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Contabilidade

Empresarial
Material Teórico
Operações Financeiras

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Divane Alves da Silva

Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Operações Financeiras

• Operações financeiras como necessidade


da administraçâo financeira

• Administração financeira

• Levantamento e alocação dos recursos

Nesta Unidade, você irá aprender o quão importante são as


operações financeiras para o desenvolvimento das empresas e
o [importantíssimo] papel do administrador financeiro.

É muito importante que você acompanhe atentamente o texto principal, colocando-se no lugar, de
um(a) empresário(a) que gere o seu negócio e depois como um administrador financeiro de alta
qualidade que realiza um excelente trabalho junto às finanças de uma empresa.

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Unidade: Operações Financeiras

Contextualização

Três amigas resolvem abrir uma nova empresa e aguardam ansiosamente a liberação de um
empréstimo para formar o capital da empresa. Quando então...

É... as operações financeiras iniciam antes mesmo de a empresa ser criada!

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Operações financeiras como necessidade da administraçâo financeira

Imaginemos que, assim como muitas pessoas no Brasil, Maria Adelaide (que aqui representa
uma empreendedora) é fascinada por roupas masculinas e decide abrir uma loja especializada
em roupas masculinas de luxo, em um grande centro comercial de sua cidade.
O grande problema é que, apesar de gostar muito de roupas masculinas, Maria Adelaide
não tem dinheiro. É de origem pobre, seus pais têm condições de comprar o básico, e “olhe lá”,
como se diz na expressão popular!
As amigas da Maria Adelaide, Rosana e Fabiana, também gostam de roupas. Todas decidiram
fazer cursos de moda, acompanham esse mercado, viraram o que poderíamos chamar de
“especialistas no assunto”.
Para desenvolver ainda mais suas habilidades, resolveram trabalhar como vendedoras em
uma loja já tradicional e conheceram diversos “truques” desse ramo de negócio. Sabem quem
são os consumidores, quanto estão dispostos a pagar pelos produtos e serviços, quais suas
preferências e manias.
Trabalhando como vendedoras, as amigas recebem um determinado valor por seu trabalho,
que dá para manter uma vida razoável, inclusive comprando alguns bens mais luxuosos como
um carro, roupas bonitas e um apartamento. Mas estão insatisfeitas.
A loja onde trabalham compra as roupas de um fornecedor industrial de produtos padronizados
prét a porter e que atendem aos anseios dos clientes, mas, “falta alguma coisa”.
Com o conhecimento que já formaram sobre esse ramo de negócio, sabem que se contratarem
alguns costureiros terão a possibilidade de oferecer um serviço de alfaiate expresso, ou algo
do gênero.

Glossário
Prét a porter = pronta para uso. Roupas prontas para uso, que necessitam de poucos (ou nenhum)
ajustes para serem usadas.

As amigas, com a ajuda de um consultor especializado em empreendedorismo, produzem


um plano de negócios bem feito e convincente. Com esse plano em mãos, além de muita
esperança, procuraram um banco comercial no qual foram atendidas por um gerente, que ouviu
atentamente tudo o que elas disseram.
Depois de muita conversa e uma quantidade infindável de burocracia e aborrecimentos,
recebem uma notícia que seria boa, se não trouxesse embutida uma péssima situação: o
empréstimo que haviam pedido para formar o capital social da empresa e com previsão de
pagamento em cinco anos foi liberado. O que as inquietava eram os juros: proibitivos ao extremo.
Após conversarem muito entre elas, tomaram uma decisão corajosa e quase insana: aceitaram
as condições impostas pelo banco, resolveram assinar o contrato e, com o dinheiro, abrir a tão
sonhada loja (e confecção) de roupas masculinas.

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Unidade: Operações Financeiras

Todos apontavam para as três como verdadeiras loucas, que perderam a razão. Elas ouviram
centenas de vezes as seguintes perguntas, ou variações dessas:

– Não escutam o que dizem os economistas e jornalistas? Vocês estão pagando os juros
mais altos do mundo, enlouqueceram? Esperem mais alguns meses, provavelmente a crise
financeira internacional vai passar e os juros vão baixar.
Elas não “deram ouvidos” a esses comentários, mas tinham consciência do risco que estavam
correndo. Tinham enorme confiança no plano de negócios que haviam montado (que gastaram
tanto tempo para produzir) e no talento que desenvolveram.
Montaram a estrutura da empresa e uma luxuosa loja, que despertou ainda mais a indignação
de sua família e amigos. Os comentários que ouviam eram algo em torno de:

– Elas enlouqueceram, estão “torrando” dinheiro com bobagens. Colocaram papel de


parede caríssimo, móveis estilo vintage, forrados com veludo vermelho...

– Não dou nem dois meses para o juiz fechar a loja por falência!
De fato, os sussurros das pessoas que conheciam as três amigas, agora sócias, tinham sua
razão de ser. Da forma como as coisas estavam se desenrolando, praticamente tudo o que
ganhariam com a venda das roupas seria canalizado para o pagamento dos juros do empréstimo.
Em alguns meses, a empresa não teria condições de gerar lucro suficiente para sequer as três
sócias fazerem supermercado e, no primeiro ano de operação, estava previsto que não teriam
lucro nenhum; apesar de trabalharem muito, não teriam um centavo sequer de remuneração
por esse trabalho. Teriam de recorrer a suas economias pessoais.
Os fornecedores, não “tem dó” e ao menor sinal de dificuldades no pagamento das despesas
e matérias primas cessariam de fornecer. A mesma coisa os empregados, o que seria muito
prejudicial para a empresa.
No primeiro mês de operação, as sócias enfrentaram as dificuldades e conseguiram pagar a
parcela 1/100 do empréstimo.
No segundo mês de operação, as sócias tiveram um pouco mais de dificuldades, porque o
volume de vendas não foi o esperado. Mas conseguiram pagar a parcela 2/100 do empréstimo.
No terceiro mês de operação, as sócias começaram a ficar seriamente preocupadas, porque
fizeram pouquíssimas vendas, muito aquém do que haviam planejado, mas, mesmo com muitas
dificuldades, conseguiram pagar a parcela 3/100 do empréstimo.
Nesse momento, as sócias começaram a se incomodar seriamente com os comentários e
sussurros dos amigos. Não cansavam de ouvir comentários incorretos e sem fundamento algum,
como algo em torno de:

– Não dou nem mais um mês para elas fecharem as portas. Não deu certo, olha só: ninguém
vai comprar roupa na lojinha delas.

– Não sei onde elas estavam com a cabeça, pouquíssimos homens gastam dinheiro com
roupas elegantes e, quando compram essas roupas, elas duram vinte anos. Deveriam ter
aberto uma loja de roupas para crianças, que é algo que todo mundo precisa.

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Observação
As estatísticas de institutos que estudam o empreendedorismo, como o IBGE
e o Sebrae Nacional, indicam que é muito alta a porcentagem de micro e
pequenas empresas que são abertas no Brasil e que são fechadas ainda no
seu primeiro ano de operação.

A partir do oitavo mês, as três sócias começaram a se sentir mais confiantes no plano de
negócios que planejaram. Os clientes começaram a aparecer, muitos deles eram os mesmos que
atendiam na loja em que trabalhavam como vendedoras e que voltaram para comprar mais
produtos, ao menos uma vez.
E também muitos clientes novos, que moravam em bairros mais distantes do centro
comercial em que se instalaram, começaram a frequentar a loja. Com isso, conseguiram pagar
a parcela 8/100.
Logo vieram as festividades de Natal e Ano Novo e as sócias, que costumavam viajar juntas
para a praia, este ano não tinham dinheiro para isso e resolveram passar o Réveillon em suas
casas, junto à família. E nem precisa dizer que os sussurros e comentários irritantes não poderiam
ser outros:

– Ué, não vão passar o Réveillon em Milão ou Paris este ano?


A partir do segundo ano, a loja entrou em um ritmo de rotina. A preocupação já não era
exatamente pagar o empréstimo, ao invés disso, muitos outros problemas começaram a surgir.
Um empresário, famoso artista da televisão, montou uma loja nos mesmos moldes em outro
centro comercial e começou a “roubar” alguns clientes.
Algumas lojas de estilistas internacionais famosos abriram as portas na cidade. Os impostos
aumentaram, o preço do tecido e os salários também. No pagamento da parcela 25/100, a
empresa ficou sem caixa e foi necessário recorrer novamente um empréstimo ao banco, agora
para o chamado “capital de giro”.
Foi necessário, ao longo do tempo, comprar novas máquinas que não estavam previstas
no plano de negócios, mas que iriam diminuir os custos, segundo os vendedores. Mas não
diminuíram os custos.
As sócias conseguiram a façanha de pagar a parcela 60/100 com cinco dias de antecedência.
Jamais atrasaram o pagamento de uma parcela sequer. As outras pessoas, no entanto, não
compartilhavam da felicidade delas. Ouviam-se sussurros:

– Dinheiro que é bom... nada! Nem para lavar o carro...


As sócias, totalmente acostumadas com a rotina, começaram a lançar algumas novidades
para atrair e fixar os clientes, superando os concorrentes. Montaram promoções, participaram
de desfiles de moda organizados pelo centro comercial e “tocaram a vida”, e todos os meses
pagavam a parcela do empréstimo com cinco dias de antecedência.

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Unidade: Operações Financeiras

Em um dia muito chuvoso, que aumentava as vendas (apesar de muita gente achar que
ocorreria ao contrário), uma jornalista de uma conceituada revista de moda ligou para as sócias
e pediu para fazer uma entrevista. Alguns meses depois, a matéria foi publicada e o texto deixou
todas muito contentes.
A jornalista elogiou sem nenhuma restrição o trabalho e a confecção das sócias e as chamou
de “poderosas empresárias”. A matéria imediatamente atraiu ainda mais clientes e a marca da
empresa subiu de valor no mercado. Alguns outros empresários as procuraram para representar
a marca em outras cidades.
Em conversa com o Sr. Rafael, o contador da empresa, as sócias riram de todos os elogios e
disseram que eram exagerados. Exclamaram:

– Disseram que somos poderosas, mal eles sabem que tudo o que temos é na verdade do
banco. Não precisava exagerar!
O Sr. Rafael, então, esclareceu para as sócias que elas estavam erradas e a jornalista estava
correta. O patrimônio delas não é do banco, elas já pagaram todas as 100 parcelas do empréstimo!
O Patrimônio é delas mesmo. E que patrimônio! O Sr. Rafael disse:

– Parabéns! Vocês estão ricas!


Não é curioso ver que, no começo do empreendimento, as sócias tinham pouco dinheiro e
após cinco anos se tornam “ricas”? Como exatamente ocorreu essa “mágica”?
Observe o gráfico a seguir.
Figura - Evolução do capital das sócias do caso da loja de roupas masculinas.

Não há nenhuma mágica neste caso fictício! Essa é uma situação que realmente ocorre na
Economia e muitos empresários passaram por esse mesmo esforço que as sócias da loja de
roupas masculinas para conseguir tornar realidade as suas ideias.
O fato é que ao longo das páginas anteriores comentei apenas parte das ações que ocorreram
(ou ocorrem) em cinco anos, de uma empresa ainda inexistente a uma empresa consolidada no
mercado. Por isso, a impressão de que “é uma mágica” (em um momento as personagens não
tinham dinheiro e em outro momento eram pessoas possuidoras de capital!)

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Ao longo do período de cinco anos, as sócias conseguiram equilibrar duas grandes ações
na empresa: a primeira foi operacional. Elas conseguiram atrair clientes com os serviços que
prestavam e conseguiram transformar matérias primas, recursos naturais e demais fatores de
produção que estavam à sua disposição. Esse aspecto não é o que iremos estudar neste momento.
A outra grande ação foi a financeira. Elas conseguiram equilibrar o fluxo de caixa
adequadamente, o que permitiu à empresa atuar no mercado sem maiores sobressaltos. É esse
aspecto que iremos estudar nas próximas páginas.
Em ambas essas ações, houve muito esforço, muito trabalho e renúncias, situação inquietante
que somente foi tolerada porque as sócias tinham gosto e paixão pela sua proposta.

Observações
Embora, na prática, a ação operacional e a ação financeira nem sempre
tenham como ser separadas, pelo menos de forma “cirúrgica”, uma está
sempre ligada à outra; os especialistas dizem que é possível uma empresa ter
ótimos resultados operacionais e ter insucesso financeiro. Ou ao contrário!

Administração financeira
A administração financeira tem como função, segundo Cordeiro da Silva (2011, p. 5-12),
“gerenciar os recursos financeiros para obter lucros e, dessa forma, maximizar a riqueza dos
acionistas”. Esse mesmo autor, ao definir o objetivo da administração financeira, completa que
“existem vários enfoques da administração financeira”, destacando os seguintes:
··Risco;
··Liquidez;
··Endividamento;
··Fusões;
··Aquisições;
··Mercados financeiro e de capital;
··Mercados futuros e de opções;
··Eficácia operacional;
··Alavancagem;
··Valor justo;
··E outros.

O objetivo da administração financeira, é “maximizar o valor de mercado do capital dos


proprietários”. Cordeiro da Silva (2011, p. 5-12) argumenta que esse objetivo “deve estar em
sintonia com o desejo mais cobiçado pelo acionista, ou seja, a remuneração de seu capital, sob
a forma de distribuição de dividendos e/ou lucros”.
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Unidade: Operações Financeiras

Importante
O administrador financeiro tanto pode ser um(a) profissional contratado(a) pela empresa para exercer
essa função, uma pessoa que teve uma formação universitária e/ou técnica voltada para essa área
ou outro profissional de qualquer área que assuma essa tarefa. Normalmente, nas pequenas e micro
empresas, essa função é suprida pelo próprio sócio e/ou proprietário.

Assim, retornando ao nosso caso das amigas que abriram uma loja de roupas masculinas,
todo o trabalho de administração financeira estava voltado a maximizar o dinheiro das sócias.
Esse dinheiro foi disponibilizado por um banco, que exigiu que o montante fosse devolvido em
100 parcelas acrescidas dos juros.
Apesar da sensação de que estariam “trabalhando para o banco”, na verdade, estavam
trabalhando para fortalecer a empresa e formar condições que fossem rentáveis não apenas
para gerar recursos para pagar as dívidas, mas para remunerar o capital investido.
Dessa forma, o que vemos nessa operação é o dinheiro sendo usado como se fosse uma
mercadoria, um estoque que é disponibilizado para a empresa com a condição de que essa
empresa gere ainda mais dinheiro. Uma parte desse dinheiro é pago como um “aluguel” , que
são os juros.
Por outro lado, o banco também corre riscos ao emprestar ou financiar um determinado
montante de dinheiro a um agente da economia. Existe sempre o risco desse agente, ao
contrário das sócias do caso da loja de roupas masculinas, não retornar ao banco o montante e
os juros. Por isso os bancos têm muito cuidado para escolher a quem vão emprestar os recursos
financeiros e costumam analisar se o tomador do empréstimo realmente tem condições de
manusear o dinheiro.
Se esse tomador do empréstimo obtiver bons resultados, estará ocorrendo o que se denomina
de função de intermediação bancária, na qual os agentes financeiros atuam como alavancadores
da economia, gerando desenvolvimento social.
No entanto, essa função social nem sempre é admitida dessa forma. No passado, por volta
do período do Renascimento, a Religião Católica condenava a ação bancária irresponsável, ou
o que chamava de usura.

Você Sabia ?
A usura era (é) a cobrança abusiva e irresponsável de juros, o que levava à prática da
violência e da exploração do trabalho humano, mais identificada com o que hoje chamamos
de “agiotagem”, (considerada crime, de acordo com o Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro
de 1940). Código Penal. Art. 160 – “Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da
situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
contra terceiro”.

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Atualmente, a Igreja Católica e a maioria das religiões ocidentais costumam aceitar a atividade
bancária responsável como sadias e promotoras de desenvolvimento.
Já a religião muçulmana, de acordo com a Sharia, a Lei Islâmica, proíbe o que denominam
“riba”, a cobrança de juros. Assim, nos preceitos e pilares dessa religião, “riba” ocorre se uma
pessoa está se aproveitando, ganhando dinheiro com o esforço dos outros, sem participar desse
esforço. Ou ganhar dinheiro sobre o dinheiro. Por isso, durante muitos séculos a atividade
bancária islâmica era praticamente inexistente. Somente nos últimos anos é que se desenvolveu
um curioso e engenhoso sistema de finanças islâmicas, que permitiu a criação de bancos que
não cobram juros, exigem as chamadas “mais valias”, ou seja, participações nos lucros auferidos
nas operações, entre outras ações.

Sobre Finanças Islâmicas, leia o artigo de Ahmed Sameer El Katib e Sérgio de


Iudícibus, disponível em: http://congressousp.fipecafi.org/web/artigos142014/243.pdf

Independente de como se considere a atividade bancária, se benéfica e saudável ou algo


negativo e que deve ser evitado, o administrador financeiro deve atuar de forma a equilibrar os
recursos financeiros da empresa. Os instrumentos que os administradores usam para essa tarefa
é o “Fluxo de Caixa”, os orçamentos da empresa.
Uma visão simplificada do Fluxo de Caixa diário de uma empresa é o que podemos ver na
figura a seguir.
Fluxo de Caixa da Empresa
Figura: Fluxo de caixa simplificado

Saldo no Início do dia: 0,00

Entradas de recursos financeiros: 120.000,00

Saídas de recursos financeiros: 120.000,00

Saldo no final do dia: 0,00

Explore
Este assunto também é tratado em Matemática Financeira. Recomenda-se que você consulte um
livro de Matemática Financeira e veja como o “Fluxo de caixa” é tratado e demonstrado.

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Unidade: Operações Financeiras

Ou seja, se do valor que entrou de recursos no dia houver sobras, o administrador financeiro
deve aplicar esses recursos, por exemplo, em um produto financeiro, como uma poupança ou
um CDB para que os recursos gerem recursos financeiros para a empresa.
Se a empresa tiver mais saídas no dia do que entradas, o administrador financeiro deve
buscar fontes de recursos financeiros para suprir essa necessidade.
Cordeiro da Silva (2011, p. 5-12) nos ensina que, dentro dos objetivos do administrador
financeiro, as funções financeiras devem ser de curto prazo e de longo prazo.
As funções de curto prazo, para esse autor, incluem “a administração do caixa, do crédito,
das contas a receber e a pagar, dos estoques e dos financiamentos de curto prazo”.
Cordeiro da Silva (2011, p. 5) comenta que a função de curto prazo aborda:

Diálogo com o Autor

A companhia precisa dispor de recursos para atender os compromissos assumidos com empregados,
fornecedores, tributos e outras obrigações. Os recebimentos das vendas e/ou prestação de serviços
aos clientes necessitam acontecer simultaneamente ao vencimento dos compromissos. Podem existir
prazos diferentes de recebimentos e pagamentos, aí, nesse momento, a empresa precisa captar
recursos no mercado financeiro, mediante empréstimos ou resgatar aplicação de recursos excedentes.
A administração de curto prazo é também conhecida como administração do capital circulante.

Praticamente, todas as empresas, em maior ou menor grau, acabam por se envolver em


operações financeiras como as descritas acima por Cordeiro da Silva (2011, p. 5) como
operações de rotina, inerentes à operação da empresa, sendo que, no estudo da Contabilidade
Empresarial, abordamos as principais operações financeiras.
Por exemplo, há empresas que preferem recorrer aos serviços bancários e tomar empréstimos
para suprir necessidades de caixa, e conceder vendas a prazo para seus clientes, com prazo mais
estendido para pagar.
Por outro lado, há as empresas que preferem não conceder vendas a prazo para seus
clientes, mas oferecer bons preços e descontos, para formar saldo de caixa, sem depender da
intermediação bancária.
Isso depende de decisões do administrador financeiro.
Cordeiro da Silva (2011, p. 5-12) nos ensina que as funções financeiras de longo prazo
“incluem as decisões financeiras estratégicas, como, por exemplo, orçamento de capital, estrutura
de capital, relacionamento com investidores etc.”.

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Esse autor complementa, dizendo que:

Diálogo com o Autor

No longo prazo, as decisões financeiras requerem a captação de recursos para projetos e investimentos
e a definição de critérios a serem adotados para escolher investimentos alternativos.

A tradição brasileira é a de que os bancos particulares atuem com mais intensidade no curto
prazo, e não no longo prazo. Operações em longo prazo (embora exista um esforço do Ministério
da Economia para mudar esse quadro) são basicamente realizadas por órgãos de fomento como
o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e outros órgãos como o
Banco do Nordeste, o Banco da Amazônia entre outros.

Levantamento e alocação dos recursos

Tanto em curto prazo, como em longo prazo, o administrador financeiro tem a função de buscar
fontes de recursos que sejam as mais vantajosas disponíveis no momento em que as operações
são realizadas. Cordeiro da Silva (2011, p. 5-6) cita a seguinte classificação de recursos:

Diálogo com o Autor

·· Recursos próprios (capital integralizado, reservas e lucros retidos);


·· Recursos de terceiros (compromissos assumidos e dívidas contratadas);
·· Recursos permanentes (recursos próprios e dívidas em longo prazo);
·· Recursos temporários (compromissos e dívidas em curto prazo);
·· Recursos onerosos (causam despesas financeiras), como empréstimos e financiamentos.

As dificuldades e oportunidades geradas pela administração financeira acabam gerando


os segmentos de decisões financeiras, que são três áreas às quais os administradores
financeiros devem se ater em seu trabalho.

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Unidade: Operações Financeiras

Cordeiro da Silva (2011, p. 12) lista essas três áreas da seguinte forma:

Diálogo com o Autor

·· Decisões de investimento: as instituições, em geral, desenvolvem novos projetos e tomam


decisão sobre sua implantação, o que equivale dizer que grandes quantias precisam ser injetadas
no empreendimento. Investimentos em novos ativos exercem longos efeitos sobre a vida de uma
companhia e uma decisão inadequada pode comprometer o seu futuro;
·· Decisões de financiamentos: objetivam criar uma estrutura financeira mais adequada às
operações da companhia e aos novos projetos a serem implantados, no que se refere à captação
de recursos próprios ou por meio de terceiros (onerosa);
·· Destino dos lucros: uma companhia de sucesso sempre terá planos de investimentos que
requerem injeção de recursos adicionais; para isso acontecer, é necessário reter parte dos lucros e
o restante pode ser captado por outras fontes; no entanto, essa posição vai depender do número
de acionistas, do consenso da posição do acionista majoritário e outros aspectos que devem ser
analisados, inclusive política de dividendos.

Assim, voltando ao nosso caso das três sócias da loja de moda masculina, ao longo dos
primeiros anos de operação da empresa, elas próprias, atuando como administradoras
financeiras e com a ajuda de profissionais competentes, aliado a uma boa ideia comercial e sua
atuação, “acordaram” em um dia donas de um negócio promissor ou, como o contador Rafael
bem disse, estavam “ricas”.

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Material Complementar

Como complemento ao conteúdo estudado na Unidade 1, temos um interessante artigo de Souza


(2010), que estudou a rara produção científica envolvendo Pequenas e Médias Empresas.
Lembre-se que foi justamente uma dessas empresas que usamos como um caso exemplificativo.

ESTUDOS SOBRE ENDIVIDAMENTO NA PEQUENA EMPRESA


Pesquisa bibliométrica nos Eventos EnANPAD de 2005 a 2009
AUTOR
RENALDO ANTÔNIO SOUZA
Faculdade Novos Horizontes
renaldo.souza@mestrado.unihorizontes.br
RESUMO
Micro e pequenas empresas desempenham um papel muito importante na economia de brasileira,
pois geram empregos, distribuem renda e podem ser consideradas fator gerador de estabilidade
social. A grande maioria dos estudos sobre finanças contemplam, e se preocupam mais com a
grande empresa, deixando de lado a micro e pequena empresa, que tem uma realidade bem
diferente. Deixando de levar em conta, no caso do financiamento de suas atividades, características
bem próprias da micro e pequena empresa. O objetivo desta pesquisa foi verificar a incidência de
estudo da academia na área da gestão sobre o tema endividamento na micro e pequena empresa.
Metodologicamente, tratou-se de estudo bibliométrico atendendo a lei de Zipf que conforme De
Muylder et al. (2008) visa encontrar a frequência de determinados termos em um artigo científico.
Foram pesquisados todos os 4.506 artigos publicados no evento anual nacional da ANPAD –
EnANPAD realizados de 2005 a 2009. Dentre todos os artigos aceitos e publicados nos anais foram
encontrados, 286 artigos com o termo endividamento e apenas 8 destes relacionaram o termo
pequena empresa. Ressaltou-se, portanto a necessidade de instigar novos estudos relacionando os
dois termos na academia frente a necessidade de desenvolver as micro e pequenas empresas.
Artigo completo disponível em: http://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/resultado/trabalhosPDF/686.pdf

Importante
Olha aí uma excelente ideia para um trabalho de iniciação científica, tem pouca coisa sobre finanças
de pequenas e médias empresas! Pense nisso!

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Unidade: Operações Financeiras

Referências

BRASIL. Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal Brasileiro. Art. 160.

CORDEIRO DA SILVA, Edson. Como Administrar o Fluxo de Caixa das Empresas: Guia
de sobrevivência empresarial. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2011.

IUDÍCIBUS, Sergio de. et al. Contabilidade Introdutória. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: Contabilidade Empresarial. 7.ed.


São Paulo: Atlas, 2012.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12.ed. São Paulo: Pearson


Education Brasil, 2010. (e-book)

ARAÚJO, I. P. S. Introdução à contabilidade. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. (e-book)

GRIFFIN, M. P. Contabilidade e finanças. São Paulo: Saraiva, 2012. (Série Fundamentos).


(e-book)

GUERRA, L. Contabilidade descomplicada. São Paulo: Saraiva, 2010. (e-book)

MÜLLER, A. N. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo: Pearson


Education, 2012.

REIS, A. Demonstrações contábeis. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. (e-book)

18
Anotações

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