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Baseado no guia de antibióticos do Medgrupo, Rang & Dale e Goodman (escolhido


como verdade maior e soberana, por ser a bibliografia da matéria).

- Os zilhões de nomes que não vamos gravar foram conferidos com o maior cuidado
possível.

- Nem boto meu nome para não me responsabilizar por nada.

- Lembre-se: não parece, mas vai dar tudo certo! 😉

P3 – Farmacologia II – 2017.1

ANTIBIÓTICOS

A classificação dos antibióticos (atb) baseia-se na classe e espectro dos microrganismos que
sofrem sua ação, nos processos bioquímicos com os quais o atb interfere e a estrutura química da sua
molécula ativa.

Os antimicrobianos podem ser classificados como:

ð Bactericidas: causam a morte de bactérias por meio de mecanismos como inibição


irreversível da replicação do DNA.
ð Bacteriostáticos: inibem o crescimento das bactérias no meio, sendo necessária atuação
do sistema imunológico para eliminação das mesmas.
ð Bacteriolíticos: além de matar as bactérias ativas através do impedimento da formação
da parede celular, também eliminam as células já mortas por meio de um processo
denominado lise celular.

Seus efeitos podem ser alterados de acordo com a capacidade de penetração nos compartimentos
anatômicos. * Barreira hematoencefálica, geralmente não é permeável => inflamação aumenta a
permeabilidade, possibilitando assim, a entrada de alguns antibióticos. À medida que a infecção é
erradicada, levando a uma diminuição do processo inflamatório, a permeabilidade volta ao normal
(baixa). Como isso pode ocorrer enquanto ainda restam microrganismos viáveis, é importante que a
dose não seja reduzida à medida que o paciente melhora! Atenção também para vegetações e
biopelículas endocárdicas e formadas em valvas cardíacas artificiais, cateteres intravasculares e outros
dispositivos => dificultando a difusão das moléculas dos atbs.

Mecanismos de resistência
ð Acesso reduzido do fármaco ao patógeno. Ex: membrana externa dos gram-negativos
ð Expulsão ativa do fármaco (bombas de efluxo)
ð Destruição do antibiótico. Ex: β-lactamase
ð Redução da afinidade do fármaco por alteração da estrutura do alvo
ð Incorporação do fármaco (microrganismo passa a usar o fármaco para a própria
proliferação)
ð Heterorresistência (quando um subgrupo da população é resistente, embora o total seja
considerado sensível)
Os mecanismos de resistência podem ser intrínsecos do microrganismo (mutação in loci) ou
adquiridos por transmissão de material genético ou mutação (transferência horizontal de genes
resistentes de um microrganismo para o outro).

A transferência horizontal pode ocorrer por transformação (bactéria recebe partes de DNA do
meio envolvente), transdução (por meio de bacteriófagos) ou conjugação (contato direto com troca
de material genético, como plasmídeos).

Bactérias gram-positivas e gram-negativas


Gram-positivas => possuem parede celular simples formada por camada única de peptideoglicanos,
proteínas, polissacarídeos e polímeros ácidos que, por consequência, fazem com que a superfície seja
polarizada e tenha carga negativa -> facilita a entrada de compostos carregados positivamente.

Ex: Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus, Clostridium.

Gram-negativas => parede celular mais complexa. Da membrana plasmática para fora, temos: 1-
espaço periplasmático – enzimas e outros componentes, 2- camada mais fina de peptideoglicanos, 3-
membrana externa – dupla camada lipídica similar em alguns aspectos à membrana plasmática, nela
encontram-se as porinas – canais transmembranas cheios de água que facilitam a passagem de atbs
hidrofílicos, 4-polissacarídeos complexos – camada mais externa, importante para antigenicidade,
variam de acordo com a cepa bacteriana.

Ex: Haemophilus, Enterobacteriaceae, Pseudomonas, E. coli.

Agentes que interferem na síntese ou na ação do folato


1 - Sulfonamidas
Mecanismo de ação: BACTERIOSTÁTICO. As sulfonamidas são inibidores competitivos da síntese de
ácido fólico, que é essencial na produção do DNA e RNA bacterianos, uma vez que são análogos
estruturais de um precursor dessa molécula: o ácido p-aminobenzoico (PABA). Dessa forma, inibem o
crescimento bacteriano.

- Um aumento do [PABA] pode reverter seus efeitos. Importante para alguns anestésicos locais, como
a procaína, que são ésteres de PABA.

- Possuem apenas ação em bactérias que precisam produzir seu próprio ácido fólico. Não tem ação na
presença de pus ou produtos de degeneração tecidual, pois estes contêm timidina e purinas que as
bactérias podem usar diretamente, contornando a necessidade do ácido fólico.

Mecanismos de resistência: aumento da produção de PABA e aquisição de uma enzima alvo de baixa
afinidade.

Efeitos adversos: Hepatite, reações de hipersensibilidade (rashes, erupções da pele, síndrome de


Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica, febre e reações anafilactoides), depressão da medula
óssea, falência renal aguda, náusea, êmese, cefaleia e depressão.

Farmacocinética e farmacodinâmica: São sintéticas, são bem absorvidas no trato gastrointestinal


(TGI) - podem ser administradas por via oral, são amplamente distribuídas pelos tecidos - passam para
o exsudato inflamatório, barreira hematoencefálica (BHE) e placentária, possuem metabolismo
hepático.

Indicações: ampla faixa de atividade contra gram-positivas e negativas, porém cepas resistentes
tornaram-se comuns.

→Infecções do trato urinário (ITUs) – devido ao aumento da resistência, a associação com


trimetoprima passou a ser mais utilizada →Nocardiose – infecção por Nocardia, bactéria gram-
positiva, →Toxoplasmose – sulfa+pirimetamina – deve-se aumentar a ingesta de líquido para evitar
cristalúria →Opção para profilaxia de infecções estreptocócicas e recidivas de febre reumática nos
resistentes à penicilina.

Trimetoprima
- Quimicamente relacionado à pirimetamina

Mecanismo de ação: inibição competitiva de uma enzima importante no metabolismo do ácido fólico
(di-hidrofolato redutase).

-Associação com sulfametoxazol (sulfametoxazol-trimetoprima, SMZ-TMP ou cotrimoxazol –


Bactrim®): ação bactericida.

Mecanismo de resistência: produção da enzima-alvo com menor afinidade. 10-30% das cepas de E.
coli da comunidade são resistentes à associação SMZ-TMP, Enterococcus faecalis possui resistência
natural às sulfas e à trimetoprima.

Efeitos adversos: Deficiência de ácido fólico, em doses muito altas podem causar hipercalemia –
semelhança aos diuréticos poupadores de K+. Contraindicação relativa no último trimestre – risco de
Kernicterus para o recém-nascido.

Indicações: Sulfametoxazol-trimetoprima: espectro amplo, maioria das gram-positivas e negativas.


→ ITUs → Prostatite bacteriana →Exacerbações agudas da bronquite crônica → Otite média aguda de
crianças → Sinusite maxilar aguda de adultos → Cistite bacteriana →Diarreia do viajante → 2ª opção
para febre tifoide, shigelose e algumas salmoneloses → Infecção por Pneumocystis jirovecii – agente
de pneumonia no HIV → Profilaxia para pacientes gravemente neutropênicos.

Antibióticos β-lactâmicos
2 - Penicilinas
Mecanismo de ação: BACTERIOLÍTICA. Interferem na síntese de peptideoglicanos na parede celular
bacteriana. Conectam-se a proteínas ligadoras da penicilina nas bactérias (PLPs ou PBPs), que incluem
transpeptidases importantes na síntese da parede celular e outras proteínas envolvidas em outros
processos (possui ações líticas e não-líticas). Uma vez que a parede está constantemente sendo
quebrada para renovação, esse processo leva à lise da bactéria.

- Alcançam facilmente as PLPs nas gram-positivas, porém, nas gram-negativas precisam atravessar as
porinas e atingir o espaço periplasmático.

Mecanismo de resistência: 1- produção de uma β-lactamase (penicilinase, cefalosporinase ou pode


também agir em ambas), pode-se utilizar em associação um inibidor da β-lactamase – clavulanato,
sulbactam, tazobactam, embora já existam algumas cepas resistentes a β-lactamase, ex: P. aeruginosa
e Enterobacteriaceae. Os inibidores são mais ativos contra β-lactamases codificadas por plasmídeos.
2- PBPs com baixa afinidade pelo antibiótico. Ex: S. aureus MRSA. 3- Porinas que dificultam/impedem
a passagem do atb. Ex: penicilina G e oxacilina - baixa eficácia para gram-negativas, Pseudomonas
aeruginosa - são naturalmente resistentes.

Tipos de penicilina:

1- Penicilina G (Benzilpenicilina) e penicilina V – pouca absorção no TGI (vantagem da penicilina


V, melhor absorção), suscetibilidade às β-lactamases. Maior eficácia contra: cocos gram-
positivos (S. pyogenes - grupo A, S. agalactiae – grupo B, S. viridans e S. pneumoniae), bacilos
gram-positivos (Listeria monocytogenes), cocos gram-negativos (Neisseria meningitidis),
anaeróbios da boca e orofaringe, com exceção da Bacteroides fragilis e espiroquetas
(Treponema pallidum e Leptospira interrogans).
Preparados: • Penicilina G cristalina – via intravenosa, reservada para infecções graves que
necessitam de internação. • Penicilina G procaína – intramuscular, usada em situações de
gravidade mediana, ex.: erisipela. • Penicilina G benzatina – administração intramuscular,
liberação lenta – efeito dura por 10 dias, usada em casos de faringoamigdalite estreptocócica,
impetigo estreptocócico e sífilis sem acometimento do SNC.
2- Penicilinas penicilinase-resistentes – isoxazolilpenicilinas: oxacilina (mais eficaz contra S.
aureus), cloxacilina e dicloxacilina, além da meticilina e nafcilina – tem absorção rápida, porém
são absorvidos parcialmente.
3- Aminopenicilinas – ampicilina e amoxicilina (via oral) – conseguem atravessar as porinas nos
gram-negativos, possuem biodisponibilidade imprevisível no TGI. Sua eficácia contra gram-
positivas não é superior à penicilina G. São eficazes no tratamento da sinusite, otite média,
exacerbações agudas da bronquite crônica e epiglotite. β-lactâmico mais ativo contra S.
pneumoniae, tanto os sensíveis, quanto os resistentes à penicilina. A maioria das infecções
não complicadas do trato urinário é causada por Enterobacteriaceae, entre as quais a E. coli é
a espécie mais comum, assim, a ampicilina geralmente é eficaz. No tto empírico de suspeita
de meningite bacteriana, recomenda-se o uso da combinação de ampicilina e vancomicina
com uma cefalosporina de terceira geração.
4- Carboxipenicilinas – carbenicilina e ticarcilina – menor eficácia contra gram-positivas que a
penicilina G, maior espectro para alguns gram-negativos produtores de β-lactamase
(Enterobacter, Pseudomonas aeruginosa)
5- Ureidopenicilinas – mezlocilina e piperacilina – Eficaz contra Enterobacteriaceae, P.
aeruginosa e Klebsiella pneumoniae.
6- Penicilina + inibidores de betalactamase – amoxicilina + clavulanato - Clavulin®, ampicilina +
sulbactam - Unasyn® - eficácia contra gram-positivas, gram-negativas e anaeróbios, excelente
para o tratamento de infecções comunitárias polimicrobianas do tipo pneumonia aspirativa,
pé diabético infectado e sinusite crônica.

*ticarcilina-clavulanato/piperacilina-tazobactam – espectro ampliado para P. aeruginosa

Efeitos adversos: Principal: hipersensibilidade (erupções cutâneas, choque anafilático, febre,


broncoespasmo, vasculite, doença do soro, dermatite esfoliativa, síndrome de Stevens-Johnson). Em
alguns casos pode ser indicado dessensibilização – administração de doses gradativamente crescentes
na esperança de evitar uma reação grave. Quando utilizada por via oral, principalmente as de amplo
espectro, alteram a flora bacteriana levando a alterações no TGI que podem envolver superinfecção
por microrganismos não sensíveis à penicilina => colite pseudomembranosa.

Possui toxicidade direta mínima, porém outros efeitos como depressão da medula óssea,
granulocitopenia e hepatite.

Cefalosporinas
Mecanismo de ação: Mecanismo de ação semelhante ao das penicilinas – inibem a síntese da parede
celular bacteriana.

Cefalosporinas de 1ª geração: - via parenteral: Cefalotina, cefalozina – preferida pois pode ser
administrada em intervalos menos frequentes, via oral: cefalexina e cefadroxil – ação sobre a maioria
dos gram-positivos, poucos gram-negativos.

Cefalotina e cefalozina – utilizadas na profilaxia pré-operatória e em infecções de pele e tecido


subcutâneo, porém, com menor eficácia que a penicilina. Cefalexina e cefadroxil - escolha para o
tratamento de infecções estafilocócicas de pele e subcutânea.

Cefalosporinas de 2ª geração: atividade ligeiramente aumentada contra microrganismos gram-


negativos, mas são menos ativas que os de 3ª geração. Podem ser divididas em dois subgrupos: com
atividade contra Haemophilus influenzae (cefuroxime) e outro subgrupo com ação contra B. fragilis
(cefoxitina, cefotetana e cefmetazol).

Cefalosporinas de 3ª geração: é altamente resistente a muitas β-lactamases (exceto as de espectro


expandido), boa ação contra aeróbias gram-positivas e gram-negativas, e quanto as últimas, pode ser
dividida em dois subgrupos: sem atividade contra Pseudomonas (ceftriaxona, cefotaxima e
cefodizima) e com atividade (ceftazidima e cefoperazona).

Cefalosporinas de 4ª geração: possuem um amônio quaternário de carga positiva que facilita a


passagem pelas porinas de P. aeruginosa. Eficaz contra infecções hospitalares por gram-negativos
multirresistentes e também por gram-positivos.

Efeitos adversos: Principal – hipersensibilidade, em geral, os pacientes alérgicos a uma classe podem
manifestar reatividade cruzada a um membro da outra. São potencialmente nefrotóxicos.
Carbapenêmicos
Mecanismo de ação: mecanismo similar à penicilina. Foram desenvolvidos para enfrentar os gram-
negativos produtores de β-lactamase (resistentes à penicilina).

Imipenem: gram-positivos e gram-negativos aeróbios e anaeróbios. Não tem efeito sobre alguns
estafilococos resistentes a meticilina e a maioria das cepas de Pseudomonas. Não deve ser usado como
monoterapia contra P. aeruginosa pelo risco do desenvolvimento de resistência. É comercializado em
conjunto com a cilastatina – inibe sua inativação pelas enzimas renais.

Meropenem: similar, não é metabolizado pelo rim.

Ertapenem: apenas licenciado para algumas indicações, difere pela sua meia-vida sérica mais longa.

Farmacodinâmica e farmacocinética: Em geral, meia-vida de ~ 1 hora, não são absorvidos por via oral.

Efeitos adversos: Similar aos outros β-lactâmicos.

Monobactâmicos
Mecanismo de ação: similar à penicilina.

Aztreonam – via endovenosa, meia-vida de 2 horas, efetivo sobre bacilos aeróbios gram-negativos (N.
meningitidis e H. influenzae) – espectro similar aos aminoglicosídeos. Não tem ação sobre gram-
positivos ou anaeróbios, não apresenta reação cruzada com a penicilina.

3 - Glicopeptídeos
Vancomicina e teicoplanina

Mecanismo de ação: BACTERICIDAS, agem se ligando a pontos específicos de unidades precursoras


da parede celular, inibindo sua síntese. Por serem moléculas muito grandes, não tem ação sobre gram-
negativos pois não conseguem ultrapassar a membrana externa.

Mecanismo de resistência: 1 - alteração da estrutura do alvo, descrita em enterococos (VRE –


enterococos resistente à vancomicina). 2 - S. aureus e estafilococos coagulase-negativos podem
apresentar resistência “intermediária”, cepas onde a MIC – concentração mínima inibitória – é
próxima a concentração sérica máxima obtida. Teoricamente, doses mais elevadas podem superar a
resistência. Nesse caso é classificado como intermediária, porém não se observa ação antibiótica. O
mecanismo de resistência é pela produção de uma parede celular mais espessa.

Farmacodinâmica e farmacocinética: A vancomicina é pouco absorvida pelo TGI, na terapia parenteral


deve ser administrada por via intravenosa, nunca intramuscular – altamente irritante para os tecidos,
causando dor e até necrose. Já a teicoplanina não tem restrições. Vancomicina: Atravessa a barreira
hemato-encefálica, tem meia-vida de ~ 6 horas, excreção renal. Teicoplanina – meia-vida muito longa.

Efeitos adversos: febre, rashes, flebite no local da injeção, ototoxicidade e nefrotoxicidade, alguns
casos de hipersensibilidade

Indicações: A vancomicina possui atividade contra um amplo espectro de gram-positivas e a


teicoplanina é ativa contra estafilococos sensíveis e resistentes a meticilina.

→ Meningite bacteriana de comunidade (S. pneumoniae) → S. aureus, incluindo MRSA (resistente a


meticilina) e S. epidermidis nosocomial (infecções de próteses e cateteres) → Osteomielite e
endocardite causada por estafilococos e enterococos resistentes à meticilina → Colite
pseudomembranosa (C. difficile).
Antibióticos que comprometem a síntese bacteriana

4 -Tetraciclinas
Mecanismo de ação: BACTERIOSTÁTICO, agem inibindo a síntese proteica bacteriana ao se ligar a
subunidade ribossomal 30S (tal como os aminoglicosídeos), bloqueando a ligação do aminoacil-RNAt
no complexo ribossoma-RNAm.

- Tetraciclina, oxitetraciclina, demeclociclina, limeciclina, doxiciclina e minociclina

Mecanismo de resistência: Principal dos gram-positivos: alteração da estrutura ribossomal,


diminuindo a afinidade do atb por seu alvo. Gram-negativos: efluxo ativo da droga.

Farmacodinâmica e farmacocinética: Sua absorção é reduzida na presença de alimentos.

Efeitos adversos: Não é recomendado seu uso em gestantes e crianças até 8 anos – descoloração
marrom-amarelada nos dentes, com hipoplasia do esmalte, além de prejuízo ao desenvolvimento
ósseo. Pode causar distúrbios no TGI, desde intolerância a ulcerações.

Indicações: ampla variedade de bactérias aeróbias e anaeróbias, gram-positivas e gram-negativas. De


modo geral, são indicadas para o tratamento de riquétsias, Mycoplasma pneumoniae, clamídias e
algumas espiroquetas (doença de Lyme e sífilis) → Minociclina - usada para erradicar N. meningitidis
da nasofaringe de portadores.

Aminoglicosídeos
Mecanismo de ação: BACTERICIDA, inibem a síntese proteica bacteriana se ligando irreversivelmente
à subunidade 30S do ribossomo, levando a erros na leitura do RNAm e dificultando o início da
tradução. Sua entrada na membrana interna da bactéria depende de transporte ativo dependente de
O2 e do gradiente eletroquímico transmembrana. Portanto, essa passagem é uma fase limitante da
ação e pode ser inibida por cátions divalentes, hiperosmolaridade, por redução do pH ou anaerobiose.
Assim, perdem atividade em ambientes ácidos como secreções pulmonares e coleções purulentas e
são ineficazes contra bactérias anaeróbicas.

- Gentamicina, estreptomicina, amicacina, tobramicina, neomicina, canamicina.

- Podem ter seu efeito reforçado por agentes que interferem na síntese da parede celular. Ex: β-
lactâmicos.

Mecanismo de resistência: resistência natural (anaeróbios), inativação do fármaco ou baixa afinidade


pelo ribossomo bacteriano. Devido a diferenças estruturais da estreptomicina, a resistência a outros
fármacos da classe não significa resistência cruzada com esse atb.

Farmacodinâmica e farmacocinética: Não são bem absorvidas no TGI, usualmente via intramuscular
ou intravenosa, eliminação renal, atravessam a placenta, não atravessam a barreira hematoencefálica.

Efeitos adversos: Ototoxicidade (pode ser irreversível, envolve disfunção vestibular e auditiva) e
nefrotoxicidade (reversível). Mais raro: bloqueio neuromuscular.

Indicações: ação contra bacilos gram-negativos aeróbicos, utilizada em tratamento empírico de


infecções graves → tobramicina – preferida contra P. aeruginosa, → gentamicina - Serratia →
amicacina – espectro mais amplo, incluindo alguns resistentes à gentamicina e tobramicina.


5 - Macrolídeos
Mecanismo de ação: BACTERIOSTÁTICO, atuam inibindo a síntese proteica se ligando à subunidade
50S do ribossomo – mesmo local de ação do cloranfenicol e da clindamicina, esses fármacos
competem se administrados em conjunto, não há indicação para tal.

- Eritromicina pode ter feito bactericida em concentrações muito altas em microrganismos muito
sensíveis.

- Eritromicina, claritromicina, azitromicina. Cetolídeos – telitromicina

Mecanismo de resistência: efluxo do fármaco por um mecanismo ativo de bomba, indução de uma
proteção ribossômica ou alteração do sítio de ligação ou por meio de hidrólise dos macrolídeos.

Farmacodinâmica e farmacocinética: via oral, parenteral (risco de tromboflebite), não cruzam a


barreira hematoencefálica, entram e concentram-se nos fagócitos. A claritromicina é teratogênica.

Efeitos adversos: alterações no TGI, geralmente não complicadas. Eritromicina – hipersensibilidade,


hepatite colestática, toxicidade cardíaca. Podem ocorrer também infecções oportunistas no TGI e na
vagina.

Indicações: espectro similar à penicilina, podendo ser utilizada nos casos de sensibilidade.

Eritromicina → eficaz contra espiroquetas gram-positivas, porém não contra a maioria dos gram-
negativos, exceto: N. gonorrhoeae, H. influenzae, Mycoplasma pneumoniae, Legionella e alguns
microrganismos clamidiais. Escolha para o tto de coqueluche (B. pertussis).

Claritromicina → tratamento de H. pylori.

Azitromicina → Excelente ação sobre Toxoplasma gondii.

Lincosamidas
Mecanismo de ação: Clindamicina, mesmo mecanismo dos macrolídeos.

Mecanismo de resistência: resistência aos macrolídeos pode gerar resistência cruzada.

Farmacodinâmica e farmacocinética: Via oral, atravessa barreira placentária, não atinge níveis altos
no líquido cerebrospinal, mesmo quando há inflamação.

Efeitos adversos: Atb mais associado a ocorrência de diarreia, pode ocorrer colite
pseudomembranosa, exantema cutâneo e elevação das transaminases hepáticas. Atenção para
interação com bloqueadores neuromusculares – pode potencializar seu efeito.

Indicações: atividade similar a da eritromicina contra pneumococos, S. pyogenes e S. viridans → mais


ativa contra bactérias anaeróbicas, especialmente B. fragilis.

Cloranfenicol
Com a discriminação do uso, ficou evidente que o fármaco pode causar discrasias sanguíneas graves
e fatais. É reservado para o tto de infecções potencialmente fatais (meningite, riquétsias) em
pacientes que não podem receber fármacos mais seguros por resistência ou alergias.

Mecanismo de ação: semelhante aos macrolídeos, inibem a síntese proteica bacteriana ao se ligar
reversivelmente à subunidade 50S do ribossomo e também, em menor grau, das células eucarióticas
- ação na peptidiltransferase ribossômica.

Mecanismo de resistência: inativação do fármaco.


Efeitos adversos: Já foi observada ocorrência de toxicidade hematológica de duas formas: efeito
tóxico relacionado a dose: anemia, leucopenia e trombocitopenia e devido a resposta idiossincrática:
anemia aplásica. Pode haver também intolerância no TGI e reações cutâneas de hipersensibilidade.
Atenção para interações medicamentosas, uma vez que o fármaco inibe as CYP hepáticas.

Teratogênico e contraindicado na gestação, até a lactação e em recém-nascidos pelo risco de


desenvolvimento da síndrome do bebê cinzento. Em geral, surge de 2-9 dias após o início do
tratamento. Ocorre vômito, recusa em mamar, respiração irregular e rápida, distensão abdominal,
períodos de cianose e evacuação de fezes moles e de coloração esverdeada. Todas as crianças
mostram-se gravemente doentes ao final do primeiro dia e adquirem uma cor cinzenta, tornam-se
flácidas e hipotérmicas. Dois mecanismos podem estar envolvidos: deficiência de desenvolvimento da
glicuronil transferase – enzima hepática que metaboliza o cloranfenicol, nas primeiras 3-4 semanas de
vida e excreção renal inadequada do fármaco não conjugado.

Indicações: amplo espectro: gram-positivos, gram-negativos e anaeróbios

→ Bactericida para os principais agentes causadores de meningite bacteriana (S. pneumoniae, H.


influenzae, N meningitidis), porém, seu uso vem sendo suplantado pela ceftriaxona – cefalosporina de
3ª geração → Muito eficaz contra salmoneloses, incluindo S. typhi – febre tifoide, febre maculosa –
Rickettsia e B. fragilis → Colírio – usado para conjuntivite bacteriana.

Linezolida (oxazolidinonas)
Mecanismo de ação: inibem a síntese proteica ligando-se a subunidade 50S, mas diferente das outras
classes que atuam nesse sítio, esse fármaco bloqueia a formação do complexo maior de ribossomos –
ligação à subunidade 30S.

- Deve-se tomar cuidado com seu uso para evitar o desenvolvimento de resistência.

Farmacodinâmica e farmacocinética: Bem absorvida por via oral.

Efeitos adversos: mielossupressão, neuropatia periférica, neurite óptica e ácido lático. É um inibidor
fraco e inespecífico da monoaminoxidase (MAO) – pode causar síndrome serotoninérgica.

Indicações: excelente espectro para gram-positivas, incluindo S. aureus MRSA e S. aureus VIRSA,
pneumococo resistente à penicilina e enterococo VRE.

Agentes microbianos que alteram a topoisomerase


6 - Fluoroquinolonas
Mecanismo de ação: BACTERICIDAS, agem inibindo a DNA-girase nos gram-negativos e a
topoisomerase IV nos gram-positivos, bloqueando a transcrição e a replicação bacteriana.

- Ciprofloxacina, levofloxacina, ofloxacina, norfloxacina, moxifloxacina e ác. Nalidíxico.

Mecanismo de resistência: mutação nos genes das enzima-alvo, produzindo DNA-


girases/topoisomerases com menor afinidade ou efluxo ativo do fármaco.

Farmacodinâmica e farmacocinética: Bem absorvidas pela via oral e bem distribuídas, maioria possui
eliminação renal, concentram-se nos fagócitos, maioria não atravessa a barreira hemato-encefálica,
anti-ácidos com Al e MG interferem na sua absorção, contraindicado em grávidas.

Efeitos adversos: Principal => alterações no TGI – náuseas, vômitos e desconforto abdominal, seguidas
de cefaleia branda, tontura e erupções cutâneas. Com ciprofloxacino pode ocorrer colite
pseudomembranosa. A interação com teofilina e AINES pode causar alterações no SNC mais graves.
Podem ocorrer também arritmias. É contra-indicado para crianças => artropatia, compromete a
maturação da cartilagem articular.

Indicações: Ciprofloxacina – mais comumente usada, largo espectro efetivo contra gram-positivas e
gram-negativas, incluindo resistentes às penicilinas, cefalosporinas e aminoglicosídeos → mais
eficazes que sulfametoxazol-trimetoprima para as infecções do trato urinário → melhor para infecções
por bastonetes e cocos gram-negativos facultativos e aeróbios → Não é muito usada para pneumonia,
baixa eficácia contra S. pneumoniae e bactérias anaeróbias

Outros
7 - Metronidazol
Mecanismo de ação: por seu metabolismo anaeróbico, possuem substâncias como as ferredoxinas,
que participam da cadeia de transporte de elétrons. Na presença do metronidazol, a transferência de
elétrons é desviada para o fármaco, formando um nitrorradical aniônico altamente reativo que age
sobre o DNA e outras biomoléculas vitais, causando destruição dos microrganismos suscetíveis.

- Pró-fármaco – sofre redução não enzimática nos microrganismos alvo.

- Sofre regeneração catalítica – volta ao composto original

- Oxigênio compete pelos elétrons – inibe a ação do fármaco.

- Tinidazol, secnidazol, ornidazol e benzonidazol

Mecanismo de resistência: resistência crescente, mecanismos ainda desconhecidos.

Farmacodinâmica e farmacocinética: via oral, intravenosa, intravaginal e tópica, metabolismo


hepático, uso no primeiro trimestre não é aconselhado.

Efeitos adversos: efeitos graves são raros, podem causar cefaleia, náuseas, boca seca, gosto metálico,
alterações no SNC e no TGI e reações de hipersensibilidade.

Indicações: Eficácia contra anaeróbios, tanto protozoários parasitos, como bactérias → tricomoníases,
amebíases e giardíases → Bacteroides, Clostridium.


FIM

Vanessa Vicente – 2015.1

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