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CURITIBA
2007
HAMILTON BORGO
LUIZ HENRIQUE ESPINOLA GONZALEZ
CURITIBA
2007
HAMILTON BORGO
LUIZ HENRIQUE ESPINOLA GONZALEZ
Este Projeto Final de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para obtenção
do título de Engenheiro Eletricista pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
____________________________________
Prof. Paulo Sérgio Walenia, Esp.
Coordenador de Curso
Engenharia Industrial Elétrica - Eletrotécnica
____________________________________
Prof. Ivan Eidt Colling, Dr.
Responsável pelos Projetos Finais do Curso de
Engenharia Industrial Elétrica - Eletrotécnica.
____________________________________
Prof. Álvaro Augusto de Almeida, Esp.
Orientador
____________________________________
Prof. Celso Fabrício de Melo Jr., M.Sc.
Co-orientador
____________________________________
Prof. Ayres Francisco da Silva Soria, M.Sc.
____________________________________
Prof. Elói Rufato Jr. Esp.
____________________________________
Prof. Luiz Fernando Colla, Eng.
DEDICATÓRIA
Aos nossos mestres, Alvaro Augusto de Almeida e Celso Fabrício de Melo Jr pela sólida
condução desse projeto.
Aos nossos amigos pela compreensão nos momentos em que vários convites foram recusados
em virtude da preparação deste trabalho.
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... 9
LISTA DE TABELAS............................................................................................................ 11
LISTA DE ABREVIAÇÕES ................................................................................................. 11
LISTA DE SÍMBOLOS ......................................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14
1.1 PROBLEMA ............................................................................................................ 15
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 15
1.3 OBJETIVOS............................................................................................................. 16
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................... 16
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 16
1.4 MÉTODO DE PESQUISA....................................................................................... 17
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 19
2.1 O ELETROMAGNETISMO.................................................................................... 19
2.1.1 Introdução......................................................................................................... 19
2.1.2 Grandezas físicas do eletromagnetismo ........................................................... 19
2.1.2.1 Campo magnético H ..................................................................................... 19
2.1.2.2 Indução magnética B e fluxo magnético ϕ................................................... 20
2.1.2.3 Permeabilidade magnética µ......................................................................... 21
2.1.3 Lei de Biot-Savart............................................................................................. 22
2.1.4 Lei circuital de Ampère .................................................................................... 23
2.1.5 A lei de Faraday................................................................................................ 24
2.1.6 Perdas por histerese .......................................................................................... 25
2.1.7 Indutância ......................................................................................................... 26
2.2 A BOBINA DE ROGOWSKI .................................................................................. 29
2.2.1 Princípio de funcionamento.............................................................................. 29
2.2.2 Modelagem da bobina de Rogowski ................................................................ 32
2.2.2.1 Modelagem pela lei circuital de Ampère...................................................... 32
2.2.2.2 Modelagem da bobina de Rogowski pela lei de Biot-Savart ....................... 34
2.2.3 Aspectos construtivos da bobina de Rogowski ................................................ 37
2.2.3.1 Bobina de Rogowski com enrolamento de única camada ............................ 39
2.2.3.2 Bobina de Rogowski com enrolamento de múltiplas camadas .................... 39
2.2.4 Amplificador operacional da bobina de Rogowski .......................................... 40
2.2.4.1 Tensão de offset de saída .............................................................................. 40
2.2.4.2 Ganho de um amplificador operacional........................................................ 41
2.2.4.3 Características ideais de um amplificador operacional ................................ 41
2.2.4.4 Amplificador operacional integrador adotado na saída da bobina ............... 41
2.3 METROLOGIA........................................................................................................ 45
2.3.1 Introdução......................................................................................................... 45
2.3.2 Terminologia .................................................................................................... 45
2.3.3 Precisão e exatidão ........................................................................................... 46
2.3.4 Erros de medição .............................................................................................. 48
2.3.4.1 Erro sistemático ............................................................................................ 49
2.3.4.2 Erro aleatório ................................................................................................ 49
2.3.4.3 Erro grosseiro ............................................................................................... 50
2.3.5 Padrão de medida.............................................................................................. 50
2.3.6 Especificação de um instrumento ..................................................................... 50
2.3.7 Calibração e ajuste............................................................................................ 51
2.3.8 Interferências em medições .............................................................................. 52
2.4 TRANSFORMADORES PARA INSTRUMENTO ................................................ 53
2.4.1 Introdução......................................................................................................... 53
2.4.2 Transformadores de corrente ............................................................................ 54
2.4.3 Relações de um TC........................................................................................... 55
2.4.4 Classe de exatidão em um TC .......................................................................... 58
3 DESENVOLVIMENTO................................................................................................. 62
3.1 DIMENSÕES DA BOBINA .................................................................................... 63
3.1.1 Introdução......................................................................................................... 63
3.1.2 Condutor e Número de espiras ......................................................................... 63
3.1.3 Comprimento da Bobina................................................................................... 64
3.1.4 Tensão Induzida na Bobina .............................................................................. 65
3.1.5 Representação Esquemática da Bobina ............................................................ 66
3.1.6 Distribuição das Espiras no Toróide................................................................. 67
3.1.7 Enrolamento de compensação de interferências............................................... 69
3.2 IMPLEMENTAÇÃO DE UM FILTRO ATIVO NA SAÍDA DA BOBINA .......... 69
3.2.1 Cálculo do filtro ativo para a bobina N.º 1 ....................................................... 70
4 ENSAIOS E RESULTADOS......................................................................................... 76
4.1 ENSAIO PRELIMINAR PARA VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO E
LINEARIDADE DAS BOBINAS........................................................................................ 76
4.1.1 Medições na bobina 1 com o condutor não centralizado ................................. 77
4.1.2 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado.......................... 78
4.1.3 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado e passado duas
vezes..................................................................................................................................79
4.1.4 Medições na bobina 2 com o condutor primário centralizado.......................... 80
4.1.5 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado e capacitor de 47
µF na saída........................................................................................................................ 81
4.1.6 Medições na bobina 2 com o condutor primário centralizado e capacitor de 47
µF na saída........................................................................................................................ 83
4.2 MONTAGEM DO CIRCUITO DE FILTRAGEM E AMPLIFICAÇÃO ............... 85
4.3 ENSAIO FINAL PARA VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO E
LINEARIDADE DAS BOBINAS........................................................................................ 86
4.3.1 Ensaio da bobina N.º 1 com o filtro ativo......................................................... 87
4.3.2 Ensaio da bobina N.º 1 aplicando-se correntes de freqüência múltiplas da
fundamental ...................................................................................................................... 89
4.3.3 Formas de onda na saída da bobina N.º 1......................................................... 94
4.4 COMPARAÇÃO DA BOBINA DE ROGOWSKI COM UM TC .......................... 96
5 CONCLUSÕES............................................................................................................... 98
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 100
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIAÇÕES
E1 = Sinal de entrada
Ec = Erro de relação do TC
Er = Erro relativo
E% = Erro percentual de leitura
Fcr = Fator de correção de relação
Fct = Fator de correção de transformação
Ga = Ganho do amplificador operacional
H = Vetor campo magnético
h = Seção retangular do toróide
I = Corrente elétrica
i1 = Corrente de entrada
I1 = Corrente que circula no circuito primário
I2 = Corrente que circula no circuito secundário
I 1n = Corrente nominal do primário
l = Comprimento do condutor
L = Indutância
M = Indutância mútua
N1 = Numero de espiras do circuito primário
N2 = Numero de espiras do circuito secundário
N ef = Numero de medidas efetuadas
r = Raio, ponto do condutor até o outro ponto onde se deseja calcular o campo
magnético
R = Resistor
R = Vetor R
t = Tempo
uR = Vetor unitário
vo = Tensão de saída
V1 = Tensão de entrada
V2 = Tensão de saída
Va Ind . = Valor medido
1 INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMA
1.2 JUSTIFICATIVA
1.3 OBJETIVOS
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O ELETROMAGNETISMO
2.1.1 Introdução
A indução magnética pode ser definida a partir do fluxo em uma superfície. Este fluxo,
denominado fluxo magnético, é medido em weber (Wb) no sistema internacional (SI) e pode
ser calculado a partir da seguinte equação:
ϕ= ∫∫ B ⋅ dS = 0 (2.1)
S
sendo:
ϕ = fluxo magnético;
B = indução magnética;
d S = diferencial da área
∫∫ divB ⋅ dV = ∫∫ B ⋅ dS = 0
V S(V )
(2.2)
sendo:
B = indução magnética;
d S = diferencial da área;
dV = diferencial do volume.
21
sendo:
B = indução magnética;
µ = permeabilidade magnética;
H = vetor campo magnético.
É possível notar que, quanto maior a permeabilidade magnética do meio, maior será a
indução neste meio e maior será o fluxo que pode atravessar o mesmo. A unidade da
permeabilidade magnética no SI é o henry por metro (H/m).
No vácuo, a permeabilidade magnética µ = µ0 é uma constante com o valor de
4 ⋅ π ⋅ 10 −7 H/m. Para efeitos práticos, costuma-se adotar este valor também para a
permeabilidade do ar, cometendo-se um erro máximo da ordem de 10-4.
Devido a ordem de grandeza a permeabilidade ser baixa, é utilizada a permeabilidade
relativa, que expressa a relação entre a permeabilidade de um determinado material em
relação ao vácuo, conforme a seguir:
µ
µr = (2.4)
µ0
sendo:
µ = permeabilidade magnética;
Esta lei foi proposta por Jean-Baptiste Biot e Felix Savart1 como uma lei experimental.
É uma forma auxiliar de calcular o campo H em função da corrente elétrica que o gera.
Seja a figura 2.1, na qual se deseja calcular o campo H formado pela corrente elétrica
que passa através de um condutor de forma arbitrária.
O condutor infinito é dividido em vários pequenos elementos dl que possuem o
mesmo sentido da corrente. O vetor r é definido de um ponto do condutor até o outro ponto
onde se deseja calcular o campo magnético. O somatório dos diferenciais dH no ponto P nos
fornecerá o campo H criado pela corrente elétrica I.
dH
dl θ P
M r
dl × r
dH = I (2.5)
4π .r 3
sendo:
I = corrente elétrica;
r = raio;
H = campo magnético;
l = comprimento do condutor.
1
Apesar de ser o seu feito mais famoso, a maior parte do trabalho de Savart relaciona-se à acústica.
23
Figura 2.2 - Definição da orientação do campo magnético pela regra da mão direita
Fonte: SADIKU, 2004.
A Lei de Ampère, um caso especial da Lei de Biot-Savart, pode ser usada para calcular
o campo magnético originado de uma distribuição simétrica de corrente, muito mais
facilmente do que resolvendo as integrais da última (REITZ, 1982). A lei de Ampère está para
a lei de Biot-Savart assim como a lei de Gauss está para a lei de Coulomb na eletrostática.
Esta lei é considerada umas das mais importantes, pois ela descreve que a integral de
um campo magnético ao longo de qualquer caminho fechado deve ser igual à corrente
envolvida por este caminho conforme equação a seguir:
∫ H ⋅ dl = I
C
(2.6)
sendo:
I = corrente elétrica;
H = campo magnético;
l = comprimento do condutor.
24
Seja a figura 2.3 que representa a corrente elétrica I saindo do plano do papel, a qual
gera um campo magnético circular ao seu redor, no qual o sentido é dado pela regra da mão
direita.
dl
O módulo do campo magnético que envolve esta corrente pode ser facilmente obtido
aplicando-se a Lei de Ampère, resultando na equação a seguir:
I
H= (2.7)
2⋅π ⋅ r
sendo:
I = corrente elétrica;
r = raio do campo magnético circular;
H = módulo do campo magnético.
Depois que Oersted, em 1820, demonstrou que correntes elétricas geram campos
magnéticos, Michael Faraday2 iniciou seus estudos. Mas somente em 1831, utilizando um
circuito magnético com dois enrolamentos, uma bateria, e um galvanômetro ele percebeu que,
2
O americano Joseph Henry descobriu a lei da indução de maneira independente, mas Faraday publicou seus
resultados antes.
25
dϕ
ε =− (2.8)
dt
sendo:
ε = força eletromotriz;
ϕ = fluxo magnético;
t = tempo.
O sinal negativo na equação (2.8) pode ser explicado pela Lei de Lenz, a qual diz que a
força eletromotriz induzida é tal que se opõe à variação de fluxo que a produziu. Esta é apenas
uma conseqüência da conservação de energia, pois se esta força não fosse oposta ao fenômeno
de origem, ter-se-ia um sistema no qual a energia seria criada indefinidamente, violando o
princípio da conservação de energia.
Esta força eletromotriz induzida é independente da maneira segundo a qual o fluxo
varia, ou seja, o valor da indução magnética B pode ser variado em vários pontos no interior
de um circuito (REITZ, 1986).
Para materiais duros (guardam uma indução remanescente significativa), como ímãs
permanentes, a curva possui uma grande área interna. Já os materiais doces (não guardam
uma indução remanescente significativa) possuem uma área menor, como por exemplo, as
chapas de ferro-silício3.
Segundo Bastos (1992), percorrer o ciclo de histerese significa fazer com que os
domínios de Weiss troquem suas polaridades, o que exige gastar uma quantidade de energia.
Uma vez que o campo H é extinto em materiais duros, os campos dos domínios tenderão a se
manter na mesma situação de alinhamento, formando a indução remanescente do ímã.
2.1.7 Indução
3
O ferro-silício é essencial na fabricação de aço, ferro fundido, e ligas especiais.
27
di
VL = L ⋅ (2.9)
dt
sendo:
Vl = tensão nos terminais de um indutor;
L = indutância;
i = corrente elétrica;
t = tempo.
ϕ
L=N (2.10)
I
sendo:
L = indutância;
N = número de espiras;
ϕ = fluxo magnético;
I = corrente elétrica.
bobina 1 atravessa as espiras da bobina 2 por unidade de corrente conforme a equação (2.11).
ϕ
I1
V1 N1 N2 V2
ϕ12
M = N2 (2.11)
I1
sendo:
M = indutância mútua;
N 2 = número de espiras do secundário;
ϕ 12 = fluxo magnético gerado pela bobina 1 que atravessa as espiras da bobina 2;
I 1 = corrente elétrica no primário.
Figura 2.6 - Bobina para determinação da indutância mútua. a) vista frontal do núcleo
toroidal. b) vista em corte mostrando a seção retangular.
Fonte: RAMBOZ, 1996.
µ0 ⋅ N ⋅ h a
M = ln (2.12)
2 ⋅π b
sendo:
M = indutância mútua;
µ o = permeabilidade magnética no vácuo;
N = número de espiras;
h = fluxo seção retangular;
a = raio interno;
b = raio externo.
i1(t) i2(t)
M12
vi(t) L1 L2 vo(t)
Fazendo uma análise das duas malhas chega-se a relação entre a corrente do primário e
a tensão que é fornecida na bobina, conforme equações abaixo:
di1 ( t )
v o ( t ) = M 12 (2.13)
dt
1
M 12 ∫
i1 ( t ) = v o ( t )dt (2.14)
sendo:
v o = tensão que é fornecida pela bobina (saída);
M 12 = indutância mútua;
i1 = corrente do enrolamento primário;
t = tempo.
v,i
i1 vo
Homrich, Ruppert Filho e Freitas (2002), afirmam que a bobina de Rogowski pode ser
modelada pela Lei de Ampère, ou pela Lei de Biot-Savart. Estas duas formas fornecem
resultados muito bons, mas a lei de Biot-Savart apresenta um resultado mais preciso, por se
tratar de uma forma mais próxima da prática. As duas formas de calcular a bobina serão
mostradas e comparadas para a escolha do melhor método.
Pela Lei Circuital de Ampère é possível calcular o campo H gerado pela corrente i1 (t ) ,
considerando todas as contribuições diferenciais dl, que circula no condutor infinito conforme
figura 2.9 e expresso pela equação (2.15).
i1 ( t )
H= (2.15)
2 ⋅π ⋅ r
sendo:
H = modulo do campo magnético;
i1 = corrente elétrica passando pelo condutor;
r = raio do campo magnético circular;
t = tempo.
33
µ0 ⋅ i1 (t )
B= (2.16)
2⋅π ⋅ r
sendo:
B = módulo da indução magnética;
i1 = corrente elétrica passando pelo condutor;
µ o = permeabilidade magnética no vácuo;
r = raio do campo magnético circular;
t = tempo.
µ0 ⋅ rt 2
ϕ (t ) = i1 (t ) (2.17)
2⋅r
sendo:
ϕ = fluxo magnético;
34
t = tempo.
Entretanto, o valor dado pela equação (2.17) será diferente do valor prático pois na
formulação o condutor é considerado infinito (HOMRICHI; RUPPERT FILHO; FREITAS,
2002).
R = − xi + yj (2.18)
− xi + yj
uR = (2.19)
x2 + y 2
dl = dxi (2.20)
sendo:
u r = vetor unitário na direção do vetor R;
l = comprimento do condutor;
x = projeção do vetor R no eixo das abscissas;
y = projeção do vetor R no eixo das ordenadas.
µ0 ⋅ i1 (t ) dl × a R
dB(t ) = ⋅ (2.21)
4⋅π | R |2
µ 0 ⋅ i1 (t ) l
B aθ (t ) = ⋅ (2.22)
4 ⋅π l
( )2 + r 2
2
Para o cálculo do fluxo magnético, consideramos o mesmo tubo de fluxo rt da figura
2.10 a uma distância r do centro do condutor. A relação é mostrada na equação a seguir:
µ 0 ⋅ rt 2 ⋅ i1 (t ) l
ϕ aθ (t ) = ⋅ (2.23)
4⋅r l
( )2 + r 2
2
sendo:
ϕ = fluxo magnético;
B = indução magnética;
36
l
2 ( )2 + r 2
2
kd = (2.24)
l
Um cuidado essencial que se deve tomar neste tipo de construção é garantir que a
conexão da bobina seja bem feita para minimizar os efeitos de correntes externas.
Segundo Higashi (2006), a bobina com núcleo rígido é mais indicada para medidas de
maior exatidão, e para ser instalada de forma permanente. Por possuir maior indutância
mútua, a resposta de tensão na saída será também mais elevada. Duas bobinas de núcleo
rígido são apresentadas na figura 2.14 .
aumento do número de espiras. Sendo assim, este tipo de enrolamento é mais adequado no
uso em sinais de menores freqüências, em que essa perda pode ser desprezada.
Devido ao fato da tensão de offset de entrada ser uma tensão contínua, esta pode se
tornar uma grande fonte de erros no amplificador. Existem alguns métodos para se anular
esta tensão, sendo o ajuste interno o mais recomendado pelos fabricantes. Entretanto, este
ajuste somente é possível se o circuito integrado (CI) apresentar terminais para tal fim. Sendo
esta condição atendida, utiliza-se um resistor nos terminais de ajuste para eliminar este
problema (GRUITER, 1988).
Ei
Ga = (2.26)
Eo
sendo:
Ga = ganho do amplificador operacional;
E i = sinal de tensão de entrada;
1
v2 = −
RC ∫ V dt
1 (2.27)
sendo:
V1 = tensão de entrada;
v 2 = tensão de saída;
t = tempo;
R = resistência série da entrada inversora;
C = capacitância paralela.
Entretanto, por se tratar de uma aplicação prática, paro uso na bobina, o amplificador
deverá ter um resistor em paralelo com o capacitor. A razão da introdução deste resistor se
deve ao fato de que se a realimentação for apenas feita com o capacitor, ocorrerá um ganho de
malha fechada muito alto para o componente contínuo; logo, haveria uma integração da
tensão de offset de entrada. Em geral, o resistor R2 deverá ter o valor de alguns quilo-ohms,
adotando-se que ele tenha um valor de pelo menos dez vezes o valor do resistor R1 . O
amplificador operacional prático é mostrado na figura 2.18.
43
1
fc = (2.28)
2πR2C1
sendo:
f c = freqüência de corte;
R2 = resistência paralela;
C 1 = capacitância paralela.
VO' R2
= (2.29)
VO R1 ( R2 C1 s + 1 )
sendo:
VO' = tensão de saída;
VO = freqüência de entrada;
2.3 METROLOGIA
2.3.1 Introdução
2.3.2 Terminologia
• Instrumento: aparelho que serve para determinar o valor de uma grandeza ou variável,
podendo ser utilizado sozinho ou em conjuntos com outros aparelhos;
• mensurando: objeto de medição, grandeza específica submetida à medição;
• resultado de uma medição: valor atribuído a um mensurando obtido através de uma
medição
• indicação: valor de uma grandeza fornecida por um instrumento de medição;
• resultado não corrigido: resultado de uma medição antes da correção dos erros
sistemáticos:
• resultado corrigido: resultado de uma medição após a correção dos erros sistemáticos:
• exatidão de um instrumento: capacidade de um instrumento de medição de fornecer
valores próximos aos tomados como verdadeiros;
• fator de correção: fator numérico pelo qual o resultado não corrigido de uma medição é
multiplicado para compensar um erro sistemático;
• ajuste de um instrumento: operação destinada a fazer com que um instrumento de medição
tenha desempenho compatível com o seu uso;
• classe de exatidão: classe de instrumentos de medição que atendem certas exigências
metrológicas destinadas a conservar os erros dentro de certos limites.
46
σ=
∑ ( Xi − X ) 2
N ef − 1
(2.30)
Sendo:
σ = Desvio Padrão;
X = média dos valores medidos;
Xi = valor da medida genérica;
N ef = número de medidas efetuadas.
47
Xi − X
λ= (2.31)
σ
sendo:
λ = número de desvios padrão que a medida difere da média;
σ = desvio padrão;
X = média dos valores medidos;
Xi = valor da medida genérica.
sendo:
RC = critério de rejeição.
Portanto, o valor de Xi é considerado aceitável se λ ≤ RC.
48
O erro absoluto pode ser definido como o valor medido menos o valor tido como
verdadeiro de determinado mensurando, ou seja, a diferença algébrica entre o valor medido e
o valor real, como mostra a equação a seguir:
E
Er = (2.34)
VaVer .
sendo:
Er = erro relativo;
E = erro absoluto;
49
O erro grosseiro não está definido no vocabulário internacional de medidas, pois são
decorrentes de fatores externos e não aos instrumentos. A origem desses erros se deve a
leitura errônea, manipulação indevida, anotação errada, etc. Eliminar esses erros
completamente é impossível, porém as suas causas devem ser detectadas e reduzidas,
principalmente através de treinamento e conscientização do pessoal envolvido na medição.
Uma forma de evitá-lo é através da repetição do ensaio pelo mesmo, ou outro operador.
Qualquer unidade de medida tem uma definição, tomada como uma unidade ideal ou
parte do SI, e uma realização, atingida por meio de experiências executadas por um
laboratório nacional, cujos resultados sejam o mais próximos da definição, além de uma
representação. Quando é obtida a realização, o laboratório mantém esse valor como
representação da unidade, sendo um padrão para comparar-se com outras representações.
Segundo Lira (2001, p. 55) a unidade e o padrão de corrente elétrica é definido da
seguinte forma:
o Ampère (sic) é a unidade de base para eletricidade no SI, sendo as
definições de Volt e Watt suas unidade derivadas. O SI definiu o Ampère
(sic) como uma corrente constante que, ao passar por dois condutores
paralelos de seção transversais desprezível e separados entre si por uma
distancia de 1m, produz entre esses dois condutores uma força de 2x10-7 N /
m por metros de comprimento destes condutores. Pela definição, o ampère
(sic) é uma unidade do SI difícil de ser realizada, portanto não há ainda
nenhum padrão para sua representação. Aplica-se nesse caso a lei de Ohm.
Va Ind . − VaVer .
E% = x100 (2.35)
Va Ind .
sendo:
E% = erro percentual de leitura;
Va Ind . = valor medido;
2.4.1 Introdução
Primário
Secundário
Carga
Fonte AC
Circuito
Magnético
Figura 2.19 - Transformador elementar.
Fonte: MEDEIROS FILHO, 1997.
Carga
I1
N1
TC
N2
I2
A
I 2 N1
= (2.36)
I1 N 2
sendo:
I 1 = corrente que circula no circuito primário;
I 2 = corrente que circula no circuito secundário;
N 1 = número de espiras do circuito primário;
N 2 = número de espiras do circuito secundário.
2.4.3 Relações de um TC
I 1n
= Kc (2.37)
I 2n
56
sendo:
I 1n = corrente nominal do primário;
Já a relação real, como o próprio nome sugere, é a relação entre o valor exato da
corrente que percorre o circuito primário e o valor exato da corrente que aparecerá no circuito
secundário, como é mostrado na equação (2.38).
I 1r
= Kr (2.38)
I 2r
sendo:
I 1r = corrente real que circula pelo primário;
I 2 r = corrente real que circula pelo secundário;
Kr = relação de transformação real.
Kr
= Fcr (2.39)
Kc
sendo:
Kr = relação de transformação real;
Kc = relação de transformação nominal;
Fcr = fator de correção de relação.
57
Logo se observa que para cada valor de corrente têm-se um Fcr diferente. Portanto,
determina-se uma faixa de variação para o Fcr, a qual servirá para determinar a classe de
exatidão do TC.
Segundo Medeiros Filho (1997), a queda de tensão no primário pode ser
desconsiderada, já que o a impedância desse enrolamento é muito baixa. Essa observação
indica que o TC pode induzir dois tipos de erro, o erro de relação,indicado na equação (2.40),
e o erro de fase. Conforme Slemon (1974), o erro de fase só é levado em consideração para
medição de energia, não levado em consideração para medir simplesmente a corrente elétrica.
→
Kc * I 2 r − | I 1r |
Ec = →
(2.40)
| I 1r |
sendo:
Ec = erro de relação do TC;
Kc = relação de transformação nominal;
I 1r = corrente real que circula pelo primário;
I 2 r = corrente real que circula pelo secundário;
sendo:
β = ângulo de fase do instrumento;
Fcr = fator de correção de relação;
Fct = fator de correção de transformação.
58
I1
100% de I1n
50% de I1n
10% de I1n
Para que um TC esteja dentro das classes de exatidão 0,3; 0,6 e 1,2 especificada, em
determinadas condições, o erro de relação ou seu fator de correção de relação e o ângulo de
fase deve estar dentro do paralelogramo de exatidão representado nas figuras 2.22, 2.23 e 2.24
respectivamente. O paralelogramo interno refere-se a 100% da corrente nominal do TC, e o
externo a 10% da corrente nominal.
A classe de exatidão 3 não é usada para medição de potência ou energia, pois não tem
limite de ângulo de fase. Portanto, nesse TC, a classe de exatidão é atendida, quando o fator
de correção de relação ficar compreendido entre 1,03 e 0,97.
3 DESENVOLVIMENTO
3.1.1 Introdução
Para que o sinal de saída fique na casa dos milivolts, e por razões construtivas (bobina
não fique com uma forma muito grande), nos dois protótipos montados foi definido que o
diâmetro externo do toróide tivesse no máximo 100 mm. Para viabilizar a confecção do
enrolamento, ou seja, um espaço para o qual fosse possível realizar o enrolamento e no qual
fosse possível passar o condutor ao qual de deseja medir com certa folga, foi definido que o
diâmetro interno deveria ter a dimensão de aproximadamente 40 mm.
Após trabalhar os núcleos das bobinas, corrigindo imperfeições, os diâmetros internos
e externos ficaram respectivamente com 38 mm e 96 mm.
Para a construção das espiras foi usado fio de cobre esmaltado 28 AWG. A capacidade
de condução de corrente do mesmo não foi um fator significante na escolha, pois a corrente
circulante nos enrolamentos da bobina é muito baixa. Portanto, a utilização dessa bitola se
deve principalmente ao fato de um condutor com seção transversal menor proporcionar uma
maior quantidade de espiras na bobina, e por conseqüência, uma maior tensão induzida na
saída da bobina. Outro fator importante é a maleabilidade do condutor, proporcionando uma
facilidade na construção.
64
Esse condutor tem um diâmetro de aproximadamente 0,32 mm, porém este não é
uniforme em toda a extensão do condutor, devido a principalmente imperfeições no esmalte
isolante. Foram efetuadas varias medições, com auxílio de um micrômetro, em 2 metros do
condutor, chegando a um valor médio de 0,3228 mm. Com esse valor foi calculado o número
de espiras teórico que a bobina poderia conter. A equação utilizada é mostrada abaixo:
d ib ⋅ π
N = (3.1)
dc
sendo:
N = número de espiras;
d ib = diâmetro interno do toróide;
π ⋅ 38
N = ≈ 369
0 ,3228
Considerando-se que a bobina teria 300 espiras, com diâmetro externo de 96mm e
interno de 38mm chegou-se a um comprimento da bobina de aproximadamente 20mm, para
que o sinal de saída ficasse na casa dos milivolts. Foi construída a bobina 1 com 21mm de
comprimento, haja vista que seu núcleo é constituído de 7 chapas justapostas de 3mm cada.
Com o objetivo de ter um sinal com amplitude maior na saída, foi realizada a
contrução de uma segunda bobina (bobina N.°2), de maior comprimento. Para a construção da
mesma utilizou-se uma peça de nylon, de diâmetros interno 40mm e externo 103mm. Após
um trabalho na peça para tirar as imperfeições, o comprimento da bobina ficou em 125mm.
65
µ ⋅ h di ( t ) (3.2)
v0 ( t ) = − o
2π ⋅ r dt
sendo:
v o = tensão que é fornecida pela bobina (saída);
µ ⋅h (3.3)
v0 ( t ) = − o I ⋅ ϖ ⋅ cos( ϖ t )
2π ⋅ r
sendo:
ϖ = freqüência angular da corrente no primário.
sendo:
I = corrente no primário.
66
h
b
r
a d
As dimensões das bobinas N.° 1 e N.° 2 são mostradas nas tabelas 3.1 e 3.2
respectivamente.
Segundo Ramboz (1996), uma grande preocupação que se deve ter ao construir a
bobina é a de se manter uniforme a distribuição das espiras ao redor do núcleo, pois, para
variações de distribuições das espiras, podem ocorrer erros de medida conforme a variação da
posição da bobina em torno do seu eixo central. A figura 3.4 mostra uma bobina de Rogowski
com estas variações nas distribuições das espiras.
Estas variações têm a importância de acordo com a aplicação da bobina: para bobinas
destinadas à medição de pulsos de correntes (variações bruscas de corrente em um curto
espaço de tempo) estas variações na uniformidade das espiras não representam um grande
fator de erro, já que a exatidão da medida não é tão importante como a para medição para fins
de faturamento, por exemplo.
Levando-se em conta os fatores mencionados, uma grande preocupação na construção
do núcleo da bobina foi à uniformidade da disposição das espiras sobre o mesmo. Como a
única forma que dispúnhamos para desenvolve o bobinado era de forma manual, a solução
68
encontrada foi desenhar o local exato de cada espira sobre o núcleo, antes da confecção da
bobina. Foi utilizado um software gráfico para projetar o modelo como se vê na figura 3.5.
Com este modelo de disposições das espiras, foi possível construir a bobina de uma
forma muito satisfatória, mantendo a uniformidade ao longo de todo o comprimento da
circunferência da bobina como pode ser visto na figura 3.6. No caso da bobina N.º 2, a
dificuldade de se manter a uniformidade ao longo de seu comprimento foi maior, devido a
maior extensão do mesmo.
Na figura 3.6 é mostrado um detalhe do enrolamento da bobina, no qual pode-se
observar a uniformidade na distribuição das espiras ao redor do núcleo da bobina.
69
medições devido ao seu offset de saída, para isso, foi escolhido o amplificador operacional
OP177. Este apresenta valores de ofsset ultra-baixos, segundo o datasheet, para uma
temperatura ambiente de 25 °C, seu erro na saída chega no máximo a 10 µV.
10
fc = (3.6)
C1
sendo:
f c = freqüência de corte ;
10
C1 = = 100 nF
100
Para o cálculo de R1 utilizou-se a forma a seguir:
1
R1 = (3.7)
b ⋅ wc ⋅ C 1
sendo:
R1 = valor do resistor de entrada;
71
b = ordem do filtro;
wc = freqüência angular de corte;
1
R1 = ≅ 16 kΩ
1 ⋅ 2 ⋅ π ⋅ 100 ⋅ 100 ⋅ 10 − 9
Foi adotado o valor comercial de resistor, de precisão 1%, mais próximo, sendo 15,8 kΩ
k
R2 = R1 (3.8)
k −1
sendo:
k = ganho do amplificador operacional;
R1 = valor do resistor de entrada;
R2 = valor do resistor R 2 .
2
R2 = ⋅ 16 ≅ 32kΩ
2 −1
R3 = k ⋅ R1 (3.9)
72
sendo:
k = ganho do amplificador operacional;
R1 = valor do resistor de entrada;
R3 = valor do resistor R3 .
R 3 = 2 ⋅ 16 ≅ 32kΩ
32 ⋅ 32
R1 = 15,8 ≅ ≅ 16kΩ
32 + 32
O ganho apresentado pelo circuito da figura 3.6 é dado pela equação a seguir:
R3
k = 1+ (3.11)
R2
O ganho calculado é:
73
32
k = 1+ ≅2
32
Logo o ganho calculado ficou próximo do valor inverso da relação da equação (3.4)
segundo o qual, teremos a relação da corrente de entrada, a corrente que circula no primário
da bobina, pela tensão de saída, sinal de tensão na saída do amplificador de 0,001/1 V/A, ou
seja, para cada ampere que circula no primário teremos 1 milivolt na saída do circuito do
amplificador. O resistor variável foi inserido ao circuito para que, após ser determinada a
relação real da bobina, ajuste-se o ganho do circuito amplificador.
Para uma avaliação preliminar, foi realizada a simulação do circuito de filtragem no
Pspice, conforme mostra a figura a seguir:
amplitude é a onde de saída amplificada pelo circuito no ponto V out da figura 3.7.
4 ENSAIOS E RESULTADOS
Este capítulo tem como objetivo apresentar os dados coletados nos ensaios com as
bobinas implementadas, bem como os resultados obtidos.
Inicialmente foi realizado o ensaio com o condutor primário não centralizado, mas a
uma posição ortogonal ao diâmetro da bobina. Pode-se observar que para uma corrente de 0 A
há uma tensão induzida na bobina devido a interferência de ondas eletromagnéticas de alta
freqüência. Esta ocasiona um erro na leitura da tensão induzida, a qual se mostra menos
significativa conforme se aumenta à amplitude da corrente que passa pelo condutor primário.
Os dados obtidos no ensaio são mostrados na tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Resultados das medições realizadas na bobina 1, condutor não centralizado
Corrente (A) Tensão induzida (mV) N.º de leituras Tensão/Corrente
0 3,058350 82 -
10 5,633665 96 0,563367
20 10,14434 117 0,507217
30 14,80234 147 0,493411
40 19,53243 119 0,488311
50 24,25129 89 0,485026
30
24,25129
25
20
Tensão (mV)
19,53243
15 14,80234
10 10,14434
5 5,633665
3,058350
0
0 10 20 30 40 50 60
Corrente (A)
Para o segundo ensaio, foram adotados os mesmo métodos do primeiro, porém neste, o
condutor foi centralizado na bobina. Pode-se observar uma menor influência das componentes
de interferência na medição, sendo estas também mais significativas para valores de corrente
de menor amplitude. Os dados obtidos são mostrados na tabela 4.2
30
23,95699
25
Tensão (mV)
20 19,27048
15 14,62320
10 10,17717
5 5,884399
2,901272
0
0 10 20 30 40 50 60
Corrente (A)
4.1.3 Medições na bobina 1 com o condutor primário centralizado e passado duas vezes
Devido a limitação da fonte de corrente usada nos ensaios ser de 50 A, foi adotado o
artifício de se envolver a bobina com duas espiras do condutor primário, tentando deixá-los o
mais no centro possível da bobina. Desta maneira, a corrente no primário que será percebida
pela bobina será o dobro das correntes nos ensaios anteriores. Com isso, será possível
observar também, seu comportamento caso a corrente no primário exceda os 50 A máximo
definido para a bobina.
Os dados mostram que inicialmente (sem corrente no primário), a tensão induzida
devido a interferência é praticamente igual ao caso de apenas uma espira no primário.
Entretanto, é possível observar que para valores muito maiores de corrente a linearidade é
maior devido a menor relevância desta componente de interferência. Os dados obtidos são
mostrados na tabela 4.3.
60
48,02820
50
40
Tensão (mV)
38,47462
30 28,88554
20 19,46657
10 10,06062
2,845903
0
0 20 40 60 80 100 120
Corrente (A)
160 148,48670
140
120 120,07150
Tensão (mV)
100
91,95817
80
60 65,17182
40 41,13360
28,78579
20
0
0 10 20 30 40 50 60
Corrente (A)
1
XC = (4.1)
2.π .C. f
82
sendo:
X C = impedância do capacitor;
C = capacitância do capacitor;
f = freqüência de trabalho do circuito;
Com a inserção deste filtro, pode-se observar o desaparecimento das componentes de
alta freqüência que estavam causando a interferência nas medições, sendo a tensão induzida
sem corrente nula. Os dados obtidos no ensaio são mostrados na tabela 4.5.
Pela figura 4.6, nota-se uma linearidade muito boa, mesmo para correntes de baixa
amplitude devido a não presença de componentes de alta freqüência.
25 23,55805
20
18,85076
Tensão (mV)
15
14,13488
10 9,423016
5 4,699371
0 0,00000
0 10 20 30 40 50 60
Corrente (A)
A relação padrão para o cálculo do erro foi considerada a média da relação entre a
tensão e a corrente, portanto seu valor é 0,4709 mV/A. A partir da figura 4.7 comprova-se a
linearidade e observa-se o erro máximo de medição.
0,4740
0,4735
Tensão/Corrente (mV/A)
0,4730
0,4725
0,4720
0,4715 0,4712
0,4712 0,4713 0,4712
0,4710
0,4705
0,4700 0,4699
0,4695
0,4690
0,4685
0,4680
10 20 30 40 50
Corrente (A) Medidas
Medias das medidas
Figura 4.7 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
no primário da bobina 1 com o condutor centralizado e capacitor de 47 µF na saída.
160
146,4361
140
120 117,2432
Tensão (mV)
100
87,93014
80
60 58,60337
40
29,30919
20
0 0,00000
0 10 20 30 40 50
Corrente (A)
A relação padrão para o cálculo do erro foi novamente considerada a média da relação
entre a tensão e a corrente, portanto seu valor é 2,9304 mV/A. A partir da figura 4.9
comprova-se a linearidade e observa-se o erro máximo de medição.
85
2,9400
2,9380
Tensão/Corrente (mV/A) 2,9360
2,9340
2,9320
2,9309
2,9302 2,9310 2,9311
2,9300
2,9287
2,9280
2,9260
2,9240
2,9220
2,9200
10 20 30 40 50
Figura 4.9 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
no primário da bobina 2 com o condutor centralizado e capacitor de 47 µF na saída.
Através dos resultados do item 4.1 observamos que ambas as bobinas tiveram bons
desempenhos, razão pela qual optamos por prosseguir os ensaios com apenas uma das
bobinas, no caso a bobina N.º 1.
O circuito amplificador foi montado baseado nos cálculos do item 3.1. Através dos
resultados da tabela 4.5 chegamos ao valor exato da relação de transformação da bobina 1,
sendo esse 0,4709 mV/A, portanto o ganho necessário é 2,1234, para termos a relação da
corrente de entrada pela tensão de saída de 0,001/1 V/A.
Foi então montado o circuito definitivo, mostrado na figura 4.1 com os seguintes
valores de resistores:
34
k = 1+ ≅ 2,1239
32,25
A figura 4.3 mostra a implementação do circuito amplificador. Foi optado por sua
montagem em uma placa padrão, para minimizar assim, possíveis maus contatos na conexão
dos componentes e facilitar os ensaios.
Este ensaio apresenta os resultados finais para a validação do real funcionamento das
bobinas, verificação de sua linearidade, aplicada na saída o filtro ativo projetado, também foi
verificada a resposta da bobina a freqüências maiores que 60Hz. Neste ensaio, adotou-se fazer
três vezes a medição para cada valor de corrente, e assim, obter uma média do valor.
Para tal, foram usados um multímetro digital Agilent 34401A, 6 ½ dígitos, na faixa de
100mV, true rms, accuracy 0,06% do valor ajustado e 0,04% do valor da faixa, com uma
resolução de 0,001mV, como mostra a figura 4.11; uma fonte de corrente Yokogawa 2558
87
AC Voltage Current Standard, accuracy 0,15% do valor ajustado e 0,015% do valor da faixa,
com uma resolução de 0,01A; um osciloscópio digital Tectronix TDS 2024 e uma fonte CC
Iminipa Powersupply MPC-3003 D.
Figura 4.11 - Multímetro digital Agilent de alta precisão usado nos ensaios.
Inicialmente foi feita a montagem dos equipamentos conforme a figura 4.12, na qual
foram efetuados os testes aplicando-se corrente, através de uma fonte de corrente ajustada em
60Hz e variando de 0 a 50 A no primário da bobina. Observa-se também a fonte simétrica de
alimentação do circuito eletrônico, o multímetro digital e o osciloscópio para leitura da tensão
de saída. Através desse ensaio foram coletados os dados da tabela 4.7.
88
Tabela 4.7 – Resultados das medições realizadas na bobina 1 com filtro ativo.
1,0120
1,0070
Tensão/Corrente (mV/A)
1,0020
0,9970
0,9920 0,9918
0,9870 0,9870
0,9859 0,9870 0,9857
0,9820
0,9770
0,9720
0 10 20 30 40 50
Média das medidas
Corrente (A)
Media das relações
incerteza
incerteza
Figura 4.13 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
da bobina 1 com o condutor centralizado, filtro ativo e capacitor de 22 µF na saída
0,9660
0,9645
Tensão/Corrente (mV/A)
0,9630
0,9615
0,9600 0,9602 0,9598 0,9599 0,9601
0,9598
0,9585
0,9570
0,9555
0,9540
10 20 30 40 50
Corrente (A)
Média das medidas
Media das relações
Incerteza
Incerteza
Figura 4.14 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(120Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída
91
1,4440
Tensão/Corrente (mV/A)
1,4420
1,4400
1,4379 1,4381 1,4380
1,4380 1,4376 1,4377
1,4360
1,4340
1,4320
1,4300
10 20 30 40 50
Corrente (A)
Média das medidas
Media das relações
Incerteza
Incerteza
Figura 4.15 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(180Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída.
92
1,9200
Tensão/Corrente (mV/A)
1,9180
1,9160
1,9140
1,9134 1,9126 1,9127 1,9125
1,9120 1,9124
1,9100
1,9080
1,9060
1,9040
10 20 30 40 50
Corrente (A)
Média das medidas
Media das relações
Incerteza
Incerteza
Figura 4.16 - Relação Tensão no secundário pela Corrente no primário x Corrente no primário
(240Hz) da bobina 1 com capacitor de 22 µF na saída
Observa-se através das figuras 4.14, 4,15 e 4,16 que a resposta da bobina para os três
valores de freqüência de entrada continua linear, mantendo-se o erro abaixo dos 0,01%.
93
Freqüência Tensão/Corrente
(Hz) (mv/A)
60 0,4709
120 0,9600
180 1,4378
240 1,9127
2,00
1,9127
1,80
Tensão/Corrente (mV/A)
1,60
1,40 1,4378
1,20
1,00 0,9600
0,80
0,60
0,4709
0,40
0,20
0,00
60 120 180 240
Frequencia (Hz)
Foram obtidas três formas de onda na saída da bobina N.º 1. A figura 4.18 mostra a
forma de onda na saída, este é o sinal de tensão proporcional a corrente no primário de 60Hz.
Nota-se que ela possui uma forma senoidal, sua defasagem que deveria ocorrer devido ela ser
derivada da corrente é corrigida pela presença do capacitor.
A forma de onda representada pela figura 4.20 mostra a saída da bobina quando o
osciloscópio é ajustado para mostrar o valor de pico do sinal de ruído de altas freqüências,
observa-se que este é significativo tendo um valor de pico a pico de aproximadamente um
sexto do valor de pico a pico da onda de freqüência fundamental. Quando o osciloscópio é
ajustado para mostrar o valor médio, figura 4.19, observa-se que o sinal de ruído torna-se
pouco considerável, não influenciando de maneira significativa no valor eficaz da onda a ser
medida, como observou-se nos erros de medição anteriormente calculados.
Figura 4.18 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 60 Hz.
95
Figura 4.19 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 420 Hz
Figura 4.20 - Forma de onda na saída da bobina para uma corrente de entrada de 60 Hz
Kr 0,4699
Fcr = = = 0,9979
Kc 0,4709
Esta relação foi calculada a partir dos ensaios da bobina sem circuito do filtro ativo,
sendo, levando-se em consideração os dados levantados no ensaio da bobina com o filtro
ativo (tabela 4.7) , apesar do erro ser maior, o fator de correção de relação (Fcr) ficou em
1,004, dentro dos limites estabelecidos pela norma para a classe de exatidão 0,3.
Todavia, não pode-se classificar o protótipo ensaiado como um TC de classe de
exatidão 0,3 pois não foi levantado ângulo de fase do equipamento, portando apesar de um
nível muito baixo de erro de relação, podemos comparar esse equipamento como um TC de
medição classe 3, sem finalidade para tarifação, no qual o limite do erro é 3% da corrente
nominal do TC, sem limite de defasagem angular.
Outro ponto positivo da bobina é a linearidade da resposta em diferentes níveis de
freqüência. Apesar de linear, a relação de transformação não é constante, necessitando de
alguma técnica adequada para corrigir essa relação, não sendo esse tópico um objetivo desse
trabalho.
A diferença fundamental entre um TC e o protótipo desenvolvido, do ponto de vista
construtivo é , como já visto, o núcleo do enrolamento, sendo que o núcleo ferromagnético do
TC garante e esse equipamento uma baixa interferência de ruídos de campos magnéticos
97
externos, sendo esse mesmo núcleo, devido a sua saturação, responsável pela pequena faixa
de operação de um TC, além das perdas proporcionais a corrente circulante no circuito
secundário, necessitando portanto de equipamentos com características distintas para medição
de correntes de diferentes amplitudes ou outras aplicações como medição ou proteção.
Apesar do inconveniente das interferências, a grande vantagem da bobina de
Rogowski é a grande faixa de amplitudes de corrente que medirá mantendo-se, como visto,
um erro de medição quase constante além da linearidade a vários níveis de freqüência. O
baixo sinal de saída do protótipo é de certa forma um fator complicador, principalmente em
relação a interferências, porém do ponto de vista da segurança essa característica apresenta
uma grande vantagem da bobina em relação ao TC.
Cabe ressaltar também, a facilidade da implementação de uma bobina de Rogowski se
comparada com um TC. Seus custos também são muito inferiores, pois a quantidade de
material usado é muito menor, em especial o enrolamento de cobre, e a não utilização de um
núcleo magnético, fazendo com que seu custo fique muito reduzido.
De maneira alguma esse transdutor de corrente poderia, por si só, substituir o TC em
suas inúmeras aplicações, pois os instrumentos de que são conectados ao secundário do TC
tem seus princípios de funcionamento relacionados à corrente que circula no secundário desse
transformador, diferentemente do pequeno sinal de tensão fornecido pela bobina.
98
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
JINGSHENG, Lao et al. Studies of Rogowski Coil Current Transducer for Low
Amplitude (100A) Measurement – CECE 2003 - CCGEI 2003. Montréal, May 2003.
Disponível em: <http: //www.ieee.org>. Acesso em: 05 de maio de 2007.
LIRA, Francisco Adval de. Metrologia na Indústria. 4. ed. São Paulo: Érica, 2001.
MATIAS, Ricardo Marçal. Blindagens Contra Interferências Eletromagnéticas. Tecnologia &
Humanismo, Curitiba, Pr, agosto de 2001. Edição nº 21, p. 19-33.
101
MEDEIROS FILHO, Solon de. Fundamentos de Medidas Elétricas. 2. ed., Rio de Janeiro,
RJ: Guanabara Dois S/A, 1981.
MEDEIROS FILHO, Solon de. Medição de Energia Elétrica. 4 ed., Rio de Janeiro, RJ:
LTC, 1997.