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IMPLICAÇÕES JURÍDICAS DA PRÁTICAS ESPORTIVAS ELETRÔNICAS EM


UMA PERSPECTIVA EMPREGATÍCIA: uma análise acerca do direito trabalhista
para o cyber atleta

Gabriely Souza de Oliveira - 30981 8º per AM


Professor Orientador1
RESUMO
O tema do presente trabalho discorre sobre as implicações jurídicas nas práticas
esportivas eletrônicas em uma perspectiva empregatícia, considerando a Lei Pelé,
bem como o Direito do Trabalho e o Direito Desportivo como base para respaldar a
proteção jurídica. Neste propósito a questão problema que orienta a pesquisa é a
seguinte: de que forma é possível firmar contratos nas relações empregatícias dos
cybers atletas sob viés jurídico? O objetivo geral do trabalho é verificar a
repercussão das práticas esportivas eletrônicas sob viés jurídico perante as normas
de Direito Desportivo aplicáveis por analogia, bem como de suas repercussões no
Direito do Trabalho. Especificamente, reconhecer a importância dos avanços
tecnológicos para entender o conceito do e-sports de forma que seja possível
esclarecer se este pode ou não se enquadrar no conceito de esporte. O trabalho tem
como finalidade mostrar a realidade dos cybers atletas e demonstrar quais leis
devem ser aplicadas de forma que assegure os direitos humanos e trabalhistas
deles. Utilizou-se de fonte indireta, valendo-se da pesquisa bibliográfica e
documental, e artigos da Internet. Neste sentido, constata-se...

PALAVRAS-CHAVE: E-sports; cyber atleta; Lei Pelé; Direito do Trabalho; cyber


atleta.

ABSTRACT
The theme of the present work discusses the legal implications in electronic sports
practices in an employment perspective, considering the Pelé Law, as well as Labor
Law and Sports Law as a basis to support legal protection. In this regard, the
problem question that guides the research is the following: how is it possible to sign
contracts in the employment relationships of cyber athletes under a legal bias? The
general objective of the work is to verify the repercussion of electronic sports
practices under a legal bias before the rules of Sports Law applicable by analogy, as
well as their repercussions in Labor Law. Specifically, recognize the importance of
technological advances to understand the concept of e-sports so that it is possible to
clarify whether or not it can fit the concept of sport. The purpose of the work is to
show the reality of cyber athletes and demonstrate which laws must be applied in
order to ensure their human and labor rights. An indirect source was used, making
use of bibliographical and documentary research, and Internet articles. In this sense,
it appears...

KEYWORDS: E-sports; cyber athlete; Pele Law; Labor Law; cyber athlete

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Rosângela Gonçalves Coelho Villas Boas
Governador Valadares, 16 de novembro de 2022.
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SUMÁRIO:
1 INTRODUÇÃO. 2 BREVE CONCEITO DO E-SPORTS. 3 O RECONHECIMENTO
DAS PRÁTICAS ESPORTIVAS ELETRÔNICAS. 4 OS ESPORTES ELETRÔNICOS
NO CENÁRIO JURÍDICO. 5 O DIREITO TRABALHISTA DOS JOGADORES
ELETRÔNICOS COMO UM DIREITO HUMANO E FUNDAMENTAL. 6
CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho contempla o tema Implicações jurídicas das práticas esportivas


eletrônicas em uma perspectiva empregatícia: uma análise acerca do direito
trabalhista para o cyber atleta. De forma delimitada, abordam-se os aspectos gerais
e jurídicos que envolvem o assunto.
A pertinência do tema visa uma ampla necessidade de tratarmos sobre as
relações empregatícias, bem como o surgimento dos esportes eletrônicos, tratando-
se de uma inovadora modalidade desportiva que vem crescendo substancialmente
nos últimos anos e ocorre de modo presencial ou online. Nos tempos atuais, essa
prática ainda não possui legislação específica que assegure o direito tanto em sua
condição profissional, quanto de pessoa humana, dessa forma, faz-se necessário o
estudo de quais leis regem essa modalidade desportiva.
Isto posto, o presente trabalho tem como finalidade mostrar a realidade dos
cybers atletas, e demonstrar quais leis devem ser aplicadas de forma que assegure
os direitos humanos e trabalhistas deles.
Nesse contexto, a formulação do problema que orienta a pesquisa é a
seguinte: de que forma é possível firmar contratos nas relações empregatícias dos
cybers atletas sob viés jurídico?
Dessa forma, o estudo trabalha com a hipótese de que os esportes
eletrônicos representam a evolução dos esportes casuais, em razão do avanço
tecnológico. No caso em tela, observa-se o grande impacto que essa modalidade
possui na vida dos atletas, vez que, o judiciário é o único que pode resolver, de
forma que se aplique o regime trabalhista, bem como a possibilidade de celebração
de contratos baseados na Lei Pelé.
Sendo assim, o objetivo geral do trabalho é verificar a repercussão das
práticas esportivas eletrônicas sob viés jurídico, perante as normas de Direito
Desportivo aplicáveis por analogia, bem como de suas repercussões no Direito do
Trabalho.
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Especificamente, pretende-se reconhecer a importância dos avanços


tecnológicos para compreender o conceito de E-Sports, de forma que seja possível
esclarecer se este pode ou não se enquadrar no conceito de esporte, assim para
demonstrar meios jurídicos possíveis que poderão ser utilizados para firmar
contratos nessa relação empregatícia.
A importância do tema se justifica em mostrar a importância do
desbravamento da temática, numa perspectiva de fomento de novos estudos e
ampliação das reflexões sobre o viés jurídico dos esportes eletrônicos, a fim de
garantir a justa aplicação do ordenamento jurídico e de permitir a efetivação dos
direitos dos envolvidos nessas atividades esportivas.
Como procedimento metodológico utilizar-se de fonte indireta, pesquisa
bibliográfica e documental e artigos da Internet, com a finalidade de proporcionar
melhores e mais precisas informações sobre o tema.
O texto está dividido em seis partes, além desta introdução. O capítulo dois
descreve sobre o breve conceito do e-sports; o terceiro capítulo expõe o
reconhecimento das práticas esportivas eletrônicas. O quarto capítulo nos fala sobre
os esportes eletrônicos no cenário jurídico. E o quinto capítulo, o direito trabalhista
dos jogadores eletrônicos como um direito humano e fundamental. Finalmente, a
conclusão é feita no capítulo seis.

2 BREVE CONCEITO DO E-SPORTS

A globalização contribuiu para os avanços tecnológicos e econômicos,


provocando mudanças nas relações de convívio social, passando do convívio social
para o virtual, e com o advento da internet passou a estabelecer a construção de
vínculos que possibilitaram uma comunicação em tempo real e a formação de novas
relações de trabalho. Dentre essas mudanças, está o setor de esportes, com o
desenvolvimento de jogos eletrônicos, de interação em tempo real, denominados E-
Sports.
As relações de trabalho estabelecidas aos jogadores no E-Sports, nos
remete à necessidade de entendermos o conceito de esporte, de forma que seja
possível se aquele pode ou não se enquadrar nos mesmos critérios de jogadores
tradicionais. Dessa forma, uma pesquisa no Dicionário Michaelis OnLine (2015)
conceitua esporte como sendo:
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- Prática metódica de exercícios físicos visando o lazer e o condicionamento


do corpo e da saúde; desporte, desporto.
- O conjunto das atividades físicas ou de jogos que exigem habilidade, que
obedecem a regras específicas e que são praticados individualmente ou em
equipe; desporte, desporto.
- Cada uma dessas atividades; desporte, desporto.

Outrossim, essa prática pode ser considerada como esporte pelo que
estabelece a Lei 9.615/1998, conhecida como Lei Pelé, em seu artigo 3º, inciso III,
que conceitua esporte como “desporto de rendimento, praticado segundo normas
gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a
finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas
com as de outras nações.” (BRASIL, 1998)
A Constituição Federal de 1988 estabelece que o Estado deve promover e
garantir o desporto como direito da sociedade. Além disso, é regulamentada por
normas nacionais e internacionais e por regras específicas de suas práticas em cada
modalidade esportiva.
Ao se falar em Desporto, entende-se como uma prática de atividade física
ligada ao futebol, vôlei, tênis, entre outros. Para Belmonte e Mello (2013, p. 34),
trata-se de “conjunto de normas e princípios reguladores da organização e da prática
do desporto”.
Tendo isso em mente, sabe-se de fato que o E-Sports é uma modalidade
esportiva, mesmo que não seja reconhecido oficialmente. Todavia, as relações de
trabalho que vem se estabelecendo entre clubes e atletas vão se aproximando cada
vez mais das formadas nos contratos usuais de trabalho.
Podemos perceber que a legislação brasileira ainda carece muito de
detalhamento sobre as relações de trabalho dos atletas de E-Sports e isso acaba
por ocasionar entendimentos diferentes por parte de juízes. Casos semelhantes
passam a ter interpretações distintas por ausência de atos regulatórios, trazendo
uma insegurança jurídica.
Existem muitas fragilidades nos contratos de trabalho, podendo então gerar
obrigações trabalhistas para os clubes, pois mesmo que o documento estabeleça o
contrário, a relação entre clubes e os cybers jogadores reúne todas as condições
necessárias para o reconhecimento do vínculo empregatício, conforme previsto na
CLT, tais como a pessoalidade, configurada em razão de que somente o atleta, de
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forma específica, pode realizar as atividades ou representar a instituição. Evidencia-


se também o requisito da não eventualidade, que se caracteriza pelo fato de o
jogador treinar de forma periódica em favor do time. Resta também presente a
onerosidade, sendo definida pelo recebimento de remuneração para competir e
estar sempre à disposição do time. Por derradeiro, resta configurada a
subordinação, pelo fato de o atleta seguir regras e condutas definidas pela equipe
que o contrata.
Segundo Coelho (2016, p. 2) destaca que:

A maioria dos contratos pactuados entre atletas e entidades que


exploram o desporto eletrônico, são de natureza eminentemente civil,
na modalidade patrocínio, em contratos denominados “adesão e
outras avenças”, por sua vez o problema surge na análise dos fatos
concretos da relação pactuada, que na maioria das vezes desvirtua-
se, pressupondo que pode ser declarado nulo, e ser reconhecida a
natureza jurídica de contratos celetistas.

Portanto, são esses fatos que levam a entendimentos jurídicos de que a


relação ali existente é trabalhista, devendo ser tratado de forma análoga aos
contratos especiais de trabalho firmados com os jogadores de futebol. Ademais, é
importante destacar que essas situações contribuem para a mudança de atitude dos
clubes e dos jogadores, pois as equipes começam a perceber a fragilidade da
relação estabelecido pelo contrato de patrocínio e passam a agir prudentemente,
com registro de seus atletas, firmando acordo de salários e direitos.

REFERÊNCIAS

BELMONTE, Alexandre Agra; MELLO, Luiz Philippe Vieira de. Direito do trabalho
desportivo: os aspectos jurídicos da Lei Pelé frente às alterações da lei n.
12.395/2011. São Paulo: Ltr, 2013.
COELHO, Helio Tadeu Brogna. E-sport: os riscos nos contratos de cyber-atletas.
Disponível em: https://pt.slideshare.net/moacyrajunior/esport-os-riscos-nos-
contratos-de-cyberatletas. Acesso em 29 nov. 2022.

BRASIL. Lei n° 9.615 de 24 de março de 1998. Institui normas gerais sobre


desporto e dáoutras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9615consol.htm. Acesso em: 30 out. 2022.
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MICHAELIS. Dicionário Michaelis Online. São Paulo, Editora Melhoramentos,


2015. Disponível em:
https://michaelis.uol.com.br/modernoportugues/busca/portugues-brasileiro/esporte/.
Acesso em: 03 nov. 2022.

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