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UNIVERSIDADE SANTA URSÚLA

CURSO DE DIREITO

Aluno: Letícia Maria Gomes

Professor-Orientador: Luiz Ricardo Trindade Bacellar


Disciplina Administrativo

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO CASO DA TORCEDORA


GABRIELA

Rio de Janeiro
2023
1. INTRODUÇÃO

As brigas entre torcidas organizadas são acontecimentos que vem


ocorrendo não só no Brasil, como no mundo afora, com bastate frequeência
hádiversos anos, tendo a sua gravidade priorando a medida que estes anos vão se
passando. No nosso páis, há uma cultura existente por parte de diversos clubes, de
apoio a torcidas organizadas presentes nos estádios, como tradição para a
realização deste evento esportivo.
Nesta atividade acadêmica da disciplina de direito admnstrativo, serão
realizadas analises jurídicas do caso da torcedora Gabriela Anelli, vitima de mais
um desses confrontos entre torcidas organizadas no estádio. Este caso ocorreu
antes da realização do jogo válido pelo campeonato brasileiro de 2023, entre
Palmeiras e FLAMENGO, no Allianz Park em São Paulo.
Este caso foi relato como um crime praticado pelo torcedor do Flamengo que
almejou uma garrafa de vidro para a torcida rival, assumindo totais risco de culpa
por sua ação naquele meio, vindo a torcedora a óbito no local, o que causou
diversas contradições e uma busca insensante pela apreensão do verdadeiro
culpado.desta forma, tendo em vista a condução da=essa investigação e a dor/luto
da família. Neste atvidde serão apresentadas os fundamentos jurídicos da
responsabilidade civil, passando pelo relato do contexto histórico das brigas e
confrontos entre torcidas organizadas, além da doutrina e jurisprudência
legislativas a saber tais culpados e responsáveis pelo caso.
Serão utilizadas como fonte de pesquisa, matérias do cenário jurídico
brasileiro, além de revistas esportivas que analisaram adequadamente o caso.
2. AS TORCIDAS ORGANIZADAS e os Confrontos

O futebol é o esporte mais popular do mundo que envolve direta ou


indiretamente inúmeras pessoas, tais como: atletas profissionais, praticantes
amadores, torcedores, além de incalculáveis recursos financeiros e humanos em
diversas camadas profissionais e de serviços ao seu redor. É imperioso destacar
que o futebol, não obstante ser a modalidade esportiva de mais evidência da
história da humanidade, em números gerais, guardando-se a proporcionalidade
entre adeptos e população mundial, é, do mesmo modo, o esporte mais crescente
no âmbito internacional.
O fenômeno das Torcidas Organizadas, conhecidos nacionalmente por seus
episódios de conflitos e vandalismos por todo território brasileiro, não é recente, e
muito menos se iniciou da maneira como conhecemos hoje. Os primeiros indícios
de agrupamentos de torcedores que se organizaram em prol de alguma
agremiação de futebol, datam da década de 40, nas cidades do Rio de Janeiro e
São Paulo. Em São Paulo surge a Torcida Uniformizada do São Paulo (TUSP), e
no Rio de Janeiro temos o surgimento da Charanga do Flamengo. Diferente do que
percebemos na atualidade, nos seus surgimentos, as torcidas ou charangas não
possuíam diretoria, muito menos estatuto, eram em sua maioria comandadas por
um líder, que se perpetuava a frente da mesma por anos e anos. Esse líder era
quem organizava as atividades da época, dos instrumentos até as viagens para
acompanhar seus clubes em outros estádios de futebol, dada essa relevância, esse
líder acabava se tornando um torcedor símbolo da torcida como um todo.
A violência realizada por torcedores de futebol se exterioriza como fatos
relativamente amplos nas sociedades onde este esporte consegue reunir um
grande contingente de torcedores arrebatados, e sua representação social
mostram-se satisfatória às disposições regulamentadas destas sociedade.
As manifestações violentas envolvendo torcedores de futebol em dias de
jogos, dentro ou fora dos estádios, são atualmente um problema de Segurança
Pública e um objeto de pesquisa da sociologia do esporte em vários países, já que
o fenômeno reúne as características de estabilidade e persistência, ocorrendo com
regularidade, e tendo como lugar os estádios de futebol e suas imediações, não
sendo raras também as manifestações violentas em outros locais das cidades onde
ocorrem os jogos.
Portanto, as principais ocorrências de violências dentro do estados de
futenol, que são considerados como eventos esportivos, podem ser atreladas a
ausência de fatores por patte dos responsáveis pela sua organização.

3. RESPONSABILIDADE CIVIL: DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA

Em casos relatos como os confrontos existentes entre torcidas organizadas,


existem diversos responsáveis apontados como culpados destas situações. Sendo
os clubes e os estado as principais entidades encubidas pela organização destes
eventos.
Considerando que a responsabilidade civil é o mecanismo sistêmico por
meio do qual buscamos determinar a causa dos eventos danosos. Portanto, é
designado o responsável pela sua ocorrência e/ou reparação, responsabilizando-o
pela indenização ou indenização consequente (responsabilidade civil) de acordo
com as disposições legais ou contratuais em favor de qualquer pessoa que tenha
sofrido prejuízos decorrentes da violação de os regulamentos sistema legal (FÉLIX,
2023). Ela pode ser encarada como a obrigação de reparar o dano causado a outra
pessoa. É uma relação obrigatória, que tem por finalidade a reparação, decorrente
de ato ilícito praticado pelo agente responsável (fato próprio), pela pessoa que ele
representa (fato de terceiro) ou por algo que lhe pertença (fato de coisa), ou
simples compulsão legal (responsabilidade objetiva).
A Responsabilidade Civil possui duas grandes vertentes sobre sua origem
(fonte): A Responsabilidade Civil Contratual, aonde é necessário a existência de
um contrato entre as partes e a Responsabilidade Civil Extracontratual (Aquiliana)
aonde o infrator infringi a lei vigente. Também é de importante ressalva que quando
alguém não cumpre a "obrigação originária" gera uma "obrigação sucessiva", que é
a obrigação de indenizar. O artigo 187, CC dispõe que:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Assim, a doutrina especializada separou a ilicitude do artigo 187 em duas:
A ilicitude subjetiva (dolo ou culpa) e a ilicitude objetiva (aquela em que
apenas ocorre o prejuízo, sem analisar se a conduta foi intencional ou
não)
Desta forma, a responsabilidade Subjetiva, é composta por:
Conduta humana = é ação em sentido amplo, ou seja, a ação
propriamente dita, ou a omissão relevante.
Nexo-causal = a ligação entre a conduta praticada e o resultado danoso.
Dano = pode ser material, moral ou estético.
Culpa = em sentido amplo, inclui tanto o dolo como a culpa em sentido
estrito, que é a quebra do dever de cuidado (PEREIRA, 2016).

A lei 10.671/03 cuida das normas de proteção ao torcedor, regulamentando


sua interação com as associações responsáveis por eventos esportivos e as
entidades de prática desportiva, no que tange à transparência e segurança no
exercício das liberdades de “torcer” e apoiar.
No entanto, alguns autores utilizados para a construção deste estudo, como
Pimentel (2015), salientam que não é suficiente somente a alegação do Poder
Público de que ocorreu caso fortuito para que a responsabilidade civil seja
eliminada, se fazendo necessário ainda arcar com o onus probandi dessa
alegação.
A força maior e o caso fortuito estão previstos no artigo 393 do Código Civil,
o qual, porém, não diferencia as duas expressões.
O estado de necessidade também é causa excludente de responsabilidade
que se configura em situações de perigo iminente, no entanto, que não é
provocado pelo agente (ex: guerra). Sendo assim, em tais situações, se os atos
praticados pelos agentes estatais causarem danos aos particulares, não haverá
obrigação do Estado de indenizar, por força do status necessitatis.
A culpa exclusiva da vítima ou de terceiro é causa excludente da
responsabilidade estatal, uma vez que o Poder Público não pode se responsabilizar
por um fato que não deu causa.

4. POSICIONAMENTO SOBRE CASO:

Portanto, tendo em vista os precedentes jurídicos que fundamentam a


responsabilidade civil nas suas variadas situações. E levando em conta o ocorrido
no caso da Torcedora Gabriela. Entende-se que haja responsabilide civil do estado
sim, pois, Haja vista o dever do Poder Público em realizar atividade de proteção
dos cidadãos e patrimônio, o Estatuto de Defesa do Torcedor, Lei 10.671/03,
dispõe expressamente em seu artigo 1º-A, que a prevenção da violência nos
esportes é de responsabilidade do poder público, das confederações, federações,
ligas e associações. Mais especificamente, o artigo 13 é enfático ao tratar da
segurança do torcedor nos locais onde serão realizados os eventos esportivos
antes, durante ou após a realização das partidas.

No entanto, neste tocante, as entidades esportivas responsa´veis pela


organização da partida de futebol, junto com o estado responsável por
disponibilizar a garantia da segurança púbica em eventos esportivos, deixaram a
desejar em algumas medidas de roteção cabíveis na noite de realização daquela
partida, Pois mediante a gravidade da partida, launs objetos deveriam ser coibidos,
além de existir uma esturtura devida que impedisse a circulação da torcida visitante
nos espaços da torcida local e vice-versa.

REFERÊNCIAS

ALVES, Bruna Valesca dos Santos. A VIOLÊNCIA NO FUTEBOL NA


REPRESENTAÇÃO DOS TORCEDORES ORGANIZADOS EM MACEIÓ. Instituto
de Educação Física e Esporte da Universidade Federal de Alagoas, 2022.
FELIX, Wallace Jonathan Miranda. A Responsabilidade Civil dos clubes de
futebol por danos causados por suas torcidas. Centro Universitário de Belo
Horizonte, 2023.
OLIVEIRA, Rosimeire Coutinho. VIOLÊNCIA DAS TORCIDAS ORGANIZADAS
NO FUTEBOL GOIANIENSE CONTEMPORÂNEO. Pontifícia Universidade
Católica de Goiás. PUCGOIÁS, 2020.
PEREIRA, Marcos Vinicius Mariott. Responsabilidade Civil: Resumo Doutrinário
e principais apontamentos. Revista Jus Brasil, 2016.
PIMENTEL, Katia Costa. As excludentes da Responsabilidade do Estado.
Revista Jus Brasil, 2015.

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