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Legislação Esportiva

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I - Histórico
• Surgimento de práticas esportivas nas civilizações
Incas, Maias e Astecas.
• Criação de clubes na Inglaterra no século XIX.
• Primeira manifestação do Direito Desportivo em
competições de ciclismo promovidas pela Union
Ciclist Internacionale em 1885.

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• Em 1884 criação do COI – Comitê Olímpico


Internacional.

• Fundação da FIFA – Federation Internationale


de Football Association, em 1904.

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• Chegada do futebol ao Brasil, em 1878, vindo


da Inglaterra.
• Criação da Liga Paulista de Foot Ball, a
primeira associação de futebol do Brasil –
1901.
• Em 1914, criação da Federação Brasileira de
Sports / Confederação Brasileira de Desportos.

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• “Football is a big business” (William McGregor, 1905).


• Transformação causada pela competição.
• Clubes passaram a atrair torcedores que queriam ver
“seus” times ganharem dos demais.
• Para satisfazer as demandas dos torcedores eram
necessários gastos. Melhores jogadores. Jogadores
profissionais reconhecidos em 1885.
• “Football: the Global Game” - 250 milhões jogam e 1,4
bilhão têm interesse (Giulianotti, 2004).
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II – Definições
“DIREITO DESPORTIVO é o conjunto de técnicas,
regras, instrumentos jurídicos sistematizados,
que tenham por fim disciplinar os
comportamentos exigíveis na prática dos
desportos em suas diversas modalidades.”
(Álvaro Melo Filho, 1986)

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• CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988 = art. 217:


– Competência da União para legislar sobre desporto,
especificamente para estabelecer normas gerais (art. 24,
IX, §1º);
– Dever do estado de fomentar as práticas desportivas;
– Autonomia das entidades desportivas;
– Tratamento diferenciado para o desporto profissional e o
não-profissional;
– Justiça Desportiva.

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Legislação desportiva federal vigente:


- Lei nº 9.615/98 – Lei Geral Sobre Desportos, com suas
alterações, conhecida por “Lei Pelé”;
- Lei nº 6.354/76 – Relações do Trabalho do Atleta Profissional
- “Lei do Passe” (ainda parcialmente vigente);
- Lei nº 8.650/93 – Relações do Trabalho do Técnico de
Futebol.
- Lei nº 10.671/03, Estatuto de Defesa do Torcedor;
- Leis nº 10.264/01 (“Lei Agnelo/Piva”) e nº 10.891/04 (Bolsa
Atleta);
- Código Brasileiro de Justiça Desportiva - CBJD.

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• Lei Federal nº 9.615/98 - Lei Geral Sobre Desportos


(Lei Pelé):
– Recepciona as normas nacionais e internacionais e regras
de práticas desportivas aceitas pelas respectivas
entidades de administração (§1º do art. 1º da Lei Geral Sobre
Desportos);
– Natureza, princípios e finalidades do desporto*;
– Organização da prática desportiva de forma profissional;
– Justiça Desportiva;

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* Natureza e Finalidades do Desporto no Brasil:


• Desporto Educacional: Praticado nos sistemas de ensino,
evitando a seletividade, a hipercompetitividade, com a
finalidade de alcançar o desenvolvimento e a formação
do indivíduo.
• Desporto de Participação: De modo voluntário,
praticadas com a finalidade de integrar os participantes
na plenitude da vida social, na promoção da saúde e
educação, e na preservação do meio ambiente.

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• Desporto de Rendimento: Praticado segundo as normas


e regras nacionais e internacionais, com a finalidade de
obter resultados, integrar pessoas e comunidades do
País e estas com outras nações.

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• Atleta profissional: Aquele que recebe remuneração


pactuada em contrato de trabalho firmado com
entidade de prática desportiva.
- Lei nº 10.220/01 – (peão de rodeio)
• Atleta não-profissional: É aquele que pratica
qualquer modalidade desportiva sem recebimento
de remuneração.

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- Art. 28: atividade do atleta profissional


caracterizada por remuneração pactuada em
contrato formal de trabalho firmado com o clube,
que deverá conter, obrigatoriamente, cláusula
penal para as hipóteses de descumprimento,
rompimento ou rescisão unilateral.
- § 1º - Aplicam-se ao atleta profissional as normas
gerais da legislação trabalhista e da seguridade
social, ressalvadas as peculiaridades expressas
nesta Lei ou integrantes do respectivo contrato de
trabalho.
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• O instituto do passe foi extinto pela Lei nº


9.981/00, que entrou em vigor em 2002.
- A partir de agora o vínculo desportivo existente entre
entidades de prática e atletas é acessório do vínculo
trabalhista.
- A cláusula penal e a multa rescisória são os meios de
compensação da parte inocente pela rescisão unilateral do
contrato de trabalho desportivo. (atletas profissionais)
- A indenização de formação e educação (art. 27 LGSD
e Regulamento de Transferências da FIFA) assegura (?) o
ressarcimento dos custos pelos clubes formadores de atletas.

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• Os clubes costumam contratar o direito ao uso da


imagem de seus atletas paralelamente ao contrato
de trabalho.
• O contrato de direito de imagem tem fundamento na
Constituição Federal (art. 5, V e X).
• O direito de arena tem natureza trabalhista, segundo
orientação jurisprudencial, fazendo parte da
remuneração do atleta. (art. 42 da Lei Geral Sobre
Desportos).

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- § 2º: o vínculo desportivo (antigo passe) tem natureza


acessória ao vínculo trabalhista e se dissolve (i) com o
término da vigência do contrato de trabalho, (ii) com o
pagamento da cláusula penal nos termos do caput ou (iii)
com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial de
responsabilidade do clube (art. 31).
- § 3º: valor da cláusula penal livremente estabelecido pelos
contratantes até o máximo de 100 vezes o montante da
remuneração anual.

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- § 4º: redutores automáticos progressivos e não


cumulativos de (i) 10% após o primeiro ano de contrato, (ii)
20% após o segundo ano, (iii) 40% após o terceiro ano e (iv)
80% após o quarto ano.
- § 5º: transferência internacional não será objeto de
limitação mas deverá estar expressa no contrato.

- Art. 30: contrato de trabalho deve ser celebrado por prazo


determinado, de 3 meses a 5 anos.

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- Art. 31: atraso no pagamento do salário (férias, 13º,


gratificações, prêmios e demais verbas), no todo ou em
parte, por 3 meses ou mais rescinde o contrato e libera o
atleta, que poderá exigir a multa rescisória.
- § 1º: salários compreendem abono de férias, 13º,
gratificações e demais verbas inclusas no contrato de
trabalho.
- § 2º: não recolhimento do FGTS também gera rescisão.
- § 3º: multa rescisória conhecida pela aplicação do disposto
no art. 479 da CLT (50% do restante).

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- Art. 42: aos clubes pertence o direito de negociar, autorizar


e proibir a fixação, a transmissão ou retransmissão de
imagem do evento desportivo.
- § 1º: salvo convenção em contrário, 20% do preço total
será distribuído aos atletas (direito de arena).
- § 2º: não se aplica a flagrantes para fins jornalísticos ou
educativos, cuja duração não exceda 3% do tempo total
previsto p/ o evento.
- § 3º: espectador pagante, por qualquer meio, se equipara,
para todos os efeitos legais, ao consumidor, nos termos da
Lei nº 8.078/90.

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• Sistema Brasileiro do Desporto:


– Ministério do Esporte
• Conselho Nacional do Esporte – CNE (composto por 22
membros indicados pelo M.E.)
– Sistema Nacional do Desporto
» COB e CPOB
» Entidades nacionais de administração do desporto
» Entidades regionais de administração do desporto
» Ligas
» Entidades de prática desportiva
– Sistemas dos Estados e do Distrito Federal e Municipais (Em
Santa Catarina temos o Sistema Catarinense de Desportos).

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• Entidades de Administração do Desporto: São


as confederações, federações e ligas.
• Entidades de Prática Desportiva: São os Clubes
ou agremiações desportivas.
• Ligas: São entidades regionais formada por
clubes para organização de competições.
Todas pessoas jurídicas de Direito PRIVADO

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III – Justiça Desportiva


“JUSTIÇA DESPORTIVA é parte integrante da justiça brasileira,
constitucionalizada e insculpida com caráter administrativo,
competente para atuação anterior à eventual acesso ao Poder
Judiciário, responsável por processar e julgar as questões de
descumprimento de normas relativas à disciplina e às
competições desportivas, cuja organização, funcionamento e
atribuições estão definidos no Código Brasileiro de Justiça
Desportiva.”
(conceito vencedor de concurso promovido pelo Centro Esportivo Virtual – Cevleis -
cevleis@listas.cev.org.br, 2002)

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• Os órgãos de Justiça Desportiva são


autônomos e independentes das entidades de
administração do desporto.
• Os membros da Justiça Desportiva são
indicados pelos atletas, entidades de
administração e de prática, árbitros e pela
OAB.

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A estrutura do “Poder Judiciário Desportivo”


do Brasil assim se compõe:
• Comissões Disciplinares (1ª instância)
• Tribunal de Justiça Desportiva – TJD (2ª
instância)
• Superior Tribunal de Justiça Desportiva –
STJD. (3ª e última instância)

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• As entidades de administração internacionais,


o COI e o CPOI, utilizam tribunais arbitrais
para a solução das controvérsias.
- TAS/CAS – Tribunal Arbitral du Sport /
Court of Arbitration for Sports.

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IV – Estatuto de Defesa do Consumidor


• O Estatuto de Defesa do Torcedor acresceu novos e
mais “amplos” direitos à proteção do torcedor - (art.
42, §3º da LGSD):
– Criação da relação torcedor x fornecedor;
– Transparência na organização de competições (regulamento,
arbitragem, relação com torcedores);
– Responsabilidade objetiva de entidades de prática e de seus dirigentes
sobre a segurança (transporte, ingressos, higiene, alimentação) dos
eventos esportivos;
– Direitos do torcedor sobre o funcionamento da Justiça Desportiva;
– Penalidades.

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V - Dopping
• Doping
– WADA - World Anti-doping agency.
– Revisão de decisões, de ofício, pelo Comitê
Disciplinar da FIFA

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VI – Estrutura das entidades desportivas


• O Direito Empresarial Desportivo: Área que
estuda a constituição da estrutura social das
entidades de administração e de prática
desportiva.

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• A Lei Geral Sobre Desportos, alterada pela Lei


n. 10.672/03, “facultou” as entidades de
prática desportiva a constituírem sociedades
empresárias, sob pena de serem consideradas
sociedades em comum.

• O Código Civil enquadra os entes desportivos


como associações.

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- Art. 27-A: veda participação simultânea no capital social


ou na gestão de mais de uma entidade participante da
mesma competição profissional.
- § 3º: exclui da vedação os contratos de administração e
investimentos em estádios, ginásios e praças desportivas,
de patrocínio, de licenciamento de uso de marcas e
símbolos, de publicidade e de propaganda, desde que
não importem na administração direta ou na co-gestão
das atividades desportivas profissionais das entidades
de prática desportiva, assim como os contratos
individuais ou coletivos celebrados c/ a TV.

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• - Estrutura centenária. endividamento crônico dos


clubes “grandes”. Pequenos não conseguem mais
manter sua estrutura.
• - Profissionalização da gestão (não necessariamente
da administração como um todo).
• - Ganho financeiro. Abertura de novos mercados.
Aumento da base de consumo. Técnicas modernas
de administração. Tomada de decisões. Papel do
Conselho.
• - Preparação do clube p/ o recebimento de um
investidor externo ou até mesmo abertura de
capital. • juridico@galo.com.br
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• Uma das conclusões do Seminário Jurídico do


Clube dos 13, indica que a Legislação Esportiva
atual, assim como o Código Brasileiro de Justiça
Desportiva, não estão dirigidos para brasileiros.
Talvez para outros países onde existam estruturas
para sua execução. Leis desviadas da realidade
cultural de um povo a ele não serve. No caso da Lei
Pelé e dos projetos em andamento, está evidente a
falta de estrutura pública e privada para suas
sustentações.
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• Modelos Europeus de sucesso. Adequá-los à nossa realidade e


não utilizá-los como paradigmas.
• Espanha: lei de 1990. Clubes obrigados a se transformarem em
SAD em razão do alto grau de endividamento. Exceções: Real
Madrid, Barcelona, Atlético de Bilbao e Osasuna (soc. civis sem
fins lucrativos).
• Inglaterra: todos os clubes são empresas. Alterações na
estrutura do futebol começaram por causa da violência, a
partir do Relatório Taylor. Estádios mais modernos.
• Itália: clubes na bolsa. Baixas significativas.

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CLUBE - PAÍS - RECEITA


(Deloitte, 2005) € milhões
ManUtd Inglaterra 259.0
Real Madrid Espanha 236.0
AC Milan Itália 222.3
Chelsea Inglaterra 217.0
Juventus Itália 215.0
Arsenal Inglaterra 173.6
Barcelona Espanha 169.2
Inter Itália 166.5
Bayern Mun. Alemanha 166.3
Liverpool Inglaterra 139.5

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CLUBES BRASILEIROS
R$ milhões
Corinthians 100.2
São Paulo 83.5
Palmeiras 76.6
Santos 69.7
Internacional 64.7
Cruzeiro 59.3
Flamengo 52.6
Atlético MG 39.5
Vasco 37.2
S. Caetano 35.0

(Casual Auditores, 2005 - Lance/IBOPE, 2004)

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Agradecimentos:
Vice-Presidência e Departamento Jurídico do CAM
Organizadores
Participantes
Créditos:
Luiz Felipe Guimarães Santoro
Roberto J. Pugliese Jr.
Fim

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