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A evolução das Leis de Base do Desporto em Portugal no

âmbito das Autarquias Locais e as respectivas Políticas


Públicas

Miguel Furtado 1

1. Introdução

O fenómeno desportivo é indissociável de interesses de múltipla proveniência, nomeadamente das


Autarquias, da Escola, do Turismo, da Universidade e, obviamente, da estrutura federada. Tem sido difícil
a conjugação destes interesses, o que tem resultado em desperdício e má gestão de recursos, por parte dos
vários intervenientes do Sistema. Normalmente por sobreposição e falta de complementaridades.

O Sistema Desportivo, demasiado assistémico, tem vivido mergulhado em entropias que ele próprio gera.
Daí o desbaratar de recursos, o descontrolo operacional, e quantas vezes, o circunstancialismo
inconsequente e sem nexo das acções.

José Alípio de Oliveira2

Além da Constituição da República Portuguesa (CRP) existem outras


referências legislativas que incumbem ao Estado (com realce no âmbito do
nosso trabalho, para as autarquias locais), em colaboração com outras
entidades, desenvolver meios para que qualquer cidadão possa praticar o seu
desporto de eleição.

As mais relevantes, que se colocam imediatamente abaixo a nível de hierarquia


da Lei Fundamental do país, são as Leis de Base relacionadas com o desporto3
denominadas como leis de valor reforçado, devido à sua prevalência sobre
qualquer outro diploma de igual natureza emanado da Assembleia da

1
Professor Universitário e investigador. Especialista em direito do desporto e políticas públicas desportivas
2
Oliveira, José Alípio de, Política de Financiamento do Sistema Desportivo, Congresso do Desporto, Porto,
Fevereiro 2006.
3
Sendo a mais importante actualmente a Lei de Bases da Actividade Física do Desporto - Lei nº 5/2007,
de 16 de Janeiro.
1
República, ou de algum decreto-lei provindo do órgão de soberania executivo,
conforme dispõe o artigo 112º da CRP.

Estas Leis balizam as bases de todo o Sistema Desportivo Português,


desenvolvendo as políticas preceituadas na Constituição e tornando-se um
ponto de partida para outras normas que surjam abaixo delas, bem como para
os comportamentos de aplicação prática por parte dos agentes públicos e
privados com responsabilidades na área em causa.

Existiram vários diplomas quadro que foram alvo da normal evolução histórica do sector,
marcando algumas das principais fases do mesmo e que contribuíram significativamente
para a regulação actual e para as leis aqui agora analisadas.

A 1ª Lei de Bases do Sistema Desportivo, a Lei nº1/90 de 13 de Janeiro, surgiu


exactamente com esta designação,4 como uma primeira resposta à questão supra, a ela se
seguindo as outras Leis de Base que procuravam adaptar a legislação à evolução da
sociedade, nomeadamente a Lei 30/2004 de 21 de Julho e a já mencionada Lei 5/2007 de
16 de Janeiro. Analisá-las-emos de seguida com maior destaque no concerne à
intervenção das autarquias no desporto, bem como quanto ao último diploma referido e
que se encontra presentemente em vigor.

Na verdade, queremos prioritariamente entender de que modo é que na prática estes


órgãos da administração local, fruto de uma onda de descentralização e desconcentração,
prosseguem as suas atribuições no âmbito da promoção de actividades desportivas,
nomeadamente quando o devem fazer em coordenação com as demais entidades
promotoras do desporto?!

4Não nos esqueçamos do Decreto-Lei nº 164/85, de 15 de Maio relativo às Normas que regem as Relações
entre o Estado e os Agentes Desportivos. Este diploma antecipou esta primeira Lei de Base de regulação
do sistema desportivo em Portugal (na prática na nossa opinião, era como que um primeiro e verdadeiro
acto legislativo dessa natureza) e veio, consoante nele preconizado, estabelecer os princípios fundamentais
e as normas que regem as relações entre o Estado e os agentes desportivos, tendo como objectivo
fundamental o desenvolvimento do desporto
2
2. Lei de Bases do Sistema Desportivo (Lei nº 1/90 de 13 de Janeiro)

O artigo 2º deste mesmo diploma apresenta algumas medidas de coordenação entre as


várias entidades encarregues da prossecução da política desportiva e as autarquias locais.
Assim, note-se o nº1 deste artigo que prevê que a política desportiva deverá ser
desenvolvida em “colaboração prioritária com as escolas (…) e ainda em conjugação
com as associações, as colectividades desportivas e autarquias locais”.

Neste caso, esta coordenação envolve também o pilar fundamental Educação, ao incluir
a colaboração com as escolas e, bem assim, o “elevado conteúdo formativo” subjacente
à prática desportiva. Não podíamos concordar mais com esta disposição, nela se
explicitando a importância do desporto no âmbito da Educação. Também a coordenação
com o movimento associativo é aqui focado, assumindo este uma importância fulcral
porquanto se apresenta como o principal agente promotor pela promoção da cultura
desportiva junto das populações.

No nº2 deste artigo se prevê como princípio geral da acção do Estado, no


desenvolvimento da política desportiva, “A descentralização e a intervenção das
autarquias locais.”. Trata-se pois de um afloramento dos princípios da descentralização
e de autonomia do poder local que analisaremos posteriormente, o qual é também visível
na alínea i) desta mesma disposição. Nela se preceitua como sendo um dos princípios
gerais da acção do Estado, no desenvolvimento da política desportiva, a “intervenção das
autarquias locais”. Esta intervenção impenderá necessariamente de coordenação com a
Administração Central do Estado.

No artigo 4º, nº1 estatui-se que “A formação dos agentes desportivos é promovida pelo
Estado e pelas entidades públicas e privadas com atribuições na área do desporto”.
Considerando que nesta altura as autarquias locais detinham já atribuições na área do
desporto, esta disposição vinha estender essas atribuições à formação dos agentes
desportivos genericamente alargando a competência para formação daqueles, a todas as
entidade com atribuições na área do desporto, onde se incluem as autarquias locais.

3
O artigo 6º, nº3 desta disposição diz-nos também que: “O Governo, com vista a assegurar
o princípio da descentralização, promove a definição, com as autarquias locais, das
medidas adequadas a estimular e a apoiar a intervenção destas na organização das
actividades referidas no número anterior que se desenvolvam no respectivo âmbito
territorial.”

Esta definição de medidas de incentivo à prática desportiva por parte das autarquias locais
com o apoio do governo pressuporá, à semelhança da disposição anterior, novamente uma
coordenação entre a Administração Central do Estado e as Autarquias Locais.

Também no artigo 10º, nº1 se prevê, como sendo competência das regiões autónomas e
das autarquias locais, a promoção de jogos tradicionais não obstante a contribuição dos
diversos departamentos governamentais nesta matéria. Pretende-se com esta disposição
assegurar a posição das autarquias locais e bem assim, a coordenação entre as acções
desenvolvidas por elas e o governo.

Note-se ainda a referência expressa que é feita a estes enquanto: “(…) parte integrante
do património cultural.” Os jogos tradicionais são assim entendidos como matéria que
deve ser incluída no âmbito desportivo e que se traduz numa expressão de cultura.
Encontramos pois, no âmbito dos jogos tradicionais, a relação entre desporto e cultura.

Ao nível da política de infra-estruturas desportivas estabelece-se, no artigo 36º, nº1 deste


diploma, o desenvolvimento conjunto entre o governo e as autarquias, o que não poderia
deixar de acontecer pelo, já referido, melhor conhecimento que estas usufruem das suas
necessidades.

Esta política de desenvolvimento de infra-estruturas é definida, de acordo com esta


disposição, “em critérios de equilibrada inserção no ambiente e em coerência com o
integral e harmonioso desenvolvimento desportivo” e no âmbito do desenvolvimento do
pilar fundamental, Habitação.

4
Finalmente no artigo 42º, nº2 ordena-se, a título de disposição transitória, a colaboração
entre o governo e as autarquias no sentido de dotar as escolas carenciadas dos diversos
níveis de infra-estruturas adequadas, para que se consiga possibilitar a todas as crianças
e jovens o acesso efetivo ao desporto. Temos deste modo, mais uma acção que exige uma
coordenação entre diversos órgãos da Administração Central e Local do Estado, “in
casu”, no âmbito do pilar fundamental, educação.

3. Lei de Bases do Desporto (Lei nº 30/2004 de 21 de Julho)

A Lei nº1/90, de 13 de Janeiro viria a ser revogada pela Lei nº30/2004, de 21 de Julho.
Imbuída de um espírito análogo, esta Lei de Bases do Desporto viria desenvolver de forma
razoavelmente mais precisa a actividade desportiva, mormente, aquilo que nos cumpre
agora analisar, os modos de promoção da actividade desportiva e a coordenação entre os
vários agentes encarregues da prossecução de atribuições neste âmbito. Veio, portanto,
reforçar as competências das autarquias locais em matéria desportiva e explicitar
determinados princípios com o objectivo de evidenciar o seu papel mais interventivo na
definição da política desportiva.

A primeira referência que é feita nesta legislação ao desenvolvimento do desporto pelas


autarquias encontra-se no artigo 8º, no desenvolvimento do princípio da coordenação.
Assim, prevê-se a “articulação permanente entre os departamentos e sectores da
administração central, regional e local cujas tutelas específicas tenham intervenção
directa ou indirecta na área do desporto”. No diploma anterior, a única coordenação que
se previa era apenas entre os órgãos do governo.5

5
A disposição análoga a este artigo na legislação anterior (Lei 1/90 de 13 de Janeiro) era o art 3º que
estipulava que: “O Governo assegura a direcção e a coordenação permanentes e efectivas dos
departamentos e sectores da administração central com intervenção da área do desporto.”

5
O artigo 9º, nº2 prende-se com a descentralização de competências. Prevê-se assim uma
intervenção coordenada e concertada entre a Administração Central do Estado e as
Autarquias Locais em diversas áreas. Desta forma, serão de competência comum:

a) “Construção, ampliação, recuperação, realização de melhoramentos e


equipamento de infra-estruturas desportivas;” – Fala-se de todas as acções
relacionadas com as infra-estruturas desportivas existentes na autarquia, com a
única excepção à sua destruição ou substituição. Enquanto o texto anterior
atribuía competência exclusiva nesta matéria à Administração Central do Estado,
o actual veio estender esta competência às autarquias locais.

b) “Organização da actividade dos clubes, nomeadamente aqueles que enquadram


praticantes em regime de alta competição ou que integram seleções nacionais,
bem como os que venham a participar em provas internacionais que façam parte
dos quadros competitivos organizados pelas federações internacionais ao nível
dos clubes;” – Também as acções neste âmbito deverão ser desenvolvidas em
parceria com as autarquias locais. Não há entidade que conheça melhor os clubes
existentes nas suas circunscrições territoriais do que as próprias autarquias que
inclusivê, como adiante veremos, com elas colaboram amiúde no
desenvolvimento do desporto local. Note-se ainda que se fala globalmente dos
clubes, quer daqueles que desenvolvem o desporto profissional mas também dos
que promovem o desporto para todos.

c) “Desenvolvimento de actividades desportivas das escolas, a nível interno;” –


Também no âmbito escolar e bem assim do pilar fundamental, Educação, e à
semelhança do que se observava no anterior diploma, os órgãos da administração
autárquica têm um papel preponderante dada a proximidade que apresentam das
escolas. Seria portanto destituído de sentido que o desenvolvimento destas
iniciativas fosse empreendido sem a intervenção daquelas.

d) “Desenvolvimento de actividades desportivas no âmbito do ensino superior, em


articulação com os estabelecimentos de ensino superior e com o movimento

6
associativo desportivo estudantil;” – Esta medida, à semelhança da anterior,
desenvolve-se no âmbito do pilar fundamental Educação e exactamente com as
mesmas premissas da anterior. Note-se porém, a coordenação que nesta alínea se
prevê com o movimento associativo local.

e) “Criação de condições mais favoráveis à participação dos clubes desportivos


escolares nas correspondentes competições de âmbito local, regional e
nacional;” - Mais uma vez e à semelhança das alíneas anteriores, se procura
intervenção das autarquias locais na criação de condições para participação nas
competições locais, regionais ou nacionais. São afinal elas que, representando o
interesse dos seus cidadãos, deverão ter a iniciativa da organização de tais
eventos.

f) “Realização de programas de ocupação desportiva nos períodos de interrupção


lectiva;” – Os períodos de interrupção léctica são, tendencialmente,
caracterizados por programas de ocupação de crianças e adolescentes. Se, como
já vimos, os órgãos da administração autárquica pela proximidade que têm dos
cidadãos, são o motor da acção local, caberá então potencialmente a estas o
desenvolvimento de programas concretos desportivos de ocupação dos tempos
livres, para aplicação à autarquia.

g) “Organização criteriosa de grandes eventos desportivos de carácter nacional e


internacional.” – Se por um lado cabe, naturalmente, às autarquias locais o
desenvolvimento de eventos desportivos no âmbito das suas circunscrições
territoriais, cabe por outro à Administração Central a coordenação entre as acções
das várias autarquias locais, “in casu”, tendo em vista a organização de eventos
desportivos nacionais e internacionais.

No artigo 10º desenvolve-se o princípio da participação, isto é, o envolvimento efectivo


dos interessados na política desportiva, na promoção de actividades e acções deste
âmbito. Os órgãos da Administração Autárquica enquanto órgãos administrativos que
maior proximidade têm dos cidadãos, deverão assim, em nome daqueles, colaborar com

7
a Administração Central do Estado na propagação de políticas desportivas. O
desenvolvimento expresso deste princípio é também uma novidade relativamente ao
anterior diploma.

No artigo 11º, desenvolvendo-se o Princípio da Intervenção Pública, pretende-se limitar


de algum modo a intervenção da Administração Pública no âmbito da política desportiva.
Trata-se de realçar o papel secundário e complementar desempenhado pela
Administração Pública no âmbito desportivo. Ainda que possa parecer paradoxal ao que
até aqui tem vindo a ser dito, não é verdade que assim seja.

De facto, o que se pretende é permitir o livre desenvolvimento do desporto por todas as


entidades primariamente responsáveis, deixando para a Administração Pública
essencialmente a regulação e fiscalização destas acções desenvolvidas no âmbito
desportivo. Assim, determina-se no nº2 deste artigo que: “As prioridades de intervenção
dos poderes públicos situam-se nos domínios de regulação, fiscalização e cooperação
técnico-financeira.”

A Administração Pública deverá pois, encarregar-se apenas do estímulo do desporto na


medida em que as demais entidades primariamente mais aptas a fazê-lo, o não fizerem. É
neste ponto então que se exige a coordenação, de acordo com o texto legal: “(…) num
contexto de partilha de responsabilidades.”6

À semelhança do anterior texto, também os jogos tradicionais mantêm a sua protecção


através do seu fomento coordenado entre o Governo e as Autarquias Locais, nos termos
do artigo 72º, nº3 . Em termos práticos, na legislação anterior encontravam-se dispostos
em artigo autónomo7, sendo que neste diploma se encontram integrados num artigo com
um cariz mais amplo, sob a epígrafe: “Desporto e Cultura”.

6
Assim dispõe a parte final do artigo 11º, nº1 da Lei nº30/2004 de 21 de Julho.
7
Artigo 10º da Lei nº1/90 de 13 de Janeiro.
8
No âmbito do desporto e juventude, determina-se no artigo 79º, nº3 deste diploma que:
“O Estado, com vista a assegurar o princípio da descentralização, promove a definição,
com as autarquias locais, das medidas adequadas a estimular e a apoiar a intervenção
destas na organização das actividades referidas no número anterior que se desenvolvam
no respectivo âmbito territorial.” Pretende-se garantir uma participação efectiva das
autarquias locais nas “…actividades promovidas ou desenvolvidas por associações ou
agrupamentos juvenis.”, de acordo com o previsto no nº2 deste artigo.

Denota-se também uma considerável evolução relativamente à anterior legislação, visto


que aquela estatuia apenas genericamente, enquanto princípio geral da acção do Estado:
“A valência educativa e cultural do desporto e a sua projecção nas políticas de saúde e
de juventude”8. A correspondente disposição no novo diploma pretendeu desenvolver e
aprofundar esta matéria a qual requeria, de facto, de maior desenvolvimento.

4. A Lei de Bases da Actividade Física e Desporto (5/2007, de 16 de


Janeiro)

4.1. Introdução

A Lei nº5/2007, de 16 de Janeiro, Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto viria


a revogar a Lei nº30/2004 de 21 de Julho, Lei de Bases do Desporto. Esta Lei foi resultado
da consciencialização da existência de actividade física que, não sendo considerada
desporto, cumpria regular.

A mesma, como demarca de imediato o seu artigo 1º, define presentemente “as
bases das políticas de desenvolvimento da actividade física e do desporto”. É
portanto aqui que encontramos globalmente como as entidades públicas devem

8
Artigo 2º, nº2, alínea a) da Lei nº1/90 de 13 de Janeiro.
9
actuar para que seja realmente possível o desenvolvimento do desporto, com
relevância, como já aliás realçado na Constituição da República Portuguesa, no
intitulado “Desporto para Todos”.

4.2. Princípios

São definidos ainda vários princípios fulcrais, que deverão obrigatoriamente


serem complementados com os previstos na Constituição, que destacam os
deveres do Estado e os direitos dos cidadãos bem como das pessoas colectivas
privadas que queiram intervir na aplicação das políticas a implementar.

Preceitua o artigo 2º da LBAFD no seu número 1, em consonância com os


artigos 12º e 13º da Constituição que “ todos têm direito à actividade física e
desportiva, independentemente da sua ascendência, sexo, raça, etnia, língua,
território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução,
situação económica condição social ou orientação sexual”, acrescentando o
seu número 2 que “a actividade física e o desporto devem contribuir para a
promoção de uma situação equilibrada e não discriminatória entre homens e
mulheres”.

Qualquer cidadão, independentemente de quaisquer características pessoais,


consideradas negativas ou positivas para a sociedade, não deverá ser
discriminado por nenhum motivo na prática da actividade física e desporto,
seja ele qual for, quer em seu prejuízo ou em seu benefício. Servindo
inclusivamente para a promoção da integração social e eliminação de alguns
defeitos físicos ou psicológicos, que porventura sejam o alvo da possível
discriminação.

A actividade física e o desporto provocam a formação integral do ser humano


nas suas várias valências sendo essencial para que tal aconteça, e é assim
sinónimo de solidariedade, tolerância, verdade, convívio social, respeito pelo

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próximo, inexistência de discriminação entre outros elementos próprios de
humanidade.

Por tal motivo, o artigo 3, nº 1 indica-nos que a actividade física é


desenvolvida em observância dos princípios da ética, da defesa do espírito
desportivo, da verdade desportiva e da formação integral de todos os
participantes, começando aqui, no nº 2, aquilo que o Estado deverá fazer.

Nomeadamente, adoptar as medidas tendentes a prevenir e a punir as


manifestações antidesportivas, que a não serem evitadas, alterarão o pretendido
com a prática da actividade física e do desporto, designadamente o afastamento
e não aproveitamento adequado das variadíssimas externalidades positivas
relacionadas com a qualidade de vida e bem-estar inerentes e pretendidos.

As medidas, para que não subsistam dúvidas, encontram-se bem classificadas,


“designadamente a violência, a dopagem, a corrupção, o racismo, a
xenofobia” e como residual, para que não haja nenhuma lacuna, “qualquer
outra forma de discriminação”.

O número 3 reforça ainda que as “iniciativas e projectos” privados que


provoquem os propósitos plasmados nesta norma deverão ser especialmente
apoiados, incumbindo, como está no nº2 do artigo 79º, o apoio às entidades
privadas que colaborem com o Estado na implementação da prática da
actividade física e do desporto para todos os cidadãos.

Um dos problemas existentes em qualquer espaço geopolítico no acesso aos


direitos que todos os cidadãos devem teoricamente usufruir é o das
disparidades entre interior e litoral, as zonas urbanas e rurais, o continente e as
ilhas, não sendo o desenvolvimento da actividade física e desporto, como às
vezes se ousa pensar, diferente dos diversos sectores enquadrados na
sociedade.

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Como regula o artigo 4º da LBAFD, outros dois princípios fundamentais são o
da coesão e da continuidade territorial. O seu número 1 afirma que “o
desenvolvimento da actividade física e do desporto é realizado de forma
harmoniosa e integrada, com vista a combater as assimetrias regionais e a
contribuir para a inserção social e a coesão nacional”, acrescentando o
número 2 que “o princípio da continuidade territorial assenta na necessidade
de corrigir os desequilíbrios originados pelo afastamento e pela insularidade,
de forma a garantir a participação dos praticantes e dos clubes das Regiões
Autónomas nas competições desportivas de âmbito nacional”.

A prática da actividade física e do desporto é desta forma necessária para


equilibrar as assimetrias naturalmente verificadas, actuando na inserção social
entre cidadãos de divergentes características e permitindo uma mais acessível
inter-relação de personalidades e culturas.

Facilita portanto a correcção das desproporções originais, sendo o


enquadramento dos praticantes e das entidades provenientes de territórios
menos favorecidos nas competições de âmbito nacional, um factor
determinante, tanto para estas como para os demais que participam, visto que
as trocas de experiências são benéficas para todos, como defende a Lei.

O artigo 5º da LBADF reforça a primeira parte do artigo 79º da CRP,


asseverando como capital, a coordenação, descentralização e colaboração entre
as várias formas de Estado e dele com as restantes entidades públicas e
privadas, para que mais adequada e indubitavelmente se proporcione a todo o
ser humano a disponibilidade da praxe desportiva.

O número 1 preceitua que “O Estado, as Regiões Autónomas e as Autarquias Locais


articulam e compatibilizam as respectivas intervenções que se repercutem, directa ou
indirectamente, no desenvolvimento da actividade física e no desporto, num quadro
descentralizado de atribuições e competências”. Este preceito refere-se às relações que
deverão coexistir entre os vários organismos do Estado em sentido “lato sensu”,

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ocupando os organismos descentralizados, devido aos seus contactos mais próximos à
população (Regiões Autónomas e Autarquias Locais), um papel proeminente, assumindo-
se pois, já uma separação efectiva de competências ao invés de uma simples partilha de
competências.

Mais uma vez, tais princípios são idênticos aos diversos sectores, mas no
anterior diploma surgiam dispersos por várias normas, defendendo o artigo
267º, números 1 e 2 da CRP, o aproximar dos serviços públicos às populações,
o evitar da burocratização e o estabelecimento de adequadas formas de
descentralização e desconcentração administrativas.

O número 2 do artigo 5º referido determina, como continuação da necessidade


de uma correcta participação e observância dos princípios estipulados na norma
em causa, que “O Estado, as Regiões Autónomas e as autarquias locais
promovem o desenvolvimento da actividade física e do desporto em
colaboração com as instituições de ensino, as associações desportivas e as
demais entidades públicas e privadas, que actuam nestas áreas”, onde
incumbe ao Estado, conforme delimitado no número 1, actuar em conjunto e
não pretender a intervenção autónoma e absoluta.

O mesmo artigo 267 da CRP, pelo seu número 2, ainda acrescenta que deverá
ser assegurada a participação dos interessados na gestão efectiva da
Administração Pública.

4.3. Políticas Públicas

O capítulo II da LBAFD, após a enunciação pelo capítulo I do objecto e


princípios gerais, estatui as principais políticas a incrementar pela
Administração Pública.

”Incumbe assim ao Estado, às Regiões Autónomas e às Autarquias Locais,


pelo correspondente nº 1 do artigo 6 da LBAFD, a promoção e a generalização

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da actividade física, enquanto instrumento essencial para a melhoria da
condição física, da qualidade de vida e da saúde dos cidadãos”.

É deste modo uma função de interesse público, logo devendo ser prosseguida pela
Administração Pública, nos termos do número 1 do artigo 266º da CRP, através do
incessante e globalizado incentivo à prática desportiva por parte de todos os cidadãos,
não devendo a actividade física ser considerada como apenas uma mera garantia do
cidadão, como tal preceituada no número 2 do artigo 266º da CRP.

Que dispõe de consentimento público para a operar, por respeito dos seus direitos e
interesses legalmente protegidos, mas sim como algo muito mais importante e que é
indispensável para, como conjecturado, melhorar o seu bem-estar físico e psicológico,
actuando também para manter a sua saúde, como constitucionalmente estabelecido pelo
64 da CRP.

Está aliás estipulado que o desporto é um instrumento essencial para alcançar tais
objectivos, indicando ainda o número 2 do nº 6 da LBAFD os meios principais para que
a promoção e a generalização venham a ser possíveis, estabelecendo-se medidas
concretas a serem adoptadas com vista ao cumprimento desta finalidade. Esta disposição,
além de prever expressamente o dever que recai sobre os órgãos da administração de
promoverem o desporto, vem ainda prever que esta promoção tem por objectivo a
melhoria das condições de saúde dos cidadãos. O fomento do desporto surge assim
enquanto instrumento de propagação do pilar fundamental, Saúde.

Ora, esta componente, não deverá deixar portanto de ser expandida, devendo ser
incrementada por todos os órgãos da administração central ou local. Naturalmente este
desenvolvimento comum por partes dos diversos órgãos da administração, exigirá
coordenação de modo a assegurar uma coerência no desenvolvimento da política
desportiva.

Não existia na legislação anterior preceito que se possa considerar análogo a este, o que
não significa que no anterior diploma não fosse previsto directamente o dever das

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autarquias locais se preocuparem directamente com o desporto. Este documento vem,
porém, expressamente estatuir que tal aconteça nos termos do nº 1 do artigo 6º.

A Administração Pública deverá então “criar espaços públicos aptos para a


actividade física” (alínea a), de modo a tornar atractiva e acessível a qualquer
pessoa a prática da actividade física e do desporto, sendo obviamente muito
mais motivador correr numa pista de corridas do que no alcatrão, jogar futebol
num campo real de futebol de 11 com relva do que na praceta perto de casa, ou
lançar a bola a um cesto de basquetebol localizado num sítio com as medidas
adequadas do que à parede do prédio, improvisada como tabela, devendo a
capacidade de usar os espaços públicos em causa ser igualmente extensível
precisamente a todos que o pretendam.

Outra medida primacial é a de “incentivar a integração da actividade física


nos hábitos de vida quotidianos, bem como a adopção de estilos de vida
activos” (alínea b). É indiferente a existência de espaços públicos desportivos
apropriados e o respectivo investimento avultado, se os mesmos não forem
regularmente aproveitados.

A actividade física, devido aos múltiplos proveitos auferidos, deverá ser um


costume agradável e integrado nos hábitos normais de vida do próprio e
daqueles que o rodeiam, tal como se alimentar ou dormir e considerado como
um modo de lazer e prazer, não valendo a pena canalizar recursos materiais,
financeiros, humanos entre outros, se o desporto for encarado como esporádico
e secundário.

Associada às duas ferramentas analisadas, a Administração Pública deverá


identicamente “promover a conciliação da actividade física com a vida
pessoal, familiar e profissional”, visto que apesar dos tais locais públicos de
fácil acesso para a prática desportiva e da vontade continuada do seu
desenvolvimento por parte do cidadão, se este não conseguir conciliar, caso por
exemplo de um horário incomportável de funcionamento, a mesma acabará por

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se tornar um ónus que será mais cedo ou mais tarde abandonado e dificilmente
posteriormente restabelecido.

Outra das formas de apoiar “e desenvolver a prática desportiva regular,” nos


termos do artigo 7º, nº1 da LBAFD será a “da disponibilização de meios
técnicos, humanos e financeiros”, ocupando a formação, nomeadamente as
metodologias a utilizar e os recursos humanos apropriados para o efeito, um
factor fundamental.

Se não existir uma boa planificação, estabelecendo os pontos fracos a corrigir,


os pontos fortes a expandir, as ameaças a neutralizar e as oportunidades a
aproveitar, adoptando-se uma correcta estrutura e condições ajustadas às
finalidades definidas, acompanhadas de recursos humanos com percepção e
motivação para as alcançar, não só através de formadores como de
colaboradores que possibilitem esta interligação, o trabalho não produzirá
frutos pois não é difícil incentivar espontaneamente a participar nalgum evento,
mas sim conseguir que a mesma seja parte integrante da rotina do individuo.

Claro que nada se conseguirá sem financiamento satisfatório, devendo a


Administração Pública aqui saber canalizar os recursos financeiros necessários,
tendo no entanto em atenção que com pouco dinheiro se poderá fazer mais do
que várias vezes com muito, sendo capital, com os instrumentos técnicos e
humanos referidos, perceber como o financiamento deverá ser aplicado, não
caindo em tentações eleitoralistas ou megalómanas, nem em prolificação de
entidades ou indivíduos subsídio-dependentes, que habituados às regalias
públicas exacerbadas, defendem interesses próprios em detrimento da
colectividade.

É ainda essencial a utilidade do desporto de “Alto Rendimento” na captação de


praticantes desportivos, devido à divulgação que os bons resultados da prática
de uma modalidade desportiva provocam, através dos seus efeitos exemplo e
bandeira, estabelecendo o artigo 7º, intitulado de “desenvolvimento do

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desporto”, que as medidas agora analisadas serão analogamente extensíveis a
este.

O artigo 8º da LBAFD dedica-se à política de infra-estruturas e equipamentos


desportivos, já apontada no artigo 6º nº 2 a) aqui atrás comentado, explanando
como a mesma deverá ser incrementada. Diz-nos o seu número 1 que o
“Estado, em estreita colaboração com as Regiões Autónomas, as autarquias
locais e entidades privadas, desenvolve uma política integrada de infra-
estruturas e equipamentos desportivos com base em critérios de distribuição
territorial equilibrada, de valorização ambiental e urbanística e de
sustentabilidade desportiva e económica, visando a criação de um parque
desportivo diversificado e de qualidade, em coerência com uma estratégia de
promoção da actividade física e desportiva, nos seus vários níveis e para todos
os escalões e grupos da população”.

Este preceito é mais um equiparado ao número 2 do artigo 79º da CRP, reforçando a


indubitável colaboração e conexão entre a Administração Pública nas suas várias
vertentes e a iniciativa privada, mas especificando desta vez as instalações desportivas.

Deverá assim haver um planeamento generalizado de infra-estruturas e equipamentos


sociais para a prática desportiva no território português, extensível à participação de todos
os organismos supracitados e onde se relacionem na prossecução do definido, nele se
prevendo então expressamente a coordenação que deve existir entre a administração
central do Estado e as autarquias locais, bem como entre os outros entes indicados, vindo
a coordenação ao nível do desenvolvimento de infra-estruturas deixar pois de se
subentender implicitamente, para ganhar um cariz explícito.

As instalações desportivas deverão encontrar-se distribuídas ponderadamente


em toda a área geopolítica, obedecendo à defesa ambiental e ao ajustado
ordenamento do território, sendo essencial a sua manutenção económica bem
como o seu usufruto por parte da população destinatária. Significa isto que
aquando da decisão de construção e concessão de espaços desportivos nos

17
locais convencionados, há que verificar a melhor zona, salvaguardando a
natureza e o melhor modo de aproveitamento dos solos, bem como a autónoma
autogestão com consequente viabilidade de funcionamento e ocupação.

O desporto deverá contribuir para um maior respeito e uso dos expedientes


naturais, melhorando o bem-estar e qualidade de vida das populações e as
infra-estruturas e equipamentos deverão encontrar-se enquadrados
harmonicamente nas zonas respectivas, como fazendo genuinamente parte do
lugar onde estão situados.

Todavia, é ainda fulcral que as instalações sejam colocadas realmente à


disposição do público em termos aceitáveis e onde possa ser considerada
objectivamente como útil, existindo efectivamente um número razoável de
utilizadores para a mesma, inicialmente ou através de ocorrências que
acarretem este desfecho. Basta observar a maioria dos Estádios preparados para
o Euro de 2004, que violam o que estamos a explicar, visto que além de
disporem de proveito desportivo nulo, são incomportáveis economicamente.

Os critérios aludidos devem ainda visar que o parque desportivo criado seja
diversificado, possibilitando o desenvolvimento das mais variadas modalidades
desportivas, permitindo que os cidadãos pratiquem aquelas que realmente os
motivam e incentivando até a prática de algumas que não sejam no momento as
mais solicitadas, levando-se em consideração as relacionadas com o território
português, com base em algumas valências, como por exemplo a cultura, a
história, o clima ou a geografia.

Não se deve assim pura e simplesmente construir apenas o básico, como que
seleccionando as opções possíveis para a prática desportiva, nomeadamente a
edificação por exemplo de um campo de futebol de 5 e uma pista de atletismo
em todas os espaços desportivos.

18
Outro factor essencial e indissociável é a qualidade dos mesmos, pois não basta
a criação sem as condições elementares da prática adequada, quer de
segurança, medidas correctas, equipamentos efectivos ou áreas idênticas às
existentes no Alto Rendimento. Não pode haver desporto de primeira,
praticado pelo desporto de Alto Rendimento e o de segunda para os restantes.

Qual é a atracção para um cidadão que aprecie atletismo ou ciclismo ter


motivação para os praticar, se os tiver de desenvolver no alcatrão da estrada ou
em locais restritos e sem segurança, ou assistir futebol e ter que jogar num
recinto de cimento com dimensões reduzidas e com balizas adaptadas?

O próprio aproveitamento dos cidadãos com capacidades profissionais em


alguma das modalidades não será integral, sendo posteriormente necessária
uma fase de adaptação da formação para outros patamares mais elevados, com
a perda pelo caminho de muitos potenciais praticantes que nunca o serão pela
falta real de motivação.

A competência da Administração Pública e os meios explicitados no preceito


indicado deverão desta forma servir para promover a actividade física e
desportiva, devendo com base no que tem sido apontado, ser delineada uma
estratégia para que verdadeiramente em todos os seus níveis, a prática do
desporto seja alcançável e apetecível em qualquer escalão e grupo da
população, dos mais novos aos mais idosos, dos mais ricos aos mais pobres,
dos mais atléticos aos menos preparados fisicamente, sem discriminação de
nenhuma parte.

Os próprios e variados “instrumentos de gestão territorial”, responsáveis pelo


equilibrado ordenamento do território estão imperiosamente incumbidos, pelo
número 2 da disposição examinada, de “prever a existência de infra-estruturas
de utilização colectiva para a prática desportiva”, como aliás igualmente
contemplado constitucionalmente no artigo 65º, nº 2 alínea b) da CRP na sua
parte final e concernente à obrigatoriedade de equipamento social.

19
Conforme estipulado pelo número 3, “o Estado”, agora em sentido “stricto
sensu”, considerado como apenas o Governo e a Administração Central
respectiva visto ser o principal Órgão executivo e regulador do país, “com o
objectivo de incrementar e requalificar o parque das infra-estruturas
desportivas ao serviço da população, deverá assegurar” pela alínea a), “a
realização de planos, programas e outros instrumentos directores que regulem
o acesso a financiamentos públicos e que diagnostiquem as necessidades e
estabeleçam as estratégias, as prioridades e os critérios de desenvolvimento
sustentado da oferta de infra-estruturas e equipamentos desportivos”;

pela alínea b), “o estabelecimento e desenvolvimento de um quadro legal e


regulamentar que regule a edificação e a utilização dos espaços e infra-
estruturas para actividades físicas e desportivas, bem como a concessão das
respectivas licenças de construção e utilização” e pela alínea c), “a adopção
de medidas adequadas à melhoria efectiva das condições de acessibilidade, de
segurança e de qualidade ambiental e sanitária das infra-estruturas e
equipamentos desportivos de uso público”.

Estes preceitos delineiam mais algumas formas de actuação, agora destinadas


ao principal Órgão Executivo e regulador do país e correspondente estrutura de
aplicação, mas mais uma vez incitando a colaboração dos outros agentes
públicos e privados, através da promoção, estimulação, orientação e apoio,
destacando-se a obtenção de recursos financeiros públicos, o diagnóstico
adequado do meio envolvente e coerente utilidade dos recursos materiais, a
estipulação das normas basilares e a delimitação da forma apropriada e integral
de utilização.

É previsto ainda, como modo de maximização das infra-estruturas desportivas,


independentemente de pertencerem ao privado ou ao público e de modo a não
se verificarem desperdícios inúteis para qualquer uma das partes, o
aproveitamento entre os dois sectores das mesmas, tendo sempre como
finalidade o interesse público.

20
Ora, o número 5 do artigo 8º da LBAFD preceitua, em prol das entidades
privadas, que “as comparticipações financeiras públicas para construção ou
melhoramento de infra-estruturas desportivas propriedade de entidades
privadas, quando a natureza do investimento o justifique, e, bem assim, os
actos de cedência gratuita do uso ou da gestão de património desportivo
público às mesmas, são condicionados à assunção por estas de contrapartidas
de interesse público”.

Acrescentando o número 6 em sentido inverso e em beneficio agora do sector


público, mas salvaguardando os direitos dos privados que, “nos termos da lei,
e observadas as garantias dos particulares, o Governo pode determinar, por
períodos limitados de tempo, a requisição de infra-estruturas desportivas de
propriedade de entidades privadas para realização de competições desportivas
adequadas à natureza daquelas, quando o justifique o interesse público e
nacional e se verifique urgência”. É possível assim a cooperação entre ambas
as partes, mas perante certos pressupostos de protecção, que corroborem
veridicamente os requisitos pretendidos.

É ainda fundamental a verificação da primeira etapa de planificação,


designadamente o tal conhecimento total da realidade desportiva nacional, pois
como já várias vezes concluímos, não é possível, apesar das boas intenções,
adoptar as medidas exactas para o desenvolvimento da actividade física e do
desporto se não possuirmos a informação necessária. Como defende Roche,
Fernando Paris (2002)9, “Não é possível decidir onde queremos ir se não
sabemos onde nos encontramos”.

Por tal motivo, o artigo 9º n º 1 da LBAFD prevê a existência de uma Carta


Desportiva Nacional, “a qual contém o cadastro e o registo de dados e de
indicadores que permitam o conhecimento dos diversos factores de

9
Roche, Fernando Paris, Planificacion y Dirección Estratégica en Entidades e Centros Deportivos: Manual
del Aluno, Lisboa – Portugal, 2002 e Roche, Fernando Paris, La Planificacion Estratégica en Las
Organizaciones Deportivas, Editorial Paidotribo, Barcelona-Espanha, 2002.
21
desenvolvimento desportivo, tendo em vista o conhecimento da situação
desportiva nacional”, que se encontram divididos por alíneas.

E “nomeadamente quanto” às “instalações desportivas” (alínea a), aos


“espaços naturais de recreio e desporto” (alínea b), ao “associativismo
desportivo” (alínea c), aos “hábitos desportivos” (alínea d), à “condição física
das pessoas” (alínea e) e ao “enquadramento humano, incluindo a
identificação da participação em função do género” (alínea f), devendo,
conforme estatuído no seu número 2, “os dados constantes da Carta
Desportiva Nacional” serem integrados no sistema estatístico nacional, nos
termos da lei”, para que se possa tomar conhecimento dos mesmos e perfilhar
as melhores alternativas.

Carta Desportiva Nacional esta que infelizmente até ao momento, não passa de letra morta
na Lei, mas que segundo Emídio Guerreiro10, “será criada até final de 2015”, vindo
“finalmente Portugal ter um instrumento de gestão importantíssimo, que devia existir há
muito tempo no nosso país”, sendo que para o governante referido, com o surgimento
deste importante documento, “vão terminar as decisões políticas sem qualquer lógica de
sustentabilidade e de racionalidade” 11, e portanto existir um tão necessário e tardio
planeamento estratégico.

Como complemento à Carta Desportiva Nacional, nos termos do artigo 10º, “o


Estado, em colaboração com as instituições do ensino superior, promove e
apoia a realização de estudos e trabalhos de investigação sobre os indicadores
da prática desportiva e os diferentes factores de desenvolvimento da actividade
física e do desporto”.

As entidades do ensino superior com a sua competente massa intelectual,


ocupam também um papel relevante, ajudando a diagnosticar e a definir as

10
Segundo Secretário de Estado do Desporto e Juventude do XIX Governo Constitucional, que substituiu
Alexandre Mestre na respectiva pasta.
11
Jornal “O Jogo”, de 26 de Junho de 2013.
22
medidas já indicadas, através dos estudos realizados, onde este trabalho se
encontra inserido e “definem ainda os princípios reguladores da prática
desportiva das respectivas comunidades”, nos termos do artigo 28º, nº 3, 1ª
parte da LBAFD.

Diz-nos o número 1 do artigo 28º que “a educação física e o desporto escolar


devem ser promovidos no âmbito curricular e de complemento curricular, em
todos os níveis e graus de educação e ensino, como componentes essenciais da
formação integral dos alunos, visando especificadamente a promoção da
saúde e condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras e o
entendimento do desporto como factor de cultura”.

A estimulação da prática da actividade física e do desporto pelas pessoas, tal


como de qualquer outra acção deve começar assim, logo na infância, de modo
a constituir hábitos e rotinas motoras por parte delas. Nesta fase, a
aprendizagem de uma actividade desportiva é maior e é mais fácil incutir o
prazer de a exercer, tendo a criança uma forte motivação de imitação do que é
realizado à sua volta pelas pessoas que são seus ídolos.

As escolas ocupam um papel fulcral na instrução da actividade física e do


desporto mas igualmente e mais importante, na transmissão dos valores
inerentes a este, contribuindo para o desenvolvimento de um cidadão realmente
melhor. É todavia indispensável a continuidade obrigatória em todos os graus
de ensino da promoção da prática desportiva, de forma a manter e
inclusivamente incrementar em cada indivíduo o seu costume e satisfação,
como algo normal e enquadrado no seu dia a dia, como comer ou dormir.

Aliás, a actividade física e o desporto são essenciais para a formação integral,


pois permitem a aquisição de hábitos e rotinas motoras, possibilitando a
harmonização dos movimentos corporais correctos, facultam directamente a
obtenção e manutenção de uma boa saúde e condição física, como
indirectamente através do exercício de certos comportamentos consentâneos

23
nomeadamente por exemplo de uma boa alimentação, omissão do consumo de
estupefacientes ou bebidas alcoólicas ou a não frequência habitual de locais
prejudiciais.

O desporto é ainda um factor de cultura e de identidade, devendo esta vertente


também ser fortemente implementada pela educação física e o desporto
escolar. O artigo 30º da LBAFD acrescenta que “os jogos tradicionais, como
parte integrante do património cultural específico das diversas regiões do
País, são fomentados e apoiados pelo Estado, Regiões Autónomas e autarquias
locais”, demonstrando a importância da manutenção da cultura e da identidade
por intermédio da actividade física e do desporto e é obviamente fundamental
que as escolas das diversas regiões apliquem, com a colaboração da
Administração Pública, a integração dos jogos tradicionais nos seus currículos.

O novo artigo 30º tem, com correspondência ao artigo 72º nº3 da anterior legislação,
continuando o fomento dos jogos tradicionais a cargo dos vários níveis da Administração,
mantendo-se praticamente inalterada a redação desta disposição. O legislador entendeu,
no entanto, dever autonomizar esta matéria dedicando-lhe assim um artigo específico.

O número 2 do artigo 28º da LBAFD estatui que “as actividades desportivas escolares
devem valorizar a participação e o envolvimento dos jovens, dos pais e encarregados de
educação e das autarquias locais na sua organização, desenvolvimento e avaliação”.

As actividades desportivas praticadas na escola devem assim incentivar a


participação de toda a família, de forma a proporcionarem a fortificação dos
laços familiares, evocarem aos pais ou encarregados a sua responsabilidade na
educação dos filhos ou pupilos, inúmeras ocasiões repelida, que actuam, como
já visto, pelo exemplo existente em casa e incrementar ou relembrar o gozo do
exercício desportivo.

Relevante é mais uma vez a intervenção do Estado, aqui com mais ênfase nas
Autarquias Locais, que se encontram em contacto imediato com os municípios

24
e que portanto melhor conhecem as finalidades a atingir e os métodos a
eficientemente empregar.

O artigo 28º da nova lei vem condensar num único artigo aquilo que, no texto transacto,
se encontrava dividido pelos artigos 9º, 53º e 54º, isto é, o desporto escolar. O
desenvolvimento do desporto escolar deve ser empreendido por todos os organismos e
indivíduo que apresentam uma proximidade razoável do fenómeno educacional. Deste
modo, pela já amiúde referida proximidade que apresentam dos cidadãos, também as
autarquias locais devem ser incluídas no desenvolvimento do fenómeno desportivo no
âmbito do pilar fundamental, Educação.

Na legislação anterior, a disposição que a esta se equiparava seria o art.º 9º, nº2, alínea
c), em que se previa a intervenção das autarquias locais no desenvolvimento do desporto
escolar. Esta disposição não assumia porém um cariz autónomo, como acontece no novo
diploma, encontrando-se antes integrada no desenvolvimento do princípio da
descentralização.

Outros destinatários, que tal como as crianças e jovens, devido à sua situação
de debilidade e utilidade do direito em causa, dispõem de uma norma
autónoma na Lei de Bases e igualmente constitucional e que deverão devido às
suas especificidades, ter a actividade física e prática desportiva fortemente
promovida e fomentada pelo Estado, Regiões Autónomas e autarquias locais
são as pessoas possuidoras de deficiência.

É outra peculiaridade deste novo documento regulador, que fomenta o


desenvolvimento da prática desportiva para cidadãos portadores de
deficiências. Esta temática era desenvolvida no artigo 52º da legislação
antecedente, sendo desenvolvida agora no artigo 29º. Na anterior Lei de Base,
porém, regulamentava-se genericamente a obrigação do Estado promover o
desporto para cidadãos portadores de deficiências. Na actual, estatui-se
expressamente que tal obrigação recai não só sobre o Estado, este entendido

25
como Administração Central do Estado, mas também na Administração local
ou autónoma, ou seja, sobre as autarquias locais.

Preceitua-se pois a intervenção de todos os níveis da administração pública na promoção


da prática desportiva para cidadãos portadores de deficiências motoras, isto é, pressupõe-
se uma coordenação entre os vários níveis da Administração no desenvolvimento deste
tipo de actividades e isto no âmbito do pilar Segurança Social, na sua vertente de
integração social.

Preconiza assim o artigo 29º que, “a actividade física e a prática desportiva


por parte das pessoas com deficiência é promovida e fomentada pelo Estado,
Regiões Autónomas e autarquias locais com as ajudas técnicas necessárias,
adaptada às respectivas especificidades, tendo em vista a plena integração e
participação sociais, em igualdade de oportunidades com os demais
cidadãos”.

A actividade física e a prática desportiva possuem primacialmente para o deficiente um


cariz de aceitação social e transmitem confiança ao mesmo para se sentir igual, devendo
a sua promoção e fomento serem acompanhados, para que obviamente se produzam os
efeitos pretendidos, da ajuda técnica necessária. A importância do fenómeno de
integração social é, a este nível, de tal modo importante que a lei vem apontá-la
expressamente como um dos objectivos desta disposição.

O artigo 31º, nº 1 da LBAFD estabelece que “a actividade física e a prática


desportiva em espaços naturais devem reger-se pelos princípios do respeito
pela natureza e da preservação dos seus recursos, bem como pela observância
das normas dos instrumentos de gestão territorial vigentes, nomeadamente das
que respeitam às áreas classificadas, de forma a assegurar a conservação da
diversidade biológica, a protecção dos ecossistemas e a gestão dos recursos,
dos resíduos e da preservação do património natural e cultural”.

26
A actividade física e o desporto têm outra atribuição capital, designadamente a
do ensino do valor substancial que a natureza dispõe para a qualidade de vida e
bem-estar do cidadão, do respeito que se deve deter por esta e do gozo que se
adquire por usufruir dela, sendo motivador promover e fomentar a actividade
física e prática desportiva em contacto com os recursos naturais, ocupando esta
relação um papel primário no aproveitamento turístico, contribuindo em
sentido inverso o próprio turismo para a expansão da conexão referida bem
como para o acréscimo de motivação pela prática do desporto.

Diz-nos a cifra 2 do mesmo artigo que “as actividades mencionadas no


número anterior devem contribuir para a divulgação e interpretação do
património natural e cultural, a sensibilização e educação ambientais e a
promoção do turismo de natureza”.

A disposição 38º, nº 1 da LBAFD declara que “o Estado reconhece o papel


essencial dos agentes desportivos em regime de voluntariado, na promoção e
no apoio ao desenvolvimento da actividade física e do desporto, sendo
garantidas as condições necessárias à boa prossecução da missão socialmente
relevante que lhes compete”, estipulando ainda pelo número 2 que “a lei
define as medidas de apoio aos agentes desportivos em regime de
voluntariado”, reforçando novamente o reconhecimento da importância da
iniciativa privada e o modo de disponibilização do consequente apoio pelas
entidades públicas.

“As políticas públicas”, pelo item 50º e mais uma vez por motivos
específicos, “promovem e incentivam” ainda a actividade física e desportiva
nos estabelecimentos que acolhem cidadãos privados de liberdade, incluindo
os destinados a menores e jovens sujeitos ao cumprimento de medidas e
decisões aplicadas no âmbito do processo tutelar educativo”, não perdendo as
pessoas mencionadas os direitos fundamentais aplicáveis a um normal cidadão,
com excepção dos enunciados constitucionalmente e que deverão ser

27
proporcionais aos delitos cometidos, com especial cuidado pelos menores e
jovens detidos.

Num mundo cada vez mais globalizado e onde a circunscrição da actividade


física e do desporto ocupa um dos primeiros lugares, pela necessidade da
universalidade das regras desportivas, é igualmente proeminente a cooperação
internacional entre as várias nações, para aquisição e trocas das vastíssimas
benfeitorias de experiências, saberes, culturas, aprendizagens, valores e
integração internacional.

O artigo 11º, nº 1 da LBAFD refere que “no sentido de incrementar a


cooperação na área do desporto, o Estado assegura a plena participação
portuguesa nas instâncias europeias e internacionais”, com natural privilégio,
como prescrito no número 3º, pelo “intercâmbio desportivo com países de
língua portuguesa, em particular no quadro da Comunidade dos Países de
língua Portuguesa”.

Bem como pela implementação de “programas desportivos vocacionados


para as comunidades portuguesas estabelecidas em outros países, com vista ao
desenvolvimento dos laços da sua comunidade de origem”, conforme o
apontado na parcela 4º, pretendendo-se pela legislação a defesa da língua, do
património cultural, da competitividade de quem fala português perante o
mundo e de uma identidade única forte.“O Estado” pelo número 2º,
“estabelece” assim “programas de cooperação com outros países e dinamiza o
intercâmbio desportivo internacional nos diversos escalões etários”.

Deixamos para o fim outra matéria que o legislador entendeu, na nossa visão,
bem, desenvolver no actual diploma, nomeadamente a que concerne aos apoios
financeiros. No âmbito da anterior legislação, só as federações desportivas
dotadas do estatuto de utilidade pública desportiva poderiam ser, formalmente,
objecto de subsídios, comparticipações financeiras e empréstimos públicos,
preceito este resultante do artigo 65º da legislação anterior. Ora, no actual

28
texto, prevê-se o alargamento das comparticipações financeiras a certos
eventos desportivos e especifica-se taxativamente quais órgãos da
Administração Pública que podem subsidiar os clubes e eventos.

Diz-nos a cláusula 46º, que regula as ajudas financeiras estatais, de que


poderão pelo seu preceito 1º, “beneficiar as associações desportivas, bem
como os eventos desportivos de interesse público reconhecidos” pelo Estado,
podendo “os clubes participantes em competições desportivas de natureza
desportiva profissional” também serem destinatários se as verbas concedidas
forem afectas “à construção ou melhoramento de infra-estruturas ou
equipamentos desportivos com vista à realização de competições desportivas
de interesse público”, igualmente reconhecidas, de acordo com o número 2,
sendo nos termos do parágrafo 3 e artigo 47º, “tituladas por contratos-
programa de desenvolvimento desportivo”.

Ora, nos demais números deste artigo, legislam-se as formalidades a que deve obedecer
este apoio, nomeadamente à celebração dos contratos programa, os quais são previstos
no nº3 e desenvolvidos na disposição subsquente. Uma mudança relevante do ponto de
vista legislativo, que importa referir, é a alteração do modo de como podem ocorrer estas
comparticipações.

Assim, ainda que na anterior legislação se pudesse estabelecer a celebração de contratos-


programa de desenvolvimento desportivo no artigo 66º do diploma, equiparado ao artigo
47º da actual legislação, não se estatuía expressamente que os apoios financeiros só
poderia ter lugar por meio destes.

O nº3 do artigo 46º da actual lei não tinha disposição equiparada na legislação anterior,
não se prevendo, especificamente, de que modo deveriam ser tituladas as
comparticipações financeiras, ou, tão pouco, se deveriam ser tituladas! Não se tratava
contudo para nós verdadeiramente de uma lacuna, já que o legislador na anterior
legislação, ao deixar em aberto o modo e a forma que poderiam revestir estas

29
comparticipações financeiras, fê-lo exactamente pela natureza diversa que as mesmas
poderiam assumir, consequência da especificidade deste tipo de subsidiação.

Mas esta margem de discricionariedade veio, porém, permitir todo a espécie de abusos e
subversões da finalidade a que se destinavam estes subsídios, chegando-se a assistir à
atribuição de ‘subsídios de natal aos clubes´. De modo a colmatar este tipo de abusos, o
legislador entendeu, a nossa ver acertadamente, subordinar a subsidiação à celebração dos
ditos contratos-programa de desenvolvimento desportivo, onde detalhadamente se define
a finalidade e as contrapartidas destes subsídios.

Outra novidade introduzida por este novo diploma foi o já mencionado nº2 do artigo 46º,
não existindo igualmente em diploma transacto qualquer espécie de disposição análoga a
esta, dando origem a uma lacuna em termos interpretativos da Lei. A potencial lacuna,
que poderia aqui estar presente, prendia-se pois com aquilo que se deveria entender por
‘interesse público’.

Os órgãos da Administração estão, como é sabido, subordinados à satisfação do interesse


público, nos termos do artigo 266º da CRP, sendo pois este o fundamento e finalidade da
sua actuação. Desta feita, as comparticipações financeiras a prestar ao fenómeno
associativo devem ter por único objectivo a prossecução do interesse público.

Quando os órgãos da Administração concedem um apoio financeiro para a promoção da


actividade desportiva para todos os cidadãos, dúvidas não se levantam quanto ao interesse
público subjacente a este apoio. Dúvidas porém se podem já levantar, quando estes
mesmos órgãos concedem um apoio financeiro a um clube profissional cuja principal
finalidade é o desenvolvimento do desporto profissional.

Nesta continuidade, eis a questão que se colocava em termos práticos: Até que ponto é
que a concessão de um apoio financeiro a um clube profissional prossegue o interesse
público?!, vindo o legislador por tal motivo, eliminar quaisquer dúvidas quanto àquilo
que se deveria entender por satisfação do interesse público, no âmbito da concessão de
subsídios aos clubes, consoante o já indicado na regulação do nº2 do artigo 46º.

30
A Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, em complementação e
pormenorização do definido na Constituição, goza de uma amplíssima
dimensão, atribuindo à Administração Pública no seu conjunto, um poder-
dever fundamental, na propagação da qualidade de vida e bem-estar da
população, pois a prática da actividade física e o desporto é um direito
indispensável de todo o cidadão, que lhe permite o aperfeiçoamento integral
das suas capacidades físicas, intelectuais e sociais, ocupando a actividade física
um papel essencial na obtenção de várias valias fulcrais para a qualidade de
vida e bem-estar do povo.

5. Políticas Públicas Desportivas 12


51. Introdução

O Desporto possui uma extraordinária importância na qualidade de vida e bem-


estar da população. Existem vários estudos que demonstram isso mesmo e
inúmeras normas13, incluindo constitucionais, que defendem o acesso da sua
prática a todos os cidadãos, independentemente das suas características
pessoais, sendo em muitas situações uma finalidade que cabe ao Estado
observar, directa ou indirectamente, com a correspondente colaboração da
iniciativa privada, quer para efeitos de puro lazer ou laborais.

Contudo, dado o seu relevo, actua igualmente como meio para alcançar outras
prioridades relevantes e que se não existir a real possibilidade de o praticar ou
de com ele estar relacionado, os outros benefícios são utópicos ou
condicionados. Se por exemplo uma criança não usufruir do desporto no
período do seu crescimento, certamente não desenvolverá a sua integral

12
Baseado num artigo escrito por Fernando Gaspar sobre as externalidades posítivas no desporto, publicado
em Dezembro de 2009 na Revista “Economia Pura” e fundamentado em estudos e conclusões realizados
pelo Conselho da Europa.
13
Tal como as Leis de Base supra discriminadas.
31
personalidade, pois não disporá na totalidade da inter-relação de uma
mobilidade corporal satisfatória, da aquisição de certas capacidades e normas
psíquicas, onde se incorpora o respeito pelo outro e pela verdade, nem a
facilidade de convívio ou do trabalho em grupo, e ainda a normalidade leal da
competitividade e concorrência.

O Desporto provoca portanto muitas externalidades positivas, directas ou


indirectas, isto é, efeitos positivos a terceiros que não participam da acção
provocada, actuando em algumas situações como instrumento para alcançar
certas finalidades e em outras como a própria meta.

Há no entanto que destacar a saúde e a segurança como externalidades


positivas verificadas. A prática frequente do desporto numa determinada área
melhora a vivência nesta a todos os níveis, combatendo várias doenças e
problemas físicos, incrementando a esperança de vida e a auto-confiança,
diminuindo a depressão, a obesidade e outras patologias psíquicas e ainda a
poluição e suas externalidades negativas (efeitos agora negativos que afectam a
tal qualidade de vida e bem-estar acima visto), com aumento final da
produtividade e consequentes receitas bem como diminuição dos custos com a
saúde, podendo os valores em causa serem direccionados para outros intuitos
necessários.

Outro ponto positivo é a redução do comportamento marginal dos jovens, que


conhecem outras formas de vida e adquirem os valores integrados no desporto,
o que os afasta da delinquência e consequentemente do problema da
toxicodependência, melhorando a saúde pública e a redução com os respectivos
encargos, com o resultante fomento da produtividade mas ainda com o
acréscimo da segurança e igualmente redução de despesas.

32
5.2. Valores do Desporto

Segundo Guimarães, Mário (2011)14, as inúmeras vertentes benignas do


desporto sintetizam-se em 4 vectores principais:

− No desenvolvimento global internacional, onde através da exposição mediática


actual, o desporto tem a capacidade de projectar uma imagem positiva dos países,
promovendo vantagens económicas e diplomáticas quando o sucesso corresponde
a valores éticos assumidos. Quando existe batota, corrupção e violência associada
ao desporto, pode provocar danos irreparáveis na reputação de uma região ou de
uns pais.

− Como valor social, o desporto promove a segurança das comunidades, beneficia


a saúde através da promoção de hábitos de vida saudáveis e é factor indissociável
de educação das crianças e jovens e ainda, através do voluntariado, ajuda a
implementar uma sociedade mais inclusiva e democrática.

− Como valor económico, o desporto tem grande relevância no consumo das


famílias, incentiva em grande escala o investimento público e privado, cria cada
vez mais postos laborais, empregando em crescendo um número cada vez maior
de pessoas e reduz o absentismo laboral.

− Como valor ambiental, o desporto favorece o combate à pressão imobiliária


urbana pela necessidade de utilização de espaços ao ar livre, promove o
aproveitamento dos espaços não utilizados ou degradados das cidades, melhora a
economia das zonas rurais associando o turismo às práticas desportivas e a

Guimarãres, Mário, Apontamentos das Pós Graduações de Direito do Desporto e Gestão Desportiva,
14

Universidade Lusófona, Lisboa, 2011.

33
exigência na utilização de novas tecnologias reduz o impacto ambiental nas novas
instalações desportivas.

5.3. Investimento Público no Desporto

É deste modo essencial a definição e aplicação de políticas públicas


desportivas, já que entre vários estudos, o investimento público no desporto é
largamente, pelos variadíssimos motivos invocados e já demonstrados ou ainda
a demonstrar neste trabalho, compensado e rentabilizado, pela redução de
inúmeros gastos (significando tal conceito que existe uma perda sem qualquer
beneficio), ampliação de produtividade e devido crescimento económico, bem
como e mais marcante, aquisição de qualidade de vida e bem-estar, alcançando
a meta principal a prosseguir pelo Estado e restantes entidades públicas,
estipulada pelo artigo 266º, nº1 da CRP, o interesse público.

Ao contrário do que muitas vezes acontece, as autoridades públicas não devem


considerar o “Desporto para Todos” como um custo mas sim como um
investimento, na medida em que ele proporciona uma melhoria significativa na
saúde individual e colectiva, benefícios sociais para as comunidades e
benefícios económicos para os países.15

O investimento público deve nestes termos ser distribuído entre o Estado e os


outros sujeitos de direito público, com ênfase para as autarquias locais, visto a
sua maior percepção das necessidades da sua comunidade e possibilidade de
maior controlo por parte das concernentes populações, ocupando as mesmas
um papel prioritário, obviamente em conformidade com a iniciativa privada
para ideal aproveitamento dos recursos existentes ou correcta resolução das
deficiências verificadas.

15
COI, Declaração de Quebec City, Canadá, 2000.

34
O investimento primacial deverá incidir sobre infra-estruturas apropriadas
(construção, manutenção, melhor utilização) que permitam o fácil acesso à
prática desportiva e com qualidade aos cidadãos, provocando motivação e
vontade de a efectuar regularmente e de desenvolver as suas aptidões, com a
oportunidade posterior dos que se destacarem, de ingressarem no “Alto
Rendimento”.

Designadamente através da formação desportiva dos mais jovens e ainda na


faculdade de atribuir a estes últimos que demonstrem capacidades superiores,
condições de excelência para expandirem as suas habilitações inatas até ao
limite, obtendo os melhores resultados para as suas entidades patronais ou
selecções e testarem constantemente as suas reais possibilidades físicas e
psíquicas.

Deverá ainda recair sobre a atribuição de condições aos próprios clubes ou


associações que se dediquem ao desporto competição, através de meios
adequados, caso por exemplo dos meios humanos e técnicos relacionados e
proporcionais ao investimento anteriormente referido. Não é proveitosa a
evolução de apenas um deles, sem a inter-relação do outro.

5.4. Os quatro vectores essenciais

Nestes termos, existem quatro vectores fundamentais que se complementam


entre si e que são indispensáveis para uma estratégia de sucesso relativamente
ao aperfeiçoamento correcto da prática desportiva, e que se coordenam
hierarquicamente nos seguintes moldes:

1) Política associativa; 2) Política de infra-estruturas; 3) Política de


formação e 4) Política de Alto Rendimento:

35
5.4.1. Política Associativa

Para que alguma organização consiga estruturar-se adequadamente é prioritário


definir o que se pretende, quais são as atribuições e competências, quem vai
fazer o quê e de que modo, qual a natureza em causa e as consequências,
positivas e adversas dos resultados, em suma, estabelecer uma missão,
objectivos gerais e estratégicos, projectos e indicadores e ainda a fiscalização
dos mecanismos de actuação.

É pois primacial esclarecer como o associativismo desportivo se organiza,


quem e como poderá realmente aceder à prática desportiva, qual a maneira de
melhor fomentar, estimular, orientar ou apoiar o desporto para todos, qual o
papel em concreto das entidades públicas e privadas, quem deve fazer o quê e
como se deve desenvolver a relação.

As várias entidades, em vez de desperdiçarem recursos escassos, deverão


decidir como os aproveitarão em seu beneficio mas igualmente em prol da
sociedade, deixando de cometer algumas loucuras que não possibilitarão o
retorno esperado, perdendo-se pormenores que poderiam ter sido efectivados e
que posteriormente e gradualmente permitiriam atingir proveitos parecidos ou
até superiores já que, quanto mais ordenado se encontrar o sistema desportivo
melhor será para as instituições e agentes que dele façam parte. Encontra-se
assim no topo da pirâmide porque se não houver uma metodologia precisa e
determinada, o restante falhará.

Pois como nos afirma Tenreiro, Fernando José Santos (2004)16, “para a
execução de uma política económica bem sucedida no domínio desportivo é
decisivo que o consenso sobre a crise, nas suas diferentes facetas, se estenda

16Tenreiro, Fernando José Santos, Políticas Públicas no Desporto – a abordagem económica [Artigo] // Povos e
Culturas nº9. – 2004, pp. 67-80.

36
às soluções que uma reforma do sistema conteria. As falhas económicas do
sistema são encontradas na ineficácia dos programas das instituições públicas
que actuam no sistema desportivo, na ineficácia e ineficiência económica dos
instrumentos e medidas de política e na ausência de equidade do acesso ao
bem desportivo pela população e pela sociedade”.

5.4.2. Política de Infra-Estruturas

Depois de decidida a estratégia e respectiva organização, é necessário decidir a


distribuição generalizada e harmónica das infra-estruturas. Já conhecemos a
relevância das mesmas e é fundamental o acesso fácil de qualquer cidadão que
queira praticar determinado desporto, aos equipamentos sociais relacionados
com este e com as condições, tal como dimensões, localização, piso entre
outros apetrechos que transmitam prazer em executar a actividade física
desejada e que atraiam o maior número de praticantes.

O ponto de partida por parte de uma pessoa para o desenvolvimento de certo


comportamento, deve-se a maioria das vezes à disponibilidade daquilo que se
encontra ao seu redor e que poderá utilizar e não concretamente às suas
capacidades, ficando as mesmas normalmente dependentes do meio envolvente
usufruído, visto que se a vocação inata puder ser aprofundada, será possível
lograr os patamares ambicionados e se houver oportunidade, mais elevados e
competitivos mas se tal não acontecer perde-se um talento.

Um dos motivos para incremento ou não das habilidades está imediatamente


relacionado com as infra-estruturas e portanto, terá que existir uma
diversificação descentralizada de vários equipamentos desportivos para o real
gozo e acréscimo de aptidão.

É fulcral desta forma, permitir que todos os cidadãos consigam praticar o que
querem em infra-estruturas proporcionais e não em imitações, não devendo o
acesso da conjuntura a qualquer interessado na prática desportiva ser distante

37
da realidade. Aliás, quantos mais cidadãos aprofundarem uma actividade física
na matriz exacta, maior será a oportunidade de excederem os limites e maior
será a oportunidade de se descobrirem novos valores.

Contudo e obviamente, aqueles que demonstrarem posteriormente proficiência


para dedicação principal a resultados profissionais, deverão gozar de um
acompanhamento mais aprofundado, ocupando novamente as infra-estruturas
uma função essencial, concluindo-se pois que é capital uma política
consolidada e conexa de infra-estruturas e equipamentos desportivos para a
prática da aprendizagem e formação bem como para o Alto Rendimento, pois
sem elas e sua indispensável relação, será mais uma vez frustrado o
desenvolvimento da prática desportiva.

5.4.3. Política de Formação

Uma das formas de atrair pessoas para a prática desportiva é sem dúvida, além
de uma boa organização, o equipamento social adequado de fácil acesso a
quem dele queira usufruir. Todavia, é necessário motivar os cidadãos e
especialmente as crianças e os jovens, demonstrando que o desenvolvimento
do desporto é um modo de diversão, lazer, experiência lúdica e um meio de
convívio onde se estreitam relações e onde se liberta a tensão do dia a dia.

É importante ainda evidenciar que existe um acompanhamento técnico e


humano, que corrige as deficiências que vão surgindo e que incentive a
evolução física e psicológica consoante as necessidades e aspirações
individuais de quem se exercita, de modo a tornar motivador a correspondente
dedicação, com as consequências positivas analisadas neste trabalho e com a
oportunidade de aprender e evoluir com os instrumentos adequados, devendo
ser possível dispor ainda da faculdade de aprofundar e comprovar as suas
capacidades inatas e adquiridas num grau mais elevado, se para tal houver
interesse e aptidão.

38
Será inclusivamente indispensável a diversidade de acesso aos mais variados
desportos, desde os tradicionais como outros mais radicais ou relacionados
com a natureza e a facilidade de conciliação com as outras actividades,
profissionais, familiares, pessoais e até de descanso ou entretenimento, onde é
salutar o uso das situações usuais do dia a dia para introduzir o desporto e
enquadrar o mesmo como um hábito corrente como comer, respirar ou dormir,
mas onde se perceba que o bem-estar e a qualidade de vida depende em boa
parte da sua rotina.

É essencial também que as políticas de formação sejam direccionadas a todo o


meio envolvente, começando pelas escolas e passando pelo bairro onde se
mora, o trabalho onde se labora, aos pais e filhos, aos amigos e aos irmãos, de
modo a que naturalmente exista uma vontade de conciliar uma actividade
desportiva como sinónimo de identidade e ainda que seja usual alguma
competitividade, mesmo que rudimentar, para ameaçar ludicamente os limites
e incentivar a ética e o espírito de equipa, o combate às dificuldades e
comodismos, melhorando necessária e integralmente a personalidade e a
integração na sociedade e nas situações da vida.

5.4.4. Políticas de Alto Rendimento

Por fim e após a respectiva evolução das anteriores políticas, aqueles que
demonstrarem capacidades superiores deverão poder usufruir de oportunidades
para desenvolverem as suas aptidões, sendo prioritárias políticas públicas que
incentivem as entidades que se dediquem ao desporto de Alto Rendimento a
apostar nos novos talentos, em desprimor de estrangeiros com qualidade
duvidosa.

Bem como a existência de normas e fiscalização adequada que possibilite a


entrada de outros agentes desportivos que melhorem os níveis competitivos
existentes mas que igualmente impeçam aqueles que apenas prejudicarão a
expansão de nacionais com atributos, que nunca gozarão de hipóteses de

39
afirmação, com perdas de confiança não só deles mas consequentes a possíveis
candidatos que nem se dedicam ao incremento das faculdades inatas porque tal
dedicação à partida não trará proveitos futuros, com desperdícios de atletas de
topo que muito antes de tempo desistem deste ensejo.

Os benefícios comprovados do arriscar em políticas públicas de Alto


Rendimento dividem-se principalmente em dois efeitos, o “bandeira” e o
“exemplo”. O primeiro transforma a entidade respectiva em referência da
região em causa, mobilizando as populações e atraindo mais pessoas e
empresas, através do aumento o turismo, do investimento empresarial e da
construção de infra-estruturas e habitações, provocando melhor qualidade de
vida e bem-estar.

Um dos motivos essenciais por exemplo da evolução da região da Madeira


deveu-se ao investimento dos clubes madeirenses, com destaque para o
Marítimo, que possibilitou a deslocação de muita gente que não o faria de outro
modo, tendo inclusivamente se verificado uma queda de receitas no
Arquipélago dos Açores quando o mesmo ficou sem equipas na primeira
divisão de futebol, que tinham subido aquando tal ingresso.

O segundo, nomeadamente o ”efeito exemplo” proporciona que se certo


desporto, equipa ou agente desportivo adquirem sucesso, se assista a um
incremento da prática do desporto em questão e tendo em conta as teorias
económicas da oferta e procura, quanto mais interesse e praticantes houver,
maior será o desenvolvimento da actividade física em causa, mais praticantes
aparecerão, melhorará a construção ou manutenção de infra-estruturas
relacionadas e portanto serão mais facilmente obtidos os vários benefícios e
externalidades positivas pretendidos, consentindo a ampliação e
aperfeiçoamento do “Desporto para Todos”.

Veja-se o caso do Rugby quando a Selecção Portuguesa obteve uma brilhante


participação no Campeonato do Mundo da modalidade ou o interesse no

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futebol pelo mediatismo que este possui e ainda mais carismático, o de Usain
Bolt, o atleta jamaicano. Aliás, Bolt fez muito pelo atletismo ao tornar-se uma
pop star (Álvaro Costa, 2012) 17.

Um dos modos de relacionar as várias políticas públicas seria a colaboração


prioritária entre Autarquias Locais e as entidades desportivas, da criação de
equipas secundárias para a prática das várias modalidades desportivas nos
vários clubes, com as condições proporcionadas aos planteis principais, para
que todos aqueles que queiram consigam usufruir das mesmas em condições
ideais, com torneios próprios e treinos organizados com as primeiras equipas
referidas e onde as entidades públicas e as instituições desportivas, no caso do
lançamento de um dos ditos praticantes para o “desporto de alto rendimento”,
receberiam uma divisão dos rendimentos alcançados18.

Como verificado, os quatro vectores encontram-se integralmente relacionados


num ciclo continuado e a sua correcta inter-relação e aplicabilidade
constituirão proveitos para todos os intervenientes, desde as entidades públicas
às privadas, que interpretarão impecavelmente as suas competências e atingirão
as suas atribuições, com possíveis bonificações monetárias.

Tal como para os cidadãos, que gozarão efectivamente de um dos princípios


fundamentais “Jus Cogens” da busca da felicidade, melhorando os seus
hábitos de vida e do seu meio envolvente, possibilitando ainda a quem o
pretenda e disponha de capacidades, o desenrolar da actividade física predilecta
como profissão, adquirindo ganhos para si, para quem apostou nele e para a
própria região e território português, com o incremento da modalidade através
do “efeito exemplo”.

17 Reportagem divulgada na estação de televisão “RTP Informação” no decorrer dos Jogos


Olímpicos de 2012 em Londres e datada de 11 de Agosto de 2012..
18
Furtado, M., Direito ao Desporto e Gestão da Formação no Futebol, Clube de Alverca,
Universidade de Extremadura, 2003.
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Contudo e infelizmente, apesar das vantagens do desporto parecerem
axiomáticas, o mesmo tem habitualmente por meros motivos de desconfiança
da sua indispensável relevância, mais do que relativamente a outras políticas
com benefícios inferiores e não apenas equiparados como os restantes pilares
fundamentais, que encarar o normal desafio de conseguir justificar
constantemente o porquê da razão da importância do investimento em recursos
públicos neste, com probabilidades elevadas de desvirtuação dos resultados,
por existirem muitas ocasiões onde é necessário manter medidas que atribuam
mais votos ou por não se conhecer em concreto o que se pretende.

Bibliografia

COSTA, Álvaro, “Reportagem”, “RTP Informação” , 11 de Agosto de 2012

FURTADO, Miguel, Direito ao Desporto e Gestão da Formação no Futebol,


Clube de Alverca, Universidade de Extremadura, 2003

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Dezembro 2009

GUERREIRO, Emídio, “Declarações”, Jornal “O Jogo”, 26 de Junho de 2013

GUIMARÃES, Mário, Apontamentos das Pós Graduações de Direito do Desporto e


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OLIVEIRA, José Alípio de, Política de Financiamento do Sistema Desportivo,


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ROCHE, Fernando Paris, Planificacion y Dirección Estratégica en Entidades e Centros


Deportivos: Manual del Aluno, Lisboa – Portugal, 2002

ROCHE, Fernando Paris, La Planificacion Estratégica en Las Organizaciones


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TENREIRO, Fernando José Santos, Políticas Públicas no Desporto – a abordagem


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