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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA


CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA - ÊNFASE ELETROTÉCNICA
HAMILTON BORGO
LUIZ HENRIQUE ESPINOLA GONZALEZ

ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO DE EQUIPAMENTO DE


MEDIÇÃO BASEADO NA BOBINA DE ROGOWSKI COMO ALTERNATIVA AOS
TCS DE MEDIÇÃO CONVENCIONAIS

CURITIBA
2007
HAMILTON BORGO
LUIZ HENRIQUE ESPINOLA GONZALEZ

ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO DE EQUIPAMENTO DE


MEDIÇÃO BASEADO NA BOBINA DE ROGOWSKI COMO ALTERNATIVA AOS
TCS DE MEDIÇÃO CONVENCIONAIS

Trabalho apresentado na disciplina de Projeto Final


de Curso II como requisito parcial para a conclusão
do Curso de Engenharia Industrial
Elétrica - Ênfase em Eletrotécnica - do
Departamento Acadêmico de Eletrotécnica,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Alvaro Augusto de Almeida, Esp.


Co-orientador:Prof. Celso Fabrício de Melo Jr,M.Sc.

CURITIBA
2007
HAMILTON BORGO
LUIZ HENRIQUE ESPINOLA GONZALEZ

ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO DE EQUIPAMENTO DE


MEDIÇÃO BASEADO NA BOBINA DE ROGOWSKI COMO ALTERNATIVA AOS
TCS DE MEDIÇÃO CONVENCIONAIS

Este Projeto Final de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para obtenção
do título de Engenheiro Eletricista pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Curitiba, 12 de novembro de 2007.

____________________________________
Prof. Paulo Sérgio Walenia, Esp.
Coordenador de Curso
Engenharia Industrial Elétrica - Eletrotécnica

____________________________________
Prof. Ivan Eidt Colling, Dr.
Responsável pelos Projetos Finais do Curso de
Engenharia Industrial Elétrica - Eletrotécnica.

____________________________________
Prof. Álvaro Augusto de Almeida, Esp.
Orientador

____________________________________
Prof. Celso Fabrício de Melo Jr., M.Sc.
Co-orientador

____________________________________
Prof. Ayres Francisco da Silva Soria, M.Sc.

____________________________________
Prof. Elói Rufato Jr. Esp.

____________________________________
Prof. Luiz Fernando Colla, Eng.
DEDICATÓRIA

“Dedicamos este trabalho em especial a nossos familiares e amigos pela


paciência quando não estávamos presentes durante a preparação deste”.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a nossas famílias pelo constante apoio durante os anos de graduação.

Aos nossos mestres, Alvaro Augusto de Almeida e Celso Fabrício de Melo Jr pela sólida
condução desse projeto.

Aos nossos amigos pela compreensão nos momentos em que vários convites foram recusados
em virtude da preparação deste trabalho.

Ao Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, LACTEC, pelo espaço cedido em seus


laboratórios

Ao Departamento Acadêmico de Eletrotécnica da UTFPR por ter acreditado em nosso projeto


final de graduação.
RESUMO

Este trabalho apresenta o estudo e o desenvolvimento de dois protótipos baseados na


bobina de Rogowski, um toróide com núcleo construído de um material não ferromagnético,
de forma a compará-los, do ponto de vista da exatidão da medida, com transformadores de
corrente convencionais. O modelamento foi baseado no princípio da indução de tensão em um
enrolamento quanto este é cortado por um fluxo magnético, ou seja, a corrente elétrica
circulante no enrolamento primário será medida através de um pequeno sinal de tensão lido na
saída do secundário. Os ensaios foram realizados de forma a se conseguir o menor erro
possível, de amplitude, no sinal medido na saída da bobina, sendo levado em conta os
aspectos geométricos construtivos, materiais e componentes utilizados na construção do
protótipo e a qualidade dos equipamentos utilizados para esse fim. Notou-se uma grande
importância da geometria da bobina e de seu enrolamento, sendo estes de fundamental
importância para se conseguir baixos valores de erro, além de uma boa linearidade da relação
de transformação para determinados níveis de amplitude e freqüência da corrente circulante
no enrolamento primário.

PALAVRAS CHAVES: bobina de Rogowski, indução de tensão, corrente elétrica, exatidão.


SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... 9
LISTA DE TABELAS............................................................................................................ 11
LISTA DE ABREVIAÇÕES ................................................................................................. 11
LISTA DE SÍMBOLOS ......................................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14
1.1 PROBLEMA ............................................................................................................ 15
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 15
1.3 OBJETIVOS............................................................................................................. 16
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................... 16
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 16
1.4 MÉTODO DE PESQUISA....................................................................................... 17
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 19
2.1 O ELETROMAGNETISMO.................................................................................... 19
2.1.1 Introdução......................................................................................................... 19
2.1.2 Grandezas físicas do eletromagnetismo ........................................................... 19
2.1.2.1 Campo magnético H ..................................................................................... 19
2.1.2.2 Indução magnética B e fluxo magnético ϕ................................................... 20
2.1.2.3 Permeabilidade magnética µ......................................................................... 21
2.1.3 Lei de Biot-Savart............................................................................................. 22
2.1.4 Lei circuital de Ampère .................................................................................... 23
2.1.5 A lei de Faraday................................................................................................ 24
2.1.6 Perdas por histerese .......................................................................................... 25
2.1.7 Indutância ......................................................................................................... 26
2.2 A BOBINA DE ROGOWSKI .................................................................................. 29
2.2.1 Princípio de funcionamento.............................................................................. 29
2.2.2 Modelagem da bobina de Rogowski ................................................................ 32
2.2.2.1 Modelagem pela lei circuital de Ampère...................................................... 32
2.2.2.2 Modelagem da bobina de Rogowski pela lei de Biot-Savart ....................... 34
2.2.3 Aspectos construtivos da bobina de Rogowski ................................................ 37
2.2.3.1 Bobina de Rogowski com enrolamento de única camada ............................ 39
2.2.3.2 Bobina de Rogowski com enrolamento de múltiplas camadas .................... 39
2.2.4 Amplificador operacional da bobina de Rogowski .......................................... 40
2.2.4.1 Tensão de offset de saída .............................................................................. 40
2.2.4.2 Ganho de um amplificador operacional........................................................ 41
2.2.4.3 Características ideais de um amplificador operacional ................................ 41
2.2.4.4 Amplificador operacional integrador adotado na saída da bobina ............... 41
2.3 METROLOGIA........................................................................................................ 45
2.3.1 Introdução......................................................................................................... 45
2.3.2 Terminologia .................................................................................................... 45
2.3.3 Precisão e exatidão ........................................................................................... 46
2.3.4 Erros de medição .............................................................................................. 48
2.3.4.1 Erro sistemático ............................................................................................ 49
2.3.4.2 Erro aleatório ................................................................................................ 49
2.3.4.3 Erro grosseiro ............................................................................................... 50
2.3.5 Padrão de medida.............................................................................................. 50
2.3.6 Especificação de um instrumento ..................................................................... 50
2.3.7 Calibração e ajuste............................................................................................ 51
2.3.8 Interferências em medições .............................................................................. 52
2.4 TRANSFORMADORES PARA INSTRUMENTO ................................................ 53
2.4.1 Introdução......................................................................................................... 53
2.4.2 Transformadores de corrente ............................................................................ 54
2.4.3 Relações de um TC........................................................................................... 55
2.4.4 Classe de exatidão em um TC .......................................................................... 58
3 DESENVOLVIMENTO................................................................................................. 62
3.1 DIMENSÕES DA BOBINA .................................................................................... 63
3.1.1 Introdução......................................................................................................... 63
3.1.2 Condutor e Número de espiras ......................................................................... 63
3.1.3 Comprimento da Bobina................................................................................... 64
3.1.4 Tensão Induzida na Bobina .............................................................................. 65
3.1.5 Representação Esquemática da Bobina ............................................................ 66
3.1.6 Distribuição das Espiras no Toróide................................................................. 67
3.1.7 Enrolamento de compensação de interferências............................................... 69
3.2 IMPLEMENTAÇÃO DE UM FILTRO ATIVO NA SAÍDA DA BOBINA .......... 69
3.2.1 Cálculo do filtro ativo para a bobina N.º 1 ....................................................... 70
4 ENSAIOS E RESULTADOS......................................................................................... 76
4.1 ENSAIO PRELIMINAR PARA VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO E
LINEARIDADE DAS BOBINAS........................................................................................ 76
4.1.1 Medições na bobina 1 com o condutor não centralizado ................................. 77
4.1.2 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado.......................... 78
4.1.3 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado e passado duas
vezes..................................................................................................................................79
4.1.4 Medições na bobina 2 com o condutor primário centralizado.......................... 80
4.1.5 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado e capacitor de 47
µF na saída........................................................................................................................ 81
4.1.6 Medições na bobina 2 com o condutor primário centralizado e capacitor de 47
µF na saída........................................................................................................................ 83
4.2 MONTAGEM DO CIRCUITO DE FILTRAGEM E AMPLIFICAÇÃO ............... 85
4.3 ENSAIO FINAL PARA VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO E
LINEARIDADE DAS BOBINAS........................................................................................ 86
4.3.1 Ensaio da bobina N.º 1 com o filtro ativo......................................................... 87
4.3.2 Ensaio da bobina N.º 1 aplicando-se correntes de freqüência múltiplas da
fundamental ...................................................................................................................... 89
4.3.3 Formas de onda na saída da bobina N.º 1......................................................... 94
4.4 COMPARAÇÃO DA BOBINA DE ROGOWSKI COM UM TC .......................... 96
5 CONCLUSÕES............................................................................................................... 98
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 100
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Construção da bobina de Rogowski. .................................................................... 14


Figura 2.1 - Definição de vetores para aplicação da Lei de Biot-Savat.................................... 22
Figura 2.2 - Definição da orientação do campo magnético pela regra da mão direita ............. 23
Figura 2.3 - Aplicação da Lei de Ampère ................................................................................. 24
Figura 2.4 - Ciclo B x H de histerese. ...................................................................................... 26
Figura 2.5 - Circuito acoplado magneticamente....................................................................... 28
Figura 2.6 - Bobina para determinação da indutância mútua. a) vista frontal do núcleo
toroidal. b) vista em corte mostrando a seção retangular. ................................................ 29
Figura 2.7 - Circuito acoplado magneticamente da bobina de Rogowski. ............................... 30
Figura 2.8 - Relação entre o sinal de entrada e o de saída da Bobina de Rogowski. ............... 31
Figura 2.9 - Condutor infinito percorrido por corrente elétrica................................................ 32
Figura 2.10 - Cálculo do fluxo magnético considerando-se um tubo de fluxo. ....................... 33
Figura 2.11 - Aplicação da Lei de Biot-Savart......................................................................... 34
Figura 2.12 - Fator de divergência percentual entre o comprimento do condutor e o raio da
bobina. .............................................................................................................................. 36
Figura 2.13 - Bobina de Rogowski com núcleo flexível. ......................................................... 38
Figura 2.14 - Dois exemplos da Bobina de Rogowski com núcleo rígido. .............................. 38
Figura 2.15 - Bobina de Rogowski........................................................................................... 39
Figura 2.16 - Simbologia do amplificador operacional............................................................ 40
Figura 2.17 - Topologia do amplificador operacional inversor............................................... 42
Figura 2.18 - Amplificador operacional inversor prático. ........................................................ 43
Figura 2.19 - Transformador elementar.................................................................................... 53
Figura 2.20 - Transformador de corrente.................................................................................. 54
Figura 2.21 - Corrente primária x corrente de excitação.......................................................... 58
Figura 2.22 - Limite de exatidão para TC classe 0,3................................................................ 59
Figura 2.23 - Limite de exatidão para TC classe 0,6................................................................ 60
Figura 2.24 - Limite de exatidão para TC classe 1,2................................................................ 60
Figura 3.1 - Protótipo bobina N.°1 . ........................................................................................ 62
Figura 3.2 - Protótipo bobina N.°2 . ........................................................................................ 62
Figura 3.3 - Vista frontal e corte da representação esquemática da bobina. ........................... 66
Figura 3.4 - Bobina de Rogowski............................................................................................ 67
Figura 3.5 - Modelo de disposição das bobinas desenhado sobre o núcleo . .......................... 68
Figura 3.6 - Detalhe da uniformidade das espiras. .................................................................. 69
Figura 3.7 - Simulação do circuito de filtragem no Pspice. .................................................... 73
Figura 3.8 - Simulação do sinal de entrada e de saída do circuito. .........................................71
Figura 3.9 - Sinal de entrada x freqüência .............................................................................. 75
Figura 4.1 - Fonte de corrente de alta precisão usada nos ensaios. .......................................... 76
Figura 4.2 - Tensão no primário x Corrente no secundário da bobina 1 com o condutor
primário não centralizado. ................................................................................................ 77
Figura 4.3 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 1 com o condutor
centralizado....................................................................................................................... 78
Figura 4.4 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 1 com o condutor
centralizado e passado duas vezes em volta da bobina. ................................................... 80
Figura 4.5 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 2 com o condutor
centralizado....................................................................................................................... 81
Figura 4.6 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 1 com o condutor
centralizado e capacitor de 47 µF na saída. ...................................................................... 82
Figura 4.7 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
no primário da bobina 1 com o condutor centralizado e capacitor de 47 µF na saída. .... 83
Figura 4.8 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 2 com o condutor
centralizado e capacitor de 47 µF na saída. ...................................................................... 84
Figura 4.9 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
no primário da bobina 2 com o condutor centralizado e capacitor de 47 µF na saída. .... 85
Figura 4.10 - Circuito amplificador da bobina N.º 1. ............................................................... 86
Figura 4.11 - Multímetro digital Agilent de alta precisão usado nos ensaios........................... 87
Figura 4.12 - Montagem para o ensaio da bobina N.º 1. .......................................................... 88
Figura 4.13 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
da bobina 1 com o condutor centralizado, filtro ativo e capacitor de 22 µF na saída ...... 89
Figura 4.14 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(120Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída .................................................... 90
Figura 4.15 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(180Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída.................................................... 91
Figura 4.16 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(240Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída.................................................... 92
Figura 4.17 - Relação de transformação em função da freqüência .......................................... 93
Figura 4.18 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 60 Hz....... 94
Figura 4.19 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 420 Hz..... 95
Figura 4.20 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 60 Hz....... 95
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Número de medidas x RC.................................................................................... 47


Tabela 2.1 – Aplicação dos TCs segundo a classe de exatidão................................................ 61
Tabela 3.1 – Dimensões da bobina N.°1 .................................................................................. 66
Tabela 3.2 – Dimensões da bobina N.°2 .................................................................................. 67
Tabela 4.1 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, condutor não centralizado ..... 77
Tabela 4.2 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, condutor centralizado............ 78
Tabela 4.3 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, até 100 A ............................... 79
Tabela 4.4 – Resultados das medições realizadas na bobina 2, condutor centralizado............ 81
Tabela 4.5 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, condutor centralizado e
capacitor na saída.............................................................................................................. 82
Tabela 4.6 – Resultados das medições realizadas na bobina 2, condutor centralizado e
capacitor na saída.............................................................................................................. 84
Tabela 4.7 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 com filtro ativo....................... 88
Tabela 4.8 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 aplicando-se corrente de
freqüência de 120Hz......................................................................................................... 90
Tabela 4.9 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 aplicando-se corrente de
freqüência de 180Hz......................................................................................................... 91
Tabela 4.10 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 aplicando-se corrente de
freqüência de 240Hz......................................................................................................... 92
Tabela 4.11 – Relação de transformação em função da freqüência ......................................... 93

LISTA DE ABREVIAÇÕES

CI: Circuito integrado


SI: Sistema internacional de unidades
TC: Transformador de corrente
TP: Transformador de potencial
LISTA DE SÍMBOLOS

A = Unidade de corrente elétrica, ampere


a = Raio interno da bobina
B = Indução magnética
b = Raio externo da bobina
C = Capacitor
d ib = diâmetro interno do toróide;
dc = diâmetro externo do condutor;
E = Erro absoluto
E0 = Sinal de saída

E1 = Sinal de entrada
Ec = Erro de relação do TC
Er = Erro relativo
E% = Erro percentual de leitura
Fcr = Fator de correção de relação
Fct = Fator de correção de transformação
Ga = Ganho do amplificador operacional
H = Vetor campo magnético
h = Seção retangular do toróide
I = Corrente elétrica
i1 = Corrente de entrada
I1 = Corrente que circula no circuito primário
I2 = Corrente que circula no circuito secundário
I 1n = Corrente nominal do primário

I 2n = Corrente nominal do secundário

I 1r = Corrente real que circula pelo primário


I 2r = Corrente real que circula pelo secundário
Kc = Relação de transformação nominal
Kr = Relação de transformação real
kd = Relação para o cálculo do desvio

l = Comprimento do condutor
L = Indutância
M = Indutância mútua
N1 = Numero de espiras do circuito primário
N2 = Numero de espiras do circuito secundário
N ef = Numero de medidas efetuadas

r = Raio, ponto do condutor até o outro ponto onde se deseja calcular o campo
magnético
R = Resistor
R = Vetor R
t = Tempo
uR = Vetor unitário
vo = Tensão de saída

V1 = Tensão de entrada

V2 = Tensão de saída
Va Ind . = Valor medido

VaVer . = Valor tido como verdadeiro

VL = Tensão nos terminais de um indutor

X = Média dos valores medidos


Xi = Valor da medida genérica
Wb = Unidade de fluxo magnético, weber
ε = Força eletromotriz
ϕ = Fluxo magnético

ϕ 12 = Fluxo gerado pela bobina 1 atravessa as espiras da bobina 2


λ = Número de desvios padrão que a medida difere da média
µ = Permeabilidade magnética
µ0 = Permeabilidade magnética no vácuo

µr = Permeabilidade magnética relativa


σ = Desvio Padrão
ϖ = freqüência da corrente no primário;
14

1 INTRODUÇÃO

A bobina de Rogowski, que se baseia na lei Circuital de Ampère e na Lei de


Faraday-Lenz, é conhecida há longo tempo. Porém, ainda possui pouca utilização nos
sistemas elétricos, pois a opção pelo transformador de corrente ainda é muito mais difundida,
mesmo que o uso deste equipamento implique em maiores custos, por ser relativamente
pesado e volumoso, além de gerar problemas de precisão devido à não linearidade de seu
circuito magnético (HOMRICH, 2002).
Ao contrário dos transformadores de corrente indutivos convencionais, a bobina
fornece, em seus terminais, um valor de tensão proporcional à derivada da corrente que
circula pelo condutor que está envolto pelas suas espiras, conforme mostra a figura 1.1.

Figura 1.1 - Construção da bobina de Rogowski.


Fonte: CABRAL, 2005.

Esta tecnologia tem atualmente sua maior aplicação em equipamentos destinados à


busca de cabos rompidos em redes subterrâneas, e na detecção da localização de falhas em
redes de distribuição.
15

1.1 PROBLEMA

Os transformadores de correntes, TCs, utilizados para medição em sistemas elétricos


apresentam erro de medição, de acordo com sua aplicação, como estabelece a norma
NBR6856 da ABNT (MEDEIROS FILHO, 1997). A implementação da bobina de Rogowski
deverá ser feita de tal maneira que o seu erro de leitura fique abaixo ou próximo do erro de
leitura dos transformadores de corrente convencionais.
Outro fator relevante a ser resolvido será a montagem de um circuito eletrônico na
saída da bobina, protegido contra possíveis sobretensões, e capaz de integrar o sinal de tensão
para um valor proporcional à corrente a ser medida, mantendo-se a exatidão, e, ao mesmo
tempo, limitando o valor da tensão de saída.

1.2 JUSTIFICATIVA

A Bobina de Rogowski apresenta algumas vantagens na sua utilização para medição


de corrente em relação aos transformadores de corrente convencionais. A mais importante diz
respeito ao fato de não possuir núcleo ferromagnético, pois suas espiras envolvem um núcleo
de ar, mantidas rígidas com uso de epóxi, por exemplo. Com a ausência do material
ferromagnético, não haverá perdas no ferro (correntes de Foucault e histerese), e o custo será
mais baixo.
Outro fato importante diz respeito à linearidade do sistema, pois, devido a ausência
do núcleo ferromagnético, este não irá saturar, fornecendo uma resposta linear em todos os
níveis de leitura, além de não possuir contato físico com o circuito, e garantir baixa variação
do sinal de saída com a temperatura.
Observa-se ainda a questão de segurança. Diferentemente do TC, no qual o
enrolamento secundário deve permanecer sempre conectado a uma baixa impedância, para
evitar que a abertura do mesmo provoque o surgimento de uma diferença de potencial
perigosa nas extremidades, na bobina de Rogowski o enrolamento secundário fica em aberto
(ou conectado a uma alta impedância). Dependendo das características construtivas, o valor
de tensão de saída chegará a poucos volts.(HIGASHI, 2006).
16

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Desenvolver um equipamento capaz de medir corrente elétrica, baseado na bobina


de Rogowski, com um circuito eletrônico em seu secundário, capaz de transformar o valor de
tensão fornecido pela bobina em um sinal que possa ser mostrada em um display, para se
tornar uma alternativa mais eficaz e mais econômica aos transformadores de corrente
indutivos convencionais.

1.3.2 Objetivos específicos

• Estudar conceitos de medidas de correntes elétricas;


• fazer uma revisão bibliográfica sobre transformadores de corrente, analisando as
normas pertinentes, características construtivas e desempenho do equipamento;
• descrever os conceitos referentes à Lei Circuital de Ampère e Faraday-Lenz;
• fazer um estudo sobre as características da bobina de Rogowski: aspectos construtivos,
aplicações das teorias do eletromagnetismo em seu funcionamento, e resposta em
determinadas freqüências;
• estudar o circuito eletrônico que integrará o valor de tensão, fornecendo a imagem da
corrente no primário, para ser mostrada em um display;
• dimensionar o enrolamento e o núcleo da bobina de Rogowski, e construí-la;
• identificar e dimensionar os componentes eletrônicos do circuito ligado ao secundário
da bobina;
• fazer ensaios de corrente, analisando o desempenho e resultados obtidos, com enfoque
na sua exatidão.
• efetuar a calibração do equipamento, com base nos valores obtidos nos ensaios
realizados.
17

1.4 MÉTODO DE PESQUISA

No primeiro momento, o estudo concentrar-se-á em livros, artigos, dissertações,


websites, buscando embasamento teórico de eletromagnetismo, medidas elétricas e
eletrônicas, para alcançar o conhecimento necessário para o desenvolvimento do projeto.
A próxima etapa será o cálculo e análise dos componentes do protótipo, e, a seguir,
sua construção.
Com o protótipo concluído, serão feitos ensaios, nas dependências da UTFPR -
Campus Curitiba, coletando dados, verificando se os objetivos foram atingidos, e se
necessário for, efetuar ajustes e refinamento do projeto.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Tendo o objetivo e a metodologia de pesquisa traçados, o trabalho será estruturado da


maneira que se segue.
No capítulo 1 serão apresentados os motivos para a escolha do assunto, bem como os
objetivos a serem alcançados, a metodologia de pesquisa, as etapas a serem seguidas, e a
estruturação do projeto.
A fundamentação teórica será desenvolvida no capítulo 2, descrevendo e fornecendo
todo o embasamento teórico para o desenvolvimento do projeto. Neste, serão apresentadas
toda a parte de pesquisa realizada nas mais diversas fontes de consulta (internet, dissertações,
livros, etc.), contemplando os seguintes assuntos: um breve histórico sobre o tema de projeto,
conceitos de medidas elétricas, Lei Circuital de Ampère e Lei de Faraday-Lenz, estudo sobre
transformadores de corrente, estudo sobre o circuito eletrônico que medirá o valor no
secundário da bobina, todo o embasamento sobre a bobina de Rogowski contemplando seus
aspectos teóricos e práticos.
No terceiro capítulo será apresentado o método de pesquisa, analisando as melhores
maneiras de realizar os ensaios pertinentes ao projeto, apresentando a descrição da parte
experimental e todo o desenvolvimento dos cálculos necessários para a implementação do
protótipo.
Todos os resultados obtidos nos ensaios serão apresentados no quarto capítulo. Estes
serão analisados e comparados com os valores de um transformador de corrente indutivo
convencional.
18

No quinto e último capítulo, serão demonstrados todos os resultados obtidos,


apresentando as conclusões a respeito do método utilizado, e comprovando os problemas e
hipóteses levantadas no primeiro capítulo do projeto. Serão apresentadas também sugestões
para futuros trabalhos.
19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O ELETROMAGNETISMO

2.1.1 Introdução

As teorias do eletromagnetismo, se comparadas às teorias da mecânica clássica, cujas


principais leis foram formuladas por Isaac Newton, foram estabelecidas com grandes
dificuldades. Um dos principais problemas devia-se à abstração da teoria, ou seja, não eram
fenômenos possíveis de se observar a olho nu. Por outro lado, as aplicações práticas só
apareceram de forma substancial a partir do final do século XIX. O magnetismo, como o
nome sugere, engloba fenômenos associados a campos magnéticos, assim como a eletrostática
engloba fenômenos relacionados a campos elétricos estacionários. O grande triunfo e a grande
razão pela qual o eletromagnetismo é tão estudado há anos, devem-se ao fato de que campos
magnéticos podem gerar forças mecânicas (BASTOS, 1992).
Os efeitos do campo magnético são conhecidos há longo tempo, quando foram
observados os efeitos da magnetita ( Fe3O4 ), um ímã permanente que se encontra em forma
natural. A descoberta de suas propriedades de orientação (Norte-Sul) foi de fundamental
importância na navegação marítima e exploração primitivas. Porém, as suas aplicações
práticas só foram possíveis quando Oersted descobriu que uma corrente elétrica estacionária
produzia um campo magnético. Os trabalhos posteriores de Gauss, Henry, Faraday e,
finalmente, Maxwell, permitiram a descrição do campo magnético associado ao campo
elétrico. Os esforços destes homens permitiram o desenvolvimento das máquinas elétricas,
das telecomunicações e dos computadores, fundamentais na vida moderna (REITZ,
MILFORD e CHRISTY, 1982).

2.1.2 Grandezas físicas do eletromagnetismo

2.1.2.1 Campo magnético H

Seja uma carga Q, ou um conjunto de cargas, as quais apresentem velocidade de


deslocamento. Este conjunto de cargas em movimento produz corrente elétrica, a qual cria um
campo magnético vetorial H. A unidade de campo magnético é o ampere por metro (A/m).
20

O campo magnético foi conhecido, inicialmente, através da ação de ímãs permanentes


encontrados na natureza. Se estes forem colocados próximos um dos outros, ocorrerá uma
força de atração ou repulsão.
Pode-se definir como campo magnético de um ímã a região do espaço na qual um
material magnético fica sujeito a uma força. (WOLSKI, 2005).

2.1.2.2 Indução magnética B e fluxo magnético ϕ

A indução magnética pode ser definida a partir do fluxo em uma superfície. Este fluxo,
denominado fluxo magnético, é medido em weber (Wb) no sistema internacional (SI) e pode
ser calculado a partir da seguinte equação:

ϕ= ∫∫ B ⋅ dS = 0 (2.1)
S

sendo:
ϕ = fluxo magnético;
B = indução magnética;
d S = diferencial da área

Ou seja, a indução magnética mostra a capacidade de induzir fluxo em um


determinado meio.
Pela equação de Maxwell sob a forma integral (2.2) é possível mostrar que todo o
fluxo que entra em um determinado volume deixa o mesmo, ou seja, o fluxo magnético é
conservativo.

∫∫ divB ⋅ dV = ∫∫ B ⋅ dS = 0
V S(V )
(2.2)

sendo:
B = indução magnética;
d S = diferencial da área;
dV = diferencial do volume.
21

2.1.2.3 Permeabilidade magnética µ

Segundo Bastos (1992), a permeabilidade magnética mostra, intrinsecamente, a


capacidade de um meio de ser mais ou menos suscetível à passagem do fluxo magnético.
Para compreendê-la melhor, pode-se utilizar a equação que mostra a relação entre
indução magnética e campo magnético:
B = µ ( H )H (2.3)

sendo:
B = indução magnética;
µ = permeabilidade magnética;
H = vetor campo magnético.

É possível notar que, quanto maior a permeabilidade magnética do meio, maior será a
indução neste meio e maior será o fluxo que pode atravessar o mesmo. A unidade da
permeabilidade magnética no SI é o henry por metro (H/m).
No vácuo, a permeabilidade magnética µ = µ0 é uma constante com o valor de

4 ⋅ π ⋅ 10 −7 H/m. Para efeitos práticos, costuma-se adotar este valor também para a
permeabilidade do ar, cometendo-se um erro máximo da ordem de 10-4.
Devido a ordem de grandeza a permeabilidade ser baixa, é utilizada a permeabilidade
relativa, que expressa a relação entre a permeabilidade de um determinado material em
relação ao vácuo, conforme a seguir:

µ
µr = (2.4)
µ0

sendo:
µ = permeabilidade magnética;

µ r = permeabilidade magnética relativa;


µ o = permeabilidade magnética no vácuo.
22

2.1.3 Lei de Biot-Savart

Esta lei foi proposta por Jean-Baptiste Biot e Felix Savart1 como uma lei experimental.
É uma forma auxiliar de calcular o campo H em função da corrente elétrica que o gera.
Seja a figura 2.1, na qual se deseja calcular o campo H formado pela corrente elétrica
que passa através de um condutor de forma arbitrária.
O condutor infinito é dividido em vários pequenos elementos dl que possuem o
mesmo sentido da corrente. O vetor r é definido de um ponto do condutor até o outro ponto
onde se deseja calcular o campo magnético. O somatório dos diferenciais dH no ponto P nos
fornecerá o campo H criado pela corrente elétrica I.

dH
dl θ P
M r

Figura 2.1 - Definição de vetores para aplicação da Lei de Biot-Savat


Fonte: BASTOS, 1992.

A equação da Lei de Biot-Savart para o cálculo do campo H é a seguinte:

dl × r
dH = I (2.5)
4π .r 3
sendo:
I = corrente elétrica;
r = raio;
H = campo magnético;
l = comprimento do condutor.

1
Apesar de ser o seu feito mais famoso, a maior parte do trabalho de Savart relaciona-se à acústica.
23

Para a determinação da orientação do campo magnético, pode-se usar a regra da mão


direita conforme mostra a figura 2.2.

Figura 2.2 - Definição da orientação do campo magnético pela regra da mão direita
Fonte: SADIKU, 2004.

2.1.4 Lei circuital de Ampère

A Lei de Ampère, um caso especial da Lei de Biot-Savart, pode ser usada para calcular
o campo magnético originado de uma distribuição simétrica de corrente, muito mais
facilmente do que resolvendo as integrais da última (REITZ, 1982). A lei de Ampère está para
a lei de Biot-Savart assim como a lei de Gauss está para a lei de Coulomb na eletrostática.
Esta lei é considerada umas das mais importantes, pois ela descreve que a integral de
um campo magnético ao longo de qualquer caminho fechado deve ser igual à corrente
envolvida por este caminho conforme equação a seguir:

∫ H ⋅ dl = I
C
(2.6)

sendo:
I = corrente elétrica;
H = campo magnético;
l = comprimento do condutor.
24

Seja a figura 2.3 que representa a corrente elétrica I saindo do plano do papel, a qual
gera um campo magnético circular ao seu redor, no qual o sentido é dado pela regra da mão
direita.

dl

Figura 2.3 - Aplicação da Lei de Ampère


Fonte: BASTOS, 1992.

O módulo do campo magnético que envolve esta corrente pode ser facilmente obtido
aplicando-se a Lei de Ampère, resultando na equação a seguir:

I
H= (2.7)
2⋅π ⋅ r
sendo:
I = corrente elétrica;
r = raio do campo magnético circular;
H = módulo do campo magnético.

2.1.5 A lei de Faraday

Depois que Oersted, em 1820, demonstrou que correntes elétricas geram campos
magnéticos, Michael Faraday2 iniciou seus estudos. Mas somente em 1831, utilizando um
circuito magnético com dois enrolamentos, uma bateria, e um galvanômetro ele percebeu que,

2
O americano Joseph Henry descobriu a lei da indução de maneira independente, mas Faraday publicou seus
resultados antes.
25

ao fechar e abrir a chave da fonte de alimentação, o galvanômetro acusava uma corrente


elétrica. Com isto foi possível observar que, no instante em que a chave era ligada e desligada,
ocorria um transitório na corrente, fazendo com que esta aumentasse ou diminuísse seu valor
exponencialmente. Como o fluxo magnético varia juntamente com a corrente, pode-se
concluir que era a variação que induzia uma corrente no outro enrolamento (WOLSKI, 2005).
A equação (2.8) representa a Lei de Faraday, e mostra que a variação do fluxo
magnético gera uma força eletromotriz.


ε =− (2.8)
dt
sendo:
ε = força eletromotriz;
ϕ = fluxo magnético;
t = tempo.

O sinal negativo na equação (2.8) pode ser explicado pela Lei de Lenz, a qual diz que a
força eletromotriz induzida é tal que se opõe à variação de fluxo que a produziu. Esta é apenas
uma conseqüência da conservação de energia, pois se esta força não fosse oposta ao fenômeno
de origem, ter-se-ia um sistema no qual a energia seria criada indefinidamente, violando o
princípio da conservação de energia.
Esta força eletromotriz induzida é independente da maneira segundo a qual o fluxo
varia, ou seja, o valor da indução magnética B pode ser variado em vários pontos no interior
de um circuito (REITZ, 1986).

2.1.6 Perdas por histerese

Um material ferromagnético sob ação de um campo magnético de freqüência f possui


uma curva B(H), que pode ser genericamente representada pela figura 2.4.
26

Figura 2.4 - Ciclo B x H de histerese.


Fonte: BASTOS, 1992.

Para materiais duros (guardam uma indução remanescente significativa), como ímãs
permanentes, a curva possui uma grande área interna. Já os materiais doces (não guardam
uma indução remanescente significativa) possuem uma área menor, como por exemplo, as
chapas de ferro-silício3.
Segundo Bastos (1992), percorrer o ciclo de histerese significa fazer com que os
domínios de Weiss troquem suas polaridades, o que exige gastar uma quantidade de energia.
Uma vez que o campo H é extinto em materiais duros, os campos dos domínios tenderão a se
manter na mesma situação de alinhamento, formando a indução remanescente do ímã.

2.1.7 Indução

Em 1831, Faraday descobriu o parâmetro indução. Esta é uma característica de


campos magnéticos, e pode ser, de uma maneira geral, caracterizada como a forma pela qual a
energia é armazenada na presença de um fluxo magnético. Mesmo um circuito apresentando
características físicas e magnéticas, a indução não ocorrerá se não houver a variação de
corrente ou um fluxo magnético (DEL TORO, 1999).
Para o cálculo da tensão nos terminais de um indutor é usada a equação a seguir:

3
O ferro-silício é essencial na fabricação de aço, ferro fundido, e ligas especiais.
27

di
VL = L ⋅ (2.9)
dt
sendo:
Vl = tensão nos terminais de um indutor;
L = indutância;
i = corrente elétrica;
t = tempo.

Analisando a equação (2.9), pode-se verificar uma propriedade muito importante da


indutância: a corrente em um indutor não pode ser variada bruscamente, pois uma variação
di
pequena na corrente ( ) necessita que haja uma tensão infinita nos terminais do indutor, o
dt
que é impossível do ponto de vista físico.
Em uma bobina toroidal, em que o fluxo atravesse todas as suas N espiras, o
parâmetro indutância será dado pela equação a seguir:

ϕ
L=N (2.10)
I
sendo:
L = indutância;
N = número de espiras;
ϕ = fluxo magnético;
I = corrente elétrica.

Segundo Wolski (2005), e como mostra a equação (2.10), a indutância é o número de


enlaces de fluxo por unidade de corrente. Bobinas com geometrias diferentes, mesmo tendo o
mesmo número de espiras, possuem enlace de fluxo diferente. Para bobinas feitas com núcleo
que não seja ferromagnético, o valor da corrente não influi neste enlace, pois a corrente e
fluxo variam linearmente.
Seja a figura 2.5, na qual mostra um circuito magnético que possui duas bobinas com
N1 e N 2 espiras, sendo que a primeira é percorrida por corrente elétrica. Esta corrente fará
com que apareça um fluxo magnético no circuito que atravessará as N 2 espiras da segunda
bobina. Pode-se definir a indutância mútua como o número de vezes que o fluxo gerado pela
28

bobina 1 atravessa as espiras da bobina 2 por unidade de corrente conforme a equação (2.11).

ϕ
I1

V1 N1 N2 V2

Figura 2.5 - Circuito acoplado magneticamente.


Fonte: WOLSKI, 2005.

ϕ12
M = N2 (2.11)
I1
sendo:
M = indutância mútua;
N 2 = número de espiras do secundário;
ϕ 12 = fluxo magnético gerado pela bobina 1 que atravessa as espiras da bobina 2;
I 1 = corrente elétrica no primário.

Se a bobina for montada em um núcleo (ferromagnético ou não) de forma toroidal com


seção retangular h, raio interno a, raio externo b e N número de espiras como mostra a figura
2.6, sua indutância mútua será dada conforme equação (2.12).
29

Figura 2.6 - Bobina para determinação da indutância mútua. a) vista frontal do núcleo
toroidal. b) vista em corte mostrando a seção retangular.
Fonte: RAMBOZ, 1996.

µ0 ⋅ N ⋅ h a
M = ln (2.12)
2 ⋅π b
sendo:
M = indutância mútua;
µ o = permeabilidade magnética no vácuo;
N = número de espiras;
h = fluxo seção retangular;
a = raio interno;
b = raio externo.

2.2 A BOBINA DE ROGOWSKI

2.2.1 Princípio de funcionamento

A bobina de Rogowski se baseia no surgimento de um campo magnético quando um


condutor é submetido a uma corrente elétrica, segundo a Lei Circuital de Ampère, e na
indução de uma força eletromotriz, segundo a Lei de Faraday-Lenz (HOMRICHI; RUPPERT
FILHO; FREITAS, 2002).
30

Uma das principais características da bobina de Rogowski é o fato de não possuir um


núcleo ferromagnético, como é usual em bobinas. Com isto, sua resposta será linear em todos
os pontos de medição, não apresentando o efeito da saturação que ocorre em núcleos
ferromagnéticos. Entretanto, a não utilização do último, faz com que não haja uma
concentração do fluxo magnético em um determinado caminho; com isso, a bobina fica mais
vulnerável às interferências eletromagnéticas no meio no qual ela está instalada. Este
problema pode ser minimizado utilizando-se uma blindagem eletromagnética.
Com a ausência do núcleo ferromagnético, as perdas por histerese e por correntes
parasitas não existirão, fazendo com que a bobina possua um maior rendimento.
O sinal de resposta da bobina de Rogowski é um valor de tensão proporcional à
corrente a ser medida. Para se obter o valor de corrente, a tensão deve ser integrada e
multiplicada pelo inverso do valor da indutância mútua. A obtenção deste valor pode ser feita
de duas maneiras: com um amplificador operacional eletrônico, ou com a integração numérica
de algum software (RAMBOZ, 1996).
Como em um transformador de corrente (TC), a bobina de Rogowski possui um
enrolamento secundário, no qual é obtida a informação de corrente. Seu enrolamento primário
será o próprio condutor que se deseja obter o valor de corrente.
O circuito ideal, com o condutor primário e a bobina de Rogowski acoplados
magneticamente, é representado na figura 2.7. O lado esquerdo do circuito representa o
condutor no qual circulará a corrente a ser medida, e o lado direito representa a bobina que
fornecerá o valor de tensão proporcional ao valor de corrente no primário.

i1(t) i2(t)
M12

vi(t) L1 L2 vo(t)

Figura 2.7 - Circuito acoplado magneticamente da bobina de Rogowski.


Fonte: HOMRICHI, 2002.
31

Fazendo uma análise das duas malhas chega-se a relação entre a corrente do primário e
a tensão que é fornecida na bobina, conforme equações abaixo:

di1 ( t )
v o ( t ) = M 12 (2.13)
dt
1
M 12 ∫
i1 ( t ) = v o ( t )dt (2.14)

sendo:
v o = tensão que é fornecida pela bobina (saída);

M 12 = indutância mútua;
i1 = corrente do enrolamento primário;
t = tempo.

Pode-se analisar a relação do sinal de entrada com o de saída da bobina utilizando o


conceito de derivada. Sendo a força eletromotriz induzida definida pela Lei de Faraday na
equação (2.8), e sendo a corrente no primário i1 uma senóide, tem-se que o sinal de saída vo
será uma co-senóide invertida devido ao sinal negativo que aparece no cálculo da indutância
mútua, como mostra a figura 2.8, mostrando que a relação existente entre tensão no
secundário e corrente no primário da bobina é diferencial.

v,i

i1 vo

Figura 2.8 - Relação entre o sinal de entrada e o de saída da Bobina de Rogowski.


Fonte: RAMBOZ, 1996.
32

2.2.2 Modelagem da bobina de Rogowski

Homrich, Ruppert Filho e Freitas (2002), afirmam que a bobina de Rogowski pode ser
modelada pela Lei de Ampère, ou pela Lei de Biot-Savart. Estas duas formas fornecem
resultados muito bons, mas a lei de Biot-Savart apresenta um resultado mais preciso, por se
tratar de uma forma mais próxima da prática. As duas formas de calcular a bobina serão
mostradas e comparadas para a escolha do melhor método.

2.2.2.1 Modelagem pela lei circuital de Ampère

Pela Lei Circuital de Ampère é possível calcular o campo H gerado pela corrente i1 (t ) ,
considerando todas as contribuições diferenciais dl, que circula no condutor infinito conforme
figura 2.9 e expresso pela equação (2.15).

Figura 2.9 - Condutor infinito percorrido por corrente elétrica.


Fonte: HOMRICHI, 2002.

i1 ( t )
H= (2.15)
2 ⋅π ⋅ r
sendo:
H = modulo do campo magnético;
i1 = corrente elétrica passando pelo condutor;
r = raio do campo magnético circular;
t = tempo.
33

O módulo da indução magnética é dado substituindo-se a equação (2.15) na equação


(2.3) resultando na equação a seguir:

µ0 ⋅ i1 (t )
B= (2.16)
2⋅π ⋅ r
sendo:
B = módulo da indução magnética;
i1 = corrente elétrica passando pelo condutor;
µ o = permeabilidade magnética no vácuo;
r = raio do campo magnético circular;
t = tempo.

O fluxo magnético é calculado considerando-se um tubo de fluxo conforme figura


2.10. Este tem raio rt e está a uma distância r do condutor. A relação para se obter o fluxo
magnético em função da corrente no primário é dada pela equação (2.17).

Figura 2.10 - Cálculo do fluxo magnético considerando-se um tubo de fluxo.


Fonte: HOMRICHI, 2002.

µ0 ⋅ rt 2
ϕ (t ) = i1 (t ) (2.17)
2⋅r
sendo:
ϕ = fluxo magnético;
34

i1 = corrente elétrica passando pelo condutor;


µ o = permeabilidade magnética no vácuo;
r = raio do campo magnético circular;
rt = raio do tubo do fluxo considerado;

t = tempo.

Entretanto, o valor dado pela equação (2.17) será diferente do valor prático pois na
formulação o condutor é considerado infinito (HOMRICHI; RUPPERT FILHO; FREITAS,
2002).

2.2.2.2 Modelagem da bobina de Rogowski pela lei de Biot-Savart

Se a modelagem for conduzida pela Lei de Biot-Savart, os resultados estarão mais


próximos da prática, pelo fato de estar delimitado o tamanho do condutor (HOMRICHI;
RUPPERT FILHO; FREITAS, 2002).
Seja a figura 2.11 que representa um condutor com comprimento l, sendo percorrido
por uma corrente i1 e tendo como referência os eixos de coordenadas cartesianas. Desta
forma, o vetor R pode ser representado pela equação abaixo:

R = − xi + yj (2.18)

Figura 2.11 - Aplicação da Lei de Biot-Savart.


Fonte: HOMRICHI, 2002.
35

Com isso, pode-se definir o vetor unitário uR na direção de R e o elemento dl na


forma vetorial respectivamente pelas equações:

− xi + yj
uR = (2.19)
x2 + y 2

dl = dxi (2.20)
sendo:
u r = vetor unitário na direção do vetor R;
l = comprimento do condutor;
x = projeção do vetor R no eixo das abscissas;
y = projeção do vetor R no eixo das ordenadas.

Utilizando a Lei de Biot-Savart conforme a equação (2.21), os vetores definidos


anteriormente e fazendo todas as operações matemáticas pertinentes (integração considerando
os limites do condutor, produtos vetoriais e transformação em coordenadas cilíndricas), pode-
se calcular a indução magnética no ponto P2 como mostra a equação (2.22).

µ0 ⋅ i1 (t ) dl × a R
dB(t ) = ⋅ (2.21)
4⋅π | R |2

µ 0 ⋅ i1 (t ) l
B aθ (t ) = ⋅ (2.22)
4 ⋅π l
( )2 + r 2
2
Para o cálculo do fluxo magnético, consideramos o mesmo tubo de fluxo rt da figura
2.10 a uma distância r do centro do condutor. A relação é mostrada na equação a seguir:

µ 0 ⋅ rt 2 ⋅ i1 (t ) l
ϕ aθ (t ) = ⋅ (2.23)
4⋅r l
( )2 + r 2
2
sendo:
ϕ = fluxo magnético;
B = indução magnética;
36

µ o = permeabilidade magnética no vácuo;


l = comprimento do condutor;
rt = raio do tubo do fluxo considerado;
r = raio do campo magnético circular;
i1 = corrente elétrica passando pelo condutor;
t = tempo.

Comparando-se o método utilizando um condutor infinito, e um de comprimento l,


chega-se a um fator de divergência kd (%) , o qual mostra que a precisão da bobina tem
relação com o diâmetro da mesma e o comprimento do condutor ao qual ela será instalada.
Para que a bobina apresenta um erro de leitura menor que 1%, 0,5% e 0,1% por exemplo, a
l
relação não poderá ser inferior a aproximadamente 14, 20 e 45 respectivamente conforme a
r
figura 2.12 (HOMRICHI; RUPPERT FILHO; FREITAS, 2002).

Figura 2.12 - Fator de divergência percentual entre o comprimento do condutor e o raio da


bobina.
Fonte: HOMRICHI, 2002.
37

A relação para o cálculo do desvio entre a utilização de um condutor infinito e um de


comprimento l é dado pela equação (2.24). O desvio percentual é dado pela equação (2.25).

l
2 ( )2 + r 2
2
kd = (2.24)
l

kd (%) = (1 − kd ) ⋅ 100 (2.25)


sendo:
l = comprimento do condutor;
r = raio do campo magnético circular;
k d = fator de divergência.

2.2.3 Aspectos construtivos da bobina de Rogowski

A bobina de Rogowski, pela sua característica, apresenta um baixo valor de indutância


mútua, devido à ausência de um núcleo com material ferromagnético. Isto se torna um
problema, pois o valor de tensão no secundário da bobina é dependente da sua indutância
mútua. Por isso, este valor de indutância torna-se extremamente importante na sua construção,
principalmente para medição de baixas correntes, pois quando a corrente em seu primário é
baixa, a indutância mútua terá um baixo valor, e, com isso, a tensão também será de baixa
amplitude, dificultando a sua medida e fazendo com que sua precisão seja menor
(JINGSHENG et al. 2003). Para minimizar este problema, algumas medidas no aspecto
construtivo da bobina podem ser tomadas de forma a aumentar o seu valor de indutância
mútua. Duas formas de construção da bobina serão demonstradas e analisadas no decorrer do
capítulo.
A bobina de Rogowski pode ser construída com núcleo rígido ou flexível. Este última
é fechada em torno do condutor ao qual se deseja medir o valor de corrente, e é ideal para
situações na qual a medição não seja permanente, possibilitando a medição sem desconectar o
condutor. Um exemplo de bobina flexível é mostrado na figura 2.13.
38

Figura 2.13 - Bobina de Rogowski com núcleo flexível.


Fonte: HIGASHI, 2006.

Um cuidado essencial que se deve tomar neste tipo de construção é garantir que a
conexão da bobina seja bem feita para minimizar os efeitos de correntes externas.
Segundo Higashi (2006), a bobina com núcleo rígido é mais indicada para medidas de
maior exatidão, e para ser instalada de forma permanente. Por possuir maior indutância
mútua, a resposta de tensão na saída será também mais elevada. Duas bobinas de núcleo
rígido são apresentadas na figura 2.14 .

Figura 2.14 - Dois exemplos da Bobina de Rogowski com núcleo rígido.


Fonte: HIGASHI, 2006.

Na confecção da bobina, um fator primordial para um bom desempenho e precisão é a


simetria das espiras quando são enroladas. A ordem do enrolamento deve ser mantida
uniforme ao longo da bobina.
39

2.2.3.1 Bobina de Rogowski com enrolamento de única camada

A maneira mais simples de se construir a bobina de Rogowski é de forma que ela


possua um único enrolamento, como pode ser observado na figura 2.15. Com isto, a bobina
terá baixos valores de indutância mútua e de resistência em série, necessitando de muitas
espiras em torno do seu núcleo, dispostas usualmente de forma helicoidal. Os valores de
indutância normalmente obtidos estão na faixa de 0,1 a 1,0 µH (RAMBOZ, 1996).

Figura 2.15 - Bobina de Rogowski.


Fonte: HOMRICHI, 2002.

Para amenizar as interferências de outros equipamentos no valor da tensão de saída da


bobina, um enrolamento de compensação é inserido ao longo do centro do núcleo como
indicam as setas do enrolamento na figura 2.6 (ABDI-JALEBI; MACMAHON, 2005).

2.2.3.2 Bobina de Rogowski com enrolamento de múltiplas camadas

Segundo Ramboz (1996), o enrolamento de múltiplas camadas é melhor para a


medição de baixas correntes, e, na sua construção, estes devem ser dispostos uns sobre os
outros, e deve ser tal que metade das camadas tenham um sentido de enrolamento, e a outra
metade, o sentido inverso. Os problemas de baixa indutância que ocorrem em enrolamentos
de uma única camada são resolvidos, ficando em torno de 1,0 a 10 µH.
Um problema apresentado neste tipo de enrolamento está no aumento da capacitância
parasita com o aumento da freqüência. As perdas crescem de forma quase linear com o
40

aumento do número de espiras. Sendo assim, este tipo de enrolamento é mais adequado no
uso em sinais de menores freqüências, em que essa perda pode ser desprezada.

2.2.4 Amplificador operacional da bobina de Rogowski

Segundo Pertence Jr (1988), o amplificador operacional é um amplificador CC


multiestágios, com entrada diferencial, cujas características se aproximam das de um
amplificador ideal.
Sua aplicação se dá nas mais diversas áreas da eletrônica industrial, computadores,
instrumentação etc.
A simbologia adotada ao amplificador operacional segue conforme figura 2.16.

Figura 2.16 - Simbologia do amplificador operacional.


Fonte: PERTENCE JR, 1988

Na figura 2.16, os números 1, 2 e 3 representam respectivamente: entrada inversora,


entrada não-inversora e saída.

2.2.4.1 Tensão de offset de saída

A tensão de offset de saída ocorre devido aos transistores do estágio diferencial da


entrada do amplificador operacional (AOP) não serem idênticos.
O ajuste deste valor de offset tem grande importância quando se trabalha com tensões
na ordem de milivolts, como em equipamentos para instrumentação.
41

Devido ao fato da tensão de offset de entrada ser uma tensão contínua, esta pode se
tornar uma grande fonte de erros no amplificador. Existem alguns métodos para se anular
esta tensão, sendo o ajuste interno o mais recomendado pelos fabricantes. Entretanto, este
ajuste somente é possível se o circuito integrado (CI) apresentar terminais para tal fim. Sendo
esta condição atendida, utiliza-se um resistor nos terminais de ajuste para eliminar este
problema (GRUITER, 1988).

2.2.4.2 Ganho de um amplificador operacional

O ganho do amplificador operacional ( Ga ), é obtido fazendo-se a relação entre o sinal


de entrada e o sinal de saída conforme equação a seguir:

Ei
Ga = (2.26)
Eo
sendo:
Ga = ganho do amplificador operacional;
E i = sinal de tensão de entrada;

E o = sinal de tensão de saída.

2.2.4.3 Características ideais de um amplificador operacional

• Ganho de tensão infinito


• Resposta em freqüência ampla para não haver cortes ou atenuações nos sinais.
• Não apresentar sensibilidade às variações de temperatura.
• Resistência de entrada muito alta.
• Resistência de saída baixa.

2.2.4.4 Amplificador operacional integrador adotado na saída da bobina

Devido à forma de onda na saída da bobina de Rogowski, como mostrado na figura


2.8, ser proporcional à derivada da corrente no primário, para esta poder ser observada em um
osciloscópio, por exemplo, deve-se integrar o sinal de saída, e, com isso, obter a forma
42

equivalente da onda no primário. A topologia usada convencionalmente em um amplificador


operacional integrador é mostrada na figura 2.17.

Figura 2.17 - Topologia do amplificador operacional inversor.


Fonte: PERTENCE JR, 1988
A tensão v2 de saída do amplificador integrador é dada pela equação (2.27).

1
v2 = −
RC ∫ V dt
1 (2.27)

sendo:
V1 = tensão de entrada;
v 2 = tensão de saída;
t = tempo;
R = resistência série da entrada inversora;
C = capacitância paralela.

Entretanto, por se tratar de uma aplicação prática, paro uso na bobina, o amplificador
deverá ter um resistor em paralelo com o capacitor. A razão da introdução deste resistor se
deve ao fato de que se a realimentação for apenas feita com o capacitor, ocorrerá um ganho de
malha fechada muito alto para o componente contínuo; logo, haveria uma integração da
tensão de offset de entrada. Em geral, o resistor R2 deverá ter o valor de alguns quilo-ohms,
adotando-se que ele tenha um valor de pelo menos dez vezes o valor do resistor R1 . O
amplificador operacional prático é mostrado na figura 2.18.
43

Figura 2.18 - Amplificador operacional inversor prático.


Fonte: PERTENCE JR, 1988.

Analisando-se a freqüência, tem-se que, se a mesma for menor que a freqüência de


corte ( f c ), o amplificador operacional se aproxima de um amplificador inversor simples. Se a
freqüência de trabalho for maior que a de corte, o amplificador trabalhará no modo inversor.
Em geral, se faz a constante de tempo R2 C 1 igual ao período do sinal de entrada a ser
integrado.
A fórmula para o cálculo da freqüência de corte é mostrada na equação a seguir:

1
fc = (2.28)
2πR2C1
sendo:
f c = freqüência de corte;

R2 = resistência paralela;
C 1 = capacitância paralela.

A função de transferência do amplificador operacional é mostrada na equação (2.29), e


permite analisar o ganho em dB para determinados níveis de freqüência e seu deslocamento
de fase.
44

VO' R2
= (2.29)
VO R1 ( R2 C1 s + 1 )
sendo:
VO' = tensão de saída;

VO = freqüência de entrada;

R1 = resistência série da entrada inversora;


R2 = resistência paralela;
C 1 = capacitância paralela.
45

2.3 METROLOGIA

2.3.1 Introdução

Um meio de se determinar uma variável ou grandezas físicas, pode envolver artifícios


próprios da pessoa que efetua a medição, como, por exemplo, medir distância por meios de
passos, ou medir a temperatura de algum objeto utilizando as mãos. Porém, para termos
certeza do valor medido, necessitamos de instrumentos que nos dêem esse valor, baseado em
algum padrão. Esses instrumentos servem como “extensão das faculdades humanas” que
envolvem o processo da medição.
O processo de medida envolve alguns requisitos que o operador do instrumento deve
conhecer, como os termos empregados em metrologia que são necessários para a interpretação
dos resultados, e serão descritos a seguir (LIRA 2001).

2.3.2 Terminologia

• Instrumento: aparelho que serve para determinar o valor de uma grandeza ou variável,
podendo ser utilizado sozinho ou em conjuntos com outros aparelhos;
• mensurando: objeto de medição, grandeza específica submetida à medição;
• resultado de uma medição: valor atribuído a um mensurando obtido através de uma
medição
• indicação: valor de uma grandeza fornecida por um instrumento de medição;
• resultado não corrigido: resultado de uma medição antes da correção dos erros
sistemáticos:
• resultado corrigido: resultado de uma medição após a correção dos erros sistemáticos:
• exatidão de um instrumento: capacidade de um instrumento de medição de fornecer
valores próximos aos tomados como verdadeiros;
• fator de correção: fator numérico pelo qual o resultado não corrigido de uma medição é
multiplicado para compensar um erro sistemático;
• ajuste de um instrumento: operação destinada a fazer com que um instrumento de medição
tenha desempenho compatível com o seu uso;
• classe de exatidão: classe de instrumentos de medição que atendem certas exigências
metrológicas destinadas a conservar os erros dentro de certos limites.
46

• sensibilidade: relação entre o sinal de saída ou resposta do instrumento e a variação do


sinal de entrada ou valor medido;
• resolução: menor diferença entre indicações do dispositivo mostrador que pode ser
percebida;
• faixa de medição: conjunto de valores de um mensurando para o qual admite-se que o erro
de um instrumento de medição mantém-se dentro dos limites especificados;
• tendência: erro sistemático de um instrumento de medição:
• repetitividade: aptidão de um instrumento de medição em fornecer indicações muito
próximas, em repetidas aplicações de um mensurando, sob as mesmas condições de
medição.

2.3.3 Precisão e exatidão

O termo precisão não é utilizado em metrologia. A exatidão e precisão eram


consideradas características de um processo de medição. A exatidão estava associada à
proximidade ao valor verdadeiro, e a precisão à dispersão de valores tomados em uma série de
medidas. Porém hoje, quando tivermos um instrumento utilizado sob as mesmas condições,
por um mesmo operador, num mesmo local e num intervalo de tempo razoavelmente
pequeno, essa dispersão, em termos quantitativos, pode ser expressa pela repetitividade.
(LIRA 2001).
Uma forma de expressar essa grandeza em números é através da relação entre o desvio
padrão e a média dos valores medidos, o desvio padrão é calculado segundo a equação (2.30).

σ=
∑ ( Xi − X ) 2

N ef − 1
(2.30)
Sendo:
σ = Desvio Padrão;
X = média dos valores medidos;
Xi = valor da medida genérica;
N ef = número de medidas efetuadas.
47

Analisado um conjunto de medições feitas de um mesmo mensurando, sob as mesmas


condições, pode-se encontrar valores muito distantes da média. A tendência natural é
descartar-se o valor, caso não seja possível repetir a medição; porém, para se rejeitar um
valor, deve-se usar um critério matemático, como o critério de Chavenet.
Uma das formas de se implementar tal critério é descrita na equação (2.31), na qual se
determina o número de desvios padrão que a medida difere da média. Compare-se esse
número a um critério de rejeição, segundo a tabela 2.1.

Xi − X
λ= (2.31)
σ

sendo:
λ = número de desvios padrão que a medida difere da média;
σ = desvio padrão;
X = média dos valores medidos;
Xi = valor da medida genérica.

Tabela 2.1 – Número de medidas x RC.


Fonte: Lira (2001, p. 23)

Número RC Número RC Número RC


medidas medidas Medidas
2 1,15 10 1,96 18 2,20
3 1,38 11 2,00 19 2,22
4 1,53 12 2,04 20 2,24
5 1,64 13 2,07 21 2,26
6 1,73 14 2,10 22 2,28
7 1,80 15 2,13 23 2,30
8 1,86 16 2,15 24 2,31
9 1,91 17 2,18 25 2,33

sendo:
RC = critério de rejeição.
Portanto, o valor de Xi é considerado aceitável se λ ≤ RC.
48

2.3.4 Erros de medição

O erro absoluto pode ser definido como o valor medido menos o valor tido como
verdadeiro de determinado mensurando, ou seja, a diferença algébrica entre o valor medido e
o valor real, como mostra a equação a seguir:

E = Va Ind . − VaVer . (2.32)


sendo:
E = erro absoluto;
Va Ind . = valor medido;

VaVer . = valor tido como verdadeiro.

Portanto, o valor verdadeiro pode ser expresso conforme a equação (2.33).

Va Ind . − E ≤ VaVer . ≤ Va Ind . − E (2.33)


sendo:
E = erro absoluto;
Va Ind . = valor medido;

VaVer . = valor tido como verdadeiro.

O valor de E é chamado de limite superior de erro absoluto, limite máximo de erro


absoluto, ou simplesmente, erro absoluto.
Se o valor medido encontrado é maior que o valor verdadeiro, diz-se que foi cometido
erro por excesso; já quando o valor medido é menor que o verdadeiro, o erro foi por falta.
Outra forma de verificar o erro, é analisarmos o erro relativo que é dado pela equação
a seguir:

E
Er = (2.34)
VaVer .

sendo:
Er = erro relativo;
E = erro absoluto;
49

VaVer . = valor tido como verdadeiro.

Se conhecermos a natureza e a grandeza do erro de medição, é possível trabalhar a


medida, a fim de limitá-lo e torná-la mais confiável. Porém, para efetuar uma medição,
precisamos conhecer, no mínimo, três tipos de erro que influenciam no processo de medição,
ao quais são classificados conforme suas causas ou origens. Segundo Lira (2001) e Medeiros
Filho (1981), os erros são classificados como sistemático, aleatório e grosseiro.

2.3.4.1 Erro sistemático

É a diferença entre a média de infinitas medições de um mesmo mensurando, e o valor


verdadeiro do mesmo, quando respeitadas as condições de repetitividade. Muitas vezes o erro
sistemático não é constante entre determinados limites de operação, o que o torna de difícil
previsão. Como a obtenção de infinitos valores é impossível, adota-se uma certa quantidade
de medições, e calcula-se a média aritmética, admitindo-se que a média dos infinitos termos
tenderia ao valor calculado. A causa desse tipo de erro é ocasionado por vários fatores, como
o desgaste do sistema de medição, ajuste, fatores construtivos, método de medição, condições
ambientais, entre outros. A construção e aferição de um instrumento nunca são perfeitas; há
também a diferença na análise do circuito teórico e seu funcionamento prático; muitas
hipóteses da teoria não são realizáveis na prática.

2.3.4.2 Erro aleatório

É a diferença entre o resultado de uma medição e a média de infinitas medições de um


mesmo mensurando, quando respeitadas as condições de repetitividade. Para um grande
número de medições observa-se que há variação em torno de um valor médio de forma
imprevisível. Como é impossível obtermos um número infinito de medições, apenas estima-se
o erro aleatório. Esses erros são causados por atritos, vibrações, flutuações da rede,
instabilidade interna, condições ambientais, entre outros.
50

2.3.4.3 Erro grosseiro

O erro grosseiro não está definido no vocabulário internacional de medidas, pois são
decorrentes de fatores externos e não aos instrumentos. A origem desses erros se deve a
leitura errônea, manipulação indevida, anotação errada, etc. Eliminar esses erros
completamente é impossível, porém as suas causas devem ser detectadas e reduzidas,
principalmente através de treinamento e conscientização do pessoal envolvido na medição.
Uma forma de evitá-lo é através da repetição do ensaio pelo mesmo, ou outro operador.

2.3.5 Padrão de medida

Qualquer unidade de medida tem uma definição, tomada como uma unidade ideal ou
parte do SI, e uma realização, atingida por meio de experiências executadas por um
laboratório nacional, cujos resultados sejam o mais próximos da definição, além de uma
representação. Quando é obtida a realização, o laboratório mantém esse valor como
representação da unidade, sendo um padrão para comparar-se com outras representações.
Segundo Lira (2001, p. 55) a unidade e o padrão de corrente elétrica é definido da
seguinte forma:
o Ampère (sic) é a unidade de base para eletricidade no SI, sendo as
definições de Volt e Watt suas unidade derivadas. O SI definiu o Ampère
(sic) como uma corrente constante que, ao passar por dois condutores
paralelos de seção transversais desprezível e separados entre si por uma
distancia de 1m, produz entre esses dois condutores uma força de 2x10-7 N /
m por metros de comprimento destes condutores. Pela definição, o ampère
(sic) é uma unidade do SI difícil de ser realizada, portanto não há ainda
nenhum padrão para sua representação. Aplica-se nesse caso a lei de Ohm.

2.3.6 Especificação de um instrumento

Todo instrumento tem certas características especificadas pelo fabricante, as quais


definirão a fidelidade dos valores da medida executada. Algumas dessas características serão
definidas a seguir.
A exatidão, que já foi definida anteriormente, pode ser expressa de quatro maneiras
diferentes. Uma das formas é expressá-la em termos do percentual de leitura, segundo a
equação a seguir:
51

Va Ind . − VaVer .
E% = x100 (2.35)
Va Ind .
sendo:
E% = erro percentual de leitura;
Va Ind . = valor medido;

VaVer . = valor tido como verdadeiro.

Outra forma de expressar a exatidão, geralmente empregada em equipamentos digitais,


é de quantas unidades o erro é maior que a menor leitura do instrumento, sendo o dígito
menos significativo considerado como a menor leitura. Por exemplo, um multímetro 3 ½
dígitos tem o digito mais significativo igual a 0 ou 1, e três dígitos de 0 a 9.
O tempo de resposta é definido como o intervalo de tempo em que a entrada é
submetida a uma variação brusca e o instante em que o valor de saída responde a esse
estímulo, permanecendo dentro dos limites especificados em torno do seu valor estável final.
A maioria dos instrumentos de alta exatidão são confeccionados para trabalhar em
determinada faixa de temperatura e umidade, sendo que a performance do equipamento não
será satisfatória quando operar fora desses limites.

2.3.7 Calibração e ajuste

Segundo o vocabulário internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia, a


calibração ou aferição consiste em um conjunto de operações, realizadas sob as mesmas
condições, destinadas a definir uma relação entre o valor indicado pelo instrumento de
medição, e o valor aceito como padrão de determinado mensurando. A calibração é efetuada
por laboratórios que seguem normas especificas, e são credenciados por órgãos responsáveis.
O ajuste de um instrumento de medição é um procedimento cujo objetivo é fazer com
que o instrumento tenha um desempenho compatível com um determinado uso, ou seja, que
expresse valores de medidas dentro dos limites de erros aceitáveis para o uso em questão. A
regulagem também é um tipo de ajuste, porém feita pelo próprio usuário através de recursos
externos do instrumento, enquanto o ajuste deve ser feito por um técnico especializado.
A calibração, e se for necessário um ajuste, deve ser feita conforme exige o processo
no qual está sendo usado o instrumento; por exemplo, equipamentos que são usados para
controlar a qualidade de certos produtos devem ser calibrados sempre que apresentarem
dúvida quanto às certeza das medições, ou entre períodos pré-determinados.
52

2.3.8 Interferências em medições

As principais fontes de perturbações eletromagnéticas segundo Kouyoumdjian (1998)


são harmônicos, interarmônicos, flutuações de tensão, quedas de tensão e interrupções
momentâneas, desequilíbrio de tensão trifásica, transmissão de sinais pela rede, variações de
freqüência de alimentação, perturbações transitórias, surtos de tensão e corrente, descargas
eletrostáticas, campos magnéticos e campos eletromagnéticos.
Os equipamentos eletrônicos, que estão cada vez mais presentes na nossa vida, são
bastante sensíveis a interferências eletromagnéticas; portanto, a proximidade desses
equipamentos a sistemas de tensão ou correntes elevadas, exige certos cuidados quanto a
possíveis interferências. Uma das técnicas mais utilizadas para solucionar esse tipo de
problema é a blindagem eletromagnética (MATIAS, 2001)
Toda instalação, seja de baixa ou alta potência, é uma fonte de campos
eletromagnéticos, os quais podem ser de alta ou baixa freqüência. Os de baixa freqüência são
causados pela corrente e tensão presente nos circuitos; já os de alta freqüência devem-se aos
diversos tipos de chaveamento existente nos sistemas elétricos.
A blindagem é um obstáculo que se insere entre dois pontos com o objetivo de
proteger um equipamento ou instalações contra a ação desses campos, ou minimizar a
propagação a partir de determinada fonte. Ela pode ser construída de materiais
ferromagnéticos, condutores não magnéticos, ou ainda a combinação de ambos.
Nos sistemas de medição de alta exatidão, que envolvem mais de um instrumento,
devem-se tomar certos cuidados quanto à eliminação de determinadas interferências. Um dos
modos é o aterramento dos pontos comuns, que apesar de simples, pode evitar erros de
medidas e situações perigosas ao operador. Outro modo é a blindagem contra radiações
eletromagnéticas, principalmente as radiações de baixa freqüência, muito presentes próximos
a equipamentos do sistema de potência. A blindagem contra campos elétricos pode ser
confeccionada inserindo-se chapas metálicas entre a fonte do campo e o circuito de medição,
usando-se materiais de alta condutividade; porém, a eficácia é maior quando blindado
separadamente e aterrada a fonte e o sistema de medição. Já para interferências devido ao
campo magnético, têm-se duas soluções: diminui-se a área na qual a interferência esta sendo
captada, ou diminui-se a intensidade do campo, utilizando-se aí, materiais de alta
permeabilidade.
53

2.4 TRANSFORMADORES PARA INSTRUMENTO

2.4.1 Introdução

Transformadores para instrumentos são aparelhos destinados a alimentar instrumentos


elétricos de medição ou proteção, podendo ser de dois tipos: o transformador de potencial e o
de corrente.
Segundo Medeiros Filho (1997), o transformador em si é um aparelho elétrico estático
que recebe e fornece energia elétrica, com a finalidade de adequá-la para devidos fins. Esse
aparelho é constituído basicamente por dois circuitos elétricos acoplados por um circuito
magnético, como mostra a figura 2.19. O circuito chamado primário recebe energia de uma
fonte de corrente alternada; o outro circuito é chamado de secundário, o qual fornecerá
energia, mantendo-se constante a freqüência e geralmente adequando níveis de tensão,
alimentado uma carga. Os dois circuitos elétricos são constituídos por bobinas de fio,
geralmente de cobre de alta pureza, com número de espiras do primário diferente do número
de espiras do secundário. O circuito magnético é chamado de núcleo, formado por chapas de
ferro-silício justapostas, cuja finalidade é o acoplamento magnético entre o primário e o
secundário

Primário
Secundário

Carga
Fonte AC

Circuito
Magnético
Figura 2.19 - Transformador elementar.
Fonte: MEDEIROS FILHO, 1997.

O transformador de potencial (TP) é um instrumento destinado a alterar níveis de


tensão, geralmente para diminuí-los, sendo o primário, de alta impedância, ligado em paralelo
ao circuito que se queira medir a tensão, e seu secundário irá alimentar as bobinas de
potencial dos instrumentos de medição, proteção ou controle.
54

2.4.2 Transformadores de corrente

Por sua vez, o transformador de corrente (TC) é um instrumento destinado a alimentar


as bobinas de corrente de outros instrumentos, cuja isolação é feita para um potencial baixo e
que a corrente não exceda poucos amperes; normalmente seu primário está ligado em série
com o circuito que se deseja medir, sendo esse com nível de corrente ou tensão muito altos. A
corrente que percorre o secundário depende apenas da corrente do primário e é geralmente de
amplitude menor. Como o TC é construído para alimentar instrumentos de baixa impedância,
diz-se que eles trabalham curto-circuitados, e, como já visto, a ocorrência da abertura do
circuito secundário, sobretensões perigosas aparecerão nos seus terminais.
A figura 2.20 representa esquematicamente um transformador de corrente, cujo
número de espiras no primário, com condutores de grande secção ou podendo ser o próprio
condutor do circuito, é menor que o número de espiras no secundário, com condutores secção
bem menor. Conseqüentemente, a corrente no secundário será menor que a do primário, por
isso chamado de elemento “redutor de corrente”, pois uma corrente de alto valor I1 é reduzida
para um valor menor I 2 .

Carga
I1
N1

TC

N2
I2
A

Figura 2.20 - Transformador de corrente.


Fonte: Medeiros Filho, 1997.

Desta afirmação tiramos a relação do transformador ideal, cuja relação entre o


número de espiras do transformador é inversamente proporcional à relação entre a corrente
primária e secundária, segundo a equação (2.36) (SELMON, 1974).
55

I 2 N1
= (2.36)
I1 N 2

sendo:
I 1 = corrente que circula no circuito primário;
I 2 = corrente que circula no circuito secundário;
N 1 = número de espiras do circuito primário;
N 2 = número de espiras do circuito secundário.

Os TCs de medição são projetados e confeccionados tendo como base a corrente do


secundário de 5 A, sendo que a corrente do primário nominal será de acordo com a ordem de
grandeza da corrente do circuito no qual o equipamento será inserido. Portanto, toda relação
de transformação sempre terá o denominador de valor 5. Isto implica que ao circular a
corrente nominal no circuito, no qual o TC esta conectado, circulará uma corrente de 5 A no
secundário desse. Logicamente, se a corrente no primário for menor, a corrente no secundário
também o será. Em contrapartida, para um TC de medição, se a corrente do primário for
maior que a nominal, a relação de transformação passará a não linearidade devido à saturação
do núcleo ferromagnético; a relação dessa corrente pela nominal define uma característica
chamada de fator térmico do TC.

2.4.3 Relações de um TC

Segundo Medeiros Filho (1997), podem-se distinguir três relações nos


transformadores de corrente, sendo a relação nominal, real e o fator de correção de relação.
A relação nominal é a relação entre a corrente nominal do primário e a corrente
nominal do secundário, como mostra a equação (2.37), valores para os quais o equipamento
foi projetado e construído. Portanto, essa relação é um dado do fabricante, e geralmente está
impressa na placa de identificação do TC. Na prática esse número é igual à relação de
transformação ideal.

I 1n
= Kc (2.37)
I 2n
56

sendo:
I 1n = corrente nominal do primário;

I 2 n = corrente nominal do secundário;

Kc = relação de transformação nominal.

Já a relação real, como o próprio nome sugere, é a relação entre o valor exato da
corrente que percorre o circuito primário e o valor exato da corrente que aparecerá no circuito
secundário, como é mostrado na equação (2.38).

I 1r
= Kr (2.38)
I 2r

sendo:
I 1r = corrente real que circula pelo primário;
I 2 r = corrente real que circula pelo secundário;
Kr = relação de transformação real.

Como o TC é um equipamento eletromagnético, o Kr não será constante como o Kc, e


também será diferente para cada valor de carga que se colocar no TC. Porém os TCs são
construídos com materiais de ótima qualidade de tal forma que a relação Kr permanece dentro
de limites especificados, dependendo do emprego do equipamento.
O fator de correção de relação é um número pelo qual deve ser multiplicado o Kc do
TC para se obter o Kr, como observamos na equação (2.39).

Kr
= Fcr (2.39)
Kc

sendo:
Kr = relação de transformação real;
Kc = relação de transformação nominal;
Fcr = fator de correção de relação.
57

Logo se observa que para cada valor de corrente têm-se um Fcr diferente. Portanto,
determina-se uma faixa de variação para o Fcr, a qual servirá para determinar a classe de
exatidão do TC.
Segundo Medeiros Filho (1997), a queda de tensão no primário pode ser
desconsiderada, já que o a impedância desse enrolamento é muito baixa. Essa observação
indica que o TC pode induzir dois tipos de erro, o erro de relação,indicado na equação (2.40),
e o erro de fase. Conforme Slemon (1974), o erro de fase só é levado em consideração para
medição de energia, não levado em consideração para medir simplesmente a corrente elétrica.


Kc * I 2 r − | I 1r |
Ec = →
(2.40)
| I 1r |

sendo:
Ec = erro de relação do TC;
Kc = relação de transformação nominal;
I 1r = corrente real que circula pelo primário;
I 2 r = corrente real que circula pelo secundário;

Ao se medir apenas corrente elétrica através de um TC levamos em conta apenas o


Fcr; porém, para se medir parâmetros que dependam além do módulo de tensão e corrente, a
ângulo entre essas grandezas, leva-se em consideração o fator de correção de transformação
Fct, que irá corrigir o erro causado pelo ângulo de fase do equipamento.
Para um dado Fcr conhecido de um TC, os limites positivos e negativos do ângulo de
fase, em minutos, são dados pela equação (2.41), na qual o Fct varia de seus valores máximos
ao mínimo.

β = 2600( Fcr − Fct ) (2.41)

sendo:
β = ângulo de fase do instrumento;
Fcr = fator de correção de relação;
Fct = fator de correção de transformação.
58

A influência da corrente de excitação e corrente primária nos TCs é responsável por


grande parte dos erros desse instrumento. A corrente de excitação é responsável pelo erro de
relação e de fase se a mesma não existisse, o TC seria ideal. Na prática, núcleos toroidais sem
entreferro e fabricado com ligas especiais, reduzem ao máximo a influência dessa componente
no erro do TC. Nos TCs, a corrente de excitação varia de acordo com a primária, e esta, por
sua vez, de acordo com a corrente de carga do primário. O gráfico 2.2 indica a relação entre a
corrente primária e de excitação, mostrando que quanto menor for a corrente primária, maior
será a influência da corrente de excitação no erro de relação e fase.

I1
100% de I1n

50% de I1n

10% de I1n

0,3% 0,8% 1,0% Io


Io tomada como percentual de I1n

Figura 2.21 - Corrente primária x corrente de excitação.


Fonte: MEDEIROS FILHO, 1997.

2.4.4 Classe de exatidão em um TC

Os erros de relação e fase de um TC variam conforme a corrente no primário e o tipo


de carga conectada ao secundário, além de variações de freqüência e forma de onda.
Devido a essa variação do erro, a NBR 6856/1992, classifica os TCs para serviço de
medição nas seguintes classes de exatidão: 0,3; 0,6; 1,2 e 3.
59

Para que um TC esteja dentro das classes de exatidão 0,3; 0,6 e 1,2 especificada, em
determinadas condições, o erro de relação ou seu fator de correção de relação e o ângulo de
fase deve estar dentro do paralelogramo de exatidão representado nas figuras 2.22, 2.23 e 2.24
respectivamente. O paralelogramo interno refere-se a 100% da corrente nominal do TC, e o
externo a 10% da corrente nominal.
A classe de exatidão 3 não é usada para medição de potência ou energia, pois não tem
limite de ângulo de fase. Portanto, nesse TC, a classe de exatidão é atendida, quando o fator
de correção de relação ficar compreendido entre 1,03 e 0,97.

Figura 2.22 - Limite de exatidão para TC classe 0,3.


Fonte: COPEL, 1992.
60

Figura 2.23 - Limite de exatidão para TC classe 0,6.


Fonte: COPEL, 1992.

Figura 2.24 - Limite de exatidão para TC classe 1,2.


Fonte: COPEL, 1992.
61

A tabela 2.2 resume a aplicação dos TCs segundo a classe de exatidão.


Tabela 2.1 – Aplicação dos TCs segundo a classe de exatidão.
Fonte Medeiros Filho, 1997.

Classe de Exatidão Aplicações


Melhor que 0,3 • TC padrão.
• Medições em laboratório.
• Medições especiais.
0,3 • Medições de energia elétrica com faturamento a consumidor.
0,6 ou 1,2 • Medição de energia elétrica sem finalidade de faturamento.
• Alimentação de instrumentos de controle:
− amperímetros;
− wattímetros;
− varímetros;
− fasímetros; etc.

Os ensaios para TCs são descritos na NBR6821/1992. Para os ensaios de exatidão, a


freqüência e a forma de onda da tensão devem ser fiéis às condições normais; as cargas
devem ser constituídas de tal forma que as alterações normais dos parâmetros acima
relacionados, ou outras condições externas, não alterem os valores de resistência e indutância.
Esses valores nominais são determinados pela NBR6856/1992. Os TCs devem ser
desmagnetizados para realização desse ensaio, exceto quando houver necessidade de verificar
a corrente de magnetização residual.
Existem vários métodos para execução desse ensaio; um deles é o método comparativo
no qual o circuito do primário é ligado em série com um TC padrão; os secundários também
são ligados em série, de modo a somarem suas tensões; essa diferença é verificada por um
circuito em ponte adequado para medição.
62

3 DESENVOLVIMENTO

A construção da bobina foi executada utilizando um núcleo de material não ferro


magnético, o qual serve apenas de suporte mecânico para as espiras, como visto no capítulo 2.
Uma grande variedade de materiais poderia ser usada para esse fim. Porém, por razões de
praticidade de obtenção e por ser um material fácil de se trabalhar do ponto de vista mecânico,
foi utilizado o policarbonato, chamada bobina N.°1. O núcleo desse protótipo foi construído
por chapas justapostas de policarbonato com espessura de 3 milímetros. Por razões que serão
vistas no decorrer do capítulo, foi construída uma segunda bobina rígida, com comprimento
maior, na qual foi usado um núcleo de nylon maciço, chamada bobina N.°2.
Os protótipos desenvolvidos são mostrados nas figuras 3.1 e 3.2

Figura 3.1 - Protótipo bobina N.°1 .

Figura 3.2 - Protótipo bobina N.°2 .


63

As dimensões dos núcleos e o número de espiras de ambas as bobinas foram definidas


com o objetivo de obter um sinal de tensão na saída que não fosse muito baixo. Este sinal de
tensão baixo é uma característica inerente à bobina de Rogowski, portanto, este se torna um
fator crucial no desenvolvimento do projeto. Valores muito baixos de tensão são de difícil
mensuração, o que poderia comprometer a exatidão das medições.
Outro aspecto definido foi à faixa de medição na qual se enquadrariam os
instrumentos. Foi adotada a faixa de 0 A à 50 A. Mesmo a bobina podendo medir desde
alguns ampéres até milhares de ampéres, com esta faixa escolhida de trabalho é possível
verificar todas as suas características e comportamentos a variação das medições, bem como
se torna mais prático, pois uma fonte de altas correntes se tornaria um empecilho ao
andamento do projeto.

3.1 DIMENSÕES DA BOBINA

3.1.1 Introdução

Para que o sinal de saída fique na casa dos milivolts, e por razões construtivas (bobina
não fique com uma forma muito grande), nos dois protótipos montados foi definido que o
diâmetro externo do toróide tivesse no máximo 100 mm. Para viabilizar a confecção do
enrolamento, ou seja, um espaço para o qual fosse possível realizar o enrolamento e no qual
fosse possível passar o condutor ao qual de deseja medir com certa folga, foi definido que o
diâmetro interno deveria ter a dimensão de aproximadamente 40 mm.
Após trabalhar os núcleos das bobinas, corrigindo imperfeições, os diâmetros internos
e externos ficaram respectivamente com 38 mm e 96 mm.

3.1.2 Condutor e Número de espiras

Para a construção das espiras foi usado fio de cobre esmaltado 28 AWG. A capacidade
de condução de corrente do mesmo não foi um fator significante na escolha, pois a corrente
circulante nos enrolamentos da bobina é muito baixa. Portanto, a utilização dessa bitola se
deve principalmente ao fato de um condutor com seção transversal menor proporcionar uma
maior quantidade de espiras na bobina, e por conseqüência, uma maior tensão induzida na
saída da bobina. Outro fator importante é a maleabilidade do condutor, proporcionando uma
facilidade na construção.
64

Esse condutor tem um diâmetro de aproximadamente 0,32 mm, porém este não é
uniforme em toda a extensão do condutor, devido a principalmente imperfeições no esmalte
isolante. Foram efetuadas varias medições, com auxílio de um micrômetro, em 2 metros do
condutor, chegando a um valor médio de 0,3228 mm. Com esse valor foi calculado o número
de espiras teórico que a bobina poderia conter. A equação utilizada é mostrada abaixo:

d ib ⋅ π
N = (3.1)
dc

sendo:
N = número de espiras;
d ib = diâmetro interno do toróide;

d c = diâmetro externo do condutor.

Calculou-se portanto da seguinte forma, o número máximo de espiras:

π ⋅ 38
N = ≈ 369
0 ,3228

Para garantir um espaçamento entre cada condutor, corrigindo-se assim possíveis


irregularidades no diâmetro do condutor e do núcleo toroidal, foi adotado o valor de 300
espiras.

3.1.3 Comprimento da Bobina

Considerando-se que a bobina teria 300 espiras, com diâmetro externo de 96mm e
interno de 38mm chegou-se a um comprimento da bobina de aproximadamente 20mm, para
que o sinal de saída ficasse na casa dos milivolts. Foi construída a bobina 1 com 21mm de
comprimento, haja vista que seu núcleo é constituído de 7 chapas justapostas de 3mm cada.
Com o objetivo de ter um sinal com amplitude maior na saída, foi realizada a
contrução de uma segunda bobina (bobina N.°2), de maior comprimento. Para a construção da
mesma utilizou-se uma peça de nylon, de diâmetros interno 40mm e externo 103mm. Após
um trabalho na peça para tirar as imperfeições, o comprimento da bobina ficou em 125mm.
65

3.1.4 Tensão Induzida na Bobina

O sinal de tensão na saída da bobina pode ser calculado substituindo-se a equação


(2.17) na equação (2.8). O resultado é mostrado na equação a seguir:

 µ ⋅ h  di ( t ) (3.2)
v0 ( t ) = − o 
 2π ⋅ r  dt

sendo:
v o = tensão que é fornecida pela bobina (saída);

h = secção transversal da espira (segundo a figura 3.3);


i = corrente do enrolamento primário;
t = tempo;
r = distância entre o centro da espira ao centro do toróide (segundo a figura 3.3);
µ o = permeabilidade magnética no vácuo;

Como apenas a corrente varia no tempo, a parcela entre parênteses é constante,


derivando-se a corrente no tempo, chega-se à equação a seguir:

µ ⋅h (3.3)
v0 ( t ) = − o  I ⋅ ϖ ⋅ cos( ϖ t )
 2π ⋅ r 
sendo:
ϖ = freqüência angular da corrente no primário.

Teremos portanto o sinal de saída, no tempo, em função da corrente no primário da


bobina N.º 1 e da bobina N.º 2 dada pelas equações (3.4) e (3.5) respectivamente:

v 0 ( t ) = − 4 .11202 ⋅ 10 − 4 ⋅ I ⋅ cos( ϖ t ) (3.4)

v0 ( t ) = − 2 . 49131 ⋅ 10 − 3 ⋅ I ⋅ cos( ϖ t ) (3.5)

sendo:
I = corrente no primário.
66

3.1.5 Representação Esquemática da Bobina

A representação esquemática da bobina é dada pela figura 3.3. Nesta é mostrado a


vista frontal da bobina, na qual se tem o raio interno a, raio externo b, raio interno r destinado
a localização do enrolamento de compensação no caso da bobina N.º 1.
Na vista em corte é mostrada a seção retangular da bobina, sendo l o comprimento da
mesma.

h
b

r
a d

Figura 3.3 - Vista frontal e corte da representação esquemática da bobina.

As dimensões das bobinas N.° 1 e N.° 2 são mostradas nas tabelas 3.1 e 3.2
respectivamente.

Tabela 3.1 – Dimensões da bobina N.°1

Dimensões bobina N.° 1


a 19 mm
b 48 mm
d 29 mm
r 33,5 mm
l 21 mm
67

Tabela 3.2 – Dimensões da bobina N.°2

Dimensões bobina N.° 2


a 20 mm
b 51,5 mm
d 31,5 mm
r 35,75 mm
l 125 mm

3.1.6 Distribuição das Espiras no Toróide

Segundo Ramboz (1996), uma grande preocupação que se deve ter ao construir a
bobina é a de se manter uniforme a distribuição das espiras ao redor do núcleo, pois, para
variações de distribuições das espiras, podem ocorrer erros de medida conforme a variação da
posição da bobina em torno do seu eixo central. A figura 3.4 mostra uma bobina de Rogowski
com estas variações nas distribuições das espiras.

Figura 3.4 - Bobina de Rogowski


Fonte: HIGASHI, 2006.

Estas variações têm a importância de acordo com a aplicação da bobina: para bobinas
destinadas à medição de pulsos de correntes (variações bruscas de corrente em um curto
espaço de tempo) estas variações na uniformidade das espiras não representam um grande
fator de erro, já que a exatidão da medida não é tão importante como a para medição para fins
de faturamento, por exemplo.
Levando-se em conta os fatores mencionados, uma grande preocupação na construção
do núcleo da bobina foi à uniformidade da disposição das espiras sobre o mesmo. Como a
única forma que dispúnhamos para desenvolve o bobinado era de forma manual, a solução
68

encontrada foi desenhar o local exato de cada espira sobre o núcleo, antes da confecção da
bobina. Foi utilizado um software gráfico para projetar o modelo como se vê na figura 3.5.

Figura 3.5 - Modelo de disposição das bobinas desenhado sobre o núcleo .

Com este modelo de disposições das espiras, foi possível construir a bobina de uma
forma muito satisfatória, mantendo a uniformidade ao longo de todo o comprimento da
circunferência da bobina como pode ser visto na figura 3.6. No caso da bobina N.º 2, a
dificuldade de se manter a uniformidade ao longo de seu comprimento foi maior, devido a
maior extensão do mesmo.
Na figura 3.6 é mostrado um detalhe do enrolamento da bobina, no qual pode-se
observar a uniformidade na distribuição das espiras ao redor do núcleo da bobina.
69

Figura 3.6 - Detalhe da uniformidade das espiras.

3.1.7 Enrolamento de compensação de interferências

Como visto no capitulo 2, uma forma de se minimizar os efeitos de interferências


externas é construir a bobina com um enrolamento interno. Após o enrolamento, o condutor é
retornado pelo centro da bobina, fomando assim uma espira interna.
Nos protótipos construidos, a bobina N.º 1 apresenta este enrolamento, pois, como ela
foi construída através de chapas justapostas, foi deixado um espaço em seu interior, no qual
foi inserido o enrolamento. Na bobina N.º 2 não foi possível realizar este enrolamento, por
causa da construção com um núcleo maciço.

3.2 IMPLEMENTAÇÃO DE UM FILTRO ATIVO NA SAÍDA DA BOBINA

Devido ao fato da bobina de Rogowski ser muito suscetível a interferências externas,


há a necessidade de se projetar um dispositivo em sua saída para filtrar estas ondas, as quais
podem causar erros sensíveis nas medições.
O equipamento escolhido foi um filtro ativo de primeira ordem, utilizando
amplificador operacional. Um eventual problema que este pode ocasionar são erros nas
70

medições devido ao seu offset de saída, para isso, foi escolhido o amplificador operacional
OP177. Este apresenta valores de ofsset ultra-baixos, segundo o datasheet, para uma
temperatura ambiente de 25 °C, seu erro na saída chega no máximo a 10 µV.

3.2.1 Cálculo do filtro ativo para a bobina N.º 1

O filtro escolhido foi um passa-baixas de primeira ordem, devido a sua estrutura


simplificada e fácil ajuste de ganho e também o principal problemas de interferências ser de
alta freqüência. O projeto foi desenvolvido segundo Pertence Jr (1988) como veremos a
seguir.
A freqüência de trabalho do equipamento será a de 60 Hz, com isso, para o cálculo do
capacitor C1 de entrada, definiu-se a freqüência de corte em 100 Hz, esta é suficiente devido
ao maior problema de interferências ser da ordem de kHz. A fórmula para o calculo do
capacitor e demais componentes, são mostradas a seguir:

10
fc = (3.6)
C1

sendo:
f c = freqüência de corte ;

C1 = valor do capacitor de entrada do filtro;

Com isto, temos o valor do capacitor de entrada definido como:

10
C1 = = 100 nF
100
Para o cálculo de R1 utilizou-se a forma a seguir:

1
R1 = (3.7)
b ⋅ wc ⋅ C 1

sendo:
R1 = valor do resistor de entrada;
71

b = ordem do filtro;
wc = freqüência angular de corte;

Com isso tem-se o valor de R1 dado como a seguir:

1
R1 = ≅ 16 kΩ
1 ⋅ 2 ⋅ π ⋅ 100 ⋅ 100 ⋅ 10 − 9

Foi adotado o valor comercial de resistor, de precisão 1%, mais próximo, sendo 15,8 kΩ

Para o cálculo de R 2 é utilizada a fórmula a seguir:

k
R2 = R1 (3.8)
k −1

sendo:
k = ganho do amplificador operacional;
R1 = valor do resistor de entrada;
R2 = valor do resistor R 2 .

O ganho do circuito foi determinado através da equação (3.4). Adotou-se o inverso da


relação dada por essa equação, portanto o valor do ganho necessário para termos uma relação
múltipla de dez foi de aproximadamente 2 , chegando ao valor R 2 de conforme segue.

2
R2 = ⋅ 16 ≅ 32kΩ
2 −1

Para o cálculo de R3 é utilizada a fórmula a seguir:

R3 = k ⋅ R1 (3.9)
72

sendo:
k = ganho do amplificador operacional;
R1 = valor do resistor de entrada;
R3 = valor do resistor R3 .

Com isso tem-se o valor de R 3 dado como a seguir:

R 3 = 2 ⋅ 16 ≅ 32kΩ

Foi adotado um potenciômetro de no máximo 50 kΩ para que se pudesse ajustar o


ganho e ajustar o equipamento.
Para que se minimize o efeito da tensão de offset de entrada é importante obedecer a
seguinte relação:
R 2 ⋅ R3
R1 = (3.10)
R 2 + R3

Ajustando o potenciômetro para 32 kΩ, teremos a relação dada na equação (3.10)


próxima do valor de R1 adotado, como vê-se a seguir.

32 ⋅ 32
R1 = 15,8 ≅ ≅ 16kΩ
32 + 32

O ganho apresentado pelo circuito da figura 3.6 é dado pela equação a seguir:

R3
k = 1+ (3.11)
R2

k = ganho do amplificador operacional;


R 2 = valor do resistor R 2 ;
R3 = valor do resistor R3 .

O ganho calculado é:
73

32
k = 1+ ≅2
32

Logo o ganho calculado ficou próximo do valor inverso da relação da equação (3.4)
segundo o qual, teremos a relação da corrente de entrada, a corrente que circula no primário
da bobina, pela tensão de saída, sinal de tensão na saída do amplificador de 0,001/1 V/A, ou
seja, para cada ampere que circula no primário teremos 1 milivolt na saída do circuito do
amplificador. O resistor variável foi inserido ao circuito para que, após ser determinada a
relação real da bobina, ajuste-se o ganho do circuito amplificador.
Para uma avaliação preliminar, foi realizada a simulação do circuito de filtragem no
Pspice, conforme mostra a figura a seguir:

Figura 3.7 - Simulação do circuito de filtragem no Pspice.


74

Na figura 3.8 é mostrado o resultado da simulação para a amplitude. A onda de menor


amplitude é a de entrada representada pelo ponto Vin no esquema do circuito e a de maior

amplitude é a onde de saída amplificada pelo circuito no ponto V out da figura 3.7.

Figura 3.8 - Simulação do sinal de entrada e de saída do circuito.


75

A figura 3.9 mostra a variação da amplitude da onda à medida que se aumenta a


freqüência da onda, mostrando que as ondas de altas freqüências devem ser atenuadas pelo
circuito.

Figura 3.9 - Sinal de entrada x freqüência .


76

4 ENSAIOS E RESULTADOS

Este capítulo tem como objetivo apresentar os dados coletados nos ensaios com as
bobinas implementadas, bem como os resultados obtidos.

4.1 ENSAIO PRELIMINAR PARA VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO E


LINEARIDADE DAS BOBINAS

Este ensaio apresenta os resultados preliminares para a verificação do real


funcionamento das bobinas, verificação de sua linearidade e os efeitos de interferências
externas nas medições.
Para tal, foram usados um multímetro digital da marca Hewlett-Packard (HP) e uma
fonte de corrente Yokogawa 2558 de valor máximo de 50 A como mostra a figura 4.1 .

Figura 4.1 - Fonte de corrente de alta precisão usada nos ensaios.

O ensaio foi realizado no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC),


no dia 1º de outubro de 2007 com as seguintes condições: freqüência da corrente aplicada no
primário de 60 Hz e temperatura ambiente de 21,5 °C.
77

4.1.1 Medições na bobina 1 com o condutor não centralizado

Inicialmente foi realizado o ensaio com o condutor primário não centralizado, mas a
uma posição ortogonal ao diâmetro da bobina. Pode-se observar que para uma corrente de 0 A
há uma tensão induzida na bobina devido a interferência de ondas eletromagnéticas de alta
freqüência. Esta ocasiona um erro na leitura da tensão induzida, a qual se mostra menos
significativa conforme se aumenta à amplitude da corrente que passa pelo condutor primário.
Os dados obtidos no ensaio são mostrados na tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, condutor não centralizado
Corrente (A) Tensão induzida (mV) N.º de leituras Tensão/Corrente
0 3,058350 82 -
10 5,633665 96 0,563367
20 10,14434 117 0,507217
30 14,80234 147 0,493411
40 19,53243 119 0,488311
50 24,25129 89 0,485026

Com os resultados das medições, é possível observar a linearidade da relação Tensão


no secundário x Corrente no primário de acordo com a figura 4.2.
Para correntes de baixa amplitude, no caso das medições de 0 a 10 A, é possível notar
a maior influência das interferências na medição. Com o aumento da amplitude esta se torna
menos significante.

30
24,25129
25

20
Tensão (mV)

19,53243

15 14,80234

10 10,14434

5 5,633665
3,058350
0
0 10 20 30 40 50 60
Corrente (A)

Figura 4.2 - Tensão no primário x Corrente no secundário da bobina 1 com o condutor


primário não centralizado.
78

4.1.2 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado

Para o segundo ensaio, foram adotados os mesmo métodos do primeiro, porém neste, o
condutor foi centralizado na bobina. Pode-se observar uma menor influência das componentes
de interferência na medição, sendo estas também mais significativas para valores de corrente
de menor amplitude. Os dados obtidos são mostrados na tabela 4.2

Tabela 4.2 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, condutor centralizado

Corrente (A) Tensão induzida (mV) N.º de leituras Tensão/Corrente


0 2,901272 103 -
10 5,884399 124 0,588440
20 10,17717 129 0,508859
30 14,62320 94 0,487440
40 19,27048 76 0,481762
50 23,95699 82 0,479140

Com os resultados das medições é possível verificar também a linearidade das


medições. Da mesma maneira do que com o condutor não centralizado a influência das
interferências é mais sensível para menores valores de corrente.

30
23,95699
25
Tensão (mV)

20 19,27048

15 14,62320

10 10,17717

5 5,884399
2,901272
0
0 10 20 30 40 50 60
Corrente (A)

Figura 4.3 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 1 com o condutor


centralizado.
79

4.1.3 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado e passado duas vezes

Devido a limitação da fonte de corrente usada nos ensaios ser de 50 A, foi adotado o
artifício de se envolver a bobina com duas espiras do condutor primário, tentando deixá-los o
mais no centro possível da bobina. Desta maneira, a corrente no primário que será percebida
pela bobina será o dobro das correntes nos ensaios anteriores. Com isso, será possível
observar também, seu comportamento caso a corrente no primário exceda os 50 A máximo
definido para a bobina.
Os dados mostram que inicialmente (sem corrente no primário), a tensão induzida
devido a interferência é praticamente igual ao caso de apenas uma espira no primário.
Entretanto, é possível observar que para valores muito maiores de corrente a linearidade é
maior devido a menor relevância desta componente de interferência. Os dados obtidos são
mostrados na tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, até 100 A

Corrente (A) Tensão induzida (mV) N.º de leituras Tensão/Corrente


0 2,845903 59 -
20 10,06062 60 0,503031
40 19,46657 83 0,486664
60 28,88554 75 0,481426
80 38,47462 58 0,480933
100 48,02820 60 0,480282

A linearidade da bobina é mostrada no figura 4.4.


80

60
48,02820
50

40
Tensão (mV)

38,47462

30 28,88554

20 19,46657

10 10,06062
2,845903
0
0 20 40 60 80 100 120
Corrente (A)

Figura 4.4 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 1 com o condutor


centralizado e passado duas vezes em volta da bobina.

4.1.4 Medições na bobina 2 com o condutor primário centralizado

Conforme já especificado, para se obter um maior sinal de tensão na saída da bobina,


esta foi construída com um maior comprimento. Devido a este fato, inicialmente o esperado
seria que ela teria uma maior exposição as interferências externas.
Comparando a bobina N.º 2 com a N.º 1, nota-se que o valor da tensão induzida foi
maior, o que já era previsto, pois esta foi construída com este objetivo. No ítem 4.1.2 tem-se o
valor da tensão induzida devido a interferências quando a corrente no primário é nula de
2,901272 mV, já na bobina N.º 1 esta tensão induzida é de 28,78579 mV, praticamente dez
vezes maior, constatando assim, que seu maior tamanho não provoca de forma significativa
uma maior suscetibilidade a interferências. Entretanto, a partir do momento em que se começa
a aplicar corrente no primário, esta relação de dez vezes o valor não se manteve.
Na tabela 4.4 é possível observar os valores obtidos no ensaio.
81

Tabela 4.4 – Resultados das medições realizadas na bobina 2, condutor centralizado

Corrente (A) Tensão induzida (mV) N.º de leituras Tensão/Corrente


0 28,78579 57
10 41,13360 110 4,113360
20 65,17182 54 3,258591
30 91,95817 121 3,065272
40 120,07150 84 3,001788
50 148,48670 106 2,969734

No figura 4.5 é possível ver a linearidade da bobina. Como na bobina 1, os valores


iniciais são prejudicados devido as componentes de alta freqüência detectada pela bobina.

160 148,48670

140
120 120,07150
Tensão (mV)

100
91,95817
80
60 65,17182

40 41,13360
28,78579
20
0
0 10 20 30 40 50 60
Corrente (A)

Figura 4.5 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 2 com o condutor


centralizado.

4.1.5 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado e capacitor de 47 µF na


saída

Com a finalidade de se observar os efeitos das interferências externas nas medições na


bobina, colocou-se um capacitor na saída de sinal, o qual se comporta como um filtro passa-
baixas, se comportando como uma baixa impedância e filtrando as componentes de alta
freqüência como podemos constatar na equação a seguir:

1
XC = (4.1)
2.π .C. f
82

sendo:
X C = impedância do capacitor;
C = capacitância do capacitor;
f = freqüência de trabalho do circuito;
Com a inserção deste filtro, pode-se observar o desaparecimento das componentes de
alta freqüência que estavam causando a interferência nas medições, sendo a tensão induzida
sem corrente nula. Os dados obtidos no ensaio são mostrados na tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, condutor centralizado e


capacitor na saída

Corrente Tensão Número Tensão / Erro


(60Hz) induzida de leituras Corrente
(A) (mV) - (mV/A) Absoluto %
0 0,00000
10 4,699371 49 0,4699 0,0010 0,21
20 9,423016 32 0,4712 0,0002 0,05
30 14,13488 79 0,4712 0,0002 0,05
40 18,85076 44 0,4713 0,0003 0,07
50 23,55805 54 0,4712 0,0002 0,05

Pela figura 4.6, nota-se uma linearidade muito boa, mesmo para correntes de baixa
amplitude devido a não presença de componentes de alta freqüência.

25 23,55805

20
18,85076
Tensão (mV)

15
14,13488

10 9,423016

5 4,699371

0 0,00000
0 10 20 30 40 50 60
Corrente (A)

Figura 4.6 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 1 com o condutor


centralizado e capacitor de 47 µF na saída.
83

A relação padrão para o cálculo do erro foi considerada a média da relação entre a
tensão e a corrente, portanto seu valor é 0,4709 mV/A. A partir da figura 4.7 comprova-se a
linearidade e observa-se o erro máximo de medição.

0,4740
0,4735
Tensão/Corrente (mV/A)

0,4730
0,4725
0,4720
0,4715 0,4712
0,4712 0,4713 0,4712
0,4710
0,4705
0,4700 0,4699
0,4695
0,4690
0,4685
0,4680
10 20 30 40 50
Corrente (A) Medidas
Medias das medidas

Figura 4.7 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
no primário da bobina 1 com o condutor centralizado e capacitor de 47 µF na saída.

4.1.6 Medições na bobina 2 com o condutor primário centralizado e capacitor de 47 µF na


saída

Utilizando a mesma metodologia dos ensaios anteriores, foram realizados medições na


bobina N.º 2 com um capacitor em sua saída. Pode-se observar o excelente resultado nas
medições, sendo que sua relação de transformação fica praticamente constante em todas as
medições chegando a um erro máximo de 0,06%.
84

Tabela 4.6 – Resultados das medições realizadas na bobina 2, condutor centralizado e


capacitor na saída

Corrente Tensão Numero Tensão /


Erro
(60Hz) induzida de leituras Corrente
(A) (mV) - mV/A Abs %
0 0,00000 0 - - -
10 29,30919 34 2,930919 0,0005 0,02
20 58,60337 69 2,930169 0,0002 0,01
30 87,93014 43 2,931005 0,0006 0,02
40 117,2432 34 2,931080 0,0007 0,02
50 146,4361 44 2,928722 0,0017 0,06

A linearidade das medições e mostrada na figura 4.8.

160
146,4361
140

120 117,2432
Tensão (mV)

100
87,93014
80

60 58,60337

40
29,30919
20

0 0,00000
0 10 20 30 40 50
Corrente (A)

Figura 4.8 - Tensão no secundário x Corrente no primário da bobina 2 com o condutor


centralizado e capacitor de 47 µF na saída.

A relação padrão para o cálculo do erro foi novamente considerada a média da relação
entre a tensão e a corrente, portanto seu valor é 2,9304 mV/A. A partir da figura 4.9
comprova-se a linearidade e observa-se o erro máximo de medição.
85

2,9400

2,9380
Tensão/Corrente (mV/A) 2,9360

2,9340

2,9320
2,9309
2,9302 2,9310 2,9311
2,9300
2,9287
2,9280

2,9260

2,9240

2,9220

2,9200
10 20 30 40 50

Corrente (A) Medidas


Medias das medidas

Figura 4.9 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
no primário da bobina 2 com o condutor centralizado e capacitor de 47 µF na saída.

4.2 MONTAGEM DO CIRCUITO DE FILTRAGEM E AMPLIFICAÇÃO

Através dos resultados do item 4.1 observamos que ambas as bobinas tiveram bons
desempenhos, razão pela qual optamos por prosseguir os ensaios com apenas uma das
bobinas, no caso a bobina N.º 1.
O circuito amplificador foi montado baseado nos cálculos do item 3.1. Através dos
resultados da tabela 4.5 chegamos ao valor exato da relação de transformação da bobina 1,
sendo esse 0,4709 mV/A, portanto o ganho necessário é 2,1234, para termos a relação da
corrente de entrada pela tensão de saída de 0,001/1 V/A.
Foi então montado o circuito definitivo, mostrado na figura 4.1 com os seguintes
valores de resistores:

R1 = 15,8 kΩ, precisão 1%,

R 2 = 30 kΩ + 0,24 kΩ precisão 1%,

R3 = Potenciômetro ajustado em 34 kΩ.

O ganho do circuito é dado pela equação (3.11) conforme segue:


86

34
k = 1+ ≅ 2,1239
32,25

A figura 4.3 mostra a implementação do circuito amplificador. Foi optado por sua
montagem em uma placa padrão, para minimizar assim, possíveis maus contatos na conexão
dos componentes e facilitar os ensaios.

Figura 4.10 - Circuito amplificador da bobina N.º 1.

4.3 ENSAIO FINAL PARA VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO E


LINEARIDADE DAS BOBINAS

Este ensaio apresenta os resultados finais para a validação do real funcionamento das
bobinas, verificação de sua linearidade, aplicada na saída o filtro ativo projetado, também foi
verificada a resposta da bobina a freqüências maiores que 60Hz. Neste ensaio, adotou-se fazer
três vezes a medição para cada valor de corrente, e assim, obter uma média do valor.
Para tal, foram usados um multímetro digital Agilent 34401A, 6 ½ dígitos, na faixa de
100mV, true rms, accuracy 0,06% do valor ajustado e 0,04% do valor da faixa, com uma
resolução de 0,001mV, como mostra a figura 4.11; uma fonte de corrente Yokogawa 2558
87

AC Voltage Current Standard, accuracy 0,15% do valor ajustado e 0,015% do valor da faixa,
com uma resolução de 0,01A; um osciloscópio digital Tectronix TDS 2024 e uma fonte CC
Iminipa Powersupply MPC-3003 D.

Figura 4.11 - Multímetro digital Agilent de alta precisão usado nos ensaios.

O ensaio foi realizado no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC),


no dia 18 de outubro de 2007 com temperatura ambiente de 22,1 °C.

4.3.1 Ensaio da bobina N.º 1 com o filtro ativo

Inicialmente foi feita a montagem dos equipamentos conforme a figura 4.12, na qual
foram efetuados os testes aplicando-se corrente, através de uma fonte de corrente ajustada em
60Hz e variando de 0 a 50 A no primário da bobina. Observa-se também a fonte simétrica de
alimentação do circuito eletrônico, o multímetro digital e o osciloscópio para leitura da tensão
de saída. Através desse ensaio foram coletados os dados da tabela 4.7.
88

Figura 4.12 - Montagem para o ensaio da bobina N.º 1.

Tabela 4.7 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 com filtro ativo.

Média das Medidas Incerteza


Tensão / expandida Erro
Corrente (A) Média
Corrente U(Z)
(mV)
(mV/A) (mV/A) Absoluto %
0 0,1673 - - - -
10 9,9183 0,9918 0,0194 0,0044 0,44
20 19,7407 0,9870 0,0076 0,0004 0,05
30 29,5757 0,9859 0,0057 0,0016 0,16
40 39,4793 0,9870 0,0047 0,0005 0,05
50 49,2847 0,9857 0,0032 0,0018 0,18
Média 0,9875
89

1,0120

1,0070
Tensão/Corrente (mV/A)
1,0020

0,9970

0,9920 0,9918

0,9870 0,9870
0,9859 0,9870 0,9857
0,9820

0,9770

0,9720
0 10 20 30 40 50
Média das medidas
Corrente (A)
Media das relações
incerteza
incerteza

Figura 4.13 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
da bobina 1 com o condutor centralizado, filtro ativo e capacitor de 22 µF na saída

Foi observada a importância de manter-se o condutor primário centralizado no


toróide, para garantir a exatidão da medida. Também foi necessário instalar mais um capacitor
na saída do circuito amplificador, pois como visto na figura 3.9, existe uma pequena parcela
do sinal, na ordem de milivolts até a freqüência de aproximadamente 1kHz, que não é
totalmente atenuada, além da influência de altas freqüências no circuito eletrônico, alterando
o sinal medido. Portanto foi instalado um capacitor de 22µF na saída da bobina para amenizar
esse problema.
Na figura 4.13 mostra que a linearidade do sinal é boa, ficando o erro máximo do
conjunto bobina mais amplificador operacional abaixo dos 0,5%, observou-se também que a
relação de transformação ficou próxima 0,001/1 V/A, como calculado no item 4.2.

4.3.2 Ensaio da bobina N.º 1 aplicando-se correntes de freqüência múltiplas da fundamental

Com o objetivo de analisar a resposta da bobina a diferentes níveis de freqüência,


aplicou-se nesta etapa do ensaio uma corrente de freqüência de 120, 180 e 240Hz na entrada
da bobina, variando a amplitude de corrente de 0 a 50A.
90

Tabela 4.8 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 aplicando-se corrente de


freqüência de 120Hz.
Média das Medidas Incerteza
Tensão / expandida Erro
Corrente (A) Média
Corrente U(Z)
(mV)
(mV/A) (mV/A) Absoluto %
0 0,0000 - - - -
10 9,6020 0,9602 0,0059 0,0002 0,02
20 19,1968 0,9598 0,0036 -0,0001 -0,01
30 28,7950 0,9598 0,0029 -0,0001 -0,01
40 38,3940 0,9599 0,0026 -0,0001 -0,01
50 48,0050 0,9601 0,0025 0,0001 0,01
Média 0,9600

0,9660
0,9645
Tensão/Corrente (mV/A)

0,9630
0,9615
0,9600 0,9602 0,9598 0,9599 0,9601
0,9598
0,9585
0,9570
0,9555
0,9540
10 20 30 40 50
Corrente (A)
Média das medidas
Media das relações
Incerteza
Incerteza

Figura 4.14 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(120Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída
91

Tabela 4.9 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 aplicando-se corrente de


freqüência de 180Hz.

Média das Medidas Incerteza


Tensão / expandida Erro
Corrente (A) Média
Corrente U(Z)
(mV)
(mV/A) (mV/A) Absoluto %
0 0,0000 - - - -
10 14,3757 1,4376 0,0070 -0,0003 -0,02
20 28,7530 1,4377 0,0047 -0,0002 -0,01
30 43,1360 1,4379 0,0039 0,0000 0,00
40 57,5237 1,4381 0,0036 0,0003 0,02
50 71,8980 1,4380 0,0034 0,0001 0,01
Média 1,4378

1,4440
Tensão/Corrente (mV/A)

1,4420

1,4400
1,4379 1,4381 1,4380
1,4380 1,4376 1,4377
1,4360

1,4340

1,4320

1,4300
10 20 30 40 50
Corrente (A)
Média das medidas
Media das relações
Incerteza
Incerteza

Figura 4.15 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(180Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída.
92

Tabela 4.10 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 aplicando-se corrente de


freqüência de 240Hz.

Média das Medidas Incerteza


expandida Erro
Corrente (A) Média Tensão / Corrente
U(Z)
(mV) (mV/A)
(mV/A) Absoluto %
0 0,0000 - - - -
10 19,1243 1,9124 0,0078 -0,0003 -0,02
20 38,2677 1,9134 0,0061 0,0007 0,03
30 57,3783 1,9126 0,0050 -0,0001 -0,01
40 76,5070 1,9127 0,0045 0,0000 0,00
50 95,6253 1,9125 0,0043 -0,0002 -0,01
Média 1,9127

1,9200
Tensão/Corrente (mV/A)

1,9180
1,9160
1,9140
1,9134 1,9126 1,9127 1,9125
1,9120 1,9124

1,9100
1,9080
1,9060
1,9040
10 20 30 40 50
Corrente (A)
Média das medidas
Media das relações
Incerteza
Incerteza

Figura 4.16 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(240Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída

Observa-se através das figuras 4.14, 4,15 e 4,16 que a resposta da bobina para os três
valores de freqüência de entrada continua linear, mantendo-se o erro abaixo dos 0,01%.
93

Tabela 4.11 – Relação de transformação em função da freqüência

Freqüência Tensão/Corrente
(Hz) (mv/A)

60 0,4709
120 0,9600
180 1,4378
240 1,9127

2,00
1,9127
1,80
Tensão/Corrente (mV/A)

1,60
1,40 1,4378
1,20
1,00 0,9600
0,80
0,60
0,4709
0,40
0,20
0,00
60 120 180 240
Frequencia (Hz)

Figura 4.17 - Relação de transformação em função da freqüência

Outra constatação importante é que a relação de transformação cresce com a


freqüência, haja vista que o sinal de tensão de saída é a derivada no tempo do fluxo
magnético, e este por sua vez, é função da freqüência. Como podemos ver na tabela 4.11 e na
figura 4.17.
94

4.3.3 Formas de onda na saída da bobina N.º 1

Foram obtidas três formas de onda na saída da bobina N.º 1. A figura 4.18 mostra a
forma de onda na saída, este é o sinal de tensão proporcional a corrente no primário de 60Hz.
Nota-se que ela possui uma forma senoidal, sua defasagem que deveria ocorrer devido ela ser
derivada da corrente é corrigida pela presença do capacitor.
A forma de onda representada pela figura 4.20 mostra a saída da bobina quando o
osciloscópio é ajustado para mostrar o valor de pico do sinal de ruído de altas freqüências,
observa-se que este é significativo tendo um valor de pico a pico de aproximadamente um
sexto do valor de pico a pico da onda de freqüência fundamental. Quando o osciloscópio é
ajustado para mostrar o valor médio, figura 4.19, observa-se que o sinal de ruído torna-se
pouco considerável, não influenciando de maneira significativa no valor eficaz da onda a ser
medida, como observou-se nos erros de medição anteriormente calculados.

Figura 4.18 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 60 Hz.
95

Figura 4.19 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 420 Hz

Figura 4.20 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 60 Hz

Outra constatação relevante é que para ondas de maior freqüência do que a


fundamental o sinal de ruído passa a se tornar menos significativo, haja vista que a relação de
transformação da bobina aumenta com o aumento da freqüência, aumentando o valor eficaz
da onda fundamental.
96

4.4 COMPARAÇÃO DA BOBINA DE ROGOWSKI COM UM TC

Através dos ensaios realizados e os resultados apresentados nesse capítulo pode-se


comparar o desempenho da bobina de Rogowski, para uma corrente de freqüência 60Hz, com
o desempenho teórico de um transformador de corrente convencional.
A respeito do erro de relação da bobina concluíi-se que ela poderia ser classificada,
segundo a NBR 6856/1992, como um TC de classe de exatidão 0,3, ou seja, a menor classe
que a norma estabelece, pois segundo os valores da tabela 4.5, considerando-se a média dos
valores medidos como a relação de transformação nominal (kc) e o valor registrado para cada
diferente valor de corrente no primário considerado como a relação de transformação real (kr)
teremos, segundo a equação 2.39 o valor de fator de correção de relação conforme a equação
a seguir, para o maior erro registrado, que segundo a norma, é tomado a 10% do valor da
corrente nominal do TC

Kr 0,4699
Fcr = = = 0,9979
Kc 0,4709

Esta relação foi calculada a partir dos ensaios da bobina sem circuito do filtro ativo,
sendo, levando-se em consideração os dados levantados no ensaio da bobina com o filtro
ativo (tabela 4.7) , apesar do erro ser maior, o fator de correção de relação (Fcr) ficou em
1,004, dentro dos limites estabelecidos pela norma para a classe de exatidão 0,3.
Todavia, não pode-se classificar o protótipo ensaiado como um TC de classe de
exatidão 0,3 pois não foi levantado ângulo de fase do equipamento, portando apesar de um
nível muito baixo de erro de relação, podemos comparar esse equipamento como um TC de
medição classe 3, sem finalidade para tarifação, no qual o limite do erro é 3% da corrente
nominal do TC, sem limite de defasagem angular.
Outro ponto positivo da bobina é a linearidade da resposta em diferentes níveis de
freqüência. Apesar de linear, a relação de transformação não é constante, necessitando de
alguma técnica adequada para corrigir essa relação, não sendo esse tópico um objetivo desse
trabalho.
A diferença fundamental entre um TC e o protótipo desenvolvido, do ponto de vista
construtivo é , como já visto, o núcleo do enrolamento, sendo que o núcleo ferromagnético do
TC garante e esse equipamento uma baixa interferência de ruídos de campos magnéticos
97

externos, sendo esse mesmo núcleo, devido a sua saturação, responsável pela pequena faixa
de operação de um TC, além das perdas proporcionais a corrente circulante no circuito
secundário, necessitando portanto de equipamentos com características distintas para medição
de correntes de diferentes amplitudes ou outras aplicações como medição ou proteção.
Apesar do inconveniente das interferências, a grande vantagem da bobina de
Rogowski é a grande faixa de amplitudes de corrente que medirá mantendo-se, como visto,
um erro de medição quase constante além da linearidade a vários níveis de freqüência. O
baixo sinal de saída do protótipo é de certa forma um fator complicador, principalmente em
relação a interferências, porém do ponto de vista da segurança essa característica apresenta
uma grande vantagem da bobina em relação ao TC.
Cabe ressaltar também, a facilidade da implementação de uma bobina de Rogowski se
comparada com um TC. Seus custos também são muito inferiores, pois a quantidade de
material usado é muito menor, em especial o enrolamento de cobre, e a não utilização de um
núcleo magnético, fazendo com que seu custo fique muito reduzido.
De maneira alguma esse transdutor de corrente poderia, por si só, substituir o TC em
suas inúmeras aplicações, pois os instrumentos de que são conectados ao secundário do TC
tem seus princípios de funcionamento relacionados à corrente que circula no secundário desse
transformador, diferentemente do pequeno sinal de tensão fornecido pela bobina.
98

5 CONCLUSÕES

O desenvolvimento dos protótipos foi de grande valia do ponto de vista da formação


acadêmica da equipe envolvida no trabalho, haja vista que na revisão bibliográfica foram
revisados vários assuntos de diversas disciplinas que são abordadas durante o curso, dando
ênfase a eletromagnetismo e medidas elétricas, além da experiência prática adquirida na
montagem dos protótipos e ensaios realizados, agregada durante o desenvolvimento desse
trabalho.
Quanto às dificuldades encontradas no decorrer das pesquisas e implementações,
destaca-se a pouca referência encontrada sobre a geometria da bobina, em especial sobre a
construção do núcleo e a confecção do enrolamento, tais problemas foram contornados com a
experiência prática dos orientadores e a criatividade empregada para escolha do material e a
maneira como foram cortados e montados, particularmente o núcleo da bobina N.º 1.
Outro ponto a ser considerado foi a grande dificuldade, no início, de identificar-se o
ruído presente nas medições. Este foi resolvido com a implementação de um capacitor na
saída, para que dessa forma fosse possível a leitura, de forma exata, do sinal de saída. A
partir daí, chegar à relação de transformação nominal da bobina e efetuar os ensaios para
determinação do erro de medição. Foi realizado também, a montagem de um filtro ativo, que
mesmo projetado para uma freqüência de corte de 100 Hz, devido a suas características não
ideais, foram observados valores de tensão induzidas por interferências. Sua vantagem se dá
devido a possibilidade da amplificação do sinal, entretando, seu custo é mais elevado do que o
de um filtro passivo comum.
Como visto no capítulo 4, os resultados obtidos foram satisfatórios, com relação à
exatidão e linearidade das medidas obtidas, sendo que do ponto de vista de erro de relação de
transformação a bobina de Rogowski equipara-se a um TC de medição 0,3. Porém, sobre
outros aspectos, descritos na NBR 6856/1992, como por exemplo o limite de ângulo de fase
do TC e o fator térmico, se fazem necessário desenvolver outros métodos de ensaio para
especificar, segundo as normas de metrologia, a classificação de uma bobina desse tipo
destinada à medição de energia.
Fica como sugestão para trabalhos futuros: implementação de uma bobina para
medição de pulsos de correntes; levantamento do ângulo de fase da bobina, e ainda uma
implementação prática na qual fosse possível amostrar-se o sinal de saída da bobina,
juntamente com uma referência de tensão, para que numericamente fosse calculada a
potência, fator de potencia ou até distorções harmônicas de um determinado circuito. Outro
99

ponto relevante seria quantificar o nível de interferência de campos magnéticos de baixa


freqüência externos ao circuito magnético da bobina, determinando portanto a distância
mínima de fontes de ruídos ou algum tipo de blindagem eletromagnética.
100

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