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Responsabilidade Civil PDF
Responsabilidade Civil PDF
A responsabilidade civil pode ser classificada em responsabilidade por culpa, pelo risco
ou pelo sacrifício, dependendo do nível de imputação a que recorra para transferir o
dano da esfera do lesado para outrem.
Assim, em primeiro lugar, avaçemos então uma possível definição de dano. Optemos
então pela definição que é apontada por Menezes Leitão, que assume dano como “a
supressão de uma vantagem de que o sujeito beneficiava, isto é, a frustração de uma
utilidade que era objecto de tutela jurídica”.
Existem várias vertentes para a aplicação do regime do “dano”. Desde logo, dano em
sentido real e dano em sentido patrimonial.
Veja-se então o regime do art. 562º que estabelece que “quem estiver obrigado a
reparar um dano deve reconstituir a situação que existiria se não se tivesse verificado
o evento que obriga à reparação”, dando assim prioridade à reconstituição natural do
dano ou à sua indemnização em espécie. Neste sentido, o critério dominante é o da
determinação do dano em sentido real.
Por outro lado, o art.566º nº1 refere que “a indemnização é fixada em dinheiro,
sempre que a reconstituição natural não seja possível, não repare integralmente os
danos, ou seja excessivamente onerosa para o devedor.” Quando já não é possível
reparar o bem ou entregar outro semelhante, ou quando esse modo de indemnizar
não seja suficiente para reparar todos os danos sofridos pelo devedor, ou ainda
quando se torna absolutamente desproporcionado em face dos sacrifícios que se exige
do lesante a reconstituição natural do dano, lei vem estabebecer que a indemnização
seja fixada em dinheiro.
Neste contexto, há que fazer referência ainda à distinção entre danos patrimoniais e
não patrimoniais, ou morais. Os danos patrimoniais dizem respeito à frustração de
utilidades susceptíveis de avaliação pecuniária, como é o caso da destruição de coisa
pertencente ao lesado. Os danos morais são aqueles que correspondem à frustração
de utilidades não susceptíveis de avaliação pecuniária, como é o caso da perda de uma
vida humana. A distrinça entre danos patrimoniais e não patrimoniais não tem
qualquer relação com a natureza do bem afectado, mas sim com o tipo de utilidades
que esse bem proporcionava e que se veio a frustrar com a lesão.
Ainda em relação a esta temática deveremos fazer referência à situação da “morte
como um dano”, que consiste em determinar a possibilidade de indemnização da
morte de uma pessoa. De facto, as ofensas de que resulte a morte de uma pessoa
poderão originar os seguintes danos:
- no caso de a morte não ser instantânea, danos não patrimoniais sofridos pela vítima
e pelos seus familiares até à ocorrência da morte.
Assim, do que se retira do art. 496º nº1, quer os danos não patrimoniais sofridos pelos
familiares da vítima em consequência da morte, quer os danos não patrimoniais
sofridos por estes e pela vítima são indemnizáveis. Coloca-se, todavía, um problema
relativamente ao dano que consiste na perda da vida.
Leite de Campos vem trazer-nos uma proposta de solução para este problema,
defendendo a hereditabilidade do dano morte, considerando que com a lesão “o
lesado já suporta um dano que conduzirá potencialmente à morte, o qual é
indemnizável nos termos do art. 564º nº2.” Contudo, este autor advoga que o artº
496º nº2 não resolve a questão da hereditabilidade do dano morte, uma vez que o
termo “por morte da vítima” aparece como uma mera referência ao momento
temporal da abertura da sucessão. O dano morte encontrar-se-ia antes previsto no
artº 496 nº3, tendo o legislador esclarecido, através da expressão “no caso de morte”
que o dano morte era autonomamente indemnizável no meio dos restantes danos não
patrimoniais.
Punitive Damages
- previsão dos lucros pelo lesante e comparação com a quantia que poderia ter de
pagar se fosse condenado em sede de responsabilidade civil aquiliana;
Esta figura surge no Reino Unido, no século XVIII como um marco do respeito pelo
direito à reserva da vida privada e pela liberdade do indivíduo contra os abusos do
poder. Surgem devido aos graves abusos de autoridade por parte de funcionários
públicos e entes privados.
Contudo, ainda no século XVIII os “punitive damages” foram exportados para os EUA,
registando-se o primeiro caso em 1784 (caso Genay v. Norris), em que um médico
havia colocado, por brincadeira, uma droga inofensiva no copo do seu doente,
causando-lhe grandes dores.
Por outro lado, também no caso Coryell v.Colbaugh, em 1791, o nubente engravidara a
nubente e quebrara a promessa de casamento, sendo tal conduta vista como um
insulto e uma ofensa grave à honra da vítima e do nascituro, estigmatizando-os
socialmente.
Bibliografia
Marco Matroca
FDUNL nº 2015
Abril/2012