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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE

DIREITO DA __ VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE


GOIÂNIA – GOIÁS

MÁRCIO BUELO, brasileiro, divorciado, cozinheiro, CPF: XXX, RG, XXX, E-


mail: XXX, Residente e domiciliado a rua x, bairro x, cidade Goiânia, Estado
Goiás, CEP XXX., por meio de seu advogado que esta subscreve (procuração
em anexo), com endereço profissional à Av. Frei Serafim, n° 34, CEP 45734-
839, nesta Comarca, onde recebe intimações, vem, respeitosamente perante
Vossa Excelência, propor AÇÃO DE DANOS MATERIAIS.

Com fundamento no artigo 319 do Código de Processo Civil,

em face TOP CELULARES, CNPJ: XXX, com endereço a rua XXX, n. XX, CIDADE
XXX, ESTADO XXX, CEP: XXX, EMAIL XXX., pelos motivos de fato e de Direito a seguir
expostos.

I – DOS FATOS

No natal do ano de 2019, o Autor compareceu à empresa TOP CELULARES que


presta serviço de reparo de celulares, para que fosse feito a manutenção da tela do seu
aparelho celular Samsung S10, e que se encontrava danificado com um trinco ao seu
redor.

Na ocasião, por indicações de pessoas próximas como de confiança e por conhece-


lo, procurou ser atendido pelo funcionário da loja, Diogo, que confiou o celular aos seus
cuidados para a realização do serviço, pelo qual foi cobrado o montante de 700.00
(setecentos reais) para troca da tela, pago com cartão de débito, (comprovante de
pagamento anexo)

Ao buscar o celular após 03 dias, na qualidade de consumidor, recebeu o aparelho


celular conforme haviam estipulado, contudo ainda no mesmo dia entretanto notou que
o aparelho, embora tenha tido a tela reparada, não identificava o sinal da operadora, de
sorte que imediatamente comunicou ao funcionário da loja que pediu mais 05 dias de
prazo para a entrega.
Ocorre que após 03 dias, o funcionário Diogo ligou para Márcio explicando que a loja
havia sido roubada, e para tanto como o celular dele era sucata, não ressarciria valor
algum.

II – DO DIREITO

Trata-se de uma ação de danos materiais.


A esse respeito, os artigos citados abaixo, do Código Civil e Código de Defesa do
Consumidor, afirmam que:

 Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

 Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada.

§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

 Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (…)

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus


da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências".

DANO MORAL - DOUTRINA

Segundo o que ensina Aguiar Dias:


“O dano moral é o efeito não patrimonial da lesão de direito e não a própria
lesão abstratamente considerada.”

Maria Cristina da Silva Carmignani, em trabalho publicado na Revista do


Advogado nº 49, editada pela conceituada “Associação dos Advogados de São
Paulo”, ensina que:

“(…) a concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que a


responsabilidade de indenização do agente opera-se por força do simples fato
das violações (danun in re ipsa). Verificado o evento danoso, surge a
necessidade da reparação, não havendo que se cogitar de prova do dano
moral, se presentes os pressupostos legais para que haja a responsabilidade
civil (nexo de causalidade e culpa)”.

O Código de Defesa do Consumidor dispõe ainda, por seu artigo 14, que a
responsabilidade do fornecedor de serviços é objetiva, prescindindo da
demonstração de culpa: Art. 14. CDC

DOUTRINA -

Neste sentido é a lição de Nelson Nery Junior, inclusa na Revista do Consumidor


nº 1, editora Revista dos Tribunais, página 201, palavras que merecem transcrição:

“O art. 1º do CDC diz que suas disposições são de ordem pública e interesse social.
Isto quer dizer, em primeiro lugar, que toda a matéria constante do CDC deve ser
examinada pelo juiz ex officio, independentemente de pedido da parte…”.

DOUTRINA

Ada Pelegrini Grinover e outros, in Código de Brasileiro de Defesa do Consumidor


– Comentado pelos Autores do Anteprojeto, pg. 75, 3ª edição, 1993, Ed. Forense
Universitária, afirmam o seguinte:

“Como a responsabilidade é objetiva, decorrente da simples colocação no mercado


de determinado produto ou prestação de dado serviço, ao consumidor é conferido o
direito de intentar as medidas contra todos os que tiverem na cadeia de
responsabilidade que propiciou do mesmo produto no mercado ou então a prestação
do serviço.”

JURISPRUDÊNCIAS

Jurisprudências em favor da autora:

REPARAÇÃO DE DANOS. DANOS MATERIAIS. VÍCIO NO PRODUTO.


AFASTADA PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. DEFEITO QUE
COMPROMETE A QUALIDADE DO PRODUTO. ART. 18, § 3º, DO CDC.
DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO. UNÂNIME. (Recurso Cível Nº 71001554344, Segunda Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Vivian Cristina Angonese
Spengler, Julgado em 16/07/2008)
RELAÇÃO DE CONSUMO. APARELHO CELULAR. VÍCIO DE QUALIDADE DO
PRODUTO. PROBLEMA NO DISPLAY. AQUISIÇÃO DE GARANTIA
COMPLEMENTAR. RESPONSABLIDADE SOLIDÁRIA DO COMERCIANTE.
APLICAÇÃO DO ART. 18, §1º, II, DO CDC, QUE AUTORIZA A RESTITUIÇÃO DA
QUANTIA PAGA, COM CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE O DESEMBOLSO. 1.
Preliminar de ilegitimidade afastada. A empresa que vende o aparelho
enquadra-se no conceito de fornecedora para responder perante o
consumidor por eventual vício de qualidade do bem. 2. Existente o vício de
qualidade no aparelho celular e, não tendo a ré realizado o conserto, nos
termos do art. 18, § 1º, inc. II, do CDC, cabe ao autor a restituição da quantia
paga monetariamente atualizada, desde a data da compra do produto. 3. A fim
de que não ocorra enriquecimento sem causa, deve o autor, diante do
pagamento da quantia despendida para aquisição do celular, devolver o
aparelho adquirido, merecendo portanto reforma a sentença neste ponto.
Recurso parcialmente provido. (Recurso Cível Nº 71001655422, Primeira
Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ricardo Torres Hermann,
Julgado em 17/07/2008)

CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO. MOTOCICLETA ZERO QUILÔMETRO


QUE APRESENTA DEFEITOS AINDA NO PERÍODO ABRANGIDO PELA
GARANTIA. PERSISTÊNCIA DOS PROBLEMAS, MESMO APÓS O CONSERTO
EFETIVADO PELA ASSISTÊNCIA TÉCNICA AUTORIZADA. DIREITO À
SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO POR UM NOVO, EM CONDIÇÕES DE USO.
Diante da persistência dos vícios, mesmo após o envio e conserto do produto
pela assistência técnica, é razoável a perda de confiança do consumidor
quanto à qualidade da coisa adquirida, evidenciando-se o defeito de
fabricação. Daí por que se justifica a substituição do produto por outro, em
condições de uso, consoante o permissivo do art. 18, § 3º, do CDC. RECURSO
DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71001484088, Terceira Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Eugênio Facchini Neto, Julgado em 12/02/2008)

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.


DEFEITO DO PRODUTO. ART. 18, § 1º, INC. II, PARTE FINAL, DO CDC. 1.
FORNECEDOR. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA. Consoante
exegese dos artigos 3º e 18 do CDC, a primeira demandada se encaixa no
conceito de fornecedor, respondendo pelos vícios porventura existentes nos
bens que comercializa. 2. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. Demonstrada, ao
concreto, a ilicitude do ato praticado pelas demandadas, que procrastinaram
a resolução do problema, evidente o dever de indenizar. Os autores
ingressaram com a presente ação, após decorridos mais de um ano da
compra, depois de tentar a troca junto ao apelante, após a realização de dois
acordos, um perante o PROCON, e outro no Juizado Especial Cível, todos com
a participação do apelante, e sempre sem lograrem atingir o objetivo almejado,
de possuir o aparelho de DVD com Karaokê. Restou incontroverso o defeito
existente no produto adquirido pelos autores, bem como as inúmeras
providências empreendidas por eles, junto a ambos os demandados, desde
novembro de 2005, buscando, sem êxito, resolver o problema. A simples
despreocupação das demandadas, na efetiva dissolução do problema, por si
só, caracteriza o ilícito civil das demandadas, passível de reparação. Dano
moral in re ipsa. Condenação mantida. 3. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
MANUTENÇÃO. Na fixação da reparação por dano extrapatrimonial, incumbe
ao julgador, atentando, sobretudo, para as condições do ofensor, do ofendido
e do bem jurídico lesado, e aos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, arbitrar quantum que se preste à suficiente recomposição dos
prejuízos, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima. A
análise de tais critérios, conduz à manutenção do montante indenizatório
fixado na sentença em R$ 7.000,00, corrigido monetariamente a contar da data
da sentença, e acrescido de juros a contar da citação. REJEITADA A
PRELIMINAR. APELAÇÃO IMPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70023606684,
Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Lessa
Franz, Julgado em 10/07/2008)

III – DOS PEDIDOS

a. Citação da parte ré para responder a demanda;

b. Condenação da parte ré em honorários sucumbenciais de 20%;

c. Condenação da parte ré no pagamento das custas e despesas processuais;

d. Condenação da parte ré em R$ 2.000 (dois mil reais) em dano material;

e. Requer a elaboração de todos os meios de provas possíveis;

f. Requer que seja feita a inversão do ônus da prova;

g. A parte autora abre mão da audiência de conciliação.

Dar-se a causa o valor de R$ 2.000 (dois mil reais)

Termos em que,

Pede deferimento.

Carlos Daniel Barros de Araújo

OAB – 346543/GO

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