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A FLAUTA MÁGICA
Adaptação do libreto por Vanessa Dantas
1
PERSONAGENS
MOZART – Gênio
Outros
GUARDIÕES
SACERDOTES
SEGUIDORES DE ZARASTRO
ANIMAIS DIVERSOS
2
ATO I
CENA I
TAMINO desmaia.
De modo fantástico surgem três DAMAS, cobertas por véus,
cada qual trazendo uma lança de prata.
Triunfo! Triunfo!
O monstro mau não vai mais perturbar!
3
DAMA 3 (para a DAMA 1) – Por que você não vai?
DAMA 2 – Eu cuido!
DAMA 3 – Eu cuido!
4
DAMA 1 – Se ele fosse todo meu...
As DAMAS desaparecem.
TAMINO acorda e vê a monstruosa serpente imóvel no chão.
Monólogo
TAMINO – Que lugar é este?... Eu ainda sou eu ou apenas sonho que estou vivo? É a minha imaginação ou
o monstro foi ferido? Não! Está morto! Mas quem foi que me salvou deste monstro?
TAMINO se esconde.
5
Nr. 2 Ária de PAPAGUENO
PAPAGUENO entra durante a introdução de sua ária.
Ele carrega uma enorme gaiola nas costas. Em suas mãos há uma flauta de pan.
Diversos pássaros o rodeiam. Durante a ária ele vai atraindo os pássaros para dentro da gaiola.
Diálogo
PAPAGUENO (irritado) – Passarinho? Você disse passarinho? Eu não sou um passarinho! Sou gente que
nem você! Gentíssima, fique sabendo! E se agora eu perguntasse quem é você?
TAMINO (acha graça) – Meu nome é Tamino. O meu pai é um rei. Governa muitas terras e homens para
além deste lugar. Por isso todos me chamam de príncipe.
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PAPAGUENO – Existem terras para além deste lugar? E homens também?
PAPAGUENO – Eu sou um caçador de pássaros. No momento capturo aves das mais diferentes espécies
para a Rainha da Noite. Em troca as damas dela me dão de comer e beber.
PAPAGUENO – Só mesmo um estrangeiro faria uma pergunta estúpida com essa. Ver a Rainha da Noite!
Onde já se viu? Que mortal poderia se gabar de já tê-la visto? Que olhar humano conseguiria enxergar
através do seu negro e misterioso véu? E eu vou logo avisando! Se você vier com mais uma pergunta tola,
eu juro tão certo quanto o meu nome é Papagueno, que eu o prendo na minha gaiola para vendê-lo como ave
de espécie rara às damas da Rainha. E se elas vão fritar ou assar você, isso não será problema meu. O que é
que você está olhando? (aparte) Estou começando a ficar com medo desse olhar... (Para TAMINO) Nunca
viu, não? O que é que foi?
TAMINO – É porque essas penas que o cobrem fazem com que você pareça...
PAPAGUENO – Ai! Faça isso novamente e irá despertar a minha fúria! Sou capaz de acertar quem quer que
seja com a força de um gigante!
PAPAGUENO – (aparte) Se ele não ficar logo com medo de mim eu juro que saio correndo!
PAPAGUENO (histérico salta para o colo de TAMINO) – Ela está viva ou morta?!?!
TAMINO – Eu já entendi. Você me salvou e por modéstia não está querendo confessar. Mas devo dizer que
serei eternamente grato pela tua coragem!
TAMINO – Por curiosidade, amigo... Como você conseguiu acertar esse monstro? Você não tem armas!
PAPAGUENO (desce do colo de TAMINO) – E eu lá preciso? A força que tenho vale mais que todas as
armas. O fato é que a serpentinha, coitada - distraída, é claro - deixou o próprio pescoço vir parar em minhas
mãos. E então me deu vontade de dar uma apertadinha. Para ser mais claro, eu a estrangulei! (Aparte) Nunca
fui tão forte como hoje!
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DAMAS EM OFF (enfurecidas com a mentira de PAPAGUENO) – Papagueno!
PAPAGUENO – Ah, são feias!... Se fossem bonitas não andariam escondidas embaixo daqueles véus.
PAPAGUENO (fala baixo para TAMINO) – Acho que sinto certo tom de ameaça em suas vozes... (Fala
propositalmente alto) É como eu estava dizendo, amigo! As damas da Rainha? São lindas! Lindas, não!
Lindíssimas! E além do mais são gentis, queridas! (Fala baixo para TAMINO) Pronto! Logo ficam
boazinhas.
DAMA 3 – Não pode ser... Ele tem a força de um gigante para se defender.
PAPAGUENO (sem graça) – Estão irritadas comigo porque que estou atrasado com a entrega dos pássaros?
DAMA 1 – Não.
DAMA 2 – Nossa Rainha manda para você, em lugar de vinho, apenas água.
PAPAGUENO – Água?
DAMA 1 – E ordenou-me que lhe entregasse ao invés de pão, esta suculenta pedra!
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PAPAGUENO – Ai!
DAMA 1 – Mas não há motivos para temer. Com boas vindas a Rainha da Noite lhe envia o retrato de sua
filha. Se esse rosto lhe for caro, esperam-te a felicidade,
DAMA 2 – a honra...
DAMA 3 – e a glória!
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Nr. 3 Ária de TAMINO
TAMINO – A imagem que eu vejo aqui
É a mais bonita que eu já vi!
Pintura... Divina!
O amor me diz
Que junto a ti eu serei feliz!
Diria...
Não, eu a abraçaria!
E com ela em meu peito
Eu pediria para que fosse eternamente minha!
Diálogo
DAMA 3– Disse-nos: “Se este jovem tiver coragem e perseverança tanto quanto tem de ternura, então é
certo que ele é o predestinado a salvar minha filha Pamina!
DAMA 2 – Um bruxo!
DAMA 3 – Traiçoeiro!
DAMAS 1, 2, 3 – Zarastro!
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DAMA 1 – Mas cuidado, Tamino!
DAMA 2 – O terrível bruxo traz consigo um medalhão, o poderoso Círculo Solar das Sete Auréolas.
DAMA 1 – Sem o poder do Círculo Solar os atos de crueldade de Zarastro terão fim!
TAMINO – Salvarei a princesa Pamina das mãos desse monstro! Juro pelo meu amor!
DAMA 1 – Prepare-se...
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De nada adiantou ela clamar:
- Oh, mãe! Oh, mãe!
Pois eu não a salvei...
Mas eu tentei! Como tentei!
Foi tudo em vão!
Tudo em vão,
Eu falhei...
Tu, tu, tu,
Pamina tu vais libertar!
Tu serás o seu salvador!
Sim!
Tu serás o seu salvador!
Vá, liberte o seu amor!
Monólogo
TAMINO – É mesmo verdade tudo que acaba de acontecer? O retrato em minhas mãos me faz crer que sim.
Oh, deuses! Iluminem meu caminho para que eu possa encontrar Pamina!
Nr 5 Quinteto
(PAPAGUENO, TAMINO, DAMAS)
PAPAGUENO (através de gestos pede para que TAMINO o ajude a se livrar do cadeado) –
Hum, hum, hum, hum,
Hum, hum, hum, hum...
PAPAGUENO (bravo, faz gestos que expliquem que não é passarinho) – Hum, hum, hum, hum,
Hum, hum, hum, hum...
PAPAGUENO (faz gesto que explique que não sabe escrever) – Hum, hum, hum, hum...
PAPAGUENO (com novo gesto explica que quer ajuda para se livrar do cadeado) –
Hum, hum, hum, hum...
PAPAGUENO (faz gesto que explique que então irá cortar relações) – Hum, hum, hum, hum...
Entram as DAMAS.
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O mau em bom
Com o seu som.
Desilusão?
De novo é paixão!
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TAMINO – Oh, damas,
Podem nos dizer...
As DAMAS fazem reverência ao alegre gênio MOZART, que surge pelos ares dentro de um balão.
Ele vem acompanhado de duas CORUJAS, que estão empoleiradas no veículo aéreo.
CENA II
Diálogo
ESCRAVOS 1, 2, 3 – De Zarastro!
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ESCRAVO 4 – Mas por quê?
ESCRAVO 1 – Monóstatos estava escondido pelos jardins de Zarastro espreitando Pamina, que triste e
sozinha colhia flores silvestres. De repente ele deu um bote na moça e a prendeu em seus braços! Tudo ia
bem para ele, que vinha para cá trazendo Pamina consigo a força. Aí se deu o erro. No meio do caminho, o
Mouro a soltou e achando-se galã, começou a se declarar para ela.
ESCRAVO 1 – Quando ele já se julgava o próprio noivo daquela que ele cobiçava, a moça o enganou:
ESCRAVO 1 – E enquanto Monóstatos fazia xixi nas calças pensando ser Zarastro, a moça, esperta como
ela só fugiu pelo rio, em uma canoa. Dizem que remava velozmente em direção aos domínios da Rainha da
Noite. É muito apegada a mãe.
ESCRAVO 1 – E mesmo que Zarastro tome Pamina novamente da Rainha da Noite, o mouro não terá
salvação!
Os ESCRAVOS trocam olhares cúmplices.
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PAMINA (em off) – Me largue, bruto!
ESCRAVO 2 – Oh, deuses! Por essa ninguém esperava! Monóstatos conseguiu resgatar Pamina!
ESCRAVO 3 – Reparem como o diabo vem trazendo a coitada arrastada, agarrado a suas mãos delicadas...
OS ESCRAVOS mais do que depressa encontram uma chave e abrem uma grande gaiola de ouro.
Nr.6 Trio
(MONÓSTATOS, PAMINA E PAPAGUENO)
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MONÓSTATOS ouve o pulso de PAMINA através das grades.
Não há ninguém,
Então eu entrarei!
Ser for Pamina,
Tão fácil a encontrei!
Pelas grades da gaiola MONÓSTATOS e PAPAGUENO dão de cara um com o outro e se assustam.
PAPAGUENO – Perdoe-me!
MONÓSTATOS – Perdoe-me!
PAPAGUENO – Bu!
MONÓSTATOS – Bu!
PAPAGUENO – Bu!
MONÓSTATOS – Bu!
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Ficam cara a cara novamente e se assustam um com o outro.
MONÓSTATOS sai correndo. PAPAGUENO se recupera do susto e tenta abrir a gaiola.
PAMINA acorda.
Diálogo
PAPAGUENO – Papagueno.
PAMINA – Então você diz a verdade. Já ouvi minha mãe falar de você. Obrigada, deuses! Obrigada!
PAPAGUENO – Mas agora sou eu que preciso ter certeza que você é mesmo Pamina. Tenho aqui um
retrato da filha da rainha. Vou verificar! Fique sabendo que não sou fácil de enrolar. Sou muito esperto.
Vamos lá: (Observa o retrato) Dois olhos. (Observa PAMINA) Sim, dois olhos! (Observa o retrato) Um
nariz. (Observa PAMINA) Está aqui o nariz! (Observa o retrato) Uma boca. (Observa PAMINA) Temos aqui
uma boca. (Observa o retrato. Depois observa PAMINA) Espere aí... (Volta a observar o retrato) Hum...
Tudo bem... Vou deixar passar essa discordância aqui...
PAMINA – Qual?
PAPAGUENO (mostra o retrato a PAMINA) – Pelo retrato você não deveria ter mãos e nem pés.
PAPAGUENO – De um modo muito corajoso! Eu o capturei de uma feroz serpente! (Olha para a platéia,
sorri amarelo) Brincadeirinha!... Eu peguei emprestado de Tamino.
PAPAGUENO – É um príncipe estrangeiro. Ele agradou tanto a tua mãe que recebeu dela esse teu retrato
com a missão de te salvar! Ao ver a tua imagem Tamino foi arrebatado por um amor incontrolável.
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PAPAGUENO – Ah, eu só estou acompanhando Tamino. Quer dizer, estava. Eu me perdi e acabei parando
neste lugar. Mas o príncipe não tarda a te encontrar. Tem como guia ninguém menos que o gênio Mozart!
PAMINA – Então antecipemos nosso encontro. Não podemos continuar aqui. A propósito, muito obrigada
por me libertar. Você tem um bom coração.
PAPAGENO – E de que adianta ter um bom coração se eu não encontro uma companheira?
PAMINA – Os deuses hão de te recompensar com uma passarinha! Vamos, não podemos mais ficar. (Sai)
PAPAGUENO – Passarinha? Ei, eu não sou passarinho! Penso que o príncipe e essa daí foram feitos um
para o outro! Só eles acham que eu sou um passarinho... (Sai)
CENA III
Nr 7 Quinteto
(TAMINO, CORUJAS, MOZART)
Diálogo
TAMINO (lê a inscrição no portal do Templo) – “Templo da Sabedoria”. A beleza deste lugar indica que o
saber, o trabalho e as artes reinam por aqui. Sendo assim, não sobra espaço para a maldade. Ah, Zarastro não
perde por esperar!
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TAMINO tenta entrar no Templo.
ORADOR – Não os encontrará enquanto teu coração pulsar por ódio e vingança.
ORADOR – Mas não há nenhum bruxo entre nós. Muito menos cruel.
TAMINO – Pois eu lhe digo que há! Zarastro não vive aqui?
TAMINO – Pois então eu lhe peço, senhor. Leve-me ao seu governante! Zarastro é um homem mau e
precisa ser punido!
TAMINO – O que? Não pode ser... Então nesse Templo impera a hipocrisia! Como pode um tirano governar
o Templo da Sabedoria?
ORADOR – Jovem, eu posso lhe afirmar que Zarastro não é um tirano. Ele é um homem sábio, bom e
sagrado.
TAMINO – Não é o que diz uma mãe infeliz que chora por sua filha! O que foi que ele fez com Pamina?
Diga! Ela está viva?
TAMINO – Então o senhor confessa que o bruxo arrebatou a princesa dos braços da Rainha da Noite?
ORADOR – Isso realmente aconteceu. Mas não tire conclusões precipitadas. Tal mulher o enganou com
suas lágrimas! O envenenou com cada palavra! Se Zarastro estivesse aqui para lhe contar os motivos que o
levaram a cometer esse ato, você lhe daria razão.
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TAMINO – Explique melhor este enigma!
ORADOR – Tudo tem a sua hora. A verdade nunca tarda a aparecer. Em breve você verá!
TAMINO – Senhor!? Desapareceu! Oh, deuses, eu devo acreditar na Rainha! As palavras e o sofrimento
dela me pareceram verdadeiros! Mas aquele homem... Ele não parecia estar mentindo... Vilão ou vilã? O que
temos nessa história? Oh, noite interminável quando irás clarear? Por hora, não posso esperar aqui parado.
Tenho que encontrar Pamina! Será que a flauta pode trazê-la para mim?
Nr 8 Ária de TAMINO
Inicia-se aqui, muito lentamente, o início do amanhecer. TAMINO toca a flauta mágica.
As flores do bosque desabrocham.
TAMINO toca a flauta mágica. De repente surgem as feras do bosque, mansas e felizes.
TAMINO – Pamina!?
Ouça-me!
Ouça-me!
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TAMINO – Acabo de ouvir Papagueno!
PAPAGUENO toca a flauta de pan. De outro lugar TAMINO responde com a flauta mágica.
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PAPAGUENO – Eu já sei! Eu já sei!
A saída eu tenho aqui!
Eles logo vão ouvir!
Vão os meus sinos queridos
Encantar os seus ouvidos!
PAPAGUENO começa a tocar os sinos mágicos e todos se rendem aos encantos da melodia.
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PAMINA – Amigo eu digo que eu também!
Pois sinto que Zarastro vem!
Diálogo
PAMINA (ajoelha) – Eu peço que me perdoe por querer fugir de seus domínios, senhor. A culpa não é
minha. Enquanto o senhor esteve fora, o mouro Monóstatos se mostrou um homem cruel. Chegou até a
fazer-me prisioneira jurando casar-se comigo à força.
MONÓSTATOS (empurra PAMINO para o chão) – Ajoelhe-se perante o soberano Zarastro, traidor! (Ao
ver PAPAGUENO empurra-o também) E você também, passarinho de uma figa!
MONÓSTATOS – Cale o bico! (À ZARASTRO) – Mestre, eu encontrei esse tipo aqui que se diz príncipe.
Ele estava rondando o Templo e me confessou que pretendia - junto com o emplumado ali - levar a princesa
Pamina!
Pontuação musical de PAMINA E TAMINO.
PAMINA – É ele!
TAMINO – É ela!
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PAMINA – É o meu amor!
TAMINO – É ela!
PAMINA – É ele!
Diálogo.
MONÓSTATOS (separa o casal) – Parem já com isso! Vocês não têm vergonha? (A ZARASTRO) Mestre
ordene-me castigar severamente o jovem e o passarinho de estimação.
MONÓSTATOS – Cale o bico! (À ZARASTRO) Mestre, eu já tenho aqui em minha cachola um bom castigo
para o príncipe atrevido. Quanto ao passarinho, fritarei com batatas!
MONÓSTATOS – Já está me irritando com isso! É passarinho sim, dá o pé loro, pronto e acabou! (A
ZARASTRO) O senhor bem sabe da fidelidade deste teu servo! O castigo dos audaciosos será a minha
recompensa!
MONÓSTATOS – Muito melhor? (Para TAMINO, PAMINA e PAPAGUENO) Agora vocês vão ver só!
Hehehe! (A ZARASTRO) Ora, mestre. Imagina! Tudo o que faço é só para lhe agradar... Bem, mas já que o
senhor acha que mereço, eu aceito de coração a minha recompensa muito melhor!
ZARASTRO – Que bom! (Para os GUARDIÕES) Dai a este malfeitor apenas setenta e sete estaladas com
vara de marmelo nas solas dos pés!
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ZARASTRO (para TAMINO e PAMINA) – Aproximai-vos e não temeis. Eu conheço o segredo de vossos
corações. Agistes sob influência do amor que sentem um pelo outro. Um amor puro e verdadeiro do qual
faço muito gosto.
PAMINA – Senhor, eu vos imploro. Deixe que Tamino me leve para os braços da minha mãe.
ZARASTRO – Ouça Pamina. Tu sabes que eu e teu pai, o Rei do Dia, sempre fomos muito amigos.
PAMINA – Sim, senhor. E recordo-me com que carinho ele sempre falava dessa amizade, elogiando a sua
bondade, virtude e sabedoria.
ZARASTRO – Bondade, virtude e sabedoria são palavras que a tua mãe despreza! Ela é uma mulher fria e
cruel. E foi com medo de que tu te tornasses uma criatura como ela, que teu pai antes de morrer fez-me jurar
que cuidaria da tua educação. O desejo dele era de que alcançasses um grau de sabedoria superior.
PAMINA – Eu compreendo o desejo do meu querido pai, senhor. Aqui as pessoas e os animais são livres e
felizes. Muito diferente do reino da minha mãe onde todos a temem. Mas eu posso ajudá-la a se tornar
alguém melhor.
ZARASTRO – Tuas intenções são as melhores, mas eu não permitirei que voltes.
PAMINA – Mas senhor, eu acredito que ela se mostrará disposta a mudar. O que ela mais deseja é ter-me
por perto.
ZARASTRO – Não, filha. O que ela mais deseja é o poder! Peço-te um pouco de paciência. Os
acontecimentos que se seguirão hão de lhe mostrar a verdade. Por hora confie em mim. (Para TAMINO)
Príncipe Tamino! Desejas unir-se a princesa Pamina, submetendo-se aos aprendizados do Templo da
Sabedoria?
TAMINO – É o que mais desejo, senhor. Mas antes peço que me perdoe por tê-lo julgado mal.
ZARASTRO – És um príncipe honrado! (Para PAPAGUENO) E tu, Papagueno! Se assim desejares, estás
livre para voltar para os domínios noturnos.
PAPAGUENO – Ah, não, senhor! Se não se importar, eu também gostaria de me juntar ao Templo. Eu
nunca gostei de engaiolar os meus amigos pássaros. Mas se não obedecesse às ordens da Rainha da Noite,
ela me mandava cozinhar no jantar. Não quero voltar para aquela escravidão. Ainda mais agora... Voltar sem
a princesa é certo eu parar em cima de uma mesa com uma maçã na boca...
ZARASTRO – Muito bem. (Para os GUARDIÕES) – Conduzi os estrangeiros até a Casa dos Julgamentos e
que lá eles aguardem a decisão do conselho. Se forem aceitos, terão de passar pelas provas.
PAPAGUENO – Provas?
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Os guardiões vendam os olhos de TAMINO e PAPAGUENO.
Nr 11 Coro Final
(SEGUIDORES de ZARASTRO)
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ATO II
CENA I
Diálogo
ZARASTRO – Irmãos, esse conselho é o mais importante que já tivemos. O príncipe Tamino deseja
submeter-se aos aprendizados do nosso Templo e aguarda a nossa decisão.
ZARASTRO – Pratica.
ZARASTRO – Saberá.
ZARASTRO – É muito corajoso. E então, irmãos? Julgastes o príncipe digno de passar pelas provas?
ZARASTRO – Esta é a decisão certa. O Rei do Dia e a Rainha da Noite tinham sob seus cuidados o
poderoso Círculo Solar das Sete Auréolas. Mas a Rainha deixou-se deslumbrar pelo poder do Círculo e sua
ganância fez com que a noite se transformasse em trevas. Foi por isso que o Rei, antes de morrer, confiou-
me o Círculo Solar e a educação de Pamina. Ele previu que sua filha seria destinada ao virtuoso e honrado
príncipe Tamino. Era seu desejo que os jovens fossem preparados por nós para que pudessem se tornar os
futuros guardiões, dignos do poder que os espera. Caso eles se mostrem merecedores e suportem as provas
eu lhes entregarei o Círculo Solar.
ORADOR – Senhor, mas e se eles não conseguirem suportar as provas? Elas são tão difíceis e tão perigosas!
Digo isso porque Tamino é apenas um príncipe e Pamina apenas uma princesa...
ZARASTRO – Eles são mais do que isso. Tamino é um homem e Pamina é uma mulher. E nós devemos
apoiá-los, senhores, pois eles são a esperança da humanidade! A Rainha da Noite não medirá esforços para
possuir novamente o poder. Ela deseja dominar o mundo com suas crenças sombrias! Mas acreditai: as
provas do Templo irão preparar e fortalecer o laço de amor entre Tamino e Pamina. Eles serão os futuros
Reis que acabarão de uma vez por todas com as trevas e restabelecerão o equilíbrio entre a noite e o dia!
ZARASTRO e os SACERDOTES se abraçam. O ORADOR tenta se comunicar, mas ninguém lhe dá ouvidos.
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ORADOR – Senhores, senhores, senhores...
ORADOR – E o passarinho? Eles se esqueceram do passarinho! Não me parece que ele saiba guardar
silêncio e nem que seja muito corajoso...
O ORADOR sai.
Sugestão para mudança de cenário:
Instrumental da Ária de Zarastro em louvor aos deuses Isis e Osiris.
CENA II
Diálogo
PAPAGUENO – Se não estivesse tão escuro eu lhe responderia com todo o prazer.
Rumor de Trovão.
PAPAGUENO – Ahhhh!!!!
PAPAGUENO – O que quer dizer com isto? Que eu estou com medo?
PAPAGUENO – Porque às vezes me dá vontade e eu grito. Assim, do nada. Nunca percebeu não?
TAMINO – Já.
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Rumor de trovão mais forte.
PAPAGUENO – Ahhh!!!!!
PAPAGUENO – Desculpe...
Rumor de trovão ainda mais forte.
PAPAGUENO – Ahhhh!!! Morri!!! Deuses, deuses, deuses!!!! Eu morri!!! Que é que eu faço?
TAMINO – Não seja estúpido! Se você tivesse morrido não estaria falando!
TAMINO – Agora pare com esses faniquitos de passarinho! Esse é o momento de você mostrar que é um
homem!
Entra o ORADOR com o rosto iluminado pela vela que está segurando.
ORADOR – Bem vindos à Casa dos Julgamentos. Vocês estão preparados para enfrentar as provas?
PAPAGUENO – Não!
TAMINO – Sim!
PAPAGUENO – Ai...
TAMINO – Eu estou firme! Que a sabedoria seja a minha vitória e a princesa Pamina a minha recompensa!
PAPAGUENO se levanta.
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PAPAGUENO (enfim levanta do chão) – Bem, vou indo então... Se ele vai fazer todas as provas então não
vai sobrar nenhuma pra mim... (Ao ORADOR) Foi um prazer vê-lo por aqui!
PAPAGUENO – Desejar eu desejo. Mas eu não me dou muito bem com provas...
PAPAGUENO – Eu sou um homem da natureza! Se eu puder beber, comer, dormir e quem sabe um dia me
casar, já está de bom tamanho. Vamos deixar a sabedoria para outro momento. Adeus. (Sai)
ORADOR – Que pena... Justo agora que Zarastro encontrou uma mocinha bonita para apresentar a ele...
ORADOR – Que falta de sorte dessa mocinha... Fariam um belo par! Ela é igualzinha a ele, só que de saia.
Como é mesmo o nome dela?... (Tira um papel do bolso e lê) Pa-pa-gue-na. Isso mesmo! Papaguena.
ORADOR – Em breve. Mas não poderá falar com ela. E você também, príncipe. A princesa Pamina virá ao
seu encontro, mas você também não poderá falar com ela. Este é o início da primeira prova. Até que ela
termine vocês não poderão falar com nenhuma outra pessoa! Eu disse: nenhuma outra! Entenderam bem? Se
vocês desobedecerem estarão perdidos! Coisas terríveis poderão acontecer. (Ilumina um amontoado de
caveiras) Acho que fui claro. (Para PAPAGUENO) Será que você vai ser capaz de segurar essa língua?
O ORADOR sai.
TAMINO – O homem levou a luz, Tamino... Estamos novamente no escuro... (Pausa) Tamino... Quer
conversar?
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PAMINO – Quieto, Papagueno. Se concentre!
Nr 12 Quinteto, Coro
(DAMAS, PAPAGUENO, TAMINO, VOZES DO TEMPLO)
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TAMINO – Um homem sábio se assim for
Não acredita em rumor!
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DAMAS – Já vamos então, pois não vão falar!
A nossa missão nós vamos deixar!
PAPAGUENO desmaia.
TAMINO o observa e suspira profundamente.
CENA III
MONÓSTATOS – Ah, aqui está a bela flor. Por causa dela quase perdi a planta dos meus pés! (Observa se
não há ninguém por perto) Penso que por isso eu mereço um beijinho. He, He, He!
PAMINA – Ah, minha mãe. Estou tão feliz que esteja aqui! Tenho tanta coisa para lhe dizer...
RAINHA – Eu também tenho algo a dizer-te. Antes de morrer teu pai entregou a Zarastro o Círculo Solar
das Sete Auréolas que nos dava poderes. Terás de usar da confiança que Zarastro depositou em ti para
recuperá-lo para mim.
PAMINA – Mãe!... Por que eu deveria fazer isso? Se meu pai confiou a ele esse poderoso Círculo é porque
deve ter tido seus motivos. Zarastro é um homem sábio e bom! (Silêncio) Por está me olhando assim?
RAINHA – Bom? Zarastro é um homem bom? Estás do lado do meu inimigo mortal? Daquele que ficou
com os meus poderes e que te levou de mim?
RAINHA – Pois então prove que não estás contra tua própria mãe! Estás vendo esse punhal? Deves matar
Zarastro e voltar para os domínios noturnos com o Círculo Solar! Caso contrário não serás mais minha filha!
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Não vais falhar!
Ou então tu vais penar!
Serás atormentada!
E amaldiçoada!
Não vais valer mais nada
Sem os laços entre nós!
Eu juro!
Duvides
E vais ver
Do que eu bem sou capaz!
Do que eu bem sou capaz!
Se não morrer
Zarastro em um zás trás
Tu
Vais
Ver!
Ah, Pamina!
Sim!
Pelos deuses!
Diálogo
PAMINA – Eu não posso fazer isso! Não posso! (Esconde o punhal entre as flores) E agora? O que vai ser
de mim?
PAMINA – Deuses!
MONÓSTATOS – Por que está tremendo? Está com medo de mim? Ou da terrível missão que acaba de
receber da sua mãe?
MONÓSTATOS – Sim! E se eu disser uma só palavra do que sei a Zarastro, vocês estarão perdidas!
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PAMINA – Qual?
PAMINA – Nunca!
ZARASTRO – Monóstatos!
MONÓSTATOS – Mestre! A Rainha da Noite e a princesa estavam tramando contra a tua vida! Por isso eu
estava aqui. Para vingar-te!
ZARASTRO – Penso então que tu queiras outra recompensa, tão boa quanto a que já recebeste. Resta saber
se teus pés irão agüentar!
ZARASTRO – Eu sei de tudo, Monóstatos. Vai-te daqui, criatura perversa! E não voltes nunca mais!
MONÓSTATOS (aparte) – Já que a filha não quer nada comigo, então vou procurar a mãe!
ZARASTRO – Vingar? Não, filha. Nestes domínios ninguém conhece a vingança. Tu hás de ser muito feliz
com o príncipe Tamino. E tua mãe finalmente entenderá que o amor é o que há de mais valoroso. Então, as
trevas desaparecerão e a noite voltará a ter estrelas.
CENA IV
Diálogo
PAPAGUENO – Tamino?
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PAPAGUENO – Eu acho que você não entendeu a prova. Comigo você pode falar.
TAMINO – Chits!
Surge uma MULHER VELHA e muito feia, praticamente uma Baba Yaga.
Ela se aproxima em passinhos rápidos, apoiando-se sobre um cajado.
Entrega uma taça com água para PAPAGUENO.
PAPAGUENO – Bonitinha!!!
PAPAGUENO – Assanhadinha!!!
MULHER VELHA (mede PAPAGUENO de cima a baixo) – Não. Ele é dez anos mais velho do que eu!
39
MULHER ri estridente. PAPAGUENO ri também.
PAPAGUENO – Pa?
Ouve-se um forte trovão. A MULHER VELHA desaparece.
40
Força, Tamino,
Para triunfar!
Tu, Papagueno!
Tu deves calar!
Chits! Chits!
Tu deves calar!
Chits! Chits!
Tu deves calar!
Diálogo
PAPAGUENO – Háhá! Isso mesmo! Fique aí tocando essa sua flauta enquanto eu toco tudo pra dentro!
PAPAGUENO – Nham! Nham! (Surge uma minhoca sorridente) Ah, que nojo! (Vê um espaguete) Hum!!!
(Puxa um fio do macarrão, porém o prato vai todo para o seu rosto) Hehe! Al dente!
PAMINA – Tamino! Graças ao som da flauta eu encontrei você! O que foi? Não está feliz em me ver? Não
diz nada?
Com dor no coração TAMINO faz sinal para que PAMINA vá embora.
PAMINA – Quer que eu vá? Papagueno, por favor, diga o que há com ele!
PAMINA – Você também? (A TAMINO) O que foi que eu fiz? Você não me ama mais?
41
Nr 15 Ária de PAMINA
PAMINA – Breve e amargo
É o meu destino
Foram-se as horas deste amor
Só sobrou a minha dor!
Oh, Tamino!
Meu menino!
Seu amor me fez viver
E sem ele eu vou morrer!
Diálogo
PAPAGUENO – Isso mesmo! Podem ir, podem ir! O mais forte fica!
PAPAGUENO – Ai, ai, ai!!! Estou sendo atacado! Ei, Tamino!!! Sua lagosta, maldita!! Tome isso!!! E mais
isso!!!
Depois de se engalfinhar com a lagosta, PAPAGUENO consegue se livrar dela. A mesa desaparece.
PAPAGUENO – Chega de comidas perigosas! Tamino!!! Tamino!!! E agora? Como eu saio daqui? Isso
mais parece um labirinto! Eu estou perdido! (Começa a chorar) Tamino...
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Volta o ORADOR.
ORADOR – Papagueno, você foi reprovado! Merecia ficar aqui perdido para sempre! Mas felizmente está
livre deste castigo. Porém jamais desfrutará dos prazeres da sabedoria.
PAPAGUENO (um pouco alto) – Dos deuses! Agora só falta mesmo a minha Papaguena!
Nr 16 Ária de PAPAGUENO
Oh, deuses!
Concedam
Meu sonho!
Diálogo
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PAPAGUENO – Ai, ai... Melhor rir do que chorar, não é mesmo?
MULHER VELHA – Se você casar comigo, eu vou te amar, e te beijar, e te apertar contra o meu coração.
MULHER VELHA – Se você não me der a sua mão vai ficar aqui perdido para sempre!
PAPAGUENO – Bem, nesse caso... Está aqui a minha mão. Antes uma mulher velha do que nenhuma, não
é?
MULHER – Jura?
PAPAGUENO. Juro sim. (Aparte) Pelo menos até que eu encontre outra mais bonita.
PAPAGUENA – Papagueno!!!
PAPAGUENO – Papaguena!!!
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PAPAGUENA sai.
CENA V
A cena se transforma no jardim de antes. É noite. Surge o balão com MOZART e as CORUJAS.
PAMINA entra em cena e encontra o punhal que havia escondido entre as flores.
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MOZART, CORUJAS – Pamina não quer mais viver!
Salvá-la é nosso dever!
MOZART, CORUJAS – Oh, Pamina pare aí! (MOZART tira o punhal de PAMINA)
Se Tamino a visse assim, hein?
Sofreria muito mais além!
Só a ti pode amar!
PAMINA sai.
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Ouve-se a flauta de pan de PAPAGUENO.
MOZART e as CORUJAS se escondem dentro do balão.
PAPAGUENO entra em cena.
Pequena introdução musical.
PAPAGUENO – Papaguena?
Papaguena?
Papagueeee-na...
Diálogo
É, ela não liga para mim! Aliás, nenhuma moça liga para mim! Só me resta morrer! (Pega uma corda que
está na cintura e amarra num galho de árvore) Não esganei aquela serpente que quase engoliu Tamino, mas
me esgano agora! (Faz menção de colocar a corda no pescoço) Não, primeiro vou contar até três pra dar
mais suspense! Quem sabe alguma dama aparece para me impedir? (Toca a flauta de pan) Um. (Toca a
flauta de pan) Dois. (Toca a flauta de pan. Como ninguém aparece, ele guarda a flauta de pan no bolso e
ajeita a corda no pescoço, dramaticamente) Adeus, mundo cruel!
Nr 18 Quarteto
(MOZART, CORUJAS, PAPAGUENO)
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Nr 19 Dueto
(PAPAGUENO, PAPAGUENA)
PAPAGUENO – Pa Pa Pa...
PAPAGUENA – Pa Pa Pa...
PAPAGUENO – Pa Pa Pa Pa Pa Papaguena!
PAPAGUENA – Pa Pa Pa Pa Pa Papagueno!
PAPAGUENO – Papagueno!
PAPAGUENA – Papaguena!
PAPAGUENO – Papagueno!
PAPAGUENA – Papaguena!
CENA VI
Diálogo
ORADOR – Príncipe, a tua conduta até agora foi exemplar. Mas ainda restam duas provas muito perigosas.
Aquele que conseguir suportá-las com bravura será purificado através do fogo, da água, do ar e da terra.
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ORADOR – Os teus próprios medos, filho. Portanto somente você poderá responder a essa pergunta. Há os
que temem as trevas, as doenças, as guerras. A morte! Tudo isso poderá ser encontrado nas provas. Depende
dos medos de quem decide passar por elas. Só o que posso lhe afirmar é que há duas possibilidades. Ou o
candidato domina os seus medos ou, muitas vezes até de maneira fatal, os medos dominam os candidatos.
TAMINO – Se eu desistir terei sido dominado sem ao menos tentar. Não! Jamais! Eu sigo em frente senhor.
PAMINA – Tamino!
TAMINO – Pamina! (Para o ORADOR) Eu posso falar com ela? A prova do silêncio já acabou não é?
ORADOR – Já sim.
PAMINA – Então foi isso? Ah, como fui boba! Eu fiquei tão triste...
ORADOR – Você não pode impedir que os pássaros da tristeza voem sobre sua cabeça, mas pode, sim,
impedir que façam um ninho no seu cabelo! Quanto à prova do silêncio, é como já dizia a minha sábia avó:
temos dois ouvidos e só uma boca justamente para escutar mais e falar menos. Mas se for para falar que as
palavras sejam antes bem pensadas! Agora você deve seguir em frente, príncipe!
PAMINA – Eu também vou! Enfrentaremos nossos medos juntos, e até mesmo a morte, caso ela esteja nos
esperando.
Nr 20 Dueto
(TAMINO, PAMINA)
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O relógio do Sol indica que as horas se passaram e então podemos ver a passagem interna dos príncipes.
Eles surgem no centro do cenário, entre o rochedo do fogo e o rochedo da água.
Nr 21 Coro
CENA VII
DAMA 1 (off) – Tão logo Monóstatos mate Zarastro, eu devo tomar posse do poderoso Círculo Solar para a
nossa Rainha!
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DAMA 2 (off) - Não, não, não! Foi para mim que ela pediu!
Nr 22 Quarteto
(MONÓSTATOS, DAMAS, RAINHA DA NOITE)
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O Templo há de se perder!
As trevas logo vão vencer!
Ouve-se um altíssimo acorde: trovões, raios, tempestade. Imediatamente o Templo da Sabedoria se abre.
Dele emana um grande Sol. MONÓSTATOS, a RAINHA DA NOITE e as DAMAS são ofuscados por ele.
O quarteto desaparece entre os raios solares. Surge ZARASTRO entre TAMINO e PAMINA.
Eles vêm acompanhados pelo ORADOR, SACERDOTES e pelo balão com MOZART e as CORUJAS.
TAMINO traz em seu peito o Círculo Solar das Sete Auréolas, que antes estava no peito de ZARASTRO.
Já PAMINA traz em seu peito um medalhão com o símbolo da Lua, que esteve com ela durante toda a peça.
PAPAGUENO e PAPAGUENA, cada qual com um PAPAGUENINHO nos braços, fecham as cortinas.
FIM
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