Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Índice
Nascimento Traumático do Direito Administrativo .................................................................... 3
Evolução da Justiça Administrativa ......................................................................................... 4
Nova Ciência do Direito Administrativo .................................................................................. 8
Comparação Sistema Francês vs. Inglês ...................................................................................... 9
Direito Administrativo e funções do Estado .............................................................................. 15
Direito Administrativo: definições e critérios ........................................................................... 16
“Todos Diferentes, Todos Iguais” – os Particulares e Administração ....................................... 19
Discussões teóricas sobre os direitos dos particulares ......................................................... 19
Escola Negacionista ............................................................................................................. 19
Escola Subjetivista ............................................................................................................... 20
Construção Trinitária ........................................................................................................... 20
Construção Unitária ............................................................................................................ 21
CARACTERIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PORTUGUESA ............................................ 27
Organização Administrativa ................................................................................................... 27
Conceitos da Administração................................................................................................... 29
Divisão Administrativa Portuguesa........................................................................................ 35
2
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
1
Direito Administrativo não foi decretado por via legislativa e surgiu como uma resposta a necessidades
históricas – mantiveram-se os Parlamentos (Tribunais compostos por nobreza) em que os revolucionários
não confiavam (já se opunham ao rei, ir-se-iam opor a esta nova ordem social com as suas ideias de classe
dominante) pois não iriam reconhecer os direitos de todos os cidadãos. Por isso criam uma nova estrutura
em que coloca os litígios da Administração com civis
➢ Surge primeiro o direito processual/adjetivo e da jurisprudência, cria-se o direito
material/substantivo – com as sucessivas decisões surge um corpo de regras sólidas que se
autonomiza
2
Devido à conceção de Montesquieu de que o poder judicial “ julga os diferendos dos particulares”
3
Protege a Administração. Maurice Hauriou: salvaguarda a lógica do poder administrativo; Otto Bachof:
salvaguarda a Administração Agressiva (aquela que quando atua é para exercer a força física sobre os
particulares)
3
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
o Pais recorrem ao tribunal que se declara incompetente para julgar pois tratava-
se de uma entidade pública e o “Código de Napoleão” apenas se aplicava para
pessoas iguais (civil)
o O presidente da câmara (primeira instância do contencioso administrativo) diz
mesmo que não há direito aplicável pois não está em causa uma decisão
voluntária da administração e sum uma operação material
o Conselho de Estado acaba por reconhecer que o caso tem de ser julgado num
tribunal administrativo, no entanto não há norma (pois tinham que ter as regras
e princípios próprios que se aplicavam só à Administração)
▪ É preciso criar legislação especial para proteger a Administração Pública
de forma a esta não estar sujeita à responsabilidade civil igual à dos
particulares
▪ Direito Administrativo nasce para negar uma indemnização a uma
criança
➔ Conceção autoritária da Administração que inspira as
“catedrais” do Direito Administrativo: desde Otto Mayer
(Alemanha), Maurice Hauriou (França) a Marcello Caetano
(Portugal)
➔ Construções jurídicas alicerçadas na ideia do poder
administrativo em que o particular não tem direitos perante a
administração – tem direito apenas ao cumprimento da lei; este
direito à legalidade é um falso direito; é Direito a que se cumpra
a ordem jurídica4 (o particular não tinha direitos subjetivos
perante a administração)
• Até 2004 em Portugal, se PM atropelasse uma criança, um juiz administrativo não saberia
sentenciar pois dependia sob que prisma se olhava o caso e qual a gestão
o Em 2004 mudam as coisas e em 2005 há uma nova lei de responsabilidade
administrativa mas não está ainda inteiramente resolvida
▪ VPS: entende que se deve unificar todo o regime da responsabilidade civil
▪ MRS: critica a unificação da gestão privada e pública
4
Jellineck: “direito subjetivo dos indivíduo, no domínio do direito público, consiste exclusivamente na
capacidade de fazer mover as normas jurídicas no interesse individual” - objetivo e subjetivo confundem-
se e diluem-se um no outro
5
Mas não era exclusivo – iniciou-se em França mas nem todos os países adotaram; Reino Unido era o
tribunal comum que julgava a Administração – existia sem estar sujeito aos traumas pois o poder judicial
era entendido como autónomo dos demais e tanto se aplicava a privados como a entidades públicas
4
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
6
Otto Mayer na Alemanha, Marcello Caetano em Portugal, Maurice Hauriou em França, Santi Romano
em Itália.
7
Regulava a prestação de trabalho devido à realidade da “miséria operária”. Em pleno fulgor até aos anos
70 em que começaram as crises
8
Ernst Forsthoff
5
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
9
Apenas numa primeira instância há especialização do Tribunal; em Portugal há tribunais administrativos
(especializados da base até ao topo) – o grau de especialização varia de país para país
6
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
pescador afetado pela fábrica cuja licença tinha sido dada pela
administração)
▪ Em vez do Estado prestar ele próprio os bens e serviços (a
Administração não atua em todos os domínios), cria as infraestruturas,
regula e legisla o modo de exercício de certo aspeto da função
administrativa
➢ Assume uma dimensão privada
10
Constitucionalização do Contencioso Administrativo
7
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
O Direito Administrativo atual é totalmente diferente do do séc. XIX pelo que hoje a escola
alemã12 fala duma Nova Ciência do Direito Administrativo, de reconstrução do Direito
Administrativo em função nas novas áreas de atuação), assim pode-se reformular as questões e
adaptar as realidades aos problemas de hoje.
➢ VPS: concorda com esta nova corrente mas desgosta do nome
11
DIP estabelecia relações horizontais e verticais entre Estados, mas passou também a aplicar-se a
indivíduos particulares
12
Hoffman-Riem; Schmidt-Assman; Vobkuhle
8
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
13
Caracterizam o Direito Administrativo como nasceu e como se desenvolveu
14
Não tem a ver com execuções prévias e ações executivas – pois a maior parte dos atos administrativos
não são suscetíveis de execução coativa nem há privilégios de execução.
9
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
• Inglaterra: quando há litígio e particular não obedece tem que se ir a Tribunal para se
executar15 (heterotutela). Decidiu-se que a Administração deve negociar –
“administration is business”, contrato em que particular intervém na tomada das
medidas administrativas.
Com o Estado Social, adquire uma autotutela com a atuação dos “tribunals” (“agencies”
nos EUA)
Na atualidade, autotutela é limitada e quando uma ordem não é acatada (o que é pouco
provável) e a Administração a quer executar, recorre à heterotutela
15
VPS discorda de Freitas do Amaral, pois em Inglaterra não se tem de ir a tribunal antes de executar
(execução judicial das decisões) pois o particular cumpre voluntariamente as decisões sem ser necessário
executá-las
16
O High Court is very very low, é a ordem mais baixa do sistema jurisdicional apesar de se chamar High.
O High Court é um tribunal especializado na primeira instância porque depois o recurso das decisões do
High Court dá-se para os tribunais judiciais normais, dá-se em ultima análise para o Lord’s Justice que está
na House of Lords e que exerce as funções correspondentes ao Supremo Tribunal de Justiça.
17
Centralização – uma única pessoa/entidade jurídica; Concentração – um único órgão de poder decide
(centralizado e concentrado: todos os atos são imputáveis a uma única entidade – Estado em que como
centro de poder surge o Governo)
Descentralização – várias pessoas coletivas; Desconcentração – vários centros de poder
10
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
A Administração Pública é uma entidade que acompanha qualquer um de nós ao longo da vida e com quem
estabelecemos relações jurídicas desde o momento em que adquirimos personalidade jurídica até ao momento em
que tal cessa.
A doutrina administrativista tem defendido uma consideração polissémica deste amplo conceito de
Administração Pública. Não querendo entrar na discussão dogmática do termo, cabe-nos definir Administração
Pública, que entendemos ser, no mesmo sentido sintético de DIOGO FREITAS DO AMARAL, o “sistema de serviços e
entidades que atuam por forma regular e contínua para cabal satisfação das necessidades coletivas”.
Portanto, tendo isto em conta, aos modos jurídicos de organização, funcionamento e controlo da
Administração, como nos diz DIOGO FREITAS DO AMARAL (ou modos jurídicos de organização e atuação genérica da
Administração Pública, no entender de VASCO PEREIRA DA SILVA), damos o nome de Sistema Administrativo.
Com o surgir do Estado em sentido moderno, que desperta na esteira de Jean Bodin no séc. XV, afirma-se
um Sistema Administrativo Tradicional, a que chamamos a fase pré-natal dos Sistemas Administrativos. Nesta fase
pré-natal, avulsamente existem regras de caráter jurídico que são vinculativas para a Administração, no entanto,
ainda não constituem um sistema e têm um caráter precário que facilmente podiam ser afastadas e o monarca podia
delas dispensar.
É depois das fortes contrações sociais da Grande Revolução Inglesa (1688) e da Revolução Francesa (1789),
que se dá à luz verdadeiros sistemas administrativos. E daqui surgem dois irmãos (no mesmo sentido em que Hauriou
lhes chama “duas espécies do mesmo género”) cujas diferenças colidem no início mas que, com o passar do tempo,
são atenuadas num sentido convergente – no Reino Unido surge um modelo de Administração (chamado por Hauriou
de Administração Judiciária; cuja influência se estendeu aos Estados jusculturalmente anglófonos, nomeadamente
aos Estados Unidos da América, e por intermédio destes aos países da América central e do sul) e em França surge
outro modelo de Administração (a Administração Executiva, nos termos de Hauriou; viriam a influenciar todo o Direito
continental).
Após termos percebido que há dois grandes modelos de Sistemas Administrativos, cabe agora perceber
quais os critérios que orientaram a evolução dos mesmos e o que foi caracterizando a história de vida destes dois
irmãos.
Esses critérios são, a saber: 1) Existência ou não de ramo de Direito próprio, 2) Sujeição da Administração
a uma heterotutela ou uma autotutela, 3) Controlo Jurisdicional da Administração Pública por Tribunais
Administrativos (conforme ensinado por VASCO PEREIRA DA SILVA) e 4) Tipo de Organização Administrativa (aqui
contrário a VASCO PEREIRA DA SILVA, mas, convergente com DIOGO FREITAS DO AMARAL).
Analisemo-los agora.
Em França, na sequência de uma revolução de rutura com Estado Absoluto, construiu-se um aparelho
administrativo gigante, obediente e eficaz para impor as novas ideias e implementar as reformas políticas,
económicas e sociais – a Administração Pública “centralizadora e instrumento de mudança”, no dizer de MARCELO
REBELO DE SOUSA, surge como necessidade histórica.
11
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
À luz do art. 16º da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, postula-se a separação de
poderes que os revolucionários utilizam como justificação da proibição dos tribunais comuns julgarem a
Administração Pública (devido à conceção de Montesquieu em que o poder judicial julgava “os diferendos dos
particulares”). Com isto, pela via jurisprudencial, a que VASCO PEREIRA DA SILVA chama o “primeiro trauma” do
Direito Administrativo, surge um ramo de Direito próprio e com privilégios próprios (sendo esse o “segundo
trauma”).
Já no Reino Unido, desde o Bill of Rights de 1689, que se consagrou o rule of law (império do Direito) em
que se determinou que o direito comum era aplicável a todos. Este estatuto igualitário entre a Administração Pública
e os particulares era devido, como explica MARCELO REBELO DE SOUSA, ao pouco peso do “Estado estamental” e da
resistência à concentração de poder real. Ora, à luz do exposto, sendo o common law para todos os sujeitos de Direito,
não havia a necessidade de se autonomizar um Direito Administrativo.
Devido a estas diferenças surgiu, à época, uma discussão teórica importante entre Dicey e Hauriou sobre se
um dos sistemas administrativos era superior ao outro. No entanto, a discussão entre o rule of law e o droit
administratif era uma “discussão de marretas”, no dizer de VASCO PEREIRA DA SILVA, pois a realidade no séc. XX já
estava a ser alterada.
O irromper do Estado Social no séc. XX vem afirmar, em França, uma lógica de realidade organizada de
acordo com regras completas, científicas e que esgotam o domínio da realidade em que o Conseil d’État consegue ter
uma tutela jurisdicional efetiva. No Reino Unido, já desde o final do séc. XIX que numerosas leis administrativas foram
surgindo dando poderes de autoridade e regulando, diversos órgãos da Administração.
Nos dias de hoje, esta é uma não-questão pois já há assumidamente um Direito Administrativo nos dois
países. A única diferença considerável é ao nível das fontes, uma vez que em França vemos um predomínio legalista
cuja fonte principal é a legislação e no Reino Unido vemos que a fonte legislativa apenas se associa às demais
(nomeadamente ao costume e ao precedente judicial).
Estas expressões neutras, trazidas por administrativistas italianos (Giannini e Santi Romano), das quais,
acompanhando VASCO PEREIRA DA SILVA, somos adeptos traduzem a situação da execução das decisões
administrativas.
A questão de se saber se há ou não intervenção do tribunal não surge sempre e não surge previamente à
decisão da Administração. Esta intervenção só surge quando o particular, estando do lado passivo da relação jurídica,
se opõe a uma decisão da Administração.
No caso Francês, havendo um litígio em que o particular não obedece, MARCELO REBELO DE SOUSA clama
que há uma supremacia da Administração Pública ao definir o Direito unilateralmente na relação com os particulares,
isto significa que as suas decisões têm uma força executória própria podendo ser impostas pela coação aos
particulares sem intervenção do poder judicial. Portanto, estamos perante um sistema de autotutela.
Quanto ao Reino Unido, havendo litígio, a Administração Pública só pode executar as decisões que atingem
os particulares mediante a permissão dos tribunais, ou seja, o tribunal torna-as em sentenças imperativas mediante
o due process of law, impondo o respeito pela decisão da Administração. Assim, verificamos que temos presente um
sistema de heterotutela.
Estas eram as realidades antes do Estado Social que, em França, temperou com o princípio da legalidade
uma Administração que mesmo na atualidade ainda tem um elevado grau de autotutela, embora agindo na medida
em que tenha poderes para isso e mediante permissão do ordenamento jurídico.
Ao Reino Unido, o Estado Social trouxe os traumas do Direito Administrativo continental criando-se os
Administrative Tribunals (que explicaremos melhor infra) com o poder de execução de decisões e de julgamento. Esta
“senilidade precoce”, nas palavras de VASCO PEREIRA DA SILVA, do Direito Administrativo britânico hoje está
ultrapassada e a autotutela é muito limitada sendo que a Administração recorre à heterotutela para executar as
decisões que os particulares não acatam voluntariamente – que, no ensinamento do professor acima referido, é algo
muito pouco comum pois o particular, em regra geral, obedece às decisões.
12
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Quando nos questionamos sobre a existência de verdadeiros Tribunais Administrativos, que é uma situação
relativamente recente na vida destes dois modelos irmãos, questionamos, no fundo, qual era o controlo jurisdicional
da Administração. Intrinsecamente ligada a esta questão apraz-nos também analisar qual a situação relativa às
garantias jurídicas dos particulares.
É nesta lógica de promiscuidade da Administração Agressiva (considerada assim pelos autores clássicos),
que se consagra a situação do juiz-administrador havendo, obviamente, menores garantias para os particulares,
uma vez que a jurisdição da Administração era privativa e tinha sempre em vista a salvaguarda do poder
administrativo.
Já no outro lado do Canal da Mancha, o Reino Unido tem a sua Administração Pública, na lógica do rule of
law, subordinada ao direito comum e, por esse motivo, não possui Tribunais Administrativos estando todos os entes
de Direito sujeitos aos ordinários Courts of Law.
A plena jurisdição dos tribunais comuns ante a Administração Pública tem como consequência direta que
os particulares dispõem de efetivas garantias nas relações jurídicas administrativas.
De novo, o advento do Estado Social no séc. XX traz alguma conciliação e aproximação entre os dois irmãos
desavindos.
Em terras Britânicas surgem, por esta altura, os Administrative Tribunals que são novas entidades de órgãos
administrativos independentes, cuja criação junto da Administração Central serviu para decidir-se questões de
Direito Administrativo que a lei compele a resolver por critérios de legalidade estrita, como nos refere DIOGO FREITAS
DO AMARAL. Estas entidades administrativas estavam dotadas com o poder de execução das decisões da
Administração e do julgamento de litígios com esta. Portanto, estando a ser ultrapassada em França a questão da
justiça privativa e a promiscuidade do juiz-administrador, essa realidade surge agora no Reino Unido.
Com o decurso do tempo, o esbatimento entre os dois sistemas administrativo foi-se esbatendo e hoje,
ambos os modelos possuem tribunais administrativos sendo que o princípio fundamental que inspira cada um dos
sistemas é diverso, as soluções que vigoram são diferentes e a técnica jurídica de um e de outro é distinta, como
aponta DIOGO FREITAS DO AMARAL.
A diferença principal prende-se no facto de em França termos uma dualidade de jurisdições, consagrando-
se uma ordem de tribunais administrativos autónoma da ordem de tribunais judiciais, possuindo uma estrutura que
vai da base até ao topo de juízes administrativos (o mesmo se verifica em Portugal, logo pelo art. 209º da CRP, de
onde decorre uma jurisdição separada havendo tribunais administrativos de círculo numa primeira instância, seguida
pelos tribunais centrais administrativos e tendo no tipo o Supremo Tribunal Administrativo). No Reino Unido, temos
a unidade de jurisdições sem uma ordem autónoma em que há um tribunal administrativo (Administrative Court
integrado no High Court) na primeira instância, mas, após a passagem por este tribunal especializado, os recursos
seguem para os tribunais judiciais – e por isto, VASCO PEREIRA DA SILVA comenta que o “high court is very very low”,
pois é a ordem mais baixa do sistema jurisdicional.
13
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Quando nos referimos aos tipos de organização administrativa nos dois sistemas invocamos conceitos como
o de Centralização (casos em que há só uma entidade jurídica, por oposição a Descentralização em que há várias) e o
de Concentração (em que há apenas um único órgão de poder que decide, por oposição a Desconcentração em que
há vários centros de poder).
Em França, as autarquias locais eram consideradas meramente com instrumentos do poder central havendo
uma lógica administrativa centralizada e concentrada na grande figura do Estado.
Por sua vez, no Reino Unido, as autarquias locais nunca foram encaradas como sendo instrumentais ao
Governo e sempre se conceberam como entidades independentes, verdadeiros Local Governments com poderes
decisórios autónomos, como explica DIOGO FREITAS DO AMARAL. Daí que, a lógica administrativa britânica é
descentralizada e desconcentrada.
Idos os séc. XVIII e séc. XIX, a realidade francesa perde a total centralização e aceita a autonomia de novos
corpos administrativos ao passo que há um incremento da centralização na realidade britânica.
Hoje em dia, temos duas administrações descentralizadas e desconcentradas, sendo-o mais ou menos
tendo em conta o momento.
VASCO PEREIRA DA SILVA não inclui este critério na caracterização e evolução dos Sistemas Administrativos
pois considera-o uma dicotomia própria e isolada do séc. XVIII/séc. XIX, uma vez que a evolução da complexidade
administrativa levou a que surgisse necessariamente uma desagregação.
Não concordamos com o autor neste ponto e aqui vamos ao encontro de DIOGO FREITAS DO AMARAL, ao
considera-la um critério que caracteriza a evolução dos Sistemas Administrativos por uma exigência de coerência. Se
anteriormente assumimos que a existência ou não de ramo de Direito próprio era um critério que nos orienta no
entendimento desta evolução, tal era, como este antagonismo o é, uma discussão própria de um certo tempo
histórico que, no entanto, releva para o entendimento de como eram pensados e construídos os Sistemas
Administrativos.
Como já foi possível verificar, até aqui houve uma enorme evolução em vários aspetos nos traços da
personalidade destes dois irmãos.
Nunca nos foi possível exigir uma similitude absoluta entre ambos os modelos, pois, como MARCELO
REBELO DE SOUSA lembra, a Administração Pública varia de Estado para Estado e em função do “tipo e da forma
desse Estado, dos sistemas de governo, eleitorais e de partidos, da família de Direito e, de modo particular, do sistema
administrativo dominante”.
Apesar de nos seus primeiros períodos de vida os dois Sistemas Administrativos eram em tudo diferentes e
em tudo colidiam, o passar do tempo trouxe-nos uma convergência significativa, sobretudo através do progressivo
crescimento da complexidade da Administração em realidades de plenos Estados de Direito.
Nos dias de hoje, como consequência dessa aproximação entre os Sistemas, verificamos uma Europeização
do Direito Administrativo, classificado como tal por VASCO PEREIRA DA SILVA, em que a União Europeia, ao produzir
um determinado conjunto de normas, é a principal fonte de Direito Administrativo para ambos os Estados orientando-
os para a uniformização.
À luz da atualidade internacional, e em jeito de conclusão cabe fazer a pergunta: será que após longos anos
a construírem uma relação de união entre irmãos, o chamado Brexit vai de novo separar os Sistemas Administrativos?
Gostamos de pensar que não.
14
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Governo: órgão superior da Administração Pública que tem funções administrativas, mas
também funções legislativas
➢ Demonstra-se a maior flexibilização que tem ocorrido
Função Político-Legislativa18
• Ponto de vista material: tomada de decisões importantes, das grandes opções de uma
comunidade política
• Ponto de vista formal: exercício do poder através do procedimento19
• Ponto de vista orgânico: limitado a certos órgãos com competências diferenciadas (AR,
ALRA, Gov)
Função Administrativa20
• Ponto de vista material: satisfação das necessidades coletivas, que são definidas pela
lei e pela Administração
• Ponto de vista formal: exercício do poder através do procedimento administrativo (em
que no final a decisão é da Administração), regulado pela lei (CPA que corresponde à
realidade formal da Administração Pública)
• Ponto de vista orgânico: atribuída a muitos órgãos no seio de 1) pessoas coletivas do
Estado e 2) pessoas coletivas distintas do Estado21
Função Judicial
• Ponto de vista material: decidem e resolvem litígios; resolve conflitos de Direito que
podem existir num determinado país e são levados a juízo no quadro jurídico dessa
realidade
• Ponto de vista formal: exercício do poder através do processo, que determina o modo
como o litígio será julgado, dando várias garantias aos litigantes22 e seguindo um rito
próprio na produção de atos jurídicos
• Ponto de vista orgânico: Tribunais
18
Terminologia que VPS prefere pois há aspetos idênticos em ambas as funções
19
Giannini: é a forma da função
20
VPS não gosta de “Função Executiva” pois não há uma realização cega pela Administração e esta possui
autonomia
21
Administração indireta, autónoma, independente e etc.
22
Igualdade das partes numa lógica equitativa e de equidistância do tribunal
15
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Critério do Interesse
Lógica de se considerar os fins da atividade que está a ser realizada – o que vai de encontro ao
“interesse público”
➢ VPS: em sentido amplo, tudo podia ser do interesse público, pelo que este pode ser um
elemento de caracterização mas não um critério de classificação
Critério da Função
Lógica da atividade administrativa, independentemente de quem a realiza – não se olha apenas
para o Estado, admite-se que pode ser atos do particular.
23
Embora se admita que é o conjunto de sujeitos que satisfazem as necessidades coletivas / prosseguem
interesse público (bem comum).
24
Conceito que significa uma pertença exclusiva: no sentido de caber unicamente a um ato, função ou
órgão decidir ou ocupar-se de determinada matéria.
16
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Aceção ampla, o que pode significar de que se pode atuar pelo Direito Privado
➢ Alargamento da visão do Direito Administrativo e não se baseia na perspetiva do poder
➢ Não está em causa só o exercício de poderes de autoridade, mas as atividades que visam
realizar o interesse público
➢ Aplica-se quando está em causa o desempenho objetivo da função administrativa25 e
não pela presença subjetiva de uma pessoa coletiva pública.26
Sérvulo Correia sugere uma Visão Estatutária, como variante, em que Direito Administrativo cria
um especial estatuto para a Administração
➢ VPS: isto é o mesmo mas como nova consideração do poder
➢ Freitas do Amaral: não se define em função do sujeito, mas sim em função do objeto (a
função administrativa). É direito comum da função administrativa.
Tem que se procurar soluções amplas que enquadrem fenómenos da atualidade – perspetiva
ampla sobre os fenómenos administrativos
➢ Temos que ter em atenção a configuração atual do Direito Administrativo como lógica
infraestadual e alargamento dos sujeitos públicos (sob indicações que vêm do Direito
Europeu)
➢ Direito Administrativo é o direito da função administrativa e as relações
administrativas podem ser um universo muito amplo – o universo do contencioso (art.
212º/3 CRP) e por correspondente do Direito Administrativo é um universo em que as
relações jurídicas são amplas; mesmo critério do art. 2º CPA
Relações Jurídicas
O estabelecer de relações jurídicas corresponde ao que a CRP considera que é e o que
caracteriza o Direito Administrativo.
• Conceito chave do Direito Administrativo e que mais se adequa a um Estado de Direito
Democrático.27
25
A função administrativa caracteriza-se por satisfazer as necessidades coletivas, que variam.
26
Não se pode utilizar critério dos sujeitos devido à fuga para o Direito Privado do Direito Administrativo,
que consagra já normas privadas e tem Administração pública sob forma privada inclusive.
27
Esta teoria equilibra a Administração com o particular recusando os dogmas que vinham dos traumas
duma autoridade da Administração.
17
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
18
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Desde os anos 70 que há uma afirmação do particular como sujeito de direito, não é objeto do
poder mas sim sujeito ao estabelecer relações jurídicas administrativas
28
VPS: Não há nenhum outro poder exorbitante, não há nenhum poder de execução automática das
decisões contra a vontade do particular e esses poderes, que são também poderes legais, só existem nos
casos em que a lei expressamente o preveja e só existem quando possam existir.
19
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Escola Subjetivista
Historicamente defendida por Bonnard, Barthélemy e Marcello Caetano.
Defesa do direito à legalidade – particular tem direito a que a Administração cumpra a lei
• Direito não correspondia à esfera jurídica do particular (direito sem sujeitos) e era um
reflexo do direito
o Confusão entre direito objetivo, que a ordem jurídica impõe o cumprimento da
lei (existe independente de mim), e direito subjetivo, que existe na minha esfera
jurídica29.
Construção Trinitária
Desenvolvida em Itália, derivada do Contencioso Administrativo. Em Portugal: Freitas do Amaral,
João Caupers, Vieira de Andrade.
Começa por ser uma construção binária e passa a trinitária.
Particular tem sempre posição substantiva de vantagem – podendo tê-la segundo critérios
lógicos que distinguem o conteúdo de realidades jurídicas diferentes
1. Proteção direta perante Direito Subjetivo – lei diz expressamente que protege
particulares e confere direitos subjetivos (cria a norma de proteção à posição subjetiva de
vantagem)
2. Proteção indireta perante Interesses Legítimos – deveres da Administração que
indiretamente protegem o particular. Lei estabelece um dever de atuação da Administração
que protege indiretamente o particular conferindo-lhe uma posição subjetiva que corresponde
a um interesse legítimo.
• Surgiu pelo contencioso administrativo (primeira tentativa de superar os traumas do
Direito Administrativo) e por razões práticas dos tribunais (gerais vs. administrativos)
italianos. Mas desde o séc. XIX que tem sido muito criticada e hoje em dia já não existe.
• Dava a entender que o legislador apenas regulava o poder e que por distração30 criava
as posições subjetivas de vantagem nos particulares (não era intencional)
• Única diferença era o modo de criação do direito subjetivo
o Mas, ao regular-se um dever da administração, que existe no interesse do
particular, corresponde à atribuição de um direito subjetivo – o dever e o direito
são correlatos/correspetivos
29
Henk
30
Mario Nigro
20
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Construção Unitária
Defendida pela doutrina espanhola (García Denterría e Tomás Ramón Fernandez) e italiana.
Direitos são todos da mesma natureza embora possam incidir e consubstanciar-se sobre
realidades diferentes.
É tudo posições substantivas de vantagens, satisfazendo interesses individuais,
possuindo idêntica natureza ainda que podendo ter conteúdos diferentes.
Direito de Reação – Aroso de Almeida, Rui Medeiros – particular tem o direito a agir contra
conta uma ofensa
• Particular só tem direito subjetivo a partir do momento em que há uma lesão
• Confunde a relação jurídica substantiva com a relação jurídica processual
31
Carla Amado Gomes: Direito ao ambiente, não se assume o verdadeiro direito, porque corresponde a
uma proteção objetiva de uma realidade ambiental e esta realidade ambiental é de todos. E, portanto,
não podia ser apropriada por ninguém. E, portanto, corresponderia a uma dimensão de natureza
limitadamente subjetiva.
21
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Inovadora, sendo contemporânea do período de Otto Mayer (finais séc. XIX), mas limitada por
algumas posições de vantagens ficarem de fora (estrangeiros não tinham direitos).
Direito de dimensão reduzida a que correspondia a primeira geração dos direitos
fundamentais – proteção dos particulares de ações lesivas da sua esfera jurídica.
Foram precisos 50 anos para que uma nova ordem jurídica refizesse esta construção em termos
adequados ao Estado de Direito Democrático.
Otto Bachof no ressurgir do Estado Direito Democrático na Alemanha faz uma reformulação
teórica da “norma de proteção”.
Alargamento da teoria norma de proteção (Bachof)
i. Não é necessária uma norma, basta existir vinculação da Administração Pública – há
direito subjetivo sempre que a Administração tenha poder vinculado (mesmo que
esteja do lado do poder discricionário32) – basta que a norma tenha um ou mais vínculos
jurídicos33 que isso introduz um direito subjetivo dos particulares
➢ Direitos correspondentes a normas de dever, limitados pelas vinculações legais
ii. Norma criada para proteger os direitos de 1ª geração e os de 2ª (sociais e económicos)
– há um direito subjetivo dos particulares não só no dever da Administração não
agredir, mas também no dever de Administração prestar e atuar
➢ VPS: deve presumir-se que da norma que estabelece deveres há
correspondência ao direito do particular (favorável ao particular) – no âmbito
de uma relação jurídica, é correlato da posição de vantagem do particular;
32
Sempre vinculado pelo menos quanto a três aspetos: 1) competência – é sempre a lei que determina
qual é o órgão que pode atuar; 2) quanto ao fim – a lei determina sempre o fim do exercício daquele
poder (e, portanto se for exercido com um fim diferente do fim legal há ilegalidade porque há uma realidade material
pela qual a não prossecução do fim legal gera a ilegalidade); 3) obrigado aos princípios gerais da ordem jurídica.
33
Há sempre vínculos jurídicos como são hoje os princípios recebidos da CRP e do CPA e que vinculam
imediatamente toda a atuação administrativa. Mesmo no poder discricionário há vínculos jurídicos que
não podem ser afastados.
22
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Reconstrução nos anos 70/80 por Schmidt-Assman com as novas categorias de direitos
fundamentais (3ª geração), por influência do Direito Constitucional.
Nos dias de hoje é tempo de alargar o direito subjetivo no quadro constitucional porque ainda
se tende a considerar que só há direitos no quadro das omissões da Administração (dizem que no
quadro da Administração ela pode fazer o que quiser – direitos fundamentais submetidos a um princípio
do procedimento) – o sentido agora é o de alargar a noção de direito subjetivo no quadro dos
Direitos Fundamentais, utilizando a construção do Direito Administrativo.
VPS: indivíduo é titular de direito subjetivo em relação à Administração sempre que de uma
norma jurídica que não vise apenas a satisfação do interesse público, mas também a proteção
dos interesses dos particulares, resulte uma situação de vantagem objetiva, concedida de forma
34
Há direito subjetivo quando um particular é credor de um dever da Administração – uma pessoa
específica goza do correlativo do dever da Administração.
23
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
CRP fala em duas categorias – art. 268º/3, 4, 5 – mas equipara-os tratando-os como situações
jurídico-materiais dos indivíduos, devendo ser reconduzidos à mesma categoria de direitos
subjetivos.
• O que pode variar é o conteúdo do direito, diretamente atribuído pela lei ou resultante
da maior ou menor amplitude do dever a que a Administração está obrigada
relativamente ao particular. A diferença seria quanto a uma maior ou menor amplitude,
pelo que não faz sentido.
• Tem várias categorias e tudo depende da relação jurídico-administrativa estabelecida
entre o particular e a Administração e da interpretação das normas jurídicas aplicáveis
(que atribuem direitos ou deveres).
O direito subjetivo pode ser atribuído mediante disposição constitucional que atribui aos
particulares a possibilidade de fruição individual de um bem jurídico coletivo ou “de todos”.
• Interesses difusos são direitos subjetivos públicos decorrentes da CRP.
Para perceber se tem legitimidade, temos de ver se cabe nas condições da teoria da norma de
proteção.
• Da previsão da norma retira-se um círculo de pessoas que são protegidas pelo direito –
afetação do direito à esfera jurídica do particular que esteja nesse círculo específico de
pessoas cujo direito afeta, estando na sua proximidade.
É inegável que, nos dias de hoje, o particular ante a Administração Pública tenha direitos. Para trás ficam as teorias
negacionistas, dos tempos clássicos do Direito Administrativo autoritário e perpetradas por autores como La Ferrière,
Otto Mayer, Santi Romano e Maurice Hauriou, em que se negava que os particulares tinham direitos subjetivos – os
particulares eram objeto do poder. Também se deixou cair a conceção da escola subjetivista, encabeçada por autores
como Bonnard, Barthélemy e Marcello Caetano, em que o que se defendia era um direito à legalidade, numa confusão
entre o direito objetivo que a Ordem Jurídica impõe e o direito subjetivo que existe na esfera jurídica de cada um.
Acolhemos agora a ideia de identidade entre o estatuto do particular e o da Administração e, dentro dessa igualdade
de estatutos, estabelecem-se relações jurídicas com diferentes naturezas – concordamos com VASCO PEREIRA DA
SILVA quando se afirma que a relação jurídica é a base da dogmática do Direito Administrativo.
O poder jurídico da Administração (atribuído pela lei e correspondente a uma função que esta deve desempenhar,
atendendo ao art. 266º CRP) de atuar unilateralmente, deve ser entendido não como uma demonstração dos poderes
exorbitantes da Administração Pública, mas sim como uma realidade semelhante aos direitos potestativos, instituto
jurídico do Direito Privado, em que há uma posição de vantagem que corresponde a uma posição jurídica que permite
produzir efeitos na esfera do particular, que atua na relação sempre como sujeito de direito, a par do que acontece
na realidade privatista.
Portanto, temos o particular como um sujeito de direito e não um objeto do poder, sendo que os seus direitos
estão expressamente reconhecidos pelas Constituição da República Portuguesa, conforme o disposto nos art. 20º/1
e 268º, entre outros.
No entanto, apesar de se assumir o particular como um sujeito de direito, a doutrina discute se essa posição jurídica
de vantagem deve ser apurada segundo critérios lógicos que distinguem o conteúdo de realidades jurídicas
diferentes, dando origem a uma Construção Trinitária que distingue os Direitos Subjetivos, os Interesses Legítimos e
os Interesses Difusos; ou se, por outro lado, a posição jurídica do particular deve ser entendida de forma ampla em
que os direitos são todos da mesma natureza, embora possam incidir e consubstanciar-se sobre realidades
diferentes, dando origem a uma Construção Unitária.
24
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Acompanhando a doutrina espanhola, italiana e alguns autores portugueses, achamos que a razão está com a
Construção Unitária, pois entendemos que é uma má posição de partida, de cariz ainda autoritário e historicamente
perigoso, o considerar os particulares como titulares de um quase-direito em vez de um verdadeiro direito – devemos
entender que as posições substantivas de vantagem, satisfazendo interesses individuais, possuem idêntica natureza,
ainda que possam ter conteúdos diferentes.
Dentro deste entendimento Unitário distinguem-se duas grandes correntes: os autores que defendem o Direito de
Reação, como Aroso de Almeida e Rui Medeiros, e os que defendem a teoria da “Norma de Proteção”, entre os quais
se destacam Ottmar Bühler, Otto Bachof, Schmidt-Assman e Vasco Pereira da Silva. Referindo só que a teoria do
Direito de Reação tem por fundamento a ideia de que o particular tem o direito a agir contra uma ofensa, foquemo-
nos agora na Teoria da “Norma de Proteção”.
Para Bühler, eram três as condições necessárias para que existisse um direito subjetivo:
2) essa norma era criada e orientada para proteger os direitos dos particulares,
Este alemão, contemporâneo de Otto Mayer dos finais do séc. XIX, foi inovador com o reconhecimento da posição
de vantagem dos particulares, mas, e como resultado da sua época, esta aceção de direitos era reduzida e limitada –
não se aplicava a estrangeiros, por exemplo, e focava apenas na “primeira geração dos direitos fundamentais”, no
dizer de VASCO PEREIRA DA SILVA, pois apenas protegia os particulares das ações lesivas da Administração à sua
esfera jurídica.
Cerca de cinquenta anos depois, no ressurgir do Estado de Direito Democrático na Alemanha da década de 50, Otto
Bachof empreende uma reformulação teórica da “Norma de Proteção” e reconstrói toda a teoria de forma a que esta
se adaptasse à nova ordem jurídica. Pegando nas condições iniciais de Bühler, Bachof alarga-as para:
1) não é necessária uma norma e basta existir uma vinculação da Administração Pública, ou seja, há um direito
subjetivo sempre que a Administração atue vinculada juridicamente – o que acontece quase sempre, pois, à luz dos
princípios recebidos da CRP e do CPA, a Administração está imediatamente vinculada pelo menos em três aspetos: a
competência, o fim e os princípios gerais da ordem jurídica.
2) a norma não tem de ser primariamente dirigida para proteger os particulares e pode ser o estabelecimento de um
dever da Administração, sendo que o particular é o credor desse dever da Administração no âmbito de uma relação
jurídica, logo, o correlato do dever é um direito subjetivo do particular – o particular “goza de uma posição de
vantagem que é delimitada negativamente pela norma jurídica”, como aponta VASCO PEREIRA DA SILVA.
3) já não se entende o direito de ir a juízo como uma condição de existência de um direito subjetivo e sim como a
consequência do particular ter esse direito subjetivo – o particular pode proteger a sua posição de vantagem,
atendamos ao nº 4 e ao nº 5 do art. 268º CRP.
Este outro alemão, nos tempos de apogeu do Estado Social, concebe a Teoria da “Norma de Proteção”
especialmente pelo desenvolvimento dogmático da 2ª condição, como uma construção jurídica que abarca os
“direitos de primeira e os de segunda geração”, uma vez que se garante ao particular que a Administração tem o
dever de não agredir, mas, também, tem o dever de prestar e atuar (no campo dos direitos sociais e económicos).
Esta Administração prestadora provocou um alargamento das funções/tarefas que era chamada a desempenhar,
aumentando as vinculações e os deveres relativamente aos particulares, logo, o direito dos particulares acompanhou
esse crescimento, como nota VASCO PEREIRA DA SILVA.
Como já pudemos verificar, a doutrina alemã tende a adaptar a Teoria da “Norma de Proteção” sempre que
constitucionalmente se consagram novas categorias de direitos fundamentais. Portanto, por influência do Direito
Constitucional produzido nos anos 70 e 80, Schmidt-Assman incorpora as novas categorias de direitos fundamentais
(como a informática, a proteção genética, o ambiente e etc.), a que VASCO PEREIRA DA SILVA chama de “terceira
geração”. Entende-se agora que o particular está investido numa posição, ou possui um status, em face do poder
público que lhe permite tutelar os novos direitos fundamentais no quadro da relação constitucional e depois no
quadro da relação administrativa.
Desde a década de 80 até aos dias de hoje que a “Norma de Proteção” tem evoluído no sentido de alargar a noção
de direito subjetivo no quadro dos Direitos Fundamentais, utilizando para isso a construção do Direito Administrativo.
25
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Em Portugal, VASCO PEREIRA DA SILVA tem feito este desenvolvimento da Teoria da “Norma de Proteção”
considerando que o “direito subjetivo pode ser atribuído mediante disposição constitucional que atribui aos
particulares a possibilidade de fruição individual de um bem jurídico coletivo”. Fala, a propósito desse assunto, nos
“direitos subjetivos públicos”, que se reconduzem a interesses difusos decorrentes da CRP, no entender da
Construção Trinitária, e que se consubstanciam como direitos de defesa que decorrem dos direitos fundamentais.
VASCO PEREIRA DA SILVA considera que, na atualidade, um “indivíduo é titular de direito subjetivo em relação à
Administração sempre que de uma norma jurídica que não vise apenas a satisfação do interesse público, mas
também a proteção dos interesses dos particulares, resulte uma situação de vantagem objetiva, concedida de
forma intencional, ou ainda quando dela resulte a concessão de um mero benefício de facto decorrente de um
direito fundamental”.
Portanto, entendemos que a noção de Direito Subjetivo é mais ampla do que a defendida pela Construção Trinitária
(referida supra) e que a maioria da doutrina portuguesa acolhe. Uma explicação para esta acolhimento massivo da
opinio iuris portuguesa pode ser a do elemento literal da própria CRP, que no art. 268º/3, 4 e 5 fala em duas categorias
de posições substantivas de vantagem. No entanto, a própria Constituição equipara-os e trata-os como situações
jurídico-materiais dos indivíduos, conforme VASCO PEREIRA DA SILVA refere, reconduzíveis a um direito subjetivo. A
diferença que os autores da Escola Trinitária veem nesses direitos subjetivos é o apurar meramente da característica
de ser uma atribuição direta da lei ou de ser uma característica dada pela maior ou menor amplitude do dever da
Administração para com o particular, desconsiderando o que VASCO PEREIRA DA SILVA afirma quando aponta as
várias categorias – sendo que tudo depende “da relação jurídico-administrativa estabelecida entre o particular e a
Administração e da interpretação das normas jurídicas aplicáveis”, que tanto podem atribuir direitos como deveres.
Em jeito de conclusão, e tendo presente a noção de direito subjetivo público, cabe perguntar quem é que esta
Teoria da “Norma de Proteção” legitima a apurar um direito (no âmbito do art. 68º CPA) que, no fundo, “é de todos”.
A primeira coisa a fazer para perceber se o particular tem legitimidade no apuramento do tal direito é verificar se a
situação em causa preenche as condições da Teoria e, em seguida, tem de se perceber qual o círculo específico de
pessoas que é protegida pelo direito. É neste último passo que se conclui em relação ao particular poder tutelar um
direito coletivo, uma vez que há essa possibilidade de tutela se houver uma afetação do direito à esfera jurídica esse
particular, que está na sua proximidade. No fundo, é o perceber se, apesar de ser um direito “de todos”, ele também
constitui um direito de cada um.
26
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Organização Administrativa
A partir dos Sujeitos Públicos, chegamos ao modo como está organizada a Administração e as
regras que a regem – diferentes sujeitos públicos e modos como estão organizados.
35
Nascem sempre de uma decisão pública e regida pelo direito público. DFA identifica 7 pessoas coletivas
públicas (art. 2º/4 CPA): Estado, institutos públicos, empresas públicas na modalidade EPE, associações
públicas, entidades administrativas independentes, autarquias locais, regiões autónomas
27
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
36
Pois a “pessoa coletiva” é uma ficção jurídica.
37
VPS: os americanos têm uma expressão – órgão é um indivíduo que está com o chapéu da pessoa
coletiva, que tem um chapéu posto - se ele tira o chapéu é um indivíduo privado, se põe o chapéu é um
órgão do poder público.
38
Põe em causa o dogma da impermeabilidade da pessoa coletiva – pode existir no Direito Privado, mas
não existe no Direito Público.
39
Cassese: distinção entre relações externas e internas perdeu sentido.
28
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
• Todos os órgãos estão subordinados à lei e não há hierarquia entre pessoas coletivas
que são realidades autónomas – ex: PM e Presidente de Câmara (única maneira de
impugnar decisão era recorrer a tribunal); Ministro da Educação e FDL (não pode dar
ordens porque quem manda na faculdade são os órgãos da faculdade); PM e Ministros
(juridicamente não pode dar ordens – pode exonerar e demitir, mas não pode dar
ordens – não há hierarquia no Governo)
• No quadro da Administração não havia relações administrativas e sim relações de poder
– alunos submetidos a uma relação especial de poder relativamente ao professor – ou
seja, não se teria de considerar princípio da legalidade nem invocar-se direitos
fundamentais.
o VPS: há diferentes realidades que resultam da lei, que resultam das diferentes
funções e há direitos e deveres que decorrem das relações jurídicas – mas
decorrem direitos e deveres recíprocos havendo legalidade e direitos
fundamentais: regras jurídicas que determinam o modo como a Administração
atua – relação Administrativa.
• À luz da atual doutrina, numa corrente italiana (Cassese e Nigro), o conceito de pessoa
coletiva pode ser dispensado e que se deve criar o conceito de “serviços públicos”,
substituindo quer a noção de órgão, quer a noção de pessoa coletiva pública.
o VPS: gosta das críticas feitas (de por em causa a relação entre os órgãos e as
pessoas coletivas) mas não gosta da conclusão e passar a falar em serviços
introduz confusão40. Adere a uma ideia germânica que o conceito de
personalidade deve ceder perante o conceito de capacidade (o que é relevante
é saber se há capacidade de gozo e de exercício e não quem tem personalidade
jurídica)
3. Serviços
Apenas aparelhos burocráticos que executam vontade dos órgãos – não têm vontade
autónoma nem manifestam uma vontade em nome da pessoa coletiva, são auxiliares na
execução das decisões (dos órgãos).
FA: células que compõem internamente as pessoas coletivas públicas – organizações
humanas criadas no seio de cada pessoa coletiva pública com o fim de desempenhas as
atribuições desta, sob a direção dos respetivos órgãos. Surgem como unidades funcionais
ou unidades de trabalho. Estrutura-se em:
Serviços Principais (desempenham atividades correspondentes às atribuições da
pessoa coletiva onde se inserem)
Serviços Burocráticos: de apoio, executivos, de controlo
Serviços Operacionais: de prestação individual, de polícia, técnicos
Serviços Auxiliares (desempenham atividades instrumentais que visam tornar
possível ou mais eficiente o funcionamento)
Conceitos da Administração
Órgão – art. 20º/1 CPA
40
Entre entidades que tomam decisões e que atuam no quadro da pessoa coletiva e os Serviços (3), que
são auxiliares destinados à execução das decisões por parte dos órgãos e que são realidades diferentes.
29
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Atribuições – fins ou interesses que a lei incumbe as pessoas coletivas públicas de prosseguir.
Fora das atribuições são atos nulos (art. 161º/2/b CPA)
Competência – conjunto de poderes funcionais que a lei confere para a prossecução das
atribuições das pessoas coletivas públicas. Fora da competência são anuláveis (art. 163º/1 CPA).
Sujeita ao princípio da legalidade (art. 36º/1 CPA) de onde decorre:
a) A competência não se presume
b) A competência é imodificável
c) A competência é irrenunciável e inalienável
d) Competência delimita-se em razão da matéria, da hierarquia, do território e do tempo.
Sabemos que se certo ente jurídico é um órgão verificando se tem determinadas
competências41.
Lei especifica as atribuições de cada pessoa coletiva e, noutro plano, a competência de cada
órgão.
➢ Atribuições e competências limitam-se mutuamente – nenhum órgão administrativo
pode prosseguir atribuições da pessoa coletiva a que pertence por meio de
competências que não são suas nem pode exercer as suas competências fora das
atribuições da pessoa coletiva em que se integra.
41
O exercício da competência administrativa (que a AP está dotada) para decidir em função do interesse
público – só pode agir quando a norma lhe permite mas age para ser decisora (poder-dever)
FPM: o que caracteriza a norma administrativa é a competência que se reconduz à prossecução dos
interesses públicos tendo ela o poder de decidir – ter o poder é ter a competência para decidir e não
só poder de agredir.
• O que caracteriza é terem competência jurídico-pública administrativa, no âmbito de um
principio da legalidade em que prossegue interesses públicos.
• Competência é o poder e o dever – nessa medida é que deve se encarar a autoridade.
• É ato administrativo porque foi praticado sob competência jurídico-pública
Definição de Direito Administrativo: o que interessa saber é se o ato é praticado numa competência
jurídico-pública para cumprir interesse comum
• A norma que permite agir (com marcha de urgência) é de Direito Público e para prosseguir o
interesse público.
• Não tem que cumprir como qualquer particular pois há norma de Direito Público que lhe dá
exceção
30
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Hierarquia:
Modelo de organização administrativa vertical, constituído por dois ou mais órgãos e agentes
com atribuições comuns, ligados por um vínculo jurídico que confere ao superior o poder de
direção e impõe ao subalterno o dever de obediência.
Poder de decisão vertical entre 2 órgãos em que num há poder de direção e o outro tem
dever de obediência; vínculo entre 2 ou mais órgãos administrativos em que superior e
subalterno atuam para a prossecução de atribuições comuns.
42
Desconcentração pode ser originária ou derivada (permite delegação de poderes a outro órgão – ex:
Secretários de Estado só podem fazer o que lhes for delegado)
31
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Aos poderes do superior vem o correlativo dos deveres do subalterno e os que dizem respeito
à relação de serviço, mais importante é dever de obediência.
➢ Noção no art. 73º/8 LGTFP.
➢ Subalterno é ser racional, moral e juridicamente responsável pelas suas decisões pelo
que a lei lhe confere competência para examinar a legalidade de todos os comandos
hierárquicos.
o O dever se obediência subsiste se a ordem for ilegal?
Orientação moderada pelo art. 271º CRP e art. 177º LGTFP - corrente
hierárquica (tem de cumprir a ordem) vs. corrente legalista (autores que
consideram valor jurídico da nulidade, nos casos mais graves, onde não se
produz efeitos e não há dever de obediência).
Tutela:
Conjunto dos poderes de intervenção de uma pessoa coletiva pública na gestão de outra
pessoa coletiva (geralmente pública), a fim de assegurar a legalidade ou o mérito da sua
atuação.
• Implica pessoa coletiva tutelar e pessoa coletiva tutelada (2 pessoas coletivas diferentes
e não como na hierarquia em que é a mesma).
• Poderes de intervenção na gestão.
• Fim de que a tutelada cumpra as leis em vigor e garantir que sejam adotadas soluções
convenientes e oportunas para a prossecução do interesse público
Finalidade de:
• Garantir a legalidade – apura legalidade das decisões
• Apurar o mérito – juízos de mérito das decisões administrativas da entidade, não se
prendem com a legalidade e apura-se a conveniência
o Art. 242º - face às autarquias locais só há tutela da legalidade, mas sobre
institutos públicos há de mérito (art. 41º LQIP).
o Associações públicas não estão protegidas por nenhuma disposição
constitucional pelo que têm ambas.
32
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Integração de poderes – sistema em que todos os interesses públicos a prosseguir pelo Estado,
ou pessoas coletivas, são postos por lei a cargo das próprias pessoas coletivas a que pertencem.
Devolução de poderes – sistema em que alguns interesses públicos do Estado, ou pessoas
coletivas, são postos por lei a cargo de pessoas coletivas públicas de fins singulares.
➢ Movimento de transferência de atribuições: do Estado para outra entidade (devolução
= transmissão ou transferência para outro ponto).
➢ Permite maior eficiência na gestão de todas as atribuições pois descongestiona a gestão
da pessoa coletiva principal, proliferando centros de decisão autónomos.
o Entidades que exercem administração indireta por via da devolução de poderes
estão sujeitas, além da tutela, à superintendência (art. 199º/d CRP)
Superintendência:
Poder conferido ao Estado, ou a outra pessoa coletiva de fins múltiplos, de definir os objetivos
e guiar a atuação das pessoas coletivas públicas de fins singulares colocadas por lei na sua
dependência.
➢ Superintendência: art. 41º Lei Quadro dos Institutos Públicos + art. 42º com a definição
Poder de definir a orientação e atividade a desenvolver pela entidade da Administração
Indireta43 – dá diretivas (define os fins e dá liberdade de meios)
Delegação de Poderes:
43
Pessoas coletivas com património próprio que em primeira linha responde pela atividade
daquela entidade em causa.
➢ Como realiza funções do Estado, se houver problema grave de subsistência dessa
entidade, o Estado pode vir a subsidia-la entrando com património público –
intervenção mais ténue do que no âmbito da Administração Central.
33
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Requisitos:
• Lei de habilitação – lei tem de prever expressamente a faculdade de um órgão delegar
poderes noutro (pois a competência é irrenunciável e inalienável, mas tal não impede a
delegação de poderes – art. 36º CPA) – art. 44º/3 e 4 CPA
• Dois órgãos ou órgão e agente da mesma pessoa coletiva pública
• Tem que ser praticado o ato de delegação
Não se confunde com: transferência legal de competências, concessão, delegação para serviços públicos,
representação, substituição, suplência, delegação de assinatura e delegação tácita
34
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Administração Indireta – composta por pessoas coletivas diferentes do Estado com autonomia
financeira, patrimonial, decisória e de gestão; fenómeno de descentralização por razões de
racionalidade e funcionalidade – prosseguem os fins do Estado/atribuições Estaduais, estando a
ele umbilicalmente ligada.
• Não há poder de direção
• Poder de Superintendência: fixa objetivos, metas
44
Embora quanto às circulares internas tenha dever de obediência mas se não cumprir, como são meras
ordens e instruções dentro da hierarquia, não são parâmetros de validade dos seus atos. Não seria
inválido mas podia originar responsabilidade.
35
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
Administração Pública sob a Forma Privada – fuga do Direito Administrativo para o Direito
Privado45.
• Não são criadas pelo Estado mas colaboram com ele no exercício da função
administrativa e têm realidades muito diferenciadas sob vários pontos de vista (capital,
gestão e etc.).
• Parecidas a empresas públicas – Estado detém parcelas de capital e age como acionista
(privado) em função das suas ações, não podendo fixar orientações genéricas nem
nomear e demitir – Empresas Participadas
o Poder de Gestão do Estado
Central Periférica(Local)
Competências estendem-se a todo Competências têm abrangência
Território nacional limitada (Repartições financeiras)
Administração Indireta
45
Maria João Estorninho e VPS admitem esta divisão na Administração Pública
36
Sebenta Administrativo (Incompleta) – DNB 2016/2017
É composta por
I.P- Desenvolve atividades indispensáveis para a administração pública, não têm fins
lucrativos (ex: Hospitais)
Fundações Públicas- está em causa determinado acervo patrimonial, não têm fins
lucrativos
37