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RESUMO:
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Mestre em Ciência Jurídica (Univali). Especialista em Direito do Trabalho e
Previdência Social (Univali). Atuou como Professor de graduação, pós-graduação e
MBA. Atuou como Coordenador de Curso de Direito, Coordenador de Núcleo de
Prática Jurídica e Coordenador de Trabalho de Conclusão de Curso, atuou como
advogado de Núcleo de Prática Jurídica. Professor autônomo de disciplinas e
advogado trabalhista.
ABSTRACT: In the day-to-day system of inspection of companies by the Labor
Tax Auditor, consideration should be given to the need for action according to
the constitution, in the sense of a first action of instruction, for only after a
punishment action, that is, the action AFT's current law violates the collective
constitutional right (C. 81 of the ILO), in addition to the constitutional
principles, which were acquired in an expensive way (end of the period of
exception with CF/88) of solidarity, isonomy, efficiency, reasonableness , of
proportionality and strong to bring to the surface of the day to day, the dignity
of the human person of equality.
1 – Introdução
Mas esse olhar, inobstante o volume diário de ocorrências, deve ser com
reflexão em todo o sistema jurídico, pois a ideia muitas vezes é a de que somos
estivadores do direito, conforme se refere o Ministro do Supremo Tribunal
Federal Marco Aurélio (Reportagem veiculada na revista IstoÉ, em 1/2/2008).
“Você quer fazer uma reflexão, mas não pode deixar o processo na prateleira
para amadurecer a idéia. É vapt-vupt. Hoje não somos julgadores, somos
estivadores.2”
2
http://portal.stf.jus.br/hotsites/minmarcoaurelio/
os de que determinada matéria carecia de letra em formato de lei. Mas diante
da inércia desses Poderes, foi, paulatinamente o STF mudando seu
entendimento, passando para uma posição concretista, e hoje, existe no
ordenamento jurídico a Lei 13.300/2016.
Com esse proêmio, passa a expor. Na tábua rasa do dia a dia, existem
dois tipos de empresas. As contumazes, e as demais. Trazendo essa ideia para
o campo jurídico, tem as que são constantemente autuadas, infratoras
contumazes, seja do mesmo ato jurídico/ reincidente ou não. A essas o
tratamento dispensado deve ser diferente, por expressa aplicação do
princípio constitucional da igualdade, ou seja, de tratar igualmente os
iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade.
3
Brasil, Presidente, Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, Brasília, 1995,
p. 10. http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/publicacoes-
oficiais/catalogo/fhc/plano-diretor-da-reforma-do-aparelho-do-estado-1995.pdf
Acessado em 25/05/2021.
4
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Processo administrativo disciplinar, p. 218 e ss.
Ademais, nosso ordenamento jurídico vem sendo atualizado no sentido
de uma visão constitucional e não mais setorial. Os ramos do direito (civil,
penal, processual, tributário, trabalhista e demais) passam a ter como norte a
ordem constitucional. É a constitucionalização do direito. É a unificação em
um sentido único, o constitucional cooperativo.
Assim, as normas não são mais interpretadas tão somente com base na
hierarquia das leis e em seus institutos e princípios, e sim com o brilho da
constituição federal e seus princípios, e sob um enfoque de cooperação das
nações.
5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
Então, sob o enfoque atual, constitucional cooperativo, o fato gerador
para a ocorrência da autuação quando de uma fiscalização, é se a empresa é
infratora contumaz do mesmo ato jurídico, ou promova ato que dificulte a
fiscalização, é empresa que atua na má-fé. Assim, a função primeira da
entidade fiscalizadora deve passar a ter conotação de orientação. Que
inclusive é mais eficaz na proteção ao trabalhador (dignidade da pessoa
humana) e ao sistema econômico brasileiro, em vez da aplicação direta da
multa.
“(...)
a Constituição Brasileira de 1988 constitui o marco
jurídico da transição democrática e da institucionalização dos
direitos humanos no Brasil. O texto de 1988, ao simbolizar a
ruptura com o regime autoritário, empresta aos direitos e
garantias ênfase extraordinária, situando-se como o documento
mais avançado, abrangente e pormenorizado sobre a matéria, na
história constitucional do país6.” (Sem grifos no original)
6
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista3/rev6.htm
7
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=595444
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§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte.
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§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Nessa toada, e partindo de atuais princípios constitucionais, os quais
devem ser obrigatoriamente observados, verifica-se do contido no Decreto
10.088 de 05/11/2019, que promulgou a Convenção n. 81 da OIT, deixando de
ser somente uma norma alienígena e sim de aplicação interna, veja-se do art.
3º desse Decreto:
“Artigo 3º
1 - O sistema de inspeção de trabalho será encarregado:
a) de assegurar a aplicação das disposições legais relativas
às condições de trabalho e à proteção dos trabalhadores no
exercício de sua profissão, tais como as disposições relativas à
duração do trabalho, aos salários, à segurança, à higiene e ao
bem-estar, ao emprego das crianças e dos adolescentes e a outras
matérias conexas, na medida em que os inspetores são
encarregados de assegurar a aplicação das ditas disposições; (Sem
grifos no original)
b) de fornecer informações e conselhos técnicos aos
empregadores e trabalhadores sobre os meios mais eficazes de
observar as disposições legais; (Sem grifos no original)
c) de levar ao conhecimento da autoridade competente as
deficiências ou os abusos que não estão especificamente
compreendidos nas disposições legais existente.
2 - se forem confiadas outras funções aos inspetores de
trabalho, estas não deverão ser obstáculo ao exercício de suas
funções principais, nem prejudicar de qualquer maneira a
autoridade ou a imparcialidade necessárias aos inspetores nas
suas relações com os empregadores.” (Sem grifos no original)
Assim, de início, tem que é essência e função principal da inspeção do
trabalho, assegurar a aplicação das disposições legais, de fornecer
informações e conselhos técnicos, sobre os meios mais eficazes de observar
as disposições legais relativas às condições de trabalho e à proteção dos
trabalhadores no exercício de sua profissão.
“Artigo 5º
A autoridade competente deverá tomar medidas
apropriadas para favorecer: (Sem grifos no original)
a) a cooperação efetiva entre os serviços de inspeção, de
uma parte, e outros serviços governamentais e as instituições
públicas e privadas que exercem atividades análogas de outra
parte;
b) a colaboração entre os funcionários da inspeção do
trabalho e os empregadores e os trabalhadores ou suas
organizações.”
(Sem grifos no original)
“Artigo 13
1. Os inspetores de trabalho serão autorizados a
providenciar medidas destinadas a eliminar defeitos encontrados
em uma instalação uma organização ou em métodos de trabalho
que eles tenham motivos razoáveis para considerar como ameaça
à saúde ou à segurança dos trabalhadores. (Sem grifos no
original)
2. A fim de estarem aptos a provocar essas medidas, os
inspetores terão o direito, ressalvado qualquer recurso judiciário
ou administrativo que possa prever a legislação nacional, de
ordenar ou de fazer ordenar: (Sem grifos no original)
a) que sejam feitas nas instalações, dentro do prazo de um
prazo fixo, as modificações necessárias a assegurar a aplicação
escrita das disposições legais concernentes à saúde e à segurança
dos trabalhadores. (Sem grifos no original)
b) que sejam tomadas imediatamente medidas executivas
no caso de perigo iminente para a saúde e a segurança dos
trabalhadores.
3. Se o procedimento fixado no § 2º não for compatível
com a prática administrativa e judiciária do Membro, os
inspetores terão o direito, de dirigir-se à autoridade competente
para que ela formule prescrições ou faça tomar medidas de efeito
executório imediato.”
“Artigo 17
10
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista3/rev6.htm
normas do ordenamento jurídico nacional. (Sem grifos no
original)
É neste contexto que há de se interpretar o disposto no
artigo 5º, § 2º do texto, que, de forma inédita, tece a interação
entre o Direito Brasileiro e os tratados internacionais de direitos
humanos. Ao fim da extensa Declaração de Direitos enunciada
pelo artigo 5º, a Carta de 1988 estabelece que os direitos e
garantias expressos na Constituição "não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte". A Constituição de 1988 inova, assim, ao incluir,
dentre os direitos constitucionalmente protegidos, os direitos
enunciados nos tratados internacionais de que o Brasil seja
signatário. Ao efetuar tal incorporação, a Carta está a atribuir
aos direitos internacionais uma natureza especial e
diferenciada, qual seja, a natureza de norma constitucional.”
(Sem grifos no original)
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https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=595444
“Portanto, diante do inequívoco caráter especial dos
tratados internacionais que cuidam da proteção dos direitos
humanos, não é difícil entender que a sua internalização no
ordenamento jurídico, por meio do procedimento de ratificação
previsto na Constituição, tem o condão de paralisar a eficácia
jurídica de toda e qualquer disciplina normativa
infraconstitucional com ela conflitante.
(...)
Nesse sentido, é possível concluir que, diante da
supremacia da Constituição sobre os atos normativos
internacionais, a previsão constitucional da prisão civil do
depositário infiel (art. 5o, inciso LXVII) não foi revogada pelo
ato de adesão do Brasil ao Pacto Internacional dos Direitos Civis
e Políticos (art. 11) e à Convenção Americana sobre Direitos
Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7o, 7), mas
deixou de ter aplicabilidade diante do efeito paralisante desses
tratados em relação à legislação infraconstitucional que disciplina
a matéria, incluídos o art. 1.287 do Código Civil de 1916 e o
Decreto-Lei n° 911, de 1o de outubro de 1969.” (Sem grifos no
original)
“(...)
Como é sabido, a doutrina identifica como típica
manifestação do excesso de poder legislativo a violação ao
princípio da proporcionalidade ou da proibição de excesso
(Verhältnismässigkeitsprinzip; Übermassverbot), que se revela
mediante contraditoriedade, incongruência, e irrazoabilidade ou
inadequação entre meios e fins. Uma lei será inconstitucional,
por infringente ao princípio da proporcionalidade ou da
proibição de excesso, diz o Bundesverfassungsgericht, "se se
puder constatar, inequivocamente, a existência de outras
medidas menos lesivas". Portanto, a doutrina constitucional mais
moderna enfatiza que, em se tratando de imposição de restrições a
determinados direitos, deve-se indagar não apenas sobre a
admissibilidade constitucional da restrição eventualmente fixada
(reserva legal), mas também sobre a compatibilidade das
restrições estabelecidas com o princípio da proporcionalidade.
Essa orientação, que permitiu converter o princípio da reserva
legal (Gesetzesvorbehalt) no princípio da reserva legal
proporcional (Vorbehalt des verhältnismässigen Gesetzes),
pressupõe não só a legitimidade dos meios utilizados e dos fins
perseguidos pelo legislador, mas também a adequação desses
meios para consecução dos objetivos pretendidos (Geeignetheit) e
a necessidade de sua utilização (Notwendigkeit oder
Erforderlichkeit). O subprincípio da adequação (Geeignetheit)
exige que as medidas interventivas adotadas mostrem-se aptas a
atingir os objetivos pretendidos. O subprincípio da necessidade
(Notwendigkeit oder Erforderlichkeit) significa que nenhum meio
menos gravoso para o indivíduo revelar-se-ia igualmente eficaz
na consecução dos objetivos pretendidos. Em outros termos, o
meio não será necessário se o objetivo almejado puder ser
alcançado com a adoção de medida que se revele a um só
tempo adequada e menos onerosa.
Um juízo definitivo sobre a proporcionalidade da medida
há também de resultar da rigorosa ponderação e do possível
equilíbrio entre o significado da intervenção para o atingido e os
objetivos perseguidos pelo legislador (proporcionalidade em
sentido estrito).” (Sem grifos no original)
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https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao7982020.pdf
13
https://jornaldocarro.estadao.com.br/servicos/justica-proibe-radar-oculto/
constitucional da igualdade, ou seja, tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade – infratores
contumazes.
É que:
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https://www.consumidormoderno.com.br/2017/04/27/eficacia-multas-metodo/
15
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=595444 na p.
85.
Em agindo assim, não há que se falar em infração a ato
administrativo vinculado pelo AFT, nos termos do art. 628 da CLT e sua
penalização/responsabilização, pois, nos exatos termos, constitucional
cooperativo (Convenção n. 81 da OIT), o AFT tem dever legal constitucional,
de primeiro e sem ressalvas, de orientação, e para tanto, inclusive promover a
abertura do Termo de Compromisso, e caso esse não seja cumprido, promover
a autuação do infrator, e, sendo o caso de prejuízos coletivos, encaminhar ao
Ministério Público do Trabalho, ou seja, em outros termos, o meio não será
necessário se o objetivo almejado puder ser alcançado com a adoção de
medida que se revele a um só tempo adequada e menos onerosa16.
16
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=595444
Tal caráter educativo, inclusive, constitui um dos pilares do Decreto n.
55.841/65, o qual aprovou o regulamento da inspeção do trabalho e em seu art.
18, atribui aos agentes da inspeção do trabalho o dever de “dar conselhos
técnicos, orientar empregadores e empregados no cumprimento da
legislação trabalhista”.
Diante de tal premissa, tem-se que a atuação correta dos agentes é, antes
da penalização abrupta, tal como ocorre no presente caso, a orientação acerca
das eventuais inobservâncias constatadas para, caso não ocorra a sua
regularização, aí sim penalizar o empregador não cioso.
Diante de tal premissa, tem-se que a atuação correta dos agentes é, antes
da penalização abrupta, tal como ocorre no presente caso, a orientação acerca
das eventuais inobservâncias observadas para, caso não ocorra a sua
regularização, aí sim penalizar o empregador não cioso.
3- Conclusões
rascunho
4 - Referências bibliográficas.