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RESUMO
O trabalho “Body art e identidade na contemporaneidade: conexões com os processos
educativos em artes visuais” concentra observações a respeito do corpo como meio de
reflexão e expressão acerca da identidade representada pelo educando nas aulas de artes
visuais. A questão norteadora dessa pesquisa foi: como compreender a body art a partir da
representação da identidade do educando e suas possibilidades através das Artes Visuais
na contemporaneidade? Os objetivos dessa pesquisa foram: 1. Possibilitar através das artes
visuais e da body art a compreensão da identidade do educando a partir de suas memórias;
2. Relacionar o corpo com o conceito de identidade considerando o tempo e o espaço em
que se encontra; e por fim 3. Situar a compreensão da identidade do aluno na
contemporaneidade a partir das aulas de artes visuais. Para tanto, a metodologia utilizada é
a pesquisa qualitativa, visto que não são caracterizados valores numéricos. Assim, a
pesquisa é conduzida pela busca da uma relação entre o desenvolvimento da identidade do
aluno e as aulas de artes, a partir da body art.
ABSTRACT
The work "Body art and identity in contemporaneity: connections with educational processes
in the visual arts" concentrates observations about the body as a means of reflection and
expression about the identity represented by the student in the classes of visual arts. The
guiding question of this research was: how to understand body art from the representation of
the identity of the student and its possibilities through the Visual Arts in contemporary times?
The objectives of this research were: 1. Enable through the visual arts and body art the
understanding of the identity of the student from their memories; 2. Relate the body to the
concept of identity considering the time and space in which it is; and finally 3. To situate the
student's understanding of the contemporary identity from the visual arts classes. For that,
the methodology used is qualitative research, since numerical values are not characterized.
Thus, the research is driven by the search for a relationship between the development of the
student's identity and the art classes, from body art.
1. INTRODUÇÃO
O trabalho intitulado “Identidade e Body art na contemporaneidade: conexões
com os processos educativos em artes visuais” tem como tema reflexões sobre a
identidade e suas proposições na body art em processos educacionais nas aulas de
artes visuais.
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A escolha do tema se deu em virtude de uma busca pela compreensão da
identidade do aluno a partir da Body art, visto que é um assunto proposto pelos
documentos que regem a educação; na arte contemporânea encontramos um ponto
de encontro entre aquilo que é material, a saber, a produção artística e o imaterial,
que transcende a razão e se manifesta a partir do ser.
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A partir da década de 50 o corpo passa a ser a representação do “em si”, pois é
capaz de captar sensações1 gerando percepções e a partir delas reconhecendo o
mundo, isso significa que o corpo também é um meio pelo qual o ser humano
reconhece o ambiente em que está inserido. Segundo Cardim (2009, p.27): o
homem “só se realiza na vida comum”, assim, um importante fator perceptivo de
identidade é a memória, que pode ser classificada a curto e longo prazo (SOUZA,
2014) e pessoal ou social.
1
Sensação (do latim sensatio) “impressão subjetiva e interior advinda dos sentidos e causada por
algum objeto que os excita ou estimula”. (JAPIASSÚ e MARCONDES, 2001). Também pode ser
definida como a maneira pela qual o homem é afetado, gerando a experiência em si mesmo
(MERLEAU-PONTY, 2011).
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assim, as atitudes implícitas ou explícitas e as palavras do educador, podem inferir
intensamente na concepção do “eu” de cada aluno, como também podem influenciar
todos os membros que compõem uma sala de aula a terem a mesma percepção.
(FERNANDES, ALMEIDA, RODRIGUES, 2011, p. 2).
O corpo vivo possui uma mente – aspecto do corpo que tem como
função a percepção; um espírito – não na sua conotação mental ou
abstrata, mas no sentido de pneuma ou energia; e uma alma – como
um senso ou sentimento pessoal de fazer parte de uma ordem mais
ampla ou universal. (BRITO. 1996, p. 156).
No que diz respeito à Body art, o corpo atua como a própria obra, como
referenciado acima. Segundo Merleau-Ponty (2011) o corpo atua como um invólucro
da alma e de acordo com Jeudy (2002, pg. 83), a pele é o “invólucro” do corpo,
portanto pode-se considerar a body art como manifestação da alma do artista
através da pele, como na tatuagem, por exemplo.
2
Movimento que surge por volta de 1950 como resposta contrária ao Expressionismo abstrato, que
priorizava a expressão do artista. O minimalismo utiliza a forma mais simples de representação,
valorizando o conceito. “Os minimalistas compartilhavam com Mondrian a crença em que uma obra
de arte deve ser completamente concebida pela mente antes de sua execução” (STANGOS, 2000, p.
221).
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Para cada um, seu corpo é seu acontecimento do ser, tão essencial
que se torna metáfora do ser. É então mais que a “forma
contingente” que admite sua existência necessária. É o capital ou o
tesouro originário que o precede e confirma seus laços com o
mundo. O corpo é para cada um uma metáfora do universo e de seus
potenciais de existência. SIBONY apud JEUDY, 2002, pg. 66.
O corpo, nesse caso, funciona como um elo entre o ser e o meio em que o
homem se encontra, a partir de elementos externos o homem passa a existência. As
características do ambiente são incorporadas de forma que modificam sua
personalidade, assim, a chave para a espiritualidade do corpo seria o sentimento.
(BRITO, 1996).
Além disso, o homem se liga ao meio através do tato, sendo assim, ao tocar
algo o corpo é estimulado gerando reconhecimento do mesmo. “A resistência
corporal é o modo através do qual estabelecemos um contato com o mundo exterior,
permitindo, então, nos distinguir dele” (CARDIM, 2009, p. 43) e assim se apresentar
como corpo inserido no social.
Apesar de arte corporal ser definida como aquela que utiliza o corpo, Anne
Cauquelin (2005) coloca a Body art em um nível meramente expressional, na qual o
artista deve estar ciente do que está fazendo e o corpo é o fundamento da obra,
resgatando a essência do homem como a pureza existente, porém até então
despercebida. Já Glusberg (2013) apresenta os primeiros artistas que utilizaram a
expressão corporal como precursores da filosofia de Merleau-Ponty a respeito do
corpo.
3
Manifestação artística que precede a Performance. Caracteriza-se pelo envolvimento do público,
segundo uma declaração assinada por diversos autores do happening: “toda pessoa presente a um
happening participa dele. É o fim da noção de atores e público”. (GLUSBERG, 2013, p.34).
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Além do grupo de Viena, a Body art sofreu influência de outros artistas da
época, fortemente influenciados pela Arte Conceitual, mas todos com o objetivo de
desfetichizar o corpo, colocando-o como objeto ou suporte da produção artística.
Glusberg (2013, p. 42) define o termo Body art fazendo a seguinte relação:
Tadra (2009, p. 62) considera o corpo “como uma unidade que possui
aspectos materiais e não materiais, que se relaciona e se transforma
continuamente”. Esses aspectos podem ser considerados como Feijó coloca “corpo
e mente participam da mesma natureza-energia e devem ser tratados como os dois
polos da mesma energia” (FEIJÓ, 1992, p. 10).
Assim, as aulas de artes visuais, através do estudo da body art podem contribuir
para a compreensão da identidade do aluno enquanto indivíduo e a partir dela
organizar interlocuções com o mundo, considerando a relação em si e para o outro
através de memórias pessoais e sociais em criação, gerando novas experiências
que formam a identidade do aluno.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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modificada, pois esse educando consciente de sua identidade passa a refletir na
sociedade características de uma pessoa esclarecida.
A pesquisa não teve como objetivo gerar respostas concretas, visto que se trata
de proposições que podem auxiliar no desenvolvimento e reconhecimento da
identidade do educando, sendo assim, abre possibilidade de reflexões a respeito do
indivíduo e o ser social.
Por fim, com essa pesquisa manifestamos a importância do ensino das artes
visuais na escola, do estudo através do corpo na arte contemporânea, das relações
da identidade de um ser social que se expressa conscientemente evidenciando o
processo criativo e sua relação com o mundo que o cerca. Sendo assim, propondo
temas que podem ser desenvolvidos de forma elaborada e significativa contribuindo
relevantemente na formação de um ser social e cultural através dos processos
educativos em artes visuais.
3. REFERÊNCIAS
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GLUSBERG, J. A arte da performance/tradução Renato Cohen. São Paulo:
Perspectiva, 2013.
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