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Planejamento de Sistemas Energéticos

Aula 3:
Características de Produção
Hidrotérmica de Energia para
Estudos de Planejamento

Docente: Dr. Raphael Augusto de Souza Benedito


E-mail:raphaelbenedito@utfpr.edu.br
disponível em: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito
Conteúdo

1. Produção de Energia Elétrica


2. Usinas Hidrelétricas
3. Usinas Termoelétricas
1. Produção de Energia Elétrica

• Meios de Produção
– Os meios de produção de Energia Elétrica correspondem
aos diferentes tipos de equipamentos necessários para a
geração de energia elétrica em escala industrial.
– Dentre estes meios, os mais relevantes em escala mundial
são:
• Usinas Hidrelétricas: onde a energia é obtida a partir da
transformação da energia potencial dos cursos d’água;
• Usinas Termelétricas: onde a energia resulta da transformação da
energia cinética de gases e vapores em expansão, aquecidos pela
queima de combustíveis.
1. Produção de Energia Elétrica

• A utilização dos diferentes tipos de usinas geradoras é


função da existência de fontes primárias de energia,
que podem ser renováveis ou não-renováveis.

• Por sua vez, a escolha da fonte primária de energia é


fortemente influenciada por:
• condições tecnológicas;
• condições econômicas;
• condições ecológicas;
• condições políticas.
1. Produção de Energia Elétrica

Figura 3.1: Fontes de Energia e suas origens


2. Usinas Hidrelétricas

Figura 1: Imagem aérea da Usina Hidrelétrica de Itaipu


2. Usinas Hidrelétricas
• Modelagem: é o processo pelo qual as usinas são representadas
através de conjuntos de equações matemáticas.
– É um processo necessário para que a energia gerada possa ser
calculada com base em informações associadas às suas operações.
– Deve-se, inicialmente, definir o que se deseja deste modelo, as
suas entradas e saídas.

• Modelo matemático de uma usina: é a função de geração da


usina que relaciona variáveis mensuráveis do aproveitamento à
energia gerada.
– Estas variáveis mensuráveis são: o volume de água armazenado
no reservatório e as vazões, turbinada e vertida.
– A partir das variáveis, deve-se determinar a energia gerada pela
usina, tal como ilustrado na figura 3.2
2. Usinas Hidrelétricas

Figura 3.2: Variáveis de entrada e saída utilizadas no Modelo geral de uma


Usina Hidroelétrica
2. Usinas Hidrelétricas
• Para facilitar o entendimento do modelo matemático, os
componentes principais de uma usina hidroelétrica devem ser
analisados.

Figura 3.3: Componentes principais de uma Usina Hidroelétrica


2. Usinas Hidrelétricas

• Xmor: é o volume morto do reservatório, em hm3. É o volume de água


armazenado abaixo do nível mínimo do canal de adução e que não
pode ser retirado do reservatório. Desta forma, o volume morto não
pode ser aproveitado para a geração de energia elétrica;

• Xmin: é o volume mínimo operativo, hm3. É o mínimo volume de


água necessário para que a usina possa gerar energia. Normalmente
está associada à altura mínima na qual a turbina pode operar ou o nível
necessário do reservatório para manter as estruturas de adução
submersas;

• Xmax: é o volume máximo operativo, em hm3. É o volume máximo


extremo de água que o reservatório pode armazenar em condições
normais de operação;

• Xútil: é a diferença entre os volumes operativos, máximo e mínimo,


em hm3;
2. Usinas Hidrelétricas

• Xmáx,Max: é o volume máximo maximorum, em hm3. É o volume


máximo extremo que o reservatório pode armazenar sem que haja
comprometimento da estrutura da barragem. Este volume é atingido
apenas em condições anormais de operação, tais como grandes cheias;

• Xseg: é o volume de segurança, em hm3. É a diferença entre o volume


máximo maximorum e o volume máximo operativo. É como se fosse
um “espaço vazio” que pode ser preenchido em condições anormais,
quando há excesso de água. Dessa forma, o volume de segurança tem a
finalidade de reservar uma faixa de segurança na operação do
reservatório para o controle de cheias;
2. Usinas Hidrelétricas

• q: é a vazão turbinada (engolimento), em m3/s.


– É a vazão que efetivamente gera energia, fluindo do reservatório à
casa de máquinas através do canal de adução, e fazendo com que as
turbinas girem e acionem os geradores;

• v: é a vazão vertida, em m3/s.


– É a vazão que flui diretamente do reservatório ao rio, através do
vertedouro, sem passar pela casa de máquinas e sem gerar energia.
É vista como desperdício, mas as vezes, é um mal necessário para
que sejam satisfeitas restrições de vazão defluente mínima da
usina, ou para controlar o nível d’água do reservatório.

• u: é a vazão defluente (vazão descarregada pela usina), em m3/s.


– É a soma das vazões turbinada e vertida.
2. Usinas Hidrelétricas

Componentes principais de uma Usina


- Barragem;
- Canal de Adução;
- Vertedouro;
- Casa de Máquinas;
- Turbina Hidráulica;
- Gerador Elétrico;
- Canal de Fuga.
2. Usinas Hidrelétricas

Turbinas Hidráulicas
• As turbinas hidráulicas podem ser de ação, ou de reação:
– Em turbinas de ação a energia hidráulica disponível é transformada em
energia cinética para, depois de incidir nas pás do rotor, transformar-se em
mecânica.
– Já em turbinas de reação, o rotor é completamente submergido na água,
com o escoamento da água ocorre uma diminuição de pressão e
velocidade entre a entrada e a saída do rotor.

• Dentre os tipos existentes de turbinas (independentemente de


serem de ação ou reação), merecem destaque em
aproveitamentos hidroelétricos:
– Pelton (de ação);
– Francis (de reação);
– Kaplan (de reação).
2. Usinas Hidrelétricas
Turbinas Pelton

Figura 3.4: Desenho de Turbina Pelton

- são classificadas como turbinas de ação por possuírem a característica de transformar


a energia potencial de queda em energia cinética no jato injetor. Posteriormente, esta
energia cinética é convertida em energia mecânica no rotor da turbina.
- Seu uso é adequado para locais onde haja altas quedas e pequenas vazões. Apresenta
bons rendimentos onde há grande variação de carga, podendo ser operadas entre 10 a
100% da sua potência máxima.
2. Usinas Hidrelétricas
Turbinas Francis

Figura 3.5: Desenho de Turbina Francis


2. Usinas Hidrelétricas
Turbinas Francis
• Estas turbinas são consideradas como turbinas de reação, pois funcionam
com uma diferença de pressão entre os dois lados do rotor. Vem sendo
aplicada largamente, pelo fato das suas características cobrirem um grande
campo de rotação específica. Atualmente, são construídas para grandes
aproveitamentos, podendo ultrapassar a potência unitária de 750 MW e
rendimento superiores a 92% para grandes máquinas.
• Em operação, a água entra no rotor pela periferia, após passar através das pás
diretrizes as quais guiam o líquido em um ângulo adequado para a entrada das
pás do rotor, deixando o mesmo axialmente em relação ao eixo.
• A turbina Francis é uma das mais difundidas e utilizadas no Brasil tanto para
grandes quanto para pequenas centrais hidrelétricas.
2. Usinas Hidrelétricas
Turbinas Kaplan

Figura 3.6: Desenho de Turbina Kaplan


2. Usinas Hidrelétricas
Turbinas Kaplan
• É adequada para operar entre quedas até 60 m. Esta turbina vem apresentando
grande interesse para quedas pequenas em rios de maiores vazões.
• A única diferença entre as turbinas Kaplan e a Francis é o rotor. Este assemelha-
se a um propulsor de navio (similar a uma hélice). Um servomotor montado
normalmente dentro do cubo do rotor, é responsável pela variação do ângulo de
inclinação das pás. O óleo é injetado por um sistema de bombeamento
localizado fora da turbina, e conduzido até o rotor por um conjunto de
tubulações rotativas que passam por dentro do eixo.
• As turbinas Kaplans também apresentam uma curva de rendimento "plana"
garantindo bom rendimento em uma ampla faixa de operação.
• Contudo, deve-se salientar, que é aquela que apresenta o maior custo em
relação ao kW instalado, quando comparada com as tradicionais, Francis
simples e Pelton
2. Usinas Hidrelétricas
Afluências
• A produção energética de um sistema hidroelétrico depende da série cronológica de
vazões afluentes às diversas usinas que compõem o sistema.
• As séries de vazões afluentes representam o fluxo de água médio que flui em postos de
medição durante determinados intervalos de discretização.
• Os registros das vazões afluentes observado no passado são chamados de série
histórica. Além dos dados do histórico de vazões, pode-se utilizar a Média de Longo
Termo (MLT), que representa a média aritmética de cada mês das vazões naturais dos
rios.
• Quando se deseja planeja ou operar um aproveitamento hídrico, a série histórica de
vazões no local é usualmente utilizada como dado de entrada para um modelo de
otimização e/ou simulação. Como dado de saída, obtém-se as grandezas relevantes para
o projeto, como o volume do reservatório necessário para regularizar uma descarga pré-
fixada; o armazenamento “meta” ao final de um dado mês; ou ainda a descarga
máxima que o vertedouro deve ser capaz de dar passagem, conforme ilustrado na
figura a seguir.
2. Usinas Hidrelétricas

Afluências

Figura 3.7: Representação esquemática da utilização da Série


histórica
2. Usinas Hidrelétricas

Afluências
• As séries históricas de vazões afluentes naturais são obtidas (basicamente) através do
seguinte processo:
– Ele inicia-se pela elaboração de curvas-chaves, curvas que especificam a vazão
através de uma seção transversal do rio em função do seu nível d’água.
– Inicia-se, então, uma série de medidas do nível d’água do rio, estas medidas de
nível são transformadas em medidas de vazão através das curvas-chave
previamente determinadas.
– Visto que os postos de medição de vazão não são geralmente localizados nas
próprias usinas, faz-se uma transformação das vazões nos postos para as vazões nas
usinas hidroelétricas.
– Obtém-se assim as vazões diárias das usinas, que por sua vez, são utilizadas no
cálculo as vazões diárias naturais através do desconto das variações de volume
pela evaporação e operação dos reservatórios.
– Finalmente, os valores de vazão natural diária são utilizados para cálculo das
vazões naturais semanais, mensais e anuais.
2. Usinas Hidrelétricas

Afluências
• Apesar de fornecerem subsídios bastante úteis, os estudos com séries históricas
apresentam algumas limitações. Por exemplo, não é possível saber a
probabilidade de ocorrerem situações mais severas do que as registradas no
histórico.

• Assim, uma maneira mais eficiente de se utilizar as informações hidrológicas


disponíveis é visualizar-se a série histórica apenas como uma das possíveis
realizações de um processo estocástico. A utilização de séries sintéticas
permite extrair de forma mais completa a informação dos registros históricos,
possibilitando assim quantificar a incerteza associada aos fenômenos naturais,
e avaliar riscos pertinentes a um sistema hidroelétrico.

• Por sua vez, a escolha do modelo estocástico mais adequando à produção de


séries sintéticas depende do intervalo de discretização das afluências utilizado
nos estudos de planejamento e operação
2. Usinas Hidrelétricas

Figura 3.9: Representação esquemática da utilização de séries sintéticas


2. Usinas Hidrelétricas
Afluências
• Interconexão hidráulica:
– Nos estudos de otimização e simulação, é comum a existência de várias usinas
interconectadas hidraulicamente;
– Além disso, a interconexão entre as usinas faz com que as vazões afluentes a um
reservatório difiram sensivelmente de suas vazões afluentes naturais por causa da
operação dos reservatórios de montante.

Figura 3.10: Usinas hidroelétricas e suas vazões afluentes


2. Usinas Hidrelétricas
Afluências
Observações:
• As vazões defluentes de usinas de reservatório => vazão controlável
• As vazões incrementais => vazões não-controláveis
– Não podem ser alteradas pela operação dos reservatórios

• De modo geral, a vazão afluente de uma usina “i” qualquer, yi,


pode ser determinada utilizando-se as seguintes equações:

onde Ω é o conjunto formado pelas usinas que estão imediatamente


a montante da usina “i”.
2. Usinas Hidrelétricas
Afluências
Capacidade de Regulação:
• Representação matemática:

• Expressa quanto da afluência anual média (em porcentagem), o sistema tem


possibilidade de armazenar em seus reservatórios
– Fornecendo uma avaliação precisa da capacidade do sistema de aproveitar os
períodos de altas afluências exercendo seu papel de regulador de vazões

• O sistema brasileiro tem uma capacidade de regulação em torno de 40% (em


média),
– não aproveitando os períodos de vazões afluentes altas
– Isto também significa que este sistema não consegue guardar grandes quantidades de
energia, em forma de água armazenada, em uma perspectiva plurianual.
2. Usinas Hidrelétricas
Altura de Queda
• Altura de queda bruta (hb) => é a diferença de altura entre os níveis de água do
reservatório e do curso do rio a jusante ou do canal de fuga, ou seja, é uma
função dos níveis d’água de montante e jusante.
• Altura de queda líquida (hl) => é a queda bruta subtraída da perda de carga
(hp).

Figura 3.11: Altura de queda bruta de uma usina hidroelétrica


2. Usinas Hidrelétricas
Altura de Queda
• Função da altura bruta:

• onde:
– hmon(x) é uma função não-linear do volume total de água armazenado no
reservatório, x e depende, basicamente, do relevo da região na qual o
reservatório foi construído;
– hjus(u) também é uma função não-linear, representada por polinômios e
depende da vazão defluente da usina, u.
• Assim, esta função depende do canal de fuga da usina, do arranjo da usina
(posição do vertedouro) e do relevo da região imediatamente a jusante do
reservatório

• Observação: Em algumas situações, o volume armazenado em um reservatório de uma


usina hidroelétrica de jusante pode influenciar o nível do canal de fuga de uma usina
hidroelétrica que está a montante. É o chamado efeito de remanso. (veja figura a seguir)
2. Usinas Hidrelétricas
Altura de Queda
• Exemplo de Efeito de Remanso

Figura 3.12: Efeito de remanso na Usina São Simão


2. Usinas Hidrelétricas
Altura de Queda - Perdas
• Quando a água flui dentro de uma usina hidroelétrica, ela perde energia por causa do
atrito contra seis estruturas principais da usina: a estrutura de adução, a entrada do
canal de adução, o canal de adução, o caracol da turbina, a turbina e o tubo de
sucção.
• Esta perda de energia é refletida pela diminuição na queda útil de água

Figura 3.13: Perdas hidráulicas em uma usina hidroelétrica.


2. Usinas Hidrelétricas
Altura de Queda - Perdas
• Apesar de que, todas as seis perdas supracitadas devam ser consideradas em
benefício da precisão do modelo, apenas as três primeiras são consideradas
diretamente no cálculo das perdas hidráulicas. As outras são consideradas de
forma indireta no cálculo da eficiência da turbina.
• A determinação da perda hidráulica (hp) é uma parte importante do projeto e
depende largamente do material utilizado na tubulação: aço, concreto, ferro
fundido, cimento amianto, dentre outros.
• Dessa forma, a perda de carga ou perda hidráulica representa a perda de carga
hidráulica, em m ou porcentagem, que a água sofre pelo percurso de adução,
desde o reservatório até o tubo de sucção.

Finalmente, obtemos a expressão para Altura de Queda Líquida:


2. Usinas Hidrelétricas
Conjunto Turbina-Gerador

Figura 3.14: Corte transversal de uma usina com ênfase na turbina e gerador
2. Usinas Hidrelétricas
Conjunto Turbina-Gerador
As características principais do Conjunto Turbina-Gerador:
• Nj: número de unidades geradoras do conjunto j;
• Nc: número de conjuntos de unidades geradoras da usina;
• Tipoj: tipo da turbina do conjunto j (Francis, Kaplan ou Pelton);
• Pef,j: potência efetiva de cada unidade geradora do conjunto j. É definida
como a máxima potência ativa possível de ser gerada, em regime
permanente, na unidade geradora a partir da sua entrada em operação;
• hef,j: altura de queda efetiva de cada unidade geradora do conjunto j. É
definida como a menor altura de queda líquida sob a qual a unidade
geradora, em operação, desenvolve a sua potência efetiva;
• qef,j: engolimento efetivo de cada unidade geradora do conjunto j. É
definido como a vazão turbinada que submetida à altura de queda efetiva
produz a potência efetiva
Observação: geralmente os valores estipulados em projeto diferem dos valores após a
entrada em operação do empreendimento
2. Usinas Hidrelétricas
Função de Produção Hidráulica de Energia
• A função de produção hidráulica é um componente a partir do qual se
quantifica a geração de energia. Para nossos estudos, iremos considerar a
seguinte função de geração hidráulica (bem como mostrada em alguns catálogos
da Eletrobrás) em MW:

sendo:
- h é a diferença entre os níveis de montante e de jusante, provocado pela barragem;
- q é a vazão para geração de energia;
- k produtividade específica da usina, dada por
- g é a aceleração da gravidade;
- é o peso específico da água;
- é o rendimento médio (turbina-gerador).
2. Usinas Hidrelétricas
Função de Produção Hidráulica de Energia

Figura 3.15: Rendimento aproximado dos geradores de Itaipu


2. Usinas Hidrelétricas

Figura 3.16: Curva Colina de uma Turbina Hidráulica


Arce (2006)
2. Usinas Hidrelétricas

Figura 3.16: Outro exemplo de Curva Colina de uma


Turbina Hidráulica
2. Usinas Hidrelétricas
Função de Produção Hidráulica de Energia

• A função de produção hidráulica determina a potência instantânea


conseguida partir de uma usina com o seu reservatório, armazenando um
volume x, uma unidade geradora “engolindo” uma vazão q e a usina
defluindo uma vazão u, que pode ser diferente de q caso esteja havendo
vertimento na usina.
• Para determinar-se a potência instantânea da usina, basta calcular o
somatório da potência instantânea de cada unidade geradora.

Em resumo, a potência gerada numa usina hidroelétrica é uma


função da vazão turbinada e da altura de queda líquida, que por
sua vez, é uma função não-linear do volume armazenado, da
vazão defluente e da vazão turbinada.
3. Usinas Termelétricas

• Usinas Termoelétricas: onde a energia resulta da transformação


da energia cinética de gases e vapores em expansão, aquecidos
pela queima de combustíveis.

Geralmente são classificadas em dois grandes grupos:


- Convencionais – utilizam como combustível materiais fósseis
como carvão, óleo combustível, gás natural, etc.
- Nucleares – utilizam combustíveis físseis (de fissão nuclear)
como urânio natural ou enriquecido.
3. Usinas Termelétricas

Figura 3.16: Representação de uma usina termelétrica à carvão


3. Usinas Termelétricas

• O grupo de usinas convencionais pode ser dividido em


– usinas com turbinas a vapor;
– usinas com turbinas a gás;
– usinas com combustão direta (óleo diesel).
3. Usinas Termelétricas

• As usinas de combustão direta funcionam com base no


princípio dos motores a pistão, como as usinas a óleo diesel.
– Possuem fortes limitações quanto ao tamanho das unidades e
apresentam como grandes vantagens suas dimensões reduzidas, a
facilidade de operação e manutenção, e a rapidez de tomada ou
redução de carga.
– Os inconvenientes do seu emprego ficam, principalmente, por conta
do uso de um combustível dispendioso e da poluição ambiental.
– São normalmente empregadas em localidades sem possibilidade de
utilização de outra fonte de geração, ou onde ainda não se dispõe de
interligação elétrica com outros sistemas geradores.
3. Usinas Termelétricas

Figura: Motor Diesel utilizado em Usina Termelétrica à diesel


3. Usinas Termelétricas
• As usinas com equipamento a gás utilizam-se da mistura gasosa do ar
comprimido com o gás obtido da queima do combustível para acionamento
da turbina, conforme esquematizado na figura:

• Este tipo de instalação apresenta dificuldades técnicas construtivas devido


às altas temperaturas exigidas e à necessidade de emprego de turbo-
compressores, sendo usualmente capazes de produzir potências mais
elevadas que as unidades a diesel.
3. Usinas Termelétricas
• Apesar do uso de diferentes combustíveis, as usinas com turbina a vapor
(que usam a queima de matéria-prima para obtenção de vapor) podem ser
representadas de forma simplificada:

Figura 3.16: Esquema simplificado da geração de energia com turbina a vapor

• Neste tipo de usina, a fonte de calor pode ser a combustão de qualquer


um dos combustíveis já citados ou, ainda, outro combustível
alternativo.
Obs.: Poderíamos representar uma usina nuclear utilizando a figura 3.16, com inclusão do
reator como forma de obtenção de calor a partir da reação nuclear.
3. Usinas Termelétricas
• Representação de usinas termoelétricas nos estudos de
planejamento de geração:
– é feita através de suas características físicas e restrições operativas, tais
como:
• Potência máxima; Combustível usado; Consumo específico; Taxa
de tomada de carga; Nível mínimo operativo.

• Um parâmetro relevante na caracterização físico-operativa de unidades


termoelétricas é a representação gráfica de seu consumo incremental ou de
seu custo incremental
– que representa sua taxa de aumento de consumo de combustível (ou de seu
custo de operação) em função de um aumento incremental da geração. O
gráfico da figura 3.17 mostra o custo incremental de operação de uma
unidade termoelétrica.
3. Usinas Termelétricas

3.17: Curva de custo incremental de geração, típica de unidades termoelétricas


3. Usinas Termelétricas
• Os níveis mínimos operativos de usinas termoelétricas,
usualmente representados em estudos de planejamento
energético, podem ser decorrentes de diferentes fatores:
– Podem estar ligados às próprias características físicas das usinas, tais
como:
=> manutenção da estabilidade do ciclo termodinâmico, ou
=> do consumo de combustível secundário nas usinas a carvão.
– Podem também estar relacionados a problemas de estabilidade na rede
elétrica.
– Existem ainda usinas que tem um consumo mínimo de combustível
contratado com seu fornecedor, para assegurar a continuidade de
exploração da fonte a ser utilizada como combustível.
3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
• Os combustíveis fósseis são a principal fonte de energia elétrica em
todo o mundo, exceto em alguns países , como Noruega, Brasil
(predominantemente hidráulica) e França (predominantemente
nuclear). Esses combustíveis fósseis são essencialmente:
• Carvão
• Gás natural
• Petróleo

• Os combustíveis fósseis são derivados da energia do sol através da


decomposição da vegetação e de plantas.

• Neste sentido, os combustíveis fósseis são também renováveis mas


em uma escala de tempo muito maior – centenas de milhões de
anos - comparado à existência humana.
3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
Termelétricas alimentadas com Carvão
• As usinas de energia alimentadas com carvão são as principais fontes
de eletricidade em muitos países.
• Os Estados Unidos apresentam fartura com este recurso com 30 por
cento do total mundial – suficiente para durar centenas de anos.
• Mesmo assim, há sérias conseqüências ambientais em queimar o
carvão, especialmente pelos gases emitidos que contribuem ao efeito
estufa.
• O carvão disponível pode ser dividido nas seguintes categorias (cada
uma contendo características próprias em termos do conteúdo de
energia e a poluição resultante):
- antracite ou antracito (carvão mineral com mais de 90% de carbono);
- betuminoso ou hulha (carvão mineral que contém betume, e apresenta
teor de carbono elevado, mas inferior ao do antracite);
- sub-betuminoso; linhito ou lenhito (apresenta 65 a 75% de carbono) e
turfa.
3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
Termelétricas alimentadas com Carvão
• O carvão é queimado utilizando vários mecanismos de queima de
carvão com diferentes eficiências e emissão de carvão na atmosfera:
- alimentador mecânico;
- queima de carvão pulverizado;
- queima de forno ciclone;
- combustão de leito fluidizado e gasificação.
• O calor da queima do carvão produz vapor de água, que é utilizado no ciclo
termodinâmico de Rankine, onde a água é utilizada como fluido de trabalho.

• As termelétricas a carvão têm uma consequência ambiental enorme, mas a


disponibilidade de carvão em custo acessível o faz uma escolha atrativa.

• Termelétricas a carvão levam um tempo considerável para entrar em operação


considerando a “partida fria”, e também apresentam tempo de resposta
elevado para variar a potência de saída em relação à variação de demanda.
3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
Termelétricas alimentadas com Carvão
Ciclo de Rankine:
• O calor é adicionado à água em alta pressão na caldeira para produzir
vapor, que se expande através das pás da turbina e logo é esfriada no
condensador. As eficiências térmicas de tais ciclos estão tipicamente
em uma faixa porcentual de 35 a 40.
Vapor com elevada pressão

Caldeira

Condensador

Bomba
Aquecedor
3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
Termelétricas alimentadas com Gás Natural e Petróleo

• O gás natural é abundante em certas regiões do mundo, assim como o


petróleo.
• As usinas a gás têm consequências ambientais inferiores às
termelétricas alimentadas com carvão, mas o gás natural sendo um
combustível baseado em hidrocarbonetos também contribui aos gases
de efeito estufa.
• Além disso, tais usinas são relativamente baratas e rápidas para
serem construídas e podem ter eficiências razoáveis.
• As termelétricas alimentadas com petróleo são similares às usinas
alimentadas com gás em sua operação e rendimento.
3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
Termelétricas alimentadas com Gás Natural e Petróleo
Turbinas à gás de Ciclo Simples

• As usinas a gás de ciclo simples utilizam o ciclo termodinâmico de


Brayton.

• Nas usinas de potência alimentadas com gás de ciclo simples, as


eficiências são aproximadamente de 35 por cento, que são
satisfatórias, onde a função primária é alimentar cargas de pico.

• O ciclo termodinâmico de Brayton pode tomar muitas formas


diferentes, a forma mais simples é apresentada na Figura a seguir,
onde o gás natural é queimado em uma câmara de combustão na
presença de ar comprimido e assim expandido através das pás da
turbina, de modo similar ao vapor no ciclo de Rankine.
3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
Termelétricas alimentadas com Gás Natural e Petróleo
Turbinas à gás de Ciclo Simples

• Ciclo termodinâmico de Brayton:


3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
Termelétricas alimentadas com Gás Natural e Petróleo
Turbinas à gás de Ciclo Combinado

• Nas turbinas a gás de ciclo combinado, o calor na exaustão do ciclo


Brayton mencionado anteriormente é recuperado para operar outro
ciclo de Rankine baseado em vapor de água.

• A eficiência dessas turbinas pode estar na faixa de 55 – 60 por cento.

• Devido a essas altas eficiências, as termelétricas de ciclo combinado


podem estar na base do atendimento de cargas, e a potência
instalada de tais usinas pode chegar 500 MW.
3.1 Termelétricas e Combustíveis Fósseis
Termelétricas alimentadas com Gás Natural e Petróleo
Turbinas à gás de Ciclo Combinado

• Ciclo Combinado:
Referência Bibliográfica
• FORTUNATO et all. Introdução ao Planejamento da
expansão e operação de sistemas de produção de energia
elétrica, Rio de Janeiro: EDUFF, 1990. 232 p.
• Imagens de vertedouro tulipa:
http://algumacoisaemcomum.blogspot.com.br/2011/01/lugares-peculiares-
tulipa-de-paraibuna.html?m=1

• Dados da Usina Parigot de Souza:


http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot
%2Fpagcopel2.nsf%2F044b34faa7cc1143032570bd0059aa29%2F08013dd
c621f4eed03257412005ed73b
Material Complementar
Situação Hidrológica da Bacia do Iguaçu

Disponível em:
https://www.copel.com/ger/iguacu/situacao.jsp
Fig. Vertedouro tulipa da Usina Paraibuna, localizado na barragem
de Paraitinga
Fig. Vertedouro tulipa da Usina Paraibuna, localizado na barragem de Paraitinga
Fig. Usina de Corumba
CONTROLE DE NÍVEL D’ÁGUA DOS RESERVATÓRIOS

VAZÃO TURBINADA: é o volume de água que passa pela turbina acionando o


conjunto girante.

VAZÃO VERTIDA: é o volume de água que passa pelo vertedouro, auxiliando no controle
do nível da água no período chuvoso.

VAZÃO DEFLUENTE: é o volume de água que sai de um reservatório, é a soma da


vazão turbinada + vazão vertida.

VAZÃO ACUMULADA: é o volume de água que acumula (+) ou desacumula (-) no


reservatório seguinte.

VAZÃO AFLUENTE: é o volume de água que chega no reservatório.


Usinas Hidrelétricas do Estado de São Paulo

Disponível em:
https://maps.google.com/maps/ms?ie=UTF8&t=h&om=1&oe=UTF8&msa=0&msid=115098597369711127800.0
0043853696d6e287fbb7&dg=feature
EXEMPLO DE CONTROLE DE NÍVEL DE
ÁGUA PARA USINA JUPIÁ
USINA ILHA SOLTEIRA

RIO PARANÁ

RIO TIETE

6000m3/s
RIO SUCURIÚ
300m3/s

PARA O NÍVEL DA ÁGUA VARIAR 01Cm, É NECESSÁRIO


6900m3/s TER UMA VAZÃO ACUMULADA DE 900M3/S

USINA JUPIÁ

NESTE CASO O NÍVEL DA ÁGUA EM JUPIÁ, MANTERÁ


ESTÁVEL, POIS A QUANTIDADE DE ÁGUA QUE
6900m3/s CHEGA, É A MESMA QUANTIDADE QUE SAI.
EXEMPLO DE CONTROLE DE NÍVEL DE
ÁGUA PARA USINA JUPIÁ
USINA ILHA SOLTEIRA

RIO PARANÁ

RIO TIETE

6000m3/s
RIO SUCURIÚ
300m3/s

PARA O NÍVEL DA ÁGUA VARIAR 01Cm, É NECESSÁRIO


6900m3/s TER UMA VAZÃO ACUMULADA DE 900M3/S

USINA JUPIÁ

NESTE CASO ESTÁ CHEGANDO MAIS ÁGUA DO QUE


SAINDO, ACUMULANDO 900M3/s EM JUPIÁ, ONDE O
NÍVEL IRÁ SUBIR 01 CM POR HORA
6000m3/s
EXEMPLO DE CONTROLE DE NÍVEL DE
ÁGUA PARA USINA JUPIÁ
USINA ILHA SOLTEIRA

RIO PARANÁ

RIO TIETE

6000m3/s
RIO SUCURIÚ
300m3/s

PARA O NÍVEL DA ÁGUA VARIAR 01Cm, É NECESSÁRIO


6900m3/s TER UMA VAZÃO ACUMULADA DE 900M3/S

USINA JUPIÁ

Tele Cheia, NESTE CASO ESTÁ SAINDO MAIS ÁGUA DO QUE


informações sobre CHEGANDO, DESACUMULANDO 900M3/s EM JUPIÁ,
vazões. 0800 ONDE O NÍVEL IRÁ CAIR 01 CM POR HORA
647 9001 7800m3/s

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