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MEGAEVENTOS ESPORTIVOS E RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: FUNDAMENTO E REQUISITOS

Antonio Rodrigues do Nascimento*

RESUMO ABSTRACT

O planejamento e realização dos The planning and realization of sports


megaeventos esportivos estão submetidos ao mega-events are subject to power of
poder de polícia administrativa do Estado. O administrative police of the State. The
ordenamento jurídico brasileiro reconhece a brazilian legal system recognizes the liability
responsabilidade civil do Estado por danos of the State for damage caused to third parties
causados a terceiros em virtude de falhas de due to security breaches resulting from state
segurança decorrentes da ação ou omissão action or omission, related to the performance
estatal, relacionadas ao exercício do seu dever- of their power control and supervision of sports
poder de controle e fiscalização dos mega-events.
megaeventos esportivos.

Palavras-chave: Megaeventos esportivos. Keywords: Sports Mega-Events. Liability of


Responsabilidade civil do Estado. Controle e the State. Control and monitoring. Power of
fiscalização. Poder de Polícia Administrativa. Administrative Police.

* Advogado e Professor; Especialista em Direito Administrativo e Direito das Relações de Consumo (PUC-SP); Docente
do Curso de Graduação e Pós Graduação das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU. Autor de Futebol & relação de
consumo, São Paulo: Manole, 2013..
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Antonio Rodrigues do Nascimento

expressamente à União o ônus dos “efeitos da


Introdução responsabilidade civil” em razão de prejuízos
causados por “acidentes ou incidentes de
O planejamento, organização e realização segurança” durante os megaeventos esportivos
dos chamados “megaeventos esportivos”, a contratados pelo país com a Fédération
exemplo dos Jogos Panamericanos, Copa das Internationale de Football Association - FIFA.
Confederações, Copa do Mundo e Jogos Sem embargo da lei temporária, o
Olímpicos, chamaram atenção da sociedade presente artigo visa demonstrar que o
para questionamentos e desafios postos ao ordenamento jurídico brasileiro consagra
Estado brasileiro. O debate em torno do tema claramente o fundamento e os requisitos da
abarca desde o mérito das decisões político- responsabilização civil do Estado para
administrativas que determinam gastos reparação de prejuízos causados a terceiros
públicos com a organização de tais sempre que houver nexo de causalidade entre os
megaeventos até a capacidade do Estado de danos sofridos e condutas, comissivas ou
garantir adequada e suficiente infraestrutura de omissivas, relacionadas ao exercício do poder
serviços públicos necessária à mobilização de de polícia administrativa nos processos de
milhares de pessoas, durante vários dias ou controle e fiscalização dos megaeventos
semanas, sem aumentar os sacrifícios rotineiros esportivos, porque, nestas hipóteses, a conduta
vividos pelas populações dos grandes centros estatal qualifica-se como antijurídica,
urbanos, sedes dos megaeventos. fundamentando o dever de reparação de
No plano normativo merece destaque a eventuais danos indenizáveis.
controvérsia causada pela promulgação da Lei
nº 12.663, de 5/07/2012, a chamada Lei Geral 1. Megaeventos esportivos e
da Copa – LGC, com vigência fixada até
responsabilidade civil do Estado
31/12/2014 para reger o planejamento,
organização e realização de megaeventos Não há definição jurídica para
específicos, incluindo a Copa do Mundo de “megaevento esportivo”. Seu licenciamento,
2014 e Copa das Confederações de 2013 1 . em regra, está subordinado às normas do
Dentre outras disposições polêmicas, a lei Estatuto de Defesa do Torcedor e demais
subtraiu estes megaeventos da incidência do normas que regulam os usos do espaço urbano
regime jurídico de responsabilização civil das a fim de garantir a proteção de interesses
entidades desportivas estabelecidos nas Leis nº relacionados à saúde, segurança e ao meio
10.671/2003 - Estatuto de Defesa do Torcedor ambiente. A mencionada Lei Geral da Copa,
- EDT2 e nº 8.078/1990 - Código de Defesa do v.g., sequer refere-se à palavra “megaevento”,
Consumidor – CDC 3 , microssistemas utilizando a simples denominação “eventos”
normativos complementares de proteção e como sinônimo de “competições”,
defesa do torcedor-consumidor 4 , acometendo
1
Em 2013 o país sediou a “Copa das Confederações”, no § 2º do art. 28, nos arts. 31-A, 32 e 37 e Capítulos
promovida pela FIFA em parceria com o Estado. O II, III, VIII, IX e X. A redação deste parágrafo torna a
torneio, realizado um ano antes da Copa do Mundo como LGC uma verdadeira “lei de exceção”, no sentido de que
“evento teste”, foi considerado sucesso de público, com criou restrições a direitos individuais e coletivos
média de 50.291 mil torcedores por partida, ficando atrás reconhecidos pelo ordenamento jurídico (direitos dos
apenas da edição de 1999, no México, com média de torcedores), atribuindo privilégios a determinadas
60.625 pessoas organizações privadas (FIFA, CBF e COL).
(http://placar.abril.com.br/materia/torneio-quebra- 3
O EDT, ao tratar da segurança do “torcedor partícipe”,
recorde-de-gols-e-tem-media-de-publico-superior-a-50- dispõe: “Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12 a
mil, acesso em 04/04/2014). 14 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 [CDC], a
2
A LGC prevê, no caput do art. 68, que “aplicam-se a responsabilidade pela segurança do torcedor em evento
essas Competições, no que couberem, as disposições esportivo é da entidade de prática desportiva detentora do
da Lei no 10.671, de 15 de maio de 2003 [EDT]”, porém, mando de jogo e de seus dirigentes, que deverão: (...)”
no § 1º do mesmo artigo excepciona “da aplicação 4
NASCIMENTO, Antonio Rodrigues do. Futebol &
supletiva constante do caput” o disposto nos seguintes relação de consumo. São Paulo: Editora Manole Ltda.,
dispositivos do EDT: arts. 13-A a 17, 19 a 22, 24 e 27, 2013, p. 137 a 139.

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“congressos”, “cerimônias”, “seminários”, também em associação com efeitos de longa


“atividades culturais”, “partidas de futebol” e duração”.6
“outras atividades” consideradas relevantes Considerados suas características e
para “realização, organização, efeitos, “megaeventos esportivos” são eventos
preparação, marketing, divulgação, promoção esportivos de grande escala e curto prazo, com
ou encerramento” das competições elevados impactos sociais  urbanísticos,
“oficialmente organizadas, chanceladas, econômicos e ambientais  sobre as localidades
patrocinadas ou apoiadas” pelos organizadores que os sediam. A opção pela exclusão do termo
do mais importante megaevento esportivo do “legado” na definição do conceito advém do
planeta (Lei nº 12.663/12, art. 2º, inciso VI). fato de que apesar de parecer plausível, além de
Segundo Otavio Tavares, “é bastante desejável, que do planejamento, organização e
limitada” a produção científica sobre o tema realização de megaeventos esportivos, tais
dos megaeventos esportivos, razão pela qual como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos,
nos oferece uma síntese genérica formulada por possam resultar efeitos positivos, transitórios
C. M. Hall, para quem “megaeventos”, ou duradouros  v.g., oferta de empregos,
esportivos ou não, apresentariam como ampliação e qualificação da infraestrutura
características urbana  tais legados serão sempre incertos na
medida em que estão subordinados a uma série
[...] grandiosidade em termos de
público, mercado alvo, nível de de fatos e circunstâncias mais ou menos
envolvimento financeiro do setor controláveis pelos organizadores. 7 De outra
público, efeitos políticos, extensão banda, os impactos sociais são sempre certos e,
de cobertura televisiva, construção por isso mesmo, exigem ações preventivas e
de instalações e impacto sobre o repressivas do Estado, no exercício de
sistema econômico e social da
sociedade anfitriã.5 competências próprias estabelecidas em lei,
para prevenir ou mitigar riscos e transtornos
As expressões “impacto” e “legado”, inerentes à escala de tais empreendimentos.
recorrentes na definição de megaeventos, Os impactos causados pelos megaeventos
indicariam, segundo Rafaela Dias Romero, podem se apresentar como danos à saúde,
“diferentes percepções” quanto à realização dos segurança e ao patrimônio das pessoas expostas
mesmos. Para a autora, enquanto o termo direta ou indiretamente a eles. Os riscos de
impacto é utilizado normalmente para danos e do consequente dever de reparação são
descrever “efeitos de uma política, um de tal ordem que a FIFA, para realização das
programa ou projeto no ecossistema, na Copas do Mundo e das Confederações, exigiu
sociedade em geral e/ou no sistema econômico” do Estado brasileiro a assunção expressa da
com um significado conotativo de “efeito responsabilização civil, contemplada na LGC
adverso, um dano ou resultado negativo”, o nos seguintes termos:
termo legado é frequentemente empregado
Art. 23. A União assumirá os
“quando se quer demonstrar efeitos positivos e efeitos da responsabilidade civil
perante a FIFA, seus representantes

5
TAVARES, Otavio. Megaeventos Esportivos. (http://objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/RafaelaDiasRom
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da ero.pdf , acesso em 04/04/2014).
7
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória- Notório é o caso do Velódromo Municipal do Rio de
ES. In Revista Movimento, Porto Alegre, v. 17, n. 03, p. Janeiro, “legado” dos Jogos Panamericanos de 2007,
17, jul/set de 2011 fechado e demolido em 2013 após 5 anos de
(http://seer.ufrgs.br/Movimento/article/viewFile/23176/ funcionamento. O equipamento foi construído para as
17730, acesso em 04/04/2014) provas de ciclismo e patinação do Pan, ao custo de R$ 14
6
ROMERO, Rafaela Dias. Megaeventos Esportivos, milhões (valor de 2007) , todavia, foi vetado pela União
Legados e Transporte. Dissertação de Mestrado Ciclística Internacional (UCI) para os Jogos Olímpicos
apresentada ao Programa de Pós-graduação em de 2016, pois, apresentava inclinação inadequada,
Engenharia de Transportes - COPPE, da UFRJ : Rio de assentos insuficientes e colunas que bloqueavam a visão
Janeiro, Outubro de 2011 de árbitros e espectadores.

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legais, empregados ou consultores 2. Poder de polícia administrativa e


por todo e qualquer dano resultante
ou que tenha surgido em função de responsabilidade civil
qualquer incidente ou acidente de
segurança relacionado aos Eventos, Todas as entidades promotoras e
exceto se e na medida em que a realizadoras de megaeventos, esportivos ou
FIFA ou a vítima houver não, têm suas atividades submetidas ao controle
concorrido para a ocorrência do e fiscalização do Estado naquilo que concerne à
dano.
segurança do público e ao bem estar da
O dispositivo foi alvo de impugnação coletividade. O ordenamento jurídico brasileiro
através da ADI nº 4.976/DF, pois, segundo a estabelece diversas exigências de ordem
Procuradoria Geral da República, autora da sanitária, urbanística e ambiental, para
ação: licenciamento de atividades públicas de massa,
a exemplo da apresentação prévia de laudos
Contrariamente ao dispositivo técnicos e de vistorias que atestem as condições
constitucional, o artigo 23 da Lei de segurança, higiene e capacidade de lotação
Geral da Copa adota a Teoria do dos locais onde se realizam. A responsabilidade
Risco Integral, pois impõe à União
a assunção da responsabilidade por
do Estado pelo controle e fiscalização destas
danos que não foram causados por atividades fundamenta-se no seu dever-poder
seus agentes. O dispositivo de garantir o bem estar da coletividade
impugnado prevê a dispensa da administrada através do exercício da função
comprovação da falha administrativa 9 , “desempenhada mediante
administrativa, de forma a
responsabilizar o ente público
comportamentos infralegais ou,
inclusive pelos prejuízos excepcionalmente, infraconstitucionais”
decorrentes de atos de terceiros e de submetidos ao controle de legalidade pelo
fatos da natureza.8 Poder Judiciário.10
Dentre a multiplicidade de atuações
A redação do dispositivo impugnado, estatais inerentes ao exercício da função
todavia, não modificou o regime jurídico da administrativa, o dever-poder de controle e
responsabilização civil do Estado vigente no fiscalização dos megaeventos esportivos está
país. Isso porque o ordenamento brasileiro claramente inserido no contexto de atuação do
consagra o fundamento e os requisitos da poder de polícia administrativa. Este, tomado
responsabilização civil do Estado (União, em seu sentido mais restrito, pode ser definido
Estados, DF e Municípios) para reparação de como o exercício da função administrativa
danos resultantes da ação ou omissão dos através de intervenções dos Poderes Públicos
órgãos e agentes públicos competentes para do Estado destinadas a prevenir ou interromper
controle e fiscalização de megaeventos atividades particulares, condicionando ou
esportivos. Senão vejamos. limitando exercício de direitos individuais de
liberdade e propriedade às exigências da
coletividade. Sem pretender detalhar aqui todas
as atribuições estatais, vinculadas ou
discricionárias, inerentes à atuação do poder de
polícia administrativa 11 , ressaltamos apenas

8 9
A ADI nº 4.976/DF, proposta em 17/06/2013, foi MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo
relatada pelo Ministro Ricardo Lewandowski, que votou Brasileiro. Editora Malheiros. 32º edição. São Paulo,
por sua improcedência, seguido pelos ministros Luís 2006. p. 85-86.
10
Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de
Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Marco Direito Administrativo, 28ª ed. São Paulo: Malheiros
Aurélio e Celso de Mello, ficando parcialmente vencido Editores, 2009, p. 36.
11
o ministro Joaquim Barbosa. Conteúdo disponível em Grosso modo, a atuação do Estado será discricionária
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp? quando a lei deixar ao agente público margem para
idConteudo=266270. Acesso em 09/05/2014. decidir quanto à conveniência e/ou oportunidade da

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que tais atribuições, específicas ou genéricas, das conclusões, pacificar o entendimento de


encontram-se previstas no vasto repertório das que o fundamento para imputação de
legislações federal, estaduais e municipais que responsabilidade civil ao Estado é a
regulam as diversas atividades particulares, antijuridicidade da conduta  lícita ou ilícita,
impondo aos seus promotores e realizadores comissiva ou omissiva  uma vez que a
obrigações de fazer, não fazer ou suportar, antijuridicidade da conduta qualifica o
sempre com vistas à conformação dos resultado danoso como injusto, isto é, contrário
interesses privados aos interesses coletivos, a ao Direito. Com efeito, a antijuridicidade não
exemplo da saúde e segurança dos torcedores- se confunde com a mera ilegalidade. Enquanto
consumidores. a ilegalidade abrange tão somente condutas
Eventuais danos causados a terceiros comissivas ou omissivas violadoras da lei, a
resultantes da ação ou omissão estatal na antijuricidade pode alcançar até mesmo a ação
atuação do poder de polícia administrativa são lícita, porém, praticada em desconformidade
indenizáveis quando a conduta comissiva ou com o Direito.
omissiva causadora do evento danoso De acordo com Celso Antônio Bandeira
caracterizar-se como antijurídica, isto é, de Mello, a antijuridicidade da conduta,
contrária ao Direito. enquanto fundamento da responsabilidade civil
do Estado, apresenta-se “bipartida”: i) nos
3. Antijuridicidade como fundamento casos de danos causados por condutas ilícitas,
da responsabilidade civil estatal pelo comissivas ou omissivas, a antijuridicidade
dano injusto causado a terceiros decorreria da mera violação do princípio da
legalidade e, ii) nos casos de danos causados
A responsabilidade civil do Estado no por condutas licitas, a antijuridicidade
Direito brasileiro tem assento no art. 37, § 6º, decorreria da violação do princípio da
da Constituição da República: igualdade, uma vez que nestes casos o
fundamento da responsabilidade estatal
As pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado [...] é garantir uma equânime
prestadoras de serviços públicos repartição dos ônus provenientes de
responderão pelos danos que seus atos ou efeitos lesivos, evitando que
agentes, nessa qualidade, causarem alguns suportem prejuízos
a terceiros, assegurado o direito de ocorridos por ocasião ou por causa
regresso contra o responsável nos de atividades desempenhadas no
casos de dolo ou culpa. interesse de todos.13

A regra constitucional da Dessa maneira, serão antijurídicas as


responsabilidade civil do Estado pelos danos condutas estatais comissivas sempre que delas
causados a terceiros por seus agentes não faz resultar dano decorrente de ato ilícito ou
distinção entre condutas lícitas ou ilícitas, decorrente de ato lícito que cause dano anormal
comissivas ou omissivas, dando relevo apenas e específico a determinadas pessoas 14 . Serão
ao resultado: o prejuízo ao patrimônio alheio.12 igualmente antijurídicas as condutas omissivas
Desse modo, coube à doutrina e à sempre que o Estado tenha o dever jurídico de
jurisprudência, com sutilezas de matizes que agir para evitar o dano, porém, omite-se ou atua
não alteram substancialmente a uniformidade de maneira ineficiente. Na ação ou omissão

prática de certos atos, ao passo que na atuação vinculada BENACCHIO, Marcelo (coord.). Responsabilidade
não há espaço da para decisão do agente, que deverá Civil do Estado. São Paulo: Quartier Latin, 2010.
13
praticar o ato estritamente em conformidade com a lei. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de
12
FERREIRA, Daniel Ferreira. Responsabilidade Civil Direito Administrativo, 28ª ed. São Paulo: Malheiros
do Estado por Omissão: Contornos gerais e Editores, 2009, p. 1015.
14
Controvérsias, p. 53 e ss.. In: GUERRA, Alexandre DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito
Dartanhan de Mello; PIRES, Luis Manuel Fonseca; Administrativo. 25ª ed., São Paulo: Editora Atlas, 2012,
p. 706.

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estatal causadora de danos pela violação de numa ação; no segundo, é uma


deveres objetivos, isto é, expressamente omissão.17
previstos em lei, não é necessária a
A omissão à determinação de agir
demonstração de conduta reprovável do agente,
específico expressa em lei é diferente dos casos
eis que o dano sofrido pelo administrado
de omissão ao chamado dever específico de
[...] tem como causa o fato objetivo diligência que, segundo Marçal Justen Filho,
da atividade (comissiva ou impõe ao Estado, de maneira genérica, a
omissiva) administrativa, regular obrigação de cumprir diligente e zelosamente
ou irregular, incomponível, assim, suas funções mesmo quando não haja lei
com qualquer concepção de culpa
administrativa, culpa anônima do
determinando dever de agir específico.
serviço, falha ou irregularidade no
funcionamento deste.15 A natureza da atividade estatal
impõe a seus agentes um dever
especial de diligência, consistente
O foco sobre antijuridicidade do dano em prever as conseqüências de sua
levou à superação da teoria subjetiva da conduta ativa e omissiva, adotando
responsabilidade civil em nosso país, todas as providências necessárias
notadamente no caso de atos comissivos do para evitar a consumação de danos
Estado. Contudo, se até mesmo condutas a terceiros.18
comissivas lícitas do Estado podem,
Por outras palavras, a responsabilização
eventualmente, dar ensejo à antijuridicidade
do Estado se impõe quando da ocorrência de
quando o dano causado qualificar-se como
dano a terceiros quando o dano for
injusto em face do princípio da igualdade, as
“objetivamente imputável ao Estado, isto é,
condutas estatais omissivas são sempre
sempre que o dano for consequência da
ilícitas 16 e, consequentemente, antijurídicas,
violação do papel destinado ao Estado nas
nas hipóteses em que a atuação do Estado está
relações sociais”19. Nestes casos, a ausência de
prevista em lei como dever de agir específico
previsão expressa para a atuação estatal não
para evitar determinado dano, porém, o Estado
ensejará a perquirição de responsabilização
não atua ou o faz de maneira tardia ou
subjetiva. É que o dano decorrente da inação
ineficiente. Nestas hipóteses, a
estatal em situações em que a adoção de
responsabilização do Estado pela omissão é
“cautelas e providências teria impedido que tal
claramente objetiva, isto é, independe da
se passasse” constitui infração clara ao dever de
demonstração de culpa ou dolo do agente
diligência, levando à presunção de “conduta
público, porque
reprovável, pois os agentes estatais têm o dever
[...] deixar de agir quando a lei funcional de conhecer suas atribuições e de
manda que o sujeito aja é prever as consequências de sua omissão”.20
juridicamente equivalente a agir Como consequência do exposto, nas
quando a lei proíbe a ação. Num hipóteses de omissão total ou parcial do
caso, a lei diz: “é proibido fazer”;
noutro, estabelece: “é obrigatório
Estado, a antijuridicidade restará caracterizada
fazer”. A conduta que infringe o pela violação do princípio da legalidade sempre
dever, no primeiro caso, consiste que houver o dever legal de agir. De outro lado,
15 18
CAHALI, Yussef Said, Responsabilidade Civil do Ibidem, p. 233.
19
Estado. 3ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, FREITAS, Marcio Luiz Coelho de. Da
2007, p. 35 (itálicos no original). responsabilidade civil do estado por omissões. Jus
16
Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que “a Navigandi, Teresina, ano 6, n. 51, 1 out. 2001. Disponível
responsabilidade estatal por ato omissivo é sempre em: http://jus.com.br/artigos/2247/da-responsabilidade-
responsabilidade por comportamento ilícito” (Curso de civil-do-estado-por-omissoes#ixzz2zpMac29X. Acesso
Direito Administrativo, 28ª ed. São Paulo: Malheiros em: 24 abr. 2014.
20
Editores, 2009, p. 1021). JUSTEN FILHO, Marçal. A Responsabilidade do
17
JUSTEN FILHO, Marçal. A Responsabilidade do Estado, p. 232 e 236. In Responsabilidade Civil do
Estado, p. 236. In Responsabilidade Civil do Estado. In Estado. In FREITAS, Juarez (org.). São Paulo:
FREITAS, Juarez (org.). São Paulo: Malheiros, 2006. Malheiros, 2006.

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diante de casos concretos em que o conjunto presença de dois requisitos indispensáveis: a)


probatório revele que a adoção de providências nexo de causalidade entre o dano e a conduta
administrativas, legitimamente esperáveis e estatal e b) dano indenizável.
injustificadamente omitidas, poderia impedir a
a) Nexo de causalidade entre o dano e a
ocorrência do evento danoso, não havendo
conduta estatal
norma atribuindo ao Estado dever específico de
agir, haverá o descumprimento do chamado É requisito indispensável à configuração
“dever específico de diligência”, caracterizando da responsabilidade civil a comprovação do
a antijuridicidade. Isso porque na omissão total nexo de causalidade entre o dano injusto
ou parcial diante do dever de diligência a alegado e a ação ou omissão antijurídica
antijuridicidade emergirá da violação do imputada ao Estado. Maria Sylvia Zanela Di
princípio da eficiência, norma que exige Pietro assinala que a responsabilidade civil do
eficácia e presteza na atuação do Estado, sem Estado “deixará de existir ou incidirá de forma
desatendimento dos demais princípios e regras atenuada” quando a atividade do Estado não for
da atividade administrativa. a “causa do dano ou quando estiver aliado a
Admitindo-se, pois, a violação do outras circunstâncias, ou seja, não for a causa
princípio da eficiência como causa autônoma única” 22 . Celso Antônio Bandeira de Mello
para caracterização da antijuridicidade, afirma que o nexo causal é requisito necessário
seguindo na supracitada senda aberta por Celso para “a obrigação de reparar o dano”23.
Antônio Bandeira de Mello, o fundamento da Yussef Cahali chama a atenção para “o
responsabilidade civil do Estado apresentar-se- acerto da doutrina e da jurisprudência mais
ia de forma tripartida: a) nos casos de danos atualizada” que na apuração da
causados por condutas ilícitas comissivas ou responsabilidade objetiva do Estado dão ênfase
totalmente omissivas, a antijuridicidade decorre ao “elemento concreto da causalidade entre o
da violação do princípio da legalidade; b) nos dano injusto sofrido pelo particular e a
casos de danos causados por condutas ilícitas atividade comissiva ou omissiva do ente
parcialmente omissivas, a antijuridicidade público”. Com o foco sobre o nexo causal,
decorre da violação do princípio da eficiência; Cahali propõe as seguintes regras para
c) nos casos de danos causados por condutas caracterização de dano injusto: a) o dano é
lícitas, a antijuridicidade decorre da violação do injusto e enseja responsabilidade civil se tem
princípio da igualdade.21 como causa exclusiva a atividade regular ou
irregular da Administração; b) o dano deixa de
4. Requisitos para responsabilização qualificar-se como injusto se tem como causa
civil do Estado fato da natureza, do próprio prejudicado ou de
terceiro e, c) o dano é injusto, mas sujeito à
Visto que o fundamento da responsabilidade civil atenuada, se com a
responsabilidade civil do Estado reside na atividade regular ou irregular da Administração
antijuridicidade da conduta estatal, comissiva concorrem outras causas (concausas) como
ou omissiva, causadora do dano injusto. Neste
passo é preciso destacar que não basta a simples
demonstração da antijuridicidade para, ipso
iure, impor ao Estado o dever de indenizar. Para
que este seja chamado a recompor o patrimônio
de terceiros injustamente afetados é preciso
também demonstrar na situação concreta a

21 22
NASCIMENTO, Antonio Rodrigues do. O Estatuto DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito
de Defesa do Torcedor e a responsabilidade do Estado Administrativo. 25ª ed., São Paulo: Editora Atlas, 2012,
por omissão. Monografia apresentada ao Programa de p. 706 (negrito no original).
23
Coordenadoria Geral de Especialização, BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de
Aperfeiçoamento e Extensão da PUC-SP (COGEAE), da Direito Administrativo, 28ª ed. São Paulo: Malheiros
PUC-SP, p. 26. São Paulo, Agosto de 2013. Editores, 2009, p. 1015.

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fato da natureza, do próprio prejudicado ou de ultrapassa, por sua natureza e


terceiro.24 expressividade, os incômodos e
sacrifícios toleráveis ou exigíveis
Destarte, a comprovação de danos em razão do interesse comum da
relacionados à realização de megaeventos vida em sociedade.25
esportivos decorrentes, v.g., da sobrelotação
dos estádios; falhas nas estruturas físicas, Não será, pois, qualquer perturbação
hidráulicas ou elétricas; falhas de segurança causada por um megaevento esportivo que
interna e externa; condições sanitárias gerará a responsabilidade civil do Estado. Será
inadequadas; acidentes de trânsito, enfim, necessária a comprovação da efetividade de um
qualquer dano que guarde relação de dano individualizável que vá além dos
causalidade, direta e imediata ou indireta e inconvenientes cotidianos comuns nos grandes
remota, com a falta ou ineficiência de medidas centros urbanos do país, ultrapassando os
a cargo do Estado, poderá ensejar pretensão transtornos habituais impostos indistintamente
indenizatória com fundamento na a todos pela realização de eventos de massa.
responsabilidade civil do Estado desde que haja Nesta linha, entendemos que não caracteriza
demonstração do nexo causal entre o dano e a dano indenizável a execução de medidas
ação ou omissão estatal, mesmo quando discricionárias adotadas pelo Estado, nos
presente uma ou mais concausas, desde que, limites de suas competências, a exemplo de
como veremos adiante, estas não venham a modificações de rotas de tráfego ou alterações
romper o nexo de causalidade entre a omissão de horários de funcionamento de serviços
estatal e o dano. públicos em dias de jogos desde que estas
b) Dano indenizável medidas não se apresentem como
excessivamente onerosas a determinadas
Os danos sofridos pelos administrados pessoas ou coletividades. Ressalte-se que na
em virtude da ação ou omissão estatal podem avaliação da onerosidade das ações públicas é
ser de natureza material ou moral, mas em preciso considerar que ao Estado, no uso da
qualquer caso, para ser indenizável, deverá discricionariedade, compete escolher dentre as
apresentar-se como um dano efetivo. Efetivo é soluções possíveis para prevenção ou mitigação
o dano que corresponde à lesão de um direito dos efeitos dos megaeventos, as medidas mais
certo da vítima à época da lesão. Apenas a razoáveis, proporcionais, econômicas e
constatação da ação ou omissão do Estado, eficientes, pois, mesmo ações estatais
desprovida da demonstração do dano efetivo, resultantes de escolhas lícitas, como vimos,
não é apta a ensejar responsabilidade civil. Não poderão ensejar responsabilização civil caso
há regra geral para determinar a priori quais as venham gerar dano injusto à luz do princípio da
exigências para comprovação do dano efetivo, igualdade.
este sempre será apurado, em qualidade e
extensão, em cada caso concreto. Além de 5. Excludentes e atenuantes da
efetivo, o dano há também de ser responsabilidade civil do Estado
individualizável. O requisito da
individualização do dano indica que este deverá Por fim, resta-nos abordar as causas
se apresentar como um dano real sobre o excludentes ou atenuantes da responsabilidade
patrimônio individual ou coletivo causado por civil do Estado, ou seja, as circunstâncias de
uma situação anormal. Neste sentido, apoiado fato que podem afastar ou mitigar sua
em farta jurisprudência, Yussef Said Cahali responsabilização. Tais circunstâncias podem
destaca que para ser indenizável se apresentar extinguindo o nexo de
causalidade entre a conduta estatal e o dano ou
[...] o dano deve ser anormal, descaracterizando a antijuridicidade da
excepcional, individualizado, que

24 25
CAHALI, Yussef Said, Responsabilidade Civil do CAHALI, Yussef Said, Responsabilidade Civil do
Estado. 3ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, Estado. 3ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2007, p. 42. 2007, p. 69.

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conduta. Rui Stoco, em seu já clássico tratado este é o caso, não é apropriado falar em
sobre o instituto da responsabilidade civil, “excludente de responsabilidade” uma vez que
admite apenas o caso fortuito ou força maior e não haverá nexo de causalidade para
a culpa exclusiva da vítima como forças responsabilização do Estado; todavia,
capazes de “romper o liame causal entre a comprovada a concorrência de ação ou omissão
atuação do Estado e o dano verificado”. 26 estatal para o evento danoso, nunca haverá
Marçal Justen Filho, por seu turno, inclui o exclusividade de culpa da vítima. Havendo
exercício regular do direito pelo agente como “culpa concorrente” desta a “excludente”
excludente de responsabilidade sempre que o poderá figurar como atenuante da
agente público observar na sua atividade os responsabilidade estatal. Nos casos de ação ou
limites e deveres pertinentes ao dever de omissão ilícitas, não há que se falar em
diligência.27 exercício regular do direito e, por fim, quanto
Em casos de condutas omissivas, Maria à força maior e ato de terceiro, entendemos que
Sylvia Zanella Di Pietro destaca o fato de que o Estado somente poderá eximir-se sob estas
tanto a força maior quanto a culpa de terceiros alegações diante circunstâncias nas quais a
podem estar presentes no evento sem que força maior ou o ato de terceiro atinjam tais
constituam causas excludentes de proporções que tornem irrelevantes a ação ou
responsabilidade desde que ambas concorram omissão estatal para o resultado danoso do
com a omissão do Estado. Ilustra seu ponto de evento, porque nestes casos, haverá ruptura do
vista com a força maior das chuvas cujas nexo de causalidade entre conduta estatal e os
enchentes e inundações não impedem a danos havidos.
responsabilização do Estado quando
comprovada a desídia nos serviços públicos de Considerações finais
limpeza dos rios ou dos esgotos e, ainda, com
relação à culpa de terceiros, faz referência a O fundamento da responsabilidade civil
danos causados por multidão, hipótese em que, do Estado pela reparação de danos causados por
segundo a autora, caberá responsabilização seus agentes a terceiros, por condutas
civil do Estado se restar caracterizada omissão, comissivas ou omissivas, lícitas ou ilícitas,
inércia ou falha na prestação do serviço de repousa na antijuridicidade da conduta que
segurança pública.28 viola os Princípios da Legalidade, da Igualdade
A nosso ver, a excludente de caso ou da Eficiência. Assim, ações ou omissões do
fortuito, entendido como "a situação que Estado no exercício do poder de polícia
decorre de fato alheio à vontade da parte, mas administrativa relacionado à organização e
proveniente de fatos humanos" 29 , parece-nos realização de megaeventos esportivos, poderão
acertada a posição adotada por Celso Antônio gerar responsabilidade civil desde que seja
Bandeira de Mello, que afirma sua demonstrado o nexo de causalidade entre os
impropriedade para a afastar a responsabilidade danos e as condutas dos órgãos e agentes de
civil do Estado porque, para o autor, o caráter quaisquer dos entes federados, no âmbito de
acidental do caso fortuito “não elide o defeito suas competências próprias. Contudo, para ser
do funcionamento do serviço devido pelo indenizável é imperioso que os eventuais danos
Estado”. 30 Com relação à excludente culpa alegados sejam efetivos, isto é, apresentem-se
exclusiva da vítima, entendemos que, se de fato como danos a direitos certos das vítimas à

26 28
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ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, Administrativo. 25ª ed., São Paulo: Editora Atlas, 2012,
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27 29
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30
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época da lesão, não sendo indenizáveis os terceiro, quando se apresentem como


meros inconvenientes cotidianos comuns à vida elementos suficientes para romper o nexo de
urbana, tampouco transtornos impostos causalidade entre a conduta estatal e os danos
indistintamente a todos pela realização de produzidos, são causas excludentes ou
eventos de massa. A força maior e o ato de atenuantes da responsabilidade civil.

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