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Então o servo prontamente se prostrou diante do rei e suplicou por misericórdia. Ele disse: “Tem
paciência comigo, e eu te pagarei tudo” (Mateus 18:26). Diante do pedido do servo, o rei teve muita
compaixão, cancelou a dívida e o deixou livre.
Depois disso o servo que teve sua dívida perdoada se encontrou com um de seus conservos que lhe
devia cem denários. Ele agarrou esse homem e começou a sufocá-lo enquanto exigia o pagamento
da dívida. Então o conservo se prostrou diante dele e implorou por misericórdia. Mas o homem não
teve compaixão do devedor e mandou que o lançassem na prisão até que ele lhe pagasse a dívida.
Quando os outros servos viram o que tinha acontecido, tão logo foram contar ao rei. Então o rei
chamou o servo incompassivo e lhe disse que ele também deveria ter usado de misericórdia com seu
conservo, da mesma forma com que ele recebeu misericórdia antes. Indignado, o rei entregou aquele
servo mau aos torturadores até que ele pagasse sua dívida.
Jesus termina a Parábola do Credor Incompassivo fazendo um importante alerta. Ele diz: “Assim
também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão” (Mateus
18:35).
Contexto da Parábola do Credor Incompassivo
Jesus contou essa parábola antes de deixar a Galiléia e partir para a Pereia, um território da Judéia
que ficava a leste do rio Jordão. A Parábola do Credor Incompassivo serviu de resposta a um
questionamento de Pedro acerca do perdão.
Essa parábola aparece num contexto em que Jesus trata da disciplina eclesiástica; especialmente com
relação ao tratamento que deve ser dispensado a um irmão culpado (Mateus 18:15-20). Diante disso,
o apóstolo Pedro perguntou a Jesus sobre quantas vezes se deve perdoar a um irmão culpado.
O apóstolo perguntou se ele deveria perdoar até sete vezes aquele que lhe ofendesse. Mas Jesus
indicou que o compromisso com o perdão deveria ser muito maior, a saber, setenta vezes sete.
(Mateus 18:21,22). Foi nesse ponto que Jesus introduziu a Parábola do Credor Incompassivo.
Talvez Jesus tivesse em mente os governadores de províncias que tinham o dever de cobrar os
impostos reais e repassar o valor arrecado ao rei. Isso pode explicar o tamanho da dívida do servo
incompassivo.
O servo devia dez mil talentos. Um talento era a mais alta unidade monetária da época. Um talento
equivalia a no mínimo seis mil denários romanos ou dracmas gregas. Um denário ou uma dracma era
o soma paga como salário pela jornada diária de um trabalhador. Isso significa que um operário
precisaria de mil semanas para ganhar um só talento.
Então mesmo para um administrador de província a soma de dez mil talentos era uma quantia
impagável. Alguns comentaristas arriscam uma projeção do que significaria uma quantia de dez mil
talentos na atualidade e sugerem um montante de no mínimo dez milhões de dólares.
Jesus não explica como o servo incompassivo acumulou uma divida tão grande. Na verdade esse
detalhe não tem importância para a mensagem da parábola. O grande objetivo é mostrar que o servo
tinha uma dívida a qual não podia pagar.
O fato de o rei ter ordenado que o servo devedor fosse vendido para o pagamento da dívida,
juntamente com sua família e seus bens, está de acordo com o contexto histórico da época. Essa
prática não era incomum naquele tempo. Além disso, parece claro que mesmo essa ação pagaria
apenas parte da dívida.
Após ter tido sua dívida perdoada, Jesus diz que o servo incompassivo também tinha um devedor.
Mas seu devedor lhe devia apenas cem denários. Isso equivalia a seiscentésimo milésimo da divida
cancelada de dez mil talentos.
Mesmo assim ele não demonstrou compaixão e agiu com maldade para com seu devedor. A dívida
era tão pequena que ele não tinha o direito de vender seu conservo para reaver o valor; mas
legalmente ele poderia exigir sua prisão e submetê-lo a trabalhos forçados para liquidar a dívida.
Quando o rei soube disso, entregou o servo incompassivo aos torturadores. O texto original usa um
termo grego que indica oficiais designados pelos tribunais, cuja tarefa era torturar aqueles que
tinham cometido crimes terríveis. Quando o rei diz que o servo incompassivo deveria ser torturado
até que a dívida fosse paga, obviamente isso significava que ele jamais escaparia de seu tormento.
Isso porque sua dívida era impagável.
A alta quantia da dívida que o rei perdoou ilustra a imensurável dívida do pecado que todos os
homens possuem diante de Deus. Ninguém seria capaz de pagar tamanha dívida! Mas em Cristo
Jesus, Deus perdoou todos os nossos delitos. Na cruz, Jesus não apenas pagou o preço pelo pecado
de forma geral, mas quitou todos os nossos delitos; Ele eliminou a culpa de cada um dos nossos atos
particulares de pecado (Colossenses 2:13).
Então o pecador perdoado deve sempre agir sob a base da misericórdia perdoadora. O mínimo que
se espera daquele que foi perdoado é que também demonstre perdão. Na verdade um coração que
não perdoa também é um coração não perdoado. Por isso nesse ponto deve haver muito cuidado.
W. Hendriksen observa que a Parábola do Credor Incompassivo nos ensina que os homens só podem
ter certeza de que suas dívidas foram canceladas, se eles mesmos também cancelarem as dívidas
daqueles que estão endividados em relação a eles. Isso significa que eles só podem experimentar a
certeza do perdão, se estiverem dispostos a perdoar as ofensas cometidas contra eles. Além disso,
por parte daquele que foi perdoado jamais deveria ser difícil perdoar, visto que a divida que Deus lhe
perdoou é infinitamente maior do que aquela que os homens lhe devem.
Um verdadeiro cristão jamais deve se comportar como o credor incompassivo. Seu exemplo maior de
perdão e misericórdia é Cristo. Todos nós somos devedores de Deus. Mas assim como Deus nos
perdoa, devemos estar sujeitos a perdoar a todos aqueles que pecam contra nós. Esse perdão deve
ser abundante, não apenas sete vezes mais, mas setenta vezes sete!