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Liturgia própria da Memória dos BB.

Francisco
e Jacinta Marto – 20 de fevereiro

 
 

ANTÍFONA DE ENTRADA Mt 18, 3


Se não vos canverterdes e não vos tornardes como as crianças,
não entrareis no reino dos Céus.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de infinita bondade ,
que amais a inocência e exaltais os humildes, concedei, pela intercessão da Imaculada Mãe do vosso
Filho, que, à imitação dos bem-aventurados Francisco e Jacinta, Vos sirvamos na simplicidade de
coração, para podermos entrar no reino dos Céus. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I 1 Sam 3, 1.3-10


«Falai, Senhor, que o vosso servo escuta»
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias,
o jovem Samuel servia o Senhor
sob a direcção do sumo sacerdote Heli.
Samuel dormia no templo do Senhor,
no lugar onde se encontrava a arca de Deus.
O Senhor chamou Samuel
e ele respondeu: «Aqui estou».
E, correndo para junto de Heli, disse:
«Aqui estou, porque me chamaste».
Mas Heli respondeu:
«Eu não te chamei; torna a deitar-te».
E ele foi deitar-se.
O Senhor voltou a chamar Samuel.
Samuel levantou-se, foi ter com Heli e disse:
«Aqui estou, porque me chamaste».
Heli respondeu:
«Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te».
Samuel ainda não conhecia o Senhor,
porque, até então,
nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor.
O Senhor chamou Samuel pela terceira vez.
Ele levantou-se, foi ter com Heli e disse:
«Aqui estou, porque me chamaste».
Então Heli compreendeu que era o Senhor
que chamava pelo jovem.
Disse Heli a Samuel:
«Vai deitar-te; e se te chamarem outra vez, responde:
‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’».
Samuel voltou para o seu lugar e deitou-se.
O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes:
«Samuel, Samuel!».
E Samuel respondeu:
«Falai, Senhor, que o vosso servo escuta».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Lc 1, 46-48.49-52 (R. 52b)
Refrão: O Senhor exaltou os humildes.
A minha alma glorifica o Senhor,
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva,
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada
todas as gerações.
O todo-poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
ALELUIA Salmo 118 (119), 130
Refrão: Aleluia Repete-se
A manifestação das vossas palavra ilumina
e dá a sabedoria aos simples. Refrão

EVANGELHO Mt 18, 1-5.10


«Quem for humilde como esta criança
esse será o maior no reino dos Céus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
os discípulos aproximaram-se de Jesus
e perguntaram-Lhe:
«Quem é o maior no reino dos Céus?».
Jesus chamou uma criança,
colocou-a no meio deles e disse-lhes:
«Em verdade vos digo:
Se não vos converterdes
e não vos tornardes como as crianças,
não entrareis no reino dos Céus.
Quem for humilde como esta criança
esse será o maior no reino dos Céus.
E quem acolher em meu nome uma criança como esta
acolhe-Me a Mim.
Vede bem. Não desprezeis um só destes pequeninos.
Eu vos digo que os seus Anjos vêem continuamente
o rosto de meu Pai que está nos Céus».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
Humildemente Vos pedimos, Senhor,
que aceiteis a homenagem das nossas preces e oblações,
para obtermos o perdão das nossas culpas
e a conversão dos pecadores.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Bendito sejais, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Por este divino sacramento que recebemos, Senhor,
acendei em nós o amor admirável
que levou os bem-aventurados Francisco e Jacinta
a entregarem-se inteiramente a Vós
e a apaixonarem-se pela salvação de todos os homens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia das horas
Da Homilia de João Paulo II, papa
(Homilia da Missa da Beatificação de Francisco e Jacinta Marto
no dia 13 de Maio 2000, em Fátima) (Sec. XX)

Os pequeninos privilegiados do Pai


Eu te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelastes aos
pequeninos. Com estas palavras, Jesus louva os desígnios do Pai celeste: Sim, Pai, Eu Te bendigo,
porque assim foi do Teu agrado. Quiseste abrir o Reino aos pequeninos. Por desígnio divino, veio do céu
a esta terra, à procura dos pequeninos privilegiados do Pai, uma mulher revestida com o Sol. Fala-lhes
com voz e coração de Mãe: convida-os a oferecerem-se como vítimas de reparação, oferecendo-se ela
para os conduzir, seguros, até Deus. Foi então que das suas mãos maternais saiu uma luz que os
penetrou intimamente, sentindo-se imersos em Deus como quando uma pessoa – explicam eles – se
contempla num espelho. Mais tarde, Francisco, um dos três privilegiados, exclamava: nós estávamos a
arder naquela luz que é Deus e não nos queimávamos. Como é Deus? Não se pode dizer. Isto sim que a
gente não pode dizer. Deus: uma luz que arde mas não queima. A mesma sensação teve Moisés quando
viu Deus na sarça ardente.
Ao beato Francisco, o que mais o impressionava e absorvia era Deus naquela luz imensa que penetrara
no íntimo dos três. Na sua vida, dá-se uma transformação que poderíamos chamar radical; uma
transformação certamente não comum em crianças da sua idade. Entrega-se a uma vida espiritual intensa
que se traduz em oração assídua e fervorosa, chegando a uma verdadeira forma de união mística com o
Senhor. Isto mesmo leva-o a uma progressiva purificação do espírito através da renúncia aos seus gostos
e até às brincadeiras inocentes de criança. Suportou os grandes sofrimentos da doença que o levou à
morte, sem nunca se lamentar. Grande era no pequeno Francisco, o desejo de reparar as ofensas dos
pecadores, esforçando-se por ser bom e oferecendo sacrifícios e oração. E Jacinta sua irmã, quase dois
anos mais nova que ele, vivia animada pelos mesmos sentimentos.
Na sua solicitude materna, a Santíssima Virgem veio a Fátima, pedir aos homens para não ofenderem
mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido. Dizia aos pastorinhos: Rezai, rezai muito e fazei
sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver que se sacrifique e peça
por elas.

A pequena Jacinta sentiu e viveu como própria esta aflição de Nossa Senhora, oferecendo-se
heroicamente como vítima pelos pecadores. Um dia – já ela e Francisco tinham contraído a doença que os
obrigava a estarem de cama – a Virgem Maria veio visitá-los a casa, como conta a pequenita: Nossa
Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar o Francisco muito em breve para o céu. E a mim perguntou-
me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim. E, ao aproximar-se o momento da
partida do Francisco, Jacinta recomenda-lhe: Dá muitas saudades minhas a Nosso Senhor e a Nossa
Senhora e diz-lhes que sofro tudo quanto Eles quiserem para converter os pecadores. Jacinta ficara tão
impressionada com a visão do inferno, durante a aparição de treze de Julho, que nenhumas mortificação e
penitência era demais para salvar os pecadores.

Fonte: Secretariado de Liturgia

Francisco: o olhar que penetra o mistério

Nas aparições que testemunhou, o pequeno Francisco apenas via o Anjo e Nossa Senhora, sem ouvir o
que eles diziam. E isto foi o suficiente para desenvolver a sua vocação e o seu papel específico no
conjunto das aparições. Com o olhar completamente centrado na luz do que lhe era dado ver, viveu
encantado pela beleza de Deus e da Senhora. Posteriormente, auxiliado pelas explicações da prima e da
irmã acerca das palavras do Anjo e de Nossa Senhora, irá adentrar-se na vivência do mistério de Deus:
“Nós está- vamos a arder, naquela luz que é Deus, e não nos queimávamos. Como é Deus!!! Não se pode
dizer! Isto sim, que a gente nunca pode dizer!” (MIL 145).

E ainda que nunca tivesse encontrado as palavras certas para dizer Deus, foi talvez o que mais entendeu
e penetrou o Seu mistério. De facto, o Francisco deixou-se invadir tão intensamente por Deus que,
mergulhando nessa presen- ça divina em atitude de adoração, encontrou em Deus o sentido e a beleza da
sua vida, aprendeu o louvor perfeito (cf. Mt 21,16).

Partindo da experiência que faz do amor compassivo de Deus por todos os seres humanos e com a
consciência de que a humanidade escolhe com frequência caminhos afastados de Deus, surge no
Francisco um desejo intenso de corresponder ao amor divino, consolando Aquele a quem chamava o
Jesus Escondido. O testemunho que nos chegou diz-nos que ele “só O queria consolar” (MIL 145), o que
nos aponta para uma intensa oração contemplativa desta criança, cuja preocupação central era viver
intimamente uma relação de amizade com Deus.

Esta amizade é alimentada pelo silêncio da Serra d’Aire, que levava o Francisco a “pensar em Deus, em
“como era belo” e “como estava triste”, em como lhe desejava dar alegria; é nutrida pelas incontáveis
horas de adoração eucarística no recanto da igreja paroquial, diante do Sacrário, aprendendo de Jesus o
jeito de viver a vida como dom; é renovada na oração do terço, muitos que rezou, acolhendo-se no regaço
da mãe, deixando-se transformar à imagem do seu coração centrado no Filho, Jesus. Na simplicidade
desta entrega silenciosa se narra a história do olhar contemplativo cheio de amor do Francisco, e do toque
com que o Mistério de Deus converte a sua vida em luz para os demais.

Jacinta: o coração feito compaixão

Em Jacinta é central a atitude da compaixão. Nela reconhecemos um coração com profundidade e paixão,
completamente dedicado à missão que o Céu lhe confia. São dela as palavras que nos chegaram: “Se eu
pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-
me gostar tanto do Cora- ção de Jesus e do Coração de Maria!” (MIL 130).

Desde o início das aparições desenvolve uma profunda devoção ao Imaculado Coração de Maria. Com as
palavras do Cardeal Joseph Ratzinger compreendemos como o amor a Nossa Senhora configurou a vida
da Jacinta: “ter devoção ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual
o fiat – «seja feita a vossa vontade» – se torna o centro conformador de toda a existência”. De facto, a
pastorinha Jacinta aprendeu com Maria e na escola do Seu Imaculado Coração a fazer da vontade de
Deus o centro conformador da sua existência: aprendeu com Ela a “fazer como Nosso Senhor” (MIL 44).

Este desejo conformador da sua existência com o Coração de Jesus, levou a Jacinta a desejar segui-lo,
percorrendo o mesmo caminho que o Mestre. O Senhor não fugiu à agonia do Getsémani, à solidão e ao
abandono da Cruz. E a pequena Jacinta não rejeitou a solidão na doença, a aridez de lhe ter sido negada
a comunhão eucarística – o que teria sido a sua última consolação possível no momento da morte –, não
escapou à ferida aberta no peito, assemelhando- -se ao coração trespassado de Jesus, que ela amou tão
ternamente. E viveu tudo isto, com uma alegria serena e numa entrega de amor, como testemunham os
interrogados no seu processo canónico.

A pequena Jacinta, que “gostava tanto de pensar” (MIL 61), meditando e guardando tudo em seu coração,
como tinha feito a Senhora que agora era a sua “Mestra na escola da santidade” (João Paulo II), “e que a
introduz no conhecimento íntimo do Amor Trinitário” (Bento XVI), aprende a ter um coração universal.
Durante a sua estadia na prisão, em Ourém, quando Lúcia lhe pede para escolher uma intenção pela qual
oferecer os sacrifícios – pelos pobres pecadores, ou pelo Santo Padre, ou em reparação ao Imaculado
Coração de Maria – a Jacinta não hesita em responder: “eu ofereço por todas, porque gosto muito de
todas” (MIL 53).

Desenvolveu um profundo sentimento de compaixão por todas as formas de sofrimento humano que foi
percebendo, na intensa luz de Deus e através do Imaculado Coração de Maria. Foi insaciável nesta sede
de rezar e de oferecer sacrifícios pelos pecadores. Ardia-lhe a alma neste “zelo” pela salvação da
humanidade que sentia como sua. Escutar a Jacinta, nas suas inúmeras expressões de compaixão por
todo o tipo de sofrimento e de miséria, faz nascer em nós a gratidão ao Pai, porque escondeu estas
verdades aos sábios e inteligentes, e as revelou aos pequeninos (cf. Mt 11,25).
Santo Francisco e Santa Jacinta, receberam as
mensagens de Nossa Senhora de Fátima e souberam
viver suas dores

No ano de 1908, nasceu


Francisco Marto. Em 1910, Jacinta Marto. Filhos de Olímpia de Jesus e Manuel
Marto. Eles pertenciam a uma grande família; e eram os mais novos de nove
irmãos. A partir da primavera de 1916, a vida dos jovens santos portugueses
sofreria uma grande transformação: as diversas aparições do Anjo de Portugal (o
Anjo da Paz) na “Loca do Cabeço” e, depois, na “Cova da Iria”. A partir de 13 de
maio de 1917, Nossa Senhora apareceria por 6 vezes a eles.

O mistério da Santíssima Trindade, a Adoração ao Santíssimo Sacramento, a


intercessão, o coração de Jesus e de Maria, a conversão, a penitência… Tudo
isso e muito mais foi revelado a eles pelo Anjo e também por Nossa Senhora, a
Virgem do Rosário. Na segunda aparição, no mês de junho, Lúcia (prima de
Jacinta e Francisco) fez um pedido a Virgem do Rosário: que ela levasse os três
para o Céu. Nossa Senhora respondeu-lhe: “Sim, mas Jacinta e Francisco levarei
em breve”. Os bem-aventurados vivenciaram e comunicaram a mensagem de
Fátima. Esse fato não demorou muito. Em 4 de abril de 1919, Francisco, atingido
pela grave gripe espanhola, foi uma das primeiras vítimas em Aljustrel. Suas
últimas palavras foram: “Sofro para consolar Nosso Senhor. Daqui, vou para o
céu”.

Jacinta Marto, modelo de amor que acolhe, acolheu a dor na grave enfermidade,
tendo até mesmo que fazer uma cirurgia sem anestesia. Tudo aceitou e ofereceu,
como Nossa Senhora havia lhe ensinado, por amor a Jesus, pela conversão dos
pecadores e em reparação aos ultrajes cometidos contra o coração imaculado da
Virgem Maria. Por conta da mesma enfermidade que atingira Francisco, em 20 de
fevereiro de 1920, ela partiu para a Glória. No dia 13 de maio do ano 2000, o
Papa João Paulo II esteve em Fátima, e do ‘Altar do Mundo’ beatificou Francisco
e Jacinta, os mais jovens beatos cristãos não-mártires.

Papa Francisco canonizou os dois pastorinhos no dia 13 de Maio, durante a sua


visita a Portugal por ocasião das comemorações do Jubileu de 100 anos das
aparições de Nossa Senhora em Fátima.

Santo Francisco e Santa Jacinta, rogai por nós!

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