consideradas como “entidades de administração
do desporto”, em tese deveriam instituir STJD
 Aspecto que reforça a dificuldade de se aplicar todos os
preceitos dos esportes tradicionais aos eSports
 O que dizem os regulamentos?

CBLoL

CLUTCH

LBFF
 Problemas do modelo de aplicação de
punições

 Inadequação à Lei Pelé

 Ausência de direito a recurso

 Possíveis violações ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º,

LV da Constituição)
 Sistema de franquias (CBLoL)
 Acaba com rebaixamento e acesso, como ocorreu até 2020

 Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003), art. 10, §3º: “em

campeonatos ou torneios regulares com mais de uma divisão,
serão observados o princípio do acesso e do descenso”.
eSports é esporte?
 Resumo
 importância de buscar máxima aderência à legislação
esportiva para minimizar riscos jurídicos

 dificuldades e inconsistências na aplicação de alguns

preceitos jurídicos dos esportes tradicionais aos eSports

 necessidade de exame do caso concreto para definir a melhor

estratégia jurídica
 Obrigado!
pedro@camargosadv.com
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@phmendonca