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Acórdão Nº 1255221
EMENTA
1.Quanto à preliminar de inépcia da inicial, tendo sido a operação realizada eletronicamente, o que é
cada vez mais comum, não seria possível, de fato, a apresentação de um contrato físico no qual
constasse a assinatura do consumidor, a qual é suprida pela inserção de senha pessoal no sistema
informatizado do banco.
3. Compulsando os autos, constato que a petição inicial foi instruída com os documentos suficientes à
propositura da ação de cobrança, em especial, extrato da conta corrente da parte requerida (id nº
13102204), que traz a notícia de que este se beneficiou da quantia de R$50.000,00 objeto de mútuo
obtido junto ao banco. Os documentos constantes do id nº 131022090 comprovam a existência de
relacionamento anterior mantido entre o apelante junto à instituição financeira autora, trazendo,
inclusive, a comprovação por escrito que o requerido manteve conta corrente no Bradesco.
RELATÓRIO
Cuida-se de recurso de Apelação Cível interposto contra a r. sentença (ID13102294), na qual o Juízo
monocrático julgou procedente o pedido em ação de cobrança proposta por Banco do Bradesco S.A.
em desfavor de Adriano Monteiro da Silva, nos termos do artigo 487, inciso I, do CPC/2015, para
condenar a parte ré ao pagamento da quantia de R$83.714,74 (oitenta e três mil, setecentos e catorze
reais e setenta e quatro centavos), quantia esta que deverá ser corrigida monetariamente a contar da
data da planilha constante do id nº 27630572 (02/01/2019) e com inclusão de juros moratórios de 1%
ao mês a contar da citação.
A parte autora alega, em síntese, que as partes firmaram Cédula de Crédito Bancário –
Empréstimo Pessoal nº 3554663, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a ser pago em
parcelas de R$ 3.493,21 (três mil, quatrocentos e noventa e três reais e vinte e um centavo), pelo
período compreendido de 26/09/2017 à 26/09/2019. Afirma que o empréstimo foi liberado na
conta corrente do réu em 26/09/2017. Aduz que o réu não cumpriu com as obrigações pactuadas,
estando inadimplente.
Diante das referidas alegações, a parte autora requereu a condenação do réu ao pagamento da
quantia de R$83.714,74, devidamente atualizada.
Devidamente citado, o réu contestou o pedido (id nº 41105980). Em preliminar, afirmou que a
petição inicial é inepta, pois não traz documento essencial à propositura da ação, qual seja, o
contrato assinado pelo réu. No mérito, alegou que não assinou qualquer documento. Requereu a
improcedência da ação.
A parte autora compareceu nos autos (id nº 46514975) trazendo documentos subscritos pelo réu.
É o relatório do necessário.
Decido.”
Quanto ao mérito, relata que não assinou cédula de crédito bancário na condição de emitente em face
do Apelado. Desse modo, inexiste a pretendida relação creditícia.
Requer se determine que a parte Apelada se abstenha de inscrever o pretendido débito no cadastro de
inadimplentes, procedendo à imediata retirada da inscrição existente, sob pena de multa diária, sem
prejuízo de eventual condenação por danos morais, tendo em vista o efeito suspensivo da Apelação,
bem como a presença dos requisitos da concessão da tutela antecipada recursal.
É o relatório.
VOTOS
Como abordado no relatório, cuida-se de apelação aviada em face da sentença que, resolvendo a ação
ordinária de cobrança ajuizada por Banco Bradesco S.A. em desfavor de Adriano Monteiro da Silva o
d. juízo de primeiro grau julgou parcialmente procedentes os pedidos nos seguintes termos:
“Em face de todo o exposto, julgo PROCEDENTE o pedido inicial, nos termos do artigo 487,
inciso I, do CPC/2015, para condenar a parte ré ao pagamento da quantia de R$83.714,74
(oitenta e três mil, setecentos e catorze reais e setenta e quatro centavos), quantia esta que
deverá ser corrigida monetariamente a contar da data da planilha constante do id nº 27630572
(02/01/2019) e com inclusão de juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação.
Aduz, preliminarmente, a inépcia da petição inicial eis que o direito alegado pelo requerente se funda
na existência de um título de crédito, a saber, uma cédula de crédito bancário e pelo princípio da
cartularidade, tal direito se prova pela apresentação do título, portanto, documento essencial à
propositura da ação, o qual ausente dará ensejo à extinção do processo, sem julgamento do mérito,
uma vez que se deve considerar inepta a petição inicial.
Quanto ao mérito, relata que não assinou cédula de crédito bancário na condição de emitente em face
do Apelado. Desse modo, inexiste a pretendida relação creditícia.
Requer se determine que a parte Apelada se abstenha de inscrever o pretendido débito no cadastro de
inadimplentes, procedendo à imediata retirada da inscrição existente, sob pena de multa diária, sem
prejuízo de eventual condenação por danos morais, tendo em vista o efeito suspensivo da Apelação,
bem como a presença dos requisitos da concessão da tutela antecipada recursal.
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação,
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.”
Assim, em razão de haver determinação de que o pleito seja formulado em requerimento próprio,
conforme previsto na norma, impede o pedido de efeito suspensivo ser conhecido, vez que inadequada
a via eleita.
§ 3º, CPC e art. 87, II, RITJDFT), bem como se ao recurso já é atribuído o referido efeito ‘ope
legis’.” (Acórdão n.1046346, 20160510097806APC, Relator: SANDRA REVES 2ª TURMA
CÍVEL, Data de Julgamento: 13/09/2017, Publicado no DJE: 18/09/2017. Pág.: 171/185)
Ante esses argumentos, não conheço do pedido de efeito suspensivo, haja vista a inadequação da via
eleita.
Aduz o apelante que o direito alegado pelo requerente se funda na existência de um título de crédito, a
saber, uma cédula de crédito bancário e, pelo princípio da cartularidade, tal direito se prova pela
apresentação do título, portanto, documento essencial à propositura da ação, o qual ausente dará
ensejo à extinção do processo, sem julgamento do mérito, uma vez que se deve considerar inepta a
petição inicial.
Apesar de não ter sido apresentado contrato assinado pelas partes, foi juntado Comprovante de
Empréstimo Pessoal (ID 13102207), no qual constam os dados do réu/apelante e as informações
relativas à operação, como a taxa de juros aplicada e a quantidade de prestações, dentre outras. Tendo
sido a operação realizada eletronicamente, o que é cada vez mais comum, não seria possível, de fato, a
apresentação de um contrato físico no qual constasse a assinatura do consumidor, a qual é suprida pela
inserção de senha pessoal no sistema informatizado do banco.
2 - In casu, aduziu a apelante/ré que, apesar de ter realizado contrato de mútuo junto ao
apelado/autor, não anuiu em relação à operação de renegociação de dívida consubstanciada no
SOB MEDIDA COMP ATRASO LONGO.
2.1 - Dos documentos acostados aos autos, constata-se que houve contratação da renegociação
retromencionada, no dia 30/05/2014, cujo pagamento seria realizado através de débito em conta
corrente e em 48 (quarenta e oito) parcelas no valor de R$ 1.721,00 (mil setecentos e vinte e um
reais), cada, sendo que a primeira teria vencimento em 04/06/2014, e que, em 12/05/2015, a
apelante/ré contava com 12 parcelas em atraso.
2.2 - Embora alegada a falta de anuência para a realização da renegociação, consoante palavras
da própria apelante/ré, esta tomou ciência da operação em questão no dia seguinte à sua
efetivação.
Dessa forma, não é crível que, tendo o apelado/autor realizado a operação, supostamente de
forma deliberada e sem a anuência da apelante/ré, tenha ela, apesar de não concordar com a
renegociação, mantido-se inerte por mais de um ano sem qualquer manifestação de indignação
endereçada ao banco ou adoção de medida para fins de retorno ao status quo ante, notadamente
quando se leva em consideração a forma de pagamento (débito em conta) e o valor vultoso da
parcela (R$ 1.721,00), evidenciando sua anuência, mesmo que de maneira tácita.
3. Recurso provido.
“Faculto à parte autora o prazo de 15 (quinze) dias para que traga aos autos algum documento
subscrito pelo réu, a fim de demonstrar a existência de relação contratual entre as partes,
vinculando a conta bancária na qual teria sido depositado o valor objeto do mútuo à parte
requerida.
Vindo o(s) documento(s), dê-se vista à parte requerida por igual prazo.
Nesse sentido, ao final da ação, em se verificando que a parte requerente não comprovara a suposta
existência de relação contratual entre as partes seria o caso de julgamento de improcedência. Portanto,
a ação se processou pelo procedimento comum, garantindo-se à parte apelante o pleno exercício do
contraditório e da ampla defesa.
Assim, no que se refere à alegada inépcia da inicial, tenho que a preliminar deve ser rejeitada, bem
como a referida intempestividade documental.
Não tendo sido suscitadas outras questões preliminares, passo a enfrentar o mérito.
Quanto ao mérito, relata que não assinou cédula de crédito bancário na condição de emitente em face
do Apelado. Desse modo, inexiste a pretendida relação creditícia.
Compulsando os autos, constato que a petição inicial foi instruída com os documentos suficientes à
propositura da ação de cobrança, em especial, extrato da conta corrente da parte requerida (id nº
13102204), que traz a notícia de que este se beneficiou da quantia de R$50.000,00 objeto de mútuo
obtido junto ao banco.
Lado outro, o apelante até poderia aduzir fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do
apelante, por meio da apresentação da respectiva contestação, alegando, inclusive a ausência de
disponibilização do crédito. Contudo, a ele incumbia a prova de eventual insubsistência da “causa
debendi”, por força do art. 373, inc. II, do CPC. Se assim não o fez, compete-lhe arcar com o
pagamento da quantia que foi disponibilizada e utilizada na sua própria conta corrente.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso e mantenho a sentença nos termos em que foi
proferida.
Em face do grau recursal, majoro o percentual de cada patrono em 1%, nos termos da dicção
normativa do §11, art. 85 do CPC, levando-se em conta o trabalho adicional realizado pelos patronos,
conforme disposição dos §§2º a 6º do art. 85 do CPC/15.
É como voto.
DECISÃO