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Para compreensão do estágio atual por que passa o Recôncavo baiano, e especificamente o
subespaço em que se localizam os municípios de Aratuípe, Cachoeira, Jaguaripe,
Maragogipe, Muritiba, Nazaré, Salinas da Margarida, Santo Amaro, São Felipe, São Félix,
Saubara, que fazem parte do chamado Recôncavo tradicional, torna-se necessário o exame do
processo de formação dos contornos do que hoje denominamos de Região do Recôncavo
Baiano.
“Até quase a primeira metade deste século, as terras em volta d’água – o Recôncavo da
Bahia de Todos os Santos – foram o cenário de um complexo sócio-econômico centrado na
produção e exportação do açúcar e do tabaco, mas incluindo também uma variedade de
outras atividades, distribuídas entre diferentes segmentos de uma região que alcançou mais
de 16.000 km2 , se considerando também o baixo Sul” (Brandão, 1998).
O processo de ocupação do Recôncavo baiano data do século XVI, após a chegada de Tomé
de Souza, com as doações de terra e o início das penetrações para o sertão, quando D. Álvaro
da Costa, armador- mor do Rei de Portuga l recebeu em regime de sesmaria as grandes faixas
de terras localizadas entre as barras dos rios Paraguaçu e Jaguaripe, com mais dez léguas para
o sertão. Inicialmente, no entorno da foz do rio Paraguaçu, surgiu o cultivo da cana-de-
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açúcar. Mais tarde, com a ocupação das áreas situadas mais para o interior, ocupando de
início as áreas de Tabuleiros, circunvizinhas às áreas de cana-de-açúcar, instala-se a lavoura
fumageira.
O povoamento dessa parte do território se iniciou, tal como em todo território brasileiro, a
partir da concessão de sesmaria; dando origem à primeira propriedade, livre de todos os
impostos, onde o plantio da cana-de-açúcar era a principal atividade econômica em
propriedades alienáveis. Era prática da coroa portuguesa, para efetivar a ocupação do
território brasileiro, a divisão de terras em grandes áreas e doá- las a pessoas que se
mostravam capazes de valorizá- las. “Os primeiros povoadores – sesmeiros – deram origem
às velhas famílias portuguesas que não se misturaram, as quais mesmo empobrecidas, não
perderam o orgulho.” (Lins, 1960, p. 16 apud Guerreiro de Freitas, 1999a, p. 73).
A partir e por causa da sua formação histórica, o “Recôncavo baiano tradicional é uma área
de forte densidade cultural e histórica, de povoamento notoriamente estável, relativamente
muito urbanizada, com uma configuração fortemente marcada pelas terras de mata fina
(tabuleiros), de planície e por extensos manguezais. Os contrastes físicos correspondem a
formas de ocupação e modos de acesso, bem como a perfis culturais estabilizados” (Pedrão,
s/d), no qual, a “produção do açúcar jamais subsistiu só, mas integrada a um complexo de
atividades espacialmente diferenciadas. A cana ocupava o âmago da região – em torno dos
núcleos de Santo Amaro e São Francisco do Conde, e em sua periferia desenvolviam-se
atividades complementares ao complexo açucareiro, uma especialização que resultou de um
processo de divisão do trabalho no plano regional, paralelo ao das próprias unidades de
16
produção” (Brandão 1998). Essa dinâmica possibilitou que as áreas periféricas ao Recôncavo
se especializassem progressivamente e a região, em conjunto, reproduzisse o complexo
econômico do açúcar.
Durante séculos, o Recôncavo baiano acumulou lentamente modos de vida nos quais a
presença localizada e direta da modernização não ameaçava a maioria das práticas
tradicionais e até as reforçava. Esta estrutura se manteve até o final dos anos 40 e inícios dos
anos 50, com a implantação das atividades de exploração de petróleo, que aconteceu em parte
do seu espaço territorial a partir de 1953. A chegada dessa atividade à Baía de Todos os
Santos, que vivia as contrações no seu modo de produção desde meados do século XVII,
devido à crise do açúcar, inicia um processo de mudanças econômicas e sociais no entorno da
capital do Estado.
Entre o final do século XVII e a metade do século XVIII, as redes fluviais e marítimas se
constituía m no único meio para o ir e vir das pessoas e das mercadorias. O domínio da
natureza ou as tentativas de organizá- la começava m pelas áreas do entorno da Baía de Todos
os Santos e das terras férteis que margeavam os rios da região, mas sem perder de vista a
possibilidade de interiorização, através de trilhas por onde penetrava m as tropas e o gado em
uma expansão gradual para além da Zona da Mata, até as distantes barrancas do rio São
Francisco. Nesse período surgiram as primeiras vilas da Região, localizadas nas
proximidades do mar e as margens dos rios. Destaque para o surgimento das Vilas de Nossa
Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, de Jaguaripe (1693), Santo Amaro de Nossa
Senhora da Purificação e São Bartolomeu de Maragogipe (1724), e novos e sucessivos
desmembrame ntos destas vilas e de Valença (no vale do Jequiriça), no decorrer do século
XIX e XX.
“O ciclo do açúcar, que se desdobrou com o fumo, a pecuária, a agricultura alimentar, o café,
o algodão, as especiarias, couros e peles, carvão vegetal, caie iras e olarias, as rendas e os
bordados, a cerâmica utilitária e lúdica, criou assim uma complexa tradição cultural, um
tecido social territorialmente diverso e uma exuberante paisagem cons truída. Cada coisa em
seu lugar; havia o Recôncavo da cana, do fumo, da subsistência e dos materiais de
construção, da lenha e da pecuária, que subia até [os municípios de] Pojuca, Catu, Mata de
São João e mesmo Alagoinhas. Primeira rede urbana à escala regional implantada nas
Américas“ (Brandão, 1998).
A partir de meados da década de 50, do século XX, a Bahia – especificamente o espaço hoje
denominado Região Metropolitana de Salvador, seu entorno e áreas do Recôncavo – começa
a apresentar, sobretudo pela ação do setor público, novos fatores de mudança que passam a
alterar seu quadro tradicional. Chegam a esse espaço, pela primeira vez, a energia produzida
pela Companhia Hidroelétrica de São Francisco (CHESF), em Paulo Afonso, localizada no
semi-árido baiano, e as ações de política petrolífera, definidas pelo Conselho Nacional do
Petróleo.
Salvador, até meados da década de 1950, com as marcas de suas contradições econômicas e
sociais, era uma cidade pacata que traziam lembranças de um passado quando capital do país.
Também conhecida como uma cidade de uma rua só, como diziam os jornais da época,
presenciava o início de um processo que a transformaria, e definiria novos caminhos para a
velha “São Salvador”. Estudiosos da história do Estado definem essa rápida modificação da
cidade entre os meados da década de 50 e o início da década de 60 como um exemplo da
chegada à Bahia do discurso modernizador do Governo Kubitschek, quando os grandes
temas nacionais eram discutidos com ardor: o desenvolvimentismo, a questão do Nordeste, a
nova Capital Federal, a chegada da televisão, os novos movimentos artísticos.
No entanto, essas transformações não foram suficientes para modificar o papel que a cidade
do Salvador manteve até a metade dos anos 60: metrópole de uma economia agrícola,
conservando as funções político-administrativas que lhe deram um papel regional. Somente
com o crescimento das atividades da Petrobrás, acompanhada da introdução de mais alguns
elementos de transformação, essa posição se alteraria nas décadas seguintes 1 .
Esse é um período que diversos autores, entre eles Carvalho e Souza (1980), afirmam ser um
“período de transição, marcado por transformações que, lenta e gradativamente, levam a
economia baiana a superar a estagnação na qual submergia os anos da fase anterior e
permitem o desenvolvimento de seu setor industrial, antes embrionário, bem como uma certa
diversificação da estrutura produtiva da capital do Estado” (p. 72). Isso terá uma expressiva
repercussão, ao transformar a face da capital, única cidade do Estado que, em 1940, contava
com mais de 250.000 habitantes residindo no seu território (aproximadamente 289.000
habitantes segundo dados do IBGE). Desse modo, Salvador se destaca em relação às outras
1
A tradicional expressão, assim como o conceito de “metrópole regional”, foi substituída nas três últimas
décadas do século XX pelo conceito de “Região Metropolitana”, inserida em um amplo sistema urbano-regional
de caráter nacional.
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cidades baianas, já que, dos 289 municípios existentes nessa época, 93% possuíam menos de
5.000 habitantes residindo nos seus centros urbanos.
Por contar o Estado, exceto em certos segmentos de atividade econô mica da cidade do
Salvador, com uma divisão do trabalho pouco desenvolvida em termos capitalistas (uma gota
d’água no oceano segundo Francisco de Oliveira), essa discussão passa a assumir grande
importância. Os setores dominantes da política e da economia baiana percebem nessa
estratégia de política pública, a possibilidade de manutenção das suas estruturas de
dominação, inclusive de se aproveitar politicamente, das desigualdades e heterogeneidade
regionais no espaço econômico e social do estado.
Nos anos 50, a dinâmica analisada acima representou um ciclo de acumulação na Bahia, que
significou uma alteração profunda no perfil da economia regional, o que pode ser explicado
por dois movimentos sucessivos:
A ampliação da malha rodoviária do Estado vem a ser o primeiro redesenho espacial que
começava a se estabelecer, já no final da década anterior, com a ligação através da BR 116,
da Bahia ao Sudeste do País a partir da cidade de Feira de Santana, a construção da rodovia
litorânea –BR 101 e a duplicação da BR 324 no trecho Feira de Santana a Salvador. O vetor
rodoviário iria representar o início de uma proposta de integração do Nordeste à economia
nacional, tão decantada por um segmento da elite econômica brasileira, que sonhava com um
projeto autônomo de desenvolvimento.
Para ilustrar o processo que estava sendo desencadeado e as interferências do novo modelo
de desenvolvimento econômico na Bahia, e de como sua feição se modificava gradualmente,
é preciso atentar para o fato de que, “no início da década de 50, existiam na Bahia 5.950
estabelecimentos industriais. Em fins da década de 70, 12.671. Um crescimento médio
observado de 112%, ou pouco mais que o dobro, em 30 anos de desenvolvimento” (Oliveira,
1987). O regime instalado no país pós-64, significou para a burguesia baiana um ponto de
ruptura e o inicio do processo de consolidação do desenvolvimento capitalista em curso,
desde o final da década de 40.
No período pós 1964, ao tempo em que ocorre a (re)composição das forças políticas e
econômicas hegemônicas se verifica na Bahia o início de mudanças do seu perfil
demográfico, ao tempo em que se acentua m as desigualdades econômicas e sociais entre seus
espaços regionais. Para ilustrar, em 1950, somente 25,87% da população baiana residia nos
espaços urbanos do território do Estado. Com as transformações que ocorrem em
determinados espaços do território do Estado, esse percentual ultrapassou os 41% em 1970 e,
segundo o Censo do IBGE, em 1991, 59,1% da população baiana residia em suas áreas
urbanas. Essa dinâmica demográfica do Estado pode ser vista de algumas formas: a primeira,
é que as políticas de implantação de centros industriais e de incentivo ao comércio em
determinados espaços do território do Estado, a partir dos anos 70, não foram suficientes para
mudar o perfil mudar o perfil da sua população de forma imediata; e, em segundo lugar,
percebe-se que, mantendo uma alta taxa da população residindo em suas zonas rurais,
somente no último decênio do século XX, o Estado, contaria com uma população urbana
maior que a rural.
Apesar de ser significativo, esse fato ocorrido a partir de 1991, não representou grandes
alterações na redução das desigualdades regionais no Estado, uma vez que traços do seu
passado, como fortes vínc ulos com o setor primário da economia, insistem em se manter.
Ademais, não se pode considerar esta mudança do perfil demográfico no estado da Bahia
uma novidade nem um fato inusitado, pois, para o SEI (1996), desde 1940, as taxas de
crescimento da população urbana na Bahia são superiores às da população total, sendo ambas
muito distantes daquelas da população rural, cuja dinâmica, ao longo dos últimos 50 anos, já
apontava para perdas absolutas de seu contingente populacional rural na década de 90,
fenômeno que ocorre em escala nacional.
No plano político, a Bahia, a partir de 1964, passou a contar com Governadores que tinham a
responsabilidade de ampliar o projeto nacional em curso a partir de 1964. Desde então,
projetos considerados de importância estratégica, e enquadrados como parte de um plano que
pretendia reduzir as grandes disparidades econômico-sociais entre as regiões do país, seriam
implantados no espaço do Recôncavo, que hoje corresponde a área metropolitana do
Salvador. Pode-se mencionar, dentre esses projetos, o Centro Industrial de Aratu (CIA) e a
Usina Siderúrgica da Bahia, concluídos no Governo Luís Viana Filho (1967-1971); o Pólo
Petroquímico, cujas negociações e definição da localização foram iniciadas na gestão de Luís
Viana Filho e conc luíram-se no Governo Roberto Santos (1975-1979). Consolida-se, a partir
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A criação do Centro Industrial de Aratu, o CIA, na segunda metade dos anos 60, é um dos
grandes marcos do processo de planejamento implantado na região Nordeste e no Estado da
Bahia, em conjunto com o planejamento nacional sob a influência da SUDENE; é também o
coroamento de uma antiga reivindicação de parcelas burguesas constituídas no Estado. Esse
projeto não trouxe os impactos que seus idealizadores imaginaram, porém não se pode negar
que a criação de um centro industrial apontava para a consolidação de uma nova dinâmica de
crescimento e especialização do espaço geo-econômico da capital iniciada com a
implantação da Petrobrás.
Segundo Carvalho e Souza (1980), “é a partir de fins da década de 60, depois que se iniciou a
implantação do Centro Industrial de Aratu, que se pode falar de um crescimento industrial
vigoroso da economia baiana, concentrado em Salvador e nos municípios vizinhos que hoje
formam a sua área metropolitana ” (p.78). O parque industrial metal- mecânico, que então se
constituiu às margens da BR 324, a vinte quilômetros do centro de Salvador, e com a
implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari, converteram- se no vetor dinâmico da
economia regional, comandando uma expressiva diversificação da estrutura produtiva da
atual Região Metropolitana.
O caso da Usina Siderúrgica da Bahia - USIBA, é significativo nessa nova dinâmica. Essa
empresa foi concebida como bandeira de luta de intelectuais vinculados às classes
dominantes, na perspectiva de redirecionar e alavancar o desenvolvimento regional. No
entanto, após ter consolidada sua implantação, a USIBA voltou-se para o atendimento do
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mercado externo. A contribuição do Estado nesse processo foi decisiva, com isenção de
impostos, incentivos fiscais, creditícios e investimentos em capital social e infra-estrutura, e
marcadamente influenciada pelo movimento de capitais no âmb ito nacional.
Portanto, os processos e intervenções públicas, ocorridos a partir de meados dos anos 60, -
como a instalação do Centro Industrial de Aratu e do Pólo Petroquímico de Camaçari, a
implantação dos Projetos de Irrigação no Vale do São Francisco e, mais recentemente, no
final de 70, a expansão da fronteira agrícola nacional para a Região Oeste, e a implantação do
Pólo de Papel e Celulose no Extremo-Sul, no final dos anos 80 –, é resultante de um processo
de transformação e redefinição e/ou aprofundamento de certa vocação regional, vindo a
culminar com a “modernização” das relações econômicas e sociais nos espaços geo-
econômicos estimulados por estratégias de políticas públicas.
Nesse sentido, a economia baiana, inclusive seu segmento industrial, encampa um processo
que leva o Recôncavo e o entorno da Região Metropolitana de Salvador – responsáveis pela
maior parcela do PIB estadual –, a transformarem-se em uma região com altos índices de
pobreza e violência, chegando a apresentar, a partir dos meados da década de 90, “uma queda
de 9,66% na sua taxa relativa de riqueza estadual, embora tenha obtido um incremento de
13,23% na sua taxa de crescimento relativo de famílias pobres no total do Estado” (Porto,
2000).
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Amargosa, Cabaceiras do Paraguaçu, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo
Costa, Elísio Medrado, Governador Mangabeira, Muniz Ferreira, Santa Terezinha, Santo Antônio de Jesus, São
Miguel das Matas, Sapeaçu, Varzedo (municípios que fazem parte da área de transição entre o Recôncavo
tradicional e áreas de tabuleiro), Jiquiriçá Laje, Mutuípe, Ubaíra (municípios que fazem parte da área do Vale do
Jiquiriçá e foram incorporados como áreas do Recôncavo), Brejões, Itatim, Milagres e Nova Itarana (municípios
que fazem parte da área de Caatinga e Planalto e foram incorporados como áreas do Recôncavo)
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Com a nova espacialização, passaram também a fazer parte do Recôncavo diversas áreas com
características diferenciadas, a exemplo das áreas intermediárias entre o litoral e o semi- árido
(zonas conhecidas como tabuleiros e de transição); zonas de caatinga e de planalto; e, áreas
do Vale do Jequiriçá, com elementos marcantes, caracterizados por conjunto de serras (CAR,
2000). Contudo, sua população encontra-se concentrada nas sub-áreas do Recôncavo
Tradicional e dos Tabuleiros de Transição, que apresentaram a partir do Censo do IBGE de
1970, percentuais sempre superiores a 80% do total da população regio nal, conforme se pode
observar na tabela em anexo.
Mesmo sendo a Região mais urbanizada do Estado e ocupando uma posição de destaque na
História da Bahia, por ser uma área que apresenta características físicas e culturais
peculiares, é consenso, inclusive nos documentos oficiais do Governo do Estado, que no
quadro econômico e social atual, o Recôncavo no seu conjunto destaca-se por apresentar
elevados coeficientes de desemprego e sub-ocupação. A falta de investimentos novos,
suficientes para propiciar o crescimento ou mesmo a sustentação da sua economia faz parte
de um dos elementos indicativos dessa situação. O setor produtivo regional, no seu conjunto,
apresenta pouca expressividade, devido a “um longo e permanente processo de estagnação
econômica, expresso através de uma complexa crise” (CAR, 2000).
A partir dos finais dos anos 60 e meados dos anos 70, com a existência de um sistema viário
consolidado, ligando o Recôncavo à Região Metropolitana de Salvador, que experimentava
um crescimento baseado na expansão do setor urbano- industrial, parte significativa da mão-
de-obra disponibilizada na Região do Recôncavo tenderia a migrar para o mercado de
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Aratuípe, Cachoeira, Jaguaripe, Maragogipe, Muritiba, Nazaré, Salinas da Margarida, Santo Amaro, São
Felipe, São Félix, Saubara.
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Em Salvador, por sua vez, modifica-se a estrutura do emprego, com o crescimento baseado
na expansão da economia urbano- industrial, acompanhada de importante incremento do setor
terciário, que juntamente com a expansão de atividades, como comércio, turismo, serviços
públicos e financeiros transformariam a Região Metropolitana em uma área mais urbanizada
mais dinâmica e receptora de mão-de-obra de outras regiões do Estado.
Quanto ao espaço territorial denominado Recôncavo, a maior parte das suas cidades, dos seus
espaços e de seus habitantes permaneceram presos a elementos da reprodução social e da
organização do cotidiano. Os fluxos centralizados nos valores econômicos gerados pelos
pólos industriais e pelas atividades turísticas, no entorno da metrópole pouco agregaram em
riqueza e modernidade ao Recôncavo como um todo. Alguns poucos espaços do seu território
regional e dos processos produtivos, nele existentes, interagiram com a atualidade e dentre
eles podemos citar: 1. o vinculado à citricultura, na região Planaltina do Recôncavo, centrado
principalmente nos municípios de Cruz das Almas e Santo Antonio de Jesus ; 2. a
constituição de complexos agro- industriais da avicultura em alguns municípios (Amélia
Rodrigues e Conceição de Feira); 3. Uma pecuária moderna voltada para a produção de leite,
na parte norte do Recôncavo; 4. O ramo industrial de papel e papelão, com unidade de
produção de celulose localizada em Santo Amaro, e a implantação recente da MASTROTO,
indústria de beneficiamento de couro localizada em Cachoeira e da AVIGRO, de
beneficiamento de frangos, situada em Conceição da Feira.
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Tabela 1
Taxa de Taxa de Taxa de
Cres. Cres. Cres.
População População População
Município/Região/ Médio Médio Médio
Total Total Total
Estado Anual Anual Anual
(a.a. %) (a.a. %) (a.a. %)
1970 1980 1970/1980 1980 1991 1980/1991 1991 2000 1991/2000
ESTADO 7.493.437 9.454.346 2,35 9.454.346 11.867.991 2,09 11.867.991 13.066.764 1,07
Amargosa 24.443 25.211 0,31 25.211 28.026 0,97 28.026 30.748 1,04
Aratuípe 8.167 7.475 -0,88 7.475 7.811 0,40 7.811 8.376 0,78
Brejões 9.920 10.634 0,70 10.634 13.041 1,87 13.041 15.324 1,81
Cabaceiras do Paraguaçu - 11.890 - 11.890 14.523 1,83 14.523 15.546 0,76
Cachoeira 27.382 27.953 0,21 27.953 28.290 0,11 28.290 30.324 0,77
Castro Alves 46.716 26.582 -5,48 26.582 26.773 0,07 26.773 25.293 -0,63
Conceição do Almeida 21.854 18.407 -1,70 18.407 18.542 0,07 18.542 18.865 0,19
Cruz das Almas 28.814 38.358 2,90 38.358 45.858 1,64 45.858 53.049 1,63
Dom Macedo Costa 5.140 5.472 0,63 5.472 3.904 -3,02 3.904 3.747 -0,46
Elísio Medrado 8.628 7.713 -1,11 7.713 7.839 0,15 7.839 7.849 0,01
Governador Mangabeira 12.941 17.004 2,77 17.004 17.859 0,45 17.859 17.163 -0,44
Itatim - 10.300 - 10.300 10.039 -0,23 10.039 12.685 2,63
Jaguaripe 10.147 10.874 0,69 10.874 13.840 2,22 13.840 13.412 -0,35
32
Jiquiriçá 8.604 9.358 0,84 9.358 11.763 2,10 11.763 13.614 1,64
Laje 14.635 15.732 0,73 15.732 18.319 1,39 18.319 19.583 0,74
Maragogipe 41.038 41.260 0,05 41.260 38.811 -0,55 38.811 40.322 0,43
Milagres 8.864 9.018 0,17 9.018 9.298 0,28 9.298 12.103 2,97
Muniz Ferreira 6.007 6.049 0,07 6.049 6.280 0,34 6.280 6.941 1,12
Muritiba 28.133 19.232 -3,73 19.232 24.534 2,24 24.534 30.653 2,50
Mutuípe 15.009 17.327 1,45 17.327 20.491 1,54 20.491 20.462 -0,02
Nazaré 21.780 23.599 0,81 23.599 25.954 0,87 25.954 26.376 0,18
Nova Itarana 5.841 6.992 1,81 6.992 6.636 -0,47 6.636 6.677 0,07
Salinas da Margarida 6.366 7.766 2,01 7.766 8.891 1,24 8.891 10.372 1,73
Santa Terezinha 16.879 6.982 -8,45 6.982 8.860 2,19 8.860 8.689 -0,22
Santo Amaro 46.411 50.494 0,85 50.494 54.160 0,64 54.160 58.394 0,84
Santo Antônio de Jesus 39.726 46.784 1,65 46.784 64.331 2,94 64.331 77.340 2,07
São Felipe 19.205 17.667 -0,83 17.667 20.107 1,18 20.107 20.220 0,06
São Félix 13.253 15.243 1,41 15.243 12.182 -2,02 12.182 13.706 1,32
São Miguel das Matas 10.441 9.777 -0,65 9.777 9.311 -0,44 9.311 10.001 0,80
Sapeaçu 12.629 12.939 0,24 12.939 15.192 1,47 15.192 16.449 0,89
Saubara - 7.437 - 7.437 8.016 0,68 8.016 10.121 2,62
Ubaíra 16.883 18.208 0,76 18.208 20.809 1,22 20.809 20.577 -0,12
Varzedo - 6.378 - 6.378 8.662 2,82 8.662 8.668 0,01
RECÔNCAVO SUL 535.856 566.115 0,55 566.115 628.952 0,96 628.952 683.649 0,93
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