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ABSTRACT: This course conclusion work was developed to study the main remuneration
aspects of the professional soccer player and their legal nature. The objectives established at
the beginning of the work were; to analyze the remuneration usually paid to professional
soccer players, verify their salary or compensation nature based on the doctrinal and
jurisprudential understanding, and analyze the employment contract of professional athletes
based on the applicable legislation. The applied research methodology for the development of
the work consists of a bibliography, using doctrines, scientific articles, recent judgments of
the Superior Labor Court, and scientific journals. With the conclusion, it is possible to verify
that given the jurisprudence and the doctrine presented, the amounts paid to professional
athletes, for the most part, have a legal salary character, taking into account the protective
principle and the salary character is more beneficial to the worker. Furthermore, it is denoted
that the decisions for the characterization of funds with a legal indemnity character are related
to issues of fraud in the labor legislation.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como intuito compreender todas as nuances e dúvidas que
cercam a natureza jurídica das principais verbas pagas aos atletas profissionais de futebol,
destacando os direitos e obrigações desta categoria de trabalhadores. Sabe-se que a
remuneração de um atleta profissional no futebol brasileiro ainda é um tema complexo,
apresentando diversas particularidades em relação aos trabalhadores comuns, uma vez que
envolve questões jurídicas, aspectos esportivos, financeiros e culturais.
O futebol é um esporte muito popular no Brasil, estando presente em nosso cotidiano
através de conversas e discussões. Porém, além de ser uma paixão nacional, o futebol passou
a ser tratado como um produto altamente rentável, através de suas cifras milionárias,
possibilitando aos atletas da modalidade remunerações astronômicas.
Destaca-se ainda a importância pela compreensão da Lei 9.615 de 24 de março de
1998, ou também conhecida como Lei “PELÉ”, recentemente alterada parcialmente pela lei
12.365/11, importante legislação desportiva brasileira, que surgiu com o objetivo de
regulamentar a prática do esporte, estabelecendo diretrizes para a organização e gestão do
desporto, além de assegurar a proteção dos direitos trabalhistas dos atletas profissionais. Além
disso, a referida legislação trouxe significativas mudanças ao estabelecer as diferenças entre
um contrato de trabalho convencional para o especial, que engloba direitos peculiares em
relação a um trabalhador comum.
Ademais, o futebol através de seu grande destaque comercial e financeiro,
principalmente pelo pagamento de salários e remunerações exorbitantes, torna fundamental
um estudo sobre o que determina o caráter indenizatório ou salarial das principais verbas
pagas ao atleta profissional de futebol, quais sejam; “Luvas”, “Bicho”, “Direito de Arena”,
“Direito de Imagem” e “Salário Utilidade ou in natura”. Além disso a presente pesquisa busca
apresentar dados que demonstrem a média de valores pagos para essa classe de trabalhadores.
ainda registros da prática de futebol em meados do século XIV, na região de Florença, sendo
que a modalidade era chamada de “cálcio Fiorentino” (SOARES, 2018).
No entanto, embora existam registros antigos da modalidade, o futebol como
entendemos hoje, nasceu na Inglaterra durante o Século XIX, devido as condições sociais,
econômicas, políticas e culturais. A prática da modalidade estava inserida como uma
concepção educacional, valorizando a atividade desportiva como uma maneira de formar
homens fortes em físico e caráter. (SOARES, 2018)
O primeiro registro de profissionalização e regulamentação do futebol remete a data de
26 de outubro de 1863, onde membros de clubes, escolas e universidades da Inglaterra
criaram a Football Association, entidade responsável por organizar e disciplinar as primeiras
regras para a prática do esporte. Após isso, no ano de 1886 ocorre a criação da International
Football Association Board, reunindo, membros da Inglaterra, País de Gales, Escócia e
Irlanda. A presente entidade surge com o a ideia precípua de unificar as regras existentes e
elaborar normas complementares que fossem necessárias. A partir deste movimento, o futebol
ganha projeção em todo continente europeu, provocando um crescente número de associações
nacionais, tornando fundamental a internacionalização da modalidade. Assim, visando uma
organização internacional, no ano de 1904 foi fundada a Fédération Internationale de
Football Association (FIFA), sendo a responsável por uniformizar e comandar o futebol em
todo o mundo (SOARES, 2018).
Compreendendo a origem do Futebol, sua profissionalização e regulamentação a nível
mundial, passamos a entender como a modalidade chegou ao Brasil e o seu caminho até seu
aprimoramento profissional e normatização. O futebol em nosso país é introduzido no final do
século XIX, precisamente no ano de 1894, através do jovem anglo-brasileiro Charles William
Miller, que trouxe a modalidade após passar um período na Inglaterra. Incialmente o futebol
foi difundido entre a elite brasileira, sendo ensinado como uma parte para a formação de
jovens elegantes e nobres, não havendo espaço para negros, trabalhadores e classes mais
baixas. Contudo, a prática da modalidade avançou rapidamente pelo Brasil, sendo que a partir
do século XX começaram a fundar alguns dos principais clubes do futebol brasileiro, virando
uma paixão nacional e assumindo grande protagonismo social (SOARES, 2018).
No ano de 1915, no estado de São Paulo, foi criada a Federação Brasileira de Futebol,
no entanto, neste mesmo ano e após dois meses, no Rio De Janeiro, é criada a Federação
Brasileira de Esportes. Ambas entidades tinham como objetivo de controlar e representar
oficialmente o futebol brasileiro no cenário internacional. Diante da rivalidade entre as duas
organizações, no dia 18 de junho de 1916 foi fundada a Confederação Brasileira de Futebol de
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Desportos (CBD), com respaldo e autorização para representar o esporte Brasileiro no cenário
Internacional, principalmente junto a FIFA (SOARES, 2018).
Após esse período, já na década de 1930 surgem os primeiros indícios de
regulamentação, através do Direito Desportivo, formalizando a relação entre atleta e clube. O
ano de 1933 marca oficialmente o inicio da profissionalização do futebol em nosso país,
quando é realizada a partida entre São Paulo e Santos, tendo o primeiro gol de um atleta
remunerado do futebol brasileiro (NETO, 2010).
Na década de 30, iniciou-se o processo de regulamentação da profissão do atleta de
futebol, buscando adentrar em uma das categorias trabalhistas e assim consolidando a
presente modalidade como um trabalho de fato. Durante essa fase surgiram diversas normas
esportivas, porém as mais importantes foram; Decreto nº 1.056/39, que criou a Comissão
Nacional de Desportos; Decreto nº 3.199/41, responsável pelo implemento das bases de
organização do desporto em todo o país; Decreto nº 5.342/43, estabeleceu a necessidade de
registrar os contratos dos atletas profissionais, instituiu garantias como a carteira do atleta e
regulou as transferências de jogadores entre os clubes (GOÉS; CÁUS, 2013).
Em 1964 surge o Decreto-Lei nº 53.820, o qual contribuiu com regulamentação das
relações empregatícias entre atletas e clubes, sendo que pela primeira vez surgem definições
sobre os contratos de trabalho e seus prazos, estipulando o mínimo de três meses e o máximo
de dois anos, contração de atleta a partir dos dezesseis anos e a adoção do “passe”, que
definia e regulava a participação do desportista no valor de venda do clube cedente ao
cessionário (GOÉS; CÁUS, 2013).
Ainda no contexto regulatório, a partir da promulgação da nova Constituição Federal
(1988), inicia-se o período legislativo voltado para o desporto com sua proteção constitucional
fixada no Art. 217 da Carta Magna, juntamente com outras leis como a Lei Zico (Lei nº
8.762/93) e Lei Pelé (Lei nº 9.615/98). Destaca-se que o surgimento da Lei Pelé provocou a
revogação da Lei Zico, e atualmente conta com alterações nas relações de trabalho entre
atletas profissionais e entidades de práticas desportivas, ocorridas com a Lei nº .9.891/2000,
Lei 10.672/2003, Lei n. 12.395/2011 e a mais recente alteração pela Lei 13.155/2015
(VEIGA, 2020).
Ademais, a prática desportiva profissional, de acordo com o Artigo 28 da Lei 9.615/98
é caracterizada por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo. Nesse
sentido, o aludido contrato configura a relação entre atleta profissional e a entidade
desportiva, contendo peculiaridades que diferenciam das demais relações jurídicas e de
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contratos de trabalhos regidos pela legislação trabalhista, merecendo uma análise e um estudo
criterioso. (BRASIL, 1998)
Lei 14.117/21, através do Artigo 5º torna extinta a referida MP, porém manteve o Artigo 30-A
na Lei Pelé, assegurando a vigência mínima de 30 dias para o período em que haja Estado de
Calamidade Pública Nacional, reconhecido pelo Congresso Nacional em decorrência de
doença internacionalmente contagiosa (RAMOS, 2022).
A relação labora desportiva justifica a existência de um regime jurídico próprio que
rege uma relação trabalhista, o contrato de trabalho específico e uma fusão entre atividade
laboralista e prática desportiva do atleta, tendo em vista a excepcionalidade da relação
emprego entre atleta e clube, é que a lei exige os demais elementos que devem constar do
contrato (ZAINAGHI, 1998, p. 60).
Desta forma, outra particularidade do contrato de trabalho desportivo, era a
obrigatoriedade de pactuação da cláusula penal desportiva. Ocorre que, a partir da publicação
da Lei n. 12.395/2011, são criadas as cláusulas indenizatórias desportiva e cláusula
compensatória desportiva, alterando substancialmente o Artigo 28 da Lei Pelé e acabando
com as divergências em relação a cláusula penal. A abordagem das cláusulas indenizatória e
compensatória necessita inicialmente da compreensão sobre a Lei do Passe e a Cláusula
Penal, as quais perduraram por um período nas relações contratuais desportivas (RAMOS,
2022).
O instituto jurídico do “Passe” foi criado através da Lei 6.354/76, e representava o
vínculo esportivo entre atleta e clube, necessitando da primeira inscrição e registro na
federação desportiva, concedendo direitos de preferência, permanência ou transferência do
jogador ao clube detentor do seu passe. Em síntese, o passe era uma alternativa que
compensava os clubes em assegurar seu investimento no atleta contratado. Destaca-se ainda
que valor do passe deveria ser previsto no contrato de trabalho, conforme Artigos 3º, V, 11 e
13 da revogada lei n. 6.354/76;
Art 3º. O contrato de trabalho do atleta, celebrado por escrito, deverá conter:
[...]
V - os direitos e as obrigações dos contratantes, os critérios para a fixação do preço
do passe e as condições para dissolução do contrato;
Art 11. Entende-se por passe a importância devida por um empregador a outro, pela
cessão do atleta durante a vigência do contrato ou depois de seu término, observadas
as normas desportivas pertinentes.
Art 13. Na cessão do atleta, poderá o empregador cedente exigir do empregador
cessionário o pagamento do passe estipulado de acordo com as normas desportivas,
segundo os limites e as condições estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Desportos.
livre exercício de trabalho, uma vez que o empregador possuía exclusivamente poderes para
negociar a condição de jogo do atleta.
Em relação a cláusula penal desportiva prevista no Artigo 28, caput, §§3º e 5º da Lei
Pelé, era caracterizada por reger o encerramento do contrato de trabalho desportivo, podendo
ser acionada durante a vigência contratual, a partir de um descumprimento de contrato pelo
atleta, ou quando o empregador despedia imotivadamente o jogador (RAMOS, 2022).
A cláusula penal, de acordo com Orlando Gomes (1981), deve ser compreendida como
uma obrigação acessória pelo qual as partes asseguravam o valor das perdas e danos se
ocorresse inexecução culposa da obrigação. Desta forma, o referido instituto funcionava como
uma pena pecuniária por descumprimento contratual, evitando saídas de jogadores a custo
zero. Impende ressaltar que a cláusula penal foi motivo de grande discussão e divergência
diante de sua previsão no Artigo 31 da Lei 9.615/98, o qual determinava a aplicação do Artigo
479 da CLT nos casos de rescisão indireta por atraso salarial do empregador.
Por outro lado, o Artigo da mesma lei, entendia que a cláusula penal seria acionada por
descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral, ocasionando assim um conflito quanto a
sua aplicação, se somente quando um atleta rompia antecipadamente o contrato ou se também
era extensível contra o clube que dispensava o jogador. Essa divergência histórica ficou
conhecida como unilateralidade x bilateralidade da cláusula penal (RAMOS, 2022).
Contudo, com a extinção da Lei 6.354/76 e o advento da lei 12.395/11, o passe e a
cláusula penal foram expurgados do nosso sistema jurídico, dando origem a Cláusula
Indenizatória Desportiva e Cláusula Compensatória Desportiva, buscando resolver a
controvérsia jurídica entre unilateralidade e bilateralidade da cláusula penal (RAMOS, 2022).
Primeiramente, a cláusula indenizatória é entendida como um instrumento jurídico a
ser acionado pelo Clube por descumprimento contratual antes de findar o prazo estipulado,
seja para transferências nacionais ou internacionais. Prevista no Artigo 28, §1º da Lei Pelé,
assim dispõe:
Desta forma, observa-se que o novo sistema de regência e cessão dos contratos trazido
pela cláusula indenizatória é devido exclusivamente ao clube, sendo possível determinar que o
valor da cláusula poderá ser celebrado até o montante de 2.000 (duas mil) vezes o valor médio
contratual para transferências nacionais. Quanto a transferências internacionais, não há
qualquer limitação, sendo totalmente válida diante do poder econômico de uma equipe
estrangeira (RAMOS, 2022).
No que tange a cláusula compensatória desportiva, sua previsão legal está expressa no
Artigo 28, II, §3º da Lei Pelé, vejamos;
empregatício, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais: (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).
I - com o término da vigência do contrato ou o seu distrato; (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).
II - com o pagamento da cláusula indenizatória desportiva ou da cláusula
compensatória desportiva; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
III - com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial, de responsabilidade da
entidade de prática desportiva empregadora, nos termos desta Lei; (Incluído pela Lei
nº 12.395, de 2011).
IV - com a rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na legislação trabalhista;
e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
V - com a dispensa imotivada do atleta. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
As luvas traduzem importância paga ao atleta pelo seu empregador, “na forma que
for convencionada pela assinatura do contrato”; compõem a sua remuneração para
todos os efeitos legais (artigo 31, parágrafo 1º, da lei nº 9615 de 1998). Elas podem
ser em dinheiro, títulos ou bens, como automóveis. Seu valor é fixado tendo em
vista a eficiência do atleta antes de ser contratado pela entidade desportiva, ou seja,
o desempenho funcional já demonstrado no curso de sua vida profissional.
Destaca-se ainda que a natureza jurídica salarial das luvas independe de sua forma de
pagamento, além de já estar pacificada na jurisprudência, entendendo ser uma parcela de
natureza salarial acrescida ao salário-base ao logo do período contratual, conforme decisão do
Tribunal Superior do Trabalho:
José Martins Catharino (1969. p. 32) referia-se ao bicho como “Bôlo Esportivo”,
considerando como uma parcela remuneratória ilícita por se tratar de um complemento à
remuneração proveniente dos jogos de azar. No entanto, este instituto no meio desportivo é
entendido como um ativo financeiro variável e condicional entre atleta e clube esportivo para
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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim;
Quanto a natureza jurídica, Sergio Pinto Martins (2023, p. 167) assevera que se a
utilidade é fornecida pela prestação dos serviços, terá natureza salarial, decorrendo da
contraprestação do trabalho desenvolvido pelo empregado.
Na relação empregatícia desportiva, o salário in natura continua bastante comum,
verifica-se naqueles casos em que o clube empregador, além do salário, oferece um carro, um
apartamento para o atleta se transportar e residir, mas sem nenhum desconto do salário
(RAMOS, 2022. p. 134).
No que concerne ao direito de arena, esse é entendido como a remuneração devida ao
atleta profissional de futebol por sua participação em jogos televisionados ou transmitidos por
rádio. Alice Monteiro de Barros (2012) caracteriza da seguinte forma:
Diante das alterações e entrada em vigor da Lei 12.395/11, passou-se entender que as
parcelas do direito de arena distribuídas aos atletas possuem natureza civil, não podendo ter
integração de salário e reflexos nos pagamentos de FGTs, décimo terceiro, férias e
contribuições previdenciárias (RAMOS, 2022).
Quanto a cota para utilização de imagens de atletas que integra o Direito de Arena,
deve ser repassada diretamente ao clube no qual o atleta está vinculado, sendo que este, por
força do Artigo 42, § 1º da Lei 9.615/98 deve repassar o percentual de 5% do valor aos
sindicatos de atletas profissionais. Diante disso, os sindicatos distribuirão em partes iguais aos
atletas profissionais participantes do espetáculo (BRASIL, 1998):
Por fim, tratamos das parcelas pagas a título de Direito de imagem. A cessão do direito
de imagem do atleta representa um importante instituto no âmbito da remuneração,
compreendendo grande retorno financeiro ao jogador de futebol profissional. Como o próprio
nome prescreve, o direito de imagem é a retribuição pactuada em contrato com o empregador
pela exploração de imagem do atleta na venda de produtos ou marcas desatreladas do meio
esportivo (RAMOS, 2022).
Para Sérgio Pinto Martins (2016. p. 89), a natureza jurídica do direito de imagem é de
remuneração civil, pois depende da existência de um contrato específico à parte ou que seja
inserida cláusulas próprias ao contrato labora para exploração do uso de imagem.
Salienta-se que com o advento da lei 13.155/2015, a redação do Artigo 31 da Lei Pelé
sofreu alterações, passando a entender que o atraso no pagamento de verbas relacionadas ao
direito de imagem por três meses ou mais, poderá ensejar na rescisão indireta do contrato:
Art. 31. A entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento
de salário ou de contrato de direito de imagem de atleta profissional em atraso, no
todo ou em parte, por período igual ou superior a três meses, terá o contrato especial
de trabalho desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para
transferir-se para qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma
modalidade, nacional ou internacional, e exigir a cláusula compensatória desportiva
e os haveres devidos (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015).
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Ainda cumpre destacar que a Lei 13.155/2015 incluiu no Artigo 87-A o parágrafo
único, passando a prever que os contratos de imagem pactuados entre clube empregador e
atleta não podem ultrapassar os 40% do valor total da remuneração atlética, pois configuraria
fraude. Sérgio Pinto Martins (2016. p. 93) destaca sobre o limite imposto:
Quando houver, por parte do atleta, a cessão de direitos ao uso da imagem para a
entidade de prática desportiva detentora do contrato especial de trabalho desportivo,
o valor correspondente ao uso da imagem não poderá ultrapassar 40% da
remuneração total paga ao atleta, composta da soma do salário e dos valores pagos
pelo direito ao uso da imagem. Visa evitar fraudes por partes do clube, no sentido de
pagar 90% da remuneração do atleta como direito de imagem
Ademais, ressalta-se que o direito de imagem não está relacionado meramente por
conta de o atleta prestar um serviço ao clube, mas principalmente pela sua capacidade de
impulsionar e dar visibilidade a entidade esportiva através de suas qualidades individuais.
De acordo com a recente pesquisa feita pelo site Salário.com.br junto a dados obtidos
no CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), e-Social e Empregador Web,
a faixa salarial em média de um atleta de profissional de futebol fica entre R$ 1.320,00 e o
teto de R$ 26.647,94. A aludida pesquisa ainda realizou um levantamento sobre a média
salarial por região, com destaque para a região sudeste, a qual possui um piso salarial
estimado em R$ 10.908,00 e um teto de R$ 14.705,00 (SALÁRIO, 2023).
A Lei Geral do Esporte – LGE (Lei 14.597/23) visa regulamentar a prática desportiva
e reunir em um único documento toda a legislação esportiva, abarcando a Lei Pelé (Lei
9.615/98), Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03), Lei de Incentivo ao Esporte (Lei 11.438/06)
e Lei da Bolsa Atleta (Lei 10.891/04). A nova lei geral do esporte teve origem no ano de 2017,
através do projeto de lei nº 68/201, sendo sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no dia 15/06/2023 e posterior publicação no Diário Oficial da União (DOU) (BRASIL,
2023).
Destaca-se que dentre as principais alterações proporcionadas pela nova lei, está a
mudança no entendimento da natureza jurídica das verbas alusivas ao Bicho e as Luvas. A
partir da publicação da Lei Geral do Esporte, as duas verbas supracitadas passaram a ter
natureza jurídica indenizatória e deverão constar em contrato avulso, de acordo com o Artigo
85, §1º da Lei 14.597/2023. (BRASIL, 2017; 1998).
Ademais, destaca-se que nova lei geral do esporte representa um importante avanço na
regulamentação desportiva brasileira, proporcionando segurança e transparência na gestão
esportiva.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito do trabalho. 8. Ed. Rio de Janeiro:
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GOMES, Orlando. Contratos. 27. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2019.
MARTINS, Sergio P. Direito do trabalho. 39. Ed. São José dos Campos: Editora Saraiva,
2023. E-book. Disponível em:
20
SALÁRIO. Jogador de Futebol - Salário, piso salarial, o que faz e mercado de trabalho. Blog.
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