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Contabilidade

financeira
Lucro e prejuízo

Rendimento positivo Rendimento negativo

Conteúdos:
Exemplo: compra de um Exemplo: compra de
1) introdução e contabilidade automóvel por 100.000 e um automóvel por
2) harmonização contabilista venda por 120.000 100.000 e venda por
3) estrutura conceitual Lucro= 20.000 menos de 100.000 ou
não venda
4) sistema de informação consabilística
S) demonstração financeira
6) dividas e recetores
7) dividas e pagar Contabilidade interna: de custos e/ou gestão

Avaliação contínua: Contabilidade externa/financeira: registro fluxos do


Participação - 5% meio envolvente
Fichas (semana 16 a 20/10/2023) - 15%
Teste intermedio (4/11/2023) - 40% !
Importante
Teste final (16/12/2023) - 40%
Final - 100%.
Reconhecimento → elementos fundamentais da
contabilidade que serão modificados
Bibliografia
Kieso- financial acourting
Libby- financial acourting Mensuração ou valorização → valor de
custo(ativo)
Harmonização → processo existe e tenta
esbater as diferenças entre as normas e regras
Aquisição: 1) aquisição ao fornecedor Normalizacão → processo de emissão de
2) pagamento normativas contabilística (objetivo de uniformizar
a pratica contabilística)
Venda: Divida ao recetor

Contabilidade em termos temporal


Adquirir bens = 100.000 Período - passado - futuro
Fornecedor: + 100.000 (a pagar)

Venda: 120.000
Divida a receber: +120.000 Base de acréscimo: Contabilidade financeira →
recebimentos e gastos
A receber do cliente: 120.000
A pagar ao fornecedor: 100.000 Base de caixa: recebimentos e pagamentos
Lucro: 20.000

Rendimentos gerados - gastos

Valor de custo: é o valor da aquisição do


produto + impostos não dedutivos* +
gastos necessários*

*IVA, alfândega,
transportes...
Registrar determinado facto ou evento na
Operações, transações, acontecimentos, eventos contabilidade financeira:

• Modificações que ocorrem nos elementos


muscle

fundamentais da contabilidade
Classificação e menstruação da informação financeira
Ativos
Passivos
-

Capital próprio
Reconhecimento registro e síntese da informação financeira
/

Rendimentos
Gastos

Te

• Atribuição de valor
Apresentação da informação financeira
Exemplo:
1) constituição (criação de empresa)
2) Aquisição de bens
aut

Tomada de decisão pelos utilizadores 3) venda da viatura

Ativo - passivo = capital próprio


Ativo = passivo + capital próprio

Orgãos :
Portugal SNC → sistema de normação contabilistica

O
Angola • CNC → comissão de normalização contabilistica (PT)
80%
NCRF → normas conhabilísticas e relatos financeiros
A
• SFAS→ statement of financial accounting standard (EUA)
C FASB → financial accounting stades board
• IASB → international accounting standard board (interna.)
Capital 100% → sócio "A" &

em
IAS/IFRS → normas internacionais de relato financeiro
80% do capital é da empresa A
20% do capital é da empresa B
90%

90% é da empresa A
e

10% → outros sócios


20%
-

Espanha

Ativos passivos capital gastos rendimento


próprio
0 0 0 0 0
Início ↳

1 -constituição 100.000 0 100.000 0 0


g

2- aquisição 100.000 50.000 100.000 0 0


P

(150.000-50.000 +
3-venda 140.000) 50.000. 190.000 140.000. 50.000
240.000

Resultado = 90.000
Ativos passivos capital gastos rendimento
próprio
0 0 0 0 0
Início
1 -constituição 100.000 0 100.000 0 0

2- aquisição 100.000 50.000 100.000 0 0


(150.000-50.000 +
3-venda 140.000) 50.000. 190.000 140.000. 50.000
240.000

Resultado = 90.000

Lucros Pequenas Médias

Total ativos

Total de volume
dos negócios

Num grupo económico, o melhor é seguir as mesmas normas comabilísticas (que estejam no espaço económico europeu )

Na empresa 'A" durante o feriado ocorreram as seguintes transações:

1 - compra de mercadorias "m" ao fornecedor "x" pela quantia de 100.000


2- venda da mercadoria "m" ao cliente “ C” pela quantia de 150.000
3- recebimento do cliente de ponto 2 a quantia de 120.000
4- pagamento ao fornecedor do posto 1 a quantia de 80.000

Ativos passivos capital gastos rendimento


próprio
1- aquisição + 100.000 100.000

+ 150.000
2- venda 100.000 150.000
- 100.000

+ 120.000
3- recebimento -120.00

4- pagamento -80.000 -80.000


Capítulo 1- Introdução à Contabilidade

Utilidade e definição de contabilidade Gestores

Outros
Investidores
Na interação entre uma Entidade e os agentes envolventes,
estes necessitam de informação financeira útil para a tomada de
decisão
Empregados Entidade Financiadores

A Contabilidade é o sistema de informação que tem como


função o desempenho de todas as atividades necessárias para a
prestação dessa informação financeira útil à tomada de decisão Estado Clientes

dos utilizadores
Fornecedores

Operações Reconhecimento,
Classificação e Tomada de
Transações Registo e Síntese Apresentação do
Mensuração da Decisão pelos
Acontecimentos da Informação Relato Financeiro
Informação Financeira Utilizadores
Eventos Financeira

A contabilidade procede à classificação, mensuração, reconhecimento, registo e síntese da seguinte informação financeira(IF’s):

Fluxos económicos • Rendimentos


Economia • Gastos

• Receitas (obrigações ) Dividas a receber


IF’s Fluxos financeiros
Financiamentos • Despesas ( obrigações) Dívidas a pagar
(recebido, concebido)

Fluxos monetários • Recebimentos


• Pagamentos
Monetário
(Língua não corrente)

Subdivisão da Contabilidade

comunica informação financeira útil à


tomada de decisão dos utilizadores
Contabilidade Financeira (Externa ou Geral)
externos à entidade (ex: investidores,
financiadores, etc.)

Contabilidade

comunica informação financeira


Contabilidade de Gestão (Interna, de Custos ou Analítica) útil à tomada de decisão dos
utilizadores internos à entidade
(ex: gestores)
Harmonização Contabilística vs. Normalização Contabilística

Harmonização Contabilística Normalização Contabilitica


Consiste no processo de convergência (ou redução das Consiste no processo de emissão de normativos contabilísticos
divergências) dos normativos e práticas contabilísticas (normas, regras, interpretações, etc.)

Tem como objetivo principal a comparabilidade da Tem como objetivo principal a


informação financeira uniformização da prática contabilística

Expectativa Crescimento Limitações dos


Mercados Internos Os principais organismos de normalização contabilística com
Económico
influência, direta ou indireta, na normalização (nacional) são:
• International Accounting Standards Board (IASB):
Proporciona um corpo normativo de elevada qualidade aplicável
em qualquer país.
Globalização dos Mercados Responsável: International Accounting Standards / International
Financial Reporting Standards (IAS/IFRS)

• Comissão de Normalização Contabilística (CNC)


É o principal organismo responsável pela emissão de normativos
Barreiras Internacionalização dos Negócios
contabilísticos aplicáveis à generalidade das entidades em Portugal:
1- Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)
2- Norma Contabilístico e de Relato Financeiro para as Pequenas Entidades
Coexistência de diferentes normativos e práticas contabilísticas a nível
internacional, o que:
(NCRF-PE)
- Dificultava operações de internacionalização de grupos 3- Norma Contabilística para as Microentidades (NC-ME)
multinacionais
Aduaneiras
-Desincentivava operações de fusão transnacionais 4- Norma Contabilística e de Relato Financeiro para as Entidades do Setor
Outros -Onerava a obtenção de informação financeira a operar noutro país
em moldes equiparáveis Não Lucrativo (NCRF-ESNL)
Monetários 5-Normas de Contabilidade Pública (NCP)

Organismos responsáveis pela normalização contabilística em


Portugal:
-Banco de Portugal (BdP)– regula o setor bancário e define o
Custos de
Contexto normativo contabilístico aplicável nesse setor
-Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF)
– regula o setor segurador e define o normativo contabilístico
Harmonização
Comparabilidade Investimento aplicável nesse setor
Contabilística
Informação Financeira Transnacional -Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) – regula o
Internacional

funcionamento da “bolsa de valores” e pode estabelecer normas


com reflexo nas práticas contabilísticas das entidades “cotadas na
Custo bolsa”
Financiamento
Utilidade de
informação financeira

Evolução do Processo de Harmonização Contabilística

O processo de Harmonização Contabilística Internacional iniciou-se na década de 60, tendo progressivamente adquirido
maior relevo, e ainda se encontra em curso nos dias de hoje

1ª Fase( 1977- 1988) 2ª Fase (1989-1991) 3ª Fase (1992 -2002) 4ª Fase (desde 2002) 5ª Fase
•Aprovação do Plano •Entrada de Portugal para •Emissão de • 2003: apresentação “Projeto de Linhas •A partir de 2015
Oficial de Contabilidade a U.E., foi adaptado o Diretrizes Orientadora para um Novo Modelo de •Alterações ao SNC, com
(POC/78) POC/78 à 4a e 7a Diretiva Contabilísticas Normalização Contabilística” o intuito de garantir a
•Baseado no Plano de •Em 1989, o POC/78 foi (DC) baseadas • 2004: transposição das 4a e 7a Diretivas conformidade com a
Contas de França substituído pelo POC/89 nas IAS/IFRS, • 2005: transposição do Regulamento que Diretiva que introduziu
(regras e não em 1a Fase •Em 1991 procedeu-se à pela reformulação obriga as empresas cotadas a adotar IAS/IFRS simplificações e redução
princípios) transposição da 7a do POC/89 • 2007: apresentação da Sistema de de custos no processo de
Diretiva para o POC/89 Normalização Contabilístico (SNC) relato financeiro para as
• 2009: aprovação do SNC que substitui o micro e pequenas
POC/89 e se baseia nas IAS/IFRS entidades
Âmbito de Aplicação dos Normativos Contabilísticos

O SNC (sistema nacional de contabilismo) são aplicáveis, em Portugal: Exclusão de aplicação do SNC e das IAS/IFRS
Sociedades comerciais (sociedade anónima) Bancos
Empresas individuais Seguradoras
Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitado Entidades do setor público administrativo
Setor publico empresarial
Cooperativas
Agrupamentos complementares de empresas
Agrupamentos europeus de interesse económico
Entidade do setor não lucrativo

Patamares de normalização contabiistica

IAS/IFRS (International Accounting Standards / International Financial Reporting Standards)

- IASB (internacional acounting standard board


-CNC (Comissão de Normalização Contabilística)
NCRF (Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro)

NCRE-PE; NCRI; NCP; BDP; ASF

Caso as entidades legais (empresas) estejam em relação de grupo, além da informação financeira sobre cada uma das entidades legais
(empresas) existe, ainda, a informação financeira sobre o grupo económico como um todo (a que não corresponde nenhuma entidade legal)

A Empresa-Mãe

B C D
Grupo Económico
Empresas Controladas
E G

A informação financeira apresentada por cada uma das empresa (denomina-se de Demonstrações Financeiras Individuais (DF ́s
Individuais) e representa cada uma dessas entidades legais isoladamente
A informação financeira apresentada para representar o grupo económico (empresa-mãe e pelas empresas controladas) denomina-se
de Demonstrações Financeiras Consolidadas (DF ́s Consolidadas)

Grupos económicos " colados na bolsa" Ter registro de ações na bolsa de valores e
auditoria em dia

DF’S consolidadas: obrigado a adotar as IAS/IFRS


DF’ individuais: possíveis adotar as IAS/ IFRS

Grupos económicos não "colados na bolsa"

DF’S consolidadas: possível adotar as IAS/IFRS


DF’ individuais: possíveis adotar as IAS/ IFRS desde que a empresa mãe tenha optado por adotar

DF consolidadas (apresentada pela empresa mãe)


DF individuais ( representa as entidades legais isoladamente)
Capítulo 2- Conceitos fundamentais
Introdução

Estrutura Conceptual (EC) é um instrumento contabilístico onde são definidos os conceitos fundamentais da Contabilidade
Financeira subjacentes à preparação e apresentação das Demonstrações Financeiras (DF ́s), e que enquadra os restantes instrumentos
contabilísticos, nomeadamente as NCRF
Caso haja algum conflito entre o disposto na EC e nas NCRF, prevalece a disposição constante da NCRF

Objetivos das DF ́s

Pressupostos Subjacentes e
Caraterísticas Qualitativas das DF ́s
A EC é baseada no paradigma da utilidade da
informação financeira, apresentando os conceitos Definição dos Elementos das DF ́s
fundamentais através de um processo lógico- dedutivo
Reconhecimento e Mensuração dos
Elementos das DF ́s

Relato Financeiro é a principal fonte de informação financeira. Conjunto Completo de Demonstrações Financeiras
Ela integrará um conjunto de DF ́s preparadas e apresentadas
• Balanço
com informação útil para a tomada de decisões dos seguintes
• Demonstração de Resultados
utentes :
• Investidores • Demonstração das Alterações no Capital Próprio
• Financiadores • Demonstração dos Fluxos de Caixa
• Fornecedores • Notas/Anexo às Demonstrações Financeiras
• Clientes
• Empregados
• Estado
• Publico em Geral

Objetivos das Demonstrações Financeiras


Recursos Ativos
(Económicos)

Balanço Posição Financeira Interna – Capital Próprio

Fontes de
Financiamento Externa – Passivos

Informação Útil
Rendimentos
Desempenho Rentabilidade

Gastos
Demonstração de
Resultados
Fluxos de Caixa Liquidez Recebimentos
(Alterações na (capacidade e
Demonstração dos Posição Financeira) necessidades)
Fluxos de Caixa Pagamentos
Ativos
Elementos das Demonstrações Financeiras

Passivos
Posição Financeira

Capital Próprio

Elementos das
Demonstrações Desempenho Rendimentos
Financeiras

Gastos

Fluxos de Caixa
(Alterações na
? Recebimentos e
Posição Financeira)
Não Definidos Pagamentos

Ativos Passivos
Recurso controlado resultante de acontecimentos passados e Obrigação presente resultante de acontecimentos passados
do qual se espera um influxo de benefícios económicos futuros da liquidação da qual se espera um exfluxo de recursos incorporando
benefícios económicos futuros
• Ativos fixos tangível(imóveis e equipamentos)
• Ativos fixos intangíveis (licenças, patentes…) • provisões (obrigações de quantia e/ou tempestividade incerta)
• inventários (mercadorias, produto acabado, matéria • financiamento obtido
prima) • dividas a pagar (fornecedores, fornecedores de investimento
• Depósitos bancários e caixa estado e outros estes públicos )

Capital próprio
IInteresse residual nos ativos líquidos (ativos deduzidos dos passivos)

• capital cruzado ( contribuições)


• reservas gerais e outras reservas (capital gerado e retido de períodos anteriores)
• Resultado líquido do período ( capital gerado do período)

Capital próprio = Ativo - Passivo (=) Ativo = capital próprio + Passivo

Equação fundamental da contabilidade conclui-se que o total


dos recursos económicos da empresa (Ativos) tem de equivaler
ao total das fontes de financiamento, interna e externa (Capital
Próprio e Passivo), desses mesmos recursos

Capital contribuído + contribuições dos detentores de capital


Capital
próprio +/- resultados dos anos anteriores
Capital gerado e retido +/- resultados gerados pelas operações
+/- rendimento do periodo
- distribuição aos detalhes
Resultados período = rendimento - gastos

Rendimentos Gastos
Aumentos nos benefícios económicos na forma de influxos Diminuição nos benefícios económicos
ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultem na forma de exfluxos ou diminuição de ativos ou aumento de passivos
no aumento do capital próprio e não respeitem a contribuições que resultem na diminuição do capital próprio
dos detentores de capital e não respeitem a distribuições aos detentores de capital

• vendas • fornecimentos e serviços externos


• Prestação de serviços • Custo de mercadoria vendida e matéria consumida (CMVCM
• Comissões • Gastos com o pessoal
• Dividendos • Gastos com juros
• Ganhos na alineação de ativos fixos intangíveis e ativos • Gastos com impostos
intangíveis • Perda com impostos de ativos fixos intangíveis e ativos intangíveis

Não há rendimentos ou gastos nem contribuições Sem efeito no capital proprio


dos detentores de capital

Contribuições dos detentores de capital


Com efeito positivo no
capital proprio Ativos e ou passivos
Rendimentos (ganho ou rédito)

Distribuição de detenção de capitais


Com efeito negativo no
capital proprio
Gastos
Capital próprio final = capital próprio início + rendimento líquido + entrada de capital - dividendos

Mensuração dos Elementos das DF ́s

Mensuração consiste em determinar as quantias monetárias pelas quais os elemento (Ativo, Passivo, Capital Próprio, Rendimento ou
Gasto) das Demonstrações Financeiras devem ser reconhecidos e apresentados
Nas Demonstrações Financeiras são utilizadas várias Bases de Mensuração, que incluem:

• Custo Histórico Custo de Aquisição/Produção de um Ativo - Custo do Passivo assumido ou montante que se espera vir a pagar

• Custo Corrente Montante a pagar para adquirir um Ativo ou liquidar um Passivo equivalente, correntemente → otica decompra

• Valor Realizável Montante que obteria na venda um Ativo ou liquidação de um Passivo no decurso normal do negócio → dica de venda

• Valor Presente Valor presente (descontado/atualizado) dos fluxos de caixa futuros associados a um Ativo/Passivo → ótica financeira

• Justo Valor Quantia pela qual um Ativo poderia ser trocado, ou um Passivo liquidado, entre partes conhecedoras, interessadas e não
relacionadas
Reconhecimento dos Elementos das DF ́s

Este consiste na incorporação de um elemento (Ativo, Passivo, Capital Próprio, Rendimento ou Gasto) nas Demonstrações
Financeiras. Implica se verifique, cumulativamente, que:
• O elemento cumpra com a respetiva definição
• Seja provável que qualquer benefício económico futuro associado ao elemento flua para/da entidade
• O elemento tenha um custo ou valor que possa ser mensurável com fiabilidade

Nota:
Os benefícios económicos futuros associados ao elemento não têm de ser certos (admite-se a possibilidade de existência de um certo grau de incerteza)
O custo ou valor do elemento podem ter de ser estimados ainda que com um fiabilidade, o que implica que não tenha de ser exato

Todos os efeitos de reconhecimento/desreconhecimento, ou entendidos como sendo de aumento/diminuição, dos elementos das DF ́s
são objeto de registo contabilístico ao nível dos instrumentos próprios da empresa no seu Sistema de Informação Contabilístico

Reconhecimento e mensuração
Documentos de suporte
• faturas
• Notas de crédito Verificar quadros
• Notas de débito Fundamentos fundamentais da contabilidade foram modificados
• Recibos
Ativos →inventário- mercadorias
Passivos →fornecedores conta corrente

Pressupostos Subjacentes às Demonstrações Financeiras

A entidade não tem intenção ou necessidade de cessar ou reduzir


Continuidade
drasticamente as suas operações (nos próximos 12 meses)
Pressupostos
Subjacentes às
Demonstrações
Financeiras
Regime de Acréscimo Os efeitos das operações são reconhecidos quando ocorrem
(periodização económica) independentemente do seu recebimento ou pagamento

Caraterísticas Qualitativas das Demonstrações Financeiras

Fiabilidade Comparabilidade
Compreensibilidade Relevância

Plenitude: deve ser completa


A informação deve
A informação deve ser Neutralidade: livre de preconceitos
influenciar as decisões A informação deve ser
Prudência: Inclusão de grau de
rapidamente compreensível económicas dos utilizadores comparável, no tempo e no
precaução na formulação de juízos
pelos utilizadores espaço
e estimativa
Representação Fidedigna: deve
Materialidade representar fidedignamente o que
Inter-Período Inter-Empresa
se pretende/espere que
Inter-Perído/Empresa
Pressupõe razoável A informação é material caso represente
(Transversal)
conhecimento sobre a a sua omissão ou incorreção Substância sobre a Forma:
entidade e sobre a (quantitativa ou qualitativa) Prevalência da substância
influencie a tomada de económica das operações sobre a
contabilidade
sua forma legal, na apresentação
decisões dos utilizadores
da informação
Capítulo 3- Sistema de Informação Contabilístico

Registro no sistema de informação contabilística (SIC)

Acontecimentos
Apresentação das
Eventos
Definição Mensuração Reconhecimento Demonstrações
Operações
Financeiras
Transações

De forma resumida obtém-se o seguinte processo e instrumentos integrantes do Sistema de Informação Contabilístico (SIC):

Acontecimentos
Eventos Operações Demonstrações
Diário Razão Balancete
Transações Financeiras

Registo / Assento / Inserção Dados Extração Elaboração /


Escrituração Preparação

Outras
Extrato Conta Corrente Informações

De forma detalhada tem-se as seguintes fases do processo escritural integradas no Sistema de Informação Contabilístico:

Ao longo do período contabilístico:


1o - Analisar cada acontecimento, evento, operação ou transação, preparando a informação e os documentos ou comprovantes necessários
2o - Registar, assentar ou escriturar os efeitos dos acontecimentos, eventos, operações ou transações nas contas adequadas usando para o
efeito o diário
3o - Extrair os balancetes de conferência antes de ajustamentos

Na preparação do fecho do período contabilístico:


4o - Registar, assentar ou escriturar os assentos de ajustamento necessários nas contas que carecem de ajustamento usando para o efeito o
diário
5o - Extrair o balancete de conferência após ajustamentos
6o - Elaboração ou preparação das demonstrações financeiras

No fecho do período contabilístico:


7o - Registar, assentar ou escriturar os assentos de fecho efetuando o apuramento do resultado (saldando as contas de rendimentos e
gastos, transferindo os saldos para a conta de resultado líquido) usando para o efeito o diário
8o - Extrair o balancete de conferência após fecho (apenas com saldos nas contas de posição financeira – ativos, passivos e capital próprio

Na reabertura do período contabilístico:


9o - Registar, assentar ou escriturar os assentos de reabertura (registando o saldo inicial de cada elemento da posição financeira que
corresponderá ao saldo final do período anterior) usando para o efeito o diário
10o - Registar, assentar ou escriturar a transferência do resultado líquido do período (anterior) para resultado transitados
A Conta

É uma categoria classificativa de informação quantificada sujeita a efeitos aumentativos e diminutivos afetando a sua posição e/ou
fluxo. É onde se registam elementos ou factos patrimoniais da mesma natureza (com determinadas caraterísticas comuns e específicas)

Elementos fundamentais (partes constitutivas): Requisitos essenciais (conceitos fundamentais):


• Uma designação (título) • Homogeneidade – Uma conta deverá incluir unicamente os elementos
• Efeitos aumentativos e efeitos diminutivos patrimoniais com características comuns e específicas
• Um saldo (valor da posição ou fluxo resultante • Integralidade - Todos os elementos com uma característica comum
dos efeitos aumentativos e diminutivos) devem ser incluídos numa conta

Saldo Devedor se
Representação gráfica: Débitos > Créditos
Título (Código)
Saldo é a diferença entre Saldo Nulo se

os Débitos e Créditos Débitos = Créditos

Débito Crédito
Saldo Credor se
Créditos > Débitos

Ativo Passivo Capital próprio Gastos Rendimentos

Efeito Diminutivo Efeito Aumentativo


Efeito Diminutivo Efeito Aumentativo Efeito Aumentativo Efeito Diminutivo
Efeito Aumentativo Efeito Diminutivo Efeito Diminutivo Efeito Aumentativo

O registo das operações no Sistema de Informação Contabilístico (SIC) obedece ao denominado método digráfico ou da dupla
entrada, que baseia-se no princípio de que cada transação ou evento implica a inscrição em pelo menos duas contas
Assim, cada registo de um facto patrimonial implica a movimentação de uma conta a débito por contrapartida de uma conta a
crédito:
Somatório dos débitos = Somatório dos créditos
Saldos devedores = saldos credores da totalidade das contas do Razão

Em Portugal encontra-se estabelecido um Código de Contas com utilização obrigatória representando a codificação mínima que é
passível de maior subdecomposição.
Nele as contas estão separadas num primeiro patamar designado por classes( associado o 1o número do código da conta )

Classe 1 – Meios Financeiros Líquido (Ativos)


os saldos destas contas são devedores
Classe 2 – Contas a Receber e a Pagar (Ativos e Passivos)
os saldos destas contas são devedores tratam-se de Ativos, e quando são credores tratam-se de Passivos (salvo exceções relacionadas com contas de
imparidades acumuladas que são contas de Redução de Ativos e têm saldo credor)
Classe 3 – Inventários (Ativos)
os saldos destas contas são devedores (salvo exceções relacionadas com contas de imparidades acumuladas - contas de Redução de Ativos, saldo credor)
Classe 4 – Investimentos (Ativos)
os saldos destas contas são devedores (salvo exceções relacionadas com contas de imparidades acumuladas e de amortizações e depreciações acumuladas,
que são ambas contas de Redução de Ativos e têm saldo credor)
Classe 5 – Capital, Reservas e Resultados Transitados (Capital Próprio)
os saldos destas contas podem ser credores ou devedores, conforme respeitem a elementos de Capital Próprio positivos ou negativos, respetivamente
Classe 6 – Gastos (Gastos)
os saldos destas contas são devedores
Classe 7 – Rendimentos (Rendimentos)
os saldos destas contas são credores
Classe 8 – Resultados (Capital Próprio e Gastos)
saldo desta conta é nulo (logo após a abertura o saldo que representa o resultado do período anterior é transferido para resultados transitados)
O Diário

O Diário é o instrumento integrante do Sistema de Informação Contabilístico (SIC) da empresa onde são registadas todas as
informações relevantes para tratamento no SIC, que incluem, no mínimo, relativamente a cada registo/assento/escrituração de um dado
acontecimento/evento/operação/transação:
• N.o Registo
• Data
• Descrição Genérica
• Contas movimentadas (e respetivos códigos)
• Efeitos e Montantes (débitos e créditos)

Estrutura ótica prática e de reduzida complexidade:

O cumprimento com o método digráfico ou da dupla entrada implica que para cada operação registada no Diário a soma dos efeitos
registados nas diversas contas a débito seja igual à soma dos efeitos registados nas diversas contas a crédito nessa mesma operação
Num registo no Diário, uma conta ou apresenta um determinado efeito a débito ou a crédito, nunca apresentando um duplo efeito.

O Extrato de Conta Corrente

É um instrumento integrante do Sistema de Informação Contabilístico (SIC) da empresa que é possível extrair a partir da informação
inserida no Razão (resultante dos registos efetuados no Diário) e onde se encontra o detalhe dos efeitos desses registos numa única conta
Obtém-se todas as informações detalhadas relevantes sobre os registos/assentos/escrituração dos acontecimentos/eventos/
operações/transações numa dada conta, que no mínimo incluem:
• N.° Registo (de cada operação que afetou essa conta)
• Data (de cada operação que afetou essa conta)
• Descrição Genérica (de cada operação que afetou essa conta )
• Efeitos e Montantes (débitos e créditos em cada operação que afetou essa conta)
• Saldo (posição/fluxo resultante de todos os efeitos e respetivos montantes que afetaram essa conta)

Estrutura ótica prática e de reduzida complexidade:

O cumprimento com o método digráfico ou da dupla entrada implica que não tem qualquer implicação de verificação na informação
extraída no Extrato de Conta Corrente
No Extrato de Conta Corrente cada efeito registado que afeta essa conta ou apresenta um determinado efeito a débito ou a crédito,
nunca apresentando um duplo efeito a débito e a crédito em simultâneo.
O balancete

O Balancete é um instrumento integrante do Sistema de Informação Contabilístico (SIC) da empresa que é possível extrair a partir da
informação inserida no Razão (resultante dos registos efetuados no Diário) e onde se encontra o resumo dos efeitos
desses registos nas várias contas
Nele obtém-se o resumo das informações sobre os montantes dos efeitos e saldos dos registos/assentos/escrituração dos
acontecimentos/eventos/operações/transações nas várias contas, ordenado pelo código destas contas, que no mínimo incluem:
• Conta (código e título)
• Efeitos e Montantes débitos acumulados e créditos acumulados de efeitos das operações nessa conta)
• Saldo (devedor ou credor resultante dos efeitos acumulados a débito e crédito das operações nessa conta - podendo ser devedor e
devedor em simultâneo apenas quando agrega pelo menos duas contas com saldos de natureza contrária - devedora e credora, pois quando
se trata de uma conta simples apenas pode existir um saldo

Estrutura ótica prática e de reduzida complexidade:

O cumprimento com o método digráfico ou da dupla entrada implica que no Balancete a soma dos débitos acumulados nas diversas
contas seja igual a soma dos créditos acumulados nas diversas contas
Consequentemente, a soma dos saldos devedores das diversas contas tem de ser igual à soma dos saldos credores das diversas contas.

Operações Fundamentais
Capítulo. 4 - Principais Demonstrações Financeiras

Conjunto Completo de Demonstrações Financeiras

As DF ́s são preparadas/elaboradas a partir da informação constante do Balancete extraído da informação constante e inserida
no Razão, complementadas por um conjunto de outras informações adicionais

Razão Balancete Demonstrações Financeiras

Extração Elaboração / Preparação Outras Informações

Conjunto Completo de Demonstrações Financeiras

• Balanço
• Demonstração de Resultados por Naturezas (DR Naturezas ou DRN)
• Demonstração das Alterações no Capital Próprio (DACP)
• Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto (DFCx Direto ou DFCx) • Notas/Anexo às Demonstrações Financeiras (Notas ou Anexo)

A entidade pode, adicionalmente, apresentar a Demonstração de Resultados por Funções (DR Funções ou DRF)
É proibida a apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFCx) pelo Método Indireto

As entidades que apliquem a NCRF-PE dispensam a apresentação:


• Demonstração das Alterações no Capital Próprio (DACP)
• Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto (DFCx)

As entidades que apliquem a NC-ME não apresentam essas DF ́s visto nem sequer estarem contempladas (pelo que é obrigatória a sua
não apresentação), além de dispensarem a apresentação das Notas/Anexo às Demonstrações Financeiras

Os Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF) contemplam o conteúdo mínimo a apresentar em cada DF, existindo modelos
reduzidos próprios para as DF ́s obrigatórias para entidades que aplicam a NCRF-PE e a NC-ME

DF ́s são uma representação estruturada que fornece informação com finalidades gerais, ou seja, que se destina a satisfazer as
necessidades de informação dos utilizadores que não estão em posição de exigir relatórios específicos que fossem de encontro as
respetivas necessidades especificas de informação para a tomada de decisão

As DF ́s são uma representação estruturada que fornece informação sobre:

Ativos

Posição
Passivos
Financeira Balanço

Capital Próprio

Rendimentos (Réditos e Ganhos)


Desempenho Demonstração de Resultados
Gastos (Gastos e Perdas

Outras Alterações no
Demonstração das Alterações no Capital Próprio
Capital Próprio

Fluxos de Caixa Demonstração dos Fluxos de Caixa


Identificação e Período de Relato das Demonstrações Financeiras
As DF ́s devem estar claramente identificadas e distinguidas da restante informação financeira que compõe o Relato Financeiro

Cada DF deve conter:


• Nome da entidade que relata (e se houve alguma alteração no período)
• Se são DF ́s Individuais ou DF ́s Consolidadas
• Data ou Período abrangido pelas DF ́s
• Moeda de Apresentação e Nível de Arredondamento (no máximo em milhares)

As DF ́s devem ser, no mínimo, apresentadas anualmente (existem entidades como as empresas cotadas que lhes é exigida informação intercalar,
tal como as DF ́s Semestrais e Informação sobre os Resultados Trimestrais)
O data de referência das DF ́s não tem de ser 31 de dezembro, e a informação do período anual não tem de coincidir com o ano civil
A data de referência pode ser alterada, e consequentemente, as DF ́s serem apresentadas para um período mais longo ou curto que um ano,
devendo divulgar essa circunstância, e respetivos fundamentos, salientando que os montantes apresentados não são comparáveis com períodos
anteriores

Balanço

O Balanço é a DF que fornece, de forma estruturada, informação financeira sobre a posição financeira a uma determinada data. Logo
na face do Balanço são apresentados os Ativos, Passivos e Capital Próprio

A informação mínima a conter no Balanço encontra-se definida nos Modelos das Demonstrações Financeiras (MDF) podendo ser
desagregada, com base no conceito de Materialidade e Agregação constante das BADF, na face do próprio Balanço ou nas Notas/Anexo
às Demonstrações Financeiras

As entidades que apliquem a NCRF-PE devem seguir como conteúdo mínimo de informação a conter no Balanço o modelo reduzido
constante, igualmente, dos MDF

As entidades que apliquem a NCM devem seguir um modelo próprio apresentado conjuntamente com a NCM, que ainda é mais
reduzido e simplificado que o preconizado para as entidades que apliquem a NCRF-PE
No Balanço os Ativos e Passivos têm de ser apresentados de forma separada/distinta entre Corrente e Não Corrente

Os Ativos Correntes:
• Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido/ consumido, no decurso normal do ciclo operacional da entidade Os Ativos Não Correntes são todos
• Espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço os demais que não sejam
• Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado classificáveis como Ativos Correntes
• É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca ou uso para liquidar um passivo durante pelo menos doze
meses após a data do balanço

O ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de ativos para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalentes

Venda
•Caixa
•Mercadorias •Dívida a Receber (inclui Depósitos à Ordem)
•Dívidas a Pagar a de Clientes
Fornecedores
•Dívidas ao Pessoal Recebimento

Compra

Num empresa com fase de produção tem-se o seguinte ciclo operacional:


Recebimento

•Dívida a
Produção
Receber de
•Matérias-Primas Clientes
•Dívidas a Pagar a •Caixa (inclui Depósitos
Fornecedores à Ordem)
•Produtos Acabados
•Dívidas ao Pessoal

Compra Venda
Ativos Correntes (em função da distinção entre corrente e não corrente e do MDF):

• Inventários
• Dívidas a Receber de Clientes
• Adiantamentos a Fornecedores
Ativos Não Correntes:
• Dívidas a Receber do Estado e Outros Entes Públicos
• Acréscimos de Rendimentos (por via do MDF quando relacionado com itens não
• Ativos Fixos Tangíveis
ligados ao ciclo operacional a recuperar a mais de 12 meses/duração ciclo)
• Ativos Intangíveis
• Diferimentos de Gastos (por via do MDF quando relacionado com itens não ligados
• Participações Financeiras (não
ao ciclo operacional a usufruir a mais de 12 meses/duração ciclo operacional)
detidas com intuito de negociar)
• Ativos Financeiros Detidos para Negociação
• Outros Ativos Financeiros (que não
• Outros Ativos Financeiros (que não estando para negociação, e inexistindo
estando para negociação, ou
restrições a mais de 12 meses, sejam equivalentes de caixa)
existam restrições a mais de 12
• Caixa e Depósitos Bancários (todo o dinheiro em caixa ou em depósitos à ordem,
meses, ou não sejam equivalentes
são os investimentos financeiros a curto prazo, altamente líquidos que sejam
de caixa)
prontamente convertíveis para quantias conhecidas de dinheiro e que estejam
sujeitos a um risco insignificante de alterações de valor)

Logo, os itens em que é possível serem ou Ativos Correntes ou Ativos Não Correntes, ou parcialmente ambos em simultâneo são:
• Dívidas a Receber de Outras Entidades (incluindo Acionistas/Sócios) que não resultem do decurso ordinário do ciclo operacional
da empresa

Dependendo a sua separação/distinção entre corrente e não


corrente do prazo de 12 meses ou da duração do ciclo operacional se
superior a 12 meses

Passivos Correntes são os que cumpram com um dos seguintes critérios:


• Se espere que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade Os Passivos Não Correntes são todos os
• Deva ser liquidado num período até doze meses após a data do balanço demais que não sejam classificáveis como
• Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado Passivos Correntes
• A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo
menos doze meses após a data do balanço.

O ciclo operacional é da entidade pelo que não pode diferir do que foi considerado na distinção/separação entre Ativos Correntes e Ativos Não Correntes

Passivos Correntes (em função da distinção entre corrente e não corrente e do MDF):
• Dívidas a Pagar a Fornecedores Passivos Não Correntes (em função da
• Adiantamentos de Clientes distinção entre corrente e não corrente e do
• Dívidas a Pagar ao Pessoal MDF):
• Dívidas a Pagar ao Estado e Outros Entes Públicos • Provisões (por via do MDF quando
• Acréscimos de Gastos (por via do MDF quando relacionado com itens não ligados relacionadas com situações não ligadas
ao ciclo operacional a liquidar a mais de 12 meses/duração ciclo operacional) ao ciclo operacional conhecendo-se a
• Diferimentos de Rendimentos (por via do MDF quando relacionado com itens não tempestividade a 12 meses/até duração
ligados ao ciclo operacional a cumprir a mais de 12 meses/duração ciclo) do ciclo operacional)
• Passivos Financeiros Detidos para Negociação

Logo, os itens em que é possível serem ou Passivos Correntes ou Passivos Não Correntes, ou parcialmente ambos em simultâneo
são:
• Financiamentos Obtidos
• Dívidas a Pagar a Outras Entidades (incluindo Fornecedores de Investimento ou Acionistas/Sócios) que não resultem do
decurso ordinário do ciclo operacional da empresa

Dependendo a sua separação/distinção entre corrente e não corrente do prazo de 12 meses ou da duração do ciclo operacional se superior a 12 meses
O Capital Próprio não é separado/distinto entre Corrente e Não Corrente em nenhuma circunstância, sendo apresentadas as
seguintes rubricas em separado:
• Capital Realizado
• Ações/Quotas Próprias
• Prémios de Emissão
• Reservas Legais
• Outras Reservas
• Resultados Transitados
• Excedente de Revalorização
• Outras Variações no Capital Próprio
• Resultado Líquido do Período

De acordo com os MDF a estruturação do Balanço segue, obrigatoriamente, a seguinte ordem:


Ativos
Ativos Não Correntes
Ativos Correntes
Capital Próprio
Passivos
Passivos Não Correntes
Passivos Correntes

Assim, os Ativos são apresentados por grau crescente de liquidez e os Passivos por grau crescente de exigibilidade

Demonstração de resultados

A Demonstração de Resultados (DR) é a DF que fornece, de forma estruturada, informação financeira sobre o desempenho
durante um determinado período
Logo na face da Demonstração de Resultados são apresentados os Rendimentos (Réditos e Ganhos) e os Gastos (Gastos e
Perdas)
Conceptualmente, é possível apresentar a DR:
• por Natureza: os gastos são apresentados de acordo com uma classificação baseada na natureza (origem) dos mesmos:
->Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas (CMVMC)
->Fornecimentos e Serviços Externos (FSE)
-> Gastos com Pessoal
-> Depreciações/Amortizações
-> Perdas por Imparidade
-> Provisões
-> Outros Gastos e Perdas
-> Gastos de Financiamento (com Juros)
->Gastos com Impostos

• Por Funções: os gastos são apresentados de acordo com a função que desempenham na empresa:
-> Gastos das Vendas
-> Gastos Administrativos
-> Gastos de Distribuição
-> Gastos de Investigação e Desenvolvimento
-> Outros Gastos
-> Gastos de Financiamento (Líquidos) (Gastos com Juros)
-> Gastos com Impostos

O SNC ao definir o conjunto completo de DF ́s estabeleceu que:


• DR por Naturezas é obrigatória
• DR por Função pode ser adicionalmente apresentada por opção (mas não substitui a apresentação da DR por Naturezas, pelo que
nesses casos implica a apresentação simultânea de duas DR, uma por Naturezas e outra por Funções)
A informação mínima a conter na DR (tanto por Naturezas como por Funções) encontra-se definida nos Modelos das Demonstrações
Financeiras (MDF) podendo ser desagregada, com base no conceito de Materialidade e Agregação constante das BADF, na face da
própria DR ou nas Notas/Anexo às Demonstrações Financeiras
À semelhança do que acontece com o Balanço, na DR:
• As entidades que apliquem a NCRF-PE devem seguir como conteúdo mínimo de informação a conter na DR o modelo reduzido
constante, igualmente, dos MDF
• As entidades que apliquem a NCM devem seguir um modelo próprio apresentado conjuntamente com a NCM, que ainda é mais
reduzido e simplificado que o preconizado para as entidades que apliquem a NCRF-PE

A estrutura da DR por Naturezas definida nos MDF segue a seguinte lógica:

(+) Rendimentos da Atividade Ordinária


(ex: Vendas e Serviços Prestados; Subsídios à Exploração; Variação nos Inventários de Produção )
(-) Gastos da Atividade Ordinária
(ex: Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas; Fornecimentos e Serviços Externos; Gastos com Pessoal)
(+) Outros Rendimentos e Ganhos
(-) Outros Gastos e Perdas

Depreciações/Amortizações, Gastos de Financiamento e Impostos (EBITDA)

(-) Gastos com Depreciações/Amortização e Imparidades de Ativos Depreciáveis/Amortizáveis

Resultado Operacional (RO ou EBIT)

(+) Juros e Rendimentos Similares Obtidos


(-) Juros e Gastos Similares Suportados

Resultado Antes de Impostos (RAI)

(-) Gasto com Imposto sobre o Rendimento (“Lucro”) do Período

Resultado Líquido do Período (RL)

(+) Vendas e Serviços Prestados


(-) Custo das Vendas e Serviços Prestados

Resultado Bruto

(+) Outros Rendimentos


(-) Gastos de Distribuição
(-) Gastos Administrativos
(-) Gastos de Investigação e Desenvolvimento
(-) Outros Gastos

Resultado Operacional (RO ou EBIT)

(-) Gastos de Financiamento (Líquidos)


(Líquidos de rendimentos da aplicação temporária dos montantes obtidos dos financiamentos)

Resultado Antes de Impostos (RAI)

(-) Gasto com Imposto sobre o Rendimento


(“Lucro”) do Período

Resultado Líquido do Período (RL)


Capítulo 5- Enquadramento Contabilístico do IVA nas Transações Comerciais

Na Contabilidade Financeira I (CF I), até ao tema IV. Demonstrações Financeiras, tem sido ignorado o eventual efeito do tratamento
do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) nas transações comerciais
Esses efeitos serão abordados de forma genérica nos seus aspetos essenciais, permitindo que a partir do tema VI. Operações com
Fornecedores, inclusive, em diante, nos vários temas da CF I, bem como nos vários temas de CF II, se aplique o tratamento dos efeitos do
IVA em qualquer transação comercial
Assim, após a presente apresentação, na qual se aborda as diferenças de tratamento contabilístico pela aplicação do IVA às
transações comerciais, face aos efeitos até então explanados sem IVA, torna-se obrigatória a aplicação dos efeitos do IVA a essas
transações comerciais

Enquadramento nas Principais Transações Comerciais

O IVA tem como objetivo tributar o valor acrescentado nas transações comerciais
Regra geral, sempre que a empresa efetua uma Venda de Bens ou uma Prestação de Serviços (operações ativas) é obrigada a
liquidar IVA (IVA Liquidado)
Assim, liquidar IVA significa que ao valor da transação de venda/prestação de serviço é adicionado o IVA que é cobrado ao cliente,
ficando, simultaneamente a empresa com a obrigação de entregar esse montante ao Estado, independentemente, do recebimento do
cliente da dívida dessa transação (de acordo com a regra geral)
Regra geral, sempre que a empresa efetua uma Compra/Aquisição de Bens (Inventários, Ativos Fixos Tangíveis ou outros bens) ou
uma Aquisição de Serviços (operações passivas) tem o direito a deduzir IVA (IVA Dedutível)
Assim, deduzir IVA significa que ao valor da transação de compra/aquisição de bens ou serviços é adicionado o IVA que é cobrado
pelo fornecedor, ficando, simultaneamente a empresa com a direito de recuperar esse montante junto do Estado, independentemente,
do pagamento ao fornecedor da dívida dessa transação (de acordo com a regra geral)

Aumenta a Dívida a Receber do Cliente (Aumenta o Ativo)

IVA Liquidado
Aumenta a Dívida a Pagar ao Estado (Aumenta o Passivo)
(nas Vendas e Prestações de Serviços)

obrigação de entregar ao Estado


Não altera o Rédito da Transação Comercial

Aumenta a Dívida a Pagar ao Fornecedor (Aumenta o Passivo)

IVA Dedutível
Aumenta a Dívida a Recuperar do Estado (Aumenta o Ativo)
(nas Compras e Aquisições de Bens e Serviços)

direito a recuperar junto do Estado


Não altera o Custo da Transação Comercial

Estes efeitos de IVA Liquidado e IVA Dedutível, embora tratados individualmente em cada transação em que são gerados, não
implicam que a empresa efetue múltiplos pagamentos de IVA Liquidado e múltiplos pedidos de reembolso de IVA Dedutível por cada
transação
Consequentemente, pode ter-se:
• IVA Liquidado > IVA Dedutível, logo a empresa tem a obrigação de entregar essa diferença ao Estado (originando um passivo de IVA
a Pagar)
• IVA Liquidado < IVA Dedutível, logo a empresa tem o direito a recuperar essa diferença junto do Estado (originando um ativo de IVA
a Recuperar ou Reembolso Pedido), podendo ser efetuado:
-> Por Reembolso, ou seja solicitação do recebimento desse montante
->Por Reporte para período seguinte, ou seja tendo o direito a abater esse valor a um passivo de IVA a apurar em períodos
seguintes

Essa periodicidade e respetivo tratamento periódico numa posição única de base líquida, e respetivos efeitos dai resultantes em
termos de IVA a Pagar ou IVA a Recuperar ou Reembolso Pedido, apenas serão abordados e tratados contabilisticamente noutro tema da
Contabilidade Financeira
As taxas de IVA aplicáveis às transações variam conforme o tipo de bens ou serviços, sendo atualmente de:
• Taxa Normal – 23%
• Taxa Intermédia – 13%
• Taxa Reduzida – 6%
As taxas de IVA desses escalões são diferenciadas para as Regiões Autónomas

GROSSISTA
Compra por 100 e Vende por 500 CONSUMIDOR FINAL não
tem direito a deduzir o IVA
IVA Dedutível de 23
IVA Liquidado de 500 * 23% = 115 IVA Dedutível de 115
IVA Liquidado de 100 * 23% = 23
IVA Liquidado de 1.000 * 23% = 230

PRODUTOR
Vende por 100 RETALHISTA
Compra por 500 e Vende por 1.000

Assim, tem-se que:


Produtor – Liquidou IVA de 23 e não Deduziu IVA, logo tem de entregar IVA ao Estado no montante de 23
Grossista – Liquidou IVA de 115 e Deduziu IVA de 23, logo tem de entregar IVA ao Estado no montante de 115 – 23 = 92 (posição líquida)
Retalhista – Liquidou IVA de 230 e Deduziu IVA de 115, logo tem de entregar IVA ao Estado no montante de 230 – 115 = 115 (posição líquida)
Consumidor Final – Não Liquidou IVA nem Deduziu IVA (não tem esse direito) logo nem entrega IVA ao Estado nem tem IVA a recuperar junto do Estado

Em termos económicos os efeitos são os seguintes:


Produtor – Entrega 23 de IVA ao Estado (aumenta Passivo) mas cobrou esse montante ao Cliente (aumenta Ativo), logo tem efeito económico total nulo pois o aumento
do Passivo é igual ao aumento do Ativo
Grossista – Entrega 92 de IVA ao Estado (aumenta Passivo) mas cobrou 115 de IVA ao Cliente (aumenta Ativo) e assumiu 23 de IVA a pagar ao Fornecedor (aumenta
Passivo), logo tem efeito económico total nulo pois o aumento do Passivo (92 + 23 = 115) é igual ao aumento do Ativo (115)
Retalhista – Entrega 115 de IVA ao Estado (aumenta Passivo) mas cobrou 230 de IVA ao Cliente (aumenta Ativo) e assumiu 115 de IVA a pagar ao Fornecedor (aumenta
Passivo), logo tem efeito económico total nulo pois o aumento do Passivo (115 + 115 = 230) é igual ao aumento do Ativo (230)

Assim, regra geral, apesar de o IVA ser entregue pelas diversas entidades intervenientes ao longo do fluxo de transações, o IVA é economicamente suportado pelo
consumidor final

Enquadramento nas Transações Intracomunitárias e com Países Terceiros

Por transações intracomunitárias entende-se as operações ativas e passivas realizadas com países da União Europeia (UE)
Regra geral, as operações intracomunitárias ativas (vendas e prestações de serviços para a UE) estão isentas de IVA, e as
operações intracomunitárias passivas (compras e aquisições de bens e serviços) originam em simultâneo IVA Liquidado e IVA
Dedutível (efeito nulo em termos totais), para permitir coadunar o objetivo da livre circulação de bens e serviços, mas igualmente
permitir o controlo dessas transações
As operações com países terceiros, fora da UE, designam-se por exportações (operações ativas) e importações (operações
passivas)
As exportações e importações são isentas de IVA, pois encontram-se sujeitas a taxas aduaneiras que são tratadas à margem do
Código do IVA (taxa a pagar para desalfandegar na importação que é suportada pelo adquirente e não conferindo direito a
dedução)
Capítulo 6 - Operações com Clientes

Tipologia

As empresas efetuam operações comerciais com Clientes, nomeadamente de vendas e prestação de serviços.
Assim, nas relações com os Clientes incluem-se as:
• Vendas de Inventários (ex: mercadorias, matérias-primas e embalagens)
• Prestações de Serviços (ex: consultoria, rendas, etc...)
As Vendas distinguem-se das Prestações de Serviços porquanto as Vendas implicam a transferência de ativos (bens comercializados) e
as Prestações de Serviços envolvem usualmente o desempenho de uma tarefa contratualizada/acordada durante um período de tempo
(podendo este ser mesmo plurianual ou em mais do que um período contabilístico)

Rédito das Operações

As operações de Venda e Prestação de Serviços geram Réditos que se tratam de rendimentos que surgem no decurso das
atividades ordinárias (ex: resultantes de vendas e prestação de serviços)
O Rédito inclui apenas os influxos brutos de benefícios económicos recebidos e/ou a receber pela entidade de sua própria conta
(as quantias cobradas por conta de terceiros não são benefícios económicos que fluam para entidade e resultem em aumentos do
capital próprio da entidade pois implicam a assunção de um passivo em simultâneo)

Assim, a retribuição cobrada a terceiros que está na base da determinação do montante do Rédito a reconhecer não inclui:
• Impostos cobrados a terceiros (ex: IVA)
• Custos de vender, que se consideram necessários à execução da venda/prestação do serviço nos termos contratualizados/
acordados (ex: comissões de venda, obrigações prováveis decorrentes de garantias prestadas a terceiros denominadas de
provisões)
O IVA nas Vendas e Prestações de Serviços é liquidado implicando que, simultaneamente à sua cobrança junto do cliente, exista de
uma obrigação de vir a ser entregue junto do Estado não integrando o Rédito dessas operações
Os Descontos Concedidos Comerciais (de natureza comercial) reduzem o Rédito das Vendas e Prestações de Serviços.

Devoluções

As Devoluções de Vendas, têm como efeito a correção/anulação total ou parcial dessa operação que esteve na sua origem, pelo que
os efeitos serão os contrários aos da operações que esteve na sua origem
Consequentemente, tem-se que uma Devolução de Vendas origina o reconhecimento/registo dos efeitos inversos/opostos aos
dessas operações, ou seja:
• Diminuição (Correção) do Rédito das Vendas (e consequente efeito de diminuição do resultado líquido do período)
• Diminuição do Ativo Clientes
• Aumento do Ativo Mercadorias
• Diminuição (Correção) dos Gastos com Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) (e consequente efeito de aumento do resultado
líquido do período)

Os Serviços Prestados não são passíveis de devoluções, podendo, contudo serem corrigidos por qualquer erro relacionado com a
sua cobrança, e nesse caso, têm como efeito a correção/anulação total ou parcial dessa operação que esteve na sua origem, pelo que
os efeitos serão os contrários aos da operações que esteve na sua origem
Consequentemente, tem-se que uma Correção a um Serviço Prestado origina o reconhecimento/registo dos efeitos inversos/
opostos aos dessa operação, ou seja:
• Diminuição (Correção) do Rédito das Prestações de Serviços (e consequente efeito de diminuição do resultado líquido do período)
• Diminuição do Ativo Clientes

Quando ocorrem Devoluções ou Correções significa que as operações de Venda ou de Prestação de Serviços que foram sujeitas a
IVA deixaram de existir total ou parcialmente, pelo que se deverá proceder à respetiva correção dos efeitos de IVA
O Código do IVA contempla essas situações enquadrando-as como “Regularizações de IVA” assumindo o efeito equivalente ao de
diminuir o IVA Liquidado, mas neste caso originando um efeito de Regularizações de IVA a Favor da Empresa (direito de deduzir/
recuperar IVA que fora anteriormente liquidado, logo um efeito de ativo)
Descontos Concedidos

Os Descontos Concedidos em operações com os Clientes podem ser classificados da seguinte forma de acordo com a Contabilidade:

Quando têm o propósito de incentivar as operações


Comerciais comerciais e não são considerados descontos de caixa

Descontos
Quando têm o propósito de incentivar o
De Caixa (ou Financeiros) pagamento antecipado das operações

Assim, tem-se que os Descontos Concedidos nas Vendas e Prestações de Serviços podem originar os seguintes efeitos:

Comerciais Diminuição do Rédito da Venda ou da Prestação de Serviço

Descontos
Concedidos
Aumento dos Outros Gastos e Perdas, sem afetar o
De Caixa (ou Financeiros)
Rédito da Venda ou da Prestação de Serviço

Os abatimentos são considerados descontos comerciais


As eventuais correções (por diminuição) dos montantes cobrados excessivamente por lapso nas transações têm um tratamento análogo ao dos descontos
comerciais
Quando os descontos comerciais são concedidos (e incluídos) no próprio momento da Venda ou da Prestação do Serviço, então o Rédito dessa operação de
Venda ou Prestação de Serviços é reconhecido de imediato pelo montante líquido do Desconto Comercial Concedido
No Código do IVA não é efetuada qualquer distinção entre os tipos de Descontos existentes na contabilidade (comerciais ou de caixa), sendo genericamente
tratados como Descontos
Assim, para efeitos do tratamento do IVA, os Descontos são entendidos como uma diminuição do valor tributável (valor sujeito a IVA) da transação
Logo sempre que os Descontos são concedidos no momento da transação diminuem o valor tributável dessa transação, sendo o cálculo efetuado sobre o valor da
transação líquido desses Descontos
Caso os descontos sejam concedidos após a ocorrência da transação significa que posteriormente à transação existem alterações aos montantes inicialmente
utilizados como base tributável das operações
O Código do IVA contempla essas situações enquadrando-as como “Regularizações de IVA” assumindo o efeito de diminuir o IVA Liquidado, mas neste caso
originando um efeito de Regularizações de IVA a Favor da Empresa (direito a deduzir/recuperar IVA que fora anteriormente liquidado, logo um efeito de ativo)
A lógica subjacente é que independentemente dos descontos serem obtidos/concedidos no momento da transação ou após essa transação, os efeitos tidos de
forma global deverão ser os mesmos

Adiantamentos

Os Adiantamentos de Clientes são um Passivo resultante da entrega de dinheiro por parte destes à empresa, antecipadamente face
ao momento da ocorrência da operação de Venda ou Prestação de Serviços, podendo ter uma das seguintes classificações:

Transação sem preço Conta 218 – Adiantamentos


Monetários
previamente fixado de Clientes

Adiantamentos de Clientes
Transação com preço Conta 276 – Adiantamentos
Não Monetário
previamente fixado por conta de Vendas

De acordo com o Código do IVA o montante adiantado por um cliente implica a obrigação de liquidar o IVA, ou seja, esse montante
recebido inclui IVA (que é corrigido aquando da ocorrência da operação para a qual se efetua o Adiantamento)
Assim, tem-se que:
• O aumento do ativo Depósitos à Ordem (conta 12) é efetuado pelo montante incluindo IVA
• O reconhecimento do passivo do Adiantamento de Clientes (conta 218 ou 276) é efetuado pelo montante líquido de IVA
• É reconhecido o efeito de passivo em EOEP – IVA Liquidado (conta 2433) pelo montante do IVA incluído no montante de dinheiro
adiantado
Moeda Estrangeira

Quando as Dívidas a Receber se encontram definidas numa moeda estrangeira (diferente da moeda de relato da entidade) a Dívida a
Receber é mensurado pelo contravalor usando a taxa de câmbio
Assim, no momento do reconhecimento da Dívida a Receber esta é mensurada pela taxa de câmbio à data da operação que originou o
seu reconhecimento
No final do período de relato, caso ainda não se tenha recebido a Dívida a Receber, a mesma deve ser mensurada à taxa de cambio de
fecho (da data do fim do período de relato), exceto quando exista acordo de fixação de câmbio
As eventuais diferenças de cambio resultantes da flutuação cambial entre a moeda de relato da entidade e a moeda em que se
encontra definida a dívida a receber são reconhecidas como:
• Outros Rendimentos e Ganhos com variações cambiais favoráveis, resultantes do aumento do contravalor na moeda de relato de
dívida a pagar em moeda estrangeira
• Outros Gastos e Perdas com variações cambiais desfavoráveis, resultantes da diminuição do contravalor na moeda de relato da dívida
a pagar em moeda estrangeira

Acréscimos de Rendimentos e Diferimentos de Rendimentos

Os acréscimos e diferimentos resultam da não coincidência do momento da emissão dos documentos de suporte das transações
(faturas) e/ou fluxo financeiros das mesmas com o momento do reconhecimento dos rendimentos ou gastos associados a essas
transações (quando estes se consideram que já ocorreram):

Acréscimos
Quando não existe documento e/ou fluxo financeiro associado a uma
(Introduzir/reconhecer efeito já ocorreu mas
transação cujos efeitos de rendimentos ou gastos já ocorreram
que carece de documento ou fluxo financeiro)

Diferimentos Quando existe documento e/ou fluxo financeiro associado a uma


(Adiar/postecipar efeito que ainda não ocorreu mas transação mas cujos efeitos de rendimentos ou gastos ainda não
para o qual já existe documento ou fluxo financeiro) ocorreram

As operações de Vendas e Prestações de Serviços podem gerar Acréscimos de Rendimentos ou Diferimentos de Rendimentos:

Acréscimos de Rendimentos Quando não existe documento e/ou fluxo financeiro


(Ativo – Direito Económica associado a uma venda ou prestação de serviços
de Receber) cujo efeitos de rendimento já ocorreram
Operações de Vendas ou
Prestações de Serviços com
Clientes
Diferimentos de Rendimentos Quando existe documento e/ou fluxo financeiro
(Passivo – Obrigação associado a uma venda ou prestação de serviço mas
Económica de Cumprir) cujos efeitos de rendimento ainda não ocorreram

Em termos de IVA os respetivos efeitos ocorrem com a emissão do documento (fatura) desde que seja no prazo legal, pelo que a
obrigação de liquidar (IVA Liquidado) ocorre no momento da emissão da fatura ao cliente independentemente do momento da
entrada/entrega/transferência de controlo dos Inventários transacionados ou do momento em que os serviços são efetivamente
prestados.
Imparidade de Dívidas a Receber de Clientes

No final do período contabilístico a empresa deve avaliar a perda de valor recuperável das Dívidas a Receber (risco de
(in)cobrabilidade)

Caso exista evidência objetiva de imparidade a empresa reconhece uma perda por imparidade pelo montante da perda expectável de
valor recuperável da Dívida a Receber
Existe evidência objetiva de imparidade quando se verifica, entre outros fatores, que:
• O devedor demonstra dificuldades financeiras significativas, e/ou em função disso são concedidas condições que de outra forma
não seriam equacionadas
• Existe quebra contratual, como no caso de incumprimento dos pagamentos
• O devedor irá entrar provavelmente em falência ou qualquer reorganização financeira

Outros fatores como alterações significativas com efeitos adversos que tenham ocorrido no ambiente tecnológico, de mercado,
económico ou legal em que o devedor opere podem, igualmente, consubstanciar a existência de evidência objetiva de imparidade de uma
Dívida a Receber

A perda por imparidade deve ser mensurada pela diferença entre a quantia escriturada da Dívida a Receber e o valor da expectativa
de recebimento associada à Dívida a Receber
A perda por imparidade tem como efeito:
• Diminuir o valor da Dívida a Receber (ativo) (sendo utilizada a conta 219 – Clientes – Perdas por Imparidade Acumuladas para
efeitos de redução do ativo)
• Aumento dos gastos (que reduz o resultado) pelo reconhecimento uma perda por imparidade (na conta 65 – Perdas por Imparidade)

Caso num período subsequente a perda por imparidade anteriormente reconhecida diminua e tal diminuição possa estar relacionada
com um acontecimento ocorrido após esse reconhecimento da perda por imparidade (ex: redução do risco de (in)cobrabilidade) a
empresa deve reverter a imparidade anteriormente reconhecida, até ao limite do custo amortizado (justo valor) que a Dívida a Receber
teria nesse momento

O reconhecimento da reversão da perda por imparidade implica o reconhecimento de um ganho (que aumenta o resultado)

Incobrabilidade de Dívidas a Receber de Clientes

Aquando da falência de um Cliente os eventuais direitos contratuais associados à dívida a receber extinguem-se implicando o
desreconhecimento dessa dívida a receber do cliente (o desreconhecimento é o processo inverso do reconhecimento de elementos
da informação financeira, consistindo na remoção de um elemento anteriormente reconhecido)

Aquando da falência o Código do IVA permite a regularização a favor da empresa do montante de IVA incluído na Dívida a
Receber decretada incobrável

Qualquer diferença resultante desse processo de desreconhecimento e do tratamento dos efeitos de IVA é refletido em Outros
Gastos e Perdas (ou em Outros Rendimentos e Ganhos)
Capítulo 7 - Operações com Fornecedores

As empresas efetuam operações comerciais com Fornecedores, nomeadamente de compras e aquisições de bens e serviços vendidos
ou consumidos no decurso da atividade ordinária.
Assim, nas relações com os Fornecedores incluem-se as:
• Compras de Inventários (ex: mercadorias, matérias-primas e embalagens)
• Aquisições de bens e serviços (ex: consumíveis de escritório, eletricidade, consultoria, rendas, seguros, etc...)
Note-se que se exclui das relações com os Fornecedores as aquisições de bens de investimento a serem usados por períodos
superiores a 12 meses (pois tratam-se de relações com Fornecedores de Investimento)

Custo das Operações

As operações de Compra de Inventários e Aquisição de Bens e Serviços são reconhecidas pelo seu Custo de Aquisição, que origina:
• Aumento do Ativo em Inventários no caso das Compras de Inventários
• Aumento dos Gastos com Fornecimentos e Serviços Externos no caso das Aquisições de Bens e Serviços (e consequente diminuição
do resultado líquido do período)
Os Custos de Compra dos Inventários incluem:
• Preço de Compra (em condições de crédito normais)
• Impostos Suportados ou Não Recuperáveis (ex: IVA Suportado, IMT)
• Direitos de Importação (ex: Taxas Aduaneiras)
• Custos de Transporte
• Custos de Manuseamento (ex: Handling)
• Outros Custos diretamente atribuíveis à aquisição (ex: Seguros de Transporte, Comissões de Compra suportadas)

O Custo de Aquisição de Bens e Serviços deve ser determinado de forma análoga à indicada para a determinação do Custo de Compra
dos Inventários
O IVA nas Compras de Inventários e nas Aquisições de Bens e Serviços, é regra geral dedutível (salvo algumas exceções) e nesses
casos trata-se de um imposto que é recuperável e como tal não integra o Custo dessas operações
Os Descontos Obtidos Comerciais (de natureza comercial) reduzem o Custo das Compras de Inventários e de Aquisição de Bens e
Serviços, conforme será referido no ponto VI.4. Descontos Obtidos

Devoluções

As Devoluções de Compras de Inventários ou de Aquisição de Bens, têm como efeito a correção/anulação total ou parcial dessa
operação que esteve na sua origem

Logo os efeitos serão os contrários aos da operações que esteve na sua origem

Consequentemente, tem-se que uma Devolução de Compras de Inventários ou Aquisição de Bens origina o reconhecimento/
registo dos efeitos inversos/opostos aos dessas operações, ou seja :
• Diminuição do Ativo em Inventários no caso da Devolução de Compras de Inventários
• Diminuição dos Gastos com Fornecimentos e Serviços Externos no caso de Devolução de Aquisições de Bens (e consequente
aumento do resultado líquido do período)

Quando ocorrem Devoluções significa que a operações de Compra de Inventários ou de Aquisição de Bens que fora sujeitas a
IVA deixou de existir total ou parcialmente, pelo que deverá proceder à respetiva correção dos efeitos de IVA

O Código do IVA contempla essas situações enquadrando-as como “Regularizações de IVA” assumindo o efeito equivalente ao
de diminuir o IVA Dedutível, mas neste caso originando um efeito de Regularizações de IVA a Favor do Estado (obrigação de
entregar IVA que fora anteriormente deduzido, logo um efeito de passivo)
Descontos Obtidos

Os Descontos Obtidos em operações com os Fornecedores podem ser classificados da seguinte forma de acordo com a Contabilidade:

Quando têm o propósito de incentivar as operações


Comerciais comerciais e não são considerados descontos de caixa

Descontos
De Caixa (ou Financeiros) Quando têm o propósito de incentivar o pagamento antecipado das operações

Assim, tem-se que os Descontos Obtidos nas Compras e Aquisições podem originar os seguintes efeitos:

Comerciais Diminuição do Custo da Compra ou da Aquisição

Descontos Obtidos
Aumento dos Outros Rendimentos e Ganhos, sem
De Caixa (ou Financeiros)
afetar o Custo da Compra ou Aquisição

Os abatimentos são considerados descontos comerciais


As eventuais correções (por diminuição) dos montantes cobrados excessivamente por lapso nas transações têm um tratamento análogo ao dos descontos
comerciais
Quando os descontos comerciais são obtidos (e incluídos) no próprio momento da aquisição, então o Custo dessa operação de Compra de Inventários ou de
Aquisição de Bens ou Serviços é reconhecido de imediato pelo montante líquido do Desconto Comercial Obtido

No Código do IVA não é efetuada qualquer distinção entre os tipos de Descontos existentes na contabilidade (comerciais ou de
caixa), sendo genericamente tratados como Descontos

Assim, para efeitos do tratamento do IVA, os Descontos são entendidos como uma diminuição do valor tributável (valor sujeito a IVA)
da transação

Logo sempre que os Descontos são obtidos no momento da transação diminuem o valor tributável dessa transação, sendo o cálculo
efetuado sobre o valor da transação líquido desses Descontos

Caso os descontos sejam obtidos após a ocorrência da transação significa que posteriormente à transação existem alterações aos
montantes inicialmente utilizados como base tributável das operações

O Código do IVA contempla essas situações enquadrando-as como “Regularizações de IVA” assumindo o efeito de diminuir o IVA
Dedutível, mas neste caso originando um efeito de Regularizações de IVA a Favor do Estado (obrigação de entregar IVA que fora
anteriormente deduzido, logo um efeito de passivo)

A lógica subjacente é que independentemente dos descontos serem obtidos/concedidos no momento da transação ou após essa
transação, os efeitos tidos de forma global deverão ser os mesmos
Adiantamentos

Os Adiantamentos a Fornecedores são um Ativo resultante da entrega de dinheiro por parte da empresa a estes, antecipadamente face
ao momento da ocorrência da operação de Compra de Inventários ou de Aquisição de Bens ou Serviços, podendo ter uma das seguintes
classificações:

Transação sem preço Conta 228 – Adiantamentos a


Monetários Fornecedores
previamente fixado

Adiantamentos a Fornecedores
Conta 39 – Adiantamentos por conta de Compras
Transação com preço (se respeitante a Compra de Inventários)
Não Monetários
previamente fixado
Conta 228 – Adiantamentos a Fornecedores (se
respeitante a Aquisição de Bens ou Serviços)

De acordo com o Código do IVA o montante adiantado a um fornecedor implica o direito a deduzir o IVA, ou seja, esse montante
entregue/pago inclui IVA (que é corrigido com aquando da ocorrência da operação para a qual se efetua o Adiantamento)
Assim, tem-se que:
• A diminuição do ativo Depósitos à Ordem (conta 12) é efetuado pelo montante incluindo IVA
• O reconhecimento do ativo do Adiantamento a Fornecedores (conta 228 ou 39) é efetuado pelo montante líquido de IVA
• É reconhecido o efeito de ativo em EOEP – IVA Dedutível (conta 2432) pelo montante do IVA incluído no montante de dinheiro
adiantado

Moeda Estrangeira

Quando as Dívidas a Pagar se encontram definidas numa moeda estrangeira (diferente da moeda de relato da entidade) a Dívida a
Pagar é mensurado pelo contravalor usando a taxa de câmbio

Assim, no momento do reconhecimento da Dívida a Pagar esta é mensurada pela taxa de câmbio à data da operação que originou o
seu reconhecimento

No final do período de relato, caso ainda não se tenha recebido a Dívida a Pagar a mesma deve ser mensurada à taxa de cambio de
fecho (da data do fim do período de relato), exceto quando exista acordo de fixação de câmbio

As eventuais diferenças de cambio resultantes da flutuação cambial entre a moeda de relato da entidade e a moeda em que se
encontra definida a dívida a pagar são reconhecidas como:
• Outros Rendimentos e Ganhos com variações cambiais favoráveis, resultantes da diminuição do contravalor na moeda de relato da
dívida a pagar em moeda estrangeira
• Outros Gastos e Perdas com variações cambiais desfavoráveis, resultantes do aumento do contravalor na moeda de relato da dívida
a pagar em moeda estrangeira
Mercadorias em Trânsito e Faturas em Receção e Conferência

As Mercadorias em Trânsito e as Faturas em Receção e Conferência, resultam da não coincidência do momento da receção dos
documentos de suporte das transações de Compras de Inventários (faturas) e/ou fluxo financeiros das mesmas, com o momento da
receção e tomada de controlo desses Inventários:

Faturas em Receção e Conferência


Quando não existe documento e/ou fluxo financeiro associado a
(Contrapartida do reconhecimento da
uma transação de compra de Inventários cujos efeitos já
entrada dos Inventários que já ocorreu mas
ocorreram (já se controla os inventários)
que carece de documento ou fluxo financeiro)

Mercadorias em Trânsito
Quando existe documento e/ou fluxo financeiro associado a
(Contrapartida do reconhecimento do
uma transação de compra de inventários mas cujos efeitos
documento ou fluxo financeiro para o qual
ainda não ocorreram (ainda não se controla os inventários)
ainda não ocorreu a entrada dos Inventários)

Em termos de IVA os respetivos efeitos ocorrem com a emissão do documento (fatura) desde que seja no prazo legal, pelo que o
direito à dedução (IVA Dedutível) ocorre no momento da receção da fatura do fornecedor independentemente do momento da
receção/entrada/tomada de controlo dos Inventários comprados.

Acréscimos de Gastos e Diferimentos de Gastos

Os acréscimos e diferimentos resultam da não coincidência do momento da emissão dos documentos de suporte das transações
(faturas) e/ou fluxo financeiros das mesmas com o momento do reconhecimento dos rendimentos ou gastos associados a essas
transações (quando estes se consideram que já ocorreram):

Acréscimos
(Introduzir/reconhecer efeito já Quando não existe documento e/ou fluxo financeiro associado a
ocorreu mas que carece de uma transação cujos efeitos de rendimentos ou gastos já ocorreram
documento ou fluxo financeiro)

Diferimentos
(Adiar/postecipar efeito que ainda Quando existe documento e/ou fluxo financeiro associado a uma transação
não ocorreu mas para o qual já existe mas cujos efeitos de rendimentos ou gastos ainda não ocorreram
documento ou fluxo financeiro)

As operações de Aquisição de Bens e Serviços aos Fornecedores podem gerar Acréscimos de Gastos ou Diferimentos de Gastos:

Quando não existe documento e/ou fluxo financeiro


Acréscimos de Gastos
associado a uma aquisição de bens ou serviços cujo
(Passivo – Obrigação Económica de Pagar)
efeitos de gastos (consumo) já ocorreram
Operações de Aquisição de Bens
e Serviços com Fornecedores
Diferimentos de Gastos Quando existe documento e/ou fluxo financeiro
(Ativo – Direito Económico de Usufruir) associado a uma aquisição de bens ou serviços mas cujos
efeitos de gasto (consumo) ainda não ocorreram

Em termos de IVA os respetivos efeitos ocorrem com a emissão do documento (fatura) desde que seja no prazo legal, pelo que o direito
à dedução (IVA Dedutível) ocorre no momento da receção da fatura do fornecedor independentemente do momento usufruto dos bens ou
serviços adquiridos.

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