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Gestão de Futebol

Online

Maio de 2021
Gestão de Futebol (online)

Direito Desportivo do Trabalho

Ricardo Miguel
ricardo.miguel@trt1.jus.br
@ricardogamiguel
@RGAMiguel

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
MINI CURRÍCULO
● Juiz do Trabalho, titular da 13ª Vara do Rio de Janeiro;
● Professor convidado da CBF Academy;
● Professor de graduação e pós-graduação da Universidade Cândido Mendes e professor convidado da pós-
graduação da FGV, do IBMEC e da PUC/RJ.
● Autor do livro “O Enquadramento Jurídico do Esporte Eletrônico”;
● Doutorando em Ciências Jurídicas (Univ. Autônoma de Lisboa) e em Direito Desportivo (PUC/SP).
● Mestre em Direito Público e Evolução Social (Univ. Estácio de Sá); Mestre em Ciências Jurídicas (Univ.
Autônoma de Lisboa);
● Coordenador do LLM Sports Law do ICF/Trevisan
● Membro da Academia Nacional de Direito Desportivo – Brasil;
● Membro da Sociedade Brasileira de Direito Desportivo.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
OBJETIVO
GERAL

● Apresentar todas as questões trabalhistas recorrentes no cenário desportivo, de modo a preparar o futuro
gestor e executivo do futebol para os desafios da rotina econômico –trabalhista das entidades de
administração do desporto e de prática desportiva.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

● Legislação; Vínculo Empregatício; Vínculo Desportivo


● Contrato Especial de Trabalho Desportivo:
Forma, Partes, Duração e Capacidade
Aspectos remuneratórios (direito de arena; direito de imagem; IR)
Jornada, Subordinação e Punições
Término do contrato (justa causa; rescisão indireta; transferências - empréstimo)
● Aspectos Previdenciários
● Reforma Trabalhista: novas questões no cenário da Pandemia. Uma mudança de paradigma?!

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
A JUSTIÇA DO TRABALHO
COMPOSIÇÃO
Artigo 111 da CF  TST, TRT’s e Juízes do Trabalho
COMPETÊNCIA
Artigo 114 da CF: Demandas inerentes às relações de trabalho.
Artigo 217, § 1º, da CF:
“O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as
instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”.
 disciplina
 competições desportivas
Ação na JT  preclusão na JD
Ação na JD não interrompe a prescrição
STJD X JT – Conflito de competência ? STJ – Palmeiras x Flamengo

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Direito Desportivo do Trabalho
Legislação; Vínculo Empregatício; Vínculo Desportivo.

Vínculo desportivo acessório ao vínculo empregatício.

Lei nº 9.615/98 (Lei Geral do Desporto)

Lei nº 12.395/11 (art. 19, revogação da Lei nº 6.354/76)

Decreto 7.984/13 (regulamenta a LGD)

CLT (aplicação subsidiária).

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Legislação; Vínculo Empregatício; Vínculo Desportivo.

Conflito aparente de normas: CLT (pós “reforma”) x LGD:

Parcelamento de férias (Art. 134, § 1º, CLT): Caso Flamengo X FERJ – concordância do atleta

O cenário desportivo em tempos de pandemia – suspensão do contrato; MPs; antecipação de férias.

Lei do Profut (13.155/15):

Destaque para art. 4º, I, VIII: cumprimento das obrigações trabalhistas para se manter filiado ao sistema Profut.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Legislação; Vínculo Empregatício; Vínculo Desportivo

Art. 28-A, § 2º, LGD:


Inexistência de vínculo entre atleta e delegação ou federação. Caso Jade Barbosa.

Técnicos e Comissão Técnica (PJ?)

Sir Alex Ferguson


(M.U.1986 – 2013)

Árbitros: Inexistência de vínculo (Art. 88, § único) + Art. 442-B, CLT X MPT

EAD: possibilidade de punição administrativa a EPD e Atletas. Pierluigi Collina


(Jan/2010 – melhor árbitro)

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Desporto Profissional e Não Profissional
(artigo 3º da Lei nº 9.615/98)

Desporto profissional: atleta vinculado à entidade desportiva – art. 28.

 contrato de trabalho

 remuneração pactuada

 (?) desporto coletivo


(art. 28-A, § 3º, da Lei nº 9.615/98) X Art. 94 - exclusividade para o futebol (?)

OBS:. Necessidade de legislação exclusiva para o futebol (?)

Art. 26, § único: Definição de Competição Profissional.

Art. 27, § 9º: Faculdade de Clube Empresa.

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Direito Desportivo do Trabalho
Desporto Profissional e Não Profissional
Desporto não profissional:

 liberdade da prática

 inexistência de contrato de trabalho e salário

 possibilidade de incentivos materiais e patrocínio

(artigo 3º, parágrafo único, II da Lei Pelé)


Atleta amador x Atleta autônomo (art. 28-A, §1º)

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Futebol Feminino
ATOrd 0000328-86.2020.5.10.0013:

O Juiz afastou o registro do contrato na CTPS da jogadora (que constava atleta não profissional), explicando que ela
recebia salário e tinha rotina de treinos e jogos, e que pela Lei 9.615/98, artigo 94, não existe a figura do atleta
autônomo para modalidades coletivas como o futebol.

A sentença reconheceu o acidente de trabalho da jogadora profissional, em razão de lesão no joelho contraída durante
um treinamento, lhe assegurou o direito à garantia provisória de emprego e indenização correspondente.
Futebol Feminino
RO 0001490-88.2012.5.02.0088 :

“Assim, resta evidente que, para fins de caracterização de vínculo empregatício entre o atleta e a entidade de prática
desportiva, é necessário verificar se na relação jurídica entre as partes estão presentes os requisitos previstos no
artigo 3º da CLT.

Frise-se que, em que pese a literalidade do inciso I, do artigo 3º, da Lei n. 9.615/98, a ausência de formalização de
contrato escrito, por si só, não impede o reconhecimento do vínculo de emprego, diante do princípio da primazia
da realidade, informador do Direito do Trabalho.”
Futebol Feminino
RO 0120100-67.2009.5.02.0040:

“ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL. ARTIGO 43, DA LEI 9615/98. PARTICIPAÇÃO EM COMPETIÇÃO


PROFISSIONAL. Dispõe o artigo 43, da Lei 9615/98 que “é vedada a participação em competições desportivas
profissionais de atletas não-profissionais com idade superior a vinte anos”. Portanto, caso possua o atleta mais de 20
aos de idade e participe de competição profissional, deve ser considerado profissional, sendo defeso considerá-lo
como esportista amador. ”
Futebol Feminino
Igualdade é possibilitar o mesmo acesso a direitos e oportunidades.

Aristóteles: Igualdade para iguais e desigualdade para desiguais.

Arts. 1º e 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

4 categorias:

Educação
Saúde e sobrevivência
DESPORTO
Participação econômica e oportunidade

Participação política

Histórico: Sociedades patriarcais em sua maioria.


Futebol Feminino
A constituição americana (1877) não prevê igualdade entre homens e mulheres.

A Suprema Corte considera a igualdade de gênero de média importância governamental (intermediate scrutiny) .

A desigualdade é cultural.

As diferenças são naturais.

No Brasil: Art. 5º, inciso I, da CF/88.


Futebol Feminino
Constituição Federal:
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

CLT:
Artigos 372 e seguintes.
Artigo 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento
empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.

OBS: Inaplicabilidade de equiparação salarial entre jogadores.


Futebol Feminino
Movimento mundial: FIFA e CONMEBOL

Preconceito

Normas do futebol: PROFUT  condição para o refinanciamento de dívidas = manutenção de investimento mínimo na
formação de atletas de futebol feminino.

CBF: 1ª divisão masculina  1 time feminino adulto + 1 time feminino de base

$  mesma diária do masculino; mesmo prêmio olímpico;

premiação ≠ Copa do Mundo  proporcionalidade FIFA


Futebol Feminino
Os três países de maior igualdade de gênero:

Islândia, Finlândia e Noruega (1).

Os EUA são tetracampeões do mundo no futebol feminino.

Esports: FIFA 21 “The Best”  Megan Rapinoe


Futebol Feminino
Futebol Feminino
Nos EUA...

Formação mista precoce.


Mudança cultural. Futebol (Soccer) como opção em detrimento de Basebol, Basquete e Futebol Americano (homem
médio).

Recordes de audiência.

Maior geração de receita.


Futebol Feminino. Questões relevantes.
Discrepância de salários.

Lógica de mercado. Problema cultural  lucro homem X lucro mulher

No Brasil, desde 2015, Marta é a maior artilheira (masculino e feminino): 117 gols (Pelé = 95 gols).

Ausência de patrocínio.

Falta de visibilidade.
A mulher trans.

A percepção feminina.
Futebol Feminino. Questões jurídicas.
Licença maternidade e estabilidade (Artigo 10, II, b do ADCT da CF).

Estabilidade em contrato a termo:

Súmula nº 244 do TST. GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA.

I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade
(art. 10, II, "b" do ADCT).

II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia
restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade.

III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.
Contrato Especial de Trabalho Desportivo (CETD)

FORMA  escrito e por prazo determinado - art. 30, LGD. Caso Leandro Amaral.

PARTES  atleta profissional e entidade de prática desportiva

Art. 27-B: nulidade de cláusula com interveniência de terceiros, salvo convenção coletiva

Art. 27-C: nulidade do contrato entre Atleta e Agente.

DURAÇÃO vigência mínima de 3 meses

(analogia ao contrato de experiência é inaplicável)

vigência máxima de 5 anos

(inaplicabilidade do artigo 445, CLT)

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Contrato Especial de Trabalho Desportivo (CETD)

CAPACIDADE
1º contrato profissional a partir de 16 anos
Preferência na renovação por até 3 anos, salvo para equiparação de proposta.
Possibilidade de indenização à EPD formadora quando da recusa do primeiro contrato.
LGD, art. 29, § 5º ($ máx = 200 x gastos com o atleta).
Aquiescência do representante legal para >16 anos e < 21 anos
> 18 anos admite suprimento judicial de outorga
Contrato de formação (necessária certificação pela EAD). LGD, art. 29.
Mecanismo de solidariedade LGD, art. 29-A. 5% transferência nacional.
Obrigatória a aquiescência do atleta em qualquer transferência.

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Direito Desportivo do Trabalho
Aspectos Remuneratórios

SALÁRIO (LGD, Art. 31, caput e §§ 1º e 2º)


Paga direta pelo empregador
Mora salarial: abono de férias, 13º salário, gratificações, prêmios e demais verbas ajustadas no
contrato, FGTS e contribuições previdenciárias.
Composição da Remuneração ≠ CLT
Obs: Incabível equiparação salarial entre jogadores (art. 461, CLT)
LGD, art. 32. Possibilidade de recusa em competir com atraso salarial a partir de 2 meses.
Empréstimo: LGD, art. 39. Após 2 meses, possibilidade de purgar a mora.
Inaplicabilidade do art. 31, LGD. Retorno ao empregador. Pagamento de cláusula compensatória
pelo cessionário.
Acréscimos remuneratórios? Definição. Facultativos ou obrigatórios?

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Aspectos Remuneratórios

PRÊMIO E BICHO
Prêmio individual pago em valores fixos ou variáveis
Admite paga por terceiros?
Art. 31, §1º, LGD = salário.

Prêmio = previsão contratual: “salário fixo + comissão”.

Remuneração por partida.

Bicho = paga eventual

“Reforma Trabalhista”: CLT, art. 457, §§ 2º e 4º (não integração à remuneração; definição de prêmio).

Logo, conflito aparente de normas: LGD X CLT

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Aspectos Remuneratórios

LUVAS

Pagas na assinatura do contrato

Remuneração do “fundo de trabalho” em pecúnia ou vantagens

Natureza jurídica: TST  indenizatória (contrato futuro)

doutrina e lei  salarial (art. 31§ 1º)

Aspecto prático: pagamento parcelado e negociação do contrato.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Remuneração: Bicho e Luvas

Art. 457

(...)

§2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu
pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se
incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e
previdenciário.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Remuneração: Bicho e Luvas

(...)

§4º Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em
dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado
no exercício de suas atividades.” (NR)

Definição de “prêmio” – afasta a integração

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Direito de Arena

5% x 20%

Natureza jurídica: Civil. (art. 42, §1º, LGD)

Imposto de Renda:

natureza civil ≠ caráter indenizatório ou remuneratório

Incidência de IR em ganho de capital (civil ou trabalhista)

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Direito de Imagem

Natureza jurídica: Civil. Limitado a 40% da remuneração total = salário + imagem


(art. 87-A, LGD)
Caso Ronaldo.

Imposto de Renda:
natureza civil ≠ caráter indenizatório ou remuneratório
Incidência de IR em ganho de capital (civil ou trabalhista)
Cessão para Pessoa Jurídica X IRPF:
Hipóteses: clube - atleta; clube - atleta - PJ atleta; clube atleta PJ de 3º
Ação trabalhista  natureza salarial  integração à remuneração:
Ofício à Receita Federal = IRPF retroativo
Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Jornada de Trabalho

Histórico legislativo:

- Lei 6.354/76 – Limitação expressa da carga semanal em 48h de trabalho.

- CRFB, Art. 7º, XIII.

- Lei 9.615/98, LGD (alterada em 25/03/2001):

Excluída a limitação.

- PL 5.186/05 (alteração da LGD):

Não contemplava duração de trabalho e adicional noturno.

- Lei 12.395/11 (decorre do PL 5.186/05 – alteração da LGD):

Fixa 44h semanais de trabalho.


Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Jornada de Trabalho

TRABALHO NOTURNO

Ausência de previsão legal de pagamento de adicional ou redução de hora.

CRFB, art. 7º, IX. Ausência de regulamentação – norma programática ou CLT + LGD (previsão de aplicação da

CLT).

Silêncio eloquente da Lei.

TST: Não cabimento. Peculiaridade do trabalho. Valores embutidos na remuneração regular.

MENOR: ATLETA PROFISSIONAL > 16 ANOS (primeiro contrato profissional) e < 18 ANOS. Participações em

partidas noturnas (22h). Validade? Vontade do Atleta. Autorização Judicial.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Jornada de Trabalho

DESCANSO SEMANAL REMUNERADO

2 jogos semanais no futebol (ou mais no vôlei e basquete) X 1 folga semanal

folga em dia seguinte ao da partida X treino regenerativo

Bom Senso FC: quantidade de jogos Brasil x Europa.

Visibilidade. Realidade de 95% dos atletas profissionais.

Opinião: melhor qualidade e menos quantidade de torneios.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Contrato Especial de Trabalho Desportivo (CETD)
SUBORDINAÇÃO X PUNIÇÕES
Art. 34, LGD – deveres da EPD
Art. 35, LGD – deveres dos atletas
 Justa causa.
Lacuna. Aplicação da CLT, art. 28, § 4º.
Possibilidade de cobrança de cláusula indenizatória?
Solidariedade da nova EPD contratante?
Casos Bruno e Adriano.
- advertência Caso Ronaldinho em Londrina.
- suspensão
- pena pecuniária (multa) – art. 48, LGD.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Contrato Especial de Trabalho Desportivo (CETD)
PENA PECUNIÁRIA
(Art. 15, § 1º, Lei nº 6.354/76)

“Art. 15. A associação empregadora e as entidades a que a mesma esteja filiada poderão aplicar ao atleta as
penalidades estabelecidas na legislação esportiva, facultada a reclamação ao órgão competente da Justiça e
Disciplina Desportiva.

§ 1º. As penalidades pecuniárias não poderão ser superiores a 40% (quarenta por cento) do salário percebido pelo
atleta, sendo as importâncias correspondentes recolhidas diretamente ao “Fundo de Assistência ao Atleta
Profissional – FAAP”, a que se refere o artigo 9º da Lei nº 6.269 de 24 de novembro de 1975, não readquirindo o
atleta condição de jogo, enquanto não comprovar, perante a Confederação, a Federação ou a Liga respectiva, o
recolhimento, em cada caso”.
Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Contrato Especial de Trabalho Desportivo (CETD)

A revogação da lei não alterou a possibilidade de aplicação da pena pecuniária.

Interpretação da legislação conforme a especificidade do direito desportivo (motivação da equipe,

punição menos gravosa ao atleta, necessidade de manutenção do condicionamento físico e técnico, continuidade

da atividade desportiva, etc.).

Art. 48 da lei 9.615/98.

Logo, cabe a multa. Discute-se o percentual.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Término do Contrato

Vínculo desportivo é acessório ao vínculo empregatício.

Extinção da figura do passe.

Admite-se o distrato (previsão específica na LGD) + art. 484-A, CLT

Rescisão indireta.

Justa causa. Lacuna na LGD.

CLT (art. 482, m - impossibilidade de cumprimento do contrato). Caso Bruno.

Rescisão unilateral pelo atleta (+ art. 28, I, b) ou pela EPD.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Término do Contrato

RESCISÃO INDIRETA.

(LGD, art. 28, § 5º, III e IV – CLT, art. 483)

Mora salarial total ou parcial (LGD, art. 31, § 1º e § 2º)

Salário  FGTS; abono de férias, gratificações, prêmios, contribuições previdenciárias

Direito de imagem? LGD.

Casos Juninho Pernambucano, Oscar e Ronaldinho Gaúcho.

Cabimento ou não de habeas corpus

Rescisão liminar X art. 12, Profut (parcelamento FGTS em 180 x)

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Término do Contrato

Art. 31. A entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento de salário ou de contrato de
direito de imagem de atleta profissional em atraso, no todo ou em parte, por período igual ou superior a três
meses, terá o contrato especial de trabalho desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para
transferir-se para qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma modalidade, nacional ou internacional, e
exigir a cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos.

§ 5º O atleta com contrato especial de trabalho desportivo rescindido na forma do caput fica autorizado a
transferir-se para outra entidade de prática desportiva, inclusive da mesma divisão, independentemente do número
de partidas das quais tenha participado na competição, bem como a disputar a competição que estiver em
andamento por ocasião da rescisão contratual.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Término do Contrato

Para o clube: cláusula indenizatória desportiva = até 2.000 x salário médio contratual

Para o atleta: clausula compensatória desportiva = ate 400 x salário mensal e no mínimo os salários até o fim
(LGD, art. 28, §1º, I e II; e §3º)

Valores convencionados pelas partes sujeitas aos limites acima para transferências internas e ilimitada para
externas, sendo necessário constar do contrato.

Cabível em descumprimento, rescisão ou rompimento unilateral do contrato.


Art. 479 da CLT: Inaplicável
equivalência de valores (?)

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Aspectos Previdenciários

Direitos e deveres de clubes e atletas em relação à Previdência Social.

LGD, Art. 28, § 4º, d: Seguridade Social.

LGD, Art. 57: Contribuições à FAAP e FENAPAF

LGD, Art. 28, §§ 7º e 8º: Suspensão do contrato por inatividade > 90 dias por culpa exclusiva do atleta,

com possibilidade de cláusula de prorrogação automática. Caso Bruno.

LGD, Art. 45: Seguro de vida e acidentes pessoais. Responsabilidade por despesas médicas.

LGD, Art. 41, §§1º e 2º: convocação para seleção. Indenização da EPD e retorno do atleta apto.

Caso Neymar.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Reforma Trabalhista: novas questões.

ARBITRAGEM

CLT, art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória
de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos
na Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996.

Direitos relativamente indisponíveis

Competência trabalhista da CNRD

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Reforma Trabalhista: novas questões.

QUITAÇÃO
CLT, art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o
termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria.

Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a quitação
anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele especificadas.

 Quitação para direito de arena e outros direitos.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Reforma Trabalhista: novas questões.

NEGOCIAÇÃO COLETIVA

CLT, art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros,
dispuserem sobre:
(...)
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho
individual;

 Possibilidade para imagem e arena.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Reforma Trabalhista: novas questões.

NEGOCIAÇÃO COLETIVA

Exemplo: Sport Clube Ulbra x Sindicato dos Atletas Profissionais do RS

“Fica convencionado que o direito de arena previsto no art. 42, §1º da Lei n. 9.615/98 relativo à autorização para
negociar e autorizar a transmissão ou retransmissão de imagem de espetáculo ou eventos esportivos será pago através
do Sindicato, na ordem de 10% (dez por cento). O pagamento efetuado através do sindicato não é integrativo da
remuneração salarial para todos os efeitos legais”

Outras categorias:
Negociação coletiva com os sindicatos profissionais de médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, etc.
Adequação às especificidades do trabalho a ser desempenhado.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Reforma Trabalhista: novas questões.

DISPENSA EM MASSA

CLT, Art. 477-A - “As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os fins, não

havendo necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou acordo

coletivo de trabalho para sua efetivação”.


Reforma Trabalhista: novas questões.

HOMOLOGAÇÃO DE ACORDOS EXTRAJUDICIAIS

CLT, art. 652. Compete às Varas do Trabalho:

(...)

f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da Justiça do Trabalho.

Análise da legalidade, não do mérito.

Direitos relativamente indisponíveis.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Responsabilidade do dirigente da EPD.

Art. 27, § 11 da Lei Geral do Desporto (9.615/98)

Responsabilidade de forma solidária e ilimitada por atos ilícitos, gestão temerária ou contrários ao estatuto 

TEORIA MAIOR (art. 50 do CC)

 PROFUT (Lei nº 13.155/15):Definição de gestão temerária.

 Art. 25, § 1º: hipótese de não responsabilização (inexistência de culpa grave ou dolo; boa-fé para evitar prejuízo

maior).

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Responsabilidade do dirigente da EPD.

Art. 27, § 11 da Lei Geral do Desporto (9.615/98)

Responsabilidade de forma solidária e ilimitada por atos ilícitos, gestão temerária ou contrários ao estatuto 

TEORIA MAIOR (art. 50 do CC)

 PROFUT (Lei nº 13.155/15):Definição de gestão temerária.

 Art. 25, § 1º: hipótese de não responsabilização (inexistência de culpa grave ou dolo; boa-fé para evitar prejuízo

maior).

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Relembrando as teorias...

1) Teoria Maior (art. 50, CC): Abuso da personalidade jurídica.


2) Teoria Menor (art. 28, § 5º do CDC): Abuso de direito; excesso de poder; infração da lei; fato ou
ato ilícito; falência ou insolvência decorrentes de má administração.
 "Teoria Enorme" (Justiça do Trabalho)
Mero descumprimento ou inadimplemento = abuso de direito.
Exemplo: Caso do Botafogo.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Na reforma...

Art. 10-A da CLT:


O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que
figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada
a seguinte ordem de preferência:
I - a empresa devedora;
II - os sócios atuais; e
III - os sócios retirantes.
Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na
alteração societária decorrente da modificação do contrato.”

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
Obrigado.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho
BIBLIOGRAFIA

● Revistas da Academia Nacional de Direito Desportivo


● ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os Atletas Profissionais de Futebol no Direito do Trabalho . LTr.
● VEIGA, Mauricio de Figueiredo Corrêa da. Manual de Direito do Trabalho Desportivo. LTr.
● SOUZA, Gustavo Lopes Pires de (e outros. Org.) Enciclopédia de Gestão, Marketing e Direito Desportivo.
Ineje.

Ricardo Miguel
Direito Desportivo do Trabalho

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