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O Intelectual Paulo Figueiredo e a politica nacionalista de Vargas.

( 1937- 1945)
The Intellectual Paulo Figueiredo and the Vargas Nationalist Policy.
1
*Dayana Pereira L. da Silva
Resumo: O objetivo desse estudo é desenvolver uma análise da trajetória intelectual de Paulo
Augusto Nunes de Figueiredo juntoa Revista Oeste, que serviu como instrumento ideológico
do Estado Novo (1937- 1945), colaborando efetivamente com a produção e organização da
revista que circulou por período de três anos em Goiânia. Busco compreender o campo
intelectual de organização da imprensa pautado na atuação política com enfoque na trajetória
institucional de Paulo de Figueiredo, que como ideólogo e publicista da administração
autoritária e centralizadora do governo varguista, assumiu o compromisso moral de
construção de uma politica cultural voltada para as aspirações do Estado Novo.
Palavra-chave: Paulo Figueiredo, Estado Novo, Revista Oeste.
Abstract: The objective of this study is to develop an analysis of the intellectual trajectory of
Paulo Augusto Nunes de Figueiredo with the Revista Oeste, which served as an ideological
instrument of the Estado Novo (1937-1945), effectively collaborating with the production and
organization of the magazine circulated by period of three years in Goiânia. I seek to
understand the intellectual field of press organization based on political action focusing on
the institutional trajectory of Paulo de Figueiredo, who as an ideologist and publicist of the
authoritarian administration and centralizing the Vargas government, made the moral
commitment to build a cultural policy focused on the aspirations of the Estado Novo.
Keyword: Paulo Figueiredo, New State, West Magazine.

Introdução
Este trabalho tem por objetivo discutir a história e trajetória institucional e intelectual
de Paulo Augusto Nunes de Figueiredo junto aos órgãos de informação responsáveis pela
construção da consciência nacional do Estado Novo. A Cultura Política(1941-1945), em
especial a Revista Oeste(1942- 1945), a primeira criada como órgão oficial e informativo da
política centralizadora de Vargas no Rio de Janeiro, segunda criada em Goiânia com objetivo
de apoiar a política de Pedro Ludovico na transferência da capital e construção de Goiânia e,
também, de dar apoio ao projeto nacionalista ‘estadonovista’. Paulo Nunes Augusto de
Figueiredo nasceu no Rio de Janeiro em 1913, cursou faculdade de ciências jurídicas e
sociais em Minas Gerais, trabalhou no jornal A Nação no Rio de Janeiro e logo depois atuou
no Jornal A Lavoura e o Comercio, periódico de grande circulação em Minas Gerais e Goiás.
Já inserido na vida pública Paulo de Figueiredo veio para Goiânia e o então interventor Pedro
Ludovico Teixeira conhecedor de seu trabalho o indicou como Professor na Faculdade de
1
Mestranda do Programa de pós-graduação em história da Universidade Federal de Goiás (PPGH\UFG),
orientador; João Alberto da Costa Pinto. Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (Capes).

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Direito. Também foi Presidente do Conselho Administrativo e Procurador geral do Estado de
Goiás, consultor jurídico do Senado federal e vice-diretor Legislativo do Senado Federal.
Faleceu em 26 de dezembro de 1985. Teve destaque como um notável intelectual do Estado
Novo e como idealizador da Revista Oeste. A revista, inicialmente com teor literário e como
expressão da cultura goiana, passou a ser para Paulo de Figueiredo um instrumento
ideológico do Estado Novo para o Centro-Oeste. Paulo de Figueiredo foi um dos grandes
ideólogos e propagandistas da política centralizadora e intervencionista do governo varguista
e, em Goiás, atuou ao lado de expressivas figuras do cenário político-intelectual como
Bernardo Elis, Hélio A. Lobo e José Décio filho.
Crítico do liberalismo e do comunismo, Paulo de Figueiredo atuou como porta voz do
Varguismo defendendo uma política de caráter nacionalista. Um modelo próprio de progresso
de modernização do interior do Brasil.
Com enfoque na trajetória intelectual e institucional do intelectual e tecnocrata Paulo
de Figueiredo pretendo nortear a discussão utilizando como aporte teórico metodológico os
estudos para compreensão da visão Pierre Bourdieu para buscar entender as práticas na
atuação e na formação do intelectual, como produto do seu meio.

Um breve histórico de Paulo Figueiredo


Paulo Figueiredo nasceu em 1913 na cidade do Rio de Janeiro, formou-se em
Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de Minas
Gerais(1936) 2 retornou ao Rio de Janeiro em 1937 e trabalhou no Jornal A Nação,que
pertencia a Flores da Cunhae que tinha como diretor Pedro Vergara, então Secretário da
Presidência da República. O jornal fazia campanha para Armando Sales que se vencesse as
eleições contemplaria Paulo Figueiredo como advogado da Caixa Econômica Federal. No
entanto, implementou-se o Estado Novo, e então Figueiredo partiu para Uberaba onde fez
amizade com Quintiliano Jardim, proprietário do Jornal Lavoura e Comercio, na época era o
periódico de maior circulação e bastante de lido no Planalto e em Goiás. Ali colaborou
publicando diversos artigos, todos versando sobre temas políticos e sociais, sempre com
vistas aos novos modelos para a sociedade brasileira. Lavoura e Comercio servia também
como um jornal quase oficial do Estado de Goiás, pois publicava matérias oficiais financiadas
pelo governo.

2
TELES, Jose Mendoça (org). Memorias Goianienses: Goiania: UCG SUDECO. 1986

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Em 1938 foi para Goiânia por indicação e influência de Quintiliano Ramos, e o então
Interventor de Goiânia Pedro Ludovico Teixeira, que já conhecia seu trabalho, o indicou
como professor da Faculdade de Direito. Iniciou carreira pública em 1940 como promotor
público de Bomfim. Foi também Presidente do Conselho Administrativo e Procurador Geral
do Estado de Goiás durante o Estado Novo, consultor Jurídico Do Senado Federal e Vice-
diretor Legislativo do Senado Federal. Faleceu em 26 de Dezembro de 1985.
A carreira pública de Paulo Figueiredo no estado de Goiás não se limitou aos órgãos
administrativos estaduais e federais, sua atuação se estendeu a sua efetiva participação na
Revista Oeste que surgiu no batismo cultural de Goiânia, sendo considerado pelos
colaboradores da revista seu idealizador. A Revista Oeste circulou de julho de 1942 a
dezembro de 1944 e teve ao todo 26 publicações, com uma única publicação no primeiro ano,
realizou o relato dos acontecimentos da transferência da Capital da cidade de Goiás para
Goiânia. Inicialmente, o teor da revista era de caráter exclusivamente literário tido como
expressão da cultura goiana. Do segundo número em diante passou a ser instrumento
ideológico do Estado, que adentrou a região centro-oeste por meio de ideias ancoradas pelos
princípios políticos defendidos pelo governo intervencionista de Vargas. Entre essas políticas
estava A Marcha para o Oeste, o que impulsionou o apoio a Vargas pelas elites políticas, as
chamadas oligarquias dissidentes, e ajudou a efetivar a transferência da capital antiga, Vila
Boa, para Goiânia. AOeste era o meio propagandístico que tinha como figura política-
intelectual Paulo Figueiredo, porta voz do Varguismo defendendo uma política de caráter
nacionalista, um modelo próprio de progresso de modernização do interior do Brasil.
A revista era composta por uma juventude de poetas, literatos e homens de carreira
pública. Entre as importantes figuras do cenário cultural e político de Goiânia e que
colaboraram com os editoriais da Oeste estavam Jose Décio Filho, Bernardo Elis, Odorico
Costa, Zoroastro Artiaga e Hélio A. Lobo.
Vargas, ao discursar 1943 na Academia Brasileira de Letras, falou da simbiose dos
homens da ideia e dos homens da ação, portanto os indivíduos não são isolados, e quando
examinamos as suas expressões enquanto intelectuais, só será possível compreendê-lo se o
recolocarmos no campo de atuação ideológico.

O Compromisso do intelectual na formação do Estado Novo


O Estado Novo representa, entre muitos períodos da história do Brasil- um evento de
importante duração que provocou modificações substantivas nos pais.De caráter

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intervencionista e com projeto autoritário e nacionalista, instaurado em 10 de novembro de
1937,esse regime ditatorial teve como eminente figura pública o então presidente Getúlio
Vargas, deposto em 9 de abril de 1945. O Estado Novo ocorreu em um período em que o
cenário político mundial estava desacreditado na democracia liberal, resultado da crise
econômica de 1929 do pós I GuerraMundial, a consequência dessa tensão na ordem política e
econômica a nível doutrinário, o governo de Vargastinha inclinações fascistas e se
identificava com os regimes totalitários que estavam em ascensão em alguns países europeus,
o nazismo na Alemanha, o salazarismo em Portugal e o fascismo na Itália.“O projeto de
Estado Novo não esconde certas filiações com o regime de mesmo nome instalado anos antes
em Portugal por Salazar. Considerando-se um projeto cultural, tem a intenção de construir o
“sentido de nacionalidade” e de forjar a” unidade nacional” 3.
A censura servira como meio de controle cultural do Estado Novo, que em 1939,
determinou por decreto, a criação do Departamento de Imprensa e de Propaganda (DIP), que
se tornou um instrumento importante na elaboração racionalizada da unidade nacional e da
imagem mitificada de Vargas. O diretor responsável pelo departamento era Lourival Fontes
(1899-1967). O DIP era não só responsável pela censura do teatro, música, literatura e meio
jornalístico, mas também era meio propagandístico de promoção e coerção do
Estado,queorganizava e,patrocinava as informações e as atividades do governo.A
Constituição brasileira de 1937 legalizou a censura prévia aos meios de comunicação.
A imprensa, através de legislação especial, foi investida da função de caráter
público, tornando-se instrumento do Estado e veículo oficial da ideologia
estado-novista. O art. 1.222 exterminava a liberdade de imprensa e admitia a
censura a todos os veículos de comunicação4.
A unidade nacional forjada por um governo autoritário se ativa a partir do momento
em que este se manifesta na organização social na busca de uma aceitação, controlando os
meios culturais assim como os intelectuais que exercem certo domínio da cultura. Neste
intento Vargas em seus discursos proferidos em comemorações, inaugurações e visitas,
exalava de forma direta uma propaganda básica, atenuada pelo controle direto sobre os meios
de comunicação: jornais, rádios, cinema. A partir de 1940 diversos veículos de informação
tiveram seus registros negados pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). A
censura suprimia publicações críticas ao governo.

3
ROLLAND, Dennis et ali. Intelectuais: sociedade e politica. São Paulo: Cortez, 2003.
4
CAPELATO, Maria Helena. REPENSANDO o Estado Novo. Organizadora: Dulce Pandolfi. Rio de Janeiro:
Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1999. 345 p.

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No Estado Novo um grupo significativo de intelectuais é chamado a participar da
construção da cultura nacional.“Em 1943, durante seu discurso de admissão na Academia
Brasileira de Letras, Vargas justifica sua entrada no seio da eminente instituição insistindo
sobre o caráter indissociável do intelectual e do político, também disserta sobre a simbiose
entre os homens da ideia e os homens da ação”5. Dessa forma, houve um acolhimento e uma
abertura favorável na aceitação dos intelectuais como porta vozes do Estado.
Após me ater a breve exposição de como o governo Vargas organizou seus órgãos de
censura para controle de promoção da sua política autoritária, faz-se necessário pensar a
origem e qual era a função e o lugar social dos intelectuais do Estado Novo que colaboraram
com a ideias conservadoras e intervencionistas do regime.
Parte importante dos intelectuais que contribuíram para a construção do
projeto político de estado nacionalista eram advindos das classes dirigentes
e de uma elite de estudantes das escolas de direito, a partir de 1940 com a
criação de concursos públicos seguiam carreira pública e ocupavam cargos
administrativos 6.
Nessa época havia entre os intelectuais as mais diversas correntes de ideológicas de
esquerda ligados ao partido comunista cito aqui Carlos Drummond de Andrade que foi chefe
do gabinete do Ministro da Educação Saúde no governo Vargas antes de transitar para a
oposição, conservadores autoritários e antiliberais citoFrancisco Camposque foi Jurista e
atuou como Ministro da Justiça no governo Vargas sendo um dos responsáveis principais
pela autoria da carta constitucional de 1937 evidente defensor do estado novo e Almir de
Andrade intelectual e ideólogo do estado novo, foi editor da Revista Cultura Politica e diretor
da Agencia Nacional de Propaganda responsável pela publicidade do governo
Publicada mensalmente entre março de 1941 e maio de 1945, a revista
Cultura Politica teve 53 números...e contou com a colaboração regular de
alguns dos principais intelectuais do regime- Azevedo Amaral, Lourival
Fontes, Francisco Campos, além da direção de Almir de Andrade e de
outros das mais diferentes tendências politico- ideológicas – Graciliano
Ramos, Nelson Werneck Sodré, José Maria Bello, Gilberto Freyre, Brito
Broca7.
O intelectual passa a ser o mediador responsável pelo compromisso moral de ligação
entre oEstado e o povo. O aparato ideológico de grande importância responsável por essa
mediação e indicada como órgão oficial do estado é a revista Cultura Política.

5
Ibid., p. 87.
6
MICELI, S. Intelectual à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
7
BASTOS, Elide Rugaiet ali. Intelectuais: sociedade e politica. São Paulo: Cortez, 2003

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A revista Cultura Politica foi um aparelho ideológico informativo e propagandista do
Estado elaborado sistematicamente por intelectuais de diversas tendências ideológicas, que
como frutos do seu meio da influência de uma herança social, se viam na missão de uma
reforma moral, de uma organização social e cultural assumindo a função de educador. As
classes dirigentes se viam na função de continuar sua hegemonia sobre a sociedade, e longe
de uma generalização dos intelectuais da ferramenta ideológica do Estado Novo, parto do
objetivo de pensar as influências que provocaram nos articulistas da revista uma organicidade
de ideias nos discursos que eram publicados. Essa organicidade pode ser refletida a partir da
ideia de que o intelectual torna-se contemporâneo do seu tempo. É nas influências indiretas e
diretas que se destaca entre os intelectuais brasileiros do período as ideias do pensador
espanhol Ortega e Gasset, ao promover reflexões acerca do intelectual como guardião da
esfera moral, um dos mais lidos e tambémimportante referênciaentre os intelectuais do
continente americano.Bastante lido na América do sul, o pensador espanhol não só publicara
livros importantes sobre a questão da crise do Ocidente, como escrevia periodicamente nos
jornais argentinos8.
Paulo Augusto de Figueiredo intelectual do Estado Novo que é tema central nesse
estudo, foi entre outros autores de numeroso artigos sobre o Estado nacional publicados em
Cultura Politica, e seguramente um dos grandes leitores de Ortega no Brasil.
O Intelectual referenciou se pelas obras de Ortega e Gasset absorvendo suas críticas
ao liberalismo e ao comunismo e das posições de Estado e política configurando uma teoria
ideal para o Brasil, assim como o pensador Espanhol também teorizava em seus artigos um
modelo ideal para a Espanha. Afirmava a missão política das minorias intelectuais
colocando-as como encarregadas da educação política das massas, tal missão era para Ortega
e Gasset a verdadeira educação nacional centrada e diretamente ligada ao estado.
Paulo Figueiredo no Artigo que titulou O Brasil Comeu Espinafre,publicado no
segundo ano da revista Oeste, criticava o modelo liberal da velha república, e outros demais
modelos ideológicos que ele dizia fazer o país agonizar e chamava o Brasil de coitadinho do
Europeite que permitiu que os magnatas fizessem o que quisessem com o país, um sistema
bonito por fora mas que por dentro era desprovido de nacionalismo. E afirmava que Vargas
era o espinafre da nação que estava fraca, pois ele havia se casado com a nação, ressuscitando
a nação Brasileira da morte do Brasil liberal. Figueiredo compartilhava dosideais Gassetianos

8
Ibid, 146.

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que entendia o liberalismo “outra coisa senão a emoção radical, sempre vigorosa na história,
que tende a excluir do estado toda influencia que não seja meramente humana e espera
sempre, das novas formas sociais, maior bem do que das pretéritas e herdadas” 9. Acreditava
que a centralização do Estado desmantelaria o impulso genérico do liberalismo e também
afirmava a insuficiência dos ideais socialistas nas lutas sociais.
No que concerne a influência de Ortega y Gasset nos periódicos a que Figueiredo
escrevia, este em um de seus diversos artigos publicados naOeste em 1943 intitulado Um
Modelo Russo a se Imitar, o intelectual defendia que os russos se valiam pelo seu sistema e
sua filosofia, pois uma ideologia só se realiza pela política, e o que interessa é o fim supremo
do Estado, só assim se almejara uma nação feliz, apesar de não concordar com a doutrina que
ele diz ser de um marxismo que coloca o fator econômico acima da relações de partido, que
interfere na busca da identidade nacional. Concordando assim em alguns pontos, apesar de
sua oposição a ideologia russa. Em Aspectos Ideológicos Do Estado NovoPublicado em 1983,
Paulo Figueiredo reunião todos o artigos que publicou na Cultura politica, e esta obra
delineia o que o intelectual caracterizava como modelo de estado , de governante e de povo.
Citando com frequência as obras Gassetianas.
A relação Estado e sociedade no projeto político de consolidação de um Estado
nacional centralizado está presente nos artigos do pensador espanhol Ortega e Gasset. Cito
para exemplificar aqui três: Espanha invertebrada (1921), El tema de Nuestro tempo(1923)
eLa rebelión de las massas (1930). As influências do pensador espanhol estão presentes na
busca dos intelectuais do Estado Novo por uma identidadeque seja ao mesmo tempo cultural
e social. E partindo desse pressuposto, entendo que isso torna a atuação do intelectual um
tanto nociva, pois as influências podem gerar como consequência a apologia e a indiferença
O intelectual aspira uma autônima na organização do seu saber e sua crítica, mas está
sempre em constante luta com os poderes constitutivos que se refletem na busca por uma
máxima consciência possível e, assim, o saber acaba se tornando uma conquista. Determinar
o intelectual somente pela sua obra, é fugir a sua totalidade,é não pensar no seu papel social e
deixar de fora a importância da sua trajetória institucional e intelectual. Entendo que, mais
que refletir uma boa obra e necessário compreender os momentos, a situação, e quais
tendências determinaram os momentos da sua consciência e é noexercício obrigatório da
razão em seu trabalho que o intelectual se transforma em um tipo atormentado, pois seu

9
Ibid, 58.

587
oficio requer incessantemente a obrigação do uso impessoal da razão nos momentos mais
dramáticosde vacilações da “razão pessoal”” 10. A crítica ao uso da razão torna-se
indispensável para a compreensão da dimensão da ação moral do intelectual. Colocando em
Voga o recorte temporal aqui analisado , destaco que o Estado Novo se alimentou de um
processo político a nível mundial da crise do pós-guerra se fez necessário a organização de
uma nova estrutura política, social e cultural pautada nas ideias dos sujeitos chamados a
construir um ideial de nação, e assim organização de uma sociedade que passa por um
instante decrise, busca se preparar por um processo transformador e o indivíduo que se
compromete na ação afirmativa de intelectual se vê no compromisso moral de ligação direta
com a política, e como agente do processo que ele julga ser revolucionário.
No decorrer desse breve estudo procurei aqui demostrar o intelectual como resultado
do seu campo social e destacando as chamadas minorias intelectuais com ênfase em Paulo
Figueiredo e sua colaboração na Revista Oeste, e a Revista Cultura Politica. No que tange ao
papel do intelectual como formador de opinião na imprensa do período varguista, optei por
discutir as formas utilizadas pelo estado a fim de estimular a juventude intelectual a se inserir
no campo de divulgação da política intervencionista de autoritária do Estado novo.

Referencias Bibliográficas
BASTOS, Elide Rugai et ali. Intelectuais: sociedade e politica. São Paulo: Cortez, 2003
BASTOS, Elide Rugai. Intelectuais e Politica: A moralidade do compromisso. Editora: Olho
d’água.1999.

BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Simbolicas. Ed: Perspectiva, 2003.


CAPELATO, Maria Helena. REPENSANDO o Estado Novo. Organizadora: Dulce Pandolfi. Rio de
Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1999. 345 p.
MICELI, S. Intelectual à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001

OESTE: Revista Mensal. Goiania: AGEPEL, 2001 ( Reedição integral fac-similar virtual)
ORTEGA e GASSET.Intelectuais e politica: A moralidade do compromisso; Propecto da Liga de
Educacion Politica Española. Ed: Olho dágua. 1999.

ROLLAND, Dennis et ali. Intelectuais: sociedade e politica. São Paulo: Cortez, 2003.
TELES, Jose Mendoça (org). Memorias Goianienses: Goiania: UCG SUDECO. 1986

10
Ibid, 151.

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