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FACULDADE DE DIREITO SANTO ANDRÉ - FADISA

BACHARELADO EM DIREITO

JOÃO PEDRO ESTEVÃO DO COUTO

OPERAÇÃO PENALIDADE MÁXIMA E A LEI GERAL DO ESPORTE:


Uma Análise Integrativa das Implicações Jurídicas e Operacionais no Cenário
Desportivo Brasileiro

SANTO ANDRÉ
2023
JOÃO PEDRO ESTEVÃO DO COUTO

OPERAÇÃO PENALIDADE MÁXIMA E A LEI GERAL DO ESPORTE:


Uma Análise Integrativa das Implicações Jurídicas e Operacionais no Cenário
Desportivo Brasileiro

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na


Faculdade de Direito Santo André, como parte dos
requisitos obrigatórios para conclusão do Curso
Superior de Bacharelado em Direito.

Orientador: Prof. Pedro Andrade

SANTO ANDRÉ
2023
JOÃO PEDRO ESTEVÃO DO COUTO

OPERAÇÃO PENALIDADE MÁXIMA E A LEI GERAL DO ESPORTE:


Uma Análise Integrativa Das Implicações Jurídicas E Operacionais No Cenário
Desportivo Brasileiro

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na


Faculdade de Direito Santo André, como parte dos
requisitos obrigatórios para conclusão do Curso
Superior de Bacharelado em Direito.

Santo André _____ de ____________________ de 2023.

Banca Examinadora:

__________________________________________
Avaliador (Prof.) – 1º Membro

___________________________________________
Avaliador (Prof.) – 2º Membro

___________________________________________
Avaliador (Prof.) – 3º Membro

( ) Aprovado
( ) Reprovado
Este trabalho é dedicado:

A Deus, que até aqui me auxiliou.


AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e a minha esposa, por todo o zelo, esforço e
renúncias para que eu pudesse realizar meu sonho.
Aos meus professores, que se empenharam todos os dias para
compartilharem o seu conhecimento e experiência, saibam que sempre farão parte
de minha jornada profissional.
Ao meu orientador, Professor Pedro Andrade, que aceitou o desafio de me
conduzir neste trabalho ao apagar das luzes, desejo que seus caminhos pessoais e
profissionais sejam sempre abençoados.
“Living is easy with eyes closed, misunderstanding all you see. It's
getting hard to be someone but it all works out; it doesn't matter much
to me.” (THE BEATLES. Strawberry Fields Forever. Londres. Abbey
Road Studios. 1967).
RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso realiza uma análise aprofundada das


implicações jurídicas e operacionais decorrentes da Operação Penalidade Máxima e
da promulgação da Lei Geral do Esporte no contexto desportivo brasileiro.
Investigando minuciosamente a legislação esportiva, os vetos presidenciais e as
penalidades associadas à manipulação de resultados, a pesquisa busca
compreender a dinâmica das mudanças normativas introduzidas pela Lei Geral do
Esporte e as repercussões práticas decorrentes da Operação Penalidade Máxima.
Adicionalmente, examina as posturas da FIFA e CBF frente à manipulação no
futebol, proporcionando uma visão abrangente do cenário esportivo nacional. O título
"Operação Penalidade Máxima e a Lei Geral do Esporte: Uma Análise Integrativa
das Implicações Jurídicas e Operacionais no Cenário Desportivo Brasileiro" reflete a
abordagem holística deste estudo.
Palavras-chave: Operação Penalidade Máxima; Lei Geral do Esporte; Direito
Desportiva.
ABSTRACT

This Final Course Project conducts a thorough analysis of the legal and operational
implications arising from Operação Penalidade Máxima (Operation Maximum
Penalty) and the promulgation of the Lei Geral do Esporte (General Sports Law) in
the Brazilian sports context. By meticulously investigating sports legislation,
presidential vetoes, and penalties associated with match-fixing, the research seeks to
comprehend the dynamics of normative changes introduced by the Lei Geral do
Esporte (General Sports Law) and the practical repercussions of Operação
Penalidade Máxima (Operation Maximum Penalty). Additionally, it examines FIFA
and CBF stances regarding match-fixing in football, providing a comprehensive
insight into the national sports landscape. The title " Operation Maximum Penalty and
the General Sports Law: An Integrative Analysis of Legal and Operational
Implications in the Brazilian Sports Scenario" reflects the holistic approach of this
study.

Keywords: Operation Maximum Penalty; General Sports Law; Sports Law.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Organização da Justiça Desportiva ..........................................................19


Gráfico 1 – Apostas Esportivas .................................................................................27
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANJL Associação Nacional de Jogos e Loterias


CBF Confederação Brasileira de Futebol
CBJD Código Brasileiro de Justiça Desportivo
CF Constituição Federal
CPP Código de Processo Penal
FIFA Federação Internacional de Futebol Associado
GAECO Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
IBJR Instituo Brasileiro de Jogo Responsável
LGE Lei Geral do Esporte
MP Ministério Público
STJD Superior Tribunal de Justiça Desportiva
TJD Tribunal de Justiça Desportiva
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2. OPERAÇÃO PENALIDADE MÁXIMA: NOÇÕES INICIAIS ................................ 12
2.1. Conhecimento dos fatos e abordagem investigativa pelo ministério público
................................................................................................................................... 13
2.2. Perfis identificados e implicações legais dos envolvidos .......................... 15
3. JUSTIÇA DESPORTIVA: MECANISMOS E FUNCIONAMENTO ...................... 18
4. LEI GERAL DO ESPORTE: APRESENTAÇÃO ................................................. 21
4.1 Dos Vetos Presidenciais .................................................................................. 22
4.2 Aplicação das Penalidades Advindas da Nova Lei Geral do Esporte por
Manipulação de Resultados na Operação Penalidade Máxima ......................... 24
5. IMPACTO NOS ESPORTES BRASILEIROS APÓS ESCÂNDALOS: ANÁLISE
DAS CONSEQUÊNCIAS E MEDIDAS CORRETIVAS ............................................ 25
6. FIFA e CBF: CENÁRIO INTERNACIONAL E NACIONAL ................................. 27
6.1. Impacto das Punições nas Estruturas da FIFA e CBF ................................. 29
7. CONCLUSÕES .................................................................................................... 30
8. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 32
11

1 INTRODUÇÃO

Este estudo promove uma análise aprofundada das implicações jurídicas e


operacionais resultantes da convergência entre a Operação Penalidade Máxima e a
promulgação da Lei 14597/23 (Lei Geral do Esporte – LGE), delineando a complexa
paisagem do cenário esportivo brasileiro. Esta pesquisa visa não apenas
compreender as mudanças normativas impostas pela LGE, mas também examinar
de forma holística as repercussões práticas desencadeadas pela Operação
Penalidade Máxima.
O estudo inicia-se explorando desde as generalidades da Operação
supracitada, bem como a criação das mudanças normativas cruciais, incluindo a
revogação do Estatuto do Torcedor e da Lei do Bolsa-Atleta, com destaque para a
gestão transparente e responsabilidade social. Uma análise meticulosa e dedicada à
tipificação de crimes, notadamente aqueles relacionados à manipulação de
resultados esportivos, enfatizando a imperatividade de preservar a integridade das
competições.
Na sequência, é realizada uma crítica aos vetos presidenciais na LGE,
abordando aspectos como a cláusula compensatória para atletas demitidos, a
tentativa frustrada de instituir a Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à
Violência e Discriminação no Esporte (Anesporte), e o veto à criação do Fundo
Nacional do Esporte (Fundesporte). Essa análise proporciona uma visão dos
desafios enfrentados durante a implementação da legislação.
Posteriormente, o estudo adentra a aplicação prática das penalidades
estipuladas na LGE na Operação Penalidade Máxima, analisando a efetividade
dessas sanções diante de casos concretos de manipulação de resultados
esportivos. Além disso, também conhecemos a percepção de empresas e
associações da área de apostas, avaliando os impactos causados pelo escândalo de
manipulação de resultados, destacando suas posições e ações para combater a
manipulação de resultados.
Finalmente, o estudo avalia as abordagens adotadas pela FIFA e CBF diante
da manipulação de resultados no futebol brasileiro, pincelando os regulamentos e
códigos éticos dessas entidades, bem como evidenciando as punições aplicadas e o
impacto dessas medidas em suas estruturas.
12

2 OPERAÇÃO PENALIDADE MÁXIMA: NOÇÕES INICIAIS

A Operação Penalidade Máxima configura-se como um marco paradigmático


no enfrentamento à manipulação de resultados e esquemas de apostas no contexto
do futebol brasileiro, representando um ponto culminante na preservação da
integridade desportiva. Esta ação, sob a égide do Ministério Público de Goiás, teve
sua gênese em denúncias relacionadas ao clube Vila Nova, expandindo-se, agora
em sua terceira fase, para elucidar a intrincada teia envolvendo, ao que se é
possível saber, mais de 30 indivíduos investigados no referido conluio.1
O protagonismo do Ministério Público de Goiás é incontestável, assumindo a
posição central na eclosão das primeiras notificações que desencadearam as
diligências investigativas realizadas, principalmente, pelo Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado - GAECO. Meses de labor intenso resultaram em
prisões preventivas, com múltiplos jogadores submetidos a escrutínio e acusações
formais, enquanto outros permanecem sob a constante supervisão das autoridades.
A fundamentação jurídica da Operação Penalidade Máxima, ao seu
deslanchar, encontrava respaldo no artigo 41-C E 41-D do Estatuto do Torcedor,
posteriormente incorporado à nova Lei Geral do Esporte. Este dispositivo legal
estipula sanções severas, contemplando penas privativas de liberdade oscilando
entre dois a seis anos, aliadas a medidas pecuniárias, para aqueles que solicitam ou
aceitam vantagens com o intuito de alterar ou falsear o desfecho de competições
esportivas. No escopo da Lei Geral do Esporte, destacam-se três artigos que
delineiam as penalidades concernentes a envolvidos em práticas criminais de
apostas, notadamente os artigos 198 a 200. O artigo 198 aborda a solicitação ou
aceitação de vantagens visando influenciar resultados esportivos, impondo penas de
reclusão de dois a seis anos, acompanhadas de multa. O artigo 199 trata da
concessão ou promessa de vantagens com a mesma finalidade, estabelecendo
sanções análogas. Por fim, o artigo 200 versa sobre a fraude ou contribuição para
fraude nos resultados esportivos, também com penas de reclusão de dois a seis
anos, acrescidas de multa.

1
Disponível em: < https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/mp-de-goias-deflagra-terceira-fase-da-
operacao-penalidade-maxima/ >. Acesso em: 28, novembro de 2023.
13

Estas disposições legais visam não apenas a repreensão dos implicados, mas
também a emissão de um enérgico alerta de intolerância frente à manipulação de
resultados e práticas antiéticas no cenário esportivo nacional.
Confira a lei seca:

“Art. 198. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou


promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou
omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva
ou evento a ela associado: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
multa. Art. 199. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial
com o fim de alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou
evento a ela associado Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 200. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de
qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela
associado: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (BRASIL,
LGE, 2023).

A Operação Penalidade Máxima, ao evidenciar a amplitude do problema,


corrobora a imperativa necessidade de vigilância perene e a aplicação diligente de
medidas punitivas para salvaguardar a integridade do esporte brasileiro.

2.1 CONHECIMENTO DOS FATOS E ABORDAGEM INVESTIGATIVA PELO


MINISTÉRIO PÚBLICO

O início de todo este processo investigativo, caracterizado pela iniciativa do


presidente do Vila Nova/GO, Hugo Jorge Bravo, que soube das práticas criminosas
quando atletas do clube declinaram participar da manipulação, incitando o
presidente a agir autonomamente. A identificação da tentativa de manipulação,
aliada às ameaças enfrentadas por um jogador, motivou a aplicação de métodos,
como a identificação do apostador, obtenção de seu número de telefone e captação
de mensagens incriminadoras. Essas evidências foram subsequentemente
apresentadas ao Ministério Público de Goiás.2
No contexto da investigação privada, suscitam-se questões sobre os meios e
limites de atuação do Ministério Público de Goiás. O art. 39, § 5º do Código de

2
Disponível em: < https://www.espn.com.br/futebol/brasileirao/artigo/_/id/12037185/presidente-vila-
nova-detalha-como-descobriu-esquema-apostas-levou-operacao-penalidade-maxima/ >. Acesso em:
28, novembro de 2023.
14

Processo Penal é evocado, apontando a possibilidade de dispensa do inquérito


policial quando a representação criminal é acompanhada de elementos que
fundamentem a ação penal. Este ponto sugere que, mesmo originada por iniciativa
privada, a atuação de Hugo pode encontrar respaldo legal, desde que os elementos
apresentados ao Ministério Público sejam robustos para sustentar a ação penal.

O inquérito policial é, por tanto, dispensável. Importante destacar que o


juízo sobre a suficiência ou não dos elementos apresentados é apenas do
MP, como titular constitucional, nem o representante e nem o juiz podem
impor que o MP ofereça denúncia se este entender não haver elemento
para tanto. (FILHO, Antonio; TORON, Alberto; BADARÓ, Gustavo. Título III.
Da Ação Penal In: FILHO, Antonio; TORON, Alberto; BADARÓ, Gustavo.
Código de Processo Penal Comentado. São Paulo (SP):Editora Revista dos
Tribunais. 2020. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/codigo-de- processo-penal-
3
comentado/1139009641. Acesso em: 28 de novembro de 2023.)

A atuação do Ministério Público e as investigações por ele conduzidas são


regulamentadas, entre outros dispositivos, pela Constituição Federal de 1988, em
seus artigos 127 a 130 (BRASIL, 1988) Adicionalmente, a Lei Complementar nº
75/1993 estabelece disposições sobre a organização, atribuições e estatuto do
Ministério Público da União, enquanto as legislações estaduais e do Distrito Federal
versam sobre o Ministério Público nos estados.
A Constituição Federal consigna o Ministério Público como instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, dos interesses sociais e dos direitos individuais indisponíveis. Os
membros do Ministério Público gozam de garantias, prerrogativas e vedações
estabelecidas na Constituição.
O Código de Processo Penal abarca disposições sobre a atuação do
Ministério Público nas investigações criminais, especialmente nos capítulos
referentes à instrução criminal e à ação penal.
A Lei nº 8.625/1993, Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, contempla
normas gerais para a organização do Ministério Público da União e dos estados.
Ressalta-se que as Procuradorias-Gerais de Justiça nos estados e o
Procurador-Geral da República, no âmbito federal, detêm autonomia funcional e
administrativa, conforme o artigo 127, § 2º, da Constituição Federal.

3
Publicação em meio eletrônico sem paginação.
15

Portanto, a atuação do Ministério Público, incluindo suas investigações, é


regulamentada por um conjunto de normas constitucionais e infraconstitucionais que
visam garantir sua independência, imparcialidade e eficácia no cumprimento de suas
atribuições. O Ministério Público utiliza diversas ferramentas, como inquéritos civis,
promoção da ação penal pública, atuação extrajudicial e, em casos complexos,
unidades especializadas como o GAECO, para enfrentar práticas criminosas e
preservar a ordem jurídica. O respeito aos direitos fundamentais, a colaboração com
outras instituições e o sigilo das investigações são princípios orientadores que
asseguram a legalidade e eficácia de suas ações.

2.2 PERFIS IDENTIFICADOS E IMPLICAÇÕES LEGAIS DOS ENVOLVIDOS

Conforme mencionado anteriormente, não é possível o acesso integral aos


autos dos processos de todos os envolvidos, ou até mesmo a todas as denúncias do
Ministério Público. Contudo, é possível examinar alguns casos de maior notoriedade.
De início, destaco que, até a entrega deste Trabalho de Conclusão de Curso,
nenhum atleta foi preso em decorrência da Operação Penalidade Máxima. A mesma
ressalva não se aplica aos aliciadores dos atletas; Bruno López, apontado como
líder do grupo, foi preso preventivamente e solto em agosto deste ano. 4 Outro
envolvido, o empresário Thiago Chambó Yamamoto, teve seu pedido de soltura
negado e permanece sob prisão preventiva.5
Como dito anteriormente, as penas para os crimes, anteriores à Lei Geral do
Esporte, estavam previstas nos Artigos 41-D e 41-C da Lei 10.671/2003, conhecida
como Estatuto do Torcedor. Tais artigos tratavam da concessão ou promessa de
vantagem patrimonial ou não, com o intuito de alterar ou falsear o resultado de
competições desportivas ou eventos a elas associados, sujeitando o infrator a
reclusão de 2 a 6 anos e multa. Além disso, a denúncia incluía, em alguns casos, o
acréscimo do Art. 1º, § 1º c/c Art. 2º, § 3º da Lei. 12.850/2013, chamada de Lei das

4
Disponível em: <https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2023/08/09/justica-manda-soltar-bruno-lopes-
empresario-acusado-liderar-grupo-que-manipulava-resultado-de-jogos.ghtml>. Acesso em: 28,
novembro de 2023.
5
Disponível em: < https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2023/23062023-
Sexta-Turma-mantem-prisao-preventiva-de-empresario-investigado-na-operacao-Penalidade-
Maxima.aspx>. Acesso em: 28, novembro de 2023.
16

Organizações Criminosas, que dita sobre participação em uma organização


criminosa, penalizando com reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, além de multa. Essa
pena pode ser aumentada se o agente ocupar posição de liderança, promover,
constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, a
organização criminosa.

Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação


criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal a ser aplicado. § 1º Considera-se organização
criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente,
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
(...) Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por
interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8
(oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais
infrações penais praticadas. (...) § 3º A pena é agravada para quem exerce
o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não
pratique pessoalmente atos de execução. (BRASIL, Lei das Organizações
Criminosas, 2013).

Importante ressaltar, com a vigência recente da Lei Geral do Esperte, a


terceira fase já passa a utilizar como base, além dos outros dispositivos ainda
vigentes, os Artigos 198, 199 e 200 da referida lei, que tem teor similar e pena
idêntica aos artigos 41-C e 41-D do agora revogado Estatuto do Torcedor, conforme
“Art. 217. Revogam-se: (...) IV - a Lei nº 10.891, de 9 de julho de 2004”.
No que tange às infrações cometidas pelos jogadores, o Código Brasileiro de
Justiça Desportiva estabelece critérios claros e normas específicas que regem o
comportamento ético e esportivo durante competições. Os artigos nos quais os
jogadores foram inicialmente denunciados abordam diversas condutas prejudiciais
ao ambiente esportivo.
O Art. 191 do CBJD trata do descumprimento ou dificuldade no cumprimento
de regulamentos, sejam eles gerais, especiais ou relacionados a competições
específicas. A observância estrita dessas normas é essencial para a integridade e o
fair play no cenário esportivo. Outrossim, o Art. 243 aborda a atuação deliberada, de
forma prejudicial, à equipe que o jogador representa. No caso de infração mediante
pagamento ou promessa de vantagem, o parágrafo 1º estabelece penalidades
severas, incluindo suspensão de trezentos a setecentos e vinte dias, eliminação em
17

caso de reincidência, além de multa, variando de R$ 100,00 a R$ 100.000,00. O Art.


243-A direciona a atenção para a conduta contrária à ética desportiva, visando
influenciar o resultado de partidas, provas ou equivalentes. Essa disposição visa
preservar a integridade e a imparcialidade nas competições esportivas,
fundamentais para a credibilidade do esporte. O Art. 242 proíbe a concessão ou
promessa de vantagens indevidas a membros de entidades desportivas, dirigentes,
técnicos, atletas ou qualquer pessoa mencionada no art. 1º, § 1º, VI. Essa proibição
visa evitar influências externas que possam comprometer a imparcialidade nas
competições. Adicionalmente, o Art. 243, em seu parágrafo 2º, estabelece que o
autor da promessa ou vantagem será punido com a severa penalidade de
eliminação, além de multa, cujos valores variam de R$ 100,00 a R$ 100.000,00.
Essa medida visa desencorajar práticas prejudiciais e antiéticas, fortalecendo os
princípios fundamentais do esporte.
Já em relação aos atletas e suas punições ante a Justiça Desportiva,
destacam-se casos notáveis, como o de Eduardo Bauermann, que aceitou R$
50.000,00 para ser punido com um cartão vermelho, não obtendo sucesso. Ele
inicialmente foi penalizado com 12 jogos de suspensão, porém foi aumentada para
360 dias pelo STJD, além de multa de R$ 35.000,00. Já outros atletas tiveram suas
penas reduzidas, como os casos de Paulo Miranda e Kevin Lomónaco. Gabriel Tota
e Matheus Gomes, foram punidos com o banimento do futebol, além de multas que,
somadas, ultrapassam os R$ 50.000,00.6
Cabe citar que alguns jogadores optaram por realizar acordos, admitiram a
culpa e tornaram-se testemunhas, entre eles Nikolas Farias (Novo Hamburgo) e
Jarro Pedroso (ex-São Luiz).
Suas confissões abordam os seguintes pontos:
Nikolas Farias: O volante admitiu ter recebido a promessa de pagamento de
R$ 80 mil, dos quais R$ 5 mil foram efetivamente pagos, para cometer um pênalti no
jogo Esportivo x Novo Hamburgo, pelo Gauchão 2023. O jogador, de fato, cometeu a
infração.

6
Disponível em: < https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2023-07/stjd-aumentar-pena-de-
eduardo-bauermann-por-manipulacao-de-resultados>. Acesso em: 28, novembro de 2023.
18

Jarro Pedroso: O atacante admitiu a promessa de receber R$ 70 mil, dos


quais R$ 30 mil foram pagos, para cometer um pênalti no jogo Caxias x São Luiz,
pelo Gauchão 2023. O jogador, de fato, cometeu a penalidade. 7

3 JUSTIÇA DESPORTIVA: MECANISMOS E FUNCIONAMENTO

A Justiça Desportiva no Brasil assume uma posição de destaque na resolução


de conflitos no cenário esportivo, respaldada por uma estrutura hierárquica e normas
específicas delineadas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). A
relevância e autonomia dessa instância especializada são fundamentadas na
Constituição Federal de 1988, notadamente no artigo 217, § 1º, que reconhece a
capacidade das entidades desportivas de autodisciplina e autotutela (BRASIL,
1988).

Como se pode depreender, a Constituição condicionou, assim, a proteção


judicial efetiva à instauração de procedimento no âmbito da Justiça
Desportiva. (MENDES, 2012. p.608)

A estrutura piramidal da Justiça Desportiva compreende as Comissões


Disciplinares como primeira instância, incumbidas de julgar infrações ocorridas
durante competições esportivas. Os Tribunais de Justiça Desportiva (TJD) atuam
como órgãos de segunda instância, analisando recursos das decisões das
Comissões Disciplinares Regionais. O Tribunal Pleno, presente nos TJDs, é
responsável por julgamentos de recursos e ações de competência originária, com
composição exigindo notório saber jurídico e reputação ilibada.
O ápice desse sistema é o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD),
englobando as Comissões Disciplinares Nacionais e um Tribunal Pleno que exerce a
função de última instância. A competência originária do STJD abrange litígios entre
entidades regionais de administração do desporto e membros de poderes e órgãos
da entidade nacional de administração do desporto.

7
Disponível em: < https://www.espn.com.br/futebol/brasileirao/artigo/_/id/12030208/quem-sao-4-
jogadores-fizeram-acordo-mp-goias-atuam-testemunhas-escandalo-apostas>. Acesso em: 28,
novembro de 2023
19

A Procuradoria da Justiça Desportiva, designada pelo STJD ou TJD,


desempenha um papel análogo ao Ministério Público nos processos penais,
promovendo a responsabilidade daqueles que transgridem as disposições do CBJD,
conforme estabelecido no artigo 21 desse código.
A legislação pertinente, como a Lei Pelé (Lei nº 9615/98) e a Lei Geral do
Esporte (Lei nº 14.597/23), complementa a base jurídica, organizando a Justiça
Desportiva em três instâncias e regulamentando sua autonomia. Diversas áreas do
direito, como contratos de direito de imagem, casos de doping e vínculos
empregatícios entre clubes e jogadores, estão sob a jurisdição da Justiça
Desportiva, refletindo sua abrangência.

Figura 1 – Organização da Justiça Desportiva

8
Fonte: SOARES, Fernanda. (2020)

Princípios norteadores, como independência, tipicidade desportiva, pro-


competitione (a favor da competição) e fair play, orientam a atuação da Justiça
Desportiva, assegurando imparcialidade, ética e respeito no âmbito esportivo. A
mitigação do Princípio da Inafastabilidade, prevista na Constituição, direciona que as
instâncias desportivas devem ser esgotadas antes de recorrer ao Poder Judiciário,
visando agilizar a resolução de conflitos.
Sua Celeridade, inclusive, já foi reconhecido por um ministro da mais alta
corte brasileira:

8
Disponível em: < https://leiemcampo.com.br/orgaos-da-justica-desportiva-brasileira/>. Acesso em:
28, novembro de 2023
20

Talvez, no quadro das Justiças, só a Justiça Eleitoral se aproxime, em


popularidade e reconhecimento, da Justiça Desportiva, tendo em vista a
celeridade. Mas, ainda assim, é ela que é esse modelo [célere] de justiça,
porque, feita por experts, pessoas próximas do esporte, realiza uma justiça
que tem que ser efetiva. (MENDES, Notícias STF, 2010).

O ingresso na Justiça Comum, em casos relacionados a Justiça Desportiva,


ocorrerá apenas após o esgotamento das instâncias administrativas. Esta regra vale
apenas para situações que se abstenham apenas a fatos desportivos, não
abarcando agressões, manipulações de resultados e casos alheios ao esporte em si.

2. A controvérsia a ser dirimida no recurso especial reside em verificar se as


agressões físicas e verbais perpetradas por jogador profissional contra
árbitro de futebol, na ocasião de disputa da partida final de importante
campeonato estadual de futebol, constituem ato ilícito indenizável na Justiça
Comum, independentemente de eventual punição aplicada na esfera da
Justiça Desportiva. 3. Nos termos da Constituição Federal e da Lei nº
9.615/1998 (denominada 'Lei Pelé'), a competência da Justiça Desportiva
limita-se a transgressões de natureza eminentemente esportivas, relativas à
disciplina e às competições desportivas. 4. O alegado ilícito que o autor da
demanda atribui ao réu, por não se fundar em transgressão de cunho
estritamente esportivo, pode ser submetido ao crivo do Poder Judiciário
Estatal, para que seja julgado à luz da legislação que norteia as relações de
natureza privada, no caso, o Código Civil. [...]" (STJ, REsp 1.762.786/SP,
Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, 3ª Turma, 23.10.2018).

O processo desportivo, regido pelo CBJD, estabelece penalidades que variam


de advertência a multas, suspensões e perda de pontos, considerando a gravidade
da infração. A interdependência entre a Constituição Federal, a legislação específica
e a estrutura da Justiça Desportiva criam um equilíbrio entre a autonomia das
entidades desportivas e os princípios fundamentais do ordenamento jurídico
brasileiro.
Em síntese, a Justiça Desportiva desempenha um papel crucial na
preservação da ética e integridade no cenário esportivo brasileiro, contribuindo para
a credibilidade e confiança no setor. Sua estrutura e princípios refletem a
complexidade e diversidade do universo esportivo, garantindo decisões justas e
imparciais.
21

4 LEI GERAL DO ESPORTE: APRESENTAÇÃO

A promulgação da Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023) em 15 de junho


de 2023 representa um avanço significativo na legislação esportiva brasileira,
consolidando e modernizando diversas normativas sob uma única estrutura legal.
Originada aproximadamente sete anos após a instituição do projeto, a LGE tem
como objetivo proporcionar um arcabouço normativo abrangente para a prática
desportiva, revogando o Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03) e a Lei do Bolsa-Atleta
(Lei 11.438/06), além de promover alterações em dispositivos da Lei Pelé (Lei
9.615/98) e Lei de Incentivo ao Esporte (Lei 11.438/06).
Um ponto crucial destacado pela legislação é a instituição do Sistema
Nacional do Esporte, conforme estabelecido no Artigo 11, que visa articular e
coordenar ações para o desenvolvimento do desporto em todo o território nacional.
Além disso, a LGE aborda a captação de recursos pelas organizações esportivas,
permitindo a obtenção de verbas provenientes da exploração de loterias, como
delineado no Artigo 34.
É relevante salientar os bens jurídicos protegidos pela LGE, com destaque
para a autonomia esportiva, cujo artigo 26 fundamenta a ordem econômica
esportiva, a integridade no esporte e a cultura e paz no esporte. A autonomia
esportiva, conhecida como lex sportiva, refere-se a um sistema transnacional
formado por entidades organizadoras do esporte, estabelecendo regras aplicáveis
em âmbito local, nacional e internacional, como a Carta Olímpica do Comitê
Olímpico Internacional.
A Lei Geral do Esporte enfatiza a importância da gestão transparente e
responsabilidade social, impondo obrigações de conformidade e integridade aos
gestores, conforme disposto no Artigo 58. Destaca-se também o fair play financeiro,
conforme o Artigo 188, que estabelece diretrizes para a gestão financeira
responsável das agremiações esportivas.
No contexto criminal, a LGE tipifica a Corrupção Privada no Esporte (Art.
165), destinada ao representante de organização esportiva privada que busca
vantagens indevidas para favorecer a si ou a terceiros. O texto prevê penas de dois
a quatro anos de reclusão e multa, abrangendo também o corruptor. integrando o rol
de crimes contra a Incerteza do Resultado Esportivo.
22

O ordenamento jurídico, ao revogar o Estatuto do Torcedor, transfere os tipos


penais para a LGE, os Artigos 198 a 200 da LGE, por exemplo, abordam crimes
relacionados à incerteza do resultado esportivo. Essa seção visa coibir a
manipulação de resultados, a fraude desportiva e outras condutas que
comprometam a integridade das competições. A legislação prevê penas específicas
para ações como o uso de informações privilegiadas para influenciar apostas
esportivas e outras práticas ilícitas.
Além disso, a LGE aborda crimes contra as relações de consumo e a
propriedade intelectual no âmbito desportivo. A legislação criminaliza práticas como
a venda irregular de ingressos e o uso indevido de símbolos oficiais, com penas que
variam de um a quatro anos de reclusão e multa.
Em resumo, a Lei Geral do Esporte representa um marco legislativo
abrangente que busca promover uma gestão transparente, responsável e ética no
cenário esportivo brasileiro, considerando aspectos jurídicos, econômicos e
criminais. Este texto visa fornecer uma visão geral dos principais pontos da
legislação, e análises mais aprofundadas podem ser realizadas em cada área
específica.

4.1 DOS VETOS PRESIDENCIAIS

A Lei Geral do Esporte (LGE) enfrentou desafios significativos em sua


implementação devido a uma série de vetos presidenciais que moldaram de maneira
expressiva o projeto. Com 134 vetos em 218 artigos, o panorama da legislação
esportiva brasileira foi sujeito a alterações substanciais, gerando apreensões quanto
à sua coesão e efetividade.
Os vetos presidenciais estão previstos na constituição, conforme:

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de
lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. § 1º Se o
Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte,
inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente
do Senado Federal os motivos do veto.
23

Um dos pontos cruciais vetados diz respeito à proposta de flexibilização da


cláusula compensatória para atletas demitidos. Essa medida, que permitiria ajustes
caso os atletas conseguissem novo contrato com salário igual ou superior, foi
integralmente mantida pelo veto, impondo aos clubes a obrigação de pagar o valor
acordado em rescisões, sem considerar mudanças nas circunstâncias contratuais.
A criação da Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à Violência e
Discriminação no Esporte (Anesporte) também foi alvo de veto, sob a justificativa de
"vício de iniciativa" e a necessidade de proposta pelo governo federal para órgãos do
Poder Executivo.9 Essa ausência pode ser percebida como um ponto negativo,
dificultando a implementação eficaz de programas essenciais para prevenção
desses problemas no cenário esportivo brasileiro.
Outra medida vetada foi a criação do Fundo Nacional do Esporte
(Fundesporte), fundamentada na ausência de previsão de receitas para sua
implementação, de acordo com a equipe econômica do governo. Esse veto pode
limitar as fontes de financiamento disponíveis para o esporte, impactando
negativamente o suporte financeiro às atividades esportivas.10
O veto à isenção de impostos para a importação de equipamentos esportivos
destinados a competições, treinamentos e preparações de equipes brasileiras é
outro aspecto negativo. A falta de especificação detalhada das razões para esse
veto levanta preocupações sobre o impacto dessa decisão no desenvolvimento do
esporte de alto rendimento.11
Adicionalmente, a tentativa de revogar a Lei Pelé (Lei 9.615/98) e incorporar
seus dispositivos à LGE foi vetada para evitar lacunas na legislação, resultando na
coexistência de duas "Leis do Esporte". Essa situação pode gerar complexidades e
dificuldades na interpretação e aplicação da legislação esportiva, o que pode ser
considerado um ponto negativo.12
A análise e a decisão do Congresso Nacional em relação a esses vetos serão
determinantes para definir a eficácia e a abrangência da nova legislação esportiva

9
Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/06/15/lei-geral-do-esporte-e-
sancionada-com-vetos>. Acesso em: 28, novembro de 2023
10
Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/06/15/lei-geral-do-esporte-e-
sancionada-com-vetos>. Acesso em: 28, novembro de 2023
11
Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/06/15/lei-geral-do-esporte-e-
sancionada-com-vetos>. Acesso em: 28, novembro de 2023
12
Disponível em: < https://leiemcampo.com.br/concentracao-viagens-pre-temporada-participacao-em-
partida-aplicacao-da-lei-pele-ou-lei-geral-do-esporte/>. Acesso em: 28, novembro de 2023
24

no Brasil, especialmente nas áreas de direitos trabalhistas, prevenção da violência


no esporte, financiamento e isenção fiscal. Esses pontos negativos refletem as
preocupações expressas nos textos em relação aos vetos e suas possíveis
implicações para o cenário esportivo brasileiro.

4.2 APLICAÇÃO DAS PENALIDADES ADVINDAS DA NOVA LEI GERAL DO


ESPORTE POR MANIPULAÇÃO DE RESULTADOS NA OPERAÇÃO
PENALIDADE MÁXIMA

A Operação Penalidade Máxima, desencadeada em fevereiro de 2023,


aproximadamente quatro meses após a sanção da Lei Geral do Esporte (LGE),
inicialmente não impactaria as sanções em vigor, em consonância com o princípio
da anterioridade. Entretanto, é pertinente destacar que, devido aos desdobramentos
dessa operação, a última denúncia apresentada já se fundamentou nos dispositivos
estabelecidos pela LGE.13
Cumpre salientar que os dispositivos relacionados às sanções nos casos de
manipulação da incerteza do resultado esportivo são, em essência, análogos aos
que já estavam contemplados no Estatuto do Torcedor, um dos arcabouços legais
frequentemente invocados nas denúncias. Observa-se, portanto, a ausência de
confronto com os princípios da retroatividade ou ultratividade da lei penal. Embora a
promulgação de uma nova lei sobre o tema pudesse teoricamente suscitar
questionamentos sobre a aplicação desses princípios, tal discussão não se aplica,
dada a manutenção das penalidades e dos conteúdos normativos da lei vigente. Por
conseguinte, e pelas mesmas razões, não manifestar-se-á o fenômeno jurídico da
abolitio criminis.

Retroatividade significa a aplicação da lei a fatos ocorridos antes de sua


entrada em vigor. Já ultratividade consiste na incidência de uma lei após a
sua revogação. A retroatividade volta-se ao passado, enquanto a
ultratividade projeta-se para o futuro. (SOUZA, Luciano. Capítulo 6. Lei
Penal no Tempo In: Direito Penal - Vol. 1 - Ed. 2023. SOUZA, Luciano.
Editora Revista dos Tribunais. 2023. Disponível em: São Paulo (SP):
https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/direito-penal-vol-1-ed-
023/1916542668. Acesso em: 28 de novembro de 2023.)

13
Disponível em: < https://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/mpgo-deflagra-3-fase-da-operacao-
penalidade-maxima-para-cumprir-10-mandados-de-busca-e-apreensao-relacionados-a-possiveis-
fraudes-em-7-partidas-de-futebol>. Acesso em: 28, novembro de 2023
25

Nesse contexto, é imprescindível abordar que, mesmo compartilhando o


mesmo domínio temático, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) continua
a ser aplicado no âmbito da justiça desportiva. Essa vigência do CBJD não prejudica
a aplicação dos demais dispositivos legais pertinentes, consolidando, assim, a
coexistência de diferentes instrumentos normativos na esfera desportiva.
Portanto, é essencial uma análise jurídica criteriosa, considerando os
princípios fundamentais do ordenamento jurídico e a interação complexa entre as
normativas vigentes, visando assegurar a efetividade e a justiça na aplicação do
direito desportivo.

5 IMPACTO NOS ESPORTES BRASILEIROS APÓS ESCÂNDALOS: ANÁLISE


DAS CONSEQUÊNCIAS E MEDIDAS CORRETIVAS

O envolvimento crescente das empresas de apostas no cenário esportivo


brasileiro tem sido objeto de atenção, especialmente diante da recente operação
Penalidade Máxima. A ESPN realizou pesquisa e buscou insights sobre como
empresas de apostas esportivas percebem a situação, suas posições e as medidas
adotadas para combater a manipulação de resultados e o aliciamento de atletas.14
As empresas de apostas, representadas pela Associação Nacional de Jogos
e Loterias (ANJL) e pelo Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR), veem o
escândalo como prejudicial às suas atividades e à credibilidade do esporte brasileiro.
Destacam o impacto financeiro e de imagem sofrido por elas, pelo governo, pelo
esporte e pelos apostadores.
A ANJL enfatiza a importância da regulamentação do setor para fortalecer
ações eficazes e parcerias entre setores público e privado. Ambas as associações
apoiam a investigação dos fatos pelas autoridades competentes e a punição
exemplar dos envolvidos.
No combate ao aliciamento de jogadores, as empresas ressaltam a
necessidade de prevenção e colaboração entre esporte, empresas de jogos e

14
Disponível em: <https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/12126999/escandalo-apostas-28-
empresas-respondem-espn-combater-manipulacao-resultados-aliciamento-jogadores>. Acesso em:
28, novembro de 2023.
26

autoridades. Educação, conscientização e regulamentação são apontadas como


elementos-chave. A ANJL propõe medidas como campanhas de educação para
atletas, exceção de determinadas apostas e convênios com autoridades. O IBJR
destaca o trabalho na prevenção e a educação.
Diante da complexidade do tema, as empresas de apostas buscam uma
postura proativa na prevenção e combate à manipulação de resultados e ao
aliciamento de jogadores. A busca por regulamentação é consenso, visando criar um
ambiente mais seguro e transparente. A colaboração entre setores público e privado,
aliada à educação e conscientização, é vista como estratégia fundamental para
proteger a integridade do esporte e o mercado de apostas no Brasil.
A manipulação de resultados pode afetar o mercado de patrocínios,
desvalorizar a imagem do esporte e criar prejuízos diretos para casas de apostas,
importantes patrocinadores do futebol brasileiro. Empresas alertam para a
possibilidade de repensar investimentos se os problemas persistirem. O Instituto
Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) destaca a possível desvalorização do
"produto Brasileirão" preocupa, especialmente em um momento crucial de
negociações para os direitos comerciais da competição.
O Ministério da Fazenda apresentou proposta para regulamentar o setor de
apostas, incluindo dispositivos para proteger as empresas e proibir apostas por
indivíduos ligados às entidades esportivas. O CEO da Heatmap, Renê Salviano,
enfatiza a importância de investigar e punir os responsáveis, destacando a
necessidade de apoio das casas de apostas no processo de investigação.
A operação recente evidencia que a manipulação, além de prejudicar
diretamente os torcedores e a sociedade, afeta clubes e casas de apostas. A falta de
conhecimento dos atletas sobre as regras e penalidades relacionadas às apostas
esportivas é apontada como um fator que contribui para a vulnerabilidade do
sistema.
Uma Pesquisa realizada pela Grand View Research, em 2023, relata que
deverá haver um aumento de cerca de 10% no mercado de apostas neste ano em
relação ao ano passado.
Isso importa em dizer que apesar dos resultados preocupantes em relação as
manipulações no futebol, o mercado de apostas segue crescendo. Muito disso se
deve ao fortalecimento institucional das casas de apostas e ao combate destas aos
esquemas fraudulentos.
27

Gráfico 1 – Apostas Esportivas

15
Fonte: Grand View Ressarch (2023)
A manipulação de resultados nas apostas esportivas no Brasil representa
uma ameaça significativa ao esporte e às empresas envolvidas. A regulamentação é
crucial para criar um ambiente seguro, transparente e atrativo. Medidas como
compliance, educação, colaboração e monitoramento tecnológico são fundamentais
para combater a manipulação e proteger a integridade do esporte brasileiro. A
eficácia dessas medidas dependerá da implementação adequada e do compromisso
contínuo de todas as partes interessadas.

6 FIFA E CBF: CENÁRIO INTERNACIONAL E NACIONAL

A manipulação de resultados no futebol é um tema abordado de maneira séria


e rigorosa pelos órgãos reguladores, como a FIFA e a Confederação Brasileira de
Futebol (CBF).
No contexto internacional, o regulamento da FIFA16, dita que a manipulação
de partidas e competições de futebol é estritamente proibida. Qualquer indivíduo
que, direta ou indiretamente, influencie ou manipule ilegalmente o curso, resultado
ou qualquer outro aspecto de uma partida e/ou competição, sujeita-se a sanções
severas. Isso inclui uma suspensão mínima de cinco anos de atividades
relacionadas ao futebol e uma multa mínima de CHF 100.000. Em casos graves,
pode ser imposta uma suspensão mais longa, incluindo a possibilidade de
banimento vitalício de atividades relacionadas ao futebol.

15
Disponível em: < https://www.grandviewresearch.com/industry-analysis/sports-betting-market-
report>. Acesso em: 28, novembro de 2023.
16
Disponível em: < https://leiemcampo.com.br/os-destaques-das-atualizacoes-da-fifa-nos-novos-
codigos-disciplinar-e-de-etica/>. Acesso em: 28, novembro de 2023.
28

Se um jogador estiver envolvido nesse comportamento, o clube ao qual


pertence também pode ser sancionado, incluindo a perda da partida em questão ou
a inelegibilidade para participar de outra competição. Além disso, medidas
disciplinares adicionais podem ser aplicadas.
A FIFA enfatiza a cooperação total de todas as partes envolvidas, exigindo
que aqueles vinculados ao seu código relatem imediatamente qualquer abordagem
relacionada à manipulação de partidas. O não cumprimento dessa obrigação pode
resultar em uma proibição mínima de dois anos de atividades relacionadas ao
futebol e uma multa de pelo menos CHF 15.000.
O regulamento da FIFA também aborda questões como suspensão de
implementação de medidas disciplinares e a obrigação das confederações e
associações informar imediatamente à FIFA sobre sanções relacionadas a infrações
graves.
No âmbito nacional, a CBF, através de seu Código de Disciplina e Ética17,
reforça a proibição da manipulação de resultados. O artigo 19 destaca a proibição de
oferecer vantagem econômica com o objetivo de manipular o resultado de jogos ou
competições. Além disso, os preceitos que orientam o futebol brasileiro, conforme
estabelecido no artigo 2º, deixam claro que a prática do futebol é incompatível com a
manipulação de resultados entre competidores.
O Código de Conduta para gestores, previsto no artigo 6º, impõe regras
específicas, como a não prática ou prevenção de fraude, manipulação de resultados
e dopagem. Similarmente, atletas, treinadores, equipe técnica e árbitros são
instruídos a não solicitar ou aceitar vantagens que possam influenciar suas
decisões, a denunciar situações suspeitas de manipulação de resultados e a abster-
se de qualquer atividade de jogos de azar relacionada ao futebol.
Essas medidas regulatórias buscam assegurar a integridade do esporte,
promovendo um ambiente justo e confiável para jogadores, clubes e torcedores.

17
Disponível em: < https://conteudo.cbf.com.br/etica/codigo.pdf>. Acesso em: 28, novembro de 2023.
29

6.1 IMPACTO DAS PUNIÇÕES NAS ESTRUTURAS DA FIFA E CBF

As recentes punições aplicadas pela justiça desportiva em decorrência do


escândalo de apostas e manipulação de resultados no futebol brasileiro têm gerado
impactos significativos nas estruturas da CBF e da FIFA.
A CBF, desempenha papel crucial na implementação das punições, atuando
em conformidade com o regulamento da FIFA e seu próprio Código de Disciplina e
Ética. Ao notificar as federações estrangeiras sobre as decisões do Superior
Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e solicitar a extensão das punições para além
das fronteiras nacionais, a entidade brasileira busca assegurar a coerência nas
penalidades impostas.
A atuação do STJD no processo de julgamento dos jogadores, estabelecendo
penas que variam de 360 a 720 dias de suspensão, além de multas, demonstra a
aplicação rigorosa do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. A busca por uma
resposta eficaz e proporcional ao impacto causado pelas manipulações de
resultados reforça a importância da justiça desportiva na preservação dos princípios
éticos do esporte.
Diante desse cenário, a CBF, ao tomar medidas que visam impedir que os
jogadores punidos atuem no exterior, reforça seu compromisso com a integridade do
futebol brasileiro em escala global. O bloqueio no Sistema de Registro e
Transferências da CBF e a notificação direta às federações estrangeiras corroboram
a efetividade das medidas adotadas.
No âmbito da FIFA, as sanções adotadas estão em consonância com o
Código Disciplinar da entidade, que prevê punições severas para casos de
manipulação de partidas. O banimento vitalício e internacional de jogadores como
Ygor Catatau, Gabriel Tota e Matheus Philippe demonstra a determinação em
erradicar condutas prejudiciais ao fair play e à credibilidade do futebol. 18
O impacto das punições nas estruturas da FIFA e CBF também se reflete na
cooperação entre ambas as entidades. A comunicação efetiva das decisões do
STJD à FIFA evidencia a colaboração no combate a práticas prejudiciais ao esporte,
fortalecendo os laços entre as organizações no zelo pela integridade do futebol.

18
Disponível em: < https://ge.globo.com/sp/futebol/noticia/2023/09/11/manipulacao-fifa-bane-tres-e-
amplia-para-todo-o-mundo-a-suspensao-de-jogadores-brasileiros.ghtml>. Acesso em: 28, novembro
de 2023.
30

Em síntese, as punições aplicadas pela FIFA e CBF representam uma


resposta enérgica aos atos de manipulação de resultados, sinalizando para
jogadores, clubes e demais envolvidos que condutas antidesportivas não serão
toleradas. O impacto dessas medidas transcende o cenário nacional, projetando a
imagem de organizações comprometidas com a ética e a transparência no esporte,
reforçando a importância da vigilância constante para preservar a integridade do
futebol mundial.

7 CONCLUSÃO: INTEGRAÇÃO DE RESULTADOS, IMPLICAÇÕES E


PERSPECTIVAS FUTURAS

A interseção da Operação Penalidade Máxima e da Lei Geral do Esporte


(LGE) impulsionou transformações profundas no cenário desportivo brasileiro,
moldando não apenas o arcabouço normativo, mas também a dinâmica operacional
e a percepção do público sobre a integridade no esporte. Ao revisitar os vetos
presidenciais, destacamos as áreas de conflito e as possíveis ramificações dessas
decisões na eficácia da legislação.
A análise da aplicação prática das penalidades previstas na LGE na
Operação Penalidade Máxima revela a capacidade da legislação em lidar com
situações reais de manipulação de resultados, destacando a importância de uma
abordagem proativa na preservação da integridade esportiva. As medidas corretivas
adotadas pelas empresas de apostas refletem uma conscientização crescente sobre
a necessidade de regulamentação e colaboração no setor.
A postura enérgica da FIFA e CBF diante da manipulação de resultados
demonstra um compromisso sério com a ética e a credibilidade do futebol. As
punições severas aplicadas sinalizam uma tolerância zero para condutas
antidesportivas, projetando a imagem de organizações comprometidas com a
integridade do esporte em escala global.
Por derradeiro, não obstante os escândalos criminosos desencadeados pela
Operação Penalidade Máxima, constata-se que, pelo menos, o submundo delituoso
vinculado às manipulações de resultados está sendo objeto de investigação. Diante
disso, emito uma avaliação que, apesar do panorama ainda não atingir a plenitude
31

desejada, evidencia algum avanço em direção a um patamar mais elevado se


comparado aos anos precedentes.
Projetando-nos para o futuro, ante a prospectiva de uma regulamentação das
apostas, inclusive considerando-a como um desdobramento provável, e a possível
centralização da legislação desportiva, vislumbro a possibilidade de respirar aliviado
em relação à efetiva salvaguarda da integridade do esporte brasileiro, garantindo o
título de País do Futebol, sem restrições.
32

REFERÊNCIAS

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empresas respondem à ESPN como veem caso e o que fazem para combater
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