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HIV

• Dois tipos no mundo HIV1 e HIV2, sendo o 1 o maior responsável pela pandemia, inclusive no Brasil
o Dentre os subtipos, o C é o mais comum no mundo, e o B é o mais comum no Brasil
• Riscos de exposição:
o Penetração anal receptiva: 0,1-3,0
o Penetração vaginal receptiva: 0,1-0,2
o Penetração vaginal insertiva: 0,03-0,09
o Penetração anal insertiva: 0,06
o Sexo oral receptivo: 0-0,04
• Fases Clínicas:
o Infecção aguda → viremia (~30 dias)
o Latência clínica (~10 anos)
o Fase sintomática (precoce → AIDS | ~1,1 ano)
• Infecção aguda:
o Síndrome mono-like: febre, rash, faringite, Linfonodomegalia, mialgia
o Sintomas neurológicos mais graves são mais raros: Guillain-Barré, meningoencefalite..
o 10% podem apresentar forma fulminante no período, inclusive com infecções oportunistas
o Dura aproximadamente 1 mês. De 4-10 semanas surgem os anticorpos
• Latência clínica:
o Surgem anticorpos que inibem parcialmente a replicação viral, estabelecendo um setpoint.
o A partir do setpoint, pelos próximos 10 anos o vírus vai se replicando lentamente e o CD4 vai caindo
(~50 células/ano)
o Essa fase é assintomática, podendo apresentar apenas Linfonodomegalia generalizada persistente,
caracteristicamente de 0,5-2,0cm, indolor
• Fase sintomática precoce:
o Enquanto o CD4 estiver acima de 350 as infecções bacterianas são as mais comuns
o Entre 350 e 200 começam a aparecer apresentações atípicas das infecções, resposta tardia dos ATBs
ou reativações de infecções antigas(TB, herpes-zoster), sintomas constitucionais (febre baixa, perda
de peso), diarreia crônica, cefaleia, lesões orais, pancitopenia inexplicada
• Fase AIDS:
o Iniciada com CD4 < 200, surgindo um 2º pico de viremia importante, com surgimento das infecções
oportunistas
o Sem tratamento, o paciente morre em 1-2 anos
• Doenças definidoras de AIDS:
o Síndrome consuptiva
o Pneumonia por Pneumocystis jirovenci o Leucoencefalopatia multifocal progressiva
o 2 ou + episódios de PNM bacteriana (LMP)
o Herpes simples com ulceras > 1 mês ou o Micoses disseminadas
ulceras viscerais o Septicemia recorrente por Salmonelose
o Candidíase esôfago-traqueal não thyphi
o TB extrapulmonar o Linfoma primário de SNC ou linfoma não
o Sarcoma de Kaposi Hodgkin
o Doença por CMV (exceto fígado, baço ou o Carcinoma cervical invasivo
linfonodos) o Reativação de Chagas (meningoencefalite
o Neurotoxoplasmose ou miocardite)
o Encefalopatia pelo HIV o Leishmaniose atípica disseminada
o Criptococose extrapulmonar o Nefropatia ou cardiopatia sintomática
o Infecção disseminada por micobactérias associada ao HIV
não tuberculosas
• Doenças que não precisam de diagnóstico confirmatório (aceita-se apenas suspeita clínica):
o Candidíase esofágica, doença por CMV, herpes simples mucocutâneas, LMP, pneumocistose,
toxoplasmose cerebral, micobacteriose não TB disseminada
• Diagnóstico:
o Menores de 18 meses → procurar componentes do vírus (proteína p24, RNA, DNA pró-viral)
o Testes diagnósticos:
▪ Teste rápido (sorológico):
• Utiliza sague, soro ou saliva
• Testa anticorpos Anti-HIV
▪ Imunoensaios (sorológico):
• Representado principalmente pelo ELISA
• A 2ª geração reconhece IgG; a 3ª IgG e IgM; e a 4ª reconhece IgG, IgM e prot p24
• Tempo de soroconversão: 2ªG (30d), 3ªG (23d), 4ªG (15d)
▪ Testes confirmatórios (sorológico):
• Westernblot, imunoblot, imunofluorescência indireta (IFI)
• Devem reconhecer as proteínas p24, gp41, gp120, gp 160
▪ Carga viral
o Para firmar o diagnóstico devemos possuir 2 testes diagnósticos positivos
▪ No caso de um 1º teste + e um 2º negativo, deve-se repetir os testes. Caso novo resultado
discordante, espera-se 30 dias para um 3º teste.
o Fluxogramas:
▪ TR1 + TR2:
• Mais indicado para regiões com pouco acesso a laboratório
• Se discordantes, repetir. Se nova discordância, ir para um outro tipo de teste
• Se ambos forem positivos, confirma o diagnóstico, e deve-se encaminhar o paciente
para coleta de carga viral e CD4
▪ Elisa 4ªG + Carga Viral:
• Detecção mais precoce do vírus
• Se Elisa for (+), coletar CV.
• Se <5.000 cópias → considerado “negativo” → confirmar com WB
o Se WB (+): paciente HIV +
o Se WB (-): resultado indeterminado → recoletar em 30 dias
• Se > 5.000 cópias → considerado positivo → coletar novo Elisa 4ªG
• Doenças que dão falso-positivo:
o Autoimunes (AR, LES...) o Neoplasias malignas
o Uso de interferon em dialíticos o Outras retroviroses
o Stevens-Johnson o Múltiplas transfusões de sangue
o Anticorpo antimicrossomal e HLA o Anticorpo Anti-músculo liso
o Infeções virais agudas
• Acompanhamento:
o CD4:
▪ HIV +, em uso de TARV, assintomático, CV indetectável:
• CD4 < 350: repetir CD4 de 6/6 meses
• CD4 > 350 em 2 exames consecutivos: não solicitar novamente
• HIV+, sem TARV ou com evento clínico ou escape virológico:
▪ Solicitar CD4 de 6/6 meses, independente do valor do CD4
o Outros exames:
▪ HMG, TGO, TGP, FA, GGT, sífilis: 6/6 meses
▪ Creat, U1, CT+F, GJ, prova tuberculínica, sorologia HBV, HCV: anual
o Em TODAS as consultas deve-se pesquisar ativamente sinais de TB. Na presença de apenas 1 sinal,
deve-se deflagar investigação completa (tosse, sudorese noturna, perda de peso, febre)
• TB é a principal causa de óbito nos pacientes com HIV !!!
• Rastreamento de neoplasias:
o Mama: mulheres de 50-69 anos, bianual
o Colo uterino: todas as mulheres, semestral no 1º ano, anual depois. Se CD4<200, manter semestral
o Anus: receptores de sexo anal ou com histórico de câncer vulvo-anal prévio, exame anual com TR. Se
alterações → anuscopia
o Fígado: pacientes cirróticos e HbSAg (+), semestral com alfapoietina e USG
• Classes das TARVS:
o Inibidor da TR análogos de o Inibidor da Protease:
nucleosídeos/nucleotídeos: ▪ RTV (ritonavir)
▪ 3TC (lamivudina) ▪ LPV (lopinavir)
▪ TDF (tenofovir) ▪ ATV (atazanavir)
▪ AZT (zidovudina) o Inibidor da Integrase:
▪ ABC (abacavir) ▪ DTG (dolutegravir)
▪ FTC (entricitabina) ▪ RAL (raltegravir)
o Inibidor da TR não análogos: o Antagonista do CCR5:
▪ EFV (efavirenz) ▪ MVQ (maraviroque)
• Tratamento:
o A TARV não é emergência médica! Sua introdução deve esperar a avaliação clínica adequada para
diagnóstico de possíveis comorbidades associadas (TB, disfunção renal, HBV...) para melhor escolha
do esquema de TARV, bem como tempo de introdução
o Antes de iniciarmos a TARV, o paciente deve ter CV e CD4 mensurados
o É recomendado genotipagem pré-tratamento para virgens de TARV:
▪ Infectados por alguém que usava TARV
▪ Grávidas
▪ Crianças
▪ Coinfecção TB-HIV
o “Urgenciamos” o início da TARV em: sintomáticos, CD4<350, gestantes, TB ativa, Hep B/C, risco
cardiovascular aumentado
▪ Nestes casos, caso não seja possível medir o nível de CD4, este exame não deve atrasar o início
da terapia
o Principais esquemas:
▪ Esquema básico: TDF/3TC + DTG
▪ Tuberculose não grave: TDF/3TC + EFV
▪ gRALvidas / TB gRALve: TDF/3TC + RAL
• Concluído o tto da TB ou gravidez, muda-se o EFV/RAL para DTG
o Efeitos colaterais (todos: hepatotoxicidade)
▪ TDF: nefropatia (“teNEFROvir”) → trocar por ABC (se HLA-B*5701 (-)) ou AZT (se (+))
▪ DTG: cefaleia → trocar por EFV
▪ EFV: efeitos neuropsicológicos (“efaviRONHA”) → trocar por RAL
▪ AZT: mielotoxicidade
▪ RAL: RALbidomiólise
o Falha da TARV:
▪ Manutenção de CV detectável após 6 meses de tratamento correto
▪ Caso confirmado, pedir pesquisa de resistência viral, para escolha do novo esquema
▪ Alguns pacientes podem apresentar CV indetectável após início da TARV, porem nunca
recuperarem os níveis de CD4, e assim apresentarem infecções oportunistas. Neste caso não
é considerado falha da TARV, não indicando troca do esquema terapêutico.
• Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune:
o Surge após 1-2 meses do início da TARV, aproximadamente, exacerbando uma resposta inflamatória
contra infecções subclínicas as quais o organismo não era previamente capaz de responder
o Agentes mais envolvidos: Herpes-Zoster, CMV, TB, MAC e Criptococo
o Outro fator de risco: CD4<100 no início da terapia
o O diagnóstico é clínico, baseado na piora clínica do paciente
o Tratamento:
▪ Manutenção da TARV
▪ Sintomáticos
▪ Prednisona 1-2mg/kg por 2 semanas nos casos mais graves
• Profilaxia Pós Exposição (PEP): • Profilaxia Pré Exposição (PrEP):
o Deve ser iniciado preferencialmente em o Indicações:
até 2 hrs, mas potencialmente até 72hrs, e ▪ Homens que fazem sexo com
mantida por 28d homens
o Deve-se inicialmente coletar as sorologias ▪ Pessoas trans
do paciente fonte e do exposto ▪ Profissionais do sexo
o Esquema preferencial: TDF/3TC + DTG ▪ Casais sorodiscordantes
▪ Se intolerância ao DTG → ATZ o Antes de iniciar a profilaxia, deve-se fazer
▪ gRALvidas: usar Raltegravil (RAL) aconselhamento, avaliar sorologias (ver se
o Material biológico potencialmente o paciente já não tem HIV), avaliar função
transmissor: renal e hepática
▪ Sangue, sêmen, fluidos vaginais, o Esquema: Tenofovir + entricitabina
líquidos de serosas (“entre” casais sorodiscordantes)
o Materiais biológicos não transmissores: o Tempo necessário:
▪ Urina, fezes, suor, saliva, lágrimas, ▪ Sexo anal: 7 dias
vomito, secreções nasais ▪ Sexo vaginal: 20 dias
o Outros cuidados: o Mulheres com planejamento gestacional
▪ Anticoncepção de emergência, podem usar a PrEP, e manter uso durante
imunização para tétano a gestação
▪ Repetir a sorologia em 30 e 90 dias
• Imunizações:
o Vacinas contra-indicadas para CD4<200: (vírus vivo atenuado)
▪ Sarampo, Caxumba e Rubéola (tríplice viral)
▪ Varicela
▪ Febre amarela
▪ HPV
▪ Poliomielite
• Profilaxia primária:
o CD4 < 200:
▪ Pneumocystis jirovenci → Bactrim 3x/semana (ou dapsona 100mg/dia)
▪ Suspender se CD4>200 por 6m
o CD4 < 100:
▪ Toxoplasmose → Bactrim 1x/dia
▪ Suspender se CD4>200 por 6m
o CD4<50:
▪ MAC → azitromicina 1.200mg/semana
▪ Suspender se CD4 > 100 por 6m
• Profilaxia secundária:
o Pneumocystis jirovenci:
▪ Bactrim 800/160 3x/sem
▪ Suspender se CD4>200 por 3m
o Toxoplasmose:
▪ Sulfadiazina 1g 6/6 + pirimetamina 50mg/dia + ac folínico 10mg/dia
▪ Suspender se CD4>200 por 6m
o MAC:
▪ Claritromicina 500mg 12/12 + Etambutol 1,2g/dia (opção: azitromicina 500mg/dia)
▪ Suspender após 1 ano de tratamento, se CD4>100
o Criptococo:
▪ Fluconazol 200mg/dia
▪ Suspender se CD4 >200 por 6m
o Isospora beli:
▪ Bactrim 800/160 3x/sem
▪ Suspender se CD4 >200 por 3m
o CMV:
▪ Ganciclovir 5mg/kg EV, 5x/sem
▪ CD4 >100-150 por 3m

Doenças Oportunistas

Pulmão

• Pneumonia bacteriana é a infecção pulmonar mais prevalente, mesmo em HIV +


o Principais agentes:
▪ Streptococcus pneumoniae
▪ Haemophilus influenzae
▪ Staphylococcus aureus (2º maior responsável por pneumotórax)
▪ Pseudomonas aeruginosa
• Pneumocistose (PCP)
o Pneumocystis jirovenci (um fungo)
o Maior risco: CD4<200
o Clínica:
▪ Curso arrastado por semanas a meses
▪ Tosse seca, dificuldade respiratória, febre e desconforto torácico
▪ Rx: pode ser normal, ou apresentar infiltrado bilateral peri-hilar ou em bases
▪ Hipoxemia grave, desproporcional a queixa de dispneia
▪ DHL elevado
o NÃO CURSA COM: derrame pleural e Linfonodomegalia hilar (em prova)
o Diagnóstico é clínico, mas o P. jirovenci pode ser isolado em culturas de secreção traqueal
o Tratamento:
▪ Leve a moderada (PaO2>70):
• SMT/TMP, com 15-20mg/kd/dia de trimetropim, dividido em 3-4 tomadas, por 21d
• Opção: clindamicina 300mg 6/6 + primaquina 15-30mg/dia por 21 dias
▪ Grave (PaO2 <70):
• SMT/TMP, com 15-20mg/kd/dia de trimetropim, dividido em 3-4 tomadas, por 21d
• Prednisona: 40mg 12/12 por 5 dias, seguido de 40mg/dia por 5 dias, seguido de
20mg/dia por 11 dias
• Tuberculose Pulmonar:
o Principal causa de morte nos pacientes HIV + no Brasil!
o Apresentações:
▪ Típica: Apical e com cavidade, CD4 > 350
▪ Atípica: doença bilateral, difusa, pegando as bases, padrão miliar, sem formação de cavernas,
surge com CD4 < 350
o Cerca de 60-80% apresentam doença pulmonar e 30-40% apresentam forma extra-pulmonar
o O surgimento de derrame pleural independe do estado de imunossupressão do paciente
o Diagnóstico:
▪ Baciloscopia do escarro
▪ Cultura de todas as secreções pulmonares obtidas
▪ A baciloscopia tende a ser MENOS (+) que nos imunocompetentes (não há tantos agregados
de bactéria, e não há tanta resposta inflamatória que lese o pulmão, provocando escarro)
▪ A HMC tende a ser MAIS (+) que nos imunocompetentes (há mais facilidade em o bacilo
ganhar o sangue, por menos ataque do sistema de defesa)
o Tratamento:
▪ O esquema RIPE+RI se mantém
▪ Se CD4 > 50: iniciar RIPE e, após 8 semanas, iniciar TARV
▪ Se CD4 < 50: iniciar RIPE e, após 2 semanas, iniciar TARV
▪ A TARV de escolha é TDF/3TC + EFV
• Se o paciente já utilizava TARV com DTG e pegou TB, deve-se mudar o esquema de
TARV até termino do tto (DTG interage com Rifampicina)
• Se TB grave, ou contraindicação ao EFV, substituir por RAL
o Todo paciente TB-HIV deve ter seu vírus genotipado!
o Profilaxia:
▪ Indicações:
• CD4 < 350 (independente de PT ou IGRA)
• CD4>350 com PT ≥5mm ou IGRA (+)
• Contato próximo com TB, independente de PT e IGRA
• Registro prévio de PT ou IGRA (+), sem tratamento prévio
• Cicatriz radiológica de TB, sem tto prévio, independente de PT ou IGRA
▪ Opções:
• Isoniazida (preferencial):
o 300mg/dia; 270 doses, de 9 a 12 meses
• Rifampicina:
o 600mg/dia; 120 doses, de 4 a 6 meses
o Preferencia em >50 anos ou hepatopata
o Em pacientes com TB, que não estejam melhorando mesmo em uso correto de RIPE, deve-se pensar
em infecção por Nocardia
• Mycobacterium avium (MAC):
o Infecção que surge em pacientes em estado avançado, com CD4<50
o A clínica é de febre, perda ponderal e sudorese noturna
o Rx é alterado em ¼ dos casos, com infiltrado miliar em bases
o Diagnóstico: HMC, cultura dos tecidos, Bx de MO (identifica a micobacteria)
o Tratamento: Claritromicina + Etambutol
• Neoplasias Malignas:
o Sarcoma de Kaposi:
▪ Neoplasia que envolve pele, pulmão, linfonodos e vísceras (TGI)
▪ Muito relacionado ao Herpes vírus tipo 8
▪ Clínica:
• Manifestações de amplo espectro, variando desde quadros cutâneos leves até doença
disseminada
• Pode iniciar mesmo com contagem normal de CD4
• O mais comum são lesões hiperemiadas (tumor de origem vascular) em pele, e róseas
em mucosa
• No pulmão: Infiltrado bilateral nos lobos inferiores, derrame pleural sanguinolento
(70% dos casos), com citologia negativa, adenopatia hilar ou mediastinal
▪ Diagnóstico: Bx da lesão, seja na pele ou por broncoscopia
▪ Tratamento: QT
• Linfoma Não-Hodgkin:
o Muito relacionada ao HIV, com chance 120x maior de desenvolvimento nesta população que na HIV –
o É associado também com a infecçao pelo EBV. Os principais subtipos são:
▪ Difuso de grandes células B (60%)
▪ Burkitt – 20% (praticamente só em HIV, chance 1.000x maior)
▪ Linfoma primário do SNC – 20%
o Clínica:
▪ Sintomas B: febre, sudorese, perda ponderal
▪ Outros sintomas dependem da localização
▪ O SNC é o local extra-nodal mais acometido, mas pulmão também pode ser afetado
o Diagnóstico confirmado pela Bx
o Tratamento: QT
• Hipertensão Pulmonar:
o Afeta 0,5% dos pacientes, com clinica semelhante ao da HAP
o O uso da TARV não apresenta benefício, e a sobrevida média é de 2 anos

Sistema Nervoso Central

• Se cefaleia e febre → pensar em meningite por Criptococo


• Se sinal focal ou crises convulsivas → pensar em neurotoxoplasmose > LMP ou linfoma 1ª SNC

• Meningoencefalite:
o A meningite por criptococo consiste na principal infecção meníngea no HIV +
o Geralmente associa-se a CD4<100
o Clínica:
▪ Cefaleia, náuseas, vômitos, confusão; sintomas tendem a ser subagudos
▪ Alguns pacientes apresentam-se apenas com febre e cefaleia leve
▪ O criptococo “entope” a saída liquorica, gerando HIC, provocando os sintomas
▪ Não é esperado déficit focal ou crises convulsivas
o Diagnóstico:
▪ LQR tende a ser normal, ou com leve aumento de celularidade e
proteína, e leve consumo de glicose.
• A pressão de abertura geralmente está elevada!
▪ Confirma-se o diagnóstico pela tinta da China ou teste de aglutinação
com látex
o Tratamento:
▪ Anfotericina B 50mg/dia por 2 semanas, seguido de fluconazol por 8 semanas
▪ Punções liquóricas de repetição se pressão de abertura elevada
o Profilaxia secundária:
▪ Fluconazol 200mg/dia até CD4 >250 por 6m
• Neurotoxoplasmose:
o Reativação de cistos latentes do Toxoplasma gondii, geralmente em pacientes com CD4 <200
o Clínica:
▪ Déficit focal, afasia, febre, cefaleia, confusão mental, RNC
▪ TC ou RM: hipodensidade em anel, com reforço pós-contraste, geralmente diversas lesões
o Diagnóstico:
▪ O diagnóstico definitivo seria com Bx, porem esta não é necessária.
▪ Clínica + imagem compatível
▪ Pode-se pedir PCR no liquor e sorologia para toxoplasmose
o Tratamento (4 a 6 semanas):
▪ Sulfadiazina 100mg/kg/dia (até 6g/dia), dividido em 6/6
▪ Pirimetamina 200mg (1º dia) + 50-75mg/dia
▪ Ac folínico 10mg/dia VO
▪ Opção: clindamicina+pirimetamina ou bactrim
o Espera-se melhora clínica em alguns dias, e melhora da imagem em 2 semanas. Caso o paciente não
apresente melhora, o principal Dx é de Linfoma 1ª SNC (imagem semelhante, porem com menos
reforço pós contraste)
o Profilaxia 1ª:
▪ Indicado para CD4 < 100
▪ Bactrim 800/160 1x/dia + ac folínico 10mg/dia
▪ Suspender se CD4 > 200 por 6m
o Profilaxia 2ª:
▪ Iniciada após o término do tto, e suspenso apenas quando CD4> 200 por 3-6 meses
▪ Mesmas medicações do tto, porem em dose mais baixa
• Sulfadiazina 1g 12/12 + pirimetamina 25mg/dia + ac folínico 10mg/dia
o *** No Brasil, caso haja múltiplas imagens em anel, deve-se pensar em neurocisticercose como Dx
diferencial !!!
• Linfoma 1ª do SNC:
o Virtualmente 100% dos casos ocorre com infecçao pelo EBV, em pacientes com
CD4 < 50
o Apresenta-se como lesão com efeito de massa expansível gerando déficit
neurológico, cefaleia e convulsões
o Na imagem observa-se poucas lesões, de 3-5cm, limites e reforço pós contraste
menos precisos que na neurotoxo
o O tratamento consiste basicamente em RT paliativa, dado o estado avançado de
imunodebilidade do paciente.
o A sobrevida em 2 anos é de 29%
• Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LEMP):
o Resulta da infecção pelo vírus JC, que ocorre em 4% dos pacientes HIV+
o As lesões se iniciam com pequenos focos coalescentes de lesão desmielinizante,
preferencialmente na região subcortical dos lobos parietal e occipital
o Clinicamente se apresenta com um quadro arrastado de múltiplos déficits
neurológicos, podendo apresentar alteração do estado mental e convulsões
o Imagem: múltiplas imagens sem efeito de massa e sem realce pós contraste
o Diagnóstico:
▪ Clínica + pesquisa do vírus JC no Líquor
o Não há tratamento específico, mas o uso da TARV aumenta a sobrevida de poucos
meses para 15 anos
▪ Muitos pacientes, porém, não apresentam melhora do quadro neurológico
• Demência relacionada ao HIV:
o Declínio cognitivo que se instala ao longo de meses, com esquecimento, déficit de atenção,
instabilidade de marcha, tremores, apatia, depressão, irritabilidade
▪ Tríade clássica: Demência + alteração motora + alteração de comportamento
o Diferente do Alzheimer, não costuma evoluir com afasia, apraxia e agnosia
o Não há critérios diagnósticos bem estabelecidos, e os exames de imagem revelam apenas atrofia
cortical com hipersinal em T2, sendo mais útil para descartar outras condições
o Tratamento: TARV
▪ Há melhora cognitiva rápida com uso dos antirretrovirais
o Um Dx é a encefalite pelo CMV, que pode cursar com delirium e anormalidades focais, sendo
observado hipersinal paraventricular, podendo afetar também os pares cranianos
• Mielopatias e neuropatias periféricas também são comuns
Trato GastroIntestinal

• Candidíase:
o Orofaríngea:
▪ 85% dos pacientes em estágio avançado irão apresentar candidíase oral, sendo o diagnóstico
clínico. Geralmente são assintomáticas, ou podem causar desconforto disfagia e alterações do
paladar. Pode causar também queilite angular
▪ Tratamento: Fluconazol 100mg/dia por 7-14 dias
o Esofágica:
▪ Doença definidora de AIDS, pode cursar com disfagia importante, dor retroesternal e perda
de peso. O diagnóstico é clínico, só devendo solicitar EDA se refratário ao fluconazol
▪ Tratamento: Fluconazol 200-400mg/dia por 7-14 dias
• Opção: anfotericina 0,6mg/kg/dia (se refratário a anfotericina)
• Leucoplasia Pilosa:
o Placas esbranquiçadas, com projeções fibrilares, geralmente na porção lateral da língua, que não saem
com a raspagem
o Associado ao EBV
o Geralmente são assintomáticas, mas podem ser tratadas com aciclovir
• Sarcoma de Kaposi:
o Lesões rosadas na mucosa oral, geralmente sintomáticas, que podem sangrar
o Associadas ao herpes-8
o Respondem a radiação ou laser
• Úlceras esofagianas:
o CMV:
▪ Ulceras lineares profundas, pouco numerosas. Diagnóstico pelo aspecto da EDA
▪ Tratamento: Ganciclovir
o Herpes simples:
▪ Múltiplas ulceras rasas, circunscritas, <2cm. Diagnóstico pelo aspecto da EDA
▪ Tratamento: Aciclovir
o Lesões aftosas → tratamento com Talidomida
• Diarreia:
o Criptosporídios, Microsporídios, Isosporídio:
▪ Protozoários mais comuns na flora intestinal. Geram diarreia e dor abdominal
▪ O Criptosporídio pode levar a doença da via biliar, podendo cursar com Colangite
▪ O Microsporídio pode acometer olho, fígado, cérebro, seios nasais e músculo (“Metástase”)
▪ O Isosporídio cursa com eosinofilia (“Iosinófilo”)
▪ Diagnóstico pelo PFP e cultura das feses
▪ Tratamento:
• Criptosporídio → Nitazoxanida
• Microsporídio → Albendazol
• Isosporídio → bactrim
o Citomegalovírus (CMV):
▪ Dor abdominal, diarreia não sanguinolenta, perda ponderal, anorexia, colite
▪ Diagnóstico: colonoscopia e Bx
▪ Tratamento: Ganciclovir ou Foscarnet
▪ Deve-se procurar outros “ítes” no paciente (comuns no CMV):
• Esofagite, colite, apendicite, retinite, pneumonite, encefalite
o Enteropatia pelo HIV:
▪ Diagnóstico de exclusão, provavelmente decorrente da lesão da mucosa pelo vírus
Cardiovascular Manifestações Endocrinológicas

• Todo paciente HIV+ possui risco cardiovascular • Até 75% podem desenvolver Lipodistrofia pelo uso
aumentado, mesmo com CV bem controlado, da TARV, cursando com aumento de triglicérides,
porem é mais importante se a doença estiver colesterol total, Apolipoproteína B, hiperglicemia e
descontrolada (com replicação viral). hiperinsulinemia. 20% destes fecham diagnóstico
• O uso de Proteases também pode aumentar o passa Sd metabólica
risco, por levar a dislipidemia • Há redistribuição da gordura corporal, com padrão
• O principal acometimento é o de coronárias, mas centrípeta
em fase avançada, podem cursar com • É mais evidenciado com uso de AZT
cardiomiopatia dilatada • Como muitas estatinas utilizam a via do citocromo
P450 (mesma utilizada pela TARV), é dado
Fígado
preferencia para a pravastatina e fluvastatina, mas
a atorvastatina pode ser usada com precaução.
• Alterações hepatobiliares podem estar
relacionadas ao óbito de 1/3 dos pacientes,
principalmente pela coinfecção com o vírus da Manifestações Oftalmológicas
hepatite, que chega a 90% na HepB e 50% na HepC
• Pelo efeito imunossupressor o HIV piora o curso
• A retinite por CMV é o principal acometimento
das hepatites, e a TARV pode ainda ter efeito
nesses pacientes, atingindo principalmente
hepatotóxico
aqueles com CD4<50
• Na fundoscopia vemos exudato retiniano
esbranquiçado, com hemorragias: “aspecto de
Rim
queijo com ketchup”
• Clinicamente os pacientes apresentam-se com
• A principal manifestação é a nefropatia diminuição da acuidade visual e escotomas
relacionada ao HIV, que cursa com • O diagnóstico é através da fundoscopia.
Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) • Faz Dx com toxoplasmose, sífilis e necrose aguda
colapsante da retina (doença causada pelo herpes simples,
• A Sd nefrótica é comum, e se não tratada pode com evolução mais rápida que o CMV)
evoluir para perda completa da função renal em 4- • Tratamento:
16 semanas o TARV + ganciclovir 5mg/kg IV 12/12 por 14
o A proteinúria é importante, porem edema a 21 dias
e HAS são raros • Após o término do tto, recomenda-se uso de
• O tratamento consiste no uso da TARV, e caso ganciclovir 5mg/kg/dia, até CD4>150 por 6m,
apresente proteinúria, associar com IECA/BRA como profilaxia
e/ou corticoide
• Deve-se atentar ainda que o TDF (“tenefrovir”) é
nefrotóxico, e o bactrim compete pelo sítio de
eliminação da creatinina, podendo aumentar os
níveis desta

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