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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA


SUPERINTENDÊNCIA-GERAL

Anexo – Versão Pública da Nota Técnica nº 68/2019 /CGAA8/SGA2/SG/CADE


(SEI 0634265)

VERSÃO PÚBLICA

INQUÉRITO ADMINISTRATIVO SIGILOSO nº 08700.006630/2016-88


(Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66)

Representante: Cade ex officio


Representados: Andrade Gutierrez Engenharia S.A. (atual denominação social da Construtora
Andrade Gutierrez S.A.), Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A., Construções e Comércio
Camargo Corrêa S.A., Construtora OAS S.A., Construtora Queiroz Galvão S.A., Delta Construções
S.A. , Construtora Norberto Odebrecht S.A., Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A.
(antiga Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S.A.), Odebrecht Participações e
Investimentos S.A. (antiga Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura Ltda.), Via Engenharia S.A.,
Alberto Quintaes, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos José de Souza, Clóvis Renato Numa
Peixoto Primo, Dinarte Cirilo Sousa, Eduardo Alcides Zarrelato, Eduardo Hermelino Leite, Eduardo
Soares Martins, Emílio Eugênio Auler Neto, Fernando Antônio Cavendish Soares, Fernando Márcio
Queiroz, Geraldo Villin Prado, Gustavo Souza, Helder Dantas, João Antônio Pacífico Ferreira, João
Borba Filho, João Marcos Almeida da Fonseca, José Camilo Teixeira Carvalho, José Lunguinho Filho,
Júlio Cesar Duarte Perdigão, Luiz Felipe Cardoso de Carvalho, Luiz Ronaldo Wanderley, Marcelo
Antonio Carvalho Macedo, Marcelo Duarte Ribeiro, Márcio Bolívar de Andrade, Márcio Magalhães
Duarte Pinto, Marco Antônio Ladeira de Oliveira, Marcos Vidigal do Amaral, Paulo Meriade Duarte,
Reginaldo Assunção Silva, Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior, Ricardo Roth Ferraz de Oliveira,
Roberto Xavier de Castro Junior, Rodrigo Ferreira Lopes da Silva, Rogério Nora de Sá, Rui Novais
Dias.

EMENTA: Instauração de Processo Administrativo a partir de Inquérito Administrativo


Sigiloso. Acordo de Leniência nº 08/2016. Termos de Compromisso de
Cessação de Condutas com Históricos da Conduta nº 38/2018 e 39/2018.
Supostas práticas anticompetitivas no mercado de obras de construção civil,
modernização e/ou reforma de instalações esportivas ("estádios de
futebol") destinados à Copa do Mundo do Brasil de 2014. Instauração de
Processo Administrativo, nos termos dos artigos 13, V, e 69 e seguintes, da
Lei nº 12.529/11 c/c artigo 186 e seguintes do Regimento Interno do Cade.

SEPN 515 Conjunto D, Lote 4, Ed. Carlos Taurisano


Cep: 70770-504 – Brasília/DF – www.cade.gov.br
SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Sumário

I. RELATÓRIO ..................................................................................................................... 3
I.1 Acordo de Leniência ......................................................................................................... 3
I.2 Inquérito Administrativo Sigiloso ..................................................................................... 6
I.3 Termos de Compromisso de Cessação de Conduta Celebrados ....................................... 9
II. ANÁLISE ........................................................................................................................... 9
II.1 Aspectos Gerais do Combate a Cartéis e Particularidades da Persecução a Cartéis em
Licitações ................................................................................................................................ 9
II.2 Da suposta existência de conduta colusiva entre os Representados .............................. 17
II.2.1 Duração da Conduta................................................................................................ 18
II.2.2 Síntese dos fatos...................................................................................................... 18
II.2.3 Dos indícios da existência de conduta colusiva ...................................................... 22
II.2.3.1 Da dinâmica do suposto cartel ........................................................................... 22
II.2.3.1.1 Fase I: Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo
preliminar (outubro de 2007 – junho de 2010) ........................................................... 22
III.2.3.1.2 Fase II: Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais
de divisão de mercado e alocação de projetos (junho de 2009 – meados de 2011) .... 75
II.3 Mercado Relevante ................................................................................................ 147
II.3.1 Dimensão do Produto............................................................................................ 148
II.3.2 Dimensão Geográfica ........................................................................................... 149
II.4 Recomendação de Abertura de Procedimento Administrativo .............................. 149
II.4.1 Pessoas Jurídicas Participantes da Conduta...................................................... 158
II.4.1.1 Pessoas Jurídicas Signatária e Compromissárias ............................................. 158
II.4.1.2 Pessoas Jurídicas Não Signatárias e Não Compromissárias ............................ 163
II.4.2 Pessoas Físicas Participantes da Conduta......................................................... 168
II.4.2.1 Pessoas Físicas Signatárias e Compromissárias .............................................. 168
II.4.2.2 Pessoas Físicas Não Signatárias e Não Compromissárias ............................... 184
II.5 Recomendação de Não Inclusão no Processo Administrativo – Pessoas Físicas ..... 195
II.6 Conclusões Quanto aos Indícios Coligidos nos Autos ............................................. 200
II.7 Considerações Finais ................................................................................................ 201
III. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 202 

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I. RELATÓRIO

I.1 Acordo de Leniência

1. Em 06/10/2016, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa


Econômica (“SG/CADE”) e a Andrade Gutierrez Engenharia S.A. (“Andrade Gutierrez”) e 6
funcionários e/ou ex-funcionários (em conjunto, denominados “Signatários”), sob a
interveniência dos Ministérios Públicos Federais do Rio de janeiro (“MPF/RJ”), do Amazonas
(“MPF/AM”) e do Distrito Federal e Territórios (“MPF/DF”), celebraram o Acordo de
Leniência nº 08/2016.

2. Por meio do referido acordo, os Signatários trouxeram ao conhecimento da


SG/CADE fatos relacionados à prática de condutas anticompetitivas no mercado nacional de
obras de construção civil, modernização e/ou reforma de instalações esportivas
(“estádios de futebol”) destinados à Copa do Mundo do Brasil de 2014 (“Copa do
Mundo”)1. As violações à ordem econômica, segundo os Signatários, consistiriam em
acordos (i) de fixação de preços, condições, vantagens e abstenções entre concorrentes e
(ii) de divisão de mercado e alocação de projetos, por meio da formação de consórcios, da
supressão de propostas, da apresentação de propostas de cobertura e da promessa futura de
subcontratação.

3. Segundo o Acordo de Leniência, pelo menos 5 (cinco) procedimentos licitatórios


relacionados a obras de construção civil, modernização e/ou reforma de estádios de futebol
foram objeto da conduta anticompetitiva. Essas licitações podem ser compreendidas em dois
blocos distintos de ajustes entre concorrentes. O primeiro bloco refere-se (1) ao Estádio
Nacional Mané Garrincha em Brasília/DF, (2) à Arena Amazônia em Manaus/AM e (3) à
Arena Pernambuco em Recife/PE. Já o segundo bloco refere-se (4) ao Estádio do Maracanã
no Rio de Janeiro/RJ e (5) ao Estádio Mineirão em Belo Horizonte/MG.

4. Os Signatários ressaltam que os ajustes anticompetitivos para o Estádio Mineirão


não foram implementados, pois com a alteração da modalidade licitatória para Parceria
Público-Privada (“PPP”), as empresas teriam decidido não mais participar do certame.

5. Destacam ainda que, enquanto havia a expectativa de que o Estádio do Morumbi


em São Paulo/SP fosse escolhido para a Copa do Mundo de 2014, uma das empresas
manifestou interesse, em sede do acordo anticompetitivo preliminar, em realizar esta obra.
Contudo, tal tentativa de acordo não foi implementada tendo em vista a escolha final da Arena
Corinthians em São Paulo/SP.

1
Os Signatários explicam que, conforme consta na Lista CNAE do IBGE (versão 2.0), os serviços de construção
civil são compostos por obras de infraestrutura, tais como: construção de autoestradas, vias urbanas, pontes,
túneis, ferrovias, metrôs, pistas de aeroportos, portos e redes de abastecimento de água, sistemas de irrigação,
sistemas de esgoto, instalações industriais, redes de transporte por dutos e linhas de eletricidade, instalações
esportivas, etc. Os serviços de construção civil relacionados às obras de construção de estádios da Copa do
Mundo do Brasil de 2014 enquadram-se na categoria de construção de instalações esportivas.

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6. Ademais, os Signatários indicam que outros 3 (três) procedimentos licitatórios


também podem ter sido objeto da conduta anticompetitiva: (6) Arena Castelão em
Fortaleza/CE, (7) Arena das Dunas em Natal/RN e (8) Arena Fonte Nova em Salvador/BA.

7. Os Signatários também informaram que, até o momento da celebração do Acordo,


não foram encontradas evidências de conluio envolvendo os estádios nas demais cidades-sede
da Copa do Mundo, quais sejam: (9) Arena Pantanal em Cuiabá/MT, (10) Arena da Baixada
em Curitiba/PR, (11) Estádio Beira-Rio em Porto Alegre/RS e (12) Arena Corinthians em São
Paulo/SP.

8. Nos termos do Histórico da Conduta anexo ao Acordo de Leniência, o suposto


cartel foi dividido em duas fases. A “Fase I – Discussões preliminares e formação do acordo
anticompetitivo preliminar” (entre outubro de 2007 e junho de 2010) se caracterizou por
contatos entre concorrentes iniciados em outubro de 2007, quando da definição do Brasil
como sede da Copa do Mundo pela Fédération Internationale de Football Association
(“FIFA”) e perduraram até o momento em que todos os estádios foram definidos em suas
respectivas cidades-sede. Nessa Fase I, as empresas teriam realizado um acordo
anticompetitivo preliminar consistente na indicação do interesse de cada uma das
empresas nas futuras obras (a fim de se compatibilizar a participação das empresas por
meio de propostas de cobertura, supressão de propostas, subcontratação ou formação de
consórcios) bem como no monitoramento deste acordo preliminar. As 6 (seis) empresas
participantes dessa “Fase I” teriam sido: Andrade Gutierrez Engenharia S.A. (atual
denominação social da Construtora Andrade Gutierrez S.A.) (“Andrade Gutierrez”),
Odebrecht Investimentos em Infraestrutura Ltda. (“OPI”)2, Construtora OAS S.A. (“OAS”),
Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A. (“Carioca Engenharia”), Construtora Queiroz
Galvão S.A. (“Queiroz Galvão”) e Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A. (“Camargo
Corrêa”).

9. A “Fase II – Consolidação dos acordos anticompetitivos bilaterais e


multilaterais” ocorreu entre junho de 2009 e meados de 2011, quando foram assinados os
referidos contratos, coexistindo até junho de 2010 com a Fase I. Aqui, os contatos entre
concorrentes teriam ocorrido em reuniões bilaterais e multilaterais, referentes a licitações
específicas. Nessa “Fase II”, as principais empresas participantes da conduta
anticompetitiva teriam sido Andrade Gutierrez e Odebrecht, que teriam implementado o
suposto cartel, por meio de dois blocos de compensação das licitações entre concorrentes: um
primeiro bloco referente a (1) Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília/DF, (2) Arena
Amazônia em Manaus/AM e (3) Arena Pernambuco em Recife/PE; e um segundo relacionado
às obras do (4) Estádio do Maracanã no Rio de Janeiro/RJ e do (5) Estádio Mineirão em Belo
Horizonte/MG3. A compensação se dava pela apresentação recíproca de propostas de
2
Durante as investigações, houve melhor identificação do Grupo Odebrecht e a denominação “Odebrecht”
passou a caracterizar o Grupo, representado na presente investigação por 3 empresas: Construtora Norberto
Odebrecht S.A. (“CNO”), Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A. (antiga Odebrecht Serviços de
Engenharia e Construção S.A.) (“OECI”) e Odebrecht Participações e Investimentos S.A. (antiga Odebrecht
Investimentos em Infra-Estrutura Ltda.) (“OPI”).
3
Conforme dito acima, os Signatários ressaltam que os ajustes anticompetitivos para o Estádio Mineirão em
Belo Horizonte/MG não teriam sido implementados, pois as empresas teriam decidido não mais participar do
certame após a alteração da modalidade licitatória para Parceria Público-Privada (PPP).

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cobertura, bem como em arranjos entre ambas as empresas com vistas à redução da
concorrência.

10. Ainda nessa “Fase II”, há informações de participação limitada das empresas
Construtora OAS S.A. (“OAS”), que teria participado das licitações objeto de conduta
anticompetitiva Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília/DF e Estádio do Maracanã no
Rio de Janeiro/RJ, além das licitações possivelmente objeto de conduta Arena das Dunas em
Natal/RN e Arena Fonte Nova em Salvador/BA. Ainda, as empresas Carioca Christiani
Nielsen Engenharia S.A. (“Carioca”) e Construtora Queiroz Galvão S.A. (“Queiroz Galvão”)
também teriam participado da licitação possivelmente objeto de conduta Arena Castelão em
Fortaleza/CE.

11. Os clientes afetados pela conduta teriam sido os órgãos licitantes das obras de
construção civil, modernização e/ou reforma dos estádios de futebol, notadamente a
Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (“NOVACAP”) quanto ao Estádio
Nacional Mané Garrincha em Brasília/DF, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (“SEINF”)
do Estado do Amazonas quanto à Arena Amazônia em Manaus/AM, o Governo do Estado de
Pernambuco quanto à Arena Pernambuco em Recife/PE e a Secretaria de Estado de Obras do
Rio de Janeiro quanto ao Estádio do Maracanã no Rio de Janeiro/RJ.

12. O cliente que poderia ter sido afetado pela conduta, caso o acordo tivesse sido
implementado, é a Secretaria de Planejamento e Gestão – SEPLAG do Estado de Minas
Gerais quanto ao Estádio do Mineirão em Belo Horizonte/MG4.

13. Por fim, outros clientes possivelmente afetados pela conduta teriam sido: a
Secretaria do Esporte do Estado do Ceará quanto à Arena Castelão em Fortaleza/CE, o
Governo do Estado do Rio Grande do Norte quanto à Arena das Dunas em Natal/RN e a
Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (“SETRE”) do Governo da Bahia quanto à
Arena Fonte Nova em Salvador/BA.

14. As condutas anticompetitivas estão descritas de maneira detalhada no Histórico da


Conduta, o qual dispõe de uma versão restrita completa, com seus anexos, (SEI 0251294,
0251300 e 0250872) e uma versão pública (SEI 0275797), em razão da existência de
investigações criminais em andamento sob a responsabilidade dos órgãos intervenientes.

15. Ao longo das investigações, a Signatária trouxe ainda ao conhecimento da


SG/CADE informações adicionais sobre fatos relacionados à licitação objeto de conduta
anticompetitiva Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília/DF, envolvendo 3 (três)
pessoas físicas da Signatária, com atuação no Distrito Federal. Estas pessoas físicas aderiram
ao Acordo de Leniência. Em 03.06.2019, foi firmado Termo de Adesão ao Acordo de
Leniência nº 08/2016 (SEI 0633529), com complementação descrita de maneira detalhada no

4
De acordo com os Signatários, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – SEPLAG do Estado de
Minas Gerais, responsável pela licitação das obras do Estádio Mineirão, não teria sido efetivamente afetada pelo
conluio tendo em vista que o acordo entre concorrentes referente à construção de estádio naquele Estado não se
consumou, em razão do tipo de contratação que foi definido para construção daquele projeto.

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Histórico da Conduta 19/2019 e anexo (SEI 0630210 e 0630242)5, com cópias nos autos
restritos aos Representados (SEI 0633530 e 0633534) e versão pública (SEI 0633567).

I.2 Inquérito Administrativo Sigiloso

16. Após a celebração do Acordo de Leniência, foi instaurado o Inquérito


Administrativo Sigiloso em 11/10/2016, mediante Despacho SG nº 32/2016 (SEI 0250593), e
a SG/CADE procedeu à instrução dos fatos relatados.

17. Primeiramente, a SG/CADE oficiou periodicamente as autoridades responsáveis


pela condução das investigações criminais, as quais reiteraram a necessidade de manutenção
do sigilo das informações no interesse de suas investigações, razão pela qual não houve
modificação da versão pública do Histórico da Conduta.

18. Além disso, devido a desdobramentos das investigações no âmbito da operação


Lava Lato, em abril de 2017, houve a divulgação de decisões do Supremo Tribunal
Federal (“STF”), em que o Ministro Edson Fachin deferiu pedidos da Procuradoria-Geral da
República para enviar cópia de Termos de Depoimento de alguns colaboradores às
Procuradorias da República nos Estados. Em razão de haver menção aos estádios construídos
para a Copa do Mundo em alguns desses depoimentos, a SG/CADE oficiou as Procuradorias
do Distrito Federal, do Amazonas, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e
Bahia requerendo cópia de tais depoimentos
(0337020, 0337321, 0337347, 0337400, 0337443, 0337596, 0337635). As respostas, até então
recebidas, constam nos documentos 0352607 (Ceará), 0350341 (Amazonas) e 0354858 (Rio
Grande do Norte).

19. Também foram solicitadas informações aos clientes afetados pela conduta, ou seja,
aos órgãos licitantes das obras de construção civil, modernização e/ou reforma dos estádios de
futebol:
i. Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – NOVACAP / DF
(0370243), cuja resposta consta no Ofício n° 1219/2017 (0380776);
ii. Secretaria de Estado de Infraestrutura – SEINF / AM (0370244), cuja resposta
consta no Ofício nº 0140/2018 (0431654);
iii. Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de Pernambuco / PE, que
incorporou o Comitê Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público Privadas -
CGPE (0370245), cuja resposta consta no Ofício nº 033/201 (0386096);
iv. Secretaria de Estado de Obras do Rio de Janeiro – SEOBRAS / RJ (0370246),
cuja resposta consta no Oficio n° 1198/2017 (0380390);
v. Secretaria do Esporte do Estado do Ceará / CE (0370248), cuja resposta consta no
Ofício GABSEC nº 478/2017 (0380987);
vi. Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte – SETUR / RN (0370249); e
vii. Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte – SETRE / BA (0370250),
cuja resposta consta no Ofício GASEC nº 249 (0380307).

5
Cópia dos documentos SEI 0630210 e 0630242 foram inseridos nos autos restritos sob os números SEI
0633530 e 0633534.

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20. Também foi providenciada, por meio de Despacho Ordinatório (0387575), a


inclusão nos autos dos depoimentos veiculados na imprensa6, no qual constam os seguintes
vídeos (títulos fornecidos pela reportagem)7:
i.Notícia sobre Estádios (SEI 0387663)
ii.Maracanã (SEI 0632982, 0633009, 0387686, 0387725 e vídeos na reportagem):
“Delação de Marcos Vidigal do Amaral sobre o Maracanã” – Parte I (SEI
0632982); “Segunda parte da colaboração de Marcos Vidigal do Amaral” – Parte
II (SEI 0633009); “Petição 6860 - João Borba Filho - Maracanã/Jonas Lopes de
Carvalho e outros” (não foi possível incluir nos autos, mas disponível no link
mencionado na nota de rodapé); “Delação de Leandro Andrade Azevedo sobre o
Maracanã” (SEI 0387686); “Luiz Eduardo da Rocha Soares fala sobre o
Maracanã” (SEI 0387725);
iii.Mané Garrincha (0387690 e vídeos na reportagem): “Delator João Pacífico fala
sobre o estádio Mané Garrincha” (SEI 0387690); “Delação de Ricardo Roth sobre
o Mané Garrincha” (não foi possível incluir nos autos, mas disponível no link
mencionado na nota de rodapé);
iv.Arena Pernambuco (SEI 0387742): “Delator João Pacífico fala sobre
Irregularidades na Arena Pernambuco” (SEI 0387742);
v.Arena da Amazônia (vídeos na reportagem): “Delator Benedicto Júnior /
Irregularidades na obra Arena Amazônia” (não foi possível incluir nos autos, mas
disponível no link mencionado na nota de rodapé);
vi.Arena Castelão (vídeos na reportagem): “Delator Benedicto Júnior fala sobre
reforma da Arena Castelão” (não foi possível incluir nos autos, mas disponível no
link mencionado na nota de rodapé); “Segunda parte da delação de Benedicto
Júnior sobre a Arena Castelão” (não foi possível incluir nos autos, mas disponível
no link mencionado na nota de rodapé); “Terceira parte da delação de Benedicto
Júnior o Castelão” (não foi possível incluir nos autos, mas disponível no link
mencionado na nota de rodapé); “Quarta parte da delação de Benedicto Júnior
sobre o Castelão” (não foi possível incluir nos autos, mas disponível no link
mencionado na nota de rodapé).

21. Destaca-se ainda a petição dos Signatários da Leniência (0392325), no dia


15/09/2017, informando que, em decorrência de seu dever de colaboração permanente,
identificou que o Sr. Mauro Cardoso de Aguiar, Superintendente Operacional da
Camargo Corrêa, mencionado no Documento 29 do Histórico da Conduta, foi
indevidamente apontado como pessoa física participante da conduta. Consoante os
Signatários, houve, de fato, contato entre os Srs. Mauro Cardoso de Aguiar e Marco Antônio
Ladeira de Oliveira (então Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez)
envolvendo os estádios de futebol da Copa do Mundo. Contudo, ao contrário do inicialmente
informado, foi apurado que em tal contato não se poderia ter tratado das práticas

6
Por meio de notícia de 14/04/2017 intitulada “Metade dos estádios da Copa tem suspeitas de irregularidades,
segundo delações da Odebrecht”. Disponível em <https://g1.globo.com/politica/operacao-lava-
jato/noticia/metade-dos-estadios-da-copa-tem-suspeitas-de-irregularidades-segundo-delacoes-da-
odebrecht.ghtml>.
7
Conforme Certidão 0387795, só não foram juntados os vídeos com capacidade superior a 200 MB.

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anticompetitivas informadas, já que o Sr. Mauro Cardoso de Aguiar não tinha envolvimento
com o tema.

22. Em 20/09/2017, por meio do Oficio n° 7682/2017-IPL1095/2016-4SR/PF/DF-


DELEINQUE, a SG/CADE recebeu cópia de Relatório Final e Laudos Periciais Pertinentes à
Operação Policial Panatenaico, que apurou infrações na obra do Estádio Mané Garrincha, em
Brasília/DF.

23. Em 12/12/2017, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios enviou o


Ofício nº 159/2017-GAECO/PGJ, informando que a atribuição para atuar em todos os
procedimentos relacionados às irregularidades no processo de contratação/execução das obras
de reforma do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha passou a ser da Procuradoria da
República do Distrito Federal. Em razão disto, novos contatos foram estabelecidos e novas
solicitações e documentos foram compartilhados, especialmente em relação à Operação
Panatenaico.

24. Vale observar ainda que, durante este período de investigação, os Srs. Marco
Antonio Borghi e Louzival Luiz Lago Mascarenhas Junior peticionaram com o objetivo de
comprovar que os Documentos 17, 18, 22, 24 e 27 do Histórico da Conduta não estão
relacionados com a discussão acerca dos estádios de futebol da Copa de 2014, mas sim com
reuniões do Grupo de Trabalho para o Projeto do Trem de Alta Velocidade (“TAV”)
(0331189, 0331856, 0412815, 0423624 e 0633078).

25. Em 18/09/2018, os Srs. Marco Antonio Borghi e Louzival Luiz Lago Mascarenhas
Junior peticionaram novamente, solicitando a retirada de seus nomes da presente investigação,
além da inclusão nos autos da sentença absolutória com relação a ambos proferida pelo Juízo
da 7ª Vara Federal/RJ (0527301).

26. Durante este período também foram negociados dois Termos de Compromisso de
Cessação de Conduta, mencionados a seguir.

27. Após análise do extenso material, a SG/CADE ainda realizou diligências


adicionais solicitando informações complementares aos órgãos licitantes:

i. Ofício 1878/2019 para a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil –


NOVACAP (SEI 0593649), que respondeu por meio do Ofício SEI-GDF
624/2019 (SEI 0599201 e 0599201).
ii. Ofício 2026/2019 para Secretário Executivo de Projetos Especiais - Secretaria
de Administração – Governo de Pernambuco (SEI 0596673), que respondeu por
meio do Ofício 6/2019 – SEPPAR/SEDUH (SEI 0601315 e 0601318).

28. Ao final de todas as diligências, obteve-se um conjunto robusto de indícios


suficientes para a instauração de Processo Administrativo. A descrição detalhada das condutas
que serão objeto de investigação será exposta mais à frente.

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I.3 Termos de Compromisso de Cessação de Conduta Celebrados

29. Em 21/11/2018, na 134ª Sessão de Julgamento do Tribunal do Cade, foram


homologados dois Termos de Compromisso de Cessação de Conduta (“TCCs”) referentes a
este Inquérito Administrativo (Requerimentos nº 08700.007077/2016-09 e
08700.007078/2016-45). Os respectivos Históricos da Conduta e documentos relacionados
foram juntados aos autos:

i. Histórico da Conduta nº 39/2018 (SEI 0572920 e 0572922), com seus anexos (SEI
0572923, 0572924, 0572927, 0572929, 0572932, 0572934), fruto do Termo de
Compromisso de Cessação de Conduta - TCC (SEI 0549539) celebrado com
Construtora Norberto Odebrecht S.A., Odebrecht Engenharia e Construção
Internacional S.A. (anteriormente denominada Odebrecht Serviços de Engenharia
e Construção S.A.) e Odebrecht Participações e Investimentos S.A. (anteriormente
denominada Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura Ltda.) (em conjunto
denominadas “ODEBRECHT” ou “COMPROMISSÁRIAS ODEBRECHT”),
juntamente com seus funcionários e/ou ex-funcionários Benedicto Barbosa da
Silva Júnior, Eduardo Soares Martins, Geraldo Villin Prado, João Borba Filho,
João Antônio Pacífico Ferreira, Júlio Cesar Duarte Perdigão, Marcos Vidigal do
Amaral e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira (individualmente
“COMPROMISSÁRIO” e em conjunto com a ODEBRECHT,
“COMPROMISSÁRIOS”) – Versão Pública do Histórico da Conduta nº 39/2018
(SEI 0622587);

ii. Histórico da Conduta nº 38/2018 (SEI 0572937 e 0572938), com seus anexos (SEI
0572941 e 0572944), fruto do Termo de Compromisso de Cessação de Conduta -
TCC (SEI 0549765) celebrado com a Carioca Christiani-Nielsen Engenharia S.A
(“COMPROMISSÁRIA”), juntamente com seus funcionários e/ou ex-funcionários
José Camilo Teixeira Carvalho, Marcelo Antônio Carvalho Macedo e Ricardo
Pernambuco Backheuser Júnior (individualmente “COMPROMISSÁRIO” e em
conjunto com a COMPROMISSÁRIA, “COMPROMISSÁRIOS”) - Versão Pública
do Histórico da Conduta nº 38/2018 (SEI 0622591).

30. Os dois TCCs homologados permitiram trazer aos autos confirmações de acordos,
informações e provas complementares ao relato inicial dos Signatários, havendo, inclusive,
identificação de novas pessoas, até então não mencionadas no relato inicial.

II. ANÁLISE

II.1 Aspectos Gerais do Combate a Cartéis e Particularidades da Persecução


a Cartéis em Licitações

31. Cartel é um acordo entre concorrentes para, principalmente, fixar preços ou quotas
de produção, dividir clientes e mercados de atuação, bem como combinar preços e ajustar

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vantagens em concorrências públicas e privadas. Cartéis prejudicam seriamente os


consumidores ao aumentar preços e restringir a oferta, tornando os bens e serviços mais caros
ou indisponíveis, e comprometendo a inovação tecnológica. Da mesma forma, cartéis em
licitações públicas geram prejuízos ao Erário, ao impedir que a Administração adquira seus
produtos e serviços ao menor preço possível.
32. Com efeito, dentre as condutas anticompetitivas, o cartel é a mais grave lesão à
concorrência. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), os cartéis:
(...) causam danos a consumidores e negócios que adquirem seus produtos, por meio do aumento
de preço ou da restrição da oferta. Como resultado, alguns adquirentes decidem não comprar o
produto ao preço determinado pelo cartel ou compram-no em menor quantidade. Assim, os
adquirentes pagam mais por aquela quantidade que realmente compram, o que possibilita, mesmo
sem que saibam, a transferência de riquezas aos operadores do cartel. Além disso, os cartéis geram
desperdício e ineficiência. Eles protegem seus membros da completa exposição às forças de
mercado, reduzindo a pressão pelo controle de gastos e para inovação, o que acarreta a perda de
competitividade de uma economia nacional8.

33. Não por outra razão é que grande parte dos países que possui políticas de defesa da
concorrência trata os cartéis como delitos per se, calcando suas decisões na presunção dos
efeitos nocivos a partir da prova da existência do acordo, o que torna desnecessária a
comprovação e mensuração dos efeitos líquidos negativos da conduta9. O Brasil é um desses
países que considera suficiente a prova da existência do acordo para configurar sua ilicitude10.

34. As condutas concertadas entre concorrentes podem assumir estratégias múltiplas,


mas resultam, invariavelmente, na aquisição de produtos e contratação de serviços em
condições mais desvantajosas ou por valores acima daqueles que seriam encontrados em
mercados efetivamente competitivos. Em casos de licitações públicas, tal como apontam os
indícios do presente caso, tais condutas colusivas entre concorrentes implicam, ainda, a
redução da eficiência dos gastos públicos, processo no qual os recursos públicos – fruto dos
tributos pagos pelos cidadãos e empresas – são transferidos para tais agentes, que obtêm
lucros adicionais resultantes da ausência de competição efetiva nos certames licitatórios.

35. As estratégias utilizadas pelos integrantes do cartel, especialmente no âmbito das


licitações públicas, envolvem, regra geral, a mitigação da competição e a alocação privada e

8
Tradução livre de “Hard Core Cartels”, preparado pelo Fórum Conjunto de Comércio e Concorrência da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE):
http://webdominio1.oecd.org/commet/ech/tradecomp.nsf, 2003, p.2.
9
Vide, por exemplo, a decisão da autoridade europeia de defesa da concorrência – em caso que condenou cartel
que atuou em licitações para fornecimento de tubulação para sistemas de calefação residencial – na qual a
comprovação da existência de acordo entre os concorrentes, bem como de práticas comerciais concertadas entre
eles, serviu como fundamento para se determinar a existência do cartel (Case Nº IV/35.691/E-4: — Pre-Insulated
Pipe Cartel).
10
No julgamento do Processo Administrativo nº 08012.004702/2004-77 – relativo a cartel atuante no mercado
brasileiro de peróxido de hidrogênio – o Relator afirmou que, verificadas as condições de existência de um
cartel, alcançar-se-ia um quantum probatório em que uma decisão poderia ser exarada, sendo desnecessária a
prova dos efeitos do acordo colusivo, adotando, portanto, a regra per se. Vide Processo Administrativo nº
08012.004702/2004-77, Conselheiro Carlos Emannuel Joppert Ragazzo, julgado em 09 de maio de 2012.
Representante: SDE ex officio. Representados: Degussa AkTiengesellschaft, Degussa Brasil Ltda., Peróxidos do
Brasil Ltda., Solvay do Brasil Ltda. e outros.

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artificial de contratos entre empresas que, na verdade, deveriam competir entre si. Nesse
sentido, o uso concomitante de estratégias comuns permite que tais agentes definam os
contornos precisos do mercado, por intermédio da alocação de carteiras de contratos, órgãos
contratantes, áreas geográficas, faturamento, dentre outros critérios, e para a distribuição dos
lucros adicionais advindos da redução da pressão competitiva possibilitada pelo acordo
colusivo.

36. Conforme a experiência internacional, em grande medida consolidada pela


Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)11, as empresas
participantes de cartéis em licitações utilizam-se, nos certames, das seguintes estratégias:

Propostas Fictícias ou de Cobertura (“cover bidding”). As propostas fictícias, ou de corbertura


(também designadas como complementares, de cortesia, figurativas, ou simbólicas) são a forma
mais frequente de implementação dos esquemas de conluio entre concorrentes. Ocorre quando
indivíduos ou empresas combinam submeter propostas que envolvem, pelo menos, um dos
seguintes comportamentos: (1) Um dos concorrentes aceita apresentar uma proposta mais elevada
do que a proposta do candidato escolhido, (2) Um concorrente apresenta uma proposta que já sabe
de antemão que é demasiado elevada para ser aceita, ou (3) Um concorrente apresenta uma
proposta que contém condições específicas que sabe de antemão que serão inaceitáveis para o
comprador. As propostas fictícias são concebidas para dar a aparência de uma concorrência
genuína entre os licitantes.

Supressão de propostas (“bid suppression”). Os esquemas de supressão de propostas envolvem


acordos entre os concorrentes nos quais uma ou mais empresas estipulam abster-se de concorrer ou
retiram uma proposta previamente apresentada para que a proposta do concorrente escolhido seja
aceita. Fundamentalmente, a supressão de propostas implica que uma empresa não apresenta uma
proposta para apreciação final.

Propostas Rotativas ou Rodízio (“bid rotation”). Nos esquemas de propostas rotativas (ou
rodízio), as empresas conspiradoras continuam a concorrer, mas combinam apresentar
alternadamente a proposta vencedora (i.e. a proposta de valor mais baixo). A forma como os
acordos de propostas rotativas são implementados pode variar. Por exemplo, os conspiradores
podem decidir atribuir aproximadamente os mesmos valores monetários de um determinado grupo
de contratos a cada empresa ou atribuir a cada uma valores que correspondam ao seu respectivo
tamanho.

Divisão do Mercado (“market allocation ou market division”). Os concorrentes definem os


contornos do mercado e acordam em não concorrer para determinados clientes ou em áreas
geográficas específicas. As empresas concorrentes podem, por exemplo, atribuir clientes
específicos ou tipos de clientes a diferentes empresas, para que os demais concorrentes não
apresentem propostas (ou apresentem apenas uma proposta fictícia) para contratos ofertados por
essas classes de potenciais clientes. Em troca, o concorrente não apresenta propostas competitivas
a um grupo específico de clientes atribuído a outras empresas integrantes do cartel.

Subcontratação. Os concorrentes acordam em recompensar a colaboração das empresas que, ao


não participarem da licitação ou apresentarem propostas de cobertura, garantiram que a empresa
previamente escolhida se sagrasse vencedora do certame. Dessa forma, a subcontratação das
empresas colaboradoras permite que os lucros excepcionalmente elevados – fruto da ausência de
competitividade derivada do acordo colusivo firmado entre as concorrentes – sejam divididos entre
as empresas participantes do cartel.

11
Cf. Diretrizes para combater o conluio entre concorrentes em contratações públicas. OCDE, fevereiro de
2009; e OCDE: Collusion and Corruption in Public Procurement, 2010, p. 458 (tradução livre).

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37. A utilização de tais estratégias não segue um padrão único, coexistindo diversos
desenhos possíveis para os acordos colusivos entre empresas concorrentes. Haja vista as
especificidades do regime de contratações públicas, em geral as referidas estratégias podem,
inclusive, ser implementadas por intermédio de institutos formalmente legais, tais como o
consórcio.

38. Por exemplo, as estratégias de divisão de mercado e supressão de propostas


podem ser implementadas por intermédio da formação de consórcios nas licitações: empresas
que teriam capacidade técnica e financeira para, isoladamente, prestarem o serviço e/ou
fornecerem o produto licitado, decidem formar consórcio. Assim, tais consórcios “de
fachada” reduzem a competitividade do certame – haja vista que potenciais concorrentes
suprimem suas propostas individuais, pois passam a ser parte integrante do consórcio – e
alocam as parcelas do objeto licitado às consorciadas, o que constitui, ao fim e ao cabo, na
partilha do mercado entre tais empresas12.

39. Tal entendimento não significa que o disposto no artigo 33 da Lei 8.666/9313 – que
traz autorização legal para a constituição de consórcios em licitações públicas – implica
necessariamente uma inequívoca ameaça à competitividade nos certames. Apenas se quer,
aqui, enfatizar que tal instituto – uma espécie de associação entre empresas – contém
potenciais riscos para a dinâmica concorrencial das licitações públicas14.

12
A implementação de tais estratégias, via formação de consórcios, é facilitada em mercados nos quais as
empresas têm contatos frequentes, como no caso em tela: as empresas sob investigação, via de regra,
participavam dos mesmos certames, o que criava oportunidades para que eventuais negociações fossem
abrangentes em termos territoriais (possíveis acordos para licitações conduzidas por órgãos diferentes) e
temporais (possíveis acordos para diversas licitações ao longo do tempo, permitindo estabelecer eventuais
compensações e punições).
13
Art.33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes
normas:
I-comprovação do compromisso público ou particular de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
II-indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá atender às condições de liderança,
obrigatoriamente fixadas no edital;
III-apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-
se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de
qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva
participação, podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento)
dos valores exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para os consórcios compostos, em sua
totalidade, por micro e pequenas empresas assim definidas em lei;
IV-impedimento de participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através de mais de um consórcio
ou isoladamente;
V-responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto
na de execução do contrato.
14
A atuação de consórcios em licitações públicas pode ter efeitos pró-competitivos ou anticompetitivos, a
depender das características do mercado e do objeto licitado. De um lado, o consórcio pode incrementar a
competitividade em determinado certame, ao permitir a participação de empresas em contratações das quais, se
não fosse pela oferta na forma consorciada, não poderiam participar isoladamente, por ausência de capacidade
técnica ou financeira. Por outro lado, como explicitado acima, há a possibilidade de empresas –que poderiam
participar sozinhas da licitação –formarem consórcio com o intuito de, ao se aliarem a potenciais competidores,
eliminarem a concorrência e dividirem o mercado entre si.

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40. A OCDE, em documento de referência, consolida a opinião das autoridades de


defesa da concorrência de diversos países, afirmando que:

A apresentação de propostas em consórcio incrementa a competitividade se permitir que empresas


que não têm condições de fornecer produtos complementares se juntem com outras empresas para
então fornecer de forma conjunta tais produtos complementares. (...) Por outro lado, quando
empresas concorrentes apresentam ofertas de maneira conjunta, isso geralmente diminui a
concorrência, já que o consórcio diminui o número de participantes. Esse assim chamado efeito de
diminuição de concorrência promove ofertas menos agressivas e consequentemente efeitos
negativos na concorrência15.

41. A formação de consórcios é, portanto, prática admitida legalmente e, quando


adotada dentro dos parâmetros legais e da lógica comercial, constitui instrumento importante
para a realização de determinadas licitações e execução de determinados contratos técnica ou
economicamente mais complexos. No entanto, em desvirtuamento de sua finalidade, pode ser
usado por membros de um cartel como mecanismo para implementação de suas estratégias
anticompetitivas.

42. A questão concorrencial surge, portanto, quando a formação de consórcios é


utilizada como instrumento para dissimular acordos colusivos previamente negociados pelas
empresas. Por exemplo, (i) quando as empresas participantes do suposto cartel definem quais
delas farão parte de determinado consórcio – ao qual será destinado o contrato sob disputa – e
quais participarão da licitação apenas para apresentar propostas de cobertura; (ii) ou ainda
quando as empresas definem qual será o único consórcio a concorrer no certame, definindo
que as recompensas às demais empresas dar-se-ão nas licitações vindouras.

43. Embora seja competência discricionária do órgão licitante a autorização para que
concorrentes atuem em consórcio em determinada licitação, é certo que tal discricionariedade
– que, segundo os órgãos de controle, sequer é absoluta16 – não afasta a possibilidade de os
órgãos de defesa da concorrência analisarem a formação de consórcios como elemento
contextual que informa o mercado sob investigação – no caso, determinada licitação ou
conjunto de licitações – pelo enfoque da ponderação de riscos que tal instituto pode trazer ao
potencial de competitividade do certame e à conduta das empresas licitantes17. Ou seja,
mesmo sendo o consórcio figura jurídica lícita, e mesmo tendo sido ela autorizada pelos
órgãos licitantes em um determinado certame, nada impede que o Cade analise as condições
em que foi utilizada e, do ponto de vista da Legislação de Defesa da Concorrência (Lei nº

15
OCDE, Public procurement -the role of competition authorities in promoting competition.
(DAF/COMP(2007)34), Paris, 2007, p. 34 (tradução livre).
16
O Tribunal de Contas da União (“TCU”) possui jurisprudência consolidada nesse sentido, exigindo a
motivação de tais decisões: (i) Fica ao juízo discricionário da Administração Pública a decisão, devidamente
motivada, quanto à possibilidade de participação ou não em licitações de empresas em consórcio (Acórdão nº
1165/2012-Plenário, TC 037.773/2011-9, rel. Min. Raimundo Carreiro, 16.5.2012); (ii) A decisão de vedar a
participação de consórcio em licitação de obra pública insere-se na esfera de discricionariedade do gestor. Tal
opção, contudo, demanda a explicitação de justificativas técnicas e econômicas robustas que a respaldem
(Acórdão nº 2831/2012-Plenário, TC-020.118/2012-0, rel. Min. Ana Arraes, 17.10.2012).
17
A autorização (ou a vedação) à formação de consórcios são insumos à análise do mercado de compras
públicas, tais como o comportamento das empresas nas fases interna e externa dos certames, o histórico de
licitações com objeto semelhante, o conjunto de contratos anteriores, dentre outros, que permitem à autoridade
da concorrência mapear o funcionamento e a racionalidade econômica subjacente ao mercado investigado.

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12.529/2011 e sua antecessora, Lei nº 8.884/94), conclua pela sua irregular utilização pelas
empresas licitantes como meio de restringir a concorrência.

44. Ainda sobre as competências em matéria de licitação, é importante esclarecer que,


embora os cartéis em licitações estejam muitas vezes relacionados a outros ilícitos – como a
corrupção de agentes públicos, o direcionamento de editais e as diversas modalidades de
fraudes às licitações – a competência da autoridade de defesa da concorrência nessa seara
restringe-se aos aspectos da prática que a conformam como infração à ordem econômica, nos
termos do quanto disposto na Legislação de Defesa da Concorrência. Ou seja, o Cade não
possui expertise e nem autorização legal para investigar ou decidir sobre aqueles ilícitos, cuja
apuração é de competência exclusiva dos órgãos de controle, das autoridades policiais e do
Ministério Público.

45. Cientes da ilicitude da conduta que estão cometendo e das repercussões


administrativas, criminais e civis a que estão sujeitos, os membros de um cartel costumam
ocultar as evidências de seus atos, o que torna a reunião de provas e indícios da conduta tarefa
hercúlea. Reuniões, contatos, trocas de informações sobre preços e clientes, entre outros, são
geralmente realizados com extrema discrição e sigilo, muitas vezes com a utilização de
códigos e siglas, de forma a não deixar transparecer qualquer ilicitude. Cartéis são, sem
dúvida, uma das condutas mais difíceis de ser investigada. Por essa razão, técnicas de
detecção e apuração mais sofisticadas tem cada vez mais se tornado ferramentas fundamentais
para uma investigação de cartel bem sucedida.

46. É o caso do chamado “Acordo de Leniência”. Esse instrumento, utilizado por


autoridades de defesa da concorrência em diversos países, permite à Administração Pública
identificar condutas que, de outra maneira, continuariam às escuras, ao mesmo tempo em que
garante a realização de uma investigação mais eficiente e efetiva18. No Brasil, o Programa de
Leniência encontra previsão nos artigos 86 e 87 da Lei de Defesa da Concorrência (Lei nº
12.529/11)19. Sua premissa básica é a de que os beneficiários do acordo, em troca de
18
Os benefícios da adoção de um programa de leniência são estudados e celebrados por diversas autoridades ao
redor do mundo. O instrumento é indicado como uma ferramenta importante para se obter um plano de combate
a cartéis efetivo, na medida em que: i) desencoraja a participação de empresas em cartel; ii) estimula a
desistência de participação em cartéis pré-estabelecidos; iii) aumenta a probabilidade de detecção de um cartel e
iv) aumenta a possibilidade de sanção pela Administração Pública. Nesse sentido, ver: International Competition
Network. Anti-cartel enforcement manual. 2009. Disponível em:
http://www.internationalcompetitionnetwork.org/uploads/library/doc341.pdf. Conforme devidamente ressaltado
pela OCDE em seu relatório para combate de cartéis Hard-Core (2002, p. 7), o principal desafio para uma
política de combate a cartéis é justamente a sua detecção e é justamente este ponto que traduz a importância do
programa de leniência. De fato, um programa de leniência devidamente estruturado e utilizado por uma
autoridade de defesa da concorrência produz naturalmente uma instabilidade por si só nos cartéis em execução,
bem como diminui a vantagem de adesão ou constituição de uma nova conduta coordenada anticoncorrencial,
pois fragiliza a relação de confiança entre os partícipes e incentiva a comunicação à Autoridade Pública da
existência da conduta anticompetitiva.
19
Lei nº 12.529/11:
Art. 86. O Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção
da ação punitiva da administração pública ou a redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços) da penalidade aplicável, nos
termos deste artigo, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que
colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte:
I - a identificação dos demais envolvidos na infração; e

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imunidade total ou parcial em relação às penas administrativas e criminais aplicáveis,


confessem e colaborem com as investigações, trazendo informações e documentos que
permitam à autoridade identificar os demais co-autores e comprovar a infração noticiada ou
sob investigação. Ao garantir a imunidade a um dos participantes de um cartel, a

II - a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação.


§ 1o O acordo de que trata o caput deste artigo somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente,
os seguintes requisitos:
I - a empresa seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou sob investigação;
II - a empresa cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a partir da data
de propositura do acordo;
III - a Superintendência-Geral não disponha de provas suficientes para assegurar a condenação da empresa ou
pessoa física por ocasião da propositura do acordo; e
IV - a empresa confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações e o
processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais,
até seu encerramento.
§ 2o Com relação às pessoas físicas, elas poderão celebrar acordos de leniência desde que cumpridos os
requisitos II, III e IV do § 1o deste artigo.
§ 3o O acordo de leniência firmado com o Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, estipulará as
condições necessárias para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo.
§ 4o Compete ao Tribunal, por ocasião do julgamento do processo administrativo, verificado o cumprimento do
acordo:
I - decretar a extinção da ação punitiva da administração pública em favor do infrator, nas hipóteses em que a
proposta de acordo tiver sido apresentada à Superintendência-Geral sem que essa tivesse conhecimento prévio da
infração noticiada; ou
II - nas demais hipóteses, reduzir de 1 (um) a 2/3 (dois terços) as penas aplicáveis, observado o disposto no art.
45 desta Lei, devendo ainda considerar na gradação da pena a efetividade da colaboração prestada e a boa-fé do
infrator no cumprimento do acordo de leniência.
§ 5o Na hipótese do inciso II do § 4o deste artigo, a pena sobre a qual incidirá o fator redutor não será superior à
menor das penas aplicadas aos demais coautores da infração, relativamente aos percentuais fixados para a
aplicação das multas de que trata o inciso I do art. 37 desta Lei.
§ 6o Serão estendidos às empresas do mesmo grupo, de fato ou de direito, e aos seus dirigentes, administradores
e empregados envolvidos na infração os efeitos do acordo de leniência, desde que o firmem em conjunto,
respeitadas as condições impostas.
§ 7o A empresa ou pessoa física que não obtiver, no curso de inquérito ou processo administrativo, habilitação
para a celebração do acordo de que trata este artigo, poderá celebrar com a Superintendência-Geral, até a
remessa do processo para julgamento, acordo de leniência relacionado a uma outra infração, da qual o Cade não
tenha qualquer conhecimento prévio.
§ 8o Na hipótese do § 7o deste artigo, o infrator se beneficiará da redução de 1/3 (um terço) da pena que lhe for
aplicável naquele processo, sem prejuízo da obtenção dos benefícios de que trata o inciso I do § 4o deste artigo
em relação à nova infração denunciada.
§ 9o Considera-se sigilosa a proposta de acordo de que trata este artigo, salvo no interesse das investigações e do
processo administrativo.
§ 10. Não importará em confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da conduta
analisada, a proposta de acordo de leniência rejeitada, da qual não se fará qualquer divulgação.
§ 11. A aplicação do disposto neste artigo observará as normas a serem editadas pelo Tribunal.
§ 12. Em caso de descumprimento do acordo de leniência, o beneficiário ficará impedido de celebrar novo
acordo de leniência pelo prazo de 3 (três) anos, contado da data de seu julgamento.
Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos
demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados na Lei no 8.666, de 21 de
junho de 1993, e os tipificados no art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, a
celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e
impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente beneficiário da leniência.
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos
crimes a que se refere o caput deste artigo.

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Administração não apenas gera um fator de desestabilização nos cartéis existentes, como
detecta condutas e pune infratores que de outra forma não teria condições de fazer.

47. Utilizado em conjunto com outras medidas à disposição da autoridade de defesa da


concorrência – tais como operações de busca e apreensão, inspeções, celebração de termo de
compromisso de cessação, requisição de informações, dentre outros –, o Programa de
Leniência potencializa-se como um dos instrumentos mais eficazes para detectar, investigar e
coibir condutas anticompetitivas com potencial lesivo à concorrência e ao bem-estar social20.
Constitui, assim, um importante pilar da política de combate a cartéis.

48. O presente caso é um exemplo concreto da importância do Acordo de Leniência


para a política de combate a cartéis e dos benefícios do uso conjunto das ferramentas
instrutórias à disposição da Administração.

49. O presente caso também faz uso da celebração de TCC, previsto no artigo 85 da
Lei de Defesa da Concorrência (Lei nº 12.529/11)21, importante instrumento de investigação.

20
Neste sentido, ver: “O Programa de Leniência não é um fim em si mesmo, mas um importante mecanismo
para dissuadir condutas uniformes lesivas à concorrência, este sim um fim da política de defesa da concorrência.
O mesmo se aplica à eliminação de ‘obstáculos à persecução administrativa e criminal de cartéis’, mandados de
busca e apreensão, métodos estatísticos para detecção de cartéis e o próprio TCC que, como visto, é parte do
programa de combate a cartéis” (Voto do relator, Req. nº 08700.004992/2007-43, Relator Conselheiro Paulo
Furquim de Azevedo, julgado em 17/12/2008).
21
Art. 85. Nos procedimentos administrativos mencionados nos incisos I, II e III do art. 48 desta Lei, o Cade
poderá tomar do representado compromisso de cessação da prática sob investigação ou dos seus efeitos lesivos,
sempre que, em juízo de conveniência e oportunidade, devidamente fundamentado, entender que atende aos
interesses protegidos por lei.
§ 1o Do termo de compromisso deverão constar os seguintes elementos:
I - a especificação das obrigações do representado no sentido de não praticar a conduta investigada ou seus
efeitos lesivos, bem como obrigações que julgar cabíveis;
II - a fixação do valor da multa para o caso de descumprimento, total ou parcial, das obrigações
compromissadas;
III - a fixação do valor da contribuição pecuniária ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos quando cabível.
§ 2o Tratando-se da investigação da prática de infração relacionada ou decorrente das condutas previstas nos
incisos I e II do § 3o do art. 36 desta Lei, entre as obrigações a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo
figurará, necessariamente, a obrigação de recolher ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos um valor pecuniário
que não poderá ser inferior ao mínimo previsto no art. 37 desta Lei.
§ 3o (VETADO).
§ 4o A proposta de termo de compromisso de cessação de prática somente poderá ser apresentada uma única
vez.
§ 5o A proposta de termo de compromisso de cessação de prática poderá ter caráter confidencial.
§ 6o A apresentação de proposta de termo de compromisso de cessação de prática não suspende o andamento do
processo administrativo.
§ 7o O termo de compromisso de cessação de prática terá caráter público, devendo o acordo ser publicado no
sítio do Cade em 5 (cinco) dias após a sua celebração.
§ 8o O termo de compromisso de cessação de prática constitui título executivo extrajudicial.
§ 9o O processo administrativo ficará suspenso enquanto estiver sendo cumprido o compromisso e será
arquivado ao término do prazo fixado, se atendidas todas as condições estabelecidas no termo.
§ 10. A suspensão do processo administrativo a que se refere o § 9o deste artigo dar-se-á somente em relação ao
representado que firmou o compromisso, seguindo o processo seu curso regular para os demais representados.

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50. A partir do acima exposto, passa-se à análise dos robustos indícios apurados no
presente caso em face dos Representados, que justificam a instauração de Processo
Administrativo, com fundamento no art. 69 da Lei nº 12.529/2011.

II.2 Da suposta existência de conduta colusiva entre os Representados

53. Em síntese, o presente feito tem como ponto central apurar supostas práticas
anticompetitivas no mercado de obras de construção civil, modernização e/ou reforma de
instalações esportivas ("estádios de futebol") destinados à Copa do Mundo do Brasil de
2014 ("Copa do Mundo"). Foram verificados indícios robustos de que as pessoas físicas e
jurídicas ora Representadas teriam celebrado ajustes com a finalidade de fixar preços, ajustar
vantagens em licitações e dividir o mercado em questão, envolvendo troca de informações
concorrencialmente sensíveis, condutas essas passíveis de enquadramento nos art. 20, incisos
I a IV, c/c. art. 21, incisos I, III, IV e VIII, da Lei nº 8.884/94, bem como art. 36, incisos I a
IV c/c seu § 3º, inciso I, alíneas "a", "c" e "d", e inciso III, da Lei nº 12.529/2011.

51. As supostas violações à ordem econômica consistiriam em acordos (i) de fixação


de preços, condições, vantagens e abstenções entre concorrentes, (ii) de divisão de
mercado e alocação de projetos, e (iii) troca de informações concorrencialmente
sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por
meio da formação de consórcios, da supressão de propostas, da apresentação de propostas de
cobertura e da promessa futura de subcontratação.

52. Os contatos entre concorrentes teriam se iniciado preliminarmente com a definição


do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 pela FIFA, em outubro de 2007, tendo se
intensificado no segundo semestre de 2008, durando até, pelo menos, meados de 2011,
quando foram assinados os contratos referentes às obras públicas dos estádios de futebol para
a Copa do Mundo.

53. Conforme será a seguir explicitado, há indícios robustos da existência de reuniões


e comunicações entre concorrentes, relacionados à troca de informações comerciais sensíveis
– como preço, clientes, condições de participação no mercado e em licitações –, acordos esses
levaram a supostas práticas anticompetitivas no mercado de obras de construção civil,

§ 11. Declarado o descumprimento do compromisso, o Cade aplicará as sanções nele previstas e determinará o
prosseguimento do processo administrativo e as demais medidas administrativas e judiciais cabíveis para sua
execução.
§ 12. As condições do termo de compromisso poderão ser alteradas pelo Cade se se comprovar sua excessiva
onerosidade para o representado, desde que a alteração não acarrete prejuízo para terceiros ou para a
coletividade.
§ 13. A proposta de celebração do compromisso de cessação de prática será indeferida quando a autoridade não
chegar a um acordo com os representados quanto aos seus termos.
§ 14. O Cade definirá, em resolução, normas complementares sobre o termo de compromisso de cessação.
§ 15. Aplica-se o disposto no art. 50 desta Lei ao Compromisso de Cessação da Prática.

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modernização e/ou reforma de instalações esportivas ("estádios de futebol") destinados


à Copa do Mundo do Brasil de 2014 ("Copa do Mundo").

54. As condutas anticompetitivas são descritas de maneira detalhada em quatro


Históricos da Conduta, dois integrantes do Acordo de Leniência e os outros dois Históricos
constam como anexos dos Termos de Compromisso de Cessação celebrados. Os Históricos da
Conduta foram elaborados pela SG/CADE com base em informações prestadas pelos
Signatários e pelos Compromissários e em documentos trazidos para corroborar as
informações.

55. Considerando que os Históricos da Conduta consubstanciam análise consistente da


existência de fortes indícios das condutas anticompetitivas, seguem a seguir as principais
informações resultantes destes documentos.

II.2.1 Duração da Conduta

56. Os contatos entre concorrentes teriam se iniciado preliminarmente com a


definição do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 pela FIFA, em outubro de 2007,
tendo se intensificado no segundo semestre de 2008, durando até, pelo menos, meados de
2011, quando foram assinados os contratos referentes às obras públicas dos estádios de
futebol para a Copa do Mundo.

II.2.2 Síntese dos fatos

57. A conduta ora narrada teria se estruturado em duas fases principais, conforme
destacado a seguir.

i) Fase I – Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo


preliminar (outubro de 2007 – junho de 2010): envolveu o período de outubro
de 2007 (quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014) a
junho de 2010 (quando foram definidos todos os estádios em suas respectivas
cidades-sede). Nessa Fase, teriam ocorrido discussões entre as construtoras sobre
as cidades que poderiam sediar a Copa do Mundo. Tais discussões teriam se
intensificado em 2008, quando começaram as tratativas para uma divisão de
mercado, ou seja, em quais cidades/obras se daria a participação de cada empresa
do conluio. De julho de 2008 a setembro de 2009, teriam ocorrido diversas
reuniões multilaterais e bilaterais entre as empresas para formar o acordo
anticompetitivo preliminar e monitorar as atividades das empresas e garantir o
cumprimento do acordo. Estiveram na coordenação deste processo a Andrade
Gutierrez e a Odebrecht, que também mantinham reuniões bilaterais entre si. Em
18 de agosto de 2008, ocorreu, segundo os Signatários, uma reunião envolvendo
representantes de 6 (seis) empresas participantes no conluio (Andrade Gutierrez,
Carioca Engenharia, Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão),
na qual foram apontados interesses sobre a construção dos estádios das potenciais
cidades-sede, formando-se, assim, um acordo anticompetitivo preliminar

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entre essas empresas. As seguintes cidades foram objeto de discussão:


Brasília/DF, Manaus/AM, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ, Belo Horizonte/MG,
Fortaleza/CE, Natal/RN, Salvador/BA e São Paulo/SP. Após a definição das
cidades-sede, em maio de 2009, as empresas integrantes do acordo preliminar
teriam procedido ao monitoramento do acordo anticompetitivo preliminar, até o
momento em que foi definido qual seria o estádio localizado na cidade de São
Paulo, último estádio de futebol da Copa do Mundo a ser definido.

ii) Fase II – Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e


multilaterais (junho de 2009 – meados de 2011): envolveu o período de junho
de 2009 (logo após terem sido definidas as cidades-sede da Copa do Mundo de
2014) a meados de 2011 (quando houve as assinaturas dos contratos22 de cada
projeto envolvendo as 8 cidades), coexistindo, até junho de 2010, com a Fase I.
Nessa Fase, as tratativas de divisão de mercado e alocação das obras dos 8 (oito)
estádios da Copa do Mundo objeto ou possivelmente objeto do conluio teriam
ocorrido por meio de acordos anticompetitivos específicos (bilaterais ou
multilaterais) somente entre os participantes de cada projeto, de acordo com
a divisão de obras pactuada na Fase I. As principais participantes da conduta
durante essa fase foram as seguintes empresas: Andrade Gutierrez e Odebrecht,
que teriam implementado o cartel, por meio de dois blocos de compensação das
licitações entre concorrentes: um primeiro bloco referente a Estádio Nacional
Mané Garrincha em Brasília/DF, Arena Amazônia em Manaus/AM, e Arena
Pernambuco em Recife/PE; e um segundo relacionado às obras do Estádio do
Maracanã no Rio de Janeiro/RJ e do Estádio Mineirão em Belo Horizonte/MG. Os
Signatários ressaltam, porém, que os ajustes anticompetitivos para o Estádio
Mineirão em Belo Horizonte/MG não teriam sido implementados, pois com a
alteração da modalidade licitatória para Parceria Público-Privada (PPP), as
empresas teriam decidido não participar do certame. Houve ainda fortes indícios
de participação na conduta das empresas Carioca Engenharia e Queiroz Galvão,
que teriam participado das licitações da Arena Castelão em Fortaleza/CE e do
Estádio do Maracanã no Rio de Janeiro/RJ. Além disso, tem-se a empresa OAS,
que teria participado das licitações que foram objeto da conduta anticompetitiva
Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília/DF e Estádio do Maracanã no Rio
de Janeiro/RJ, além das licitações, possivelmente também afetadas, Arena das
Dunas em Natal/RN e Arena Fonte Nova em Salvador/BA. Por fim, também
teriam participado nesta fase a empresa DELTA no Estádio do Maracanã no Rio
de Janeiro/RJ e a empresa Via Engenharia no Estádio Nacional Mané Garrincha
em Brasília/DF.

22
Conforme exposto pelos Signatários e os Compromissários, os contratos das obras referentes aos oito estádios
da Copa do Mundo foram assinados nas seguintes datas: (1) Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília/DF –
20 de julho de 2010; (2) Arena Amazônia em Manaus/AM – 1º de julho de 2010; (3) Arena Pernambuco em
Recife/PE – 15 de junho de 2010; (4) Estádio do Maracanã no Rio de Janeiro/RJ – 11 de agosto de 2010; (5)
Estádio Mineirão em Belo Horizonte/MG – 21 de dezembro de 2010; (6) Arena Castelão em Fortaleza/CE – 26
de novembro de 2010; (7) Arena das Dunas em Natal/RN – 15 de abril de 2011; e (8) Arena Fonte Nova em
Salvador/BA – 21 de janeiro de 2010.

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58. A linha do tempo abaixo apresenta os períodos de ocorrência das fases da conduta
ora descrita, bem como as datas de apresentação de propostas pelas participantes dos 8 (oito)
processos licitatórios possivelmente afetados:

59. As supostas violações à ordem econômica consistiriam em acordos (i) de fixação


de preços, condições, vantagens e abstenções entre concorrentes, (ii) de divisão de
mercado e alocação de projetos, e (iii) troca de informações concorrencialmente
sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por
meio da formação de consórcios, da supressão de propostas, da apresentação de propostas de
cobertura e da promessa futura de subcontratação.

60. A tabela abaixo relaciona os projetos de estádios de futebol da Copa do Mundo


possivelmente afetados por acordos anticompetitivos entre concorrentes:

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LICITAÇÕES QUE POSSIVELMENTE FORAM OBJETO DE ACORDO

Brasília/DF (Estádio Nacional Mané Garrincha)


Primeiro bloco de estádios de futebol Manaus/AM (Arena Amazônia)
Recife/PE (Arena Pernambuco)
Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã)
Segundo bloco de estádios de futebol
Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão)23
Estádio de Futebol Fortaleza/CE (Arena Castelão)
Estádio de Futebol Natal/RN (Arena das Dunas)
Estádio de Futebol Salvador/BA (Arena Fonte Nova
PROJETO PRIVADO EM QUE HOUVE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE DE
EMPRESA INTEGRANTE DO CONLUIO
Estádio de Futebol São Paulo (Estádio do Morumbi)24

61. Assim, os Signatários e os Compromissários indicam 10 (dez) empresas


participantes da conduta:
(i) Andrade Gutierrez Engenharia S.A. (atual denominação social da
Construtora Andrade Gutierrez S.A.) (“Andrade Gutierrez”),
(ii) Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A. (“Carioca Engenharia”),
(iii) Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A. (“Camargo Corrêa”),
(iv) Construtora OAS S.A. (“OAS”);
(v) Construtora Queiroz Galvão S.A. (“Queiroz Galvão”);
(vi) Delta Construções S.A. (“Delta”);
(vii) Grupo Odebrecht (“Odebrecht”), representados pelas empresas
Construtora Norberto Odebrecht S.A. ("CNO"), Odebrecht Engenharia e
Construção Internacional S.A. (antiga Odebrecht Serviços de Engenharia e
Construção S.A.) (“OECI”) e Odebrecht Participações e Investimentos S.A.
(antiga Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura Ltda.) (“OPI”); e
(viii) Via Engenharia S.A. (“Via Engenharia”).

62. Os Signatários e os Compromissários informam que a Andrade Gutierrez e a


Odebrecht eram as empresas líderes da conduta ora reportada. Os supostos arranjos
anticompetitivos entre as concorrentes podem ser apresentados em pelo menos duas fases
principais, a saber:

23
Os Signatários ressaltam, porém, que os ajustes anticompetitivos não foram implementados, pois com a
alteração da modalidade licitatória para Parceria Público-Privada (PPP), as empresas teriam decidido não
participar do certame.
24
Os Signatários apontam que, enquanto se esperava que o Estádio do Morumbi em São Paulo/SP fosse um dos
estádios de futebol escolhidos para a Copa do Mundo de 2014, a Camargo Corrêa manifestou interesse perante
os concorrentes em futuramente realizar esta obra, o que, porém, não foi implementado, tendo em vista a escolha
final da Arena do Corinthians em São Paulo/SP.

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FASE I – DISCUSSÕES
FASE II – CONSOLIDAÇÃO DE
PRELIMINARES E FORMAÇÃO DO
ACORDOS ANTICOMPETITIVOS
ACORDO ANTICOMPETITIVO
BILATERAIS E MULTILATERAIS
PRELIMINAR
(outubro de 2007 – junho de 2010) (junho de 2009 – meados de 2011)
Principais participantes:

Andrade Gutierrez
Andrade Gutierrez
Odebrecht
Carioca Engenharia
Participantes pontuais:
Camargo Corrêa
Odebrecht
Carioca Engenharia
OAS
DELTA
Queiroz Galvão
OAS
Queiroz Galvão
Via Engenharia

63. Dessa forma, os contatos entre concorrentes teriam se iniciado em outubro de


2007, tendo se intensificado no segundo semestre de 2008, durando até, pelo menos, meados
de 2011. Referidos contatos eram tanto multilaterais quanto bilaterais e ocorreram por meio
de trocas de e-mails, ligações telefônicas e reuniões presenciais, sendo que em algumas das
reuniões os concorrentes aproveitavam as datas das reuniões da associação do setor25 para se
reunirem paralelamente, fora da associação26, e formularem os arranjos do conluio.

64. Os Signatários destacam que, à época dos fatos ora narrados, as sedes da Andrade
Gutierrez e da Odebrecht no Rio de Janeiro (RJ) estavam localizadas no mesmo prédio27,
facilitando o contato direto entre os funcionários das empresas, uma vez que não havia a
necessidade de agendamento prévio de reuniões para que os funcionários dessas empresas se
encontrassem, além de facilitar a comunicação colusiva entre Andrade Gutierrez e Odebrecht.

II.2.3 Dos indícios da existência de conduta colusiva

II.2.3.1 Da dinâmica do suposto cartel

II.2.3.1.1 Fase I: Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo


preliminar (outubro de 2007 – junho de 2010)

65. Durante a denominada Fase I, há indícios de terem ocorrido diversas reuniões


bilaterais e multilaterais entre 6 (seis) empresas concorrentes. Referidos contatos teriam sido

25
Como mencionado pelos Signatários e os Compromissários, trata-se da Associação Brasileira de Infraestrutura
e Indústrias de Base (“ABDIB”).
26
Os Signatários e os Compromissários afirmam que a ABDIB não teve participação na organização dessas
reuniões paralelas; não se envolveu com o objeto das discussões dessas reuniões, tampouco induziu e/ou
fomentou contatos e acordos anticompetitivos entre os seus associados.
27
Os Signatários informam que o prédio das sedes da Andrade Gutierrez e da Odebrecht no Rio de Janeiro (RJ)
tinha o seguinte endereço: Praia de Botafogo, 300.

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tanto multilaterais quanto bilaterais e ocorrido por meio de trocas de e-mails, ligações
telefônicas e reuniões presenciais, sendo que, em alguns casos, os concorrentes aproveitaram
as datas das reuniões da associação do setor28 para se reunirem paralelamente, fora da
associação29, e formularem os arranjos do conluio.

66. Abaixo segue linha do tempo destes contatos, detalhados a seguir:

Linha do Tempo – Fase I


2007 e 2008

28
Como mencionado pelos Signatários e os Compromissários, trata-se da Associação Brasileira de Infraestrutura
e Indústrias de Base (“ABDIB”).
29
Os Signatários e os Compromissários afirmam que a ABDIB não teve participação na organização dessas
reuniões paralelas; não se envolveu com o objeto das discussões dessas reuniões, tampouco induziu e/ou
fomentou contatos e acordos anticompetitivos entre os seus associados.

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2009

2010

67. De forma a facilitar a exposição dos indícios, as principais informações e os


documentos apresentados serão expostos em ordem cronológica, destacando inclusive datas
oficiais de forma a melhor situar os contatos entre concorrentes.

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68. Desta forma, inicia-se com a confirmação do Brasil como país sede da Copa do
Mundo de 2014, passando-se para os contatos até a definição das cidades sedes e os
posteriores contatos de monitoramento, período da fase I que intercepta a fase II. Nesta
exposição, não se pode perder de vista as reuniões ocorridas na Associação Brasileira de
Infraestrutura e Indústrias de Base (“ABDIB”), que serão apresentados logo no início, após a
confirmação do Brasil como país sede da Copa do Mundo de 2014.

II.2.3.1.1.1 Confirmação do Brasil como país sede da Copa do Mundo de 2014


(20.10.2007)

69. Segundo a Signatária Andrade Gutierrez, a partir da confirmação oficial de que o


Brasil seria o país sede da Copa do Mundo, em 20 de outubro de 200730, iniciaram-se
discussões preliminares entre representantes das construtoras sobre as possíveis cidades que
viriam a sediar os jogos da Copa do Mundo.

70. A relevância do evento também é assinalada pelos Compromissários da


Odebrecht, que reconhecem que, desde que se teve notícia de que a Copa do Mundo de 2014
poderia ser realizada no Brasil, a Odebrecht e as demais empresas do mercado passaram a
avaliar as oportunidades de negócios envolvidas, tanto na construção ou reforma dos estádios
de futebol, quanto em relação às obras de infraestrutura que seriam necessárias para atender
os padrões determinados pela FIFA. Era de se esperar que um evento da magnitude de uma
Copa do Mundo iria requerer grandes investimentos nos mais variados setores.

II.2.3.1.1.2 Constituição do Grupo de Trabalho Copa 2014 no âmbito da Associação


Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (“ABDIB”) (de maio de 2008 a agosto
de 2009)

71. A Signatária Andrade Gutierrez e os Compromissários Odebrecht e Carioca


esclareceram que, com a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 pela FIFA,
em 20 de outubro de 2007, e com a confirmação do Governo Federal, em 30 de outubro de
2007, de que o evento seria sediado no Brasil, houve uma intensa movimentação entre as
grandes construtoras atuantes nesse segmento de mercado (notadamente Andrade Gutierrez,
Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão) para diagnosticar
ações necessárias para participação nas obras do mundial, identificar projetos e fontes de
financiamento, bem como cumprir etapas preparatórias para os investimentos.

72. Em 13 de maio de 2008, o Ministério do Esporte assinou o Termo de Cooperação


Técnica nº 01/2008 (“Termo de Cooperação Técnica”) (AL - Documento 02; TCC com HC
39/2018 - Documento 03)31 com a Confederação Brasileira de Futebol (“CBF”) e com a

30
Conforme apontado pelos Signatários, para mais informações, vide Relatório de Atividades da Copa do
Mundo disponível em:
<http://transparencia.gov.br/copa2014/arquivos/Relat%C3%B3rio%20de%20atividades%20-
%20Vers%C3%A3o%20final.pdf>.
31
Publicado no Diário Oficial da União em 19 de maio de 2008 (AL - Documento 02), como reportado pelos
Signatários e confirmado pelos Compromissário Odebrecht (TCC com HC 39/2018 - Documento 03)

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ABDIB32, com o objetivo de elaboração, por essa Associação, de estudos e projetos para
subsidiar a União, os Estados e os Municípios envolvidos no evento no que se referia à
infraestrutura necessária para a realização da Copa do Mundo. Segundo afirmam os
Signatários, os estudos deveriam abranger inclusive a estimativa de custos de cada uma das
instalações necessárias em comparação com os planos de investimento dos Governos Federal,
Estaduais e Municipais para as ações de implementação da Copa do Mundo.

73. Em cumprimento ao Termo de Cooperação Técnica, a ABDIB, por meio de seu


Presidente, Paulo Roberto de Godoy Pereira, constituiu, em agosto de 2008, um grupo de
trabalho entre algumas de suas associadas33, a maioria delas construtoras, embora também
tivessem participado desse grupo outras empresas de outros segmentos econômicos, que
designou de “Grupo de Trabalho Copa 2014”. O intuito deste grupo era, como informam os
Signatários, fomentar um planejamento sobre o legado das obras da Copa do Mundo,
especialmente sobre as regras de contratação das licitações e a definição das cidades que
seriam mais viáveis a congregar toda a infraestrutura necessária (e.g., redes hoteleiras,
telecomunicações, estádios de futebol, etc.) para atender aos padrões estabelecidos no
Caderno de Encargos da FIFA34. Os Signatários indicam que as empresas que compunham o
grupo não influenciaram diretamente a definição das cidades-sede, a qual se tratou de uma
decisão política entre o governo brasileiro e a FIFA.

74. Os Signatários esclarecem que, a despeito de todas as empresas integrantes do


conluio terem participado do Grupo de Trabalho Copa 2014 (“GT Copa 2014”) (vide Tabela
abaixo) – Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, OAS, Odebrecht e
Queiroz Galvão –, as atividades do GT Copa 2014 tinha finalidades legítimas e as reuniões do
grupo ocorriam em paralelo às reuniões anticompetitivas entre as empresas. A fim de
evidenciar que as reuniões do GT Copa 2014 tinham propósito unicamente técnico de
infraestrutura, sem qualquer colaboração com fins anticompetitivos, os Signatários descrevem
que as pessoas físicas representantes de Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca
Engenharia, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão no GT Copa 2014 não possuem exata
coincidência com as pessoas físicas de cada uma dessas empresas na conduta anticompetitiva.
Nesse sentido, apenas os representantes de Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia e
Odebrecht no GT Copa 2014 estiveram envolvidos na conduta anticompetitiva ora reportada,
enquanto os representantes da Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão que participaram do
conluio não integraram o GT Copa 2014 (AL - Documento 10):

32
Os Signatários esclarecem que a ABDIB, bem como os estudos por ela elaborados não eram patrocinados pelo
Governo, sendo que o objetivo da celebração do Termo de Cooperação Técnica foi o de subsidiar a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios quanto à infraestrutura necessária para a realização da Copa do
Mundo.
33
Conforme demonstrado no Documento 10 (Acordo de Leniência), os membros do Grupo de Trabalho Copa
2014 eram empresas de diversos segmentos de mercado – associadas da ABDIB –, não se tratando apenas de
construtoras, a saber: Alstom, Alusa, Andrade Gutierrez, Construtora Barbosa Mello, Camargo Corrêa, Carioca
Engenharia, CR Almeida, CH2M, Efacec, EIT, Galvão Engenharia, OAS, Odebrecht, OHL, Oi, Queiroz Galvão,
Santa Barbara, Schahin, Siemens, Telefônica, Triunfo e Unibanco.
34
Como explicado pelos Signatários, o Caderno de Encargos da FIFA era um documento firmado entre FIFA e
Brasil, que continha diversas recomendações e exigências técnicas da entidade estrangeira, para realização da
Copa do Mundo 2014.

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Tabela 01. Pessoas físicas representantes das 6 empresas no GT Copa 2014

Empresa Representante integrante do Representante integrante do GT


GT Copa 2014, com Copa 2014, sem participação na
participação na conduta conduta
Andrade Marco Antônio Ladeira de -
Gutierrez Oliveira
Camargo Corrêa - João Ricardo Auler
Carioca José Camilo Teixeira Carvalho -
Engenharia
OAS - Marcio Tourinho

Odebrecht Eduardo Soares Martins -

Queiroz Galvão - Matheus Baraldi


Fonte: Documento 10 do Acordo de Leniência.

75. Foram então realizadas diversas reuniões do Grupo de Trabalho Copa 2014 para
tratar de assuntos técnicos, na sede da ABDIB, entre agosto de 2008 e agosto de 200935 (AL
- Documentos 20 e 34), bem como diversas reuniões entre os membros do GT Copa 201436 e
autoridades públicas locais das cidades interessadas em sediar jogos da Copa do Mundo, com
o intuito de fomentar o Termo de Cooperação Técnica e de coletar informações necessárias à
elaboração do estudo de viabilidade de infraestrutura37. Abaixo segue lista das pessoas físicas
membros do GT Copa 2014:

35
À título exemplificativo, os Signatários mencionam as reuniões realizadas entre os membros do Grupo de
Trabalho Copa 2014 da ABDIB nas seguintes datas: 18 de agosto de 2008 (AL - Documento 20), 04 de
setembro de 2008 (AL - Documento 20), 12 de setembro de 2008 (AL - Documento 20), 07 de novembro de
2008 (AL - Documento 20), 29 de janeiro de 2009 (AL - Documento 34) e 28 de agosto de 2009 (AL -
Documento 34).
36
Os Signatários esclarecem que, em geral, os representantes das empresas no GT Copa 2014 tratavam
unicamente de assuntos técnicos de infraestrutura. Neste sentido, os Signatários afirmam que, com exceção de
Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), José
Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia) e Eduardo Soares
Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios Estruturados da Odebrecht), os demais membros do GT Copa
2014 (vide Tabela 20 acima) não estavam envolvidos na conduta ora reportada.
37
À título exemplificativo, os Signatários mencionam as reuniões realizadas entre o Vice-Presidente da ABDIB
e coordenador do Grupo de Trabalho Copa 2014, Ralph Lima Terra, e autoridades públicas locais (federais,
estaduais, distritais e municipais) das cidades interessadas a sediar jogos da Copa do Mundo nas seguintes datas:
25 de junho de 2008 (Brasília), 16 de setembro de 2008 (Rio de Janeiro), 22 de setembro de 2008 (Belo
Horizonte), 01 de outubro de 2008 (São Paulo), 13 de outubro de 2008 (Brasília), 16 de outubro de 2008 (Porto
Alegre) e 21 de outubro de 2008 (Manaus) (AL - Documento 20).

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Tabela 02. Pessoas físicas membros do GT Copa 2014

Empresa Membros do GT Copa 2014


Alstom Ramon Fondevila
Alusa Rogerio Riccardi
Andrade Gutierrez Marco Antônio Ladeira de Oliveira
Barbosa Mello Paulo Rezende Tondato
Camargo Corrêa João Ricardo Auler
Carioca Engenharia José Camilo Teixeira Carvalho
CR Almeida Felipe Senna
CH2M Pablo Vilela Ibanez
EFACEC Salvador Perrotti
EIT José Leite Maranhão Neto
Galvão Engenharia José Rubens Goulart Pereira
OAS Marcio Tourinho
Odebrecht Eduardo Soares Martins
OHL Arnaldo Azevedo
Oi Sergio Alex Mattoso
Queiroz Galvão Matheus Baraldi
Santa Barbara Olgarita Prado
Schahin Cesar Jorge Maalouf
Siemens Sergio Boanada
Telefonica Fernando Freitas
Triunfo Gustavo Mussnich
Unibanco Carlos Mellis
Fonte: Documento 10 do Acordo de Leniência.

76. A partir de tais reuniões e das informações coletadas pela ABDIB e pelos
membros do Grupo de Trabalho Copa 2014, a ABDIB, por meio da contratação de
consultorias, elaborou um relatório resumo de diagnóstico conjunto das cidades avaliadas pela
instituição, denominado “Relatório de Análise de Infraestrutura das Cidades Candidatas à
Copa do Mundo FIFA Brasil 2014” (AL - Documento 21; TCC com HC 39/2018 -
Documento 04). Notícia reportou ainda que o relatório foi entregue ao então Presidente da
República em 8.9.2009 (TCC com HC 39/2018 - Documento 05).

77. O relato sobre o GT Copa da ABDIB foi confirmado pelos Compromissários da


Odebrecht e da Carioca, que enfatizaram o não envolvimento do GT ou da ABDIB nas
condutas reportadas.

II.2.3.1.1.3 Reuniões entre Concorrentes até a definição das cidades sedes – definições de
prioridades e acordo anticompetitivo preliminar envolvendo reuniões bilaterais e
multilaterais

78. Considerando a liderança da Andrade Gutierrez e da Odebrecht no


estabelecimento de contatos entre concorrentes, há indícios de uma aproximação precoce de
ambas as empresas, que, posteriormente, envolveram outras empresas nos acordos.

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79. De acordo com o Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor


Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht), a
Compromissária Odebrecht entendeu que essa era uma oportunidade de explorar um novo
segmento de negócios, qual seja o de operador de arenas multiuso. Nesse contexto, a
Compromissária Odebrecht passou a avaliar a formação de consórcio com empresa
especializada no ramo de entretenimento, analisando possível associação com a International
Stadia Group LLP (“ISG”), empresa inglesa com experiência em exploração de estádios.
Paralelamente, também iniciaram discussões com representantes da Andrade Gutierrez para a
formação de consórcios para a participação nas licitações. A Compromissária Odebrecht
esclareceu que as discussões com representantes da Andrade Gutierrez para a formação
de consórcios iniciaram-se com a formalização do Brasil como país sede da Copa do
Mundo de 2014, que ocorreu em 30.10.2007.

80. Nesse contexto, a Compromissária Odebrecht esclareceu que iniciou esforços


internos para conceber e viabilizar a parceria. Participaram desses esforços internos Benedicto
Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht), Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da
Odebrecht), João Borba Filho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) e
Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht).

81. O Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e


Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht) esclareceu que as
negociações, no nível de altíssimo escalão, para a formação de consórcios foram inicialmente
discutidas com o Signatário Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de Operações Gerais da
Andrade Gutierrez), que foi, em seguida, substituído pelo Signatário Clóvis Renato Numa
Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez). Em
seguida, os Compromissários Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht) e
Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
esclareceram que os contatos subsequentes para viabilizar a parceria eram primordialmente
mantidos com Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados
da Andrade Gutierrez).

82. Este contato bilateral entre Andrade Gutierrez e Odebrecht ocorria em paralelo
com contatos com as demais empresas, conforme parece demonstrar o primeiro documento
que sinaliza uma reunião ocorrida entre Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa
ainda em 02.07.2008 (antes mesmos da criação do Grupo de Trabalho para a Copa no âmbito
da ABDIB).

83. Assim, a fim de ilustrar a ocorrência dessas discussões preliminares, a Signatária


Andrade Gutierrez ressaltou que consta na agenda de Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) (Documento 03 - AL), um
apontamento de reunião realizada em 2 de julho de 2008 com funcionários da Andrade
Gutierrez, da Camargo Corrêa e da Odebrecht, com o assunto “Copa do Mundo”, conforme
excerto do Documento 03 (AL) a seguir. Teriam participado da referida reunião Marco
Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade

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Gutierrez), Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht) e Eduardo


Hermelino Leite (Vice-Presidente da Camargo Corrêa).

Figura 01 - Documento 03 (AL) – Trecho da Agenda de Marco Antônio Ladeira de


Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) - 02.07.2008

84. Segundo os Signatários, as discussões entre as empresas intensificaram-se em


2008, quando começaram as tratativas para uma divisão preliminar de mercado. Esse
acordo envolvia a discussão sobre quais seriam as cidades e obras em que as empresas teriam
interesse em participar, sobretudo em vista de suas afinidades por já atuarem em determinadas
localidades, bem como pelo grau de influência política de cada empresa com certos governos
estaduais.

85. Destacam-se, ainda em 2008, outras reuniões bilaterais e multilaterais, com


especial atenção para a reunião de 18.08.2008. Os Signatários salientam ainda que o caráter
de liderança por parte da Andrade Gutierrez e da Odebrecht na presente conduta foi
sedimentado quando da formação de um grupo paralelo ao GT da ABDIB (mencionado
no item anterior).

86. Como indício dos encontros entre a Andrade Gutierrez e a Odebrecht que
envolveram a divisão de mercado e alocação de projetos entre concorrentes sobre a
construção de estádios da Copa do Mundo, os Signatários trouxeram material que indicam
as datas das reuniões, contatos já confirmados por ambas as empresas. Por exemplo, há
marcações na agenda de Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de
Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) nas datas de 28.07.2008, 18.08.2008 e 18.11.2008.

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Figura 02 - Documento 04 (AL) – Trecho da Agenda de Clóvis Renato Numa Peixoto


Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) -
28.07.2008

Figura 03 - Documento 05 (AL) – Trecho da Agenda de Clóvis Renato Numa Peixoto


Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) -
18.08.2008 38

Figura 04 - Documento 07 (AL) – Trecho da Agenda de Clóvis Renato Numa Peixoto


Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) -
18.11.2008

38
Segundo os Signatários, Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte
da Andrade Gutierrez) é identificado como “CP”, e João Marcos de Almeida da Fonseca (Superintendente
Comercial da Andrade Gutierrez alocado em Belo Horizonte) é referido como “J. Marcos”, no Documento 05
(AL).

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87. Os Signatários esclarecem que, à época da conduta, Clóvis Renato Numa Peixoto
Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) e Benedicto
Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht) correspondiam ao altíssimo escalão de Andrade
Gutierrez e Odebrecht, respectivamente, enquanto que João Marcos de almeida da Fonseca
(Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez alocado em Belo Horizonte) era integrante
do escalão operacional da Andrade Gutierrez. Desta forma, afirmam que o intuito das
reuniões e entendimentos anticompetitivos preliminares entre as empresas era o de mapear o
mercado, uma vez que os representantes do altíssimo escalão das empresas não discutiam, em
regra, questões relacionadas à formação de consórcios. Os Signatários ressaltam, ainda, que,
tendo em vista que as discussões indicadas pelos Documentos 04, 05 e 07 (AL) ocorreram
em 2008, isto é, antes da definição das cidades-sede e da previsão de realização dos processos
licitatórios, não haveria outro motivo para que estes indivíduos tivessem se reunido, a não ser
a discussão de acordos anticompetitivos, com o intuito de mapear o mercado e trocar
impressões iniciais sobre os possíveis projetos dos estádios da Copa do Mundo.

88. Consoante relato dos Signatários, à época dos fatos ora narrados, as sedes da
Andrade Gutierrez e da Odebrecht no Rio de Janeiro (RJ) estavam localizadas no mesmo
prédio, na Praia de Botafogo, 300, facilitando o contato direto entre os funcionários das
empresas, uma vez que não havia a necessidade de agendamento prévio de reuniões para que
os funcionários dessas empresas se encontrassem, facilitando a comunicação colusiva entre
Andrade Gutierrez e Odebrecht.

89. Segundo os Signatários, especificamente sobre a reunião agendada para o dia 18


de agosto de 2008 (Documento 05 – AL) – mesmo dia em que foi realizada a reunião entre
várias empresas, a qual será tratada posteriormente –, além de Clóvis Renato Numa Peixoto
Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) e Benedicto
Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht), João Marcos Almeida da Fonseca (Superintendente
Comercial da Andrade Gutierrez alocado em Belo Horizonte) também estava presente.
Durante esta reunião, como parte dos acertos preliminares de mapeamento de mercado entre
as empresas, foram discutidos acertos sobre uma possível participação conjunta das empresas
Andrade Gutierrez e Odebrecht na possível licitação para o Estádio Mineirão, localizado em
Belo Horizonte/MG, então candidata a sediar os jogos da Copa do Mundo.

90. De acordo com os Compromissários da Odebrecht, Odebrecht e Andrade


Gutierrez de fato iniciaram tratativas para estudar obras de potencial interesse e
posteriormente formar consórcios para a participação nas licitações. De acordo com os
Compromissários, Odebrecht e Andrade Gutierrez optaram por estudar os projetos de Belo
Horizonte, Brasília, Manaus, Rio de Janeiro, Recife e Salvador. Decidiram que iriam trabalhar
em consórcio, já definindo quem iria liderar cada um dos projetos, baseado nas relações
políticas e estratégicas que cada empresa detinha. Esta divisão de liderança definia também
quem estudaria cada projeto, já que os estudos não foram feitos em conjunto. Também
definiram que a empresa que liderasse o projeto teria 70% e o liderado teria 30% do contrato.
A princípio, a Odebrecht lideraria os projetos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife e a
Andrade Gutierrez os projetos de Belo Horizonte, Brasília e Manaus.

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91. Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial


da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht) esclareceu que as duas empresas –
Odebrecht e Andrade Gutierrez – tinham preferência por algumas cidades apontadas
como sede para a Copa do Mundo de 2014. As da Odebrecht eram Rio de Janeiro,
Recife, Salvador e Belo Horizonte. E as da Andrade Gutierrez eram Belo Horizonte,
Brasília, Manaus e Rio de Janeiro. Do conjunto de preferências de ambas, inicialmente
havia coincidência nas cidades de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro.

92. Com relação ao envolvimento das demais empresas, conforme os Signatários, as


tratativas e discussões preliminares travadas entre os concorrentes tinham como escopo
principal o compartilhamento de informações sobre os potenciais investimentos e as
capacidades das empresas de arcarem com obras de grande porte, tais como obras de
construção civil, modernização e/ou reforma dos estádios de futebol que potencialmente
poderiam ser utilizados na Copa do Mundo. Neste panorama de análise de capacidade
produtiva, as empresas sinalizavam, ainda, de maneira embrionária, suas preferências
por determinados projetos em potencial, em vista de suas afinidades por já atuarem em
determinadas localidades, bem como pelo grau de influência política de cada empresa com
certos governos estaduais.

93. Segundo os Signatários, concomitantemente às discussões preliminares da


ABDIB, as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, OAS,
Odebrecht, Queiroz Galvão39 passaram a reunir-se, em paralelo e isoladamente, inclusive
aproveitando as datas das reuniões oficiais do Grupo de Trabalho Copa 2014 da ABDIB,
para tentar chegar a um consenso geral de divisão de mercado e alocação de projetos
que atendessem aos interesses de todos os integrantes do conluio.

94. Igualmente, os Compromissários da Carioca confirmam a informação


prestada pelos Signatários de que houve reuniões paralelas às reuniões do GT Copa da
ABDIB entre Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht e a Carioca, além de
outras empresas, como a OAS. Segundo os Compromissários, durante tais reuniões, teriam
ocorrido discussões a respeito da alocação de vencedores em licitações de obras para a
construção ou reforma de estádios para a Copa do Mundo.

95. No mesmo sentido, os Compromissários da Odebrecht também confirmaram


que, com o passar do tempo, algumas construtoras integrantes do GT se reuniram em
paralelo para discutir seus interesses recíprocos nas obras dos estádios da Copa do
Mundo. De acordo com Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios
da Odebrecht) e Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht), essas reuniões
eram inicialmente realizadas para discutir assuntos de interesse geral das construtoras e, em
muitos desses encontros, ficava evidente quais seriam as preferências de cada empresa com
relação aos projetos que seriam licitados. Os Compromissários esclareceram que

39
Os Signatários consideram que a ora descrita coordenação entre concorrentes envolveu somente as seis
empresas citadas, haja vista serem estas as maiores construtoras do país, detendo capacidade técnica e influência
política necessárias para o funcionamento do acordo anticompetitivo.

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participavam dessas reuniões representantes da Carioca Engenharia, Andrade


Gutierrez, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.

96. Apesar das dificuldades de identificação de todas as datas precisas em que as


reuniões ocorreram, Signatários e Compromissários da Odebrecht e da Carioca reforçam a
existência de diversas reuniões entre 2008 e início de 2010.

97. Entre os encontros realizados pelos integrantes do suposto conluio, os Signatários


destacam a reunião que muito possivelmente ocorreu no dia 18 de agosto de 2008, em São
Paulo na sede da Carioca Engenharia40, após um encontro do GT Copa 2014 realizado na
ABDIB41 (AL - Documento 20). Segundo os Signatários, estavam presentes nesta reunião os
senhores Gustavo Souza (Diretor Comercial da Queiroz Galvão), Ricardo Pernambuco
Backheuser Júnior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia), Benedicto Barbosa
da Silva Junior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no
Brasil da Odebrecht), Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de
Negócios do Norte da Andrade Gutierrez), Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de
Operações Geral da Andrade Gutierrez), Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor Comercial da
Camargo Corrêa) e Reginaldo Assunção Silva (Diretor Superintendente da OAS).

98. Por força da proximidade da ABDIB e da sede da Carioca Engenharia em São


Paulo, os participantes da reunião saíram da Associação e foram para o prédio da Carioca
Engenharia, de acordo com a descrição dos Signatários42.

99. Durante essa reunião, segundo afirmam os Signatários, os representantes das


empresas expuseram seus interesses sobre projetos específicos referentes aos estádios de
futebol de cada possível cidade-sede43, a partir de suas respectivas afinidades de atuação em
determinada cidade, bem como em função de suas respectivas influências políticas com
governos estaduais daquelas localidades, dividindo, assim, o mercado e alocando 9 (nove)
projetos44 envolvendo estádios de futebol, nos seguintes termos:

40
Como informado pelos Signatários, a sede da Carioca Engenharia em São Paulo situa-se na Rua Gilberto
Sabino, 124 – Pinheiros, São Paulo – SP, CEP 05425-02.
41
Como informado pelos Signatários, a ABDIB situa-se em Praça Monteiro Lobato, 36 – Butantã, São Paulo –
SP, CEP 05506-030.
42
Há divergência entre os Signatários sobre o local da reunião. Segundo o Signatário Márcio Magalhães Duarte
Pinto, a reunião poderia ter ocorrido na própria sede da ABDIB em São Paulo, após a realização de uma reunião
do GT Copa e sem a presença de qualquer representante da associação.
43
Os Signatários esclarecem que, em que pese nesse momento ainda não houvesse definição das cidades-sede,
era de conhecimento público quais cidades tinham potencial maior de virem a ser escolhidas (tamanho,
localização, importância econômica, política e cultural).
44
Os Signatários esclarecem que, nesse tempo, ainda não era de conhecimento do mercado o tipo de contratação
(e.g. contratação pública, privada ou parceria público-privada) aplicado para cada projeto das 12 cidades-sede da
Copa do Mundo. A Signatária declara que não tinha interesse em participar de Parcerias Público-Privadas (PPP),
pois a exploração dos estádios após a realização das obras civis não estava alinhada com suas políticas
comerciais à época.

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Tabela 03. Compilação dos interesses manifestados na “Fase I”

(1) (2) (3) (4) Rio (5) Belo (6) (7) (8) São
Brasília/ Manaus/ Recife/ de Horizonte/ Fortaleza/ Natal/ Salvador/ Paulo/
DF AM PE Janeiro/ MG CE RN BA SP
RJ
Andrade SIM SIM SIM SIM45
Gutierrez
Carioca SIM SIM
Engenharia

Camargo SIM46
Corrêa
OAS SIM SIM SIM SIM

Odebrecht SIM SIM SIM47 SIM

Queiroz SIM SIM


Galvão
Fonte: Histórico da Conduta do Acordo de Leniência nº 08/2016. Elaboração SG/Cade.

100. A despeito das manifestações de interesse das empresas, os Signatários salientam


que o resultado final dos processos licitatórios era motivado não apenas por capacitação
técnica e/ou menores preços, mas também pela influência política das construtoras frente aos
órgãos governamentais licitantes. Desta forma, os interesses manifestados pelas empresas por
determinados processos licitatórios seriam concretizados sobretudo mediante a existência de
tal influência política local.

101. De acordo com o relato dos Signatários, segue abaixo uma breve descrição a
respeito dos interesses manifestados por cada uma das empresas com relação aos projetos na
“Fase I”. Os Signatários esclarecem que as escolhas das empresas se baseavam em três
critérios principais: (i) participação e infraestrutura local da empresa; (ii) influência
política local da empresa; e (iii) dimensão da obra a ser realizada. Dessa forma, as
manifestações de interesses das empresas correspondiam, de maneira geral, às localidades em
que as empresas possuíam maior participação e infraestrutura instalada, bem como influência
política. De acordo com os Signatários, nesta reunião realizada dia 18.08.2008, as empresas
manifestaram interesse nos projetos das potenciais cidades-sede apresentadas a seguir:

1) Brasília/DF: manifestaram interesse as empresas Andrade Gutierrez e OAS;


45
Os Signatários relatam que, apesar de a Andrade Gutierrez não ter participado da licitação para o estádio do
Mineirão, a empresa celebrou acordo anticompetitivo com a Odebrecht quanto à construção deste estádio, mas
que não se concretizou, pois a licitação foi realizada sob a modalidade de PPP, que não era de interesse
econômico da Andrade Gutierrez.
46
Como relatado pelos Signatários, a Camargo Corrêa esteve envolvida em discussões entre concorrentes até
17.06.2010, quando as autoridades decidiram pela construção da Arena Corinthians, em detrimento da reforma
do estádio do Morumbi, em São Paulo/SP.
47
Os Signatários relatam que, apesar de a Odebrecht não ter participado da licitação para o estádio do Mineirão,
a empresa celebrou acordo anticompetitivo com a Andrade Gutierrez quanto à construção deste estádio, mas que
não se concretizou, pois a licitação foi realizada sob a modalidade de PPP, que não era de interesse econômico
da Andrade Gutierrez.

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2) Manaus/AM: manifestou interesse a empresa Andrade Gutierrez;

3) Recife/PE: manifestaram interesse as empresas Odebrecht e Queiroz Galvão;

4) Rio de Janeiro/RJ: manifestaram interesse as empresas Andrade Gutierrez, Carioca


Engenharia, OAS e Odebrecht;

5) Belo Horizonte/MG: manifestaram interesse as empresas Andrade Gutierrez e


Odebrecht;

6) Fortaleza/CE: manifestaram interesse as empresas Queiroz Galvão e Carioca;

7) Natal/RN: manifestou interesse a empresa OAS;

8) Salvador/BA: manifestaram interesse as empresas OAS e Odebrecht;

9) Cuiabá/MT: nenhuma das empresas manifestou interesse na possível obra de Cuiabá


(Arena Pantanal), provavelmente, por: (i) ser uma obra de menor vulto, (ii) nenhuma
das empresas envolvidas no conluio possuir influência política consolidada
localmente, e, ainda, (iii) naquele momento, pairar dúvida se Cuiabá seria escolhida
como cidade-sede da Copa do Mundo.

10) Curitiba/PR: os Signatários mencionam que este não foi objeto de discussões
colusivas nessas tratativas preliminares, pois os concorrentes já inferiam, desde o
início, que tal projeto corresponderia a obra privada, por se tratar de estádio privado de
clube de futebol48. Segundo afirmam os Signatários, dada a probabilidade de a
contratação ser privada e de as negociações serem diretas com clubes e/ou outras
entidades privadas administradoras, as obras para esse estádio não teriam despertado
interesse das empresas participantes do conluio.

11) Porto Alegre/RS: os Signatários mencionam que este não foi objeto de discussões
colusivas nessas tratativas preliminares, pois os concorrentes já inferiam, desde o
início, que tal projeto corresponderia a obra privada, por se tratar de estádio privado de
clube de futebol49. Segundo afirmam os Signatários, dada a probabilidade de a
contratação ser privada e de as negociações serem diretas com clubes e/ou outras
entidades privadas administradoras, as obras para esse estádio não despertaram
interesse das empresas participantes do conluio.

12) São Paulo/SP: a Camargo Corrêa esteve envolvida em discussões entre concorrentes
até 17.06.2010, quando as autoridades decidiram pela construção da Arena
Corinthians, em detrimento da reforma do estádio do Morumbi. Ademais, a Signatária

48
Como exposto pelos Signatários, a Arena da Baixada, em Curitiba, é o estádio do Clube Atlético Paranaense; e
o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, pertence ao Sport Club Internacional.
49
Como exposto pelos Signatários, a Arena da Baixada, em Curitiba, é o estádio do Clube Atlético Paranaense; e
o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, pertence ao Sport Club Internacional.

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descreve que a única obra de estádio que interessava à Camargo Corrêa era a de São
Paulo, por demonstração expressa desta empresa na reunião que muito possivelmente
ocorreu em 18 de agosto de 2008. A Signatária acredita que a Camargo Corrêa
possivelmente mantinha tratativas com o São Paulo Futebol Clube, para a hipótese de
escolha do Morumbi para sediar o evento na cidade de São Paulo50. Entretanto, em São
Paulo, o estádio que veio a ser selecionado para sediar a Copa do Mundo foi a Arena
Corinthians51, construída pela Odebrecht, por meio de contratação privada. Assim,
conforme entendimento dos Signatários, a participação da Camargo Corrêa na suposta
colusão durou, muito possivelmente, de 18 de agosto de 2008 a 17 de junho de 2010,
data em que a Arena Corinthians foi escolhida como o projeto de estádio de São
Paulo/SP para a Copa do Mundo de 2014.

102. O mapa abaixo destaca em vermelho as cidades-sede da Copa do Mundo cujos


projetos, segundo os Signatários, foram objeto de divisão de mercado pelos membros do
conluio na “Fase I”, de acordo com informações prestadas pelos Signatários:

Figura 04. Mapa das cidades-sede cujos projetos teriam sido objeto do conluio

Fonte: Histórico da Conduta do Acordo de Leniência nº 08/2016. Elaboração SG/Cade.

103. Segue abaixo uma breve descrição a respeito dos interesses manifestados, segundo
os Signatários, por cada uma das empresas com relação aos projetos na “Fase I”:

1. Andrade Gutierrez: manifestou interesse nos estádios de Brasília/DF,


Manaus/AM, Rio de Janeiro/RJ e Belo Horizonte/MG;
2. Carioca: manifestou interesse nos estádios do Rio de Janeiro/RJ e de
Fortaleza/CE;

50
Segundo os Signatários, à época em que a Camargo Corrêa escolheu o projeto envolvendo a cidade de São
Paulo, ainda não era de conhecimento do mercado o tipo de contratação (e.g. contratação pública, privada ou
parceria público-privada) envolvendo cada projeto das 12 cidades-sede da Copa do Mundo.
51
Os Signatários não têm conhecimento de que a contratação para a construção da Arena Corinthians tenha sido
afetada por condutas anticompetitivas.

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3. Camargo Corrêa: manifestou interesse no estádio em São Paulo/SP,


exclusivamente se fosse o estádio Morumbi;
4. OAS: manifestou interesse nos estádios de Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ,
Natal/RN e Salvador/BA;
5. Odebrecht: manifestou interesse nos estádios de Recife/PE, Rio de
Janeiro/RJ, Belo Horizonte/MG e Salvador/BA;
6. Queiroz Galvão: manifestou interesse nos estádios de Recife/PE e
Fortaleza/CE.

104. Os Compromissários da Odebrecht participantes da Fase I confirmaram que a


empresa tinha interesse nos estádios do Rio de Janeiro, de Recife, de Salvador e de Belo
Horizonte. Igualmente informaram que tinham conhecimento de que os Signatários da
Andrade Gutierrez tinham interesse nos estádios de Belo Horizonte, Brasília, Manaus e Rio de
Janeiro. Segundo os Compromissários da Odebrecht, esta identificação de interesses de ambas
as empresas havia sido feita desde os contatos bilaterais iniciados a partir do final de 2007.

105. Os Compromissários da Carioca também confirmam que passaram a concentrar


seus esforços na cidade de Fortaleza/CE, dando início à elaboração dos estudos técnicos,
econômicos e financeiros necessários à análise de viabilidade e estruturação de projeto de PPP
relacionado ao Estádio do Castelão. Esta definição ocorreu após tratativas com representantes
de diversos municípios, quando os Compromissários relatam terem concluído que as obras
referentes aos estádios de Fortaleza/CE e Campo Grande/MS seriam executadas sob o regime
de PPP.

106. Referente a esta reunião, possivelmente realizada em 18.8.2008, o


Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder
Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht) esclareceu que se recorda de ter
participado de reunião com concorrentes para discutir sobre os interesses das empresas nas
arenas, que foi realizada em 2008, possivelmente em 18.8.2008. Benedicto Barbosa da Silva
Júnior explicou que se recorda de tal reunião ter sido realizada em São Paulo, porém não foi
capaz de precisar o local. No entanto, o Compromissário esclareceu que a reunião foi de curta
duração, não tendo chegado de imediato a nenhuma conclusão final. Isso porque, já no início
das discussões, os participantes da reunião perceberam que havia sobreposição de interesses
em relação a diversas arenas, de modo que não seria possível atingir um consenso naquele
momento.

107. Além disso, de acordo com a Compromissária Odebrecht, por conta da


complexidade do assunto e de sua abrangência, foram realizados diversos encontros. Em
geral, as reuniões eram realizadas em datas próximas, ou mesmo nas mesmas datas das
reuniões da ABDIB.

108. No dia 18.08.2008, os Compromissários Marcelo Antonio Carvalho Macedo


(Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca
Engenharia) e José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de Desenvolvimento de Novos
Negócios da Carioca Engenharia) se recordam apenas de terem participado de uma reunião na

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sede da ABDIB, da qual Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da


Carioca Engenharia) não participou.52

109. Dessa forma, há indícios de que o acordo preliminar de divisão de mercado foi
celebrado ao longo de diversos contatos e reuniões entre os concorrentes até que fosse
possível direcionar as opções das empresas envolvidas por meio de propostas de acordos ou
restrições de atuação, ambas ações também motivadas por estratégias paralelas de algumas
empresas perante os governos estaduais.

110. Em paralelo aos contatos entre as 6 empresas, a Andrade Gutierrez e a Odebrecht


continuavam a ter reuniões bilaterais. Destes contatos, segundo relatam os Signatários, tem-se
o e-mail (AL - Documento 06) enviado por Eduardo Soares Martins (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) para Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor
de Operações Gerais da Andrade Gutierrez), com cópia para João Borba Filho (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), em 28 de outubro de 2008, encaminhando a
minuta de Protocolo de Intenções (“Protocolo”), chamado pelos Compromissários de
Memorando de Entendimento (“Memorandum of Understanding" – “MoU”), (AL -
Documento 06)53, para formalizar uma parceria para atuação conjunta nos estádios da Copa.
Apesar de terem sido elaboradas e circuladas minutas do referido Protocolo/Memorando entre
funcionários da Andrade Gutierrez e da Odebrecht, os Signatários afirmam que não há
registros de que tal documento tenha sido assinado.

Figura 05 - Documento 06 (AL) – E-mail entre concorrentes – Andrade Gutierrez e


Odebrecht

52
Com relação à reunião de 18 de agosto de 2008, com representantes de empresas concorrentes (Queiroz
Galvão, Carioca, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Correa), os Compromissários da Carioca, até o
presente momento, não encontraram evidências da participação de Ricardo Pernambuco Junior (acionista e
Diretor Estatutário da Carioca Engenharia). O Compromissário Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor
Estatutário da Carioca Engenharia) não se recorda de ter participado de reunião nesta data.
53
Segundo informado pelos Signatários, Bruno Ribeiro Martins é um Assistente Técnico de Informática da
Andrade Gutierrez, a quem o e-mail foi encaminhado, possivelmente, para que providenciasse a impressão do
arquivo. As Signatárias informam que as suas investigações internas ainda não foram capazes de encontrar
evidências que atestem sua ciência, participação ativa e/ou poder de direção na conduta ora reportada.

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Figura 06 - Documento 06 (AL) – Trechos da Minuta do Protocolo54

(...)

111. Os Signatários da Andrade Gutierrez informaram que Andrade Gutierrez e


Odebrecht iniciaram tratativas para minutar este Protocolo de Intenções (“Protocolo”) (AL -
Documento 06) no sentido de alinhar seus interesses relativos às obras dos estádios da Copa

54
Como exposto pelos Signatários, ISG é uma joint venture entre a International Management Group (UK)
Limited e a Bastion Stadiums LLP, que possui considerável experiência e know how na concepção e
implementação de estruturas financeiras que viabilizem a obtenção de recursos para financiar a modernização
dos Estádios, na exploração dos Estádios e, ainda, na prestação de conteúdo esportivo e não esportivo para os
Estádios. Os Signatários afirmam que a ISG não teve qualquer participação na conduta anticompetitiva
reportada.

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do Mundo55. Os Signatários reconhecem que, apesar de a forma do Protocolo ser legítima, o


seu contexto apontaria que a divisão das obras dos estádios da Copa do Mundo de 2014 entre
a Andrade Gutierrez e a Odebrecht teria ocorrido ainda antes de o governo ter definido as
cidades-sede.

112. Os Signatários ressaltam que, apesar de a Andrade Gutierrez e a Odebrecht terem


atuado de maneira consorciada no projeto do Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro – RJ)56,
referido Protocolo (AL - Documento 06) não poderia se referir exclusivamente a tal
consórcio ou para realizar estudos em conjunto, uma vez que seu objeto não era voltado para
qualquer projeto específico da Copa do Mundo, além do fato de que o processo licitatório não
havia sido lançado e as empresas não possuíam informações a respeito de dimensão do
projeto, disponibilidade geográfica das empresas, mão-de-obra necessária, valor da obra, entre
outros fatores à época da elaboração desse documento, impossibilitando a formação do
consórcio em momento tão preliminar.

113. Assim, Andrade Gutierrez e Odebrecht, em um movimento embrionário de


formação do futuro conluio57, negociaram o referido Protocolo com o intuito de sedimentar o
interesse de dividir os projetos referentes aos estádios da Copa do Mundo entre as empresas,
bem como de gerenciar a entrada de possíveis novos participantes ao acordo, como se infere
da Cláusula Oitava do Protocolo.

Figura 07 - Documento 06 (AL) – Trecho da Minuta do Protocolo58

55
De acordo com os Signatários, o Protocolo foi discutido antes da definição das cidades-sede, quando não se
sabia ao certo quais seriam os projetos dos estádios. As denominações “Protocolo” e “Memorandum of
Understanding" – "MoU" referem-se ao mesmo documento (Documento 06 do Acordo de Leniência).
56
Os Signatários informam que este foi o único consórcio composto pelas duas empresas, no escopo dos projetos
para a Copa do Mundo.
57
Segundo os Signatários, apenas a Andrade Gutierrez e a Odebrecht tinham conhecimento do Protocolo de
Intenções.
58
Os Signatários explicam que o termo “grupo” exposto no Documento 06 (AL) diz respeito ao grupo que
pretendia firmar referido Protocolo de Intenções, isto é, Andrade Gutierrez, ISG e Odebrecht.

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114. Os Compromissários da Odebrecht, ao reconhecer o documento e o início das


tratativas, fizeram a ressalva de que esta parceria não se concretizou em razão de diferentes
preferências entre ambas as empresas59. Afirmam, no entanto, que, mesmo que a minuta de
Protocolo/Memorando, objeto de conversas entre 2007 e 2009, tenha sido descartada, foi
mantido um canal de comunicação entre a Odebrecht e a Andrade Gutierrez para
estabelecimento de possível parceria até a definição da forma de contratação de todos os
Estádios, ou seja, até junho de 2010, com a publicação de editais dos Estádios do Rio de
Janeiro (2 de junho de 2010) e de Belo Horizonte (23 de junho de 2010), últimos projetos
publicados, dentre o conjunto inicialmente definido para estudo. Os dois últimos projetos (Rio
de Janeiro e Belo Horizonte) foram as coincidências entre ambos os conjuntos de preferências
por projetos de estádios manifestados por Odebrecht e Andrade Gutierrez no início da
negociação de parceria. Embora a divergência de preferências entre obra pública e concessão
tenha inviabilizado outras parcerias, no caso do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte ainda
havia interesse de ambas, tanto que ambas se consorciaram para o Rio de Janeiro (obra
pública).

115. Há, ainda, outros indícios complementares das discussões preliminares entre os
concorrentes Andrade Gutierrez e Odebrecht, em que estes compartilhavam os seus
respectivos interesses em vencer projetos nas possíveis cidades-sede da Copa do Mundo,
como apontado pelos Documentos 08 e 09 (AL) abaixo:

Figura 08 - Documento 08 (AL) – Agendamento de reunião realizada no dia 24.11.2008


entre funcionários da Andrade Gutierrez e da Odebrecht6061

59
Segundo os Compromissários, com a alteração das modalidades licitatórias de alguns dos estádios que seriam
construídos ou reformados para a Copa do Mundo, deixando de ser apenas construção civil e passando a ser a
modalidade de concessão, a Andrade Gutierrez manifestou-se no sentido de que não tinha interesse em participar
de investimentos em concessões e parceria público-privadas, mas apenas de concorrer para as contratações de
obras públicas, nos moldes da Lei de Licitações. Por outro lado, a Odebrecht se posicionou no sentido de que
tinha interesse em projetos de concessão e parceria público-privadas.
60
Os Signatários informam que Jeanni Macedo Purin, mencionada no referido documento, era secretária da
Andrade Gutierrez e que as investigações internas da Signatária ainda não foram capazes de encontrar evidências
que atestem sua ciência, participação ativa e/ou poder de direção na conduta ora reportada.
61
Segundo os Signatários, Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de Operações Geral da Andrade Gutierrez) é
identificado como “MM”, no Documento 08 (AL).

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Figura 09 - Documento 09 (AL) – E-mail interno – Andrade Gutierrez62

116. Conforme os Signatários (Documento 08 - AL), houve reunião realizada no dia


24 de novembro de 2008, entre Benedicto Barbosa da Silva Junior (Diretor Superintendente
e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht), João Borba Filho
(Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) e Márcio Magalhães Duarte Pinto
(Diretor de Operações Geral da Andrade Gutierrez), na sede da Andrade Gutierrez no Rio de
Janeiro63. Os Signatários esclarecem que, à época da conduta, Márcio Magalhães Duarte Pinto
(Diretor de Operações Geral da Andrade Gutierrez) possuía atuação focada única e
exclusivamente nos projetos da Copa do Mundo.

117. Quanto ao Documento 09 (AL), o e-mail datado de 21 de janeiro de 2009


menciona uma reunião que seria realizada no mesmo dia entre Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) e um
representante da Odebrecht64. Segundo informam os Signatários, o e-mail envolve
representantes das empresas, que vieram a ser as líderes do suposto acordo (Andrade
Gutierrez e Odebrecht), além de envolver um dos representantes da Andrade Gutierrez
diretamente envolvido com questões do GT Copa 2014 (Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez).

118. Também em 2009, há menção a várias reuniões entre concorrentes. Por exemplo,
o Compromissário Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de
desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) relata que, segundo os registros
de sua agenda, sua primeira reunião com representantes de concorrentes, a fim de discutir
temas relacionados à participação em licitações referentes a obras de construção ou reforma

62
Os Signatários informam que Ana Cristina Galikoski de Azevedo, mencionada no referido documento, era
secretária da Andrade Gutierrez e que as investigações internas da Signatária ainda não foram capazes de
encontrar evidências que atestem sua ciência, participação ativa e/ou poder de direção na conduta ora reportada.
63
Como informado pelos Signatários, a sede da Andrade Gutierrez no Rio de Janeiro situa-se em Praia de
Botafogo 186, 18º andar, Botafogo, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22250-145.
64
Os Signatários afirmam que ainda não foram capazes de identificar qual era a pessoa física representante da
Odebrecht, na reunião mencionada no Documento 09 (AL).

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de estádios para a Copa do Mundo de 2014, ocorreu antes mesmo da definição das cidades-
sede da Copa do Mundo, em 30 de abril de 2009, em São Paulo/SP (TCC com HC 39/2018 -
Documento 03). Participou desta reunião a Andrade Gutierrez, por meio de seu representante
Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade
Gutierrez)65.

Figura 10 – Documento 03 (TCC com HC 39/2018) – Compromisso de Outlook


(30.04.2009)

119. Especificamente com relação às reuniões mencionadas no parágrafo 72 (Fase I)


do Histórico de Conduta anexo ao Acordo de Leniência nº 8/2016, nas quais, segundo os
Signatários “em maio de 2009, as empresas integrantes do acordo preliminar procederam ao
monitoramento do acordo anticompetitivo preliminar, até o momento em que foi definido
qual seria o estádio localizado na cidade de São Paulo, último estádio de futebol da Copa do
Mundo a ser definido”, o Compromissário Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não
estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) afirma ter
participado de reuniões paralelas ao Grupo de Trabalho da ABDIB, realizadas em 18.05.2009
e em 21.05.2009 (TCC com HC 39/2018 - Documento 04), ambas no escritório da Andrade
Gutierrez. Segundo ele, estavam presentes nestas reuniões Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), Eduardo Soares Martins
(Diretor de Desenvolvimento de Negócios Estruturados da Odebrecht), Gustavo Souza
(Diretor de Políticas Comerciais da Queiroz Galvão) e Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor
Comercial da Camargo Corrêa). De forma geral, o Compromissário Marcelo Antonio
Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da
Carioca Engenharia) relata que estas reuniões envolviam alinhamentos iniciais quanto aos
padrões de engenharia a serem adotados nas obras e, em matéria de concorrência, quanto às
obras de interesse das empresas envolvidas, estimativas de custos envolvidos e formas de
contratação pelo Poder Público.

65
Devido ao tempo transcorrido desde os fatos ora narrados, o Compromissário Marcelo Antonio Carvalho
Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) não é
capaz de descrever com precisão os itens abordados nesta reunião.

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Figura 11 – Documento 04 TCC com HC 39/2018 – Compromisso de Outlook


(21.05.2009)

120. Tais reuniões são acréscimos às reuniões mencionadas no Acordo de Leniência nº


8/2016. Vale observar que ambas as reuniões ocorreram um pouco antes da definição das
cidades-sede da Copa do Mundo, em 31.05.2009.

II.2.3.1.1.4 Definição das cidades-sede (31.05.2009)

121. Os Signatários relatam que, em 31 de maio de 2009, foram, então, definidas as


cidades-sede da Copa do Mundo66, quais sejam: (1) Estádio Brasília/DF, (2) Manaus/AM, (3)
Recife/PE, (4) Rio de Janeiro/RJ, (5) Belo Horizonte/MG, (6) Fortaleza/CE, (7) Natal/RN, (8)
Salvador/BA, (9) Cuiabá/MT, (10) Curitiba/PR, (11) Porto Alegre/RS e (12) São Paulo/SP.

122. Os Signatários informam que apenas o estádio de São Paulo/SP foi definido em
momento bastante posterior à definição das cidades-sede. Neste sentido, o projeto do estádio
de São Paulo/SP (Arena Corinthians) para a Copa do Mundo de 2014 foi escolhido somente
em 17 de junho de 2010. Até então, acreditava-se na possibilidade de o Estádio do Morumbi
sediar os jogos na cidade, como exposto pelos Signatários ao longo do Histórico da Conduta.
Por essa razão, enquanto se esperava que o Estádio do Morumbi em São Paulo/SP fosse um
dos estádios de futebol escolhidos para a Copa do Mundo de 2014, uma das empresas teria
manifestado interesse em executar esta obra durante as reuniões entre concorrentes,
potencialmente na reunião de 18.08.2008, em sede do acordo anticompetitivo preliminar, o
que, porém, não teria sido implementado, tendo em vista a escolha final da Arena do
Corinthians em São Paulo/SP.

123. Como relatado pelos Signatários, nesse momento, ainda não se tinha
conhecimento sobre o modelo de contratação de cada projeto, ou seja, se Obra Pública (Lei nº
8.666/93) ou Parceria Público-Privada – PPP (Lei nº 11.079/04).

66
Os Signatários reiteram que os integrantes do conluio não tiveram qualquer ingerência ou influência sobre a
definição das cidades-sede, sendo que referida definição se tratou de uma decisão política entre o governo
brasileiro e a FIFA.

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II.2.3.1.1.5 Reuniões entre Concorrentes após a Definição das Cidades Sedes (após
31.05.2009) – Monitoramento de Acordo Anticompetitivo Preliminar (até a definição do
estádio de futebol localizado na cidade de São Paulo – 17.06.2010)

124. Os Signatários pontuam que, após a definição das cidades-sede (31.05.2009), os


representantes das empresas Andrade Gutierrez, Camargo Correa, Carioca
Engenharia, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão continuaram trocando informações,
entre meados de 2009 e o início de 2010, para monitorar o cumprimento do acordo
anticompetitivo preliminar de divisão de mercado. Segundo os Signatários, tal
monitoramento ocorreu de forma concomitante aos acordos específicos (bilaterais e
multilaterais) celebrados durante a Fase II que serão descritos nas seções adiante.

125. Conforme descrito pelos Signatários, houve reuniões de monitoramento do acordo


preliminar convocadas e coordenadas por funcionários da Andrade Gutierrez e da Odebrecht,
em sua maioria realizadas nas próprias sedes destas empresas, evidenciando o caráter de
liderança da Andrade Gutierrez e da Odebrecht no conluio ora narrado.

126. Segundo afirmam os Signatários, ao final da Fase I da conduta, após a definição


das cidades-sede, havia os denominados “contatos de monitoramento” do acordo
anticompetitivo preliminar de divisão de mercado, conforme os interesses manifestados
nos contatos entre concorrentes. Nesses contatos, integrantes do conluio monitoravam se os
resultados dos processos licitatórios estavam em conformidade com as tratativas preliminares,
ou seja, se os interesses por determinado projeto e acertos sobre as propostas de cobertura
correspondentes eram congruentes com o que havia sido estabelecido no acordo preliminar,
bem como acomodavam seus interesses para alcançarem o que havia sido estabelecido no
acordo preliminar. Desta forma, questões gerais relacionadas aos 8 (oito) estádios de futebol
possivelmente objeto da conduta eram discutidas durante tais contatos/reuniões.

127. Entretanto, os Signatários ponderam que os contatos de monitoramento poderiam


também tratar de outros assuntos envolvendo projetos de infraestrutura relacionados à Copa
do Mundo, podendo, inclusive, terem sido abordados temas lícitos não relacionados
especificamente aos estádios de futebol. Isto porque, segundo descrevem, o conluio ora
reportado não era organizado e institucionalizado a tal ponto de ter uma agenda de
compromissos exclusivos para o monitoramento desse assunto. Tanto assim que o conluio se
originou de uma conversa, entre as empresas ora apontadas, para a divisão de estádios em
momento anterior à definição das cidades-sede, dando origem, a partir disso, a conversas
entre as concorrentes.

128. A este respeito, os Signatários explicam que houve ainda reunião entre Andrade
Gutierrez e Odebrecht, agendada para 08 de junho de 2009 (Documento 11 – AL), entre
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da
Andrade Gutierrez), Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de Operações Geral da Andrade
Gutierrez) e Benedicto Barbosa da Silva Junior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial
da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht).

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Figura 12 - Documento 11 (AL) – Trecho da Agenda de Márcio Magalhães


Duarte Pinto (Diretor de Operações Geral da Andrade Gutierrez)

129. Além disso, o Compromissário Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não
estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) informa
que, em 17 de junho de 2009, executivos da Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht
e da Carioca teriam se reunido para encaminhar tratativas relacionadas à alocação dos
vencedores das licitações das obras de construção, modernização e/ou reforma de estádios de
futebol destinados à Copa do Mundo. Segundo o Compromissário, esta reunião ocorreu no
escritório da Camargo Corrêa, em São Paulo, e, estavam presentes Emílio Auler Neto (Diretor
Comercial da Camargo Corrêa), Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário
da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) e outros executivos,
cuja identidade não foi capaz de precisar.

130. Nesta reunião, realizada em 17 de junho de 2009, a Compromissária Carioca


afirmou ter informado às demais empresas presentes que estava desenvolvendo, em conjunto
com a Somague e a Fujita67, o projeto de implementação de PPP para a realização das obras
de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio do Castelão em
Fortaleza/CE. Relatam os Compromissários que, nesta reunião, teria ficado ajustado entre os
concorrentes a abstenção de participação destes na licitação do Estádio do Castelão em
Fortaleza/CE.

131. Os Compromissários Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário


da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) e José Camilo
Teixeira Carvalho (Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Carioca Engenharia)
ressaltam que, durante as reuniões de que participaram, frisaram o interesse da
Compromissária na licitação do Castelão, uma vez que a estratégia da Compromissária já

67
Os Compromissários afirmam desconhecer qualquer envolvimento das empresas Somague e Fujita no ajuste
anticompetitivo. No melhor entendimento dos Compromissários, representantes da Somague e da Fujita não
participaram de quaisquer reuniões ou contatos com concorrentes com o objetivo de alocar os vencedores da
licitação das obras do Castelão. Igualmente, os Compromissários afirmam nunca terem discutido com
representantes da Somague e da Fujita a existência do ajuste competitivo ou quaisquer detalhes a ele
relacionados.

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estava definida e os investimentos na realização de estudos técnicos, econômicos e financeiros


necessários à análise de viabilidade e estruturação de projeto de PPP, para a qualificação e
implementação do estádio de futebol no município de Fortaleza, já haviam sido iniciados
antes mesmo das conversas com concorrentes.

132. Em seguida, outra reunião foi realizada, conforme afirmado pelos


Compromissários da Odebrecht, em data próxima a 17 de julho de 2009, conforme demonstra
Documento 06, que trata de relato de Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento
de Negócios da Odebrecht) para Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da
Odebrecht) e João Borba Filho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) em
mensagem eletrônica enviada nesta data (TCC com HC 38/2018 - Documento 06):

Figura 13 - Documento 06 - TCC com HC 38/2018. Mensagem Eletrônica enviada por


Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)

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133. Na referida mensagem, Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de


Negócios da Odebrecht) reporta para seus superiores os assuntos discutidos nas duas reuniões
ocorridas em data próxima a 17 de julho de 2009: (i) uma “reunião do G6”, ocorrida em
paralelo, antes da reunião oficial do GT da ABDIB, na sede da Andrade Gutierrez; e, (ii)
reunião posterior oficial do GT da ABDIB. Na primeira reunião (“reunião do G6”) as
empresas expressaram suas preferências e dificuldades. Isso pode ser visto no caso do Estádio
Mané Garrincha (Brasília/DF), com as expressões “tema ainda não está resolvido” e “pressão
que a OAS está fazendo no cliente”. Esta fala será retomada em seção posterior, sobre o
estádio Mané Garrincha. Outra ação de monitoramento das ações de cada empresa e do
reconhecimento da existência de um acordo de divisão em construção consta no parágrafo:
“QG colocou na mesa que soube da sondagem da AG em Natal. Ladeira disse que esteve lá
por conta do aeroporto e que o Cliente pediu para que ele estudasse o tema. Ele colocou que
entendia que já existia um grupo estudando e se precisasse de ajuda este grupo e que
deveria procurá-lo”.

134. Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)


esclareceu que o termo G6 foi utilizado de maneira informal, apenas para fazer referência ao
número de construtoras que se reuniam para discutir seus interesses no setor. Em geral,
participavam dessas reuniões Eduardo Soares Martins, Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), Marcelo Antônio
Carvalho Macedo (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia), José
Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de Desenvolvimentos de Negócios da Carioca

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Engenharia), Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor Comercial da Camargo Corrêa), Gustavo
Souza (Diretor Comercial da Queiroz Galvão) e representante da OAS68.

135. Segundo informado pelos Signatários, no dia 11 de agosto de 2009, ocorreram


duas reuniões, uma bilateral entre Andrade Gutierrez e Odebrecht e outra multilateral,
envolvendo também outras possíveis empresas, conforme confirmação de participação da
Carioca.

136. Com relação à reunião bilateral Odebrecht e Andrade Gutierrez, pela troca de e-
mails datados de 06 a 11 de agosto de 2009 (Documento 12 - AL), com os assuntos “RES
GT-Copa. Reunião” e “Res Reunião GT-Copa”, entabulada entre Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) e Eduardo Soares
Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), foi agendada uma reunião
entre ambos na sede da Odebrecht69, em São Paulo, para 11 de agosto de 2009. Este e-mail
faz ainda referência a um alinhamento entre ambas as empresas para atuarem
estrategicamente frente ao grupo formado pelas demais empresas.

Figura 14 - Documento 12 (AL) – E-mail entre concorrentes70

68 Os Compromissários esclareceram que o representante da OAS na reunião mencionada no e-mail foi Bruno
Teixeira, que em poucas ocasiões participou das reuniões pela OAS. Os Compromissários esclareceram que as
suas investigações internas ainda não foram capazes de encontrar evidências que atestem sua ciência,
participação ativa e/ou poder de direção na conduta ora reportada.
69
Como informado pelos Signatários, a sede da Odebrecht em São Paulo situa-se na Rua Lemos Monteiro, 120,
Butantã, São Paulo – SP, CEP: 05501-050, sendo a reunião mencionada realizada na Sala R3, 26º andar.
70
De acordo com os Signatários, a menção a “poderíamos dar uma alinhada nos (sic) tema enquanto aguardamos
o grupo chegar”, no Documento 12 (AL), trata-se de intenção de Eduardo Soares Martins (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios Estruturados da Odebrecht) de antecipar alguns assuntos com Marco Antônio
Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), antes da chegada de
outros participantes à reunião, a fim de discutir o monitoramento dos estádios de futebol em que Andrade
Gutierrez e Odebrecht tinham interesses conjuntos [i.e., (1) Estádio Nacional Mané Garrincha (Brasília/DF), (2)
Arena Amazônia (Manaus/AM), (3) Arena Pernambuco (Recife/PE), (4) Estádio do Maracanã (Rio de
Janeiro/RJ) e (5) Estádio Mineirão (Belo Horizonte/MG)].

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Figura 15 - Documento 12 (AL) – E-mail entre concorrentes71

71
No entendimento dos Signatários, “AB” refere-se ao Estádio Arena da Baixada, em Curitiba/PR. Os
Signatários afirmam que não dispõem de informações sobre assunto envolvendo este estádio.

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137. Como se nota do Documento 12 (AL), embora o assunto do e-mail faça


referência ao GT Copa 2014, grupo com finalidades legítimas criado no âmbito da ABDIB, a
mensagem nele descrita demonstra que representantes das empresas líderes do conluio
alinhariam assuntos possivelmente de interesses exclusivos dessas empresas que não diziam
respeito à pauta do GT Copa 2014. Nota-se, ainda, que o interlocutor da Andrade Gutierrez no
referido documento – Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios
Estruturados da Andrade Gutierrez) – era responsável, nesse período, por projetos
relacionados à Copa do Mundo.

138. Uma reunião com as demais empresas, ocorrida neste mesmo dia, também é
relatada pelos Compromissários da Carioca, que acrescenta ainda uma segunda reunião. O
Compromissário José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de Desenvolvimento de Novos
Negócios da Carioca Engenharia) recorda-se de ter participado de reuniões realizadas, em
11.08.2009 (TCC com HC 38/2018 - Documento 05) e 23.09.2009 (TCC com HC 38/2018
- Documento 06), no escritório da Odebrecht. O Compromissário esclarece que, em tais
encontros, temas relacionados ao acordo anticompetitivo foram discutidos, sendo estas
reuniões acréscimos ao mencionado no Acordo de Leniência nº 8/2016. Ambas as reuniões
são demonstradas mediante Documentos 05 e 06 (TCC com HC 38/2018):

Figura 16 – Documento 05 (TCC com HC 39/2018) – Compromisso de Outlook


(11.08.2009)72

72
Apesar do Compromisso de Outlook estar registrado na agenda de Marcelo Antônio Carvalho Macedo, os
Compromissários afirmam que compareceu à reunião, em nome da empresa, José Camilo Teixeira Carvalho.

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Figura 17 – Documento 06 (TCC com HC 39/2018) – Compromisso de Outlook


(23.09.2009)73

139. Entre ambas as reuniões multilaterais, as empresas líderes, Andrade Gutierrez e


Odebrecht, voltaram a se reunir. A este respeito, verifica-se o Documento 13 (AL), que
demonstra a continuidade de tratativas entre as empresas, conforme ilustrado abaixo.

Figura 18 - Documento 13 (AL) – E-mail Interno – Reunião em 27.08.200974

73
Apesar do Compromisso de Outlook estar registrado na agenda de Marcelo Antônio Carvalho Macedo, os
Compromissários afirmam que compareceu à reunião, em nome da empresa, José Camilo Teixeira Carvalho.
74
Quanto ao mencionado estímulo da Odebrecht a participar na concessão do Estádio Mineirão, na modalidade
parceria público-privada, os Signatários acreditam que a concorrente possa ter se interessado, por uma questão
de estratégia comercial, devido ao risco inerente à essa espécie de contratação.

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140. Como se observa da mensagem (AL - Documento 13) Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) relata a Clóvis
Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade
Gutierrez), João Marcos de Almeida da Fonseca (Superintendente Comercial da Andrade
Gutierrez alocado em Belo Horizonte), Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de Operações
Geral da Andrade Gutierrez) e Márcio de Mello Freitas (Gerente Comercial da Andrade
Gutierrez)75 conversa que ele teve com Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da
Odebrecht) sobre eventual acordo entre Andrade Gutierrez e Odebrecht em relação a projetos
da Copa do Mundo.

141. No e-mail, Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios


Estruturados da Andrade Gutierrez) descreve que a Odebrecht estaria “interessada e gostaria
de conversar com a AG sobre o tema de maneira mais ampla (grifo as palavras)”, fazendo
referência, segundo os Signatários, a um eventual acordo anticompetitivo entre as
empresas, que extrapolasse os limites de uma participação conjunta da Andrade
Gutierrez e da Odebrecht no processo licitatório para o Estádio Mineirão. Conforme
confirmado pela Odebrecht, os Signatários explicam que houve sobreposição de interesses
para a construção do Estádio Mineirão entre Odebrecht e Andrade Gutierrez. Portanto, o
assunto tratado alinha-se a esta sobreposição de interesses, uma vez que Marco Antônio
Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) reporta
internamente, para seus superiores, uma possível parceria entre estas empresas relacionada ao
Estádio Mineirão.

142. Em seguida, no final de 2009, há indícios de outro contato com as demais


empresas. A reunião do dia 1º de dezembro de 2009 é mencionada no Acordo de Leniência
nº 8/2016 com apresentação dos Documentos 14 - AL (e-mail) e 16 - AL (registro de
portaria). Segundo os Signatários, as cadeias de e-mails apresentadas como Documento 14
(AL) a seguir contêm e-mails enviados por Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), individualmente, para
Gustavo Souza (Diretor Comercial da Queiroz Galvão), Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor
Comercial da Camargo Corrêa), Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de
Negócios Estruturados da Odebrecht), Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia) e José Camilo Teixeira Carvalho
(Diretor de Desenvolvimento de Negócios Carioca Engenharia), convocando uma reunião na
sede da Andrade Gutierrez em São Paulo76 para o dia 1º de dezembro de 2009, como excerto
exemplificado abaixo do Documento 14 (AL)77. Em sua colaboração, José Camilo Teixeira
Carvalho (Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Carioca Engenharia) confirma
sua presença na reunião realizada nesta data, conforme descrita no Acordo de Leniência nº
8/2016.
75
Os Signatários esclarecem que as suas investigações internas ainda não foram capazes de encontrar evidências
que atestem a ciência, participação ativa e/ou poder de direção de Márcio de Mello Freitas (Gerente Comercial
da Andrade Gutierrez) na conduta ora reportada.
76
Como informado pelos Signatários, a sede da Andrade Gutierrez em São Paulo situa-se em Rua Geraldo
Campos Moreira, 375, Brooklin Novo, São Paulo – SP, CEP: 04571-020.
77
Os Signatários não souberam afirmar a razão pela qual não havia representante da OAS, na reunião de 1º de
dezembro de 2009.

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Figura 19 - Documento 14 (AL) – E-mails entre Andrade Gutierrez e empresas


concorrentes

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143. Os Signatários relatam que se nota pelo Documento 14 (AL) a existência de


contatos de representantes da Camargo Corrêa, Carioca Engenharia e Queiroz Galvão que não
integravam o GT Copa 201478.

144. Os registros de portaria apresentados como Documento 16 (AL) é um forte


indício de que Gustavo Souza (Diretor Comercial da Queiroz Galvão), Eduardo Soares
Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios Estruturados da Odebrecht) e José Camilo
Teixeira Carvalho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios Carioca Engenharia) estiveram
presentes na sede da Andrade Gutierrez em 1º de dezembro de 2009, como combinado no e-
mail descrito acima:

78
Os Signatários esclarecem que, em geral, os representantes das empresas no GT Copa 2014 tratavam
unicamente de assuntos técnicos de infraestrutura. Neste sentido, os Signatários afirmam que os únicos membros
do GT Copa 2014 envolvidos na conduta ora reportada eram: Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), José Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia) e Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento
de Negócios Estruturados da Odebrecht).

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Figura 20 - Documento 16 (AL) – Registros de portaria

145. No início de 2010, após o lançamento de diversos editais, há ainda duas


evidências de contatos entre Andrade Gutierrez e Odebrecht. Vale observar que, neste
momento, já haviam sido publicados, até final de 2009, os editais do Estádio Mané Garrincha
(Brasília-DF), Arena Manaus (Manaus-AM), Arena Fonte Nova (Salvador-BA), Arena
Pernambuco (Recife-PE) e Arena Castelão (Fortaleza-CE). O edital da Arena Manaus
(Manaus-AM) foi republicado no início de 2010 (25.01.2010).

146. Ainda estavam pendentes de publicação os editais do Estádio do Maracanã (Rio


de Janeiro-RJ), Estádio Mineirão (Belo Horizonte-MG) e Arena das Dunas (Natal-RN). A
definição sobre o estádio de São Paulo ocorreu em junho de 2010.

147. Neste contexto teriam ocorrido conversas entre Andrade Gutierrez e Odebrecht
sobre o estádio de Belo Horizonte. As conversas sobre o Estádio Mineirão teriam durado até
2010, conforme evidencia o Documento 23 (AL), e-mails trocados no dia 22 de janeiro de
2010, entre Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
e Marco Antonio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade
Gutierrez), com o assunto “Res: BH”, procurando marcar uma reunião em Belo Horizonte.

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Figura 21 - Documento 23 (AL) – E-mails entre Eduardo Soares Martins (Diretor


de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) e Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) para
marcação de reunião

148. Ainda há indícios de outras reuniões entre Andrade Gutierrez e Odebrecht até 03
de fevereiro de 2010, com troca de e-mails entre Eduardo Soares Martins (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), com participação de Geraldo Villin Prado
(Diretor de Investimentos da Odebrecht), e Marco Antonio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) para marcar reuniões em
São Paulo.

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Figura 22 - Documento 25 (AL) – E-mails entre Eduardo Soares Martins (Diretor


de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) e Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) para
marcação de reunião

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Figura 23 - Documento 25 (AL) – E-mails entre Eduardo Soares Martins (Diretor


de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) e Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) para
marcação de reunião

Figura 24 - Documento 25 (AL) – E-mails entre Eduardo Soares Martins (Diretor


de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) e Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) para
marcação de reunião

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149. Por fim, os esforços de monitoramento podem ser observados por documento
entregue pela Signatária. O Documento 30 (AL)79, composto por duas planilhas datadas de 17
de maio de 2010 e de 04 de agosto de 2010, elaboradas pela Andrade Gutierrez à época dos
fatos, é forte indício do monitoramento do acordo anticompetitivo preliminar.80

Figura 25 - Documento 30 (AL) – Tabela de projetos da Copa elaborada pela Andrade


Gutierrez818283

79
Os Signatários desconhecem a existência de planilhas elaboradas pelo conluio, mas apenas planilhas
elaboradas individualmente pelas empresas, nos moldes do Documento 30 (AL) ora apresentado. Os Signatários
esclarecem que André Liberato Gerab (à época, Engenheiro Júnior da Andrade Gutierrez) elaborou as planilhas a
partir da análise dos resultados fáticos dos processos licitatórios. Os Signatários informam que até o momento
não foi possível encontrar evidências que indiquem a participação de André Liberato Gerab na conduta ora
reportada.
80
Os Signatários esclarecem que as datas das duas versões da planilha (17 de maio de 2010 e 04 de agosto de
2010) constam do título dos arquivos eletrônicos dos quais as planilhas foram extraídas.
81
Os Signatários esclarecem que a empresa Kallas, mencionada na tabela, não estava envolvida na conduta.
Trata-se de uma empresa estrangeira de incorporação e construção que não mantinha contato com concorrentes.
82
Os signatários informaram não saber a razão de algumas linhas estarem em cinza e outras em branco.
83
Segundo os Signatários, por se tratar de uma tabela de monitoramento de resultados, não há menção à Carioca
e à Queiroz Galvão pois estas empresas não venceram os processos licitatórios para nenhum dos estádios da
Copa, o que teria se dado, conforme relatado neste Histórico da Conduta, segundo os Signatários, por não terem
influência política relevante.

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150. Diante da análise das tabelas ilustradas acima, verifica-se que a única diferença
entre as versões de 17 de maio de 2010 e de 04 de agosto de 2010 é a informação contida na
coluna “consórcio vencedor”, na terceira linha (“Brasília”), que indica que a Andrade
Gutierrez seria a vencedora do processo licitatório para o estádio de Brasília/DF.

151. Como se observa da coluna “consórcio vencedor”, verifica-se que os resultados


finais dos projetos coincidiram, em certa medida, com as previsões da empresa e com os
interesses do acordo anticompetitivo preliminar. Abaixo constam em verde as semelhanças
entre o acordo anticompetitivo preliminar e o Documento 30 (AL) acima:

Tabela 04 – Comparação de Resultados:


Acordo Preliminar X Documento 30 X Resultado Real

Projeto Fase I Documento 30 (AL) Resultado Real


Brasília/DF (Estádio
Andrade Gutierrez Andrade Gutierrez
Nacional Mané Andrade Gutierrez
OAS Via Engenharia
Garrincha)
Manaus/AM (Arena
Andrade Gutierrez Andrade Gutierrez Andrade Gutierrez
Amazônia)
Recife/PE (Arena Odebrecht Odebrecht
Odebrecht
Pernambuco) Queiroz Galvão ISG
Andrade Gutierrez
Andrade Gutierrez
Rio de Janeiro/RJ Carioca Engenharia
- Odebrecht
(Estádio Maracanã) OAS
Delta
Odebrecht
Consórcio Minas Arena –
Gestão de Instalações
Belo Horizonte/MG Andrade Gutierrez
- Esportivas S.A.
(Estádio Mineirão) Odebrecht
(CONSTRUCAP –EGESA
– HAP)
Consórcio Arena Multiuso
Castelão (Galvão
Fortaleza/CE (Arena Carioca Engenharia
- Engenharia S.A; Serveng
Castelão) Queiroz Galvão
Civilsan S.A; BWA
Tecnologia LTDA)

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Projeto Fase I Documento 30 (AL) Resultado Real


Natal/RN (Arenas das
OAS - OAS
Dunas)
Salvador/BA (Arena OAS OAS OAS
Fonte Nova) Odebrecht Odebrecht Odebrecht
São Paulo/SP (Estádio Odebrecht (Arena
Camargo Corrêa Camargo Corrêa
do Morumbi) Corinthians)
Fonte: Acordo de Leniência nº 08/2009 e seus anexos. Elaboração: SG/Cade

152. Por fim, os Signatários frisam que a participação da Camargo Corrêa nesse
período de monitoramento, em que já haviam sido definidas as cidades-sede, teria ocorrido
exclusivamente em razão da ausência de definição sobre o estádio que sediaria os jogos na
cidade de São Paulo. Enquanto se esperava que o Estádio do Morumbi em São Paulo/SP fosse
um dos estádios de futebol escolhidos para a Copa do Mundo de 2014, a Camargo Correa
manifestou interesse, em sede do acordo anticompetitivo preliminar, em futuramente realizar
esta obra, o que, porém, não foi implementado tendo em vista a escolha final da Arena do
Corinthians em São Paulo/SP. São Paulo foi a última cidade-sede a ter a definição de qual
seria o seu estádio, o que ocorreu apenas em 17 de junho de 2010.

153. Salientam ainda que a Camargo Corrêa manifestou interesse apenas pela obra do
estádio de São Paulo, uma vez que cogitou que o estádio do Morumbi poderia sofrer uma
reforma para sediar os jogos da Copa do Mundo. Por isso, afirmam que, no período entre
maio de 2009, quando foram definidas as cidades-sede, até junho de 2010, quando se definiu
que a Arena Corinthians seria construída, a Camargo Corrêa teria permanecido em contato
com os concorrentes participantes do conluio, monitorando as obras dos estádios de futebol da
Copa do Mundo até tal definição.

154. Conforme exposto pelos Signatários, por força de influência política, quando a
Arena Corinthians foi definida como sede dos jogos em São Paulo, a Odebrecht acabou
vencendo tal projeto, de forma que a Camargo Corrêa foi deixada de lado e acabou não
realizando qualquer obra referente aos estádios de futebol da Copa do Mundo. Os Signatários
esclarecem que não têm conhecimento da existência de eventuais acordos e compensações
entre Camargo Corrêa e Odebrecht envolvendo o estádio da cidade de São Paulo84.

155. O Quadro a seguir sintetiza os contatos entre concorrentes para formação de um


acordo preliminar e posterior monitoramento das atividades das empresas durante a Fase I:

Tabela 05 – Reuniões Entre Concorrentes85

Data das Nº do
Locais Pessoas Físicas participantes da reunião Documento
reuniões Documento
- Marco Antônio Ladeira de Oliveira Registro de
02 de julho Documento 03
-- (Superintendente de Negócios Estruturados Agenda
de 2008 (AL)
da Andrade Gutierrez) (Compromisso

84
Os Signatários não têm conhecimento se a Camargo Corrêa concorreu para a contratação privada para
execução das obras de construção da Arena Corinthians, justamente por se tratar de uma concorrência de
natureza privada.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 69 de 202


SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Data das Nº do
Locais Pessoas Físicas participantes da reunião Documento
reuniões Documento
- Geraldo Villin Prado (Diretor de Outlook)
Investimentos da Odebrecht)
- Eduardo Hermelino Leite (Vice-Presidente
da Camargo Corrêa)

- Clóvis Renato Numa Peixoto Primo


(Diretor Geral da Unidade de Negócios do Registro de
28 de julho Norte da Andrade Gutierrez) Agenda Documento 04
--
de 2008 - Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor (Compromisso (AL)
Superintendente e Líder Empresarial da área Outlook)
de infraestrutura no Brasil da CNO)
- Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
(Diretor Geral da Unidade de Negócios do
Norte da Andrade Gutierrez)
Registro de
18 de - João Marcos Almeida da Fonseca
Agenda Documento 05
agosto de -- (Superintendente Comercial da Andrade
(Compromisso (AL)
2008 Gutierrez alocado em Belo Horizonte)
Outlook)
- Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor
Superintendente e Líder Empresarial da área
de infraestrutura no Brasil da CNO)
- Benedicto Barbosa da Silva Junior (Vice-
Presidente da Odebrecht)
- Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
(Diretor Geral da Unidade de Negócios do
Norte da Andrade Gutierrez)
- Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de
18 de
Sede Carioca Operações Geral da Andrade Gutierrez)
agosto de
Engenharia - Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor Sem Documento
2008 ----
em São Comercial da Camargo Corrêa) (AL)
(possivelm
Paulo8687 - Gustavo Souza (Diretor Comercial da
ente)
Queiroz Galvão)
- Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior
(acionista e Diretor Estatutário da Carioca
Engenharia)
- Reginaldo Assunção Silva (Diretor da
OAS)
- Eduardo Soares Martins (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios Estruturados
E-mail com
28 de da Odebrecht)
Minuta de Documento 06
outubro de --- - Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de
Protocolo/ (AL)
2008 Operações Geral da Andrade Gutierrez)
Memorando
- João Borba Filho (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
- Clóvis Renato Numa Peixoto Primo Registro de
18 de
(Diretor Geral da Unidade de Negócios do Agenda Documento 07
novembro ---
Norte da Andrade Gutierrez) (Compromisso (AL)
de 2008
- Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Outlook)

86
Como informado pelos Signatários, a sede da Carioca Engenharia em São Paulo situa-se na Rua Gilberto
Sabino, 124 - Pinheiros, São Paulo – SP, CEP 05425-02.
87
Há divergência entre os Signatários sobre o local da reunião. Segundo o Signatário MMDP, a reunião poderia
ter ocorrido na própria sede da ABDIB em São Paulo, após a realização de uma reunião do GT Copa e sem a
presença de qualquer representante da associação.

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COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Data das Nº do
Locais Pessoas Físicas participantes da reunião Documento
reuniões Documento
Superintendente e Líder Empresarial da área
de infraestrutura no Brasil da CNO)
- Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor
Sede da
Superintendente e Líder Empresarial da área
Andrade Registro de
24 de de infraestrutura no Brasil da CNO)
Gutierrez no Agenda Documento 08
novembro - João Borba Filho (Diretor de
Rio de (Compromisso (AL)
de 2008 Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
Janeiro Outlook)
- Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de
(RJ)88
Operações Geral da Andrade Gutierrez)
- Marco Antônio Ladeira de Oliveira
21 de
(Superintendente de Negócios Estruturados Documento 09
janeiro de E-mail
da Andrade Gutierrez) (AL)
2009
- Odebrecht
- Marcelo Antonio Carvalho Macedo
(Diretor não estatutário da área de
desenvolvimento de novos negócios da
Carioca Engenharia) Registro de
Documento 3
30 de abril - Marco Antônio Ladeira de Oliveira Agenda
SP (TCC com HC
de 009 (Superintendente de Negócios Estruturados (Compromisso
38/2018)
da Andrade Gutierrez) Outlook)
- outros representantes de empresas
concorrentes, cujos nomes o Compromissário
não é capaz de informar com precisão.
- Marcelo Antonio Carvalho Macedo
(Diretor não estatutário da área de
desenvolvimento de novos negócios da
Carioca Engenharia)
- Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados
Escritório da Sem Documento
18 de maio da Andrade Gutierrez)
Andrade ---- (TCC com HC
de 2009 - Eduardo Soares Martins (Diretor de
Gutierrez 39/2018)
Desenvolvimento de Negócios Estruturados
da Odebrecht)
- Gustavo Souza (Diretor de Políticas
Comerciais da Queiroz Galvão)
- Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor
Comercial da Camargo Corrêa).
- Marcelo Antonio Carvalho Macedo
(Diretor não estatutário da área de
desenvolvimento de novos negócios da
Carioca Engenharia)
- Marco Antônio Ladeira de Oliveira
Registro de
Escritório da (Superintendente de Negócios Estruturados Documento 4
21 de maio Agenda
Andrade da Andrade Gutierrez) (TCC com HC
de 2009 (Compromisso
Gutierrez - Eduardo Soares Martins (Diretor de 39/2018)
Outlook)
Desenvolvimento de Negócios Estruturados
da Odebrecht)
- Gustavo Souza (Diretor de Políticas
Comerciais da Queiroz Galvão)
- Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor

88
Como informado pelos Signatários, a sede da Andrade Gutierrez no Rio de Janeiro situa-se em Praia de
Botafogo 186, 18º andar, Botafogo, Rio de Janeiro – RJ, CEP:22250-145.

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Data das Nº do
Locais Pessoas Físicas participantes da reunião Documento
reuniões Documento
Comercial da Camargo Corrêa).
- Marcelo Antonio Carvalho Macedo
(Diretor não estatutário da área de
desenvolvimento de novos negócios da
Escritório da Carioca Engenharia)
17 de Sem Documento
Camargo - Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior
junho de ----- (TCC com HC
Corrêa em (acionista e Diretor Estatutário da Carioca
2009 39/2018)
São Paulo Engenharia)
- Emílio Auler Neto (Camargo Corrêa)
- e outros, dos quais os Compromissários não
se recordam.
- Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
Sede da (Diretor Geral da Unidade de Negócios do
Andrade Norte da Andrade Gutierrez) Registro de
08 de
Gutierrez no - Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de Agenda Documento 11
junho de
Rio de Operações Geral da Andrade Gutierrez) (Compromisso (AL)
2009
Janeiro - Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Outlook)
(RJ)89 Superintendente e Líder Empresarial da área
de infraestrutura no Brasil da CNO)
- Eduardo Soares Martins (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios Estruturados
da Odebrecht)
- Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados
da Andrade Gutierrez)
E-mail
- Marcelo Antônio Carvalho Macedo
interno
(Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Documento 6
17 de julho reportando
Carioca Engenharia) E-mail (TCC com HC
de 2009 reunião
- José Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de 38/2018)
ocorrida do
Desenvolvimentos de Negócios da Carioca
G6
Engenharia)
- Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor
Comercial da Camargo Corrêa)
- Gustavo Souza (Diretor Comercial da
Queiroz Galvão)
- representante da OAS
- Eduardo Soares Martins (Diretor de
Sede da Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
11 de
Odebrecht - Marco Antônio Ladeira de Oliveira Documento 12
agosto de E-mail
em São (Superintendente de Negócios Estruturados (AL)
2009
Paulo (SP) da Andrade Gutierrez)

- José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de


Desenvolvimento de Novos Negócios da Registro de
11 de Documento 5
Escritório da Carioca Engenharia) Agenda
agosto de (TCC com HC
Odebrecht - Representante Odebrecht (Compromisso
2009 39/2018)
- e outros, dos quais os Compromissários não Outlook)
se recordam.
27 de Sugestão de - Geraldo Villin Prado (Diretor de Documento 13
E-mail
agosto de reunião feita Investimentos da Odebrecht) (AL)

89
Como informado pelos Signatários, a sede da Andrade Gutierrez no Rio de Janeiro situa-se em Praia de
Botafogo 186, 18º andar, Botafogo, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22250-145.

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Data das Nº do
Locais Pessoas Físicas participantes da reunião Documento
reuniões Documento
2009 pela CNO - Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Telefonema) (Superintendente de Negócios Estruturados
da Andrade Gutierrez)
- José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de
Desenvolvimento de Novos Negócios da Registro de
23 de Documento 6
Escritório da Carioca Engenharia) Agenda
setembro (TCC com HC
Odebrecht - Representante Odebrecht (Compromisso
de 2009 39/2018)
- e outros, dos quais os Compromissários não Outlook)
se recordam.
- José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de
Desenvolvimento de Novos Negócios da
Carioca Engenharia)
- Marcelo Antônio Carvalho Macedo
(Diretor de Desenvolvimento de Negócios da
Carioca Engenharia)
- Marco Antônio Ladeira de Oliveira
01 de Escritório da E-mails + Documentos 14
(Superintendente de Negócios Estruturados
dezembro Andrade Registro de e 16
da Andrade Gutierrez)
de 2009 Gutierrez Portaria (AL)
- Gustavo Souza (Diretor Comercial da
Queiroz Galvão)
- Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor
Comercial da Camargo Corrêa)
- Eduardo Soares Martins (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios Estruturados
da Odebrecht)
- Marco Antônio Ladeira de Oliveira
22 e 23 de (Superintendente de Negócios Estruturados
Documento 23
janeiro de --- da Andrade Gutierrez) E-mail
(AL)
2010 - Eduardo Soares Martins (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
- Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados
Shopping
01 e 03 de da Andrade Gutierrez)
Eldorado em Documento 25
fevereiro - Eduardo Soares Martins (Diretor de E-mail
São Paulo (AL)
de 2010 Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
(SP)
- Geraldo Villin Prado (Diretor de
Investimentos da Odebrecht)
Fonte: Históricos da Conduta do Acordo de Leniência celebrado com a Andrade Gutierrez e Históricos da
Conduta dos TCCs celebrados com Odebrecht e com Carioca. Elaboração: SG/Cade

156. Os Signatários foram capazes de identificar, em análise de e-mails (AL -


Documentos 13 e 15), os contatos telefônicos entre concorrentes destacadas na tabela abaixo.

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Tabela 06 – Contatos Telefônicos de Marco Antônio Ladeira de Oliveira


(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) com Concorrentes

E-MAIL REPORTANDO DATA DO


INDIVÍDUO Descrição
LIGAÇÃO TELEFONEMA

Reporta que recebeu no dia anterior ligação de


Geraldo Villin Prado. Assunto: possível parceria no
E-mail interno de 21 de agosto Mineirão.
20 de agosto de
de 2009 – De Marco Antonio Geraldo Villin Prado “Comentou sobre a possibilidade de PPP colocada
2009
Ladeira de Oliveira para Clóvis (Diretor de pelo governo de Minas, na qual eles foram
Renato Numa Peixoto, João Investimentos da estimulados a participar”.
(AL - Documento
Marcos de A da Fonseca e Odebrecht) “Comentou que a CNO está interessada e gostaria
13)
Márcio Magalhães Duarte Pinto de conversar com a AG sobre o tema de maneiro
mais ampla”. Sugeriu reunião para 27.08.2009 em
Belo Horizonte.

E-mail interno de 30 de Geraldo Villin Prado 30 de novembro de


Secretaria informa recebimento de telefonema no
novembro de 2009 – Da (Diretor de 2009
assunto no e-mail.
secretaria para Marco Antônio Estruturação de Novos
Assunto: Dr. Geraldo Villin telefonou novamente
Ladeira de Oliveira. Negócios da (AL - Documento
18:20.
Odebrecht) 15)

Fonte: Históricos da Conduta do Acordo de Leniência

157. De acordo com o relato dos Signatários e dos Compromissários Odebrecht e


Carioca, as pessoas físicas que participaram da conduta na Fase I são citadas na Tabela a
seguir:

Tabela 07 - Pessoas Físicas participantes da conduta na Fase I (10.2007 – 06.2010)

Fase I – Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar


(outubro de 2007 – junho de 2010)
ANDRADE GUTIERREZ
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez)
João Marcos de Almeida da Fonseca (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez em Belo Horizonte)
Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de Operações Geral da Andrade Gutierrez)
Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez)
Rogério Nora de Sá (Presidente da Andrade Gutierrez)
CAMARGO CORRÊA
Eduardo Hermelino Leite (Vice-Presidente da Camargo Corrêa)
Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor Comercial da Camargo Corrêa)
CARIOCA ENGENHARIA
José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Carioca Engenharia)
Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia)
Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia)
ODEBRECHT
Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Líder Empresarial da área de Infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht)
João Borba Filho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)

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OAS
Reginaldo Assunção Silva (Diretor da OAS)
QUEIROZ GALVÃO
Gustavo Souza (Diretor Comercial da Queiroz Galvão)

III.2.3.1.2 Fase II: Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais de


divisão de mercado e alocação de projetos (junho de 2009 – meados de 2011)

158. Os Signatários explicam que as tratativas de divisão e alocação de mercado foram


posteriormente realizadas por meio de acordos específicos (bilaterais ou multilaterais),
somente entre as empresas interessadas em cada projeto na “Fase II – Consolidação de
acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”, de acordo com a divisão de obras
pactuada no acordo anticompetitivo preliminar apresentado na “Fase I – Discussões
preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar”, conforme ilustra a tabela a
seguir.

Tabela 08. Panorama do suposto acordo anticompetitivo preliminar e de supostos


acordos bilaterais e multilaterais específicos para cada Estádio
FASE I FASE II
EMPRESAS EMPRESAS POSSIVELMENTE
ESTÁDIOS
ENVOLVIDAS ENVOLVIDAS
Andrade Gutierrez, Odebrecht, Via
(1) Brasília/DF Engenharia, OAS, Carioca e Queiroz
Galvão
Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo
(2) Manaus/AM
Andrade Gutierrez Corrêa
90 Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e
Camargo Corrêa
Carioca Engenharia (3) Recife/PE Queiroz Galvão91
OAS
Odebrecht Andrade Gutierrez, Odebrecht, DELTA,
(4) Rio de Janeiro/RJ
Queiroz Galvão OAS, Carioca e Queiroz Galvão
(5) Belo Horizonte/MG Andrade Gutierrez e Odebrecht
(6) Fortaleza/CE Carioca, Queiroz Galvão e Odebrecht
(7) Natal/RN OAS
(8) Salvador/BA OAS e Odebrecht
Fonte: Acordo de Leniência, Termos de Compromissos de Cessação de Conduta - TCCs celebrados com
Odebrecht e Carioca e Dados das Licitações recebidos dos órgãos licitantes. Elaboração: SG/Cade

90
Os Signatários entendem que a participação da Camargo Corrêa na suposta colusão durou, muito
possivelmente, de 18 de agosto de 2008 a 17 de junho de 2010 (Fase I), data em que a Arena Corinthians foi
escolhida como o projeto de estádio de São Paulo/SP para a Copa do Mundo.
91
De acordo com os Signatários, apesar de a Queiroz Galvão não ter participado na licitação para o Estádio de
Recife, a empresa manifestou interesse neste estádio em sede do acordo anticompetitivo preliminar. Os
Signatários não sabem informar se houve eventual acordo anticompetitivo bilateral entre Odebrecht e Queiroz
Galvão que pudesse motivar a abstenção desta última empresa em participar do projeto.

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159. De acordo com o relato dos Signatários e dos Compromissários Odebrecht e


Carioca, as pessoas físicas que participaram da conduta na “Fase II. Consolidação de
acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais” são citadas na tabela a seguir:

Tabela 09. Pessoas Físicas supostamente participantes da conduta na


Fase II (junho de 2009 – meados de 2011)
Fase II – Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais
(junho de 2009 – meados de 2011)

ANDRADE GUTIERREZ
Alberto Quintaes (Diretor Comercial da Andrade Gutierrez)
Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito Federal e Tocantins da Andrade Gutierrez)
Clóvis Renato Numa Peixoto (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez)
Eduardo Alcides Zarrelato (Gerente Técnico Comercial da Andrade Gutierrez)
Helder Dantas (Diretor da Andrade Gutierrez)
Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez)
Márcio Bolívar de Andrade (Diretor de Contrato da Andrade Gutierrez)
Roberto Xavier de Castro Junior (Engenheiro de Obras da Andrade Gutierrez)
Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez)
Rogério Nora de Sá (Presidente da Andrade Gutierrez)
VIA ENGENHARIA
Fernando Márcio Queiroz (Diretor Presidente da Via Engenharia)
Luiz Felipe Cardoso de Carvalho (Diretor Comercial da Via Engenharia)
Luiz Ronaldo Wanderley (Diretor da Via Engenharia)
ODEBRECHT
Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Líder Empresarial da Área de Infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht)
João Antonio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente da Área Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht)
João Borba Filho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da Odebrecht)
Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato)
Ricardo Roth Ferraz de Oliveira (Diretor de Contrato da Odebrecht)
OAS
José Lunguinho Filho (Diretor Comercial da OAS)
Marcelo Duarte Ribeiro (Gerente Comercial da OAS)
CARIOCA ENGENHARIA
José Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia)
Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da
Carioca Engenharia)
Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia)
QUEIROZ GALVÃO
Gustavo Souza (Diretor Comercial da Queiroz Galvão)
Rui Novais Dias (Diretor Comercial da Queiroz Galvão)
DELTA
Dinarte Cirilo Sousa (Coordenador de Licitações da Delta)
Paulo Meriade Duarte (Diretor Comercial da Delta)
Fernando Antônio Cavendish Soares (Presidente do Conselho de Administração da Delta)
CAMARGO CORRÊA
Sem informação

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Possíveis Licitações objeto dos supostos acordos anticompetitivos bilaterais e


multilaterais92

Fase II – Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais


(junho de 2009 – meados de 2011)93
Brasília Manaus Salvador Recife Fortaleza Rio de Belo Natal
Janeiro Horizonte

Edital: Edital: Edital: Edital: Edital: Edital: Edital: Edital:


07.07.2009 09.09.2009 15.10.2009 21.12.2009 30.12.2009 02.06.2010 23.06.2010 31.12.2010
Entrega Entrega Entrega Entrega Entrega Entrega Entrega Entrega
Propostas: Propostas: Propostas: Propostas: Propostas: Propostas: Propostas: Propostas:
17.06.2010 24.02.2010 04.12.2009 22.03.2010 26.02.2010 05.07.2010 12.08.2010 02.03.2011

160. As possíveis licitações objeto dos supostos acordos anticompetitivos específicos


bilaterais e/ou multilaterais, teriam sido, por ordem cronológica de lançamento de edital:

(i) Estádio Mané Garrincha em Brasília – Distrito Federal (Pré-Qualificação


nº 001/2009-ASCAL/PRES - 2ª Parte – Concorrência) – obras e serviços de
adequação às exigências da FIFA para reforma e ampliação da capacidade de
público do Estádio Nacional de Brasília, consistentes no desenvolvimento de
projeto executivo dos sistemas especiais de tecnologia, “broad casting”,
execução de obras civis para adaptação e ampliação das novas arquibancadas,
rebaixamento do nível do gramado, construção de demais ambientes contidos
no projeto executivo, execução das instalações e dos sistemas elétricos,
hidráulicos, ar-condicionado e de segurança;
(ii) Arena Amazônia em Manaus – Amazonas (Concorrência Nacional n°
111/2009 e Concorrência Nacional n° 017/2010/CGL) - contratação de
pessoa jurídica para a execução das obras civis, estrutura de cobertura metálica,
estruturas elétricas, estruturas hidráulicas, instalação dos sistemas de ar-
condicionado, de segurança, “broad casting” e todos os demais ambientes
contidos nos projetos da Arena Amazônia – Amazonas;
(iii) Arena Fonte Nova em Salvador – Bahia - EDITAL 01/2010 - Demolição e
Remoção do Machadão e Machadinho, Construção, manutenção e gestão da
operação do Estádio das Dunas - Novo Machadão e de seu estacionamento;
(iv) Arena Pernambuco em Recife - Pernambuco (Concorrência Internacional
nº 001/2009 - CGPE) – concessão administrativa para exploração da Arena
Multiuso da Copa 2014, no Estado de Pernambuco, precedida da execução de
Obras de Construção da Arena;
(v) Arena Castelão em Fortaleza – Ceará (Concorrência Pública
Internacional Reformulado n° 20090004/SEESP) - licitação do tipo técnica

92
Constam aqui as licitações principais. Pelas manifestações dos órgãos licitantes ao longo do inquérito
administrativo, verificou-se que foram realizados procedimentos licitatórios complementares à modernização
e/ou construção dos Estádios. Há indicativos de que as licitações complementares podem ter sido afetadas pela
conduta relatada pelos Signatários e Compromissários, de modo que também fazem parte do escopo deste
Processo Administrativo.
93
As datas indicadas referem-se às datas de publicação do edital da primeira fase dos processos licitatórios
(quando aplicável) e às datas de apresentação das propostas de preços.

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e preço com parceria público privada para a reforma, ampliação, adequação,


operação e manutenção do estádio Castelão na cidade de Fortaleza, estado do
Ceará, para recebimento de partidas da copa do mundo de 2014, conforme
determinações da FIFA, bem como para a construção, operação e manutenção
de edifício de estacionamento de veículos, conforme recomendações da FIFA e
a construção e manutenção do edifício-sede da Secretaria de Esportes do
Estado do Ceará.
(vi) Estádio do Maracanã no Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (Concorrência
Nacional n° 045/2010/SEOBRAS) - elaboração de projeto executivo e
execução de obras de reforma e adequação do Complexo do Maracanã no
Município do Rio de Janeiro/RJ;
(vii) Estádio Mineirão em Belo Horizonte – Minas Gerais - Edital 002/2010 -
outorga de Concessão Administrativa para operação e manutenção do
Complexo do Mineirão, precedidas de Obras de reforma, renovação e
adequação - 3ª etapa - Parceria Público-Privada.
(viii) Arena das Dunas em Natal – Rio Grande do Norte - EDITAL 001/2009 –
Concessão Administrativa para a prestação do serviço de gestão da operação e
manutenção da Arena Fonte Nova, a ser precedido de obras de reconstrução.
(ix) Eventuais licitações complementares aos certames principais elencados
acima: Pelas manifestações dos órgãos licitantes ao longo do inquérito
administrativo, verificou-se que foram realizados procedimentos licitatórios
complementares à modernização e/ou construção dos Estádios. Há indicativos
de que as licitações complementares podem ter sido afetadas pela conduta
relatada pelos Signatários e Compromissários. 

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III.2.3.1.2.1 BRASÍLIA/DF - Estádio Mané Garrincha - Pré-qualificação nº 001/2009 -


ASCAL/PRES - 2ª Parte - Concorrência - Período de 07 de julho de 2009 a 20 de julho
de 201094

161. Para fins de contextualização, os Signatários e os Compromissários apresentaram a


linha do tempo abaixo, contendo os principais marcos do processo licitatório em questão,
confirmados pelo órgão licitante, NOVACAP, por meio do Ofício 1219/2017-GAB/PRES
(SEI 0380776):

Linha do Tempo - Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF)

2º Semestre de 2009 1ª Semestre de 2010

Publicação no DODF Entrega dos Publicação no Publicação no Publicação no Publicação no


do Aviso de Licitação envelopes de DODF do DODF do DODF do aviso de DODF do aviso de
da Pré-qualificação nº Pré- resultado da julgamento da cadastro da Pré- suspensão do
001/2009 – Fase 1 qualificação habilitação pré-qualificação qualificação nº certame
7.7.2009 21.8.2009 24.9.2009 25.2.2010
(PÓS 001/2009 - 2ª
(TCC – DOC. 27) (OFICIO (OFICIO RECURSOS) parte (TCC – DOC. 31)
NOVACAP – NOVACAP – 16.11.2009 20.1.2010
SEI 380780) SEI 380780) (TCC – DOC. (TCC – DOC. 29)
28)

1º Semestre de 2010 2º Semestre de 2010

Publicação no Publicação no Publicação no Sessão de Publicação no Assinatura do Publicação


DODF do aviso DODF do aviso DODF do aviso abertura de DODF do contrato no DODF do
de de suspensão de envelopes julgamento do 19.7.2010 extrato de
prosseguimento do certame prosseguimento 17.6.2010 (AL – DOC.
certame contrato
do certame e 11.5.2010 do certame (TCC – DOC. 8.7.2010 32) 23.7.2010
republicação do (TCC – DOC. 21.5.2010 34) (TCC – DOC. (TCC –
Edital 33) (TCC – DOC. 35) DOC. 36)
5.5.2010 34)
(TCC – DOC.
32)

Elaboração: SG/Cade

162. A execução das obras e serviços de reforma e ampliação do Estádio Nacional de


Brasília foi licitada por meio da Pré-qualificação nº 001/2009, conduzida pela NOVACAP,

94
De acordo com informações dos Signatários e dos Compromissários, confirmado pelo Ofício 1219/2017-
GAB/PRES, de 30/08/2017 (SEI 0380776), da NOVACAP – Companhia Urbanizadora da Nova Capital do
Brasil, em 07 de julho de 2009, foi publicada a primeira parte do Edital de Pré-Qualificação nº 001/2009 – DF
para participação na licitação cujo objeto era a realização de obras e serviços de reforma e ampliação do Estádio
Nacional Mané Garrincha, e, em 20 de julho de 2010, deu-se a assinatura do Contrato nº 523/2010.

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vinculada à Secretaria de Obras do Distrito Federal. O aviso de licitação foi publicado no


Diário Oficial do Distrito Federal em 7.7.2009 (TCC com HC 39/2018 - Documento 27).

163. Pelas informações prestadas pelo órgão licitante (SEI 0380776) e publicadas na
internet, tem-se o seguinte quadro de participações oficiais no certame:

Tabela 10. Resumo sobre a licitação em Brasília/DF


(Estádio Nacional Mané Garrincha)
Tipo de Apresentaram
Vencedor Habilitados Inabilitados
Contratação Recursos
Consórcios:
Consórcio HAP-CONVAP
(HAP Engenharia Ltda e
Consórcio Brasília CONVAP Engenharia e
2014 (Andrade Construções S/A); Consórcios:
Gutierrez e Via Consórcio
Engenharia SA) Consórcio Galvão Engenharia Encalso Kallas
Consórcio S.A + Construtora Andrade (Encalso
Brasília 2014 Construtora OAS Mendonça Ltda; Construções Ltda
(Andrade Ltda (antiga e Kallas
Contrato de
Gutierrez e denominação de Consórcio Encalso Kallas Engenharia e
Obra Pública
Via Construtora OAS (Encalso Construções Ltda e Empreendimentos
Engenharia S.A) Kallas Engenharia e Ltda.)
SA) Empreendimentos Ltda);
Odebrecht Empresas:
Serviços de Empresas: Construtora
Engenharia e Carioca Christiani Nielsen Queiroz Galvão
Construção Ltda Engenharia;

Construtora Queiroz Galvão


S.A.
Fonte: Elaboração SG/CADE

164. Com relação aos acordos competitivos envolvendo a licitação mencionada para o
Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, conforme mencionado pelos Signatários, na
tentativa de divisão inicial dos projetos acordada na Fase I, tanto a Andrade Gutierrez quanto
a OAS manifestaram interesse em vencer a licitação do estádio de Brasília/DF. Esse conflito
de interesses foi ressaltado no Histórico da Conduta (SEI 0633534)95 da adesão ao Acordo de
Leniência.

165. O interesse de ambas as empresas no estádio de Brasília/DF também foi registrado


no Documento 06 - TCC com HC 39/2018, trazido pelo TCC da Odebrecht, em mensagem
eletrônica datada de 17.07.2009, objetivando relatar para outros representantes da empresa
Signatária a reunião ocorrida entre as empresas concorrentes. Consta do e-mail o seguinte
parágrafo: “O tema BSB entre AG X OAS ainda não está resolvido. AG colocou na mesa
que não tolera mais este tipo de coisa. Foi publicado o Edital de Brasília modalidade 8.666
sem projetos em anexo. QG retirou e enviou um questionamento perguntando sobre os
projetos. O Edital foi cancelado. Segundo AG a publicação se deu devido a pressão que a
OAS está fazendo no cliente. AG informou que foi ‘ameaçado’ que se continuasse assim o
95
Cópia do documento SEI 0630242 foi inserido nos autos restritos sob o número SEI 0633534.

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tema iria para Folha de São Paulo. Foi sugerido que na próxima semana, se possível na 4
feira (22/07) no Rio, estejam presentes os executivos na Mesa (BJ, etc.) para um
alinhamento geral do G6. ”

166. O Signatário Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial


Regional do Centro-Oeste da Andrade Gutierrez) recebeu orientações de Clóvis Renato Numa
Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez), que o
comunicou que a Andrade Gutierrez tinha interesse no Estádio de Brasília. Para a conquista
desta obra, a Andrade Gutierrez firmou parceria com a Via Engenharia, empresa com
ampla atuação local em Brasília/DF e com significativos contatos perante o Governo do
Distrito Federal. A intenção da Andrade Gutierrez, ao firmar este consórcio, era evitar
concorrência com um forte concorrente local e ter acesso político facilitado ao órgão
licitante. O Aderente Carlos José de Souza (Gerente Comercial da Andrade Gutierrez) relata
que foi informado da definição de formação de consórcio entre a Andrade Gutierrez e a Via
Engenharia por seu chefe imediato Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente
Comercial da Andrade Gutierrez).

167. Para fins de contextualização, os Signatários informaram que, inicialmente, a


Andrade Gutierrez e a Via Engenharia procuraram estudar a possibilidade de implementação
de uma Parceria Público-Privada (“PPP”) para o estádio de Brasília/DF. Segundo o Signatário
Carlos José de Souza (Gerente Comercial da Andrade Gutierrez), em 2008, ele foi designado
por seu superior, Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade
Gutierrez), para participar do grupo de trabalho dedicado ao estudo da PPP para o projeto em
questão. Segundo os Signatários, as reuniões do grupo de trabalho eram realizadas em sala
comercial alugada pela Andrade Gutierrez e pela Via Engenharia no edifício America Office
Tower, localizado no Setor Comercial Norte Quadra 01 BL F, Asa Norte, Brasília/DF, CEP
70711-905. Referido grupo de trabalho concluiu, no entanto, pela inviabilidade de realização
do projeto do Estádio Nacional Mané Garrincha por meio de uma PPP. Diante disso, no início
de 2009, o Governo do Distrito Federal optou por realizar a licitação para o estádio de
Brasília/DF nos moldes de “concorrência”, conforme estabelecido pela Lei nº 8.666/1993.

168. Os Signatários relatam ainda que, na sequência, ainda no primeiro semestre de


2009, foi formado um segundo grupo de trabalho composto por representantes da Andrade
Gutierrez e da Via Engenharia, que teve por função assessorar a NOVACAP no
direcionamento do edital da Pré-Qualificação nº 001/2009. De acordo com o Signatário
Roberto Xavier de Castro Junior (Engenheiro de Obras da Andrade Gutierrez), as reuniões
deste grupo de trabalho também eram realizadas na sala comercial alugada pelas empresas no
edifício America Office Tower96.

169. Os seguintes indivíduos teriam, segundo os Signatários, participado deste grupo


de trabalho: pela Andrade Gutierrez, Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito
Federal e Tocantins da Andrade Gutierrez), Eduardo Alcides Zanelatto (Gerente Técnico
Comercial da Andrade Gutierrez) e Roberto Xavier de Castro Junior (Engenheiro de Obras da
Andrade Gutierrez); e, pela Via Engenharia, Luiz Ronaldo Santos Wanderley (Diretor de
96
Segundo os Signatários, o edifício America Office Tower está localizado no Setor Comercial Norte Quadra 01
BL F, Asa Norte, Brasília/DF, CEP 70711-905.

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Engenharia da Via Engenharia) e Luiz Felipe Cardoso de Carvalho (Diretor Comercial da Via
Engenharia)97-98.

170. O Signatário Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito Federal e


Tocantins da Andrade Gutierrez) relata que foi novamente designado por seu superior,
Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez), a
participar deste grupo de trabalho que tinha como objetivo auxiliar no direcionamento do
edital de licitação do estádio de Brasília/DF junto à NOVACAP. O Signatário Carlos José de
Souza informa ainda que, à época da elaboração deste segundo grupo de trabalho, ele foi
informado por seu superior, Rodrigo Ferreira Lopes da Silva, de que o edital seria direcionado
para que o consórcio formado por Andrade Gutierrez e Via Engenharia pudesse vencer a
licitação para realização das obras do Estádio Nacional Mané Garrincha (Brasília/DF).

171. O Signatário Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito Federal e


Tocantins da Andrade Gutierrez) relata que era o responsável por fornecer informações sobre
a Andrade Gutierrez perante tal grupo de trabalho e que, como resultado dos estudos
realizados pelo grupo, foram sugeridos à NOVACAP ajustes no edital da Pré-Qualificação nº
001/2009 relacionados às exigências técnicas para participação na licitação, visando
beneficiar o consórcio formado por Andrade Gutierrez e Via Engenharia.

172. Ainda, segundo os Signatários Eduardo Alcides Zanelatto (Gerente Técnico


Comercial da Andrade Gutierrez) e Roberto Xavier de Castro Junior (Engenheiro de Obras da
Andrade Gutierrez), ambos também foram designados por seus superiores para participar do
grupo de trabalho voltado ao direcionamento da Pré-Qualificação nº 001/2009 para o
consórcio Andrade Gutierrez/Via Engenharia. Os Signatários Eduardo Alcides Zanelatto e
Roberto Xavier de Castro Junior informam que sua atuação em referido grupo de trabalho
consistiu na participação de discussões relacionadas ao escopo e adequação do orçamento da
obra do Estádio Nacional Mané Garrincha (Brasília/DF) em relação ao valor máximo
estipulado pelo Governo do Distrito Federal.

173. Os Signatários Eduardo Alcides Zanelatto (Gerente Técnico Comercial da


Andrade Gutierrez) e Roberto Xavier de Castro Junior (Engenheiro de Obras da Andrade
Gutierrez) relatam, ainda, que, após a publicação do edital de Pré-Qualificação nº 001/2009,

97
Os Signatários esclarecem que, apesar de Luiz Ronaldo Santos Wanderley (Diretor de Engenharia da Via
Engenharia) e Luiz Felipe Cardoso de Carvalho (Diretor Comercial da Via Engenharia) terem sido classificados
como funcionários de “alto escalão” da Via Engenharia por possuírem cargos de diretoria, na prática, eles
mantinham contatos constantes com Eduardo Alcides Zanelatto (Gerente Técnico Comercial da Andrade
Gutierrez) e Roberto Xavier de Castro Junior (Engenheiro de Obras da Andrade Gutierrez), respectivamente,
funcionários de “escalão operacional” da Andrade Gutierrez. Segundo os Signatários, os contatos entre
funcionários de níveis hierárquicos distintos ocorreram em virtude das diferenças de porte das empresas, da
maior presença local da Via Engenharia na obra em questão e, também, da maior segmentação interna de
funções da Andrade Gutierrez.
98
De acordo com os Signatários, além dos indivíduos indicados no texto, outros funcionários de escalão
operacional da Andrade Gutierrez e da Via Engenharia também participaram do grupo de trabalho e mantiveram
contatos entre si. Os Signatários ressaltam, no entanto, que tais funcionários auxiliavam apenas na análise das
questões técnicas do edital e do projeto e que, até o momento, não foi possível identificar quaisquer indícios de
que eles tinham envolvimento ou ciência dos acordos anticompetitivos ora narrados.

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participaram de pelo menos duas reuniões na sede da NOVACAP99, com o intuito de auxiliar
a entidade licitante na elaboração das respostas a questionamentos feitos por concorrentes e
pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal durante o certame.

174. Os Signatários relatam, então, que a Andrade Gutierrez buscou se consorciar a


uma empresa com representatividade local, vindo a vencer a licitação por meio de um
consórcio com a Via Engenharia S.A. (“Via Engenharia”)100, na proporção de 50% (cinquenta
por cento) da obra para cada empresa, nos termos do acordo firmado entre as empresas
concorrentes.

175. De acordo com o Signatário Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito
Federal e Tocantins da Andrade Gutierrez), no final de 2009, após a entrega da documentação
de pré-qualificação por parte do consórcio formado por Andrade Gutierrez e Via Engenharia,
foram realizadas negociações com a OAS para acertar o conflito de interesses entre o
Consórcio e a empresa, aventando-se diversas possibilidades de acordo e concluindo-se pela
apresentação de proposta de cobertura no certame pela OAS.

176. O Signatário Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito Federal e


Tocantins da Andrade Gutierrez) relata que, no final de 2009, participou de uma reunião com
o então Governador do Distrito Federal, em conjunto com Clovis Renato Numa Peixoto
Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) e Rodrigo
Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez), na qual se tratou
do interesse da OAS em participar do projeto do Estádio Nacional Mané Garrincha
(Brasília/DF). De acordo com o Signatário, o Governador do Distrito Federal solicitou que as
empresas interessadas no projeto se reunissem para resolver o conflito de interesses.

177. Conforme relatado pelo Signatário, no mesmo dia, teria sido realizada uma
reunião, na sede da Via Engenharia em Brasília/DF101, que teria contado com a participação
de representantes de Andrade Gutierrez, Via Engenharia e OAS. Teriam estado presentes em
tal reunião: Clovis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do
Norte da Andrade Gutierrez), Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da
Andrade Gutierrez), Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito Federal e Tocantins
da Andrade Gutierrez), Fernando Queiroz (Diretor Presidente da Via Engenharia) e José
Lunguinho Filho (Diretor Comercial da OAS).

99
De acordo com os Signatários, a sede da NOVACAP está localizada no Setor de Áreas Públicas, Lote B,
Brasília – DF, CEP 71215-000.
100
Pela documentação enviada pelo órgão licitante, tem-se que a empresa foi representada neste certame pelo
representante Luiz Fernando Almeida de Domenico, tendo como exemplo os seguintes arquivos: (i) Arquivo SEI
0380780 – Documento inserido na Proposta apresentada pelo consórcio, indicando como contatos do consórcio,
pela Andrade Gutierrez, o Signatário Clovis Renato Numa Peixoto Primo, e pela Via Engenharia, o Sr. Luiz
Fernando Almeida de Domenico; (ii) Arquivo SEI 380855 - Documento inserido na Proposta apresentada pelo
consórcio - Contrato de Empreitada Obra 523/2010 (19/07/2010), no qual constam assinaturas de Rodrigo
Ferreira Lopes da Silva e Carlos José de Souza, Signatários pela Andrade Gutierrez, e Luiz Fernando Almeida de
Domenico, pela Via Engenharia.
101
Segundo os Aderentes, a sede da Via Engenharia em Brasília/DF está localizada em SIA Trecho 03 Lote
1705/15.

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178. Os Signatários informam que, ao final de tal reunião, acertou-se que a licitação do
Estádio Nacional Mané Garrincha (Brasília/DF) ficaria com o consórcio formado por Andrade
Gutierrez e Via Engenharia. Diante da impossibilidade de participação da OAS em referido
consórcio, uma vez que os documentos de pré-qualificação já haviam sido entregues, ou de
sua subcontratação na licitação do Estádio de Brasília/DF, teria sido firmado um acordo
entre o Consórcio Andrade Gutierrez /Via Engenharia e a empresa OAS de que a OAS
seria futuramente compensada com outra obra, não definida naquele momento, e que,
em contrapartida, apresentaria proposta de cobertura na licitação do Estádio Nacional
Mané Garrincha (Brasília/DF) para que o consórcio Andrade Gutierrez/Via Engenharia
se sagrasse vencedor no certame.

179. Os Signatários apresentam o Documento 01 – Adesão ao AL como comprovação


de que a OAS agiu de forma colusiva, fornecendo informações estratégicas de sua inteligência
de mercado à Andrade Gutierrez com vistas a ajudar o consórcio formado por Andrade
Gutierrez e Via Engenharia a vencer o certame do Estádio Nacional Mané Garrincha
(Brasília/DF). Conforme ilustrado abaixo, José Lunguinho Filho (Diretor Comercial da OAS)
encaminha a Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito Federal e Tocantins da
Andrade Gutierrez) a informação de inteligência de mercado interna da OAS de que o
Consórcio Encalso Kallas (Encalso Construções Ltda e Kallas Engenharia e
Empreendimentos Ltda.) apresentaria recurso na tentativa de se qualificar na licitação do
estádio de Brasília/DF, o que poderia colocar em risco o resultado acordado entre
concorrentes de que o consórcio Andrade Gutierrez/Via Engenharia venceria a licitação.
Conforme descrito no Histórico da Conduta do Acordo de Leniência nº 08/2016, o Consórcio
Encalso Kallas de fato apresentou recurso em sede da licitação do Estádio Nacional Mané
Garrincha (Brasília/DF), mas acabou sendo inabilitado no certame.

FIGURA 26 – DOCUMENTO 01 – ADESÃO AL –


TROCA DE E-MAIL ENTRE A ANDRADE GUTIERREZ E A OAS102

102
Os Signatários informam que, até o momento, não foram identificadas evidências de que o Consórcio Encalso
Kallas (Encalso Construções Ltda e Kallas Engenharia e Empreendimentos Ltda.) ou de que os Srs. Eduardo
Pereira de Souza, Rafael Magalhães Cavalcante e Guilherme Ferreira Gomes Nunes, então funcionários da OAS,
tenham tido qualquer envolvimento no conluio ora reportado.

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180. Dessa forma, os Signatários afirmam que a OAS teria apresentado proposta de
cobertura no certame. No entanto, os Signatários informam que não teria ocorrido qualquer
compensação para a OAS.

181. De acordo com os Compromissários da Odebrecht, a Odebrecht não tinha interesse


na execução de obras e serviços do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, por se tratar
de obra pública, fato que era de conhecimento da Andrade Gutierrez.

182. Diante deste quadro e com o objetivo de aparentar/conferir maior competitividade


ao processo licitatório, a Andrade Gutierrez afirmou ter entrado em contato com a Odebrecht
para combinar apresentação de proposta de cobertura pela Odebrecht para a obra do estádio
de Brasília/DF (Estádio Nacional Mané Garrincha). Segundo os Signatários, Clóvis Renato
Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) entrou
em contato com Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Líder Empresarial da Área de
Infraestrutura no Brasil da Odebrecht).

183. O acordo entre Andrade Gutierrez e Odebrecht foi confirmado pela Odebrecht, que
acrescentou informações. João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para o
Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht) informou que foi contatado por Rodrigo
Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez), por meio de
ligação telefônica em data que João Antônio Pacífico Ferreira não soube precisar, mas que foi
feita provavelmente para o escritório da Odebrecht localizado em Brasília. Neste telefonema,
Rodrigo Ferreiro Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez)
mencionou brevemente um contato entre as empresas Andrade Gutierrez e Odebrecht, além
de solicitar que a Odebrecht apresentasse proposta de cobertura na licitação referente ao
Estádio Mané Garrincha. Como João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para
o Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht) já estava ciente das conversas de colaboração
anteriores entre Odebrecht e Andrade Gutierrez, concordou com a cobertura.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 85 de 202


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184. Para tanto, o Compromissário João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor


Superintendente para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht) solicitou a Ricardo
Roth Ferraz de Oliveira (Diretor de Contrato da Odebrecht) para que providenciasse a
apresentação de proposta de cobertura, a qual foi efetivamente realizada em 21.8.2009.

185. O Compromissário João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para o


Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht) esclareceu que, na ocasião, não foi negociada
contrapartida específica. No entanto, posteriormente, a apresentação de proposta de cobertura
na licitação da Arena Pernambuco (Recife/PE) foi pleiteada com base na proposta de
cobertura apresentada na licitação do Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF).

186. De acordo com o Compromissário Ricardo Roth Ferraz de Oliveira (Diretor de


Contrato da Odebrecht), a proposta de cobertura foi elaborada pela própria Odebrecht, sem a
intervenção do consórcio formado pela Andrade Gutierrez e Via Engenharia. Ainda de acordo
com Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, a faixa de valor que a proposta de cobertura deveria
respeitar teria sido informada por Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente
Comercial da Andrade Gutierrez), possivelmente em encontro pessoal em data que Ricardo
Roth Ferraz de Oliveira não se recorda.

187. Esta informação está de acordo com a versão dos Signatários, que afirmaram que
as propostas de cobertura, em geral, eram elaboradas por cada empresa individualmente, sem
um padrão preestabelecido. Com exceção da proposta de cobertura apresentada no processo
licitatório para o estádio de Recife/PE, empresa a ser a vencedora apenas informava, o limite
de preço que ofertaria e, consequentemente, as demais empresas apresentavam suas propostas
com preços superiores.

188. Com relação à participação da Carioca no certame, todos os Compromissários da


empresa Carioca relatam não se recordar nem terem sido capazes de recuperar informações
acerca da participação da Compromissária no certame referente às obras de modernização do
Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha), no Distrito Federal, por não haver registros
internos das decisões empresariais associadas à tal participação. Não obstante, a
Compromissária reconheça ter buscado se qualificar para a licitação referente às obras de
modernização do Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha), no Distrito Federal, como
forma de melhor entender os requisitos para tais obras de modernização e reforma de estádios,
não superou sequer a fase de pré-qualificação. A Compromissária Carioca não interpôs
recurso nem buscou maiores informações sobre este certame, pois, segundo o
Compromissário Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca
Engenharia), havia interesse da Compromissária em concentrar esforços no projeto de PPP do
Castelão.

189. Dessa forma, tem-se o seguinte quadro de acordos anticompetitivos em


investigação envolvendo o Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha) no Distrito
Federal:

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Tabela 11 – Supostos Acordos Anticompetitivos no Estádio de Brasília - DF


EMPRESAS SUPOSTOS ACORDOS ANTICOMPETITIVOS REPRESENTANTES
Andrade OAS apresentaria proposta de cobertura para o Consórcio Andrade Gutierrez:
Gutierrez Andrade Gutierrez e Via Engenharia, em troca de Rogério Nora de Sá,
– OAS – Via compensação futura. Clóvis Renato Numa Peixoto
Engenharia Primo,
Proposta de Cobertura teria sido apresentada, mas não teria Rodrigo Ferreira Lopes da Silva,
ocorrido compensação. Carlos José de Souza,
Eduardo Alcides Zarrelato,
Menção do acordo pela Signatária. Roberto Xavier de Castro Junior

OAS:
José Lunguinho Filho

Via Engenharia:
Fernando Márcio Queiroz,
Luiz Ronaldo Wanderley,
Luiz Felipe Cardoso de Carvalho
Andrade Odebrecht apresentaria proposta de cobertura para a Andrade Gutierrez:
Gutierrez - Andrade Gutierrez. Clóvis Renato Numa Peixoto
Odebrecht Primo,
Proposta foi apresentada. Rodrigo Ferreira Lopes da Silva

Acordo confirmado por ambas as empresas (Signatária e Odebrecht:


Compromissária). Benedicto Barbosa da Silva Júnior,
João Antônio Pacífico Ferreira,
Compensação: Ricardo Roth Ferraz
Segundo Andrade Gutierrez, a apresentação de proposta de
cobertura para a Arena Pernambuco foi motivada pela
apresentação de proposta de cobertura pela Odebrecht em
Brasília e em Manaus.

Odebrecht confirma que solicitou apresentação de proposta


de cobertura para a Arena Pernambuco considerando sua
apresentação de proposta de cobertura em Brasília.
Andrade Teria ocorrido formação de Consórcio para evitar Andrade Gutierrez:
Gutierrez – competição e ter acesso ao órgão licitante. Rogério Nora de Sá,
Via Clóvis Renato Numa Peixoto
Engenharia Primo,
Rodrigo Ferreira Lopes da Silva,
Carlos José de Souza,
Eduardo Alcides Zarrelato,
Roberto Xavier de Castro Junior

Via Engenharia:
Fernando Márcio Queiroz,
Luiz Ronaldo Wanderley,
Luiz Felipe Cardoso de Carvalho
Elaboração: SG/Cade

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 87 de 202


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Tabela 12 - Supostas Condutas das Empresas no Estádio de Brasília - DF


EMPRESA SUPOSTAS CONDUTAS REPRESENTANTES
Rogério Nora de Sá,
Formação de consórcio com Via Engenharia para Clóvis Renato Numa Peixoto Primo,
evitar competição Rodrigo Ferreira Lopes da Silva,
Andrade
Carlos José de Souza,
Gutierrez
Solicitação de proposta de cobertura para Eduardo Alcides Zarrelato,
Odebrecht e para OAS Roberto Xavier de Castro Junior

Benedicto Barbosa da Silva Júnior,


Apresentação de proposta de cobertura para
Odebrecht João Antônio Pacífico Ferreira,
Andrade Gutierrez
Ricardo Roth Ferraz
Apresentação de proposta de cobertura para o
OAS Consórcio Andrade Gutierrez e Via Engenharia José Lunguinho Filho

Sem informação
Carioca Sem informação
Formação de consórcio com Andrade Gutierrez
para evitar competição Fernando Márcio Queiroz,
Via Engenharia Luiz Ronaldo Wanderley,
Solicitação de proposta de cobertura para OAS Luiz Felipe Cardoso de Carvalho

Queiroz Galvão Sem informação Sem informação


Elaboração: SG/Cade

190. Conforme o órgão licitante, NOVACAP, Ofício 1219/2017-GAB/PRES (SEI


0380776), em 21.08.2009, houve a entrega dos envelopes de pré-qualificação. Conforme
consta da Ata inserida nos autos, o ato contou com a presença de todas as empresas
participantes do certame. Em seguida, em 24.09.2009, houve a publicação do DODF do
resultado da habilitação, conforme demonstra a Ata de Julgamento também enviada pelo
órgão licitante. Após reunião da Comissão de Licitação para análise dos recursos apresentados
(Ata de 23/10/2009), houve a publicação, em 16 de novembro de 2009, do julgamento final
sobre o processo de pré-qualificação.

191. Dessa forma, em 16 de novembro de 2009, foi publicado o julgamento da Pré-


qualificação nº 001/2009-ASCAL/PRES (TCC com HC 39/2018 - Documento 28), em que
se consideraram qualificadas as empresas Odebrecht, OAS e o Consórcio Brasília 2014,
formado pela Andrade Gutierrez e Via Engenharia. Assim, foram consideradas não pré-
qualificados, o Consórcio Encalso-Kallas (formado pelas empresas Encalso Construções Ltda.
e Kallas Engenharia e Empreendimentos Ltda.), a empresa Queiroz Galvão, o Consórcio
Galvão/Andrade Mendonça (formado pela Galvão Engenharia S.A. e Construtora Andrade
Mendonça Ltda.), a empresa Carioca Engenharia e a Consórcio Hap-Convap (formado pelas
empresas Hap Engenharia Ltda. e Convap Engenharia e Construções S.A.).

192. Em 20 de janeiro de 2010, foi publicado no Diário Oficial do Distrito Federal o


edital de licitação Pré-qualificação nº 001/2009 - 2ª parte - Concorrência para as empresas já
pré-qualificadas (TCC com HC 39/2018 - Documento 29). O objeto do certame era a
“execução de obras e serviços visando à adequação às exigências da FIFA para reforma e
ampliação da capacidade de público do Estádio Nacional de Brasília, consistindo nos

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COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

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trabalhos de desenvolvimento de projeto executivo dos sistemas especiais de tecnologia,


“broad-casting”, execução das obras civis de recuperação estrutural e da atual das
arquibancadas, obras civis, para adaptação e ampliação das novas arquibancadas,
rebaixamento do nível do gramado, construção dos demais ambientes contidos no projeto
executivo de engenharia, assim como, a execução das instalações e dos sistemas elétricos,
hidráulicos, ar-condicionado e de segurança", conforme o Edital de Pré-qualificação nº
001/2009 - 2ª parte - Concorrência (TCC com HC 39/2018 - Documento 30). A sessão de
abertura de envelopes seria realizada em 25 de fevereiro de 2010.

193. Em 25 de fevereiro de 2010, foi publicado aviso de suspensão da licitação (TCC


com HC 39/2018 - Documento 31), em virtude de decisão do Tribunal de Contas do Distrito
Federal. Em 5.5.2010, foi publicado o Aviso de Prosseguimento da licitação (TCC com HC
39/2018 - Documento 32) e o edital foi republicado. A sessão de abertura de envelopes
aconteceria em 7.6.2010. Em 11 de maio de 2010, a licitação foi novamente suspensa,
conforme aviso de suspensão publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (TCC com HC
39/2018 - Documento 33). A licitação teve prosseguimento em 21.5.2010, quando foi
marcada sessão de abertura de envelopes em 17.6.2010 (TCC com HC 39/2018 -
Documento 34).

194. Em 8 de julho de 2010, foi publicado o resultado do julgamento das propostas no


Diário Oficial do Distrito Federal (TCC com HC 39/2018 - Documento 35), em que o
Consórcio Brasília 2014 (formado pela Andrade Gutierrez e Via Engenharia) foi declarado
vencedor do certame, com proposta no valor de R$ 696.648.486,09. Esta publicação ocorreu
após a Ata da Comissão de Licitação datada de 07.07.2010, inserida nos autos pelo órgão
licitante (Ofício 1219/2017-GAB/PRES - SEI 0380776).

195. As propostas apresentadas pelo consórcio Andrade Gutierrez/Via Engenharia, e


pelas empresas Odebrecht e OAS no processo licitatório em questão foram os seguintes:

Tabela 13 - Lances para a licitação em Brasília/DF


(Estádio Nacional Mané Garrincha)
DIFERENÇA
PERCENTUAL
EMPRESAS/CONSÓRCIOS VALORES
ENTRE
PROPOSTAS
Orçamento NOVACAP103 R$ 702.784.333,62
Consórcio Brasília 2014
R$ 696.648.486,09
(Andrade Gutierrez e Via Engenharia)
Construtora OAS Ltda
(antiga denominação de Construtora R$ 699.273.298,16 OAS: 0,38%
OAS S.A)
Odebrecht Serviços de Engenharia e Odebrecht: 0,64%
R$ 701.132.842,56
Construção S/A
Elaboração: SG/Cade

103
Orçamento estimado para as obras e serviços objeto da licitação, nos termos do Capítulo 2 do Edital de Pré-
Qualificação 001/2009 – DF – 2ª Parte – Concorrência.

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196. O consórcio firmado entre Andrade Gutierrez e Via Engenharia de fato sagrou-se
vencedor da licitação para realização das obras no estádio de futebol de Brasília (Estádio
Nacional Mané Garrincha), conforme consta no Contrato nº 523/2010, entre NOVACAP e o
Consórcio Brasília 2014, assinado em 19.7.2010 (AL - Documento 32 e TCC com HC
39/2018 - Documento 37), confirmando os termos do suposto acordo anticompetitivo firmado
entre as empresas concorrentes. O extrato de instrumento contratual foi publicado no Diário
Oficial do Distrito Federal em 23.7.2010 (TCC com HC 39/2018 - Documento 36).

197. A tabela abaixo apresentação as pessoas físicas supostamente participantes do


ajuste anticompetitivo neste certame:

Tabela 14 - Pessoas Físicas participantes da conduta para o


Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF)
Fase II – Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF)
Período de 07 de julho de 2009 (lançamento do edital) a 20 de julho de 2010 (assinatura do contrato)

ANDRADE GUTIERREZ
Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito Federal e Tocantins da Andrade Gutierrez)
Clóvis Renato Numa Peixoto (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez)
Eduardo Alcides Zarrelato (Gerente Técnico Comercial da Andrade Gutierrez)
Roberto Xavier de Castro Junior (Engenheiro de Obras da Andrade Gutierrez)
Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez)
Rogério Nora de Sá (Presidente da Andrade Gutierrez)
VIA ENGENHARIA
Fernando Márcio Queiroz (Diretor Presidente da Via Engenharia)
Luiz Ronaldo Wanderley (Diretor da Via Engenharia)
Luiz Felipe Cardoso de Carvalho (Diretor Comercial da Via Engenharia)
ODEBRECHT
Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Líder Empresarial da Área de Infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
João Antonio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente da Área Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht)
Ricardo Roth Ferraz de Oliveira (Diretor de Contrato da Odebrecht)
OAS
José Lunguinho Filho (Diretor Comercial da OAS)

CARIOCA ENGENHARIA
Sem Informação
QUEIROZ GALVÃO
Sem Informação

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III.2.3.1.2.2 MANAUS - Arena Amazônia - Concorrência n° 111/2009 e Concorrência


Nacional n° 017/2010/CGL - Período de 09 de setembro de 2009 a 1º de julho de 2010104

198. Para fins de contextualização, os Signatários e os Compromissários apresentaram a


linha do tempo abaixo, contendo os principais marcos do processo licitatório em questão,
confirmados pelo órgão licitante, SEINFRA – Secretaria de Estado de Infraestrutura, do
Governo do Estado do Amazonas, por meio do Ofício 140/2018/GS/SEINFRA (SEI
0431654):
Linha do Tempo - Arena Amazônia (Manaus/AM)

2º Semestre de 2009 1º Semestre


de 2010

Ratificação e
Publicação no Publicação Confirmação das
Recomendação aditamento da Publicação no
DOU do Aviso de no DOU do sugestões
Conjunta Recomendação DOU do Aviso
Licitação da Pré- Resultado do acatadas,
02/2009 Conjunta, segundo de Licitação
qualificação nº julgamento segundo Ofício
/4OFCIV/ Ofício nº 40/2010/ da Concorrência
111/2009-CGL da Pré- nº
PRAM 4OFCIVEL/PR/AM Nacional
11.9.2009 qualificação 17.12.2009 25.1.2010 nº 017/2010 021/2010-
(TCC - DOC. 38) nº 111/2009- 25.1.2010 Casa Civil
CGL (TCC - DOC. 45) 27.1.2010
12.11.2009
(TCC -
DOC. 44)
2º Semestre de 2010

Sessão de Publicação
Publicação no DOEAM da Assinatura do
Entrega e Publicação no no DOU do
Homologação e Contrato nº
Abertura das DOU do Extrato do
Adjudicação da Licitação 44/2010 –SEINF
Propostas Resultado do contratual
15.3.2010 1.7.2010
24.2.2010 julgamento 20.8.2010
(TCC - DOC. 46) (AL – DOC. 31)
das Propostas
de Preço
15.3.2010
(TCC - DOC.
46)

Fonte: Elaboração SG/CADE

199. Após a realização de audiência pública em 27.07.2009 (SEI 0431888 – págs. PDF
100-144 – Ata de Audiência Pública – entregue pelo órgão licitante), deu-se início ao
processo de contratação de empresa para as obras do Estádio de Manaus. O primeiro processo
104
De acordo com informações dos Signatários e dos Compromissários, confirmados pelo órgão licitante,
SEINFRA – Secretaria de Estado de Infraestrutura, do Governo do Estado do Amazonas, por meio do Ofício
140/2018/GS/SEINFRA (SEI 0431654), o primeiro processo licitatório para a execução de obras referentes à
Arena Amazônia foi iniciado em setembro de 2009. O aviso de licitação da Concorrência n° 111/2009 foi
publicado no Diário Oficial da União em 11.9.2009. E, em 1º julho de 2010, deu-se a celebração do Contrato nº
044/2010.

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licitatório para a execução de obras referentes à Arena Amazônia foi iniciado em setembro de
2009. O aviso de licitação da Concorrência n° 111/2009 foi publicado no Diário Oficial da
União em 11.9.2009 (TCC com HC 39/2018 - Documento 38). Tratava-se de procedimento
de pré-qualificação, como etapa preliminar à realização do certame. Porém, em 17.12.2009, o
Ministério Público Federal e o Ministério Público do Amazonas recomendaram o
cancelamento do edital da Concorrência n° 111/2009, por entender que ele continha inúmeras
exigências que, no entendimento do Ministério Público, diminuíam o caráter competitivo do
certame105. Em 25.1.2010, a recomendação foi acatada e o certame foi cancelado. Na mesma
data, foi iniciada uma nova licitação, a Concorrência Nacional n° 017/2010/CGL. O edital
de licitação foi publicado no Diário Oficial da União em 25.1.2010 (TCC com HC 39/2018 -
Documento 45) e tinha por objeto contratação de pessoa jurídica para a execução das obras
civis, estrutura de cobertura metálica, estruturas elétricas, estruturas hidráulicas, instalação
dos sistemas de ar-condicionado, de segurança, “broad-casting” e todos os demais ambientes
contidos nos projetos da Arena Amazônia.

200. Pelas informações prestadas pelo órgão licitante, pelos Signatários e pelos
Compromissários, tem-se o seguinte quadro de participações oficiais no certame:

Tabela 15. Resumo sobre as licitações em Manaus/AM (Arena Amazônia)106


Tipo de Apresentaram
Vencedor Habilitados Inabilitados
Contratação Recursos
Odebrecht Serviços de
Contrato de Obra Andrade Engenharia e Construção
Camargo Corrêa N/A
Pública Gutierrez
Andrade Gutierrez
Fonte: Elaboração SG/CADE

201. Com relação aos acordos competitivos envolvendo as licitações mencionadas para
a Arena Amazônia, conforme mencionado pelos Signatários, na reunião que muito
possivelmente ocorreu em 18 de agosto de 2008 (Fase I), apenas a Andrade Gutierrez
manifestou interesse pelos projetos relativo ao estádio do Manaus/AM (Arena Amazônia).

202. Segundo os Signatários, a Andrade Gutierrez atua no estado do Amazonas há mais


de quarenta anos e é a maior empresa de engenharia e construção pesada da região. Em razão
destes fatores e de nenhuma outra grande empresa manifestar interesse em participar do
procedimento licitatório para a realização de obras no estádio de Manaus/AM (Arena
Amazônia), foi acertado que a Andrade Gutierrez participaria da licitação pública de
Manaus/AM (Arena Amazônia) com uma proposta de cobertura a ser submetida pela
Odebrecht, acordo este confirmado pela Compromissária Odebrecht.

105
Disponível em: http://www.pram.mpf.mp.br/institucional/acoes-do-mpf/recomendacao/2009/20091217%20-
%20Recomendacao%20Copa%202014.pdf
106
Das 14 empresas que adquiriram o edital, apenas três - Construtora Andrade Gutierrez S/A, Construções e
Comércio Camargo Corrêa S/A e Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S/A - participaram
efetivamente da pré-qualificação.

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203. De acordo com os Compromissários da Odebrecht, de fato, a Odebrecht não tinha


interesse na execução de obras e serviços da Arena Amazônia, por se tratar de obra pública,
fato que era de conhecimento da Andrade Gutierrez.

204. Nesse cenário, os Compromissários detalham os contatos realizados entre as duas


empresas para a implementação do acordo. O Compromissário Benedicto Barbosa da Silva
Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da
Odebrecht) informou que foi procurado por representante da Andrade Gutierrez, o Signatário
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da
Andrade Gutierrez), que solicitou ao Compromissário que a Odebrecht apresentasse proposta
de cobertura na licitação pública.

205. Dessa forma, o Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor


Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
autorizou o Compromissário Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht) a
providenciar a apresentação da proposta de cobertura solicitada. De acordo com Benedicto
Barbosa da Silva Júnior, Geraldo Villin Prado solicitou ao Compromissário Eduardo Soares
Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) que preparasse a proposta
de cobertura, o que teria sido feito com o apoio de Márcio Bolívar de Andrade107 (Diretor de
Contrato da Andrade Gutierrez) e Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de
Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez).

206. De acordo com os Compromissários, Marco Antônio Ladeira de Oliveira


(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) teria passado a comunicar-
se com Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
para que a Odebrecht preparasse a sua proposta para participar da pré-qualificação108.

207. Deste modo, em 7 de outubro de 2009, Marco Antônio Ladeira de Oliveira


(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) encaminhou ao
Compromissário Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da
Odebrecht) atestados técnicos da Odebrecht para a sua participação na pré-qualificação (TCC
com HC 39/2018 - Documento 39).

107
Apesar da dificuldade de identificação do nome completo do representante da Andrade Gutierrez pelo
Compromissário, tem-se diversos arquivos, entregues pelo órgão licitante por meio do Ofício
140/2018/GS/SEINFRA (SEI 0431654), com o nome de Márcio Bolívar de Andrade, dentre eles: a) Carta de
Credenciamento da Andrade Gutierrez perante o órgão licitante (19.02.2010) - pág. PDF 17 – SEI 0431891; b)
Procuração da Andrade Gutierrez (08.02.2010 – 31.12.2010) - págs. PDF 13-14 - SEI 0431891; c) Procuração da
Andrade Gutierrez (17.11.2010 a 31.05.2012) - pág. PDF 10 - SEI 0431656; d) Procuração da Andrade Gutierrez
(17.05.2013) - pág. PDF 12 – SEI 0431790.
108
O primeiro processo licitatório para a execução de obras referentes à Arena Amazônia foi iniciado em
setembro de 2009. O aviso de licitação da Concorrência n° 111/2009 foi publicado no Diário Oficial da União
em 11.9.2009 (TCC com HC 39/2018 - Documento 38). Tratava-se de procedimento de pré-qualificação, como
etapa preliminar à realização do certame.

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Figura 27 - Documento 39 (TCC com HC 39/2018).


E-mail entre Andrade Gutierrez e Odebrecht sobre Manaus: Atestados Técnicos

208. Algumas horas mais tarde, Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente
de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) envia novos documentos de interesse da
Odebrecht, a fim de viabilizar a sua pré-qualificação (TCC com HC 39/2018 - Documento
40).

Figura 28 - Documento 40 (TCC com HC 39/2018).


E-mail entre Andrade Gutierrez e Odebrecht sobre Manaus: Documentos
Complementares

209. Em 29.10.2009, Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios


Estruturados da Andrade Gutierrez) envia nova mensagem ao Compromissário Eduardo
Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), pretendendo
discutir questões pertinentes à pré-qualificação (TCC com HC 39/2018 - Documento 41). Na
mensagem, Marco Antônio Ladeira de Oliveira explica a Eduardo Soares Martins que há
páginas da proposta da Odebrecht que não foram rubricadas. Eduardo Soares Martins e Marco
Antônio Ladeira de Oliveira combinam de tratar dos assuntos por telefone. Marco Antônio

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Ladeira de Oliveira ainda adianta que o tema dizia respeito a um assunto “bem ao norte”,
fazendo referência à cidade de Manaus. Ao final, Eduardo Soares Martins diz a Marco
Antônio Ladeira de Oliveira que estaria à disposição para ir até Manaus para fazer as devidas
correções.

Figura 29 - Documento 41 (TCC com HC 39/2018).


E-mail entre Andrade Gutierrez e Odebrecht sobre Manaus

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210. Alguns dias depois, em 5 de novembro de 2009, o Compromissário Eduardo


Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) envia mensagem
eletrônica a Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados
da Andrade Gutierrez) informando sobre seu voo para Manaus, para solucionar as questões
pendentes da proposta da Odebrecht para a pré-qualificação da Arena Amazônia (TCC com
HC 39/2018 - Documento 42).

Figura 30 - Documento 42 (TCC com HC 39/2018).


Informe da Odebrecht sobre seu voo para Manaus

211. No dia seguinte, em 6.11.2009, o Compromissário Eduardo Soares Martins


(Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) reporta para Marco Antônio Ladeira
de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) que “deu tudo
certo” e que “os esclarecimentos foram feitos” (TCC com HC 39/2018 - Documento 43).
Note-se que a referida mensagem foi enviada em resposta a e-mail de Marco Antônio Ladeira

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de Oliveira datado de 4.11.2009 e que continha uma lista de assuntos que deveriam ser
solucionados por Eduardo Soares Martins em sua visita a Manaus.

Figura 31 - Documento 43 (TCC com HC 39/2018).


E-mail entre Odebrecht e Andrade Gutierrez sobre Manaus

212. Dessa forma, tem-se o seguinte quadro de supostos acordos anticompetitivos, em


investigação, envolvendo a Arena Amazônia, em Manaus:

Tabela 16 - Supostos acordos anticompetitivos no


Estádio de Manaus/AM (Arena Amazônia)
EMPRESAS SUPOSTOS ACORDOS ANTICOMPETITIVOS REPRESENTANTES
Odebrecht apresentaria proposta de cobertura para a
Andrade Gutierrez.
Andrade Gutierrez:
Proposta foi apresentada. Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
Marco Antônio Ladeira de Oliveira
Andrade Acordo confirmado por ambas as empresas (Signatária Márcio Bolívar de Andrade
Gutierrez - e Compromissária).
Odebrecht Odebrecht:
Possível compensação: Benedicto Barbosa da Silva Júnior
Segundo Andrade Gutierrez, sua apresentação de proposta Geraldo Villin Prado
de cobertura para a Arena Pernambuco foi motivada pela Eduardo Soares Martins
apresentação de propostas de cobertura pela Odebrecht em
Brasília e em Manaus.

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Versão Pública

Segundo Odebrecht, a Arena Amazônia não foi


explicitamente objeto de compensação pela empresa.
Elaboração: SG/Cade

Tabela 17 – Supostas Condutas por Empresa no Estádio de Manaus/AM


EMPRESA SUPOSTAS CONDUTAS REPRESENTANTES
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
Andrade Marco Antônio Ladeira de Oliveira
Solicitação de Proposta de Cobertura
Gutierrez Márcio Bolívar de Andrade

Benedicto Barbosa da Silva Júnior


Odebrecht Apresentação de Proposta de Cobertura Geraldo Villin Prado
Eduardo Soares Martins
Camargo Correa Sem informação Sem informação
Elaboração: SG/Cade

213. O resultado da pré-qualificação foi publicado no Diário Oficial da União em


12.11.2009 (TCC com HC 39/2018 - Documento 44). Foram consideradas pré-qualificadas
somente a Andrade Gutierrez e a Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S.A. (atual
Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A.). A Camargo Corrêa foi
desclassificada.

214. Porém, conforme mencionado, em 17 de dezembro de 2009, o Ministério Público


Federal e o Ministério Público do Amazonas recomendaram o cancelamento do edital da
Concorrência n° 111/2009, por entender que ele continha inúmeras exigências que, no
entendimento do Ministério Público, diminuíam o caráter competitivo do certame109.

215. Em 25 de janeiro de 2010, a recomendação foi acatada e o certame foi cancelado.

216. Na mesma data, foi iniciada uma nova licitação, a Concorrência Nacional n°
017/2010/CGL. O edital de licitação foi publicado no Diário Oficial da União em 25 de
janeiro de 2010 (TCC com HC 39/2018 - Documento 45) e tinha por objeto contratação de
pessoa jurídica para a execução das obras civis, estrutura de cobertura metálica, estruturas
elétricas, estruturas hidráulicas, instalação dos sistemas de ar-condicionado, de segurança,
“broad-casting” e todos os demais ambientes contidos nos projetos da Arena Amazônia.

217. A sessão para a entrega e abertura das propostas foi realizada em 24.2.2010. As
propostas apresentadas estão detalhadas na tabela abaixo:

Tabela 18 - Lances para a licitação em Manaus/AM (Arena Amazônia)


DIFERENÇA
EMPRESAS/CONSÓRCIOS VALORES PERCENTUAL ENTRE
PROPOSTAS
Valor de referência do Projeto Básico R$ 505.582.052,08
Andrade Gutierrez S/A R$ 499.508.704,17 A proposta da Odebrecht foi
Odebrecht Serviços de Engenharia e R$ 504.746.793,70 aproximadamente 10,48%

109
Disponível em: http://www.pram.mpf.mp.br/institucional/acoes-do-mpf/recomendacao/2009/20091217%20-
%20Recomendacao%20Copa%202014.pdf

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 98 de 202


SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Construção S/A mais alta do que a proposta


da Andrade Gutierrez
Elaboração: SG/Cade

218. A homologação do resultado da licitação foi publicada no Diário Oficial do Estado


do Amazonas em 15 de março de 2010 (TCC com HC 39/2018 - Documento 46). O contrato
foi assinado em 1º de julho de 2010. Assim, a Andrade Gutierrez venceu o processo licitatório
para realização das obras do estádio de Manaus/AM (Arena Amazônia), como consta no
Contrato nº 044/2010 firmado entre a Andrade Gutierrez e a Secretaria de Estado de
Infraestrutura do Amazonas, entidade licitante, assinado em 1º de julho de 2010, conforme
previamente acordado entre as empresas concorrentes (AL - Documento 31).

219. A tabela abaixo traz as pessoas mencionadas na narrativa acima:

Tabela 19 - Pessoas Físicas participantes da conduta para


Arena Amazônia (Manaus/AM)
Fase II – Arena Amazônia (Manaus/AM)
Período de 09 de setembro de 2009 a 1º de julho de 2010

ANDRADE GUTIERREZ
Clóvis Renato Numa Peixoto (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez)
Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez)
Márcio Bolívar de Andrade (Diretor de Contrato da Andrade Gutierrez)
ODEBRECHT
Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Líder Empresarial da Área de Infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht)
Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
CAMARGO CORRÊA
Sem informação

III.2.3.1.2.3 RECIFE - Arena Pernambuco - Concorrência Internacional nº 001/2009 -


CGPE – Período de 21 de dezembro de 2009 a 15 de junho de 2010110

220. Para fins de contextualização, os Signatários e os Compromissários apresentaram a


linha do tempo abaixo, contendo os principais marcos do processo licitatório em questão,
confirmados pelo órgão licitante, Secretaria Executiva de Projetos Especiais – Projetos de
Parcerias Público-Privadas, da Secretaria de Administração, do Governo do Estado de
Pernambuco, por meio do Ofício 33/2017-SEPE (SEI 0386096):

110
De acordo com informações dos Signatários e dos Compromissários, confirmado pelo órgão licitante por
meio do Ofício 33/2017-SEPE (SEI 0386096), em 21 de dezembro de 2009, o Edital da Concorrência Pública
Internacional nº 001/2009 foi publicado, e, em 15 de junho de 2010, o contrato foi celebrado.

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Linha do Tempo - Arena Pernambuco (Recife/PE)

2º Semestre de 2008 1º Semestre de 2º Semestre de 2009 1ª Semestre de


2009 2010

Contatos do Apresentação Entrega do Período para Publicação no Recomendações


Governo do de Proposta de estudo de Consulta DOEPE do Aviso de feitas pelo
Estado de Manifestação viabilidade pela Pública Licitação da Ministério
Pernambuco de Interesse 10.8.2009 a
Odebrecht e Concorrência Público/PE ao
meados de pela CNO e ISG 9.9.2009 Internacional nº Edital
2008 ISG 12.1.2009 aproximadamente
(TCC - DOC. 001/2009 - CGPE
23.10.2008 11) 19.12.2009 3.2.2010
(TCC - DOC. (TCC - DOC. 12)
08)

1º Semestre de 2010

Republicação Sessão para o Decisão da CPL Publicação no Publicação no Publicação no


do Aviso de recebimento rejeitando a DOEPE do DOEPE Do DOEPE do
Licitação da de envelopes impugnação julgamento da julgamento da julgamento de
Concorrência 22.3.2010 realizada pela habilitação proposta técnica recurso interposto
nº 001/2009 - 30.3.2010 17.4.2010
CR Almeida pelo Consórcio
CGPE 18.3.2010 (TCC - DOC. (TCC - DOC. 21) Arena Pernambuco
4.2.2010
20)111 7.5.2010
(TCC - DOCs.
(TCC - DOC. 22)
07 e 13)

1º Semestre de 2010

Publicação no Publicação do Publicação no Assinatura do


DOEPE do Termo de DOEPE da contrato
resultado da Homologação convocação 15.6.2010
proposta e Adjudicação para a (TCC - DOC.
econômica do certame assinatura do 26)
13.5.2010 15.5.2010 contrato
(TCC - DOC. (TCC - DOC. 8.6.2010
23) 24) (TCC - DOC.
25)

Elaboração: SG/CADE

111
Ata de Julgamento de Habilitação (29.03.2010), juntado aos autos por meio do meio do Ofício 33/2017-SEPE
(SEI 0386096).

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221. A exploração da Arena Pernambuco, mediante concessão administrativa, foi


licitada por meio da Concorrência Internacional nº 001/2009 - CGPE, conduzida pelo Comitê
Gestor do Programa de Parcerias Público-Privadas de Pernambuco - CGPE, vinculado à
Secretaria de Planejamento e Gestão - SEPLAG, do Governo do Estado de Pernambuco, na
modalidade concorrência pública internacional do tipo técnica e preço (menor contraprestação
pública a ser paga pela concedente).

222. De acordo com o Edital da Concorrência Internacional nº 001/2009 (TCC com


HC 39/2018 - Documento 07), o objeto da licitação era a contratação de empresa visando à
“concessão administrativa para a exploração da Arena Multiuso da Copa 2014 no Estado de
Pernambuco”. O objeto da concessão administrativa, conforme Edital mencionado, constava
do Plano Estadual de Parcerias Público-Privadas aprovado pela CGPE.

223. Pelas informações prestadas pelo órgão licitante, pelos Signatários e pelos
Compromissários, tem-se o seguinte quadro de participações oficiais no certame:

Tabela 20 - Resumo sobre as licitações em Recife/PE (Arena Pernambuco)


Tipo de
Vencedor Habilitados Inabilitados Apresentaram Recursos
Contratação
Consórcio Cidade da Copa
(Odebrecht Investimentos
em Infraestrutura e
Consórcio Cidade da
Odebrecht Serviços de CR Almeida
Copa (Odebrecht
Contrato de Engenharia e Construção)
Investimentos em
Parceria Consórcio Arena Pernambuco
Infraestrutura e CR Almeida
Público- Consórcio Arena (Andrade Gutierrez / OAS)
Odebrecht Serviços de
Privada Pernambuco (Andrade – RECURSO ACATADO
Engenharia e
Gutierrez / OAS)
Construção)

Elaboração: SG/CADE.

224. Com relação aos acordos competitivos envolvendo a licitação, conforme


mencionado pelos Signatários, na reunião que muito possivelmente ocorreu em 18 de agosto
de 2008 (Fase I), as empresas Odebrecht e Queiroz Galvão manifestaram interesse pelos
projetos relativo ao estádio do Recife/PE (Arena Pernambuco). No entanto, os Signatários
informam que a Queiroz Galvão não chegou a apresentar proposta para este projeto.

225. Pelo Relatório Final da Comissão de Licitação do órgão licitante112, há menção de


que 30 empresas adquiriram o edital, dentre elas Construções e Comércio Camargo Corrêa
S.A., Construtora Queiroz Galvão S.A. e Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A. Na
sequência, 19 empresas realizaram a vistoria do local das obras, dentre elas, Construções e
Comércio Camargo Corrêa S.A., Construtora Queiroz Galvão S.A. e Carioca Christiani
Nielsen Engenharia S.A. Ao final, apenas dois consórcios apresentaram Garantia de Proposta
no dia 19.03.2010, um dia útil anterior ao da sessão de recebimentos das propostas.
112
Conforme documentação enviada por meio do Ofício 33/2017-SEPE (SEI 0386096), na Ata de Abertura
(22.03.2010) há menção de que diversas empresas adquiriram o edital, dentre elas Construções e Comércio
Camargo Corrêa SA, Construtora Queiroz Galvão SA e Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A. Também no
Relatório Final há menção a estas empresas como adquirentes do edital.

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226. De acordo com os Compromissários da Odebrecht, em meados de 2008 (antes da


definição das cidades-sede), João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para o
Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht) foi convocado para uma reunião com o ex-
governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A reunião teria ocorrido na sede do governo do
Estado de Pernambuco, no Palácio do Campo das Princesas, localizado na Praça da
República, s/n, Santo Antônio, em Recife. Durante a referida reunião, João Antônio Pacífico
Ferreira e Eduardo Campos discutiram os eventos da Copa do Mundo de 2014.

227. Segundo o Compromissário João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor


Superintendente para o Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht), o ex-governador
demonstrou preocupação quanto à possibilidade de Recife não ser escolhida como uma das
cidades-sede, visto que as opções de locais apresentados até aquele momento haviam sido
reprovadas pela Fédération Internationale de Football Association (“FIFA”).

228. Nessa ocasião, de acordo com Compromissário João Antônio Pacífico Ferreira
(Diretor Superintendente para o Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht), discutiu-se o
interesse da Odebrecht quanto à implantação de uma concessão no modelo de Parceria
Público-Privada (“PPP”) para fins de construção e operação de uma arena no Estado de
Pernambuco. Segundo informa, a estratégia da Odebrecht era de investir no setor de
entretenimento, de forma que a concessão de exploração de um estádio era compatível com os
interesses da empresa.

229. Na ocasião, a Odebrecht havia definido uma estratégia para os estádios da Copa do
Mundo de 2014 que privilegiava a disputa por contratações em modalidade de concessão de
serviços públicos (concessões simples ou parcerias público-privadas), em detrimento de
simples licitações de obras públicas. A Odebrecht avaliava à época que muitos dos estádios
licitados na segunda modalidade corriam risco de se transformarem em “elefantes brancos”,
gerando grande repercussão negativa para as empresas que os construíssem.

230. Nesse sentido, em 23.10.2008, a Odebrecht e a Brasil Empreendimentos Ltda.


(“ISG”), subsidiária da International Management (“IMG”), empresa inglesa com larga
experiência na área de entretenimento, apresentaram uma Proposta de Manifestação de
Interesse (“PMI”) ao Comitê Gestor do Programa Estadual de Parceria Pública Privada
(“CGPE”)113 (TCC com HC 39/2018 - Documento 08). Posteriormente, foi realizada a 12ª

113
Nos termos da Resolução Normativa Resolução Normativa nº 01, de 8.11.2007, do Comitê Gestor do
Programa Estadual de Parceria Público-Privada, revogada pelo Decreto Estadual nº 43.000, de 4.5.2016, as PMIs
têm por objetivo permitir a potenciais interessados a possibilidade de apresentar projetos, estudos, investigações
ou levantamentos para estruturação de empreendimentos objeto de concessão ou permissão de serviços públicos,
de parceria público privada, de arrendamento de bens públicos ou de concessão de direito real de uso. Em regra,
os interessados apresentam os estudos para a administração, que os utiliza na elaboração de editais para a
realização de licitação. A apresentação de PMI é uma etapa anterior à realização da licitação pela Administração
Pública, e pode ser solicitada por qualquer pessoa física ou jurídica. Embora a pessoa que tenha elaborado o
estudo possa participar da licitação, a PMI não assegura qualquer vantagem à pessoa física ou jurídica que tenha
elaborado os estudos autorizados durante o processo licitatórios a que se refere. Além disso, é importante notar
que caso os estudos sejam utilizados e o processo seja licitado, o Vencedor do certame é obrigado a ressarcir os
agentes empreendedores, que elaboraram os estudos. O valor estimado dos estudos é previamente aprovado pelo

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Reunião do CGPE que autorizou a realização dos estudos de viabilidade da PPP e projeto
básico pela Odebrecht e ISG para a construção, administração e exploração de um novo
estádio no Estado de Pernambuco, com todos os requisitos exigidos pela FIFA (TCC com
HC 39/2018 - Documento 09). Os Compromissários esclarecem que a ISG não tinha
conhecimento de qualquer acordo anticompetitivo.

231. Assim, a Odebrecht e a ISG contrataram empresas especializadas para o


desenvolvimento do estudo, o qual foi entregue em 12.1.2009. O estudo de viabilidade foi
aprovado na 13ª Reunião Ordinária do CGPE, realizada em 13.1.2009 (TCC com HC
39/2018 - Documento 10). Após a aprovação, o governo do Estado de Pernambuco submeteu
o processo de licitação à consulta pública, publicada no Diário Oficial do Estado de
Pernambuco em 8.8.2009 (TCC com HC 39/2018 - Documento 11), cujo prazo de
contribuição foi de 10.8.2009 a 9.9.2009.

232. Em 19.12.2009, foi publicado o Aviso de Licitação da Concorrência (TCC com


HC 39/2018 - Documento 12), com o agendamento da sessão pública para entrega de
envelopes no dia 5.2.2010. No entanto, aproximadamente 02 dias antes da data de entrega, o
Ministério Público do Estado de Pernambuco apresentou diversas recomendações ao edital e
seus respectivos anexos, com a finalidade de conferir maior competitividade ao certame. As
recomendações foram incorporadas pelo Estado do Pernambuco e o edital foi republicado em
4.2.2010 (TCC com HC 39/2018 - Documento 13). A sessão para o recebimento dos
envelopes foi adiada para o dia 22.3.2010.

233. Nesse cenário, os Compromissários esclareceram que o ex-governador Eduardo


Campos teria manifestado grande preocupação diante da possibilidade de haver apenas um
licitante no certame, ainda que cumpridas todas as recomendações do Ministério Público do
Estado de Pernambuco. Assim, a fim de reduzir os riscos de questionamentos sobre o
processo licitatório por falta de competitividade, Eduardo Campos teria insistido com a
Odebrecht para que houvesse outro concorrente.

234. Dessa forma, o Compromissário João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor


Superintendente para a Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht) relata que
entrou em contato com o Signatário Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente
Comercial da Andrade Gutierrez) para solicitar a apresentação de proposta de cobertura pela
Andrade Gutierrez em contrapartida à proposta de cobertura que havia sido apresentada
pela Odebrecht na licitação do Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF).

235. O Compromissário João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para a


Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht) informa que comunicou a Benedicto
Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht), seu superior, a situação colocada por Eduardo Campos
e a solução encontrada. Não soube dizer se Benedicto Barbosa da Silva Júnior chegou a
comentar algo com Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de
Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) sobre a Arena Pernambuco ou se Rodrigo Ferreiro

Estado e depois são apresentadas as devidas comprovações dos custos incorridos. Caso os estudos não sejam
utilizados, o agente empreendedor não tem direito a qualquer reembolso.

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Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez) comentou algo com o seu
superior Clóvis Renato Numa Peixoto Primo. Segundo o Compromissário Benedicto Barbosa
da Silva Júnior, apesar de ter tido conhecimento sobre o acordo, ele não se recorda de ter
tratado com Clóvis Renato Numa Peixoto Primo sobre a proposta de cobertura, pois o assunto
estava sendo tratado diretamente por João Antônio Pacífico Ferreira.

236. Os Signatários confirmam estes contatos entre João Antônio Pacífico Ferreira
(Diretor Superintendente para a Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht) e com
o Signatário Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade
Gutierrez), ressaltando que a Andrade Gutierrez apresentou a proposta de cobertura em
contrapartida pelo atendimento ao pedido de cobertura feito por ela à Odebrecht no Estádio
Mané Garrincha (Brasília/DF). Ressaltaram ainda que a empresa considerou também a Arena
Amazonas (Manaus/AM) para o atendimento da solicitação de cobertura, embora não tenha
sido objeto explícito tratado com João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente
para a Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht). A consideração da Arena
Amazonas (Manaus/AM) parece estar relacionada ao conhecimento mais geral de todas as
propostas paralelas em andamento, por parte do alto e do altíssimo escalão das empresas
envolvidas, ou seja, de contatos gerais entre Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor
Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) e Benedicto Barbosa da Silva
Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da
Odebrecht).

237. Os Signatários ressaltam que a Andrade Gutierrez não tinha interesse em vencer o
processo licitatório para a realização das obras da Arena Pernambuco, seja pela falta de
interesse e de proximidade com aquele estado, seja pela falta de estrutura da empresa naquela
localidade. Dessa forma, a participação da empresa no certame, segundo alegam, tinha o
único intuito de simular uma situação de concorrência, mediante apresentação de proposta de
cobertura para que a Odebrecht pudesse se sagrar vencedora do projeto.

238. Após o acordo entre o alto escalão, o Compromissário João Antônio Pacífico
Ferreira (Diretor Superintendente para a Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste da
Odebrecht) informa que designou Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da
Odebrecht) para coordenar com a Andrade Gutierrez a apresentação de proposta de cobertura
(proposta apresentada em 22.3.2010).

239. Dessa forma, em 20.1.2010, o Compromissário Júlio Cesar Duarte Perdigão


(Diretor de Investimento da Odebrecht) agendou um café da manhã com Helder Dantas
(Diretor da Andrade Gutierrez), que seria realizado no Hotel Blue Tree Beach Class e que
tinha como objetivo discutir a apresentação de proposta de cobertura pela Andrade Gutierrez
para a Odebrecht.

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Figura 32 - Documento 14 (TCC com HC 39/2018). Agendamento de Outlook de Júlio


Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da Odebrecht) de reunião realizada em
20.1.2010

240. De acordo com o Compromissário Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de


Investimento da Odebrecht), no referido café da manhã, Helder Dantas (Diretor da Andrade
Gutierrez) teria informado a Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da
Odebrecht) que não estava ciente da apresentação de proposta de cobertura, mas que
confirmaria a orientação com seu superior, Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente
Comercial da Andrade Gutierrez).

241. Após a confirmação de que deveria prosseguir com a apresentação de proposta de


cobertura, Helder Dantas (Diretor da Andrade Gutierrez) teria informado a Júlio Cesar Duarte
Perdigão (Diretor de Investimento da Odebrecht) que não teria equipe e nem tempo hábil
disponível para preparar a proposta de cobertura. Isso porque o edital continha exigência de
metodologia construtiva e de operação extremamente detalhada. Dessa forma, de acordo com
Júlio Cesar Duarte Perdigão, este informou a Helder Dantas que a Odebrecht se encarregaria
de elaborar a proposta técnica e econômica, que comporiam a proposta de cobertura.

242. O Compromissário Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da


Odebrecht) informou que realizou outros encontros com Helder Dantas (Diretor da Andrade
Gutierrez), em 27 de janeiro e 8 de março de 2010, durante os quais também foi discutida a
proposta de cobertura que seria apresentada pela Andrade Gutierrez para assegurar a vitória
do certame pela Odebrecht.

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Figura 33 - Documento 15 (TCC com HC 39/2018). Agendamento de Outlook de Júlio


Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da Odebrecht) de reunião realizada em
27 de janeiro de 2010

Figura 34 - Documento 16 (TCC com HC 39/2018). Agendamento de Outlook de Júlio


Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da Odebrecht) de reunião realizada em
8 de março de 2010

243. Vale ressaltar que, conforme documentos inseridos nos autos por meio do Ofício
33/2017-SEPE (SEI 0386096), compareceram na Ata de Abertura do Edital, no dia
22.03.2010, como credenciados para representar os consórcios habilitados, pelo consórcio
Andrade Gutierrez e OAS, Helder Dantas (Diretor da Andrade Gutierrez) e, pelo Consórcio
Cidade da Copa, Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da Odebrecht)114.
Também na Ata de Abertura da Proposta Econômica, em 10.05.2010, ambos compareceram e
assinaram a ata como procuradores regularmente constituídos115.

244. Entre as reuniões entre o Compromissário Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de
Investimento da Odebrecht) e Helder Dantas (Diretor da Andrade Gutierrez), ou seja, entre
27.1.2010 e 8.3.2010, os Signatários trouxeram informações sobre supostas reuniões ocorridas
também no alto escalão envolvendo a Arena Pernambuco. Segundo os Signatários, as
discussões entre as empresas também estão indicadas na agenda de Clóvis Renato Numa
Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez),

114
Documento ‘Ata de abertura da Licitação’, anexo do Ofício 33/2017-SEPE (SEI 0386096).
115
Documento ‘Ata de abertura Proposta Econômica’, anexo do Ofício 33/2017-SEPE (SEI 0386096).

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datada de 04.02.2010, em que consta reunião com João Antonio Pacífico Ferreira (Diretor-
Superintendente da Área Norte da Odebrecht) realizada no Rio de Janeiro (AL - Documento
26), conforme ilustrado abaixo.

Figura 35 - Documento 26 (AL) – Trecho da Agenda de Clóvis Renato Numa Peixoto


Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez)

245. Os Signatários esclarecem que a reunião constante do Documento 26 (AL) acima


teria ocorrido na mesma data em que foi adiada a entrega das propostas para a Arena
Pernambuco, de forma que a temática discutida na reunião se relacionou a tal adiamento.

246. Além disso, outro suposta reunião ocorrida durante as conversas entre João
Antonio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para a Região Norte, Nordeste e Centro-
Oeste da Odebrecht) e Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da
Andrade Gutierrez) foi um almoço realizado no restaurante “Alcaparras”, no Rio de
Janeiro116, em 24.02.2010 (AL - Documento 28), como indicado a seguir. Ressalta-se que o
suposto almoço antecedeu em cerca de um mês a data da entrega das propostas, que ocorreu
em 22.03.2010.

Figura 36 - Documento 28 (AL) – Trecho da agenda de Rodrigo Ferreira Lopes da Silva


(Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez)

116
Os Signatários mencionam que o restaurante Alcaparras está localizado na Praia do Flamengo, 150, Rio de
Janeiro/RJ.

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247. Com relação ao acordo de apresentação de proposta de cobertura entre Andrade


Gutierrez e Odebrecht, ambas as empresas confirmaram o ajuste anticompetitivo. Há indícios
também de participação da OAS no ajuste anticompetitivo envolvendo a Arena Pernambuco.
Uma proposta do consórcio Andrade Gutierrez e OAS envolveria o comprometimento de
recursos financeiros, humanos e jurídicos da OAS, tornando improvável sua participação no
consórcio sem conhecimento de que se tratasse de uma proposta de cobertura.

248. Além disso, de acordo com a Compromissária Odebrecht, a OAS foi incluída no
consórcio com a Andrade Gutierrez por questões técnicas, tendo em vista que a Andrade
Gutierrez não era capaz de cumprir todos os requisitos técnicos do edital sem uma parceira.
Os Compromissários esclareceram que não são capazes de lembrar se fizeram contato direto
com a OAS ou se o contato foi feito pela própria Andrade Gutierrez.

249. De acordo com os Compromissários, a Odebrecht elaborou também a proposta


econômica para o consórcio formado por Andrade Gutierrez e OAS. Nesse sentido, a
Compromissária localizou em seus arquivos a planilha referente a essa proposta de preço
(TCC com HC 39/2018 - Documento 17) elaborada pela Odebrecht para ser apresentada
pelo consórcio formado pela Andrade Gutierrez e OAS:

Figura 37 - Documento 17 (TCC com HC 39/2018). Proposta de cobertura elaborada


pela Odebrecht para o Consórcio formado pela Andrade Gutierrez e OAS

250. Como se vê, a planilha indica que os valores se referiam à proposta de outro
proponente, e não da Odebrecht. Os Compromissários não sabem informar se a proposta
econômica foi integralmente utilizada pelo consórcio formado pela Andrade Gutierrez e pela
OAS. Apenas para efeito comparativo, os Compromissários apresentaram a proposta
comercial que contém planilha referente a proposta de preço vencedora apresentada pela
Odebrecht (TCC com HC 39/2018 - Documento 18).

251. Este fato foi confirmado pela Signatária, que afirmou que a proposta de cobertura
apresentada pelo consórcio composto pela Andrade Gutierrez e OAS foi elaborada pela
Odebrecht e entregue à Andrade Gutierrez, apenas para assinatura e apresentação na data
estipulada pelo órgão licitante. Os Signatários destacam que as propostas de cobertura, em

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geral, eram elaboradas por cada empresa individualmente, sem um padrão pré-estabelecido.
Apenas, era informado, pela empresa a ser a vencedora, o limite de preço que seria ofertado
por ela e, consequentemente, as demais empresas apresentavam suas propostas com preços
superiores. A única exceção a essa regra, conforme narrado, teria sido no âmbito do processo
licitatório de Recife, em que a proposta de cobertura a ser apresentada pela Andrade Gutierrez
e OAS foi elaborada pela Odebrecht.

252. Dessa forma, tem-se o seguinte quadro de acordos anticompetitivos em


investigação envolvendo a Arena Pernambuco, em Recife/PE:

Tabela 21 - Supostos Acordos anticompetitivos para Recife/PE (Arena Pernambuco)


EMPRESAS SUPOSTOS ACORDOS ANTICOMPETITIVOS REPRESENTANTES
Andrade Gutierrez apresentaria proposta de cobertura
para a Odebrecht.

Proposta foi apresentada. Andrade Gutierrez:


Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
Acordo confirmado por ambas as empresas Rodrigo Ferreira Lopes da Silva
Andrade (Signatária e Compromissária). Helder Dantas
Gutierrez -
Odebrecht Compensação: Odebrecht:
Confirmada por ambas as empresas. Apresentação de Benedicto Barbosa da Silva Júnior
proposta de cobertura pela Andrade Gutierrez, a pedido João Antônio Pacífico Ferreira
da Odebrecht, para a Arena Pernambuco foi motivada Júlio César Duarte Perdigão
pela apresentação de proposta de cobertura pela
Odebrecht, a pedido da Andrade Gutierrez, em Brasília.

Andrade
OAS e Andrade Gutierrez teria simulado parceria para
Gutierrez –
viabilizar a apresentação de proposta de cobertura para a
OAS -
Odebrecht.
Odebrecht
Elaboração: SG/CADE.

Tabela 22 - Supostas condutas por Empresa para Recife/PE (Arena Pernambuco)


EMPRESA CONDUTA REPRESENTANTES
Apresentação de Proposta de Cobertura
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
Andrade Rodrigo Ferreira Lopes da Silva
Formação de Consórcio para viabilizar a
Gutierrez Helder Dantas117
apresentação de Proposta de Cobertura

Benedicto Barbosa da Silva Júnior


João Antônio Pacífico Ferreira
Júlio César Duarte Perdigão
Solicitação de Proposta de Cobertura
Odebrecht

117
Conforme arquivo SEI 0601318, enviado mediante Ofício 06/2019-SEPPAR/SEDUH (SEI 0601315), os três
representantes constam na Procuração da empresa Andrade Gutierrez, com poderes para representá-la perante o
Comitê Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas – CGPE, do Estado de Pernambuco,
incluindo a Comissão de Licitação.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 109 de 202


SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Formação de Consórcio para viabilizar a


OAS118 apresentação de Proposta de Cobertura Sem Informação

Elaboração: SG/CADE.

253. Dando continuidade à linha do tempo da licitação, a CR Almeida S.A. Engenharia


de Obras (“CR Almeida”) apresentou impugnação ao edital de concorrência119, a respeito de
requisitos necessários à qualificação técnico-operacional, como a comprovação de operação,
manutenção e conservação de obra de arenas com no mínimo 30.000 usuários. A Comissão
Permanente de Licitação, por sua vez, rejeitou a impugnação da CR Almeida (TCC com HC
39/2018 - Documento 19), sob o fundamento de que havia legalidade em exigências mínimas,
desde que pertinentes ao objeto licitante. Além disso, a própria FIFA mantinha exigências
quanto à construção e manutenção dos estádios que seriam sede dos jogos.

254. No dia 30.3.2010, foi publicado no Diário Oficial do Estado do Pernambuco o


julgamento de habilitação da Concorrência nº 001/2009 (TCC com HC 39/2018 -
Documento 20), em que foram julgados habilitados o Consórcio Cidade da Copa (formado
pela Odebrecht Investimentos em Infraestrutura Ltda. – atual Odebrecht Participações e
Investimentos S.A. – e Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S.A. - atual
Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A. – duas empresas do Grupo
Odebrecht), bem como o Consórcio Arena Pernambuco (formado pela Andrade Gutierrez e
pela OAS). Os referidos consórcios foram os únicos proponentes, não tendo havido outras
propostas de outras empresas ou consórcios.

255. Em 17.4.2010, foi publicado no Diário Oficial do Estado do Pernambuco o


julgamento da proposta técnica da Concorrência nº 001/2009 (TCC com HC 39/2018 -
Documento 21). De acordo com a referida publicação, foi considerado classificado apenas o
Consórcio Cidade da Copa, formado por empresas do Grupo Odebrecht. O Consórcio Arena
Pernambuco, formado pela Andrade Gutierrez e pela OAS, foi considerado desclassificado
“por obter nota técnica inferior à mínima exigida”.

256. Os Compromissários da Odebrecht esclareceram que isso ocorreu porque a


proposta foi elaborada em pouco tempo, o que pode ter ocasionado erros que levaram à
desclassificação do Consórcio Arena Pernambuco, formado pela Andrade Gutierrez e pela
OAS.

257. O Consórcio Arena Pernambuco interpôs recurso quanto à decisão que


desclassificou o consórcio do certame. O recurso foi apresentado a pedido da Odebrecht para
assegurar que não apenas a Odebrecht seria habilitada. A Comissão Permanente de Licitação
acatou o recurso e decidiu pela classificação do Consórcio Arena Pernambuco, conforme

118
Conforme arquivo SEI 0601318, enviado mediante Ofício 06/2019-SEPPAR/SEDUH (SEI 0601315),
constam na Procuração da empresa OAS, com poderes para representá-la perante o Comitê Gestor do Programa
Estadual de Parcerias Público-Privadas – CGPE, do Estado de Pernambuco, incluindo a Comissão de Licitação,
as seguintes pessoas: Paulo Roberto Venuto, Elmar Juan Passos Varjão Bomfim, Renato de Barros Correia
Matos e Charles Maia Galvão.
119
Decisão da Comissão sobre Impugnação ao Edital pela CR Almeida, juntado aos autos por meio do meio do
Ofício 33/2017-SEPE (SEI 0386096).

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 110 de 202


SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

publicação no Diário Oficial do Estado do Pernambuco em 7.5.2010 (TCC com HC 39/2018


- Documento 22).120

258. O resultado do julgamento da proposta de preço da Concorrência nº 001/2009 foi


publicado no Diário Oficial do Estado do Pernambuco em 13.5.2010 (TCC com HC 39/2018
- Documento 23). Nos termos do acordo feito com a Andrade Gutierrez, o Consórcio Cidade
da Copa foi declarado vencedor do certame, com oferta de R$ 379.263.314,00, em
contrapartida à proposta de cobertura do Consórcio Arena Pernambuco no valor de
R$ 385.548.786,22.

259. As propostas apresentadas estão detalhadas na tabela abaixo:

Tabela 23 - Lances para a licitação em Recife/PE (Arena Pernambuco)


PROPOSTA VALOR DIFERENÇA
PERCENTUAL ENTRE
PROPOSTAS
Consórcio Cidade Copa (Odebrecht) R$ 379.263.314,00 A proposta apresentada por
Andrade Gutierrez/OAS foi
Consórcio Arena Pernambuco (Andrade aproximadamente 1,65%
R$ 385.548.786,22
Gutierrez/OAS) mais alta do que a proposta
da Odebrecht
Valor Presente Líquido do Fluxo da
R$ 385.548.786,22
Contraprestação Pública121
Valor máximo de Ressarcimento dos
Investimentos na Obra (RIO) Estado do R$ 389.032.000,00
Pernambuco122
Elaboração: SG/CADE.

260. O Termo de homologação e adjudicação do certame foi publicado em 15.5.2010


no Diário Oficial do Estado do Pernambuco (TCC com HC 39/2018 - Documento 24)123.

261. Em 8.6.2010, foi publicada a convocação para a assinatura do contrato (TCC com
HC 39/2018 - Documento 25), o qual foi celebrado em 15.6.2010 (TCC com HC 39/2018 -
Documento 26). O valor do contrato, conforme cláusula 7, foi de R$ 379.263.314,00, na data
base maio de 2009, sendo este o Valor Presente Líquido do Fluxo da Contraprestação Pública
(Cláusula 32). Em 21.12.2010, houve o primeiro Termo Aditivo ao Contrato. O segundo
Termo Aditivo ocorreu em 15.8.2011, o terceiro Termo Aditivo em 5.12.2011 e o quarto

120
Decisão de Recurso Administrativo, juntado aos autos por meio do meio do Ofício 33/2017-SEPE (SEI
0386096).
121
Nos termos do Edital da Concorrência nº 001/2009, o Valor Presente Líquido do Fluxo da Contraprestação
Pública corresponde ao valor presente líquido da Contraprestação Básica da Concedente para Operação da Arena
(“CBOA”) estimada ao longo dos anos da concessão administrativa, somada ao Ressarcimento dos
Investimentos na Obra (“RIO”), considerando a taxa de desconto indicada no item 14.4 do Edital.
122
Nos termos do Edital da Concorrência nº 001/2009, o Ressarcimento dos Investimentos da Obra (“RIO”) é a
parcela da contraprestação pública a ser reembolsada pela concedente à concessionária, em parcela única, 30 dias
após o início da operação da arena, em valor a ser indicado na proposta econômica do adjudicatário, limitado ao
valor máximo de 75% do valor dos investimentos na obra de construção da arena.
123
Adjudicação pela comissão, juntado aos autos por meio do meio do Ofício 33/2017-SEPE (SEI 0386096).

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 111 de 202


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Versão Pública

Termo Aditivo em 31.10.2013. Finalmente, o valor total contratado foi de


R$ 465.804.000,00124.

262. A tabela abaixo traz as pessoas físicas mencionadas acima:

Tabela 24 - Pessoas Físicas participantes da conduta para Arena Pernambuco (Recife/PE)


Fase II – Arena Pernambuco (Recife/PE)
período de 21 de dezembro de 2009 a 15 de junho de 2010

ANDRADE GUTIERREZ
Clóvis Renato Numa Peixoto (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez)
Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez)
Helder Dantas (Diretor da Andrade Gutierrez)
ODEBRECHT
Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Líder Empresarial da Área de Infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para o Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht)
Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de Investimento da Odebrecht)
OAS
Sem Informação125

III.2.3.1.2.4 FORTALEZA - Arena Castelão - Concorrência Pública Internacional


Reformulado n° 20090004/SEESP - Período de 30 de dezembro de 2009 a 26 de
novembro de 2010126

263. Para fins de contextualização, os Compromissários Odebrecht e Carioca


apresentaram a linha do tempo abaixo, contendo os principais marcos do processo licitatório
em questão, confirmados pelo órgão licitante, Secretaria do Esporte - Governo do Estado de
Ceará, por meio do Ofício GABSEC 478/2017 (SEI 0380987):

124
Os Compromissários esclareceram que os valores históricos nunca correspondem ao valor efetivamente
faturado, substancialmente em função do reajustamento (correção monetária) previsto em contrato. O
reajustamento impacta o valor efetivamente faturado, o que explica a diferença entre os valores históricos e o
valor efetivamente faturado.
125
Conforme arquivo SEI 0601318, enviado mediante Ofício 06/2019-SEPPAR/SEDUH (SEI 0601315),
constam na Procuração da empresa OAS, com poderes para representá-la perante o Comitê Gestor do Programa
Estadual de Parcerias Público-Privadas – CGPE, do Estado de Pernambuco, incluindo a Comissão de Licitação,
as seguintes pessoas: Paulo Roberto Venuto, Elmar Juan Passos Varjão Bomfim, Renato de Barros Correia
Matos e Charles Maia Galvão.
126
De acordo com informações dos Signatários e dos Compromissários, confirmado pelo órgão licitante por
meio do Ofício GABSEC 478/2017 (SEI 0380987), em 30 de dezembro de 2009, o Edital da Concorrência
Pública Internacional nº 2009004 foi publicado, e, em 26 de novembro de 2010, o contrato foi celebrado.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 112 de 202


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COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Linha do Tempo - Arena Castelão (Fortaleza/CE)

2º Semestre de 2009 1º Semestre de 2010

Publicação no Sessão de Ata da Comissão -


Edital de Publicação no Publicação no DOU do Aviso Abertura da Habilitação
Concorrência Diário Oficial DOU do Aviso de Adiamento Concorrência 25.3.2010
Pública do Estado do de Licitação da Sessão de Pública (TCC - DOC. 11)
Internacional nº Aviso de da Abertura da Internacional nº
2009004 Licitação da Concorrência Concorrência 2009004 Publicação no
(TCC - DOC. Concorrência Pública Pública 17.3.2010 DOU da análise
08) Pública Internacional Internacional (TCC - DOC. de documentação
Internacional nº 2009004 nº 2009004 10) de habilitação
nº 2009004 13.01.2010 27.1.2010 26.3.2010
30.12.2009 (TCC - DOC. (TCC - DOC. (TCC - DOC. 57)
(TCC - DOC. 53) 21)
07)

2º Semestre de 2010

Ata da Comissão – Assinatura do Contrato de


Atas da Comissão –
Julgamento dos Recursos Resultado final da Concessão Administrativa no
Abertura Propostas e
11.05.2010 Concorrência Pública DOU nº 001/2010
Julgamento de Novos
(TCC - DOC. 12) Internacional nº 26.11.2010
Recursos
27.07.2010 e 15.09.2010 2009004
3.11.2010 Publicação de
(TCC - DOCs. 13 e 14)
(TCCs - DOC. 15 e 58) Extrato do Contrato
no Diário Oficial do Estado
14.12.2010
(TCC - DOC. 17)
Elaboração: SG/CADE

264. As contratações para a Arena Castelão foram licitadas por meio da Concorrência
Pública Internacional Reformulado n° 20090004/SEESP (Edital - TCC com HC 38/2018 -
08)127. O Aviso de Licitação foi publicado no Diário Oficial do Estado em 30 de dezembro de
2009 (TCC com HC 38/2018 - 07) e no Diário Oficial da União em 13 de janeiro de 2010
(TCC com HC 39/2018 - Documento 53). O edital tinha por objeto a formação de “Parceria
Público-Privada para a reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio
Plácido Aderaldo Castelo (Castelão) na Cidade de Fortaleza, Estado do Ceará, para
recebimento de partidas da Copa do Mundo de 2014, conforme determinações da FIFA, bem
como para a construção, operação e manutenção de edifício de estacionamento de veículos,
conforme recomendações da FIFA e a construção e manutenção do edifício-sede da
Secretaria do Esporte do Estado do Ceará”.

127
Edital consta da documentação recebida por meio do Ofício GABSEC 478/2017 (SEI 0380987) – Arquivo
01-CP-20090004-SESPORTE-PASTA-01, com início na pág. PDF 49.

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Versão Pública

265. Após adiamento (Aviso de Adiamento em 27 de janeiro de 2010 - TCC com HC


38/2018 - Documento 21)128, a sessão para a abertura das propostas foi marcada para ocorrer
no dia 17.3.2010, o que fato ocorreu conforme Ata da Comissão de Licitação juntada aos
autos (TCC com HC 38/2018 - Documento 10)129.

266. Pelas informações prestadas pelo órgão licitante e pelos Compromissários


Odebrecht e Carioca, tem-se o seguinte quadro de participações oficiais no certame:

Tabela 25 - Resumo sobre as licitações em Fortaleza/CE (Arena Castelão)


Tipo de Vencedor Habilitados Inabilitados Apresentaram
Contratação Recursos
Odebrecht Serviços Consórcio Novo Consórcio Novo
de Engenharia e Castelão (Carioca Castelão (Carioca
Contrato de Consórcio Arena Construção S.A. Christiani Nielsen Christiani Nielsen
Parceria Multiuso Castelão Engenharia S.A., Engenharia S.A.,
Público- (Galvão Engenharia Pós Recurso: Somague Engenharia Somague Engenharia
Privada S.A., Serveng Consórcio Novo S.A, Construtora S.A, Construtora
Civilsan S.A., BMW Castelão (Carioca Queiroz Galvão S.A. Queiroz Galvão S.A. e
Tecnologia de Christiani Nielsen e Fujita Engenharia Fujita Engenharia Ltda)
Informação Ltda) Engenharia S.A., Ltda)
Somague Engenharia Consórcio Marquise-
S.A, Construtora Consórcio Marquise- EIT-CVS (Construtora
Queiroz Galvão S.A. EIT-CVS (Construtora Marquise S.A, EIT
e Fujita Engenharia Marquise S.A, EIT Empresa Industrial
Ltda) Empresa Industrial Técnica S.A e CVS
Técnica S.A e CVS Construção S.A.)
Consórcio Marquise- Construção S.A.)
EIT-CVS
(Construtora
Marquise S.A, EIT
Empresa Industrial
Técnica S.A e CVS
Construção S.A.)

Elaboração: SG/CADE.

267. Com relação aos acordos competitivos envolvendo a licitação, os Signatários


relataram que, durante a Fase I, os seis concorrentes participantes do suposto cartel – Andrade
Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca, Queiroz Galvão, OAS e Odebrecht – manifestaram
interesse em ganhar determinados projetos da Copa do Mundo de 2014. Com relação ao
projeto de Fortaleza/CE (Arena Castelão), houve sobreposição de interesses entre a Carioca
Engenharia e a Queiroz Galvão. Ressaltaram ainda que a Carioca Engenharia e a Queiroz
Galvão formaram um consórcio para participar do processo licitatório de Fortaleza/CE (Arena
Castelão), em uma tentativa de conciliar os interesses de ambas as empresas.

128
Edital consta da documentação recebida por meio do Ofício GABSEC 478/2017 (SEI 0380987) – Arquivo
ARQUIVO 02-CP-20090004-SESPORTE-PASTA-02, na pág. PDF 374.
129
Ata da Comissão de 17.03.2010 consta da documentação recebida por meio do Ofício GABSEC 478/2017
(SEI 0380987) – Arquivo 03-CP-20090004-SESPORTE-PASTA-03, págs. PDF 158-159.

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Versão Pública

268. Com relação à Arena Castelão, os Compromissários Odebrecht e Carioca


confirmaram acordos anticompetitivos envolvendo a licitação, além de trazer detalhes dos
contatos efetuados entre ambas as empresas. A Compromissária Carioca afirmou ainda que
informou à Queiroz Galvão, integrante do consórcio formado pela Carioca, sobre o acordo
anticompetitivo.

269. A Compromissária Carioca informou que o Edital de Concorrência Pública


Internacional Reformulado nº 2009004 para a constituição de “Parceria Público-Privada para
reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio Plácido Aderaldo Castelo
(Castelão)” tomava por base o projeto produzido a partir dos estudos técnicos, econômicos e
financeiros preparados pela Compromissária, Somague e Fujita. Neste sentido, inclusive o
Edital continha previsão de ressarcimento dos custos de respectivos estudos a tais empresas.

270. Os Compromissários da Carioca relatam então que, em 24 de dezembro de 2008,


antes mesmo da confirmação das cidades-sede da Copa do Mundo, a Compromissária
solicitou à Secretaria do Esporte do Estado do Ceará autorização para a realização de estudos
técnicos, econômicos e financeiros necessários à análise de viabilidade e estruturação de
projeto de PPP para a qualificação e implementação de estádio de futebol no município de
Fortaleza (TCC com HC 39/2018 – Documento 01), tendo obtido autorização do Governo
do Ceará para realização desse projeto em 30 de janeiro de 2009 (TCC com HC 39/2018 -
Documento 02).

271. Os Compromissários da Carioca ressaltam que a Queiroz Galvão não participou da


elaboração dos estudos técnicos e estruturação do projeto das obras da Arena Castelão,
conforme se pode verificar no item 18.2 do Edital de Concorrência Pública Internacional
Reformulado nº 20090004 (TCC com HC 39/2018 - Documento 08), que indica a
composição do consórcio apenas por Carioca Engenharia, Somague e Fujita.

Figura 38 – Documento 08 (TCC com HC 39/2018 ) – Item 18.2 do Edital de


Concorrência Pública Internacional Reformulado nº 20090004

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Versão Pública

272. Assim, a Queiroz Galvão não teve envolvimento com os estudos e o projeto da
PPP, liderado pela Compromissária anteriormente à eleição de Fortaleza/CE como cidade-
sede da Copa do Mundo. A Queiroz Galvão passou a integrar o consórcio posteriormente, em
razão de ser uma empresa de maior porte que a Compromissária e, portanto, capaz de
contribuir financeira e tecnicamente com o consórcio, além de ter forte atuação no estado do
Ceará.

273. Segundo os Compromissários, após as tratativas entre as empresas indicadas


acima, deu-se a assinatura do Termo de Compromisso de Constituição do Consórcio Novo
Castelão, em 01.03.2010 (TCC com HC 38/2018 - Documento 09), estabelecendo as
seguintes participações: Compromissária (líder) 34%; Somague 23%; Queiroz Galvão 28%; e
Fujita 15%. Os Compromissários reiteram que a Somague e a Fujita não tinham
conhecimento e não participaram de quaisquer discussões relacionadas à conduta
anticompetitiva objeto deste Histórico da Conduta, diferentemente da Queiroz Galvão, que
tinha ciência deste arranjo, dada pelos próprios Compromissários da Carioca a Rui
Novais Dias (Diretor Comercial da Queiroz Galvão)130 e Gustavo Souza (Diretor de Políticas
Comerciais da Queiroz Galvão).

274. Em relação ao ajuste anticompetitivo, os Compromissários da Carioca relatam que,


com a aproximação da data de entrega das propostas, temendo que o “Consórcio Novo
Castelão” fosse o único participante do certame, o Compromissário Ricardo Pernambuco
Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia) ligou para Benedicto Barbosa
da Silva Junior (Diretor-Presidente da Odebrecht) e solicitou que a Odebrecht participasse de
referida concorrência, mediante a apresentação de proposta simulada, não competitiva, com o
que o executivo da concorrente concordou.

275. Tal fato foi confirmado pelo Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior
(Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da
Odebrecht), que afirmou ter sido procurado por Ricardo Pernambuco Backheuser Junior
(Presidente da Carioca Engenharia), que solicitou que a Odebrecht apresentasse proposta de
cobertura para a Carioca Engenharia na licitação referente à Arena Castelão. Conforme
explicado por Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ele tinha relação próxima com Ricardo
Pernambuco Backheuser Junior. Tendo em vista que a Odebrecht não tinha interesse na
referida obra, Benedicto Barbosa da Silva Júnior concordou em apresentar a proposta de
cobertura solicitada pela Carioca Engenharia.

276. Dessa forma, o Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor


Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
solicitou a Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht) que apoiasse a
Carioca Engenharia no que fosse necessário para a apresentação da proposta de cobertura
solicitada. O Compromissário Geraldo Villin Prado, por sua vez, designou o Compromissário

130
Documentos juntado aos autos pelo OFICIO GABSEC 478/2017 (SEI 0380987), do órgão licitante: a) Termo
de Compromisso de Constituição de Consórcio, constando Rui Novais Dias como um dos representantes da
Queiroz; b) Carta de Credenciamento do Consórcio perante o órgão licitante: consta o nome de Rui Novais Dias
dentre a relação de nomes. / FORTALEZA: ARQUIVO 03-CP-20090004-SESPORTE-PASTA-03: Carta de
Credenciamento - Consorcio: consta nome de Rui Novais Dias (pág. PDF 125).

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COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)131 para a


elaboração da proposta de cobertura, o que foi feito com as informações fornecidas por José
Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia).

277. De acordo com a Compromissária Carioca, após essa ligação de Ricardo


Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia) para Benedicto
Barbosa da Silva Junior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht), os Compromissários Marcelo Antonio Carvalho
Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca
Engenharia) e José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de Desenvolvimento de Novos
Negócios da Carioca Engenharia) relatam terem discutido a apresentação da proposta de
cobertura pela Odebrecht, na véspera da data marcada para tanto, com Geraldo Villin Prado
(Diretor de Desenvolvimento de Negócios Estruturados da Odebrecht) e Eduardo Soares
Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios Estruturados da Odebrecht). Segundo os
Compromissários, a Compromissária Carioca elaborou, na íntegra, a proposta de cobertura
que foi apresentada pela Odebrecht de forma a simular a competitividade do certame. Tendo
em vista se tratar de proposta técnica, consistente no mero preenchimento de planilhas, o
documento não apresentava grande complexidade em ser produzido.

278. Nesse contexto, em 3.3.2010, José Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de


Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia) teria iniciado os contatos com Eduardo
Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) para tratar da
proposta de cobertura que seria apresentada pela Odebrecht para a Carioca Engenharia,
conforme cadeia de e-mails abaixo, envolvendo mensagens de 3.3.2010 a 16.3.2010132 (TCC
com HC 39/2018 - Documento 54), que traz ainda menção prévia de contato entre Marcelo
Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos
negócios da Carioca Engenharia) e Geraldo Villin Prado (Diretor de Desenvolvimento de
Negócios Estruturados da Odebrecht):

131
Documentos juntado aos autos pelo OFICIO GABSEC 478/2017 (SEI 0380987), do órgão licitante: a)
Procurações da Odebrecht (12.03.2010 e 28.05.2010) tendo Eduardo Soares Martins como seu representante
perante o órgão licitante; b) Credenciamento da Odebrecht perante o órgão licitante: credencia Eduardo Soares
Martins; c) Consta a presença de Eduardo Soares Martins na Ata da Reunião da Comissão em 17.03.2010; d)
diversas comunicações do órgão licitante ao longo do certame foram enviadas à Eduardo Soares Martins
(esmartins@odebrecht.com); e) Carta de Apresentação dos Documentos de Habilitação (15.03.2010), bem como
declarações necessárias conforme edital são assinadas por Eduardo Soares Martins como representante
legal/procurador da empresa.
132
A sessão para a abertura das propostas ocorreu no dia 17.3.2010, conforme Ata da Comissão de Licitação
juntada aos autos (TCC com HC 38/2018 - Documento 10).

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Figura 39 - Documento 54 (TCC com HC 39/2018). Cadeia de e-mails entre José Camilo
Teixeira Carvalho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia)
para Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)

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279. Como se vê pela cadeia de e-mails acima, em 3.3.2010, José Camilo Teixeira
Carvalho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia) envia mensagem
para Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
intitulada “Concerto Casa São Paulo”, por meio da qual pede que Eduardo Soares Martins
entre em contato com ele para tratar da entrega de “convites”. Os Compromissários
esclareceram que o termo “concerto” se tratava, na realidade, da licitação para a Arena
Castelão.

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280. Alguns dias depois, em 8.3.2010, José Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia) envia nova mensagem para Eduardo
Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), dizendo que
precisava falar com ele em caráter de urgência. Eduardo Soares Martins responde no dia
11.03.2010, dizendo que faria contato com José Camilo Teixeira Carvalho no dia seguinte.

281. No dia seguinte, 12.3.2010, alguns dias antes da entrega da proposta, que seria
17.3.2010, José Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da
Carioca Engenharia) envia nova mensagem para Eduardo Soares Martins (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), afirmando que os “convites” seriam entregues
no dia 15.3.2010, dois dias antes da entrega da proposta. Além disso, afirma que já estão
alinhados sobre a “ajuda no concerto”.

282. Em 16.3.2010, Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios


da Odebrecht) encaminha a mensagem de José Camilo Teixeira Carvalho para João Borba
Filho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht). Eduardo Soares Martins
afirma que “14:00 será a entrega no local 17/03”, fazendo referência à data da entrega da
proposta. Os Compromissários esclareceram que Eduardo Soares Martins encaminhou a
referida mensagem a João Borba Filho apenas porque ele atuava como apoio de Benedicto
Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht). Em razão da natureza de sua função, por participar de
forma eventual em vários projetos concomitantemente como apoio do Líder empresarial,
Eduardo Soares Martins quis dar ciência do andamento do projeto a ele.

283. Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)


esclareceu que a proposta de cobertura foi preparada, com auxílio da Carioca, na sua íntegra
no dia anterior ao dia da apresentação da proposta, em 16.3.2010.

284. Em 17.03.2010 foi realizada a sessão pública inaugural da Concorrência do


Castelão, na qual houve a apresentação de documentação de habilitação e propostas,
conforme Ata da Comissão de Licitação juntada aos autos (TCC com HC 38/2018 -
Documento 10). Apresentaram documentação (i) o Consórcio Arena Multiuso, formado por
Galvão Engenharia S.A., Serveng-Civilsan S.A. e BWA Tecnologia de Informação Ltda., (ii)
o Consórcio Marquise-EIT-CVS (Construtora Marquise S.A., EIT Empresa Industrial Técnica
S.A. e CVS Construtora S.A.), (iii) o Consórcio Novo Castelão, formado pela
Compromissária, Queiroz Galvão, Fujita e Somague, e (iv) a Odebrecht133.

285. O resultado das habilitações foi divulgado em reunião da Comissão Central de


Concorrências do Estado do Ceará, realizada em 25.03.2010 (TCC com HC 38/2018 -

133
Documentos juntado aos autos pelo OFICIO GABSEC 478/2017 (SEI 0380987), do órgão licitante: a) Consta
a presença de Eduardo Soares Martins na Ata da Reunião da Comissão em 17.03.2010; b) Carta de Apresentação
dos Documentos de Habilitação (15.03.2010), bem como declarações necessárias conforme edital são assinadas
por Eduardo Soares Martins como representante legal/procurador da empresa.

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Documento 11)134, restando inabilitados os Consórcios “Arena Multiuso Castelão” e “Novo


Castelão”, e habilitados o Consórcio Marquise EIT-CVS e a Odebrecht.

286. Dois dias antes (23.05.2010), o Compromissário Eduardo Soares Martins (Diretor
de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) envia mensagem eletrônica para Geraldo
Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht) para informar que compareceria à
sessão (TCC com HC 39/2018 - Documento 55).

Figura 40 – Documento 55 (TCC com HC 39/2018). Mensagem eletrônica enviada por


Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) para
Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht)

287. Durante a sessão de habilitação (25.03.2010), Eduardo Soares Martins (Diretor de


Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) envia mensagem eletrônica a Benedicto
Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente Líder Empresarial da área de infraestrutura
no Brasil da Odebrecht), Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht) e João
Borba Filho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) para reportar os
andamentos da sessão (TCC com HC 39/2018 - Documento 56) e refere-se à habilitação da
Odebrecht como tendo sido uma “missão cumprida”. Os Compromissários esclareceram que
João Borba Filho estava copiado no e-mail apenas porque atuava como apoio de Benedicto
Barbosa da Silva Júnior. Em razão da natureza de sua função, por participar de forma eventual
em vários projetos concomitantemente como apoio do Líder empresarial, Eduardo Soares
Martins quis dar ciência do andamento do projeto a ele. Além disso, os Compromissários
também esclareceram que João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para o
134
Ata da Comissão de 25.03.2010 consta da documentação recebida por meio do Ofício GABSEC 478/2017
(SEI 0380987) – Arquivo 03-CP-20090004-SESPORTE-PASTA-03, págs. PDF 184-185.

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Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht) estava copiado no e-mail apenas porque a obra
estava localizada em sua área de atribuição:

Figura 41 – Documento 56 (TCC com HC 39/2018). Mensagem eletrônica enviada por


Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)

288. Os Compromissários esclareceram que o termo “missão cumprida” foi utilizado no


sentido de ter sido cumprida a promessa de apresentação da proposta de cobertura solicitada
pela Carioca Engenharia.

289. Dessa forma, tem-se o seguinte quadro de acordos anticompetitivos em


investigação envolvendo a Arena Pernambuco, em Recife/PE:

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Tabela 26 - Supostos Acordos anticompetitivos para Fortaleza/CE (Arena Castelão)


EMPRESAS ACORDOS ANTICOMPETITIVOS REPRESENTANTES
Carioca:
Ricardo Pernambuco B. Junior
Marcelo Antônio Carvalho Macedo
Carioca –
Formação de consórcio para participar do processo José Camilo Teixeira Carvalho
Queiroz
licitatório, como uma forma de compor seus
Galvão
interesses e evitar competição. Queiroz Galvão:
Rui Novais Dias
Gustavo Souza
Odebrecht apresentaria proposta de cobertura para
a Carioca. Carioca:
Ricardo Pernambuco B. Junior
Carioca –
Proposta foi apresentada. Marcelo Antônio Carvalho Macedo
Odebrecht
José Camilo Teixeira Carvalho
Acordo confirmado por ambas as empresas
(com
(Signatária e Compromissária). Odebrecht:
conhecimento
Benedicto Barbosa da Silva Júnior
da Queiroz
Conhecimento, por parte da Queiroz Galvão, da Geraldo Villin Prado
Galvão)
solicitação de cobertura feita pela Carioca à Eduardo Soares Martins
Odebrecht. João Borba Filho

Elaboração: SG/CADE

Tabela 27 – Supostas Condutas por Empresa para Fortaleza/CE (Arena Castelão)


EMPRESA CONDUTA REPRESENTANTES
Ricardo Pernambuco B. Junior
Solicitação de Proposta de Cobertura
Marcelo Antônio Carvalho Macedo
Carioca
José Camilo Teixeira Carvalho
Formação de Consórcio para acomodar interesses
Benedicto Barbosa da Silva Júnior
Geraldo Villin Prado
Odebrecht Apresentação de Proposta de Cobertura
Eduardo Soares Martins
João Borba Filho
Formação de Consórcio para acomodar interesses
Queiroz Rui Novais Dias
Galvão Gustavo Souza
Conhecimento sobre a proposta de cobertura
Elaboração: SG/CADE

290. O resultado da habilitação foi publicado no Diário Oficial da União em 26.3.2010


(TCC com HC 39/2018 - Documento 57). Conforme exposto acima, foram declarados
inabilitados o Consórcio Arena Multiuso Castelão (formado por Galvão Engenharia S.A,
Serveng Civilsan S.A e BWA Tecnologia de Informação Ltda.) e o Consórcio Novo Castelão
(formado pela Carioca Engenharia, Somague Engenharia S.A. do Brasil, Queiroz Galvão e
Fujita Engenharia Ltda.). Por outro lado, foram considerados habilitados o Consórcio
Marquise-EIT-CVS (formado pela Construtora Marquise S.A., EIT Empresa Industrial
Técnica S.A. e CVS Construtora S.A.) e Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S.A.
(atual Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A.).

291. Após a apresentação de recursos por parte dos consórcios inabilitados, a Comissão
Central de Concorrências do Estado do Ceará deu provimento aos recursos e decidiu pela

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habilitação dos consórcios “Arena Multiuso Castelão” e “Novo Castelão”, consoante ata de
reunião realizada em 11.05.2010 (TCC com HC 38/2018 - Documento 12). Deste modo,
todos os participantes foram habilitados para a abertura de suas propostas técnicas e
comerciais, conforme sessão pública realizada em 01.06.2010 e reunião da Comissão Central
de Concorrências de 27.07.2010 (TCC com HC 38/2018 - Documento 13).

292. Os Compromissários da Carioca esclarecem que houve atraso na avaliação da


proposta técnica do “Consórcio Arena Multiuso Castelão”, pois o “Consórcio Novo Castelão”
havia interposto o Mandado de Segurança nº. 31389-15.2010.8.06.0000/0, com o objetivo de
anular o ato de habilitação do “Consórcio Arena Multiuso Castelão”, o que resultou em
decisão liminar impedindo a avaliação da proposta técnica deste consórcio. Assim, enquanto a
nota técnica das propostas dos demais participantes foi divulgada na reunião da Comissão de
Licitação realizada em 01.06.2010, a nota técnica da proposta do “Consórcio Arena Multiuso
Castelão” foi divulgada apenas em 27.07.2010.

293. Após análise das propostas comerciais, na reunião da Comissão Central de


Concorrências, de 15.09.2010 (TCC com HC 38/2018 - Documento 14), o “Consórcio Arena
Multiuso Castelão”, composto pelas empresas Galvão Engenharia, Serveng Civilsan e BWA
Tecnologia, que não havia participado dos ajustes anticompetitivos e, no melhor entendimento
dos Compromissários da Carioca, apresentou proposta competitiva, sagrou-se vencedor da
Concorrência do Castelão, em função da apresentação de proposta com menor preço.

294. Ao final, após julgamento de todos os recursos e análise da Comissão, o resultado


das notas das propostas apresentadas foi o seguinte, conforme publicação, em 3.11.2010, no
Diário Oficial da União da homologação do vencedor, tendo o Consórcio Arena Multiuso
Castelão (formado por Galvão Engenharia S.A, Serveng Civilsan S.A e BWA Tecnologia de
Informação Ltda.) vencido a licitação (TCC com HC 38/2018 - Documento 15; TCC com
HC 39/2018 - Documento 58)135:

Tabela 28 - Lista de empresas que requereram habilitação na Concorrência Castelão


e Resultado das Notas Técnicas na Concorrência Castelão
Resultado final Nota de Nota
Participou Habilitada/
Empresa/Consórcio Recurso da Habilitação/ Preço Final
do acordo? Inabilitada
Inabilitação
Consórcio Arena Multiuso 100,00 97,00
Não Castelão - Inabilitado SIM Habilitado
Galvão/Serveng/BWA
Consórcio Marquise-EIT- 90,47 96,188
Não Habilitado SIM136 Habilitado
CVS – Marquise/EIT/CVS
Consórcio Novo Castelão - 37,03 74,212
Sim Carioca Engenharia/Fujita/ Inabilitado SIM Habilitado
Somague/ Queiroz Galvão
24,24 62,496
Sim Odebrecht Habilitada NÃO Habilitado
Elaboração: SG/CADE

135
Publicação no Diário Oficial da União consta da documentação recebida por meio do Ofício GABSEC
478/2017 (SEI 0380987) – Arquivo 08-CP-20090004-SESPORTE- PASTA-08.
136
Requerendo a ratificação da inabilitação dos Consórcios Arena Multiuso Castelão e Novo Castelão.

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Tabela 29 - Resultado Final Concorrência Castelão


Empresa Colocação
Consórcio Arena Multiuso Castelão - 1ª colocada /
Galvão/Serveng/BWA Vencedora
Consórcio Marquise-EIT-CVS –
2ª colocada
Marquise/EIT/CVS
Consórcio Novo Castelão - Carioca
Engenharia/Fujita/ Somague/ Queiroz 3ª colocada
Galvão
Odebrecht 4ª colocada
Elaboração: SG/CADE

295. Os Compromissários da Carioca relatam que, em decorrência da derrota no


referido certame, a Compromissária foi parcialmente ressarcida pelas despesas incorridas com
a formulação dos estudos técnicos e da estruturação do projeto de PPP (TCC com HC
38/2018 - Documento 16), tendo recebido o reembolso no valor total de R$ 5.814.654,72
(cinco milhões, oitocentos e quatorze mil, seiscentos e cinquenta e quatro reais e setenta e
dois centavos).

296. Por fim, o Governo do Estado do Ceará celebrou, em 26.11.2010, o Contrato de


Concessão com a Sociedade de Propósito Específico Arena Castelão Operadora de Estádios
S.A., resultante do Consórcio Arena Multiuso Castelão, cujo extrato foi publicação no Diário
Oficial do Estado em 14.12.2010 (TCC com HC 38/2018 - Documento 17)137.

297. No entender da Compromissária Carioca, a derrota do Consórcio Novo Castelão se


deu pela apresentação de proposta, desalinhada ao ajuste anticompetitivo descrito, pelo
Consórcio Arena Multiuso Castelão, formado pelas empresas Galvão Engenharia S.A.,
Serveng-Civilsan S.A. e BWA Tecnologia de Informação Ltda., com menor preço global.

298. A tabela abaixo traz os participantes das condutas relatadas acima:

Tabela 30 - Pessoas Físicas participantes da conduta


para Arena Castelão (Fortaleza/CE)
Fase II – Arena Castelão (Fortaleza/CE)
período de 30 de dezembro de 2009 a 26 de novembro de 2010

CARIOCA
Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia)
José Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia)
Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da
Carioca Engenharia)

137
Contrato e publicação do extrato do contrato no Diário Oficial do Estado constam da documentação recebida
por meio do Ofício GABSEC 478/2017 (SEI 0380987).

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ODEBRECHT
Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Líder Empresarial da Área de Infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht)
Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
João Borba Filho (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht)
QUEIROZ GALVÃO
Rui Novais Dias (Diretor Comercial da Queiroz Galvão)
Gustavo Souza (Diretor de Políticas Comerciais da Queiroz Galvão)

III.2.3.1.2.5 RIO DE JANEIRO - Estádio do Maracanã - Concorrência Nacional n°


045/2010/SEOBRAS - Período de 02 de junho de 2010 a 11 de agosto de 2010138

299. Para fins de contextualização, os Signatários e os Compromissários apresentaram a


linha do tempo abaixo, contendo os principais marcos do processo licitatório em questão,
confirmados pelo órgão licitante, Secretaria de Estado de Obras - SEOBRAS, do Governo do
Estado do Rio de Janeiro, por meio do Ofício SEOBRAS/GSE 1198/2017 (SEI 0380390):

Linha do Tempo - Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ)

1º Semestre de 2010 2º Semestre de 2010

Aviso de Licitação Entrega Sessão de Sessão de Sessão de Publicação no


da Concorrência das Abertura da divulgação da Divulgação do DOERJ do
Nacional nº Propostas Concorrência análise de Resultado da resultado da
045/2010 5.7.2010 Nacional nº documentação Habilitação após habilitação e dos
2.6.2010 Errata 045/2010 de habilitação análise dos recursos
(TCC - DOC. 47) 7.7.2010 15.7.2010 23.7.2010 10.8.2010
Recursos, com
abertura dos (TCC - DOC. 50)
Envelopes de
Preços
10.8.2010
(TCC - DOC. 19)

2º Semestre de 2010

Resultado Final da Publicação Assinatura do


Concorrência Publicação
no DOERJ Contrato nº
Nacional nº no DOERJ
da 101/2010
045/2010 do Extrato
homologação 11.8.2010
10.8.2010 do Contrato
e adjudicação (AL – DOC.
nº 101/2010
da licitação 33; TCC -
12.8.2010
11.8.2010 DOC. 52)

Elaboração: SG/CADE

138
De acordo com informações dos Signatários, dos Compromissários e do órgão licitante, por meio do Ofício
SEOBRAS/GSE 1198/2017 (SEI 0380390), em 02 de junho de 2010, foi publicado o Edital para a Concorrência
Nacional nº 045/2010, e, em 11 de agosto de 2010, o contrato foi celebrado (AL - Documento 33).

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300. As contratações para o Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, foram licitadas por
meio da Concorrência Nacional n° 045/2010/SEOBRAS139. O Aviso de Licitação foi
publicado no Diário Oficial do Estado, em 02.06.2010, com o valor estimado de R$
720.139.000,01 (TCC com HC 39/2018 - 47). O edital tinha por objeto a elaboração de
projeto executivo e execução de obras de reforma e adequação do Complexo do Maracanã no
Município do Rio de Janeiro/RJ.

301. Pelas informações prestadas pelo órgão licitante, pelos Signatários e pelos
Compromissários, tem-se o seguinte quadro de participações oficiais no certame:

Tabela 31- Resumo sobre a licitação no Rio de Janeiro/RJ (Estádio Maracanã)


Tipo de Vencedor Habilitados Inabilitados Apresentaram
Contratação Recursos
Consórcio Novo Maracanã
(Paulitec/ Estacon/ Recoma) Consórcio Novo
Contrato de Consórcio Consórcio Maracanã (Paulitec/
Obra Pública Maracanã Rio 2014 Maracanã Rio Consórcio Novo Maracanã Estacon/ Recoma)
(Andrade 2014 (Andrade (Construtora Queiroz
Gutierrez / Gutierrez / Galvão e Carioca Consórcio Novo
Odebrecht / Delta) Odebrecht / Christiani-Nielsen Maracanã (Construtora
Delta) Engenharia) Queiroz Galvão e
Carioca Christiani-
Consórcio Construcap- Nielsen Engenharia)
OAS Cetenco-Convap
Consórcio Construcap-
Consórcio Brasil 2014 Cetenco-Convap
(Sanerio Engenharia Ltda.,
BA Engenharia e Meio
Ambiente Ltda. e Hexagonal
Construções Ltda.)
Elaboração: SG/CADE

302. Conforme já reportado pelos Signatários, na reunião que teria ocorrido em 18 de


agosto de 2008 (Fase I), as empresas Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, OAS e
Odebrecht teriam manifestado interesse pelos projetos relativo ao estádio do Rio de
Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã). Diante disso, afirmam que foram iniciadas tratativas entre
tais empresas.

303. De acordo com os Compromissários da Odebrecht, entre os anos de 2008 e 2009, a


International Stadia Group (“ISG”) e a Odebrecht se reuniram e firmaram acordo privado
para iniciar estudos e propor ao Governo do Estado do Rio de Janeiro um modelo para a
privatização do Maracanã. Os estudos foram realizados e custaram às empresas por volta de
R$ 10 milhões.

139
Edital inserido nos autos por meio do Ofício SEOBRAS/GSE 1198/2017 (SEI 0380390) – Arquivo Processo
E-17-000.592-2010 - Volume XI, págs PDF 41-84. Aviso de Edital igualmente inserido no mesmo arquivo, pág.
PDF 302.

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304. Contudo, os Compromissários esclareceram que o Governo do Estado do Rio de


Janeiro desistiu da privatização do Estádio, e optou por fazer uma licitação para a reforma do
Maracanã, consoante o regime de contratação de obras públicas da Lei de Licitações.

305. De acordo com as informações prestadas, no final de 2009, o Compromissário


Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht) informou ao Compromissário Marcos Vidigal do
Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht) sobre a desistência do Governo do Estado e sobre
a realização de licitação pública regida pela Lei de Licitações para a reforma do Estádio.

306. Além disso, o Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior ainda informou
ao Compromissário Marcos Vidigal do Amaral que a Andrade Gutierrez faria parte do
consórcio a ser formado para a participação na licitação, na proporção de 70% para a
Odebrecht e 30% para a Andrade Gutierrez. O Compromissário Benedicto Barbosa da Silva
Júnior esclareceu que a distribuição da participação no consórcio foi discutida e definida por
ele e o Signatário Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios
do Norte da Andrade Gutierrez). Além disso, Benedicto Barbosa da Silva Júnior esclareceu
que essa distribuição foi definida com base nas regras que tinham sido discutidas durante a
tentativa de estabelecimento de parceria entre as empresas. Na ocasião, discutiu-se que essa
seria a distribuição nos potenciais consórcios e que caberia à empresa líder a participação de
70%, de modo que a outra empresa ficaria com 30%.

307. Esta interação entre Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e
Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht) e Clóvis Renato Numa
Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) foi
confirmada pela Signatária.

308. Os Signatários complementam que, em troca da participação da Andrade Gutierrez


(30%) no consórcio para a realização das obras de reforma do Estádio do Maracanã, Clóvis
Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade
Gutierrez) comprometeu-se com Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente
e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht), a conceder à Odebrecht
30% de eventual participação futura da Andrade Gutierrez nas obras de construção do estádio
localizado em Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão), observando a mesma proporção no
Estádio do Maracanã (30% e 70%). No entanto, apesar da existência de tratativas sobre o
assunto, os Signatários ressaltam que tal compensação jamais ocorreu, uma vez que a
Andrade Gutierrez decidiu não participar do processo licitatório relativo às obras do estádio
de futebol de Belo Horizonte (MG) (Estádio Mineirão), pois foi definido pela entidade
licitante que a obra seria realizada por meio de PPP, modalidade que não era de interesse da
empresa.

309. A partir de então, Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht)


esclareceu que passou a estudar a obra. Marcos Vidigal do Amaral informou que, num
primeiro momento, a análise da obra foi feita internamente, sem a participação da Andrade
Gutierrez. A equipe de trabalho ficava baseada em um escritório do Grupo Odebrecht,
localizado na Rua Fonseca Telles, nº 114, no bairro de São Cristóvão - RJ.

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310. Após algum tempo, o Compromissário Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de


Contrato da Odebrecht) foi procurado pelo Signatário Alberto Quintaes (Diretor Comercial da
Andrade Gutierrez), solicitando que os técnicos designados pela Andrade Gutierrez passassem
a fazer parte dos grupos técnicos responsáveis pela análise da obra.

311. Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht) esclareceu que a


primeira reunião que incluiu técnicos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez foi realizada no
escritório do Grupo Odebrecht, localizado na Rua Fonseca Telles, nº 114, no bairro de São
Cristóvão, Rio de Janeiro. A reunião teve o objetivo de apresentar os status dos estudos até
então realizados. Marcos Vidigal do Amaral esclareceu que também foram realizadas algumas
reuniões técnicas com a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (“EMOP”)
para avaliar se algum estudo realizado anteriormente, na época em que a obra seria realizada
em regime de PPP, poderia ser aproveitado. Marcos Vidigal do Amaral esclareceu que
nenhum trabalho já realizado pôde ser aproveitado.

312. De acordo com informações apresentadas por Benedicto Barbosa da Silva Júnior
(Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da
Odebrecht), em data próxima à data da realização da audiência pública140, que ocorreu no
final de janeiro de 2010, ele foi procurado pelo então Governador do Estado do Rio de Janeiro
que lhe informou que a Delta deveria participar do consórcio formado pela Odebrecht e pela
Andrade Gutierrez, com um percentual de 30%. Isto significaria uma readequação das
participações no consórcio. Segundo a Signatária, a Andrade Gutierrez teria 21% (vinte e um
por cento) do consórcio para a realização das obras de reforma do Maracanã, enquanto que a
Odebrecht seria detentora de 49% (quarenta e nove por cento) do consórcio, e a Delta de 30%
(trinta por cento).

313. Conforme documento SEI 0527301141, há fortes indícios de que a participação da


DELTA no consórcio por influência do então Governador do Estado do Rio de Janeiro tenha
sido confirmada por Fernando Antônio Cavendish Soares (Presidente do Conselho de
Administração da Delta) em interrogatório prestado em juízo do Rio de Janeiro. Fernando
Antônio Cavendish Soares teria dito que, em razão de sua proximidade com o então
Governador, teria solicitado a este uma intermediação com a Odebrecht para a formação de
um consórcio com a participação da DELTA para a licitação do Estádio do Maracanã.

314. O Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior esclareceu que transmitiu a


informação de inclusão da DELTA para Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da
Odebrecht), encarregando-o de tomar as providências necessárias para implementar a
imposição que teria sido feita pelo então governador.

140
Ata de Audiência Pública realizada em 28.01.2010 foi inserida nos autos por meio do Ofício SEOBRAS/GSE
1198/2017 (SEI 0380390) – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 - Volume XI, pág. PDF 309.
141
Menção à Fernando Antônio Cavendish Soares em algumas páginas da Sentença proferida pela 7ª Vara
Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro (Processo 0017513-21.2014.4.02.5101
(2014.51.01.017513-9), dentre elas págs. PDF 77, 136.

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315. O Compromissário Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht)


esclareceu que, pouco tempo depois de ter sido informado da participação da Delta no
consórcio, foi procurado por Paulo Meriade Duarte (Diretor Comercial da Delta)142, que
solicitou que os técnicos designados pela Delta passassem a fazer parte dos grupos técnicos
responsáveis pela análise da obra.

316. O aviso da licitação foi publicado em 2.6.2010 (TCC com HC 39/2018 -


Documento 47) e despertou interesse de várias empresas do mercado. No total, 41 empresas
retiraram o edital, mas apenas 15 participaram da licitação, isoladamente ou em consórcio. Os
participantes foram os seguintes: (i) Consórcio Sanerio/BA Engenharia e Meio
Ambiente/Hexagonal Construções; (ii) Consórcio Construcap/Cetenco/Convap; (iii)
Consórcio Queiroz Galvão/Carioca Christiani Nielsen; Consórcio Paulitec
Construções/Estacon Engenharia/Recoma Construções, Comércio e Indústria; (iv) Consórcio
Odebrecht Serviços de Engenharia e Construções/Andrade Gutierrez/Delta Construções
e (v) Construtora OAS.

317. O Compromissário Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht)


informou que o Signatário Alberto Quintaes (Diretor Comercial da Andrade Gutierrez) e
Paulo Meriade Duarte (Diretor Comercial da Delta) possuíam relações com várias das
empresas interessadas no certame e o informaram que iriam procurá-las para pedir que não
participassem da concorrência, oferecendo como contrapartida uma mesma postura em outros
processos licitatórios. Dessa forma, os representantes das empresas participantes do consórcio
teriam feito contato com representantes de outras empresas para estabelecer acordos para a
apresentação de propostas de cobertura, para que o consórcio formado pela Andrade
Gutierrez, Odebrecht e Delta se sagrasse vencedor do certame.

318. Durante o mês de abril de 2010, o Compromissário Marcos Vidigal do Amaral


(Diretor de Contrato da Odebrecht) relata que se encontrou, no escritório da Odebrecht na
Praia de Botafogo, n° 300, com Marcelo Duarte Ribeiro (Gerente Comercial da OAS), que
estava em uma reunião sobre outro assunto. O encontro ocorreu provavelmente no dia
8.4.2010, conforme demonstrado pelo registro de entrada de Marcelo Duarte Ribeiro no
prédio do Grupo Odebrecht no Rio de Janeiro (TCC com HC 39/2018 - Documento 48).
Marcos Vidigal do Amaral informa que, então, aproveitou a oportunidade para solicitar a
Marcelo Duarte Ribeiro que a OAS apresentasse proposta de cobertura para a licitação do
Maracanã.

142
Consta da documentação inserida nos autos por meio do Ofício SEOBRAS/GSE 1198/2017 (SEI 0380390):
a) Carta de Credenciamento da DELTA para a licitação: consta o nome de Dinarte Cirilo de Sousa – Arquivo
Processo E-17-000.592-2010 - Volume XII, pág. 623; b) Procuração DELTA: consta o nome de Dinarte Cirilo
de Sousa – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 - Volume XXII, pág. 390; c) Instrumento Particular de
Compromisso de Constituição de Consórcio: representa a DELTA Dinarte Cirilo de Sousa e/ou Paulo Meriade
Duarte – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 - Volume XXII, págs. 399-408; d) Declarações da DELTA na
proposta de habilitação: todas assinadas por Dinarte Cirilo de Sousa – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 -
Volume XXV, pág. 149, 218, 234 e 357; e) Contrato 101-2010 (11.08.2010): representa a DELTA Paulo
Meriade Duarte – Arquivo E-17-000.592-10 Volume XLII, págs. 106-127; f) Assinatura dos Termos Aditivos
até a saída da DELTA do consórcio: representada por Paulo Meriade Duarte; g) Solicitação de saída da DELTA:
representada por Paulo Meriade Duarte – Arquivo E-17-000.592-10 Volume XLII, págs. 194-195.

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Figura 42 - Documento 48 (TCC com HC 39/2018). Registro de Portaria

319. De acordo com Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht),


não houve a negociação de contrapartida naquele momento. Marcelo Duarte Ribeiro (Gerente
Comercial da OAS) concordou com a apresentação da proposta de cobertura e informou que
daria andamento internamente, na OAS. Marcos Vidigal do Amaral esclareceu que reportou
essas informações para Alberto Quintaes (Diretor Comercial da Andrade Gutierrez) e Paulo
Meriade Duarte (Diretor Comercial da Delta). Marcos Vidigal do Amaral esclareceu que não
se recorda sobre o modo como o valor da proposta de cobertura foi determinado. De acordo
com a sua melhor recordação, ele teria informado a Marcelo Duarte Ribeiro o valor da
proposta que seria apresentada pelo consórcio liderado pela Odebrecht e teria solicitado que a
proposta de cobertura tivesse valor elevado.

320. Os Compromissários da Odebrecht informaram que possuíam uma preocupação


específica com as chances de vitória do consórcio formado por Estacon/Paulitec/Recoma,
visto que, de acordo com a melhor recordação dos Compromissários, o consórcio poderia
atender a todos os itens de habilitação técnica do edital de concorrência. Por exemplo, a
Estacon já havia realizado as obras do estádio Mangueirão e, com isso, teria atestação técnica
para cumprir os requisitos do edital.

321. Assim, de acordo com o informado pelos Compromissários da Odebrecht, Alberto


Quintaes (Diretor Comercial da Andrade Gutierrez) teria solicitado a realização de uma
reunião com representantes das empresas que formavam o referido consórcio, notadamente as
empresas Paulitec Construções, Estacon Engenharia e Recoma Construções, Comércio e
Indústria. A reunião teria sido realizada no canteiro de obras da Odebrecht em Botafogo,
localizado na Rua Prof. Álvaro Rodrigues, nº 321, e contou com a participação de Marcos
Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht), Alberto Quintaes, Paulo Meriade
Duarte (Diretor Comercial da Delta), um representante da Estacon, que foi possivelmente
Eduardo Bittar, um representante da Paulitec, que foi possivelmente Marcio dos Santos e um
representante da Recoma, Sérgio Schild. Durante a referida reunião, foi solicitado aos
representantes do consórcio que apresentassem proposta de cobertura em favor da Odebrecht,
da Andrade Gutierrez e da Delta.

322. Os Compromissários da Odebrecht informaram ainda que teria sido realizada outra
reunião em São Paulo, no escritório da empresa Paulitec Construções, situado na Avenida
Lineu de Paula Machado, n° 1000, Cidade Jardim. A reunião realizada em São Paulo contou
com a participação de Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht), Alberto
Quintaes (Diretor Comercial da Andrade Gutierrez), Dinarte Cirilo Sousa (Coordenador de

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Licitações da Delta)143, um representante da Estacon, que foi possivelmente Eduardo Bittar,


um representante da Paulitec, que foi possivelmente Marcio dos Santos e um representante da
Recoma, Sérgio Schild.

323. As duas reuniões ocorreram entre os meses de junho e julho de 2010. A segunda
reunião ocorreu possivelmente no dia 12.7.2010 ou 13.7.2010, conforme demonstrativo de
despesa de aquisição de passagem para Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da
Odebrecht) (TCC com HC 39/2018 - Documento 49).

Figura 43 - Documento 49 (TCC com HC 39/2018).


Demonstrativo de despesa de aquisição de passagem

324. Porém, de acordo com os Compromissários, os representantes das empresas que


faziam parte do consórcio Estacon/Paulitec/Recoma não teriam concordado em apresentar
proposta de cobertura para o consórcio formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta.

325. Além disso, os Compromissários da Odebrecht esclareceram que também foi feito
contato com representante da Queiroz Galvão, possivelmente com Gustavo Souza (Diretor
143
Consta da documentação inserida nos autos por meio do Ofício SEOBRAS/GSE 1198/2017 (SEI 0380390):
a) Carta de Credenciamento da DELTA para a licitação: consta o nome de Dinarte Cirilo de Sousa – Arquivo
Processo E-17-000.592-2010 - Volume XII, pág. 623; b) Procuração DELTA: consta o nome de Dinarte Cirilo
de Sousa – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 - Volume XXII, pág. 390; c) Instrumento Particular de
Compromisso de Constituição de Consórcio: representa a DELTA Dinarte Cirilo de Sousa e/ou Paulo Meriade
Duarte – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 - Volume XXII, págs. 399-408; d) Declarações da DELTA na
proposta de habilitação: todas assinadas por Dinarte Cirilo de Sousa – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 -
Volume XXV, pág. 149, 218, 234 e 357; e) Contrato 101-2010 (11.08.2010): representa a DELTA Paulo
Meriade Duarte – Arquivo E-17-000.592-10 Volume XLII, págs. 106-127; f) Assinatura dos Termos Aditivos
até a saída da DELTA do consórcio: representada por Paulo Meriade Duarte; g) Solicitação de saída da DELTA:
representada por Paulo Meriade Duarte – Arquivo E-17-000.592-10 Volume XLII, págs. 194-195.

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Comercial da Queiroz Galvão), para igualmente solicitar que a empresa apresentasse proposta
de cobertura para o consórcio formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta. De acordo
com os Compromissários, o representante da Queiroz Galvão teria dito que a empresa não
possuía atestados suficientes para apresentar proposta de cobertura. No entanto, Marcos
Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht) insistiu para que a Queiroz Galvão
apresentasse a referida proposta, mesmo sabendo da possibilidade de desclassificação da
Queiroz Galvão. De acordo com o Marcos Vidigal do Amaral, não houve a negociação de
contrapartida naquele momento.

326. Os Compromissários da Odebrecht não se recordam se fizeram contato com a


Carioca Engenharia, que apresentou proposta de cobertura em consórcio com a Queiroz
Galvão. Os Compromissários esclareceram que a liderança do consórcio foi exercida pela
Queiroz Galvão144.
327. Com relação à participação da Carioca no consórcio com a Queiroz Galvão, a
Compromissária Carioca reconheceu que os Compromissários acreditavam, de início, que a
participação da Compromissária – e sua respectiva desistência, se fosse o caso – pudesse
servir como potencial “moeda de troca”, no futuro, em negociações com agentes políticos
ligados ao Governo do Estado para outros potenciais projetos naquele estado. Neste contexto,
a Compromissária veio a se consorciar, em 09/07/2010, com a Queiroz Galvão (TCC com
HC 38/2018 - Documento 18 – Termo de Constituição de Consórcio), que assumiu a
liderança do então denominado Consórcio Novo Maracanã.

328. O Compromissário Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da


Carioca Engenharia) relata, então, que, em 15/07/2010, o Consórcio Novo Maracanã
apresentou sua proposta para participar do certame. O Compromissário tinha fortes indícios
de que, naquele momento, a proposta apresentada pelo Consórcio Novo Maracanã, cuja
preparação foi liderada pela Queiroz Galvão, tenha sido estruturada como uma proposta
simulada, não competitiva. No entanto, optaram por continuar participando do certame com
vistas a se beneficiar de uma situação gerada de “moeda de troca”, assumindo a conduta
anticompetitiva de apresentação de proposta simulada. O Compromissário Ricardo
Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia) relata ter tido
contato com Rui Novais Dias (Diretor de Políticas Comerciais da Queiroz Galvão).

329. De toda forma, relata a Compromissária Carioca que, em 23/07/2010, a Comissão


Especial de Licitação inabilitou o Consórcio Novo Maracanã, sob a justificativa de que este
não cumpria determinados requisitos editalícios, decisão da qual o Consórcio Novo Maracanã
recorreu no âmbito administrativo, tendo seu recurso sido indeferido pela Comissão Especial
de Licitação, na sessão de 10.8.2010, e mantido pelo então Secretário de Obras (TCC com

144
Conforme documentação inserida nos autos pela SEOBRAS, Maurício Rizzo, da Queiroz Galvão
representava a empresa e o consórcio perante o órgão licitante. Consta da documentação inserida nos autos por
meio do Ofício SEOBRAS/GSE 1198/2017 (SEI 0380390): a) Recibo da entrega do Edital à Construtora
Queiroz Galvão (18.06.2010): consta o nome de Gustavo Souza – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 -
Volume XI, pág. 370; b) Relatório de comparecimento à visita técnica: consta o nome de Maurício Rizzo –
Arquivo Processo E-17-000.592-2010 - Volume XII, págs. 63-65; c) Carta de Credenciamento da Queiroz
Galvão perante o órgão licitante: consta o nome de Maurício Rizzo – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 -
Volume XII, págs. 111-125; d) Carta de Credenciamento do Consórcio Queiroz Galvão-Carioca: consta o nome
de Maurício Rizzo – Arquivo Processo E-17-000.592-2010 - Volume XII, págs. 577-580.

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HC 38/2018 - Documento 19 – Ata da Sessão de Divulgação do Resultado da Concorrência


Nacional nº 45/2010, de 10/08/2010). Em 10.8.2010 foi publicado no Diário Oficial do Estado
do Rio de Janeiro o resultado da habilitação e dos recursos (TCC com HC 39/2018 -
Documento 50).

330. Segundo a Compromissária Carioca, diante da inabilitação do Consórcio Novo


Maracanã, a Compromissária optou por não apresentar recurso, pois tomou conhecimento de
que o consórcio ao qual a Odebrecht pertencia – o Consórcio Maracanã Rio 2014 – já havia
sido alocado para vencer tal certame. Conforme o relato do Compromissário Ricardo
Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia), o então
Governador do Rio de Janeiro teria entrado em contato diretamente com ele, informando-o
que a licitação já estava alocada para o consórcio ao qual a Odebrecht pertencia e, portanto, a
Compromissária não deveria tomar qualquer medida para permanecer na disputa do certame.

331. Além disso, embora entendesse, à época, que o edital da Concorrência Nacional nº
45/2010 aparentasse conter requisitos excessivamente limitadores da competitividade do
certame145, o Compromissário Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da
Carioca Engenharia) relata que a Compromissária, após discutir o tema com sua consorciada,
decidiu, à época, não prosseguir com qualquer questionamento judicial a respeito do tema, por
entender ser necessário manter uma boa interlocução e relacionamento com o Governo do
Estado do Rio de Janeiro.

332. Houve igualmente menção pelos Signatários - Andrade Gutierrez - de ter ocorrido
direcionamento no edital da licitação do Rio de Janeiro/RJ. Além disso, no que diz respeito ao
edital da licitação, o Compromissário Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da
Odebrecht) informa que, entre abril e maio, reuniu-se com o Subsecretário de obras Hudson
Braga em seu gabinete no prédio do “Banerjão”, localizado na Rua México, nº 125, 9º andar,
Centro, Rio de Janeiro, na sede da Secretaria de Obras. Durante a referida reunião, Marcos
Vidigal do Amaral apresentou sugestões para as exigências técnicas que deveriam constar no
edital de modo a garantir uma vantagem no certame ao consórcio formado pela Andrade
Gutierrez, Odebrecht e Delta.

333. De acordo com Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht), o


Subsecretário teria recebido as sugestões e disse que iria dar andamento para inclusão de tais
exigências no edital. Os Compromissários esclareceram que o edital publicado continha todas
as sugestões que foram apresentadas por Marcos Vidigal do Amaral ao Subsecretário, que
foram incorporadas conforme itens destacados:

 Item 9.3.4, “c”, do Edital: Execução de estrutura metálica em aço em


obras de edificação, incluindo fornecimento, fabricação e montagem, com

145
Os Compromissários informam que tais exigências excessivamente restritivas foram objeto de Inquérito Civil
nº 2011.00047580 por parte da 3ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TUTELA COLETIVA DE DEFESA DA
CIDADANIA do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, que culminou com o
oferecimento de ação civil pública contra Odebrecht, Andrade Gutierrez, Delta e agentes políticos ligados ao
Governo do Estado do Rio de Janeiro (TCC com HC 38/2018 - Documento 22 – Cópia da Inicial da Ação Civil
Pública).

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peso mínimo > 1.100 toneladas, sendo 750 toneladas deverá ter sido
executada para cobertura, com altura superior a 15 metros;
 Item 9.3.4., “d”, do Edital: Execução membrana tensionada sobre
cobertura metálica;
 Item 9.3.4., “e”, do Edital: Instalação de assentos e/ou cadeiras em
Estádios e/ou Arenas e/ou Complexo Esportivos com quantidade > ou =
20.000 (vinte mil) unidades;
 Item 9.3.4., “f”, do Edital: Execução de obras de construção e/ou
complementação e/ou reforma, de Estádios e/ou Arenas e/ou Complexo
Esportivo com capacidade de público maior ou igual a 30.000 (trinta mil)
espectadores, compreendendo as seguintes instalações:
 Sistema de bilhetagem com bloqueios eletrônicos e sistema de
monitoramento;
 Sistema de CFTV com câmeras móveis, gravador de vídeo, monitor e
fonte;
 Sistema de controle de acessos com controladores eletrônicos, com
leitora de cartões e fechadura magnética; Sistema de iluminação de
campo de futebol; e
 Display digital com placar eletrônico e telão para projeção de mídia.
 Item 9.3.4., “g”, do Edital: Execução de obras de construção e/ou
complementação e/ou reforma, de Estádio e/ou Arena e/ou Complexo
esportivo com capacidade de público maior ou igual que 30.000 (trinta mil)
espectadores, e/ou edificação com área superior a 200.000 m2 (duzentos
mil metros quadrados), compreendendo as seguintes instalações:
 Sistema de iluminação interna;
 Sistema de energia contendo no break trifásico micro processador e
grupo gerador;
 Sistema de detecção de fumaça;
 Sistema de alarme de incêndio contendo módulos de comando de
alarme e painel de controle;
 Sistema de ar condicionado central tipo água gelada;
 Elevador de passageiros;
 Subestação blindada;
 Sistema de automação predial.

334. Na ocasião, de acordo com as informações apresentadas pelos Compromissários da


Odebrecht, apenas Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez tinham atestações atualizadas, por
terem construído estádios no passado. As demais empresas que participariam teriam
atestações incompletas e certamente seriam inabilitadas, o que de fato ocorreu, conforme
tabela abaixo:

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Tabela 32 - Resultado da Habilitação dos Proponentes


Item 9.3.4. Item 9.3.4. Item 9.3.4. Item 9.3.4. Item 9.3.4.
“c” “d” “e” “f” “g”
Consórcio Novo Maracanã Não Não
(Queiroz Galvão/Carioca) atendeu atendeu
Consórcio Novo Maracanã Não Não Não
(Paulitec/Estacon/Recoma) atendeu atendeu atendeu
Consórcio Brasil 2014 Não Não Não Não Não
atendeu atendeu atendeu atendeu atendeu
Consórcio Não Não Não Não Não
Construcap/Cetenco/Convap atendeu atendeu atendeu atendeu atendeu
Consórcio Maracanã Rio
2014 (Andrade Habilitado
Gutierrez/Odebrecht/Delta)
Construtora OAS
Habilitada

335. De fato, todas as empresas que participaram do certame foram inabilitadas,


conforme Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, em 10.8.2010 (TCC com HC 39/2018 -
Documento 50):

Figura 44 – Documento 50 (TCC com HC 39/2018) –


Publicação no Diário Oficial da União do resultado da habilitação em 10.8.2010

336. Dessa forma, tem-se o seguinte quadro de acordos anticompetitivos em


investigação envolvendo o Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro/RJ:

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Tabela 33 - Supostos Acordos anticompetitivos


para o Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã)
EMPRESAS ACORDOS ANTICOMPETITIVOS REPRESENTANTES
Formação de consórcio para acomodar interesses. Odebrecht:
Benedicto Barbosa da Silva Junior;
Acordo confirmado por ambas as empresas Marcos Vidigal do Amaral
(Signatária e Compromissária).
Andrade Gutierrez:
Compensação: Clóvis Renato Numa Peixoto Primo;
Odebrecht – Em troca da inclusão da Andrade Gutierrez no Alberto Quintaes
Andrade Gutierrez consórcio para a realização das obras de reforma
do Estádio do Maracanã, a Andrade Gutierrez
concederia à Odebrecht 30% de eventual
participação futura da Andrade Gutierrez nas
obras de construção do Estádio Mineirão.

A compensação jamais ocorreu.


Formação de consórcio para acomodar interesses. Odebrecht:
Benedicto Barbosa da Silva Junior;
Acordo confirmado por ambas as empresas Marcos Vidigal do Amaral
(Signatária e Compromissária).
Andrade Gutierrez:
Odebrecht – Clóvis Renato Numa Peixoto Primo;
Andrade Gutierrez - Alberto Quintaes
Delta
Delta:
Paulo Meriade Duarte;
Dinarte Cirilo Sousa
Fernando Antônio Cavendish Soares

OAS apresentaria proposta de cobertura para o Odebrecht:


consórcio da Odebrecht. Marcos Vidigal do Amaral
Odebrecht - OAS
Proposta foi apresentada. OAS:
Marcelo Duarte Ribeiro

Queiroz Galvão apresentaria proposta de Odebrecht:


cobertura para o consórcio da Odebrecht. Marcos Vidigal do Amaral
Odebrecht –
Queiroz Galvão Proposta foi apresentada. Queiroz Galvão:
Gustavo Souza

Formação de consórcio para apresentar proposta Queiroz Galvão:


de cobertura. Gustavo Souza;
Queiroz Galvão - Rui Novais Dias
Carioca Carioca tinha conhecimento de que o consórcio
era simulação. Carioca:
Ricardo Pernambuco Junior
Consórcio solicitou proposta de cobertura. Odebrecht:
Consórcio
Benedicto Barbosa da Silva Junior;
Odebrecht –
Proposta foi recusada pelo concorrente. Marcos Vidigal do Amaral
Andrade Gutierrez
– Delta com
Andrade Gutierrez:
empresas
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
concorrentes
Alberto Quintaes

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COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

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Delta:
Paulo Meriade Duarte
Dinarte Cirilo Sousa
Elaboração: SG/CADE

Tabela 35 – Supostas Condutas por Empresa


para o Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã)
EMPRESA CONDUTA REPRESENTANTES
Odebrecht Solicitação de Proposta de Cobertura Benedicto Barbosa da Silva Junior
Marcos Vidigal do Amaral
Formação de Consórcio para acomodar interesses
Andrade Solicitação de Proposta de Cobertura Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
Gutierrez Alberto Quintaes
Formação de Consórcio para acomodar interesses
DELTA Solicitação de Proposta de Cobertura Paulo Meriade Duarte
Dinarte Cirilo Sousa
Formação de Consórcio para acomodar interesses Fernando Antônio Cavendish Soares
Queiroz Galvão Apresentação de Proposta de Cobertura Gustavo Souza
Maurício Rizzo
Formação de Consórcio para viabilizar
apresentação de proposta de cobertura
Carioca Apresentação de Proposta de Cobertura Ricardo Pernambuco Junior

Formação de Consórcio para viabilizar


apresentação de proposta de cobertura
OAS Apresentação de Proposta de Cobertura Marcelo Duarte Ribeiro

Elaboração: SG/CADE

337. Ao final da licitação, restaram apenas as propostas do Consórcio Maracanã Rio


2014, formado pela Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta, que conquistou a obra com uma
oferta de R$ 705.589.143,72, e OAS, com um valor de R$ 712.078.104,04.

338. As propostas apresentadas estão detalhadas na tabela abaixo:

Tabela 35 - Lance Vencedor para a licitação em Rio de Janeiro (Arena Maracanã)


PROPOSTA VALOR DIFERENÇA
PERCENTUAL ENTRE
PROPOSTAS
Orçamento SEOBRAS R$ 720.707.135,01
Consórcio Maracanã Rio 2014 R$ 705.589.143,72 A proposta apresentada pela
OAS foi aproximadamente
OAS R$ 712.078.104,04 0,92% mais alta do que a
proposta vencedora
Elaboração: SG/CADE

339. Em 11.8.2010 foi assinado contrato com o Consórcio Maracanã Rio 2014 no valor
de R$ 705.589.143,72 (AL - Documento 33; TCC com HC 39/2018 - Documento 51). No
decorrer da obra, houve 16 termos aditivos (TCC com HC 39/2018 - Documentos 52),
totalizando R$ 344.410.688,00. Ao final, o valor total contratado foi de R$ 1.049.999.831,72.

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340. A tabela abaixo traz os representantes das empresas mencionados acima:

Tabela 36 - Pessoas Físicas participantes da conduta


para o Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ)

Fase II – Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ)


Período de 02 de junho de 2010 a 11 de agosto de 2010

ANDRADE GUTIERREZ
Clóvis Renato Numa Peixoto (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez)
Alberto Quintaes (Diretor Comercial da Andrade Gutierrez)
DELTA
Fernando Antônio Cavendish Soares (Presidente do Conselho de Administração da Delta)
Paulo Meriade Duarte (Diretor Comercial da Delta)146
Dinarte Cirilo Sousa (Coordenador de Licitações da Delta)147
ODEBRECHT
Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Líder Empresarial da Área de Infraestrutura no Brasil da Odebrecht)
Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht)
OAS148
Marcelo Duarte Ribeiro (Gerente Comercial da OAS)
CARIOCA ENGENHARIA
Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia)
QUEIROZ GALVÃO149

146
Há documentos apresentados pelo órgão licitante, por meio do OFICIO SEOBRAS/GSE 1198/2017 (SEI
0380390), que demonstram capacidade conferida a ele para atuar em nome da empresa nesta licitação.
ARQUIVO - PASTA 3. Vols XXXII ao XL - SUBPASTA 41_E-17-000.592-2010 - ARQUIVO E-17-000.592-
2010 - Volume XLI: Terceiro Termo Aditivo (31/10/2011). Assinaram o Termo: DELTA - Paulo Meriade
Duarte (Págs. PDF 425-428) / ARQUIVO- PASTA 3. Vols XXXII ao XL - SUBPASTA 42_E-17-000.592-
2010 - arquivo E-17-000.592-10 Volume XLII: Quarto Termo Aditivo (07/12/2011). Assinaram: DELTA -
Paulo Meriade Duarte (págs. PDF 100-103); Contrato de Elaboração de Projeto Executivo e Execução de Obras -
Contrato 101/2010 (11/08/2010). Assinaturas: DELTA - Paulo Meriade Duarte (págs. PDF 106-127); Solicitação
de autorização da contratante para alteração do consórcio. Saída da DELTA. Assinado também por Paulo
Meriade Duarte (págs. PDF 194-195)
147
Há documentos apresentados pelo órgão licitante, por meio do OFICIO SEOBRAS/GSE 1198/2017 (SEI
0380390), que demonstram capacidade conferida a ele para atuar em nome da empresa nesta licitação.
ARQUIVO SEI 0380402 e 0380405 - PASTA 1. Vols I ao XVIII - SUBPASTA 12_E-17-000.592-2010 -
ARQUIVO Processo E-17-000.592-2010 - Volume XII: Carta de Credenciamento - DELTA. Credencia
DINARTE CIRILO DE SOUSA. Para licitação (pág. PDF 623) / PASTA 2. Vols XIX ao XXXI SUBPASTA
22_E-17-000.592-2010 ARQUIVO Processo E-17-000.592-2010 - Volume XXII: Procuração DELTA - Dinarte
Cirilo de Sousa (pág. PDF 390) e Credenciamento DELTA - Dinarte Cirilo de Sousa (pág. PDF 392) / PASTA 3.
Vols XXXII ao XL - SUBPASTA 42_E-17-000.592-2010 - arquivo E-17-000.592-10 Volume XLII: Procuração
Consórcio Maracanã Rio 2014 (25/02/2012). Delta representada por Paulo Meriade Duarte (outorgante) e
Dinarte Cirilo de Sousa (outorgados). Poderes para representar o consórcio perante o contrato e a administração
pública (págs. PDF 196-199; 261-262)
148
RIO DE JANEIRO - ARQUIVO SEI 0380402 e 0380405 - PASTA 1. Vols I ao XVIII - SUBPASTA 12_E-
17-000.592-2010 - ARQUIVO Processo E-17-000.592-2010 - Volume XII: Carta de Credenciamento - OAS.
Reginaldo Assunção Silva, Agenor Valladão Neto, Rodrigo Augusto Maues Ventra e Rafael Duarte Di Tullio
(págs 633-646).
149
Será investigado durante a instrução o grau de conhecimento de Maurício Rizzo sobre as condutas aqui
reportadas. Constam dos autos documentos que o habilitaram a atuar em nome da empresa na licitação do
Estádio do Maracanã. ARQUIVO SEI 0380402 e 0380405 - PASTA 1. Vols I ao XVIII - SUBPASTA 12_E-17-
000.592-2010 - ARQUIVO Processo E-17-000.592-2010 - Volume XII: Carta de Credenciamento -

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Gustavo Souza (Diretor Comercial da Queiroz Galvão)


Rui Novais Dias (Diretor de Políticas Comerciais da Queiroz Galvão)

III.2.3.1.2.6 BELO HORIZONTE - Estádio Mineirão - Período de 23 de junho de 2010 a


21 de dezembro de 2010150

341. Os Signatários detalham que, como mencionado acima, em sede da “Fase I”, a
Andrade Gutierrez e a Odebrecht manifestaram interesse em vencer o processo licitatório
referente ao estádio de Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão). A partir de tal sobreposição
de interesses e, como forma de compensação pelo acordo formado entre estas duas empresas
em relação ao estádio do Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã), no qual a Odebrecht
permitiu que a Andrade Gutierrez participasse do consórcio que se tornou vencedor do
processo licitatório, os Signatários descrevem que Clóvis Renato Numa Peixoto Primo
(Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) se comprometeu com
Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht) a conceder à Odebrecht 30% (trinta por cento) de
eventual participação futura da Andrade Gutierrez nas obras de construção do estádio
localizado em Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão)151, trata-se da mesma proporção que
seria concedida à Andrade Gutierrez pela Odebrecht no Estádio do Maracanã.

342. A este respeito, tem-se o Documento 13 - AL, apresentado pelos Signatários, que
demonstra que se deu continuidade às tratativas entre as empresas para firmar uma parceria
para realização das obras da Copa do Mundo, conforme ilustrado abaixo.

QUEIROZ GALVÃO - Mauricio Rizzo (págs 111-125) / Carta de Credenciamento do Consórcio -


CARIOCA + QUEIROZ - Maurício Rizzo (CONSÓRCIO NOVO MARACANA) (págs 577-580).
150
De acordo com informações dos Signatários, em 23 de junho 2010, o Edital da Concorrência 02/2010 foi
publicado, e, em 21 de dezembro de 2010, o contrato foi firmado.
151
Os Signatários ressaltam que, à época do projeto, as sedes da Andrade Gutierrez e da Odebrecht no Rio de
Janeiro (RJ) estavam localizadas no mesmo prédio, facilitando o contato direto entre os funcionários das
empresas, uma vez que não havia a necessidade de agendamento prévio de reuniões para que os funcionários
dessas empresas se encontrassem, além de facilitar a comunicação colusiva entre Andrade Gutierrez e
Odebrecht.

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Figura 45 - Documento 13 (AL) – E-mail Interno152

343. Como se observa da mensagem, Marco Antônio Ladeira de Oliveira


(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) relata a Clóvis Renato
Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez),
João Marcos de Almeida da Fonseca (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez
alocado em Belo Horizonte), Márcio Magalhães Duarte Pinto (Diretor de Operações Geral da
Andrade Gutierrez) e Márcio de Mello Freitas (Gerente Comercial da Andrade Gutierrez)153
conversa que ele teve com Geraldo Villin Prado (Diretor de Investimentos da Odebrecht)

152
Quanto ao mencionado estímulo da Odebrecht a participar na concessão do Estádio Mineirão, na modalidade
parceria público-privada, os Signatários acreditam que a concorrente possa ter se interessado, por uma questão
de estratégia comercial, devido ao risco inerente à essa espécie de contratação.
153
Os Signatários esclarecem que as suas investigações internas ainda não foram capazes de encontrar
evidências que atestem a ciência, participação ativa e/ou poder de direção de Márcio de Mello Freitas (Gerente
Comercial da Andrade Gutierrez) na conduta ora reportada.

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sobre eventual acordo entre Andrade Gutierrez e Odebrecht em relação a projetos da Copa do
Mundo.

344. No e-mail, Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios


Estruturados da Andrade Gutierrez) descreve que a Odebrecht estaria “interessada e gostaria
de conversar com a AG sobre o tema de maneira mais ampla (grifo as palavras)”, fazendo
referência, segundo os Signatários, a um eventual acordo anticompetitivo entre as
empresas, que extrapolasse os limites de uma participação conjunta da Andrade
Gutierrez e da Odebrecht no processo licitatório para o Estádio Mineirão. Os Signatários
explicam que, conforme confirmado pela Odebrecht, houve sobreposição de interesses para a
construção do Estádio Mineirão entre Odebrecht e Andrade Gutierrez.

345. As conversas sobre o Estádio Mineirão teriam durado até 2010, conforme indica o
Documento 23 (AL), e-mails trocados no dia 22 de janeiro de 2010, entre Eduardo Soares
Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) e Marco Antonio Ladeira
de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), com o assunto
“Res: BH”, procurando marcar uma reunião em Belo Horizonte.

Figura 46 - Documento 23 (AL) – E-mails entre Eduardo Soares Martins (Diretor de


Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) e Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) para marcação de
reunião

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346. No entanto, os Signatários informam que, apesar da existência de tratativas


sobre um acordo envolvendo o Estádio Mineirão, tal negociação não teria sido
implementada, uma vez que a Andrade Gutierrez decidiu não participar do processo
licitatório relativo às obras do estádio de futebol de Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão),
pois foi definido pela entidade licitante que a obra seria realizada por meio de PPP (Parceria
Público-Privada), modalidade que não era de interesse da empresa154.

347. Conforme exposto na Fase I, o Compromissário Benedicto Barbosa da Silva


Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da
Odebrecht) esclareceu que as duas empresas – Odebrecht e Andrade Gutierrez – tinham
preferência por algumas cidades apontadas como sede para a Copa do Mundo de 2014. As da
Odebrecht eram Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belo Horizonte. E as da Andrade Gutierrez
eram Belo Horizonte, Brasília, Manaus e Rio de Janeiro. Do conjunto de preferências de
ambos, inicialmente houve coincidência nas cidades de Belo Horizonte e do Rio de
Janeiro.

348. De acordo com os Compromissários da Odebrecht, Odebrecht e Andrade


Gutierrez, durante a Fase 1, optaram por estudar os projetos de Belo Horizonte, Brasília,
Manaus, Rio de Janeiro, Recife e Salvador. Decidiram que iriam trabalhar em consórcio, já
definindo quem iria liderar cada um dos projetos, baseado nas relações políticas e estratégicas
que cada empresa detinha. Esta definição de liderança definia também quem estudaria cada
projeto, já que os estudos não foram feitos em conjunto. Também definiram que a empresa
que liderasse o projeto teria 70% e o liderado teria 30% do contrato. A princípio, a Odebrecht
lideraria os projetos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife e a Andrade Gutierrez os projetos de
Belo Horizonte, Brasília e Manaus. No entanto, essa definição inicial poderia ser alterada no
caso específico da forma de licitação – sendo obra pública por meio da Lei de Licitações, a
Odebrecht estaria fora do projeto – excetuando-se o Maracanã, e se o projeto fosse em modelo

154
A entrega das propostas na licitação realizada para contratação referente ao Estádio Mineirão (Belo
Horizonte/MG) ocorreu em 12 de agosto de 2010, isto é, data posterior à data prevista para entrega das propostas
para o Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ). Portanto, os Signatários concluem que a desistência da Andrade
Gutierrez de participar do certame para o Estádio do Mineirão foi após sua inclusão no consórcio da Odebrecht,
que foi contratada paras obras do Estádio do Maracanã. A despeito disso, os Signatários afirmam que não houve
qualquer compensação ulterior por parte da Andrade Gutierrez, com relação à Odebrecht.

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de PPP ou concessão, a Andrade Gutierrez estaria fora. No entanto, os Compromissários


esclareceram que os entendimentos iniciais no sentido de formação de consórcio não se
concretizaram.

349. O Compromissário Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e


Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht) esclareceu ainda que os
processos licitatórios para os estádios de futebol não ocorreram de forma concomitante. Até a
publicação dos atos convocatórios, havia dúvidas sobre a forma de implementação dos
projetos. Foi esse o caso do Estádio Governador Magalhães Pinto (“Estádio do Mineirão”)
(Belo Horizonte/MG). O edital para a licitação do referido projeto foi publicado somente em
23.6.2010 (TCC com HC 39/2018 - Documento 02). Até então, havia dúvida sobre a forma
de contratação pelo Poder Público. Ao final, o acordo inicial não foi implementado para o
Estádio Mineirão.

350. Os Signatários informam que nenhuma das empresas participantes do conluio


apresentou proposta no processo licitatório para o estádio de Belo Horizonte/MG (Estádio
Mineirão), sendo que apenas o Consórcio Minas Arena – Gestão de Instalações Esportivas
S.A. (CONSTRUCAP –EGESA – HAP), não alinhado ao conluio, apresentou proposta, no
dia 12 de agosto de 2010, e venceu o projeto. O valor apresentado pelo Consórcio Minas
Arena – Gestão de Instalações Esportivas S.A. (CONSTRUCAP –EGESA – HAP), no
processo licitatório em questão foi o seguinte:

Tabela 37 - Lance para a licitação em Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão)


EMPRESA/CONSÓRCIO VALOR OFERTADO
Consórcio Minas Arena – Gestão de Instalações Esportivas S.A.
R$ 677.353.021,85
(CONSTRUCAP –EGESA – HAP)
Elaboração: SG/CADE

351. Assim, na tabela abaixo, tem-se um breve resumo do suposto acordo


anticompetitivo envolvendo o Estádio Mineirão, em Belo Horizonte/MG:

Tabela 38 – Suposto Acordo Anticompetitivo


para Belo Horizonte/MG (Estádio Minerão)
EMPRESAS ACORDO ANTICOMPETITIVO REPRESENTANTES
Odebrecht – Formação de consórcio para acomodar interesses. Odebrecht:
Andrade Não ocorreu. Benedicto Barbosa da Silva
Gutierrez Junior;
Compensação: Geraldo Villin Prado;
Em troca da inclusão da Andrade Gutierrez no consórcio para a Eduardo Soares Martins
realização das obras de reforma do Estádio do Maracanã, a Andrade
Gutierrez concederia à Odebrecht 30% de eventual participação Andrade Gutierrez:
futura da Andrade Gutierrez nas obras de construção do Estádio Clóvis Renato Numa
Mineirão. Peixoto Primo;
Marco Antônio Ladeira de
A compensação jamais ocorreu. Oliveira;
João Marcos de Almeida da
Promessa de acordo e não implementação do acordo Fonseca;
confirmado por ambas as empresas (Signatária e Márcio Magalhães Duarte
Compromissária). Pinto.

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Elaboração: SG/CADE

Tabela 39 - Resumo sobre a Licitação em Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão)


Tipo de Vencedor Habilitados Inabilitados Apresentaram
Contratação Recursos
Contrato de Consórcio Minas Arena – Consórcio Minas Arena – Não houve Não houve
Parceria Gestão de Instalações Gestão de Instalações
Público- Esportivas S.A. Esportivas S.A.
Privada (CONSTRUCAP –EGESA – (CONSTRUCAP –EGESA –
HAP) HAP
Elaboração: SG/CADE

III.2.3.1.2.7 Outras licitações possivelmente afetadas pelas condutas

Licitações envolvendo a Arena Fonte Nova e a Arena das Dunas

352. Fazem parte do escopo da presente investigação a existência de suposta conduta


anticompetitiva relacionada a outros dois outros Estádios para a Copa do Mundo de 2014,
conforme informações apresentadas pelos Signatários.

353. Embora os Signatários não tenham participado diretamente das licitações dos
projetos de obras de construção civil, modernização e/ou reforma de instalações esportivas em
estádios localizados nas cidades de Natal/RN (Arena das Dunas) e Salvador/BA (Arena Fonte
Nova), os Signatários entendem que esses projetos também podem ter sido objeto de acordos
anticompetitivos, ao considerar a reunião possivelmente realizada em 18 de agosto de 2008
(Fase I), bem como nos resultados das referidas licitações.

354. Os Signatários relataram que, durante a (Fase I), os seis concorrentes


participantes do suposto cartel – Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca, Queiroz
Galvão, OAS e Odebrecht – manifestaram interesse em ganhar determinados projetos da Copa
do Mundo de 2014. Quanto àqueles projetos em que a Andrade Gutierrez não atuou, os
Signatários informam que, com relação ao: (i) projeto de Natal/RN (Arena das Dunas), apenas
a OAS manifestou interesse; e (ii) projeto de Salvador/BA (Arena Fonte Nova), tanto a OAS
quanto a Odebrecht mostraram-se interessadas.

355. Cronologicamente as licitações possivelmente afetadas são as seguintes155:

Arena Fonte Nova (Salvador/BA) Arena das Dunas (Natal/RN)


Edital: 15.10.2009 Edital: 31.12.2010

Entrega Propostas: 04.12.2009 Entrega Propostas: 02.03.2011

155
As datas indicadas referem-se às datas de publicação do edital da primeira fase dos processos licitatórios
(quando aplicável) e às datas de apresentação das propostas de preços.

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Tabela 40 - Resumo sobre as Licitação em


Salvador/BA (Arena Fonte Nova) e Natal/RH (Arena das Dunas)
Estádio Tipo de Vencedor Habilitados Inabilitados Apresentaram
Contratação Recursos
Salvador/BA Contrato de Parceria Odebrecht/OAS Odebrecht/OAS Não houve Não houve
(Arena Fonte Público-Privada
Nova)
Natal/RN Contrato de Parceria OAS OAS Não houve Não houve
(Arena das Público-Privada
Dunas)
Elaboração: SG/CADE

356. A Tabela acima demonstra que os supostos termos ajustados pelos integrantes do
conluio em sede do acordo anticompetitivo preliminar teriam surtido efeito em relação aos
estádios de Natal/RN (Arena das Dunas) e de Salvador/BA (Arena Fonte Nova), tendo em
vista que a OAS foi a única empresa membro do conluio que apresentou proposta em
Natal/RN, vencendo o processo licitatório, e o consórcio formado por OAS e Odebrecht
venceu o projeto de Salvador/BA, mediante abstenção dos outros participantes do conluio.

357. No entanto, conforme exposto na Fase I, o Compromissário Benedicto Barbosa da


Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil
da Odebrecht) esclareceu que as duas empresas – Odebrecht e Andrade Gutierrez – tinham
preferência por algumas cidades apontadas como sede para a Copa do Mundo de 2014. As da
Odebrecht eram Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belo Horizonte. Dessa forma, o interesse
inicial por Salvador foi confirmado pelo Compromissário.

358. Além disso, os Compromissários da Odebrecht trouxeram Documento 06 (TCC


com HC 39-2018), que relata assuntos tratados em uma reunião entre empresas (G6 – Grupo
das 6 empresas: Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e OAS),
sendo um deles referente ao estádio de Natal: “QG colocou na mesa que soube da sondagem
da AG em Natal. Ladeira disse que esteve lá por conta do aeroporto e que o Cliente pediu
que ele estudasse o tema. Ele colocou que entendia que já existia um grupo estudando e se
precisasse de ajuda este grupo é que deveria procurá-lo”. Por este relato, percebe troca de
informações entre as empresas sobre as construções dos Estádios para a Copa, sabendo cada
empresa quem está estudando e tem interesse em cada obra.

Tabela 41 – Supostos Acordos Anticompetitivos para


Natal/RN (Arena das Dunas) e Salvador/BA (Arena Fonte Nova)
FASE I – FORMAÇÃO
DE ACORDO CONCRETIZAÇÃO DO EFEITOS DO
PROJETO
ANTICOMPETITIVO ACORDO ACORDO
PRELIMINAR

Entre as empresas Entre as empresas integrantes do


integrantes do conluio, conluio, apenas a OAS
Natal/RN (Arena das A OAS venceu o
apenas a OAS manifestou apresentou proposta neste
Dunas) processo licitatório
interesse em vencer este projeto, de acordo com os
processo licitatório Signatários.

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Formação de consórcio entre


OAS e Odebrecht para
O consórcio
participação no processo
formado entre OAS
Salvador/BA (Arena Sobreposição de interesses licitatório. Nenhuma outra
e Odebrecht venceu
Fonte Nova) entre OAS e Odebrecht empresa integrante do conluio
o processo
apresentou proposta neste
licitatório
projeto, segundo afirmam os
Signatários.
Elaboração: SG/CADE

Eventuais Licitações complementares dos processos licitatórios principais para a construção


e/ou modernização dos Estádios para a Copa do Mundo de 2014
 
359. Pelas manifestações dos órgãos licitantes ao longo do inquérito administrativo,
verificou-se que foram realizados procedimentos licitatórios complementares à modernização
e/ou construção dos Estádios. Há indicativos de que as licitações complementares podem ter
sido afetadas pela conduta relatada pelos Signatários e Compromissários. 

II.3 Mercado Relevante

360. Se comprovada a existência desse suposto cartel nos moldes em que ele se
apresenta, presume-se, pois, seu potencial efeito nocivo à concorrência e seu poder de
controlar artificialmente o mercado em que se enquadra.

361. Nesse sentido, não se faz necessária aqui uma profunda análise sobre o mercado
relevante atingido pela conduta: primeiro porque a própria existência de um suposto acordo
entre concorrentes com o grau de coordenação que aqui fora apresentado seria suficiente para
demonstrar a racionalidade desse acordo para que as empresas dominassem o mercado;
segundo porque o próprio objeto desse acordo delimita o mercado afetado, alvo do abuso do
poder econômico das empresas.

362. Além disso, considerando que o presente caso também se caracteriza como cartel
em licitação, verifica-se que a competição se dá pelo mercado, e, portanto, os fornecedores
competem entre si por um contrato para fornecer um determinado produto ou serviço, e a
partir disso, o adquirente – especialmente o Governo – escolhe a proposta mais vantajosa
possível. Assim, quando tais fornecedores combinam previamente sua participação em um
certame ou um conjunto de licitações, o impacto para a concorrência é evidente.

363. Por fim, ainda que essa etapa não seja necessária, passa-se à análise do mercado
possivelmente afetado por tal conduta.

364. Inicialmente, em casos de cartéis, verifica-se que a própria prática anticompetitiva


se apresenta como um importante parâmetro para a delimitação do mercado relevante.

365. A razão para tal se dá por conta de um fator específico, pois é o próprio escopo da
suposta atuação ilícita dos Representados que auxiliaria a autoridade a delimitar qual é a área
que está sendo afetada pela conduta (aliás, este aspecto também pode ser verificado, em maior

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ou menor medida, em outras práticas anticompetitivas). O próprio comportamento dos agentes


do mercado (ao fixar preços de determinado produto e/ou serviço em determinada localidade)
serve para indicar o mercado relevante, de modo que a análise de indícios econômicos para
delimitação do mercado relevante representa, em casos de cartel, elemento meramente
acessório.

366. Se os representados combinam preços em determinado município, estado ou país,


é bem provável (ou lógico até) que o mercado relevante geográfico afetado seja justamente
essa localidade, já que não faria sentido arcar com os custos de um cartel (seja de formação do
acordo, seja de manutenção, com mecanismos de monitoramento e punição), sem auferir os
respectivos benefícios. O mesmo raciocínio se aplica à definição do mercado produto e/ou
serviço. Por que as partes estariam combinando preços, por tanto tempo e de forma tão
sofisticada, se o mercado não é esse?

367. Dessa forma, para definir o mercado relevante seria necessário apenas verificar o
escopo do suposto acordo. A partir dos documentos produzidos ao longo da investigação,
percebe-se que a suposta prática referia-se ao mercado nacional de obras de construção
civil, modernização e/ou reforma de instalações esportivas (“estádios de futebol”)
destinados à Copa do Mundo do Brasil de 2014 (“Copa do Mundo”)156, passando a ser
esse, portanto o mercado relevante supostamente afetado pela conduta anticompetitiva
investigada no presente feito.

II.3.1 Dimensão do Produto

368. Segundo os Signatários e os Compromissários, as práticas anticompetitivas


afetaram o mercado brasileiro de serviços de construção civil, modernização e/ou reforma
de instalações esportivas (“estádios de futebol”), especificamente no que tange à
construção e modernização de pelo menos 6 (seis) procedimentos licitatórios relacionados a
obras de construção civil, modernização e/ou reforma de estádios de futebol que foram objeto
da conduta anticompetitiva: (1) Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília/DF, (2)
Arena Amazônia em Manaus/AM, (3) Arena Pernambuco em Recife/PE, (4) Estádio do
Maracanã no Rio de Janeiro/RJ, (5) Estádio Mineirão em Belo Horizonte/MG e (6)
Arena Castelão em Fortaleza/CE. Os Signatários e um dos Compromissários ressaltam,
porém, que os ajustes anticompetitivos para o (5) Estádio Mineirão em Belo Horizonte/MG
não foram implementados, as empresas teriam decidido não participar do certame. Destaca-se
ainda que, enquanto se esperava que o Estádio do Morumbi em São Paulo/SP fosse um dos
estádios de futebol escolhidos para a Copa do Mundo de 2014, uma das empresas manifestou
interesse, em sede do acordo anticompetitivo preliminar, em futuramente realizar esta obra, o
que, porém, não foi implementado tendo em vista a escolha final da Arena do Corinthians em
São Paulo/SP. Ademais, os Signatários indicam que outros 2 (dois) procedimentos licitatórios

156
Os Signatários explicam que, conforme consta na Lista CNAE do IBGE (versão 2.0), os serviços de
construção civil são compostos por obras de infraestrutura, tais como: construção de autoestradas, vias urbanas,
pontes, túneis, ferrovias, metrôs, pistas de aeroportos, portos e redes de abastecimento de água, sistemas de
irrigação, sistemas de esgoto, instalações industriais, redes de transporte por dutos e linhas de eletricidade,
instalações esportivas, etc. Os serviços de construção civil relacionados às obras de construção de estádios da
Copa do Mundo do Brasil de 2014 enquadram-se na categoria de construção de instalações esportivas.

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também podem ter sido objeto da conduta anticompetitiva, pois quanto a estas os Signatários
não participaram diretamente dos certames: (7) Arena das Dunas em Natal/RN e (8) Arena
Fonte Nova em Salvador/BA. Os Signatários e os Compromissários informaram que ainda
não foram encontradas evidências envolvendo os estádios nas demais cidades-sede da Copa
do Mundo: (9) Arena Pantanal em Cuiabá/MT, (10) Arena da Baixada em Curitiba/PR, (11)
Estádio Beira-Rio em Porto Alegre/RS e (12) Arena Corinthians em São Paulo/SP. Estes
estádios de futebol destinados à Copa do Mundo de 2014 foram submetidos a procedimentos
licitatórios (licitações de obras públicas e de Parcerias Público-Privadas na modalidade
concorrência – Lei nº 8.666/1993 e Lei nº 11.079/2004).

II.3.2 Dimensão Geográfica

369. Segundo os Signatários e os Compromissários as práticas anticompetitivas


englobaram as cidades-sede nas quais os 6 (seis) estádios de futebol, a saber, (1) Brasília/DF
(Estádio Nacional Mané Garrincha), (2) Manaus/AM (Arena Amazônia), (3) Recife/PE
(Arena Pernambuco), (4) Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã), (5) Belo Horizonte/MG
(Estádio Mineirão) e (6) Fortaleza/CE (Arena Castelão) foram construídos. Além disso, as
práticas anticompetitivas potencialmente afetaram os 2 (dois) estádios de futebol, localizados
em (7) Natal/RN (Arena das Dunas) e (8) Salvador/BA (Arena Fonte Nova).

II.4 Recomendação de Abertura de Procedimento Administrativo

370. Diante de todo o exposto, entende-se estar demonstrada a existência de indícios


robustos de infrações à ordem econômica praticadas pelos Representados, a ensejar a
instauração de Processo Administrativo, nos termos dos arts. 13, V, e 69 e seguintes, da Lei nº
12.529/11 c.c. Regimento Interno do Cade.

371. Abaixo é apresentada a relação de pessoas jurídicas e físicas, contra as quais se


recomenda a abertura de Processo Administrativo.

Pessoas Jurídicas

Empresa CNPJ nº Endereço (sede, Website/Tel/Fax


escritório, fábricas)
Avenida do Contorno,
8.123, Cidade Jardim,
Belo Horizonte – MG
CEP: 30.110-910
www.andradegutierrez.co
Andrade Gutierrez Engenharia m
Praia de Botafogo 186,
S.A. (atual denominação
18 andar, Botafogo, Rio
social da Construtora Andrade 17.262.213/0001-94 (31) 3290.6699
de Janeiro – RJ
Gutierrez S.A.) (21) 2211.8000
CEP: 22.250-145
(“Andrade Gutierrez") (11) 5502.2000
(61) 3424.3300
Rua Geraldo Campos
Moreira, 375, Brooklin
Novo, São Paulo – SP
CEP: 04.571-020

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SHS Quadra 6, Bloco A,


Salas 804 e 809, Centro
Empresarial Brasil 21,
Brasília – DF
CEP: 70.316-000
www.cariocaengenharia.co
Carioca Christiani Nielsen Rua do Parque, 31, São
m.br
Engenharia S.A. 40.450.769/0001-26 Cristóvão, Rio de Janeiro
(“Carioca”) (RJ), CEP 20940-050
Tel.: 21 3891.2200
www.construtoracamargoc
Av. Brigadeiro Faria
Construções e Comércio orrea.com.br
Lima, 1663, 10º andar,
Camargo Corrêa S.A.
61.522.512/0001-02 Pinheiros,
(“Camargo Corrêa”) (11) 2787-4565
São Paulo – SP.
(11) 3848-7875
CEP: 01452-001
(11) 3841-5511
Av. Francisco
www.oas.com.br
Matarazzo, 1350, 19º
Construtora OAS S.A.
14.310.577/0001-04 andar, Água Branca, São
(“OAS”) (11)2124-1122
Paulo-SP. CEP 05001-
(11) 2124-1378
000
Avenida Presidente
Antônio Carlos, 51, 31,
5°, 6° e 7° andares
Centro
Rio de Janeiro – RJ www.grupoqueirozgalvao.
Construtora Queiroz Galvão
CEP: 20020-010 com.br
S.A. 33.412.792/0001-60
(“Queiroz Galvão”)
Rua Santa Luzia 651, 2º (21) 2131-7229
a 6º andares,
Centro,
Rio de Janeiro – RJ.
CEP: 20030-041
Estrada do Guandu do www.deltaconstrucao.com.
Delta Construções S.A. Sena, 00316, Bangu, Rio br
10.788.628/0001-57
(“Delta”) De Janeiro - RJ
CEP 21.853-032 (21) 39742600
Odebrecht
(“Odebrecht”),
compreendendo:

Construtora Norberto
Odebrecht S.A. ODEBRECHT:
(“ODEBRECHT”) 15.102.288/0001-82
Rua Lemos Monteiro, nº
Odebrecht Engenharia e OECI: 120, andar 12, parte H, www.odebrecht.com
Construção Internacional S.A. 10.220.039/0001-78 Butantã, São Paulo/SP. Tel.: +55 (11) 3792-4000
(antiga Odebrecht Serviços de CEP 05.501-050
Engenharia e Construção OPI:
S.A.) (“OECI”) 07.668.258/0001-00

Odebrecht Participações e
Investimentos S.A. (antiga
Odebrecht Investimentos em
Infra-Estrutura Ltda.) (“OPI”)

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Versão Pública

(Sede) http://www.viaengenharia.
Brasília com.br
Via Engenharia S.A. 00.584.755/0001-80 TR Sia/Sul Trecho 3
(“Via Engenharia”) Lotes 1705/15 S/N, Setor Brasília
de Indústria, Brasília/DF. Telefone: (61) 3403-4000 |
CEP 71.200-030 Fax: (61) 3233-0134

Pessoas Físicas157

Empresa (com local


Cargos ocupados (por
Nome de trabalho: sede, CPF Nº Endereço/E-mail
período) e Cargo atual
escritório, fábricas)
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Alberto Rio de Janeiro [ACESSO [ACESSO


[ACESSO RESTRITO]
Quintaes Praia de Botafogo, 300, RESTRITO] RESTRITO]
4° andar, Botafogo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22.250-040
Construtora Norberto
Odebrecht S.A.

Benedicto Encerrou o seu vínculo


[ACESSO [ACESSO
Barbosa da [ACESSO RESTRITO] com a empresa em
RESTRITO] RESTRITO]
Silva Júnior 20.3.2017

Atualmente
aposentado.
Andrade Gutierrez:

Avenida do Contorno,
8.123
Cidade Jardim
Belo Horizonte – MG
CEP 30110-910

Rua Geraldo Campos


Carlos José de [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] Moreira, 375
Souza RESTRITO] RESTRITO]
Brooklin Novo
São Paulo – SP
CEP 04571-020

Avenida Bartolomeu
Mitre, 336, 2º andar,
Leblon
Rio de Janeiro – RJ
CEP 22430-000

157
Ressalte-se que constam dos Históricos de Conduta – do Acordo de Leniência e dos Termos de Compromisso
de Cessação – referências a outras pessoas físicas. No entanto, tais referências não foram consideradas
suficientes para justificar sua inclusão no polo passivo e não foram, até o momento, identificados indícios
adicionais de sua participação na conduta. Não obstante, caso a SG/Cade, no contexto da investigação,
identifique novos indícios robustos em face de tais pessoas físicas, serão elas devidamente incluídas dentre as
investigadas em sede de Processo Administrativo.

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Empresa (com local


Cargos ocupados (por
Nome de trabalho: sede, CPF Nº Endereço/E-mail
período) e Cargo atual
escritório, fábricas)
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.
Clóvis Renato
Rio de Janeiro [ACESSO [ACESSO
Numa Peixoto [ACESSO RESTRITO]
Praia de Botafogo, 300, RESTRITO] RESTRITO]
Primo
4° andar, Botafogo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22.250-040
Delta Construções S.A.

Dinarte Cirilo Estrada do Guandu do [ACESSO [ACESSO


[ACESSO RESTRITO]
Sousa Sena, 00316, Bangu, RESTRITO] RESTRITO]
Rio De Janeiro - RJ
CEP 21.853-032
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Brasília:
SHS Quadra 6, Bloco
Eduardo
A, Salas 804 e 809, [ACESSO [ACESSO
Alcides [ACESSO RESTRITO]
Centro Empresarial RESTRITO] RESTRITO]
Zarrelato
Brasil 21
Brasília – DF
CEP: 70.316-000

Ex-funcionário
Construções e
Comércio Camargo
Corrêa S.A. (“Camargo
Corrêa”)
Eduardo
[ACESSO [ACESSO
Hermelino [ACESSO RESTRITO]
Av. Brigadeiro Faria RESTRITO] RESTRITO]
Leite
Lima, 1663, 6º andar
Pinheiros
São Paulo – SP
CEP: 01452-001
Construtora Norberto
Odebrecht S.A.
Eduardo
[ACESSO [ACESSO
Soares [ACESSO RESTRITO]
Encerrou o seu vínculo RESTRITO] RESTRITO]
Martins
com a empresa em
14.9.2015.
Construções e
Comércio Camargo
Corrêa S.A. (“Camargo
Corrêa”)
Emílio
[ACESSO [ACESSO
Eugênio Auler [ACESSO RESTRITO]
Av. Brigadeiro Faria RESTRITO] RESTRITO]
Neto
Lima, 1663, 6º andar
Pinheiros
São Paulo – SP
CEP: 01452-001

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Empresa (com local


Cargos ocupados (por
Nome de trabalho: sede, CPF Nº Endereço/E-mail
período) e Cargo atual
escritório, fábricas)
Delta Construções S.A.
Fernando
Antônio Estrada do Guandu do [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Cavendish Sena, 00316, Bangu, RESTRITO] RESTRITO]
Soares Rio De Janeiro - RJ
CEP 21.853-032
Via Engenharia S.A.
(“Via Engenharia”):
Fernando
[ACESSO [ACESSO
Márcio [ACESSO RESTRITO] SIA Trecho 03 – Lote
RESTRITO] RESTRITO]
Queiroz 1705/ 1715
Brasília – DF
CEP 71200-030
Construtora Norberto
Odebrecht S.A.
Geraldo Villin [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] Encerrou o seu vínculo
Prado RESTRITO] RESTRITO]
com a empresa em
2.1.2014

Construtora Queiroz
Galvão S.A. (“Queiroz
Galvão”)

Gustavo Avenida Presidente [ACESSO [ACESSO


[ACESSO RESTRITO]
Souza Antônio Carlos, 51, 31, RESTRITO] RESTRITO]
5°, 6° e 7° andares
Centro
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20020-010
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Belo Horizonte
[ACESSO [ACESSO
Helder Dantas [ACESSO RESTRITO] Avenida do Contorno,
RESTRITO] RESTRITO]
n° 8.123, Cidade
Jardim, Belo
Horizonte/MG. CEP
30.110-062
Construtora Norberto
Odebrecht S.A.

João Antônio Encerrou o seu vínculo


[ACESSO [ACESSO
Pacífico [ACESSO RESTRITO] com a empresa em
RESTRITO] RESTRITO]
Ferreira 22.3.2017

Atualmente
aposentado.
Construtora Norberto
João Borba Odebrecht S.A. [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Filho RESTRITO] RESTRITO]
Encerrou o seu vínculo

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Versão Pública

Empresa (com local


Cargos ocupados (por
Nome de trabalho: sede, CPF Nº Endereço/E-mail
período) e Cargo atual
escritório, fábricas)
com a empresa em
31.3.2017

Atualmente
aposentado.
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.
João Marcos
[ACESSO [ACESSO
Almeida da [ACESSO RESTRITO]
Avenida do Contorno, RESTRITO] RESTRITO]
Fonseca
8.123 Cidade Jardim
Belo Horizonte – MG
CEP: 30.110-910
Carioca Christiani
Nielsen Engenharia
S.A. (“Carioca
Engenharia”)
José Camilo
[ACESSO [ACESSO
Teixeira [ACESSO RESTRITO]
Rua do Parque, 31 RESTRITO] RESTRITO]
Carvalho
São Cristóvão
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20940-050

Construtora OAS S.A.


(“OAS”)

Av. Angélica, 2330,


2346/2364, 7º andar
Consolação
José
São Paulo – SP [ACESSO [ACESSO
Lunguinho [ACESSO RESTRITO]
CEP 01228-200 RESTRITO] RESTRITO]
Filho
SHS, Quadra 06,
conjunto A, Bloco A,
9º andar, sala 906
Brasília – DF
CEP 70316-109
Construtora Norberto
Odebrecht S.A.

Atualmente:
Odebrecht TransPort
Júlio Cesar S.A.
[ACESSO [ACESSO
Duarte [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
Perdigão Rua Lemos Monteiro,
nº 120, andar 8, parte
A, Butantã, São
Paulo/SP. CEP 05.501-
050

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Versão Pública

Empresa (com local


Cargos ocupados (por
Nome de trabalho: sede, CPF Nº Endereço/E-mail
período) e Cargo atual
escritório, fábricas)
Via Engenharia S.A.
(“Via Engenharia”):
Luiz Felipe
[ACESSO [ACESSO
Cardoso de [ACESSO RESTRITO] SIA Trecho 03 – Lote
RESTRITO] RESTRITO]
Carvalho 1705/ 1715
Brasília – DF
CEP 71200-030
Via Engenharia S.A.
(“Via Engenharia”):
Luiz Ronaldo [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] SIA Trecho 03 – Lote
Wanderley RESTRITO] RESTRITO]
1705/ 1715
Brasília – DF
CEP 71200-030
Carioca Christiani
Nielsen Engenharia
S.A. (“Carioca
Marcelo Engenharia”)
Antonio [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Carvalho Rua do Parque, 31 RESTRITO] RESTRITO]
Macedo São Cristóvão
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20940-050

Construtora OAS S.A.

Avenida Angélica, n°
Marcelo 2.330, 2.346/2.364, 7º [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Duarte Ribeiro andar, Consolação, São RESTRITO] RESTRITO]
Paulo/SP. CEP 01.228-
200.

Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Márcio Belo Horizonte


[ACESSO [ACESSO
Bolívar de [ACESSO RESTRITO] Avenida do Contorno,
RESTRITO] RESTRITO]
Andrade n° 8.123, Cidade
Jardim, Belo
Horizonte/MG. CEP
30.110-062
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Rio de Janeiro
Márcio Praia de Botafogo, 300,
[ACESSO [ACESSO
Magalhães [ACESSO RESTRITO] 4° andar, Botafogo
RESTRITO] RESTRITO]
Duarte Pinto Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22.250-040

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SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Empresa (com local


Cargos ocupados (por
Nome de trabalho: sede, CPF Nº Endereço/E-mail
período) e Cargo atual
escritório, fábricas)
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.
Marco
Antônio Rua Geraldo Moreira [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Ladeira de Campo, nº 375, RESTRITO] RESTRITO]
Oliveira Brooklin Novo, São
Paulo/SP.
CEP 04.571-020
Construtora Norberto
Odebrecht S.A.
Marcos
[ACESSO [ACESSO
Vidigal do [ACESSO RESTRITO] Encerrou o seu vínculo
RESTRITO] RESTRITO]
Amaral com a empresa em
9.3.2017.

Delta Construções S.A.

Estrada do Guandu do
Paulo Meriade Sena, 00316, Bangu, [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Duarte Rio De Janeiro - RJ RESTRITO] RESTRITO]
CEP 21.853-032

Construtora OAS S.A.


(“OAS”)
Reginaldo
Av. Angélica, 2330, [ACESSO [ACESSO
Assunção [ACESSO RESTRITO]
2346/2364, 7º andar RESTRITO] RESTRITO]
Silva
Consolação
São Paulo – SP
CEP: 01228-200
Carioca Christiani
Nielsen Engenharia
S.A. (“Carioca
Ricardo Engenharia”)
Pernambuco [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Backheuser Rua do Parque, 31 RESTRITO] RESTRITO]
Júnior São Cristóvão
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20940-050

Construtora Norberto
Odebrecht S.A.

Encerrou o seu vínculo


Ricardo Roth com a empresa em
[ACESSO [ACESSO
Ferraz de [ACESSO RESTRITO] 8.3.2017
RESTRITO] RESTRITO]
Oliveira
Atualmente
aposentado.

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Versão Pública

Empresa (com local


Cargos ocupados (por
Nome de trabalho: sede, CPF Nº Endereço/E-mail
período) e Cargo atual
escritório, fábricas)
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Brasília:
SHS Quadra 6, Bloco
Roberto
A, Salas 804 e 809, [ACESSO [ACESSO
Xavier de [ACESSO RESTRITO]
Centro Empresarial RESTRITO] RESTRITO]
Castro Junior
Brasil 21
Brasília – DF
CEP: 70.316-000

Ex-funcionário
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Brasília:
Rodrigo
SHS Quadra 6, Bloco [ACESSO [ACESSO
Ferreira Lopes [ACESSO RESTRITO]
A, Salas 804 e 809, RESTRITO] RESTRITO]
da Silva
Centro Empresarial
Brasil 21
Brasília – DF
CEP: 70.316-000
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Rogério Nora Rio de Janeiro [ACESSO [ACESSO


[ACESSO RESTRITO]
de Sá Praia de Botafogo, 300, RESTRITO] RESTRITO]
4° andar, Botafogo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22.250-040
Construtora Queiroz
Galvão S.A.

Avenida Presidente
Rui Novais [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] Antônio Carlos, n° 51,
Dias RESTRITO] RESTRITO]
3°, 5°, 6° e 7° andares,
Centro, Rio de
Janeiro/RJ. CEP
20.020-010

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II.4.1 Pessoas Jurídicas Participantes da Conduta

372. Em sequência é apresentada a relação de pessoas jurídicas em face das quais se


recomenda a abertura de Processo Administrativo, juntamente com indicação de elementos
exemplificativos e resumidos dos indícios já apresentados na descrição detalhada da conduta:

II.4.1.1 Pessoas Jurídicas Signatária e Compromissárias

Tabela 42 - Identificação da Pessoa Jurídica Signatária do Acordo de Leniência


(“Andrade Gutierrez”)158
REPRESEN
ENDEREÇO (SEDE, WEBSITE/TEL/F
EMPRESA CNPJ TANTE
ESCRITÓRIO, FÁBRICAS) AX
LEGAL
Avenida do Contorno, 8.123,
Cidade Jardim, Belo Horizonte
– MG
CEP: 30.110-910

Praia de Botafogo 186, 18


Andrade Gutierrez andar, Botafogo, Rio de Janeiro http://www.andrade
Engenharia S.A. – RJ gutierrez.com/
(atual denominação CEP: 22.250-145
17.262.213/0001 [ACESSO
da Construção (31)3290-6699
-94 Rua Geraldo Campos Moreira, RESTRITO]
Andrade Gutierrez (21)2211-8000
S.A.) (“Andrade 375, Brooklin Novo, São Paulo (11)5502-2000
Gutierrez”) – SP (61)3424-3300
CEP: 04.571-020

SHS Quadra 6, Bloco A, Salas


804 e 809, Centro Empresarial
Brasil 21, Brasília – DF
CEP: 70.316-000

Construtora Andrade Gutierrez S.A. (“Andrade Gutierrez”)

373. De acordo com a própria Signatária, a Compromissária Odebrecht e a


Compromissária Carioca, a Andrade Gutierrez participou das condutas na "Fase I –
Formação do acordo anticompetitivo preliminar" e na "Fase II – Consolidação de
acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais". Na Fase I, teria estabelecido acordos
bilaterais com a Odebrecht, coordenado reuniões com outras empresas (G6) e mantido
tratativas com as empresas Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, OAS e Queiroz Galvão
acerca dos estádios da Copa do Mundo.

374. A Signatária supostamente praticou condutas anticompetitivas consistentes em


acordos (i) de fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii)

158
Informação sobre a identidade da Empresa Signatária é pública, conforme versão pública do Histórico da
Conduta (SEI 0275797).

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 158 de 202


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Versão Pública

divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente


sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios,
formação de consórcio e apresentação e solicitação de apresentação de propostas de cobertura,
a fim de frustrar o caráter competitivo das licitações públicas referentes à Arena
Pernambuco (Recife/PE), ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), ao Estádio do
Maracanã (Rio de Janeiro/RJ) e à Arena Amazônia (Manaus/AM). Por fim, teria
manifestado interesse, durante a Fase I, no Estádio do Mineirão (Belo Horizonte/MG) e em
realizar acordo com a Odebrecht para formação de consórcio que não se concretizou.

375 Na licitação referente à Arena Pernambuco (Recife/PE), a empresa foi líder do


Consórcio Arena Pernambuco (formado por Andrade Gutierrez e OAS), que teria apresentado
proposta de cobertura, a pedido da Odebrecht, para o Consórcio Cidade COPA (formado por
empresas do Grupo Odebrecht). Na licitação referente ao Estádio Mané Garrincha
(Brasília/DF), a empresa, pertencente ao Consórcio Brasília 2014 (formado por Andrade
Gutierrez e Via Engenharia), teria solicitado a apresentação de proposta de cobertura para a
Odebrecht e à OAS. Na licitação referente ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ), a
empresa integrou o Consórcio Maracanã Rio 2014 (formado pela Andrade Gutierrez,
Odebrecht e Delta), que teria solicitado a apresentação de proposta de cobertura para a OAS,
Queiroz Galvão e possivelmente à Carioca Engenharia. No que se refere à Arena Amazônia
(Manaus/AM), a empresa teria solicitado a apresentação de proposta de cobertura à
Odebrecht.

376. Sua participação na conduta teria sido implementada pelos seus funcionários ou
ex-funcionários, também Signatários, na Fase I, Clóvis Numa Renato Peixoto Primo (Diretor
Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez), João Marcos de Almeida da
Fonseca (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez em Belo Horizonte), Márcio
Magalhães Duarte Pinto (Diretor de Operações Geral da Andrade Gutierrez) e Rogério Nora
de Sá (Presidente da Andrade Gutierrez). Na Fase II, além de Clóvis Numa Renato Peixoto
Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da Andrade Gutierrez) e Rogério
Nora de Sá (Presidente da Andrade Gutierrez), houve participação dos Signatários Alberto
Quintaes (Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez), Carlos José de Souza (Gerente
Comercial do Distrito Federal e Tocantins da Andrade Gutierrez), Eduardo Alcides Zarrelato
(Gerente Técnico Comercial da Andrade Gutierrez), Roberto Xavier de Castro Junior
(Engenheiro de Obras da Andrade Gutierrez) e Rodrigo Ferreira Lopes da Silva
(Superintendente Comercial da Andrade Gutierrez).

377. Sua participação na conduta teria sido implementada também pelos seus
funcionários ou ex-funcionários, não Signatários, na Fase I, Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Gerente de Estruturação de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), e na Fase
II, além de Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Gerente de Estruturação de Negócios
Estruturados da Andrade Gutierrez), Helder Dantas (Diretor de Desenvolvimento de Negócios
da Andrade Gutierrez) e Márcio Bolívar de Andrade (Diretor de Contrato da Andrade
Gutierrez).

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 159 de 202


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Tabela 43 - Identificação da Pessoa Jurídica Compromissária (“Carioca”)


ENDEREÇO
(SEDE, WEBSITE/TEL/ REPRESENTANTE
EMPRESA CNPJ
ESCRITÓRIO, FAX LEGAL
FÁBRICAS)
www.cariocaenge
Carioca Christiani- Rua do Parque, 31, nharia.com.br
Nielsen Engenharia 40.450.769/0001 São Cristóvão, Rio
[ACESSO RESTRITO]
S.A. (“Carioca -26 de Janeiro (RJ), Tel.: 21
Engenharia”) CEP 20940-050 3891.2200

Carioca Christiani-Nielsen Engenharia S.A. (“Carioca Engenharia”)

378. De acordo com a própria Compromissária, a Signatária e a Compromissária


Odebrecht, a Carioca teria participado das supostas condutas na "Fase I. Formação do
acordo anticompetitivo preliminar" e na "Fase II, Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais". Na Fase I, teria participado de reuniões com
outras empresas (G6), coordenadas pela Andrade Gutierrez e a Odebrecht, mantendo
tratativas com as empresas participantes acerca dos estádios da Copa do Mundo.

379. A Compromissária teria praticado supostas condutas anticompetitivas consistentes


em (i) acordos de fixação de preços, condições, vantagens e abstenções entre
concorrentes; (ii) acordos de divisão de mercado e alocação de projetos, por meio da
formação de consórcio, da supressão de propostas e da apresentação de propostas de
cobertura; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis, por meio da troca de
informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, a fim de frustrar o caráter competitivo
das licitações referentes à Arena Castelão (Fortaleza/CE) e ao Estádio do Maracanã (Rio
de Janeiro/RJ).

380. Quanto à Arena Castelão (Fortaleza/CE), teria solicitado a apresentação de


proposta de cobertura para a Odebrecht e incluído a Queiroz Galvão no consórcio que estava
se formando. Na licitação para o Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ), teria
apresentado proposta em consórcio com a Queiroz Galvão, que foi contatada pela Odebrecht
para apresentar proposta de cobertura. A Carioca Engenharia não venceu nenhuma licitação
de estádio da Copa do Mundo, embora tivesse grande interesse na Arena Castelão
(Fortaleza/CE).

381. Com relação ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), a Compromissária


informou que a respectiva licitação pode ter sido afetada por condutas anticompetitivas, mas
não foi capaz de recuperar evidências neste sentido, uma vez que a empresa sequer superou a
fase de pré-qualificação desta concorrência.

382. Sua conduta teria sido implementada por seus funcionários, também
Compromissários, nas Fases I e II, José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de
desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia), Marcelo Antonio Carvalho
Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca
Engenharia) e Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca

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Engenharia). Para o Castelão, estavam designados para atuar no projeto: José Camilo Teixeira
Carvalho e Marcelo Antonio Carvalho Macedo. Para o Estado do Maracanã, Ricardo
Pernambuco Backheuser Junior. Em razão da decisão de supressão de proposta, Ricardo
Pernambuco Junior não designou equipe de coordenação para o projeto do Maracanã.

Tabela 44 - Identificação de Pessoas Jurídicas Compromissárias (“Odebrecht”)


REPRESEN
EMPRESA CNPJ ENDEREÇO WEBSITE/ TEL/ FAX TANTE
LEGAL
Rua Lemos Monteiro, nº
Construtora Norberto www.odebrecht.com
15.102.288/0001- 120, andar 7, parte E, [ACESSO
Odebrecht S.A. Tel.: +55 (11) 3792-
82 Butantã, São Paulo/SP. RESTRITO]
(“CNO”) 4000
CEP 05.501-050
Odebrecht Engenharia e
Construção Internacional Rua Lemos Monteiro, nº
www.odebrecht.com
S.A. (antiga Odebrecht 10.220.039/0001- 120, andar 12, parte H, [ACESSO
Tel.: +55 (11) 3792-
Serviços de Engenharia e 78 Butantã, São Paulo/SP. RESTRITO]
4000
Construção S.A.) CEP 05.501-050
(“OECI”)
Odebrecht Participações
Rua Lemos Monteiro, nº
e Investimentos S.A. www.odebrecht.com
07.668.258/0001- 120, andar 7, parte E, [ACESSO
(antiga Odebrecht Tel.: +55 (11) 3792-
00 Butantã, São Paulo/SP. RESTRITO]
Investimentos em Infra- 4000
CEP 05.501-050
Estrutura Ltda.) (“OPI”)

Odebrecht (Construtora Norberto Odebrecht S.A., Odebrecht Engenharia e Constrição


Internacional S.A. e Odebrecht Participações e Investimentos S.A.)

383. De acordo com a própria Compromissária Odebrecht, a Signatária e a


Compromissária Carioca, a Odebrecht é aqui representada pelas seguintes empresas do Grupo
Econômico Odebrecht, com suas respectivas funções relativas ao mercado nacional de obras
de construção civil, modernização e/ou reforma de instalações esportivas (“estádios de
futebol”) destinados à Copa do Mundo do Brasil de 2014: a) Construtora Norberto Odebrecht
S.A. (“CNO”); b) Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A. (antiga Odebrecht
Serviços de Engenharia e Construção S.A. - “OECI”); e c) Odebrecht Participações e
Investimentos S.A. (antiga Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura - “OPI”). Quanto à
estrutura organizacional do Grupo Odebrecht, a Holding era presidida por um Diretor
Presidente, que respondia ao seu Conselho de Administração. O Diretor Presidente da
Holding participava dos Negócios do Grupo Odebrecht como membro do Conselho de
Administração da empresa holding de cada um dos Negócios (na maioria dos casos como
Presidente do Conselho de Administração). Cada Negócio contava com um Líder
Empresarial, que respondia ao Conselho de Administração da empresa holding do seu
respectivo Negócio. Cinco desses Líderes Empresariais tinham atuação na Construtora
Norberto Odebrecht S.A. (CNO), sendo um deles o Líder Empresarial do Negócio
Infraestrutura Brasil. As condutas e pessoas aqui mencionadas atuavam no Negócio
Infraestrutura Brasil.

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384. A Odebrecht teria participado das condutas na "Fase I. Formação do acordo


anticompetitivo preliminar" e na "Fase II, Consolidação de acordos anticompetitivos
bilaterais e multilaterais". Na Fase I, teria estabelecido acordos bilaterais com a Andrade
Gutierrez, e coordenado reuniões com outras empresas (G6), mantendo tratativas com as
empresas Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, OAS e Queiroz Galvão acerca dos estádios
da Copa do Mundo. Teria atuado, nesta fase, segundo a Signatária, a fim de dividir mercado e
de alocar projetos da Copa do Mundo.

385. A Compromissária teria praticado supostas condutas anticompetitivas consistentes


em acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação;
(ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações
concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos
nos Estádios, por meio da formação de consórcios e apresentação e solicitação de
apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo das
licitações públicas referentes à Arena Pernambuco (Recife/PE), ao Estádio do Maracanã
(Rio de Janeiro/RJ), ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), à Arena Amazônia
(Manaus/AM) e à Arena Castelão (Fortaleza/CE). Além disso, havia manifestado interesse,
durante a Fase I, no Estádio do Mineirão (Belo Horizonte/MG), em celebrar acordo com a
Andrade Gutierrez para formação de consórcio que não se concretizou. Por fim, há indícios de
suposta atuação da Compromissária na Arena Fonte Nova (Salvador/BA)159, licitação em
que foi vencedor o consórcio formado pela Odebrecht e OAS.

386. A Odebrecht sagrou-se vencedora nas licitações referentes à Arena Pernambuco


(Recife/PE) e ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ). Com relação à Arena
Pernambuco (Recife/PE), teria solicitado proposta de cobertura à Andrade Gutierrez, que
participou do certame em consórcio com a OAS - Consórcio Arena Pernambuco. Na licitação
referente ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ), a empresa integrou o Consórcio
Maracanã Rio 2014 (formado pela Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta), e teria solicitado a
apresentação de proposta de cobertura para a OAS, Queiroz Galvão e Carioca Engenharia.

387. Teria apresentado ainda propostas de cobertura nas licitações referentes ao


Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), à Arena Amazônia (Manaus/AM) e à Arena
Castelão (Fortaleza/CE). Para o Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF) e a Arena
Amazônia (Manaus/AM), teria apresentado proposta de cobertura em face de pedido da
Andrade Gutierrez, conforme confirmado pela Signatária. Na licitação referente a Arena
Castelão (Fortaleza/CE), teria apresentado proposta de cobertura em razão de solicitação
feita pela Carioca, pedido confirmado pela Compromissária Carioca.

388. Sua suposta participação na conduta teria sido implementada pelos seus
funcionários ou ex-funcionários, também Compromissários, na Fase I, Benedicto Barbosa da
Silva Júnior (Diretor Superintendente para o Sul-Sudeste e Líder Empresarial da área de

159
Segundo os Signatários, em sede do acordo preliminar firmado entre os concorrentes na “Fase I. Discussões
preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar”, a Odebrecht manifestou interesse em vencer as
seguintes obras dos estádios da Copa do Mundo: Recife/PE (Arena Pernambuco), Rio de Janeiro/RJ (Estádio do
Maracanã), Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão) e Arena Fonte Nova em Salvador/BA.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 162 de 202


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Infraestrutura), Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de Negócios), Geraldo


Villin Prado (Diretor de Investimentos) e João Borba Filho (Diretor de Desenvolvimento de
Negócios). Na Fase II, além dos representantes mencionados na Fase I, também teriam
participado os Compromissários João Antônio Pacífico Ferreira (Diretor-Superintendente
para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste), Júlio Cesar Duarte Perdigão (Diretor de
Investimento), Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato) e Ricardo Roth Ferraz
(Diretor de Contrato).

II.4.1.2 Pessoas Jurídicas Não Signatárias e Não Compromissárias

Tabela 45 - Identificação da Pessoa Jurídica (“Camargo Corrêa”)


ENDEREÇO
(SEDE, WEBSITE/TEL/ REPRESENTANTE
EMPRESA CNPJ
ESCRITÓRIO, FAX LEGAL
FÁBRICAS)
www.construtorac
Av. Brigadeiro
Construções e amargocorrea.com
Faria Lima, 1663,
Comércio Camargo .br
61.522.512/0001 10º andar,
Corrêa S.A. [ACESSO RESTRITO]
-02 Pinheiros,
(“Camargo (11) 2787-4565
São Paulo – SP.
Corrêa”) (11) 3848-7875
CEP: 01452-001
(11) 3841-5511

Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A. (“Camargo Corrêa”)

389. De acordo com a Signatária e a Compromissária Carioca, a Camargo Corrêa teria


participado da conduta na “Fase I. Discussões preliminares e formação do acordo
anticompetitivo preliminar”, a fim de dividir mercado e de alocar projetos da Copa do
Mundo. A Camargo Corrêa teria praticado supostas condutas anticompetitivas consistentes
em acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação;
(ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações
concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos
nos Estádios.

390. A Camargo Corrêa teria manifestado interesse única e exclusivamente em realizar


as obras referentes ao estádio localizado em São Paulo/SP, à época em que se cogitava
reformar o Estádio do Morumbi, de propriedade do São Paulo Futebol Clube. Desta forma, a
empresa teria estado envolvida em discussões entre concorrentes até o final da Fase I, quando
se decidiu pela construção da Arena Corinthians160, tendo sido descartada a reforma do
estádio do Morumbi.

391. A participação da Camargo Corrêa na conduta teria sido implementada pelos seus
funcionários (atualmente funcionários e/ou ex-funcionários) Eduardo Hermelino Leite (Vice-
160
A decisão de construção da Arena Corinthians se deu em 17 de junho de 2010, data que marca o final da
“Fase I. Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar”.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 163 de 202


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Presidente da Camargo Corrêa) e Emílio Eugênio Auler Neto (Diretor Comercial da Camargo
Corrêa). Segundo a Compromissária Carioca, Emílio Eugênio Auler Neto teria se reunido, em
diversas oportunidades, com representantes de empresas concorrentes para discutir a alocação
de vencedores das licitações referentes à construção e/ou modernização dos estádios de
futebol para a Copa do Mundo.

Tabela 46 - Identificação da Pessoa Jurídica (“OAS”)


ENDEREÇO
(SEDE, WEBSITE/TEL/ REPRESENTANTE
EMPRESA CNPJ
ESCRITÓRIO, FAX LEGAL
FÁBRICAS)
Av. Angélica, 2330,
2346/2364, 7º
andar,
Consolação,
São Paulo – SP. www.oas.com.br
Construtora OAS 14.310.577/0001 CEP: 01228-200
[ACESSO RESTRITO]
S.A. (“OAS”) -04 (11)2124-1122
Av. Francisco (11) 2124-1378
Matarazzo, 1350,
19º andar, Água
Branca, São Paulo-
SP. CEP 05001-100

Construtora OAS S.A. (“OAS”)

392. De acordo com a Signatária, a Compromissária Odebrecht e a Compromissária


Carioca, a OAS teria participado das condutas na "Fase I. Formação do acordo
anticompetitivo preliminar" e na "Fase II, Consolidação de acordos anticompetitivos
bilaterais e multilaterais". Na Fase I, teria participado de reuniões, coordenadas pela
Andrade Gutierrez e a Odebrecht, com outras empresas (G6), mantendo tratativas com as
empresas participantes acerca dos estádios da Copa do Mundo. Segundo os Signatários, na
“Fase I. Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar”, a OAS
teria manifestado interesse em vencer as seguintes obras dos estádios da Copa do Mundo:
Brasília/DF (Estádio Nacional Mané Garrincha), Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã),
Arena das Dunas em Natal/RN e Arena Fonte Nova em Salvador/BA.

393. A OAS teria praticado supostas condutas anticompetitivas consistentes em


acordos (i) de fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii)
divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente
sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por
meio da formação de consórcio e apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o
caráter competitivo das licitações públicas referentes à Arena Pernambuco (Recife/PE), ao
Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ) e ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF).
Há indícios ainda de participação da OAS em supostos acordos referentes à alocação de
projetos e à divisão de mercados relativos às obras de 2 (dois) estádios de futebol da Copa do
Mundo (Arena das Dunas - Natal/RN e Arena Fonte Nova - Salvador/BA), uma vez que

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Versão Pública

esta empresa manifestou interesse por essas obras durante as discussões do acordo
anticompetitivo preliminar.

394. Na licitação referente à Arena Pernambuco (Recife/PE), a empresa participou


do Consórcio Arena Pernambuco (formado por Andrade Gutierrez e OAS), que teria
apresentado proposta de cobertura, a pedido da Odebrecht, para o Consórcio Cidade COPA
(formado por empresas do Grupo Odebrecht). Na licitação referente ao Estádio do Maracanã
(Rio de Janeiro/RJ), a empresa teria apresentado proposta de cobertura para o Consórcio
Maracanã Rio 2014 (formado pela Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta), a pedido da
Odebrecht. Já na licitação referente ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), a empresa
teria apresentado proposta de cobertura, a pedido do consórcio formado pela Andrade
Gutierrez e Via Engenharia.

395. Sua suposta participação na conduta teria sido implementada pelo seu funcionário
José Lunguinho Filho (Diretor Comercial da OAS), Marcelo Duarte Ribeiro (Gerente
Comercial da OAS) e Reginaldo Assunção Silva (Diretor Superintendente da OAS).

Tabela 47 - Identificação da Pessoa Jurídica (“Queiroz Galvão”)


ENDEREÇO (SEDE,
WEBSITE/ REPRESENTANT
EMPRESA CNPJ ESCRITÓRIO,
TEL/FAX E LEGAL
FÁBRICAS)
Avenida Presidente Antônio
Carlos, 51, 31,
5°, 6° e 7° andares
Centro www.grupoqu
Rio de Janeiro – RJ eirozgalvao.co
Construtora Queiroz
33.412.792/0001 CEP: 20020-010 m.br [ACESSO
Galvão S.A.
-60 RESTRITO]
(“Queiroz Galvão”)
Rua Santa Luzia 651, 2º a 6º (21) 2131-
andares, 7229
Centro,
Rio de Janeiro – RJ.
CEP: 20030-041

Construtora Queiroz Galvão S.A. (“Queiroz Galvão”)

396. De acordo com a Signatária, a Compromissária Odebrecht e a Compromissária


Carioca, a Queiroz Galvão teria participado das condutas na "Fase I. Formação do acordo
anticompetitivo preliminar" e na "Fase II, Consolidação de acordos anticompetitivos
bilaterais e multilaterais". Na Fase I, teria participado de reuniões, coordenadas pela
Andrade Gutierrez e a Odebrecht, com outras empresas (G6), mantendo tratativas com as
empresas participantes acerca dos estádios da Copa do Mundo. Segundo os Signatários, em
sede do suposto acordo preliminar firmado entre os concorrentes na “Fase I. Discussões
preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar”, a Queiroz Galvão teria
manifestado interesse em vencer as seguintes obras dos estádios da Copa do Mundo: Arena
Pernambuco em Recife/PE e Arena Castelão em Fortaleza/CE.

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COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

397. A Queiroz Galvão teria praticado condutas anticompetitivas consistentes em


acordos (i) de fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii)
divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente
sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por
meio da formação de consórcio e apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o
caráter competitivo da licitação pública referente ao Estádio do Maracanã (Rio de
Janeiro/RJ) e à Arena Castelão (Fortaleza/CE). Há indícios ainda de sua participação em
supostos acordos referentes à alocação do projeto relativo à licitação do Estádio do Mané
Garrincha (Brasília/DF).

398. Na licitação referente ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ), a empresa


teria apresentado proposta de cobertura para o Consórcio Maracanã Rio (formado pelas
empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta), a pedido da Odebrecht, por meio do
Consórcio Novo Maracanã (formado pela Queiroz Galvão e Carioca Engenharia). A
Compromissária Carioca confirma ter tido conhecimento de que se tratava de apresentação de
proposta de cobertura. Na licitação da Arena Castelão (Fortaleza/CE), a empresa teria
participado de consórcio com a Carioca Engenharia, tendo ciência da solicitação de
apresentação de proposta de cobertura para a Odebrecht.

399. Sua participação na suposta conduta teria sido implementada, principalmente,


pelos seus funcionários Rui Novais Dias (Diretor Comercial) e Gustavo Souza (Diretor
Comercial).

Tabela 48 - Identificação da Pessoa Jurídica (“DELTA”)


ENDEREÇO
(SEDE, WEBSITE/ REPRESENTANTE
EMPRESA CNPJ
ESCRITÓRIO, TEL/FAX LEGAL
FÁBRICAS)
www.deltaconstru
Estrada do Guandu
cao.com.br
do Sena, 00316,
Delta Construções 10.788.628/0001
Bangu, [ACESSO RESTRITO]
S.A. (“Delta”) -57 Telefone: (21)
Rio De Janeiro - RJ
39742600
CEP 21.853-032

Delta Construções S.A. (DELTA)

400. De acordo com a Compromissária Odebrecht, a Delta teria participado das


condutas na "Fase II, Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e
multilaterais". Teria praticado supostas condutas anticompetitivas consistentes em acordos
(i) de fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de
mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis
por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por meio da
formação de consórcio e solicitação de apresentação de proposta de cobertura, a fim de
frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente ao Estádio do Maracanã (Rio de
Janeiro/RJ). Na referida licitação, a empresa pertencia ao Consórcio Maracanã Rio (formado

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 166 de 202


SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

pela Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta), que teria solicitado a apresentação de propostas
de cobertura para a OAS, Queiroz Galvão e Carioca Engenharia.

401. Sua participação na suposta conduta teria sido implementada pelos seus
funcionários e/ou ex-funcionários Dinarte Cirilo Sousa (Coordenador de Licitações da Delta),
Paulo Meriade Duarte (Diretor Comercial da Delta) e Fernando Antônio Cavendish Soares
(Presidente do Conselho de Administração da Delta).

Tabela 49 - Identificação da Pessoa Jurídica (“Via Engenharia”)


REPRESENTANTE
EMPRESA CNPJ ENDEREÇO WEBSITE/ TEL/ FAX
LEGAL
Via Engenharia 00.584.755/000 (Sede) http://www.viaengenhar
S.A. (“Via 1-80 Brasília ia.com.br [ACESSO RESTRITO]
Engenharia”) TR Sia/Sul Trecho 3
Lotes 1705/15 S/N, (Sede)
Setor de Indústria, Brasília
Brasília/DF. CEP Telefone: (61) 3403-
71.200-030 4000 |
Fax: (61) 3233-0134

Via Engenharia S.A. (“Via Engenharia”)

402. De acordo com a Signatária e a Compromissária Odebrecht, a Via Engenharia


teria participado das condutas na "Fase II, Consolidação de acordos anticompetitivos
bilaterais e multilaterais". Teria praticado condutas anticompetitivas consistentes em
acordos (i) de fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii)
divisão de mercado entre concorrentes, e (iii) troca de informações concorrencialmente
sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por
meio da formação de consórcio e solicitação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o
caráter competitivo da licitação pública referente ao Estádio do Mané Garrincha
(Brasília/DF). Na referida licitação, a empresa pertencia ao Consórcio Brasília 2014
(formado pela Andrade Gutierrez e Via Engenharia), que teria solicitado a apresentação de
propostas de cobertura para a OAS.

403. Sua participação na suposta conduta teria sido implementada pelos seus
funcionários e/ou ex-funcionários Fernando Márcio Queiróz (Diretor Presidente da Via
Engenharia), Luís Ronaldo Santos Wanderley (Diretor de Engenharia da Via Engenharia) e
Luiz Felipe Cardoso de Carvalho (Diretor Comercial Via Engenharia).

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II.4.2 Pessoas Físicas Participantes da Conduta

404. Em sequência é apresentada a relação de pessoas físicas em face das quais se


recomenda a abertura de Processo Administrativo, juntamente com indicação de elementos
exemplificativos e resumidos dos indícios já apresentados na descrição detalhada da conduta:

II.4.2.1 Pessoas Físicas Signatárias e Compromissárias

Tabela 50 - Dados das Pessoas Físicas Signatárias


“Andrade Gutierrez”

CARGOS CPF E-mail / Endereço/


NOME EMPRESA
OCUPADOS Telefone
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.
Alberto
Rio de Janeiro
Quintaes [ACESSO [ACESSO
Praia de Botafogo, [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
300, 4° andar,
Botafogo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22.250-040
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

À época da conduta
estava alocado no
Escritório em
Brasília: SCN,
Quadra II, Bloco A,
Carlos José de [ACESSO Edifício Corporate [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Souza RESTRITO] Financial Center, RESTRITO]
Sala 201,
Brasília/DF.

Atualmente a
empresa não possui
mais escritório em
Brasília.

Construtora Andrade
Gutierrez S.A.
Clóvis Renato
Numa Peixoto Rio de Janeiro
[ACESSO [ACESSO
Primo Praia de Botafogo, [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
300, 4° andar,
Botafogo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22.250-040
Construtora Andrade
Eduardo
[ACESSO Gutierrez S.A. [ACESSO
Alcides [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] À época da conduta RESTRITO]
Zanelatto
estava alocado no

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Escritório em
Brasília: SCN,
Quadra II, Bloco A,
Edifício Corporate
Financial Center,
Sala 201,
Brasília/DF.

Atualmente a
empresa não possui
mais escritório em
Brasília.

Ex-funcionário da
empresa.
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

João Marcos
[ACESSO Avenida do [ACESSO
de Almeida da [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] Contorno, 8.123 RESTRITO]
Fonseca
Cidade Jardim
Belo Horizonte –
MG
CEP: 30.110-910
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Márcio Rio de Janeiro


[ACESSO [ACESSO
Magalhães Praia de Botafogo, [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
Duarte Pinto 300, 4° andar,
Botafogo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22.250-040
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.
À época da conduta
estava alocado no
Escritório em
Brasília: SCN,
Quadra II, Bloco A,
Edifício Corporate
Financial Center,
Roberto Sala 201,
[ACESSO [ACESSO
Xavier de Brasília/DF. [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
Castro Junior
Atualmente a
empresa não possui
mais escritório em
Brasília.

Ex-funcionário da
empresa.

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Construtora Andrade
Gutierrez S.A.
Rodrigo
Brasília:
Ferreira Lopes
[ACESSO SHS Quadra 6, Bloco [ACESSO
da Silva [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] A, Salas 804 e 809, RESTRITO]
Centro Empresarial
Brasil 21
Brasília – DF
CEP: 70.316-000
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Rio de Janeiro
Rogério Nora [ACESSO [ACESSO
Praia de Botafogo, [ACESSO RESTRITO]
de Sá RESTRITO] RESTRITO]
300, 4° andar,
Botafogo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22.250-040

Alberto Quintaes

405. De acordo com a Signatária e a Compromissária Odebrecht, Alberto Quintaes foi,


durante a conduta, Superintendente Comercial, representante do escalão operacional da
Andrade Gutierrez. Sua participação na suposta conduta consistiria em acordos de (i) fixação
de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado
entre concorrentes, e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da
troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por meio de suposta
solicitação de apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo
da licitação pública referente às obras do Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ). Para
tal, juntamente com representantes da Odebrecht (Marcos Vidigal do Amaral) e da Delta
(Paulo Meriade Duarte e Dinarte Cirilo Sousa), teria solicitado a apresentação de proposta de
cobertura a diversas empresas. Teria realizado contatos, por meio de ligações telefônicas e
encontros presenciais, com Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht),
Paulo Meriade Duarte (Diretor Comercial da Delta), Dinarte Cirilo Sousa (Coordenador de
Licitações da Delta), representante da Estacon (Eduardo Bittar), representante da Paulitec
(Márcio dos Santos) e representante da Recoma (Sérgio Schild), para solicitar que as
empresas se abstivessem de participar da licitação, para que o Consórcio Maracanã Rio 2014
(formado pela Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta) se sagrasse vencedor do certame. Teria
atuado durante a “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e
multilaterais”.

Carlos José de Souza

406. De acordo com a Signatária, Carlos José de Souza foi, durante a conduta, Gerente
Comercial do Distrito Federal e Tocantins da Andrade Gutierrez, sendo representante do
escalão operacional da companhia, posição que ocupou de 01/10/2006 a 30/12/2011. Sua
participação na suposta conduta consistiria em acordos de (i) fixação de preços, condições,
vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii)

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troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre


interesses estratégicos nos Estádios, por meio de contatos anticompetitivos com concorrentes
para formação de consórcio e apresentação de proposta de cobertura, a fim de frustrar o
caráter competitivo da licitação pública referente ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF).

407. Quanto à licitação para o Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), teria


participado de contatos e reuniões com concorrentes – Via Engenharia e OAS – para discutir
acordos específicos envolvendo formação de consórcio e solicitação de proposta de cobertura
para a OAS. Teria tido participação ativa na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

Clóvis Renato Numa Peixoto Primo

408. De acordo com a Signatária e a Compromissária Odebrecht, Clóvis Renato Numa


Peixoto Primo foi, durante a conduta, Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte,
representante do alto escalão da Andrade Gutierrez. Sua participação na suposta conduta teria
consistido em acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de
participação; (ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações
concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos
nos Estádios, por meio da solicitação ou apresentação de proposta de cobertura, a fim de
frustrar o caráter competitivo das licitações públicas referentes à Arena Amazônia
(Manaus/AM), ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), ao Estádio do Maracanã (Rio
de Janeiro/RJ) e à Arena Pernambuco (Recife/PE). Para tal, teria mantido contato com
representantes da Odebrecht - Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e
Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil) e João Antônio Pacífico Ferreira
(Diretor Superintendente para a região Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Para o Estádio
Mané Garrincha (Brasília/DF), teria participado ainda da solicitação de proposta de
cobertura para a OAS, realizada em reunião com a participação do consórcio Andrade
Gutierrez e Via Engenharia. Além desta participação na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”, teria participado ativamente de contatos na
“Fase I. Discussões Preliminares e Formação do acordo anticompetitivo preliminar”,
tanto nos contatos entre Andrade Gutierrez e Odebrecht como nos contatos entre concorrentes
envolvendo o grupo de 6 empresas. Na fase I, teria tratado ainda sobre a licitação referente ao
Estádio Mineirão (Belo Horizonte/MG).

Eduardo Alcides Zanelatto

409. De acordo com a Signatária, Eduardo Alcides Zanelatto foi, durante a conduta,
Assistente Comercial e Gerente Técnico Comercial da Andrade Gutierrez, sendo
representante do escalão operacional da companhia, posições que ocupou, respectivamente,
de julho de 2007 a março de 2010 e de abril de 2010 a setembro de 2014. Sua participação na
suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e
abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de
informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre
interesses estratégicos nos Estádios, por meio de contatos anticompetitivos com concorrentes,
a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente ao Estádio Mané

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Garrincha (Brasília/DF). Teria participado na “Fase II. Consolidação de acordos


anticompetitivos bilaterais e multilaterais”, participando de grupo de trabalho com
representantes da Andrade Gutierrez e da Via Engenharia com o objetivo de assessorar a
NOVACAP no direcionamento do Edital.

João Marcos de Almeida da Fonseca

410. De acordo com a Signatária, João Marcos de Almeida da Fonseca foi, durante a
conduta, Superintendente Comercial, representante do escalão operacional da Andrade
Gutierrez. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por meio da solicitação ou
apresentação de proposta de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo das licitações
públicas referentes aos estádios da Copa do Mundo. Teria participado ativamente de contatos
na “Fase I. Discussões Preliminares e Formação do acordo anticompetitivo preliminar”,
tanto nos contatos entre Andrade Gutierrez e Odebrecht como nos contatos entre concorrentes
envolvendo o grupo de 6 empresas. Na fase I, teria tratado ainda sobre a licitação referente ao
Estádio Mineirão (Belo Horizonte/MG).

Márcio Magalhães Duarte Pinto

411. De acordo com a Signatária, Márcio Magalhães Duarte Pinto foi, durante a
conduta, Diretor de Operações Geral, representante do escalão operacional da Andrade
Gutierrez. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por meio da solicitação ou
apresentação de proposta de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo das licitações
públicas referentes aos estádios da Copa do Mundo. Teria participado ativamente de contatos
na “Fase I. Discussões Preliminares e Formação do acordo anticompetitivo preliminar”,
tanto nos contatos entre Andrade Gutierrez e Odebrecht como nos contatos entre concorrentes
envolvendo o grupo de 6 empresas. Na fase I, teria tratado ainda sobre a licitação referente ao
Estádio Mineirão (Belo Horizonte/MG).

Roberto Xavier de Castro Junior

412. De acordo com a Signatária, Roberto Xavier de Castro Júnior foi, durante a
conduta, Engenheiro de Obras da Andrade Gutierrez, sendo representante do escalão
operacional da companhia, posição que ocupou de janeiro de 2009 a janeiro de 2012. Sua
suposta participação na conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços,
condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por meio de contatos
anticompetitivos com concorrentes, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública
referente ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF). Teria participado na “Fase II.

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Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”, participando de


grupo de trabalho com representantes da Andrade Gutierrez e da Via Engenharia com o
objetivo de assessorar a NOVACAP no direcionamento do Edital.

Rodrigo Ferreira Lopes da Silva

413. De acordo com a Signatária e a Compromissária Odebrecht, Rodrigo Ferreira


Lopes da Silva foi, durante a conduta, Superintendente Comercial, representante do escalão
operacional da Andrade Gutierrez. Sua participação na suposta conduta teria consistido em
acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii)
divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente
sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por
meio da apresentação e da solicitação de apresentação de propostas de cobertura, a fim de
frustrar o caráter competitivo das licitações públicas relativas à Arena Pernambuco
(Recife/PE) e ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF). Para a licitação referente à Arena
Pernambuco (Recife/PE) teria designado Helder Dantas para o repasse e o recebimento de
informações técnicas necessárias para viabilizar a proposta. Quanto à licitação referente ao
Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), teria articulado com a Odebrecht a apresentação de
proposta de cobertura para que o Consórcio Brasília 2014 (formado pela Andrade Gutierrez e
Via Engenharia) se sagrasse vencedor da licitação, tendo realizado contato com João Antônio
Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para a Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste da
Odebrecht) e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira (Diretor de Contrato da Odebrecht). No Distrito
Federal, teria ainda designado Carlos José de Souza (Gerente Comercial do Distrito Federal e
Tocantins da Andrade Gutierrez) para auxiliar no direcionamento do edital ao indicá-lo para
compor um grupo de trabalho com a Via Engenharia. Por fim, teria participado da solicitação
de proposta de cobertura para a OAS, realizada em reunião com a participação do consórcio
Andrade Gutierrez e Via Engenharia. Teria atuado durante a “Fase II. Consolidação de
acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

Rogério Nora de Sá

414. De acordo com a Signatária, Rogério Nora de Sá foi, durante a conduta,


Presidente, representante do altíssimo escalão da Andrade Gutierrez. Sua participação na
suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e
abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de
informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre
interesses estratégicos nos Estádios, por meio da solicitação ou apresentação de proposta de
cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo das licitações públicas referentes aos
estádios da Copa do Mundo, em especial a licitação para o Estádio Mané Garrincha
(Brasília/DF). Teria participado ativamente de contatos na “Fase I. Discussões Preliminares
e Formação do acordo anticompetitivo preliminar”, tanto nos contatos entre Andrade
Gutierrez e Odebrecht como nos contatos entre concorrentes envolvendo o grupo de 6
empresas. Teria também atuado durante a “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

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Tabela 51 - Dados das Pessoas Físicas Compromissárias


“Carioca”

CARGOS E-mail / Endereço/


NOME EMPRESA CPF
OCUPADOS telefone celular
Carioca Christiani
Nielsen Engenharia
S.A. (“Carioca
José Camilo Engenharia”)
[ACESSO [ACESSO
Teixeira [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
Carvalho Rua do Parque, 31
São Cristóvão
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20940-050
Carioca Christiani
Nielsen Engenharia
S.A. (“Carioca
Engenharia”)
Marcelo
Antonio [ACESSO [ACESSO
Rua do Parque, 31 [ACESSO RESTRITO]
Carvalho RESTRITO] RESTRITO]
São Cristóvão
Macedo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20940-050

Carioca Christiani
Nielsen Engenharia
S.A. (“Carioca
Ricardo Engenharia”)
Pernambuco [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Backheuser RESTRITO] Rua do Parque, 31 RESTRITO]
Júnior São Cristóvão
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20940-050

José Camilo Teixeira Carvalho

415. De acordo com os Signatários e os Compromissários Carioca e Odebrecht, José


Camilo Teixeira Carvalho ocupava, durante a conduta, a posição de Gerente de
Desenvolvimento de Novos Negócios da Carioca Engenharia, sendo representante do escalão
operacional da empresa. José Camilo Teixeira Carvalho era diretamente subordinado a
Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de
novos negócios) e, indiretamente, a Ricardo Pernambuco Junior (Acionista e Diretor
Estatutário). Deixou a empresa em dezembro de 2014. À época da conduta, tinha por função
atuar no desenvolvimento de novos negócios e na busca de novas oportunidades comerciais
no âmbito da construção civil.

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416. Sua participação na suposta conduta teria consistido em (i) acordos de fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções entre concorrentes; (ii) acordos de divisão de
mercado e alocação de projetos, por meio da formação de consórcio, da supressão de
propostas e da apresentação de propostas de cobertura; e (iii) troca de informações
concorrencialmente sensíveis a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública
referente à Arena Castelão (Fortaleza/CE), na “Fase I. Discussões preliminares e
formação do acordo anticompetitivo preliminar” e na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”. Tais condutas teriam sido praticadas por meio
da troca de e-mails e da participação em reuniões com representantes de concorrentes,
especialmente da Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht, entre os anos de 2009 e
2010, para discutir a alocação de vencedores de obras dos estádios de futebol para a Copa do
Mundo. Nas referidas reuniões, teria sido ajustado que, no momento de abertura da licitação
do “Castelão”, as empresas ali presentes se absteriam de participar da concorrência, em favor
da Compromissária, e, assim, fraudar o caráter competitivo da licitação da Arena Castelão
promovida pelo Estado do Ceará.

417. Segundo os Signatários, teria comparecido a reuniões, bem como participado de


trocas de e-mails referentes ao acordo anticompetitivo preliminar, especificamente com foco
nos estádios de Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã) e Fortaleza/CE (Arena Castelão), na
“Fase I. Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar”,
participando, também, do monitoramento de interesses do acordo anticompetitivo preliminar
firmado entre os concorrentes.

418. Segundo o Compromissário Odebrecht, José Camilo Teixeira Carvalho teria


atuado a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente à Arena Castelão
(Fortaleza/CE). Para a referida licitação, teria realizado contato com Eduardo Soares Martins
(Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) com o propósito de fornecer
informações para estabelecer o acordo para apresentação de proposta de cobertura pela
Odebrecht.

Marcelo Antonio Carvalho Macedo

419. De acordo com a Signatária e a Compromissária Carioca, Marcelo Antônio


Carvalho Macedo foi, durante a conduta, Diretor da área de desenvolvimento de novos
negócios da Carioca Engenharia, sendo representante do alto-escalão da empresa. Marcelo
Antônio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos
negócios) era diretamente subordinado a Ricardo Pernambuco Junior (Acionista e Diretor
Estatutário). Deixou a empresa em 29.7.2016. À época da conduta, tinha por função atuar no
desenvolvimento de novos negócios e na busca de novas oportunidades comerciais no âmbito
da construção civil.

420. Sua participação na suposta conduta teria consistido em (i) acordos de fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções entre concorrentes; (ii) acordos de divisão de
mercado e alocação de projetos, por meio da formação de consórcio, da supressão de
propostas e da apresentação de propostas de cobertura; e (iii) troca de informações
concorrencialmente sensíveis a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação referente à

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Arena Castelão (Fortaleza/CE) na “Fase I. Discussões preliminares e formação do


acordo anticompetitivo preliminar” e na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”. As condutas teriam sido praticadas por meio
da troca de e-mails e da participação em reuniões com representantes de concorrentes,
especialmente da Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht, entre os anos de 2009 e
2010, para discutir a alocação de vencedores de obras dos estádios de futebol para a Copa do
Mundo. Nestas reuniões teria sido ajustado que, no momento da abertura da licitação do
“Castelão”, as empresas ali presentes se absteriam de participar da concorrência, em favor da
Carioca Engenharia, e, assim, fraudar o caráter competitivo da licitação da Arena Castelão
promovida pelo Estado do Ceará.

421. De acordo com os Signatários, teria comparecido a reuniões, bem como


participado de trocas de e-mails referentes ao acordo anticompetitivo preliminar,
especificamente com foco nos estádios de Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã) e
Fortaleza/CE (Arena Castelão), na “Fase I. Discussões preliminares e formação do acordo
anticompetitivo preliminar”, participando, também, do monitoramento de interesses do
acordo anticompetitivo preliminar firmado entre os concorrentes.

Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior

422. De acordo com a Signatária e as Compromissárias Carioca e Odebrecht, Ricardo


Pernambuco B. Junior foi, durante a conduta, acionista e Diretor Estatutário da Carioca
Engenharia, sendo representante do altíssimo escalão da empresa. O Compromissário é, até o
momento, acionista161 da empresa. À época da conduta, tinha por função a direção geral da
Compromissária, cabendo-lhe prospectar novas oportunidades de negócio e tomar decisões
estratégicas.

423. Sua participação na suposta conduta teria consistido em (i) acordos de fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções entre concorrentes; (ii) acordos de divisão de
mercado e alocação de projetos, por meio da formação de consórcio, da supressão de
propostas e da apresentação de propostas de cobertura; e (iii) troca de informações
concorrencialmente sensíveis a fim de frustrar o caráter competitivo das licitações referentes
à Arena Castelão (Fortaleza/CE) e ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ) na “Fase
I. Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar” e na “Fase
II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”. As condutas
teriam sido praticadas por meio da participação em reunião com representantes de
concorrentes.

424. De acordo com os Signatários, teria comparecido a reuniões referentes ao acordo


anticompetitivo preliminar, especificamente com foco nos estádios do Rio de Janeiro/RJ
(Estádio do Maracanã) e de Fortaleza/CE (Arena Castelão), na “Fase I. Formação do acordo
anticompetitivo preliminar”.

161
Com relação ao poder decisório e direção da empresa, Ricardo Pernambuco Junior exercia função executiva
em relação a determinados assuntos, incluindo o desenvolvimento de novos projetos de expansão da empresa.

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425. Segundo Compromissária Odebrecht, para a licitação pública referente à Arena


Castelão (Fortaleza/CE), teria realizado contato com Benedicto Barbosa da Silva Júnior
(Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da
Odebrecht) com o propósito de estabelecer acordo para apresentação de proposta de cobertura
por parte da Odebrecht. Em seguida, teria designado José Camilo Teixeira Carvalho para
contato e comunicação com a Odebrecht para viabilizar a proposta de cobertura, tendo tido
conhecimento da operacionalização da apresentação de proposta de cobertura.

Tabela 52 - Dados das Pessoas Físicas Compromissárias


“Odebrecht”

E-mail / Endereço/
NOME CARGOS OCUPADOS EMPRESA CPF
Telefone
Construtora
Norberto
Odebrecht S.A.

Benedicto Encerrou o seu


[ACESSO
Barbosa da [ACESSO RESTRITO] vínculo com a [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO]
Silva Júnior empresa em
20.3.2017

Atualmente
aposentado.
Construtora
Norberto
Odebrecht S.A.
Eduardo Soares [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Martins Encerrou o seu RESTRITO]
vínculo com a
empresa em
14.9.2015.
Construtora
Norberto
Odebrecht S.A.
Geraldo Villin [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] Encerrou o seu [ACESSO RESTRITO]
Prado RESTRITO]
vínculo com a
empresa em
2.1.2014

Construtora
Norberto
Odebrecht S.A.

João Borba Encerrou o seu [ACESSO


[ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Filho vínculo com a RESTRITO]
empresa em
31.3.2017

Atualmente

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SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

aposentado.
Construtora
Norberto
Odebrecht S.A.

Encerrou o seu
João Antônio [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] vínculo com a [ACESSO RESTRITO]
Pacífico Ferreira RESTRITO]
empresa em
22.3.2017

Atualmente
aposentado.
Construtora
Norberto
Odebrecht S.A.

Atualmente:
Odebrecht
Júlio Cesar [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] TransPort S.A. [ACESSO RESTRITO]
Duarte Perdigão RESTRITO]
Rua Lemos
Monteiro, nº 120,
andar 8, parte A,
Butantã, São
Paulo/SP. CEP
05.501-050
Construtora
Norberto
Odebrecht S.A.
Marcos Vidigal [ACESSO
[ACESSO RESTRITO] Encerrou o seu [ACESSO RESTRITO]
do Amaral RESTRITO]
vínculo com a
empresa em
9.3.2017.

Construtora
Norberto
Odebrecht S.A.

Ricardo Roth Encerrou o seu


[ACESSO
Ferraz de [ACESSO RESTRITO] vínculo com a [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO]
Oliveira empresa em
8.3.2017

Atualmente
aposentado.

Benedicto Barbosa da Silva Júnior

426. De acordo com a Signatária, a Compromissária Odebrecht e a Compromissária


Carioca, Benedicto Barbosa da Silva Júnior era, durante a conduta, Líder Empresarial da área
de Infraestrutura da Odebrecht no Brasil, representante do altíssimo escalão, posição que
ocupou de 2008 a 2017. Sob sua coordenação havia 5 Diretores-Superintendentes, que, por

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Versão Pública

sua vez, coordenavam Diretores de Contrato, cada um responsável pela execução de um ou


mais contratos de obra de infraestrutura. Além disso, durante o período da conduta, Benedicto
Barbosa da Silva Júnior também acumulava o cargo de Diretor Superintendente para Sul e
Sudeste, posição que ocupou de 2002 a 2011.

427. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por meio de contatos
anticompetitivos com concorrentes e autorização para a formação de consórcios e
apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo das licitações
públicas referentes ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ), à Arena Amazônia
(Manaus/AM) e à Arena Castelão (Fortaleza/CE). Para a licitação referente à Arena
Amazônia (Manaus/AM), teria realizado contatos com representante da Andrade Gutierrez,
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo (Diretor Geral da Unidade de Negócios do Norte da
Andrade Gutierrez), com o propósito de apresentar proposta de cobertura para a Andrade
Gutierrez. Para a licitação referente ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ), teria
autorizado a formação de consórcio com a Andrade Gutierrez e com a Delta, bem como os
contatos anticompetitivos para a solicitação de proposta de cobertura para o consórcio
formado pela Queiroz Galvão e Carioca Engenharia e para a OAS. Para a licitação referente à
Arena Castelão (Fortaleza/CE), teria realizado contatos com Ricardo Pernambuco
Backheuser Junior (Presidente da Carioca Engenharia), aceitando apresentar proposta de
cobertura para a Carioca Engenharia. Estes contatos foram confirmados pelo Compromissário
Ricardo Pernambuco Junior, que reconheceu o objetivo de alinhar os detalhes da apresentação
de proposta de cobertura em favor da Carioca Engenharia na concorrência da Arena Castelão.
Por fim, como Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil, teria ainda conhecimento
das condutas de seus subordinados envolvendo a Arena Pernambuco (Recife/PE) e o
Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF).

428. Além de participação na “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos


bilaterais e multilaterais”, teria comparecido a reuniões referentes a discussões do acordo
anticompetitivo preliminar, durante a “Fase I. Discussões preliminares e formação do
acordo anticompetitivo preliminar”, possibilitando o mapeamento de interesses e
monitoramento sobre as atividades das empresas envolvendo os estádios de Brasília/DF
(Estádio Nacional Mané Garrincha), Manaus/AM (Arena Amazônia), Recife/PE (Arena
Pernambuco), Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã), Fortaleza/CE (Arena Castelão) e
Belo Horizonte/MG (Estádio Mineirão). Na fase I, teria tratado ainda sobre a licitação
referente ao Estádio Mineirão (Belo Horizonte/MG).

Eduardo Soares Martins

429. De acordo com a Signatária, a Compromissária Odebrecht e a Compromissária


Carioca, Eduardo Soares Martins foi, durante a conduta, Diretor de Desenvolvimento de
Negócios da Odebrecht (Construtora Norberto Odebrecht S.A.), representante do escalão
operacional, posição que ocupou de janeiro de 2007 a dezembro de 2010, com funções gerais

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de buscar e desenvolver oportunidades de negócios. Seu superior hierárquico era João Borba
Filho (até meados de 2008) e Geraldo Villin Prado (de 2008 a 2014).

430. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio de contatos
anticompetitivos com concorrentes para a apresentação de propostas de cobertura, a fim de
frustrar o caráter competitivo das licitações públicas referentes à Arena Amazônia
(Manaus/AM) e à Arena Castelão (Fortaleza/CE). Para a licitação referente à Arena
Amazônia (Manaus/AM), teria realizado contatos com Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) e Márcio Bolívar Andrade
(Diretor de Contrato da Andrade Gutierrez), com o propósito de apresentar proposta de
cobertura para a Andrade Gutierrez. Para a licitação referente à Arena Castelão
(Fortaleza/CE), teria realizado contatos com José Camilo Teixeira Carvalho (Diretor de
Desenvolvimento de Negócios da Carioca Engenharia) com o propósito de apresentar
proposta de cobertura para o consórcio liderado pela Carioca Engenharia. Referente a esta
Arena, a Compromissária Carioca confirmou que Eduardo Soares Martins manteve contatos
com José Camilo Teixeira Carvalho (Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da
Carioca Engenharia) e Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de
desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) a fim de alinhar os detalhes da
apresentação de proposta de cobertura em favor da Carioca Engenharia na concorrência da
Arena Castelão.

431. Além de participação na “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos


bilaterais e multilaterais”, teria comparecido a reuniões referentes a discussões do acordo
anticompetitivo preliminar, durante a “Fase I. Discussões preliminares e formação do
acordo anticompetitivo preliminar”, possibilitando o mapeamento de interesses e
monitoramento sobre as atividades das empresas envolvendo os estádios. Na fase I, teria
tratado ainda sobre a licitação referente ao Estádio Mineirão (Belo Horizonte/MG).

Geraldo Villin Prado

432. De acordo com a Signatária, a Compromissária Odebrecht e a Compromissária


Carioca, Geraldo Villin Prado foi, durante a conduta, Diretor de Investimentos da Odebrecht
(Construtora Norberto Odebrecht S.A.), representante do alto escalão, posição que ocupou de
janeiro de 2002 a junho de 2011, com funções gerais de fornecer e coordenar o apoio ao setor
de investimentos em negócios relacionados ao desenvolvimento de projetos nas questões
relativas ao investimento de capital, tais como financiamentos, fontes de capital, retorno,
garantias – financeiras e operacionais/performance. Seu superior hierárquico era Benedicto
Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder Empresarial da área de
infraestrutura no Brasil da Odebrecht).

433. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca

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de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação de


propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo das licitações públicas
referentes à Arena Amazônia (Manaus/AM) e à Arena Castelão (Fortaleza/CE). Para as
referidas licitações, teria autorizado e acompanhado a elaboração da proposta de cobertura
pela Odebrecht. Com relação à Arena Castelão (Fortaleza/CE), a Compromissária Carioca
confirmou que Geraldo Villin Prado manteve contatos com José Camilo Teixeira Carvalho
(Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Carioca Engenharia) e Marcelo Antonio
Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos negócios da
Carioca Engenharia) a fim de alinhar os detalhes para apresentação de proposta de cobertura
em favor da Carioca Engenharia na concorrência da Arena Castelão.

434. Além de participação na “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos


bilaterais e multilaterais”, teria comparecido a reuniões referentes a discussões do acordo
anticompetitivo preliminar, durante a “Fase I. Discussões preliminares e formação do
acordo anticompetitivo preliminar”, possibilitando o mapeamento de interesses e
monitoramento sobre as atividades das empresas envolvendo os estádios. Na fase I, teria
tratado ainda sobre a licitação referente ao Estádio Mineirão (Belo Horizonte/MG).

João Borba Filho

435. De acordo com a Signatária e a Compromissária Odebrecht, João Borba Filho foi,
durante a conduta, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht (Construtora
Norberto Odebrecht S.A.), representante do alto escalão, posição que ocupou de 1989 a 2017,
com funções gerais de prestar apoio a Benedicto Barbosa da Silva Junior (Diretor
Superintendente e Líder Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht). Dessa
forma, João Borba Filho não ocupava posição na linha direta dos negócios, nem possuía
atuação como responsável por mercados ou por contratos. Seu superior hierárquico era
Benedicto Barbosa da Silva Junior.

436. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por meio da formação de
consórcios e apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo
das mencionadas licitações públicas. Ele esteve copiado em e-mails internos referente a
discussões preliminares sobre as arenas da Copa do Mundo. Além disso, esteve copiado em e-
mails internos referente à proposta de cobertura para a licitação da Arena Castelão
(Fortaleza/CE).

437. Além de monitoramento de atividades na “Fase II. Consolidação de acordos


anticompetitivos bilaterais e multilaterais”, teria tido conhecimento e teria acompanhado os
assuntos das reuniões referentes a discussões do acordo anticompetitivo preliminar, durante a
“Fase I. Discussões preliminares e formação do acordo anticompetitivo preliminar”,
possibilitando o mapeamento de interesses e monitoramento sobre as atividades das empresas
envolvendo os estádios.

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João Antônio Pacífico Ferreira

438. De acordo com a Signatária e a Compromissária Odebrecht, João Antônio


Pacífico Ferreira foi, durante a conduta, Diretor Superintendente para o Norte, Nordeste e
Centro-Oeste da Odebrecht (Construtora Norberto Odebrecht S.A.), representante do alto
escalão, posição que ocupou de 1999 a janeiro de 2010, com funções gerais de coordenação
das atividades desenvolvidas pelos Diretores de Contrato a ele vinculados, com relação a
assuntos atinentes ao mercado, conclusão de propostas e ações político-estratégicos. Seu
superior hierárquico era Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Diretor Superintendente e Líder
Empresarial da área de infraestrutura no Brasil da Odebrecht).

439. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação e
solicitação de apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo
das licitações públicas referentes à Arena Pernambuco (Recife/PE) e ao Estádio Mané
Garrincha (Brasília/DF). Para a licitação referente à Arena Pernambuco (Recife/PE), teria
realizado contato com representante da Andrade Gutierrez (Rodrigo Ferreira Lopes da Silva)
com o propósito de solicitar a apresentação de proposta de cobertura. Para a licitação referente
ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), teria sido contatado por representante da
Andrade Gutierrez (Rodrigo Ferreira Lopes da Silva) para a solicitação da apresentação de
proposta de cobertura e teria autorizado a elaboração de proposta de cobertura para a Andrade
Gutierrez. Além disso, esteve copiado em e-mails internos referente à proposta de cobertura
para a licitação da Arena Castelão (Fortaleza/CE). Teria atuado durante a “Fase II.
Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

Júlio Cesar Duarte Perdigão

440. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Júlio Cesar Duarte Perdigão foi,
durante a conduta, Diretor de Investimento da Odebrecht (Construtora Norberto Odebrecht
S.A.), representante do escalão operacional, posição que ocupou de agosto de 2007 a julho
de 2010, com funções gerais de estudar oportunidades para investimento em concessões e
Parcerias Público-Privadas (“PPP”). Seu superior hierárquico era João Antônio Pacífico
Ferreira (Diretor Superintendente para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste).

441. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da solicitação de
apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação
referente à Arena Pernambuco (Recife/PE). Na referida licitação, teria mantido contatos
com representante da Andrade Gutierrez (Helder Dantas) com o propósito de solicitar a
apresentação de proposta de cobertura. Teria atuado durante a “Fase II. Consolidação de
acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

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Versão Pública

Marcos Vidigal do Amaral

442. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Marcos Vidigal do Amaral foi,


durante a conduta, Diretor de Contrato da Odebrecht (Construtora Norberto Odebrecht S.A.),
representante do escalão operacional, posição que ocupou de novembro de 2009 a agosto de
2010, com funções gerais de natureza operacional. Seu superior hierárquico era Benedicto
Barbosa da Silva Junior, que na época cumulava o cargo de Líder Empresarial da área de
Infraestrutura da Odebrecht no Brasil e Diretor-Superintendente.

443. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios, por meio da formação de
consórcios e solicitação de apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter
competitivo da licitação pública referente às obras do Estádio do Maracanã (Rio de
Janeiro/RJ). Para tal, juntamente com representantes da Andrade Gutierrez (Alberto
Quintaes) e da Delta (Paulo Meriade Duarte e Dinarte Cirilo Sousa), teria solicitado propostas
de cobertura a várias empresas. Marcos Vidigal do Amaral, pessoalmente, teria solicitado a
apresentação de proposta de cobertura à representante da OAS (Marcelo Duarte Ribeiro) e
representante da Queiroz Galvão (possivelmente, Gustavo Souza). Teria atuado durante a
“Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

Ricardo Roth Ferraz de Oliveira

444. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Ricardo Roth Ferraz de Oliveira foi,
durante a conduta, Diretor de Contrato da Odebrecht (Construtora Norberto Odebrecht S.A.),
representante do escalão operacional, posição que ocupou de junho de 2007 a março de
2017, com funções gerais de prospecção de mercado no mercado de construção civil no
Distrito Federal e Goiás e apoio à gestão de obras em curso nesses dois estados. Seu superior
hierárquico era João Antônio Pacífico Ferreira, dentro da Diretoria-Superintendente para o
Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht (Construtora Norberto Odebrecht S.A.).

445. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação de
propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação referente ao
Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF). Na referida licitação, teria sido designado por João
Antônio Pacífico Ferreira (Diretor Superintendente para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste da
Odebrecht) para elaborar e apresentar proposta de cobertura para a Andrade Gutierrez. Teria
atuado durante a “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e
multilaterais”.

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Versão Pública

II.4.2.2 Pessoas Físicas Não Signatárias e Não Compromissárias

Quadro 53 - Dados das Pessoas Físicas Participantes da Conduta


“Andrade Gutierrez” (Não Signatários)

CARGOS CPF E-mail / Endereço/


NOME EMPRESA
OCUPADOS Telefone
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Belo Horizonte
[ACESSO [ACESSO
Helder Dantas Avenida do [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
Contorno, n° 8.123,
Cidade Jardim, Belo
Horizonte/MG. CEP
30.110-062
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.

Márcio Belo Horizonte


[ACESSO [ACESSO
Bolívar Avenida do [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
Andrade Contorno, n° 8.123,
Cidade Jardim, Belo
Horizonte/MG. CEP
30.110-062
Construtora Andrade
Gutierrez S.A.
Marco
Antônio [ACESSO Rua Geraldo Moreira [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Ladeira de RESTRITO] Campo, nº 375, RESTRITO]
Oliveira Brooklin Novo, São
Paulo/SP.
CEP 04.571-020

Helder Dantas

446. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Helder Dantas foi, durante a


conduta, Diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios, representante do escalão
operacional da Andrade Gutierrez. Sua participação na suposta conduta teria consistido em
acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii)
divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente
sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por
meio da apresentação de proposta de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo da
licitação pública referente à Arena Pernambuco (Recife/Pernambuco). Helder Dantas teria
sido designado por Rodrigo Ferreira Lopes da Silva (Superintendente Comercial da Andrade
Gutierrez) para atender à apresentação de proposta de cobertura no certame, com o objetivo
de assegurar a vitória da Odebrecht. Teria atuado durante a “Fase II. Consolidação de
acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 184 de 202


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Versão Pública

Márcio Bolívar Andrade

447. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Márcio Bolívar Andrade foi,


durante a conduta, Diretor de Contrato, responsável pela construção da Arena Amazônia,
representante do escalão operacional da Andrade Gutierrez. Sua participação na suposta
conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e
abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de
informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre
interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação de propostas de cobertura, a
fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente à Arena Amazônia
(Manaus/AM). Na referida licitação, Márcio Bolívar Andrade teria sido designado para
prestar informações técnicas para Eduardo Soares Martins (Diretor de Desenvolvimento de
Negócios da Odebrecht) para que a Odebrecht apresentasse proposta de cobertura no certame.
Teria atuado durante a “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e
multilaterais”.

Marco Antônio Ladeira de Oliveira

448. De acordo com a Signatária e as Compromissárias Odebrecht e Carioca, Marco


Antônio Ladeira de Oliveira foi, durante a conduta, Superintendente de Negócios
Estruturados, representante do escalão operacional da Andrade Gutierrez. Sua participação na
suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e
abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de
informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre
interesses estratégicos nos Estádios e por meio da solicitação de apresentação de proposta de
cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente à Arena
Amazônia (Manaus/AM). Marco Antônio Ladeira de Oliveira teria realizado contatos
telefônicos e trocado mensagens eletrônicas com Eduardo Soares Martins (Diretor de Novos
Negócios da Odebrecht) com o propósito de estabelecer acordo para apresentação de proposta
de cobertura pela Odebrecht, para que o Consórcio liderado pela Andrade Gutierrez se
sagrasse vencedor da licitação. Além da participação na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”, teria participado ativamente de contatos na
“Fase I. Discussões Preliminares e Formação do acordo anticompetitivo preliminar”,
tanto nos contatos entre Andrade Gutierrez e Odebrecht como nos contatos entre concorrentes
envolvendo o grupo de 6 empresas. Segundo os Signatários, sua participação na Fase I teria
consistido em comparecer a diversas reuniões e trocas de e-mails com concorrentes,
participando, também, do monitoramento de interesses do acordo anticompetitivo preliminar
firmado entre os concorrentes, especialmente para discutir os acordos de divisão dos projetos
da Copa do Mundo que foram objeto do conluio e que envolveram diretamente os Signatários.
Segundo a Compromissária Carioca, Marco Antônio Ladeira de Oliveira teria mantido
contato com o Compromissário Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário
da área de desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) para tratar das obras
de interesse das empresas envolvidas. Na fase I, teria tratado ainda sobre a licitação referente
ao Estádio Mineirão (Belo Horizonte/MG).

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Versão Pública

Tabela 54 - Dados Pessoas Físicas Participantes da Conduta


“Camargo Corrêa”

CARGOS E-mail / Endereço/


NOME EMPRESA CPF
OCUPADOS telefone

Construções e
Comércio Camargo
Corrêa S.A.
(“Camargo Corrêa”)
Eduardo [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Hermelino Leite RESTRITO] Av. Brigadeiro Faria RESTRITO]
Lima, 1663, 6º andar
Pinheiros
São Paulo – SP
CEP: 01452-001

Construções e
Comércio Camargo
Corrêa S.A.
(“Camargo Corrêa”)
Emílio Eugênio [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Auler Neto RESTRITO] Av. Brigadeiro Faria RESTRITO]
Lima, 1663, 6º andar
Pinheiros
São Paulo – SP
CEP: 01452-001

Eduardo Hermelino Leite

449. De acordo com os Signatários, Eduardo Hermelino Leite foi, durante a conduta,
Vice-Presidente da Camargo Corrêa. Ele era representante do altíssimo escalão, cuja
participação na suposta conduta teria consistido em comparecer às reuniões referentes a
discussões preliminares ao acordo entre concorrentes, na “Fase I. Discussões preliminares e
formação do acordo anticompetitivo preliminar”. Sua participação na suposta conduta teria
consistido em (i) acordos de fixação de preços, condições, vantagens e abstenções entre
concorrentes; (ii) acordos de divisão de mercado e alocação de projetos; e (iii) troca de
informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre
interesses estratégicos nos Estádios e por meio da supressão de propostas.

Emilio Eugênio Auler Neto

450. De acordo com a Signatária e a Compromissária Carioca, Emilio Eugênio Auler


Neto foi, durante a conduta, Diretor Comercial da Camargo Corrêa, representante do alto
escalão. Sua participação na suposta conduta teria consistido em (i) acordos de fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções entre concorrentes; (ii) acordos de divisão de
mercado e alocação de projetos; e (iii) troca de informações concorrencialmente
sensíveis por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 186 de 202


SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

meio da supressão de propostas. Teria mantido contato com o Compromissário Marcelo


Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos
negócios da Carioca Engenharia) para tratar das obras de interesse das empresas envolvidas.
Emilio Eugênio Auler Neto teria participado, em diversas oportunidades, de reuniões com
representantes de empresas concorrentes para discutir a alocação de vencedores das licitações
referentes à construção e/ou modernização dos estádios de futebol para a Copa do Mundo.

451. De acordo com os Signatários, sua participação na suposta conduta teria


consistido em comparecer às reuniões referentes ao acordo anticompetitivo preliminar para o
estádio de São Paulo/SP, na “Fase I. Discussões preliminares e formação do acordo
anticompetitivo preliminar”, bem como participar de trocas de e-mails referentes ao
monitoramento de interesses do acordo anticompetitivo preliminar firmado entre os
concorrentes.

Tabela 55 - Dados Pessoas Físicas Participantes da Conduta


“OAS”

CARGOS
NOME EMPRESA CPF E-mail / Endereço/ Telefone
OCUPADOS
Construtora OAS
S.A. (“OAS”)

José Av. Angélica,


[ACESSO [ACESSO
Lunguinho 2330, 2346/2364, [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
Filho 7º andar
Consolação
São Paulo – SP
CEP: 01228-200
Construtora OAS
S.A.

Avenida
Angélica, n°
Marcelo
[ACESSO 2.330, [ACESSO
Duarte [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] 2.346/2.364, 7º RESTRITO]
Ribeiro
andar,
Consolação, São
Paulo/SP. CEP
01.228-200.

Construtora OAS
S.A. (“OAS”)

Reginaldo Av. Angélica,


[ACESSO [ACESSO
Assunção 2330, 2346/2364, [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
Silva 7º andar
Consolação
São Paulo – SP
CEP: 01228-200

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SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

José Lunguinho Filho

452. De acordo com os Signatários, José Lunguinho Filho foi durante a conduta
Diretor Comercial na OAS, representante do escalão operacional. Sua participação na
suposta conduta teria consistido em (i) acordos de fixação de preços, condições, vantagens
e abstenções entre concorrentes; (ii) acordos de divisão de mercado e alocação de
projetos; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de
informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação de proposta
de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação referente ao Estádio
Nacional Mané Garrincha (Brasília/DF). Teria atuado na “Fase II. Consolidação de
acordos anticompetitivos bilaterais e multilaterais”. Referente ao Estádio Nacional Mané
Garrincha (Brasília/DF), teria participado de reunião em que foi acordada a apresentação de
proposta de cobertura por parte da OAS.

Marcelo Duarte Ribeiro

453. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Marcelo Duarte Ribeiro foi, durante
a conduta, Gerente Comercial, representante do escalão operacional da OAS. Sua
participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços,
condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação de
proposta de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação referente ao Estádio
do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ). Na referida licitação, teria realizado contato com Marcos
Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht), por meio do qual teria acordado a
apresentação de proposta de cobertura pela OAS, para que o Consórcio Maracanã Rio 2014
(formado pela Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta) se sagrasse vencedor da licitação. Teria
participado da “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e
multilaterais”.

Reginaldo Assunção Silva

454. De acordo com os Signatários, Reginaldo Assunção Silva foi, durante a conduta,
Diretor Superintendente da OAS, representante do alto escalão. Sua participação na suposta
conduta teria consistido em (i) acordos de fixação de preços, condições, vantagens e
abstenções entre concorrentes; (ii) acordos de divisão de mercado e alocação de
projetos; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de
informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação de proposta
de cobertura ou abstenção de participação. Sua participação na suposta conduta teria
consistido em comparecer às reuniões referentes ao acordo anticompetitivo preliminar,
especificamente com foco nos estádios de Brasília/DF (Estádio Nacional Mané Garrincha),
Rio de Janeiro/RJ (Estádio do Maracanã), Arena das Dunas em Natal/RN e Arena Fonte Nova
em Salvador/BA, na “Fase I. Formação do acordo anticompetitivo preliminar”.

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SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Tabela 56 - Dados Pessoas Físicas Participantes da Conduta


“Queiroz Galvão”

CARGOS
NOME EMPRESA CPF E-mail / Endereço/ telefone
OCUPADOS
Construtora Queiroz
Galvão S.A.
(“Queiroz Galvão”)

Avenida Presidente
[ACESSO [ACESSO
Gustavo Souza Antônio Carlos, 51, [ACESSO RESTRITO]
RESTRITO] RESTRITO]
31,
5°, 6° e 7° andares
Centro
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20020-010
Construtora Queiroz
Galvão S.A.

Avenida Presidente
Rui Novais [ACESSO [ACESSO
Antônio Carlos, n° [ACESSO RESTRITO]
Dias RESTRITO] RESTRITO]
51, 3°, 5°, 6° e 7°
andares, Centro, Rio
de Janeiro/RJ. CEP
20.020-010

Gustavo Souza

455. De acordo com a Signatária, a Compromissária Odebrecht e a Compromissária


Carioca, Gustavo Souza foi, durante a conduta, Diretor Comercial/ Diretor de Políticas
Comerciais, representante do alto escalão da Queiroz Galvão. Sua participação na suposta
conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços, condições, vantagens e
abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre concorrentes; e (iii) troca de
informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações sobre
interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação de propostas de cobertura, a
fim de frustrar o caráter competitivo das licitações referentes ao Estádio do Maracanã (Rio
de Janeiro/RJ) e à Arena Castelão (Fortaleza/CE).

456. Na licitação para o Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ), teria realizado


contato com Marcos Vidigal do Amaral (Diretor de Contrato da Odebrecht), com o propósito
de estabelecer acordo para apresentação de proposta de cobertura pela Queiroz Galvão para
que o Consórcio Maracanã Rio 2014 (formado pela Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta) se
sagrasse vencedor da licitação. Teria realizado ainda contato com Ricardo Pernambuco Junior
(acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia) para a formação de consórcio com
vistas a apresentação da proposta de cobertura. Com relação à Arena Castelão
(Fortaleza/CE), segundo a Compromissária Carioca, teria mantido contato com Marcelo
Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de desenvolvimento de novos
negócios da Carioca Engenharia) para a formação de consórcio com vistas a evitar a

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COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

concorrência, além do conhecimento de solicitação de proposta de cobertura feita à


Odebrecht.

457. Além da atuação na “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos


bilaterais e multilaterais”, de acordo com a Signatária, teria participado ainda de reuniões e
trocas de e-mails referentes ao monitoramento de interesses do acordo anticompetitivo
preliminar entre os concorrentes, durante a “Fase I. Discussões preliminares e formação do
acordo anticompetitivo preliminar”.

Rui Novais Dias

458. De acordo com os Compromissários da Carioca, Rui Novais Dias foi, durante a
conduta, Diretor de Políticas Comerciais / Diretor Comercial da Queiroz Galvão, do alto
escalão. Rui Novais Dias teria mantido contato com os Compromissários e participado da
suposta conduta anticompetitiva que teria consistido em acordos de (i) fixação de preços,
condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da apresentação de
propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo das licitações referentes ao
Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ) e à Arena Castelão (Fortaleza/CE). Teria tido
contato com Marcelo Antonio Carvalho Macedo (Diretor não estatutário da área de
desenvolvimento de novos negócios da Carioca Engenharia) para o Estádio do “Castelão” e
com Ricardo Pernambuco Junior (acionista e Diretor Estatutário da Carioca Engenharia) para
o Estádio do “Maracanã”. Teria atuado na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

Tabela 57 - Dados das Pessoas Físicas Participantes da Conduta


“Delta”

CARGOS EMPRESA E-mail / Endereço/


NOME CPF
OCUPADOS Telefone
Delta Construções S.A.

Estrada do Guandu do
Dinarte Cirilo [ACESSO [ACESSO
Sena, 00316, Bangu, [ACESSO RESTRITO]
Sousa RESTRITO] RESTRITO]
Rio De Janeiro - RJ
CEP 21.853-032

Delta Construções S.A.


Fernando
Estrada do Guandu do
Antônio [ACESSO [ACESSO
Sena, 00316, Bangu, [ACESSO RESTRITO]
Cavendish RESTRITO] RESTRITO]
Rio De Janeiro - RJ
Soares
CEP 21.853-032

Delta Construções S.A.


Paulo Meriade [ACESSO [ACESSO
[ACESSO RESTRITO]
Duarte RESTRITO] RESTRITO]
Estrada do Guandu do

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SUPERINTENDÊNCIA‐GERAL  
COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

Sena, 00316, Bangu,


Rio De Janeiro - RJ
CEP 21.853-032

Dinarte Cirilo Sousa

459. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Dinarte Cirilo Sousa foi, durante a
conduta, Coordenador de Licitações, representante do escalão operacional da Delta. Sua
participação na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços,
condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca
de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da formação de
consórcio e solicitação de apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter
competitivo da licitação pública referente ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ). Na
referida licitação, juntamente com representantes da Odebrecht (Marcos Vidigal do Amaral) e
da Andrade Gutierrez (Alberto Quintaes), Dinarte Cirilo Sousa teria realizado reunião
presencial com representantes das empresas Paulitec Construções, Estacon Engenharia e
Recoma Construções, Comércio e Indústria, que teriam demonstrado interesse em participar
da licitação em consórcio, com o propósito de solicitar que se abstivessem de participar da
licitação. Teria atuado na “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e
multilaterais”.

Fernando Antônio Cavendish Soares

460. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Fernando Antônio Cavendish


Soares foi, durante a conduta, Presidente do Conselho de Administração, representante do
altíssimo escalão da Delta. Sua participação na suposta conduta teria consistido em acordos
de (i) fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de
mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis
por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da
formação de consórcio, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente
ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ). Na referida licitação, teria garantido a
participação da DELTA no consórcio por influência do então Governador do Estado do Rio
de Janeiro. Fernando Antônio Cavendish Soares teria dito que, em razão de sua proximidade
com o então Governador, teria solicitado a este uma intermediação com a Odebrecht para a
formação de um consórcio com a participação da DELTA para a licitação do Estádio do
Maracanã. Teria atuado na “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e
multilaterais”.

Paulo Meriade Duarte

461. De acordo com a Compromissária Odebrecht, Paulo Meriade Duarte foi, durante a
conduta, Diretor Comercial, representante do escalão operacional da Delta. Sua participação
na suposta conduta teria consistido em acordos de (i) fixação de preços, condições,
vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre concorrentes; e
(iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca de informações

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Versão Pública

sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da formação de consórcio e solicitação
de apresentação de propostas de cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação
pública referente ao Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ). Na referida licitação,
juntamente com representantes da Odebrecht (Marcos Vidigal do Amaral) e da Andrade
Gutierrez (Alberto Quintaes), teria solicitado a apresentação de proposta de cobertura a
diversas empresas. Paulo Meriade Duarte teria realizado reunião presencial com
representantes das empresas Paulitec Construções, Estacon Engenharia e Recoma
Construções, Comércio e Indústria, que teriam demonstrado interesse em participar da
licitação em consórcio, com o propósito de solicitar que se abstivessem de participar da
licitação. Teria atuado na “Fase II. Consolidação de acordos anticompetitivos bilaterais e
multilaterais”.

Tabela 58 - Dados das Pessoas Físicas Participantes da Conduta


“Via Engenharia”

E-mail /
CARGOS CPF
NOME EMPRESA Endereço/
OCUPADOS
Telefone
Via Engenharia
S.A. (“Via
Engenharia”):
Fernando Márcio [ACESSO [ACESSO [ACESSO
Queiroz RESTRITO] SIA Trecho 03 – RESTRITO] RESTRITO]
Lote 1705/ 1715
Brasília – DF
CEP 71200-030
Via Engenharia
S.A. (“Via
Engenharia”):
Luiz Felipe
[ACESSO [ACESSO [ACESSO
Cardoso de
RESTRITO] SIA Trecho 03 – RESTRITO] RESTRITO]
Carvalho
Lote 1705/ 1715
Brasília – DF
CEP 71200-030
Via Engenharia
S.A. (“Via
Engenharia”):
Luiz Ronaldo [ACESSO [ACESSO [ACESSO
Wanderley RESTRITO] SIA Trecho 03 – RESTRITO] RESTRITO]
Lote 1705/ 1715
Brasília – DF
CEP 71200-030

Fernando Márcio Queiroz

462. De acordo com os Signatários, Fernando Márcio Queiroz foi, durante a conduta,
Diretor Presidente da Via Engenharia, sendo representante do altíssimo escalão da empresa.
Teria praticado supostas condutas anticompetitivas consistentes em acordos de (i) fixação de
preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de mercado entre
concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio da troca

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Versão Pública

de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio de contatos


anticompetitivos com concorrentes para formação de consórcio e solicitação de proposta de
cobertura, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente ao Estádio
Mané Garrincha (Brasília/DF). Teria participado na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

463. Quanto ao Estádio Mané Garrincha (Brasília/DF), teria formado consórcio com
a Andrade Gutierrez e formado grupo de trabalho para direcionamento do edital, além de ter
participado das tratativas com a OAS para a apresentação por esta de proposta de cobertura
em favor do consórcio Andrade Gutierrez e Via Engenharia.

Luiz Felipe Cardoso de Carvalho

464. De acordo com os Signatários, Luiz Felipe Cardoso de Carvalho foi, durante a
conduta, Diretor Comercial da Via Engenharia, sendo representante do alto escalão da
empresa. Seu superior hierárquico era Fernando Márcio Queiroz (Diretor Presidente da Via
Engenharia). Teria praticado supostas condutas anticompetitivas consistentes em acordos de
(i) fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de
mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis
por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio de
contatos anticompetitivos com concorrentes para formação de consórcio e direcionamento de
edital, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente ao Estádio Mané
Garrincha (Brasília/DF). Teria participado na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

Luiz Ronaldo Santos Wanderley

465. De acordo com os Signatários, Luiz Ronaldo Santos Wanderley foi, durante a
conduta, Diretor de Engenharia da Via Engenharia, sendo representante do alto escalão da
empresa. Seu superior hierárquico era Fernando Márcio Queiroz (Diretor Presidente da Via
Engenharia). Teria praticado supostas condutas anticompetitivas consistentes em acordos de
(i) fixação de preços, condições, vantagens e abstenções de participação; (ii) divisão de
mercado entre concorrentes; e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis
por meio da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio de
contatos anticompetitivos com concorrentes para formação de consórcio e direcionamento de
edital, a fim de frustrar o caráter competitivo da licitação pública referente ao Estádio Mané
Garrincha (Brasília/DF). Teria participado na “Fase II. Consolidação de acordos
anticompetitivos bilaterais e multilaterais”.

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Versão Pública

466. Pela dinâmica do conluio ora apresentado, é possível identificar relações de


hierarquia no processo de tomada de decisões, com distinção entre aqueles que tomavam as
decisões de nível mais estratégico e aqueles que operavam os supostos ajustes
anticompetitivos.

Tabela 59 - Hierarquia na Tomada De Decisões Pelas Pessoas Físicas


Participantes da Conduta

ALTÍSSIMO ESCALÃO ALTO ESCALÃO ESCALÃO OPERACIONAL


Carioca Engenharia
Ricardo Pernambuco Marcelo Antonio Carvalho
José Camilo Teixeira Carvalho
Backheuser Junior Macedo
Andrade Gutierrez
Alberto Quintaes
Helder Dantas
João Marcos de Almeida da Fonseca
Clóvis Renato Numa
Márcio Bolívar de Andrade
Peixoto Primo
Rogério Nora de Sá Márcio Magalhães Duarte Pinto
Rodrigo Ferreira Lopes da
Marco Antônio Ladeira de Oliveira
Silva
Carlos José de Souza
Eduardo Alcides Zarrelato
Roberto Xavier de Castro Junior
Odebrecht
Eduardo Soares Martins
João Antônio Pacífico
Benedicto Barbosa da Júlio Cesar Duarte Perdigão
Ferreira
Silva Júnior Marcos Vidigal do Amaral
João Borba Filho
Ricardo Roth Ferraz de Oliveira
Geraldo Villin Prado
OAS
José Lunguinho Filho
Reginaldo Assunção Silva
Marcelo Duarte Ribeiro
CAMARGO CORRÊA
Eduardo Hermelino
Emílio Eugênio Auler Neto
Leite
Queiroz Galvão
Rui Novais Dias
Gustavo Souza
Delta
Fernando Antônio Dinarte Cirilo Sousa
Cavendish Soares Paulo Meriade Duarte
Via Engenharia
Fernando Márcio Luiz Ronaldo Wanderley
Queiroz Luiz Felipe Cardoso de Carvalho

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II.5 Recomendação de Não Inclusão no Processo Administrativo –


Pessoas Físicas

467. Recomenda-se que não sejam considerados 7 (sete) documentos (Documentos 17,
18, 19, 22, 24, 27 e 29 - Acordo de Leniência) contidos nos autos. Esta desconsideração traz
como consequência a ausência de indícios robustos de participação em infrações à ordem
econômica em relação à 5 (cinco) pessoas físicas, abaixo indicadas, em relação às quais não
se recomenda a inclusão no polo passivo do Processo Administrativo.

Tabela 60 – Ausência de indícios – Não inclusão no rol de Representados


NOME CARGO EMPRESA
Camargo
Mauro Cardoso de Aguiar [ACESSO RESTRITO]
Corrêa
Irineu Berardi Meireles [ACESSO RESTRITO] Odebrecht
Marco Antonio Borghi [ACESSO RESTRITO] OAS
Louzival Luiz Lago [ACESSO RESTRITO] OAS
Mascarenhas Junior
Queiroz
Maurício Fialho Cantarelli [ACESSO RESTRITO]
Galvão

468. A não consideração do primeiro documento (Documento 29162 – Acordo de


Leniência) se dá por solicitação da empresa Signatária, feita em 15 de setembro de 2017, em
petição SEI 0388012, mediante a qual informa que “identificou que Mauro Cardoso de
Aguiar, Superintendente Operacional da Camargo Corrêa, mencionado no Documento 29 do
Histórico da Conduta, foi indevidamente apontado como pessoa física participante da
conduta noticiada”. A pessoa mencionada foi apontada pelos Signatários como participante
“única e exclusivamente por força de seu envolvimento no Documento 29”. Neste sentido, a
Signatária apurou que “houve contato, no mesmo período da conduta envolvendo os estádios
de futebol da Copa do Mundo, entre Mauro Cardoso de Aguiar e Marco Antônio Ladeira de
Oliveira”, porém, “ao contrário do quanto inicialmente informado pelos Signatários da
Leniência, foi apurado que em tal contato não se poderia ter tratado das práticas
anticompetitivas informadas à Superintendência Geral do CADE, pois constatou-se que
Mauro Cardoso de Aguiar não tinha envolvimento algum com o tema”.

469. Além disso, não houve menção ao seu nome em nenhum dos Históricos das
Condutas dos Termos de Compromissos, juntados posteriormente aos autos, nem
identificação de seu nome na documentação oriunda dos órgãos licitantes, relativa às
licitações objeto da investigação.

470. A não consideração de 6 (seis) outros documentos ocorreram em decorrência da


própria instrução ao longo deste Inquérito Administrativo. Não foram encontrados indícios de
que os Documentos 17, 18, 19, 22, 24, 27 – Acordo de Leniência estejam relacionados à
162
E-mails com data de 19/04/2010 entre Marco Antônio Ladeira de Oliveira (Superintendente de Negócios
Estruturados da Andrade Gutierrez) e Mauro Cardoso de Aguiar (Superintendente Operacional da Camargo
Corrêa). Trata-se de troca de e-mail objetivando marcar uma reunião em São Paulo. Não há identificação de
tema.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 195 de 202


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COORDENAÇÃO‐GERAL DE ANÁLISE ANTITRUSTE 8

Versão Pública

temática dos estádios da Copa. Constam destes documentos algumas pessoas que não
aparecem nos demais documentos e não são mencionadas pelos Termos de Compromisso
juntados aos autos. Apesar da ampla colaboração dos Compromissários, os representantes das
duas empresas foram categóricos em se posicionar sobre o não conhecimento de tais pessoas
na temática dos estádios da Copa.

471. Além disso, foram juntados aos autos narrativa consistente e áudios
comprobatórios de que os próprios Lenientes, quando perguntados em depoimento pessoal, se
conheciam estas pessoas como integrantes do grupo que discutia sobre estádios da Copa,
responderam que não. Os Compromissários Odebrecht e a petição SEI 0423624, dos
Requerentes Marco Antonio Borghi e Louzival Luiz Lago Mascarenhas Junior, conseguiram
ainda explicar e contextualizar estes documentos, indicando quais os assuntos que estavam
sendo tratados e as pessoas que participavam do grupo de estudo de outro projeto. Os relatos
contidos no Histórico da Conduta dos Compromissários Odebrecht e na petição SEI 0423624
coincidiram, conforme será demonstrado a seguir.

472. No Histórico da Conduta da Compromissária Odebrecht, há expressa e enfática


menção ao não envolvimento de Irineu Berardi Meireles (Diretor de Desenvolvimento de
Negócios da Odebrecht) nas condutas envolvendo os estádios da Copa. Segundo a
Compromissária, os Documentos 17, 18, 19, 22, 24 e 27 do Histórico da Conduta do Acordo
de Leniência não possuem qualquer relação com a participação da Andrade Gutierrez e da
Odebrecht em obras relacionadas aos estádios de futebol para a Copa do Mundo. Estes
documentos dizem respeito a reuniões de grupos de trabalho para a discussão do projeto
referente ao Trem de Alta Velocidade (“TAV”), também conhecido como trem-bala. Além de
expor o histórico do projeto e o envolvimento de 5 (cinco) empresas do setor (Andrade
Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão) para estudar o projeto
proposto pelo Governo Federal, indicou as pessoas participantes do grupo de estudo. Como
comprovação da existência do Projeto, a Compromissária, além do histórico, trouxe
documentos oficiais163.

473. Os representantes de cada empresa que fazia parte do consórcio eram Irineu
Berardi Meireles (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), Emilio Eugênio
Auler Neto (Diretor Comercial da Camargo Corrêa), Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), Louzival Luiz Lago
Mascarenhas Junior (Diretor Comercial da OAS) e Maurício Fialho Cantarelli (Diretor de
163
Segundo a Compromissária Odebrecht, “já foi realizada uma tentativa de licitação para a implantação do
sistema. A licitação foi realizada por meio do Edital de Concessão n° 001/2010 (Documento 59 – TCC com HC
39/2018), publicado no Diário Oficial da União em 14.7.2010 (Documento 60 – TCC com HC 39/2018). A
divulgação do edital foi precedida de um longo período de audiências e consultas públicas, durante o qual se
procurou de alguma forma esclarecer as dúvidas existentes envolvendo projeto de tamanha complexidade. No
entanto, o projeto mostrou-se pouco atrativo ao mercado, de modo que nenhuma empresa participou do certame.
Tendo em vista o tamanho e risco desse projeto, cinco empresas do setor optaram pela formação de um
consórcio para participação no certame, vez que nenhuma delas isoladamente poderia assumir um projeto de
tanta complexidade. Assim, as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Queiroz
Galvão decidiram formar parceria para estudar o projeto proposto pelo Governo Federal e também para
participar do certame em consórcio. Essa parceria era ocasionalmente divulgada em veículos de comunicação,
conforme demonstra a reportagem anexa (Documento 61 – TCC com HC 39/2018). Há inclusive e-mails que
demonstram o envolvimento da ABIDB, conforme exposto no texto.

Processo nº 08700.006630/2016-88 (Autos Restritos nº 08700.006634/2016-66) Página 196 de 202


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Versão Pública

Desenvolvimento de Negócios Estruturados da Queiroz Galvão). Destes, duas pessoas


também participaram do tema dos Estádios para a Copa, representando a Andrade Gutierrez e
a Camargo Corrêa. Os representantes da OAS, da Odebrecht e da Queiroz Galvão somente
foram mencionados nestes documentos.

474. De acordo com a Compromissária Odebrecht, o grupo de trabalho TAV,


responsável pelo estudo da obra e de alternativas para garantir a sua viabilidade econômica, se
reunia periodicamente com o objetivo de analisar e discutir questões envolvendo
financiamento do projeto, as minutas de edital colocadas em consulta pública pela ANTT, o
projeto proposto e os riscos envolvidos, dentre outros assuntos.

475. Segundo a Compromissária Odebrecht, foi nesse contexto que ocorreram as


reuniões e contatos mencionados nos documentos atribuídos a Irineu Berardi Meireles
(Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht). O TAV é justamente o tema das
reuniões e mensagens indicadas nos Documentos 17, 18, 19, 22, 24 e 27 do Histórico da
Conduta do Acordo de Leniência. Note-se que os envolvidos em tal documento eram os
mesmos apontados acima.

476. Nesse sentido, em suas pesquisas internas, a Compromissária Odebrecht localizou


diversas outras mensagens eletrônicas que demonstram que Irineu Berardi Meireles (Diretor
de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) estaria envolvido no projeto do TAV. Por
exemplo, em mensagem datada de 6.11.2009, Emilio Eugênio Auler Neto (Diretor Comercial
da Camargo Corrêa) envia mensagem para Irineu Berardi Meireles, Marco Antônio Ladeira
de Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez), Louzival Luiz
Lago Mascarenhas Junior (Diretor Comercial da OAS) e Maurício Fialho Cantarelli (Diretor
de Desenvolvimento de Negócios Estruturados da Queiroz Galvão) sobre comentários a
respeito do TAV que seriam enviados pela ABIDB sobre a viabilidade econômica do TAV
(Documento 62 – TCC com HC 39-2018).

477. Segundo a Compromissária Odebrecht, a referida mensagem foi enviada para


exatamente as mesmas pessoas apuradas pela Compromissária como fazendo parte do
consórcio que seria formado para o projeto TAV. O assunto do e-mail é, inclusive, “TAV –
Anexo Carta ABDIB”.

478. Alguns dias depois, o Sr. Ralph Lima Terra, Vice-Presidente Executivo da
ABIDB, encaminha para Irineu Berardi Meireles (Diretor de Desenvolvimento de Negócios
da Odebrecht) uma cópia do documento que teria sido entregue ao Ministro dos Transportes
(Documento 63 – TCC com HC 39-2018).

479. Durante todo o processo de licitação do TAV, com frequência, os mesmos


representantes acima mencionados teriam participado de reuniões com representantes do
Governo Federal e do BNDES para tratar do projeto. Essas reuniões eram realizadas por meio
de convocações oficiais, que constavam das agendas públicas das autoridades envolvidas e
eram frequentemente noticiadas pela imprensa.

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480. Por exemplo, em 16.11.2009, Irineu Berardi Meireles (Diretor de


Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), assim como os demais membros do grupo
técnico e representantes das empresas no consórcio, recebeu convocação para reunião que
seria realizada com o então Ministro dos Transportes e com o então presidente do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico (“BNDES”) (Documento 64 – TCC com HC 39-
2018).

481. Segundo a Compromissária Odebrecht, é esse o motivo de a Carioca Engenharia


não estar incluída nos referidos documentos, conforme salientado na nota de rodapé n° 88 do
Histórico de Conduta do Acordo de Leniência. A Carioca Engenharia jamais teve qualquer
participação no projeto do TAV.

482. A Compromissária Odebrecht alega desconhecer o motivo de Irineu Berardi


Meireles (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht) ter sido apontado pelos
Signatários do Acordo de Leniência como tendo participado da conduta anticompetitiva
relacionada aos estádios da Copa do Mundo. Porém, ressalta que Marco Antônio Ladeira de
Oliveira (Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) não figura como
Signatário do Acordo de Leniência. Dessa forma, a Compromissária supõe que ele não pôde
esclarecer do que se tratavam os documentos apresentados pelos Signatários. A
Compromissária acredita que fosse esse o caso, Marco Antônio Ladeira de Oliveira teria feito
os devidos esclarecimentos e Irineu Berardi Meireles não teria sido apontado como tendo
participado da conduta descrita.

483. Esses esclarecimentos teriam sido feitos por Marco Antônio Ladeira de Oliveira
(Superintendente de Negócios Estruturados da Andrade Gutierrez) em sede de oitiva de
testemunha nos autos da Ação Penal n° 0017513-21.2014.4.02.5101, em curso na 7ª Vara
Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro. Durante o seu depoimento, Marco
Antônio Ladeira esclareceu que nunca tratou de assunto Maracanã com Irineu Berardi
Meireles (Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht), (Documento 65 – TCC
com HC 39-2018). A Compromissária Odebrecht esclareceu ainda que diversos outros
Signatários do Acordo de Leniência confirmaram, em sede de oitiva de testemunha nos autos
da Ação Penal n° 0017513-21.2014.4.02.5101, não terem tratado de assuntos relacionados às
arenas da Copa do Mundo de 2014 com Irineu Berardi Meireles (Diretor de Desenvolvimento
de Negócios da Odebrecht) (Documentos 66 a 69 – TCC com HC 39-2018), como Rogério
Nora de Sá, Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, Alberto Quintaes e João Marcos de Almeida
da Fonseca. Todos afirmaram não ter tratado sobre obra do Maracanã com Irineu Berardi
Meireles.

484. A mesma explicação acima foi igualmente dada por Marco Antonio Borghi e
Louzival Luiz Lago Mascarenhas Junior, ambos representantes da empresa OAS. Ambos
peticionaram durante o inquérito para apresentar argumentações e documentos com o objetivo
de comprovar que os Documentos 17, 18, 22 e 24 do Histórico da Conduta do Acordo de
Leniência não estão relacionados com a discussão acerca dos estádios de futebol da Copa de
2014, mas sim com reuniões do Grupo de Trabalho para o Projeto do Trem de Alta
Velocidade (“TAV”) – SEI 0331189, 0331856, 0412815, 0423624, 0527301 e 0633078.

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485. Das manifestações nos autos, destaca-se a petição SEI 0423624. Os Requerentes
Marco Antonio Borghi e Louzival Luiz Lago Mascarenhas Junior assinalaram que estão
incluídos na investigação em razão, no caso de Marco Antonio Borghi, do Documento 24 –
Acordo de Leniência, e de Louzival Luiz Lago Mascarenhas Junior, dos Documentos 17, 18,
22 e 24 – Acordo de Leniência. Da análise do conjunto dos Documentos 17, 18, 22 e 24
(Acordo de Leniência), os envolvidos nas trocas de e-mail são sempre os mesmos, com rara
inclusão de alguma outra pessoa, como Marco Antonio Borghi no Documento 24 (AL) e
Carlos Henrique Valente no Documento 17 (AL). Em todos os documentos, há menção a
representantes de cinco empresas – Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz
Galvão e Odebrecht.

486. Os Requerentes Marco Antonio Borghi e Louzival Luiz Lago Mascarenhas Junior
(petição SEI 0423624) alegaram que ambos, dentro da empresa OAS, no período de 2009 -
2010, estavam envolvidos no Projeto do Trem de Alta Velocidade (“TAV”). Ressaltam ainda
a menção de Marco Antônio Ladeira sobre a participação de ambos no Projeto TAV e de
Carlos Henrique Valente sobre a participação de Marcos Borghi no Projeto TAV164.

487. Sobre o envolvimento das demais pessoas, mencionadas nos referidos


Documentos, com o Projeto do Trem de Alta Velocidade (“TAV”), assinalou o depoimento
confirmatório de Carlos Henrique Valente165 de que atuava no TAV, o depoimento
confirmatório de Marco Antônio Ladeira166 de que também atuou no TAV e o depoimento
confirmatório de Irineu Berardi Meireles167 de que também atuou no TAV.

488. A existência do projeto pode ser confirmada, segundo os Requerentes (petição


SEI 0423624), pela agenda oficial de Comitiva Brasileira na China e notícias veiculadas pela
embaixada chinesa, que noticiou a visita da delegação brasileira à China para estudar sobre o
TAV.

489. Os Requerentes (petição SEI 0423624) informaram ainda que o Grupo de


Trabalho TAV, formado pelas 5 empresas, era constituído de um núcleo estratégico e um
grupo de trabalho técnico. Faziam parte do núcleo estratégico do GT TAV: Louzival
Mascarenhas (OAS), Maurício Cantarelli (Queiroz Galvão), Emílio Auler (Camargo Corrêa),
Irineu Meirelles (Odebrecht) e Marco Antônio Ladeira (Andrade Gutierrez). Eram integrantes
do grupo técnico: Marcos Borghi (OAS), Sérgio Heitor Gomes (Queiroz Galvão), Paulo
(Camargo Corrêa), Carlos Valente (Odebrecht) e Débora (Andrade Gutierrez). Encontram-se
mencionados nos Documentos 17, 18, 22 e 24, as pessoas do grupo estratégico do GT TAV.
Segundo os requerentes, é por este motivo que não há representante da Carioca nos e-mails.
Isto explicaria a dúvida dos Signatários, expressada nas notas de rodapé 85, 87 e 88 do

164
Em sede de oitiva de testemunha nos autos da Ação Penal n° 0017513-21.2014.4.02.5101, no Juízo da 7ª
Vara Federal do Rio de Janeiro (trecho transcrito na petição).
165
Em sede de oitiva de testemunha nos autos da Ação Penal n° 0017513-21.2014.4.02.5101, no Juízo da 7ª
Vara Federal do Rio de Janeiro (trecho transcrito na petição).
166
Em sede de oitiva de testemunha nos autos da Ação Penal n° 0017513-21.2014.4.02.5101, no Juízo da 7ª
Vara Federal do Rio de Janeiro (trecho transcrito na petição).
167
Em sede de oitiva de testemunha nos autos da Ação Penal n° 0017513-21.2014.4.02.5101, no Juízo da 7ª
Vara Federal do Rio de Janeiro (trecho transcrito na petição).

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Histórico da Conduta do Acordo de Leniência, com menção de que não souberam esclarecer a
razão pela qual não havia representante da Carioca participando da troca de e-mails.

490. Como comprovação de que houve este grupo, de sua composição e dos assuntos
abordados, os Requerentes juntaram aos autos os seguintes documentos:
1. Documento 07 / Petição SEI 0423624 – Composição;
2. Documento 08 / Petição SEI 0423624 – Atas de Reuniões elaboradas por Marcos
Borghi para o seu próprio controle; e,
3. Documento 10 / Petição SEI 0423624 – Quatro e-mails (21/09/2009; 09/06/2010;
28/06/2010; 30/06/2010) entre os membros do grupo que atestam que tratavam de TAV,
recuperados por Louzival Luiz Lago Mascarenhas Junior. Nestes e-mails estão as mesmas
pessoas mencionadas nos Documentos 17, 18, 22 e 24, além do assunto ser apenas TAV.

491. Por fim, os Requerentes Marco Antonio Borghi e Louzival Luiz Lago
Mascarenhas Junior não foram mencionados por nenhum dos Termos de Compromisso de
Cessação.

492. Além disso, ao se desconsiderar estes documentos do conjunto probatório tem-se


como consequência a não incidência de indícios contra representante da Queiroz Galvão que
apenas aparece nestes documentos. Maurício Fialho Cantarelli é mencionado no Acordo de
Leniência em razão dos Documentos 18, 22 e 24, com indicação de participação apenas na
Fase I, não sendo, porém, mencionado em nenhum dos Termos de Cessação da Conduta.

II.6 Conclusões Quanto aos Indícios Coligidos nos Autos

493. Em síntese, considera-se que os fatos e documentos apontados acima apontam


para a existência de indícios robustos de prática de condutas anticompetitivas no mercado
nacional de obras de construção civil, modernização e/ou reforma de instalações
esportivas (“estádios de futebol”) destinados à Copa do Mundo do Brasil de 2014
(“Copa do Mundo”).

494. Destaca-se, notadamente, as recorrentes comunicações entre concorrentes, seja


por telefone, por e-mail ou por meio de reuniões presenciais. Muitos contatos são confirmados
pelas empresas líderes e há outros contatos sob investigação para delimitar a participação das
demais empresas. As narrativas e os documentos indicam que vários acordos bilaterais e
multilaterais teriam sido efetivamente implementados pelos Representados, tanto por meio de
propostas de cobertura quanto de supressão de propostas, contando ainda com mecanismos de
monitoramento do alegado acordo pelas empresas líderes.

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II.7 Considerações Finais

495. Diante de todo o exposto, verifica-se a existência de indícios robustos de prática


de condutas anticompetitivas no mercado nacional de obras de construção civil,
modernização e/ou reforma de instalações esportivas (“estádios de futebol”) destinados à
Copa do Mundo do Brasil de 2014 (“Copa do Mundo”).

496. Resumidamente, há indícios robustos de que as pessoas jurídicas Andrade


Gutierrez Engenharia S.A. (atual denominação social da Construtora Andrade Gutierrez S.A.)
(“Andrade Gutierrez"), Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A. (“Carioca”), Construções
e Comércio Camargo Corrêa S.A. (“Camargo Corrêa”), Construtora OAS S.A. (“OAS”),
Construtora Queiroz Galvão S.A. (“Queiroz Galvão”), Delta Construções S.A. (“Delta”),
Construtora Norberto Odebrecht S.A. (“CNO”), Odebrecht Engenharia e Construção
Internacional S.A. (antiga Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S.A.) (“OECI”),
Odebrecht Participações e Investimentos S.A. (antiga Odebrecht Investimentos em Infra-
Estrutura Ltda.) (“OPI”) e Via Engenharia S.A. (“Via Engenharia”), bem como as pessoas
físicas Alberto Quintaes, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos José de Souza, Clóvis
Renato Numa Peixoto Primo, Dinarte Cirilo Sousa, Eduardo Alcides Zarrelato, Eduardo
Hermelino Leite, Eduardo Soares Martins, Emílio Eugênio Auler Neto, Fernando Antônio
Cavendish Soares, Fernando Márcio Queiroz, Geraldo Villin Prado, Gustavo Souza, Helder
Dantas, João Antônio Pacífico Ferreira, João Borba Filho, João Marcos Almeida da Fonseca,
José Camilo Teixeira Carvalho, José Lunguinho Filho, Júlio Cesar Duarte Perdigão, Luiz
Felipe Cardoso de Carvalho, Luiz Ronaldo Wanderley, Marcelo Antonio Carvalho Macedo,
Marcelo Duarte Ribeiro, Márcio Bolívar de Andrade, Márcio Magalhães Duarte Pinto, Marco
Antônio Ladeira de Oliveira, Marcos Vidigal do Amaral, Paulo Meriade Duarte, Reginaldo
Assunção Silva, Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior, Ricardo Roth Ferraz de Oliveira,
Roberto Xavier de Castro Junior, Rodrigo Ferreira Lopes da Silva, Rogério Nora de Sá, Rui
Novais Dias, teriam celebrado ajustes entre si com a finalidade de (i) de fixação de preços,
condições, vantagens e abstenções entre concorrentes, (ii) de divisão de mercado e
alocação de projetos, e (iii) troca de informações concorrencialmente sensíveis por meio
da troca de informações sobre interesses estratégicos nos Estádios e por meio da formação de
consórcios, da supressão de propostas, da apresentação de propostas de cobertura e da
promessa futura de subcontratação, condutas essas passíveis de enquadramento no art. 20,
incisos I a IV, c/c. art. 21, incisos I, III, IV e VIII, da Lei nº 8.884/94, bem como art. 36,
incisos I a IV c/c seu § 3º, inciso I, alíneas "a", "c" e "d", e inciso III, da Lei nº 12.529/2011.

497. Em vista de todo o exposto, entende-se estar demonstrado, portanto, a existência


de indícios robustos de infrações à ordem econômica em face dos Representados, a ensejar a
instauração de Processo Administrativo, nos termos dos arts. 13, V, e 69 e seguintes, da Lei nº
12.529/11 c.c. art. 186 e seguintes do Regimento Interno do Cade.

498. Ressalte-se, por fim, que a análise detida e completa dos documentos autuados
será realizada no decorrer da instrução e após os Representados terem se manifestado a
respeito dos documentos acostados ao presente processo.

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III. CONCLUSÃO

499. Diante da existência de indícios robustos de infração à ordem econômica, sugere-


se a instauração de Processo Administrativo, nos termos dos arts. 13, V, e 69 e seguintes, da
Lei nº 12.529/11 c.c. art. 186 e seguintes do Regimento Interno do Cade, em face dos
Representado Andrade Gutierrez Engenharia S.A. (atual denominação social da Construtora
Andrade Gutierrez S.A.) (“Andrade Gutierrez"), Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A.
(“Carioca”), Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A. (“Camargo Corrêa”), Construtora
OAS S.A. (“OAS”), Construtora Queiroz Galvão S.A. (“Queiroz Galvão”), Delta Construções
S.A. (“Delta”), Construtora Norberto Odebrecht S.A. (“CNO”), Odebrecht Engenharia e
Construção Internacional S.A. (antiga Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S.A.)
(“OECI”), Odebrecht Participações e Investimentos S.A. (antiga Odebrecht Investimentos em
Infra-Estrutura Ltda.) (“OPI”), Via Engenharia S.A. (“Via Engenharia”), Alberto Quintaes,
Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos José de Souza, Clóvis Renato Numa Peixoto
Primo, Dinarte Cirilo Sousa, Eduardo Alcides Zarrelato, Eduardo Hermelino Leite, Eduardo
Soares Martins, Emílio Eugênio Auler Neto, Fernando Antônio Cavendish Soares, Fernando
Márcio Queiroz, Geraldo Villin Prado, Gustavo Souza, Helder Dantas, João Antônio Pacífico
Ferreira, João Borba Filho, João Marcos Almeida da Fonseca, José Camilo Teixeira Carvalho,
José Lunguinho Filho, Júlio Cesar Duarte Perdigão, Luiz Felipe Cardoso de Carvalho, Luiz
Ronaldo Wanderley, Marcelo Antonio Carvalho Macedo, Marcelo Duarte Ribeiro, Márcio
Bolívar de Andrade, Márcio Magalhães Duarte Pinto, Marco Antônio Ladeira de Oliveira,
Marcos Vidigal do Amaral, Paulo Meriade Duarte, Reginaldo Assunção Silva, Ricardo
Pernambuco Backheuser Júnior, Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, Roberto Xavier de Castro
Junior, Rodrigo Ferreira Lopes da Silva, Rogério Nora de Sá, Rui Novais Dias, a fim de
investigar as condutas passíveis de enquadramento nos artigos 20, I a IV, e 21, I, III, IV e
VIII, da Lei nº 8.884/94, bem como art. 36, incisos I a IV c/c seu § 3º, inciso I, alíneas "a", "c"
e "d", e inciso III, da Lei nº 12.529/2011, na forma do art. 69 e seguintes da Lei nº
12.529/2011.

500. Sugere-se, ainda, a notificação dos Representados, nos termos do art. 70 da Lei nº
12.529/2011, para que apresentem defesa no prazo de 30 (trinta) dias. Neste mesmo prazo, os
Representados deverão especificar e justificar as provas que pretendem sejam produzidas, que
serão analisadas pela autoridade nos termos do art. 195 do Regimento Interno do Cade. Caso
o Representado tenha interesse na produção de prova testemunhal, deverá indicar na peça de
defesa a qualificação completa de até 3 (três) testemunhas, a serem ouvidas na sede do Cade,
conforme previsto no art. 70 da Lei nº 12.529/2011 c.c. art. 195 §2º, do Regimento Interno do
Cade.

501. Estas as conclusões.

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