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- Os zilhões de nomes que não vamos gravar foram conferidos com o maior cuidado
possível.
P3 – Farmacologia II – 2017.1
ANTIBIÓTICOS
A classificação dos antibióticos (atb) baseia-se na classe e espectro dos microrganismos que
sofrem sua ação, nos processos bioquímicos com os quais o atb interfere e a estrutura química da sua
molécula ativa.
Seus efeitos podem ser alterados de acordo com a capacidade de penetração nos compartimentos
anatômicos. * Barreira hematoencefálica, geralmente não é permeável => inflamação aumenta a
permeabilidade, possibilitando assim, a entrada de alguns antibióticos. À medida que a infecção é
erradicada, levando a uma diminuição do processo inflamatório, a permeabilidade volta ao normal
(baixa). Como isso pode ocorrer enquanto ainda restam microrganismos viáveis, é importante que a
dose não seja reduzida à medida que o paciente melhora! Atenção também para vegetações e
biopelículas endocárdicas e formadas em valvas cardíacas artificiais, cateteres intravasculares e outros
dispositivos => dificultando a difusão das moléculas dos atbs.
Mecanismos de resistência
ð Acesso reduzido do fármaco ao patógeno. Ex: membrana externa dos gram-negativos
ð Expulsão ativa do fármaco (bombas de efluxo)
ð Destruição do antibiótico. Ex: β-lactamase
ð Redução da afinidade do fármaco por alteração da estrutura do alvo
ð Incorporação do fármaco (microrganismo passa a usar o fármaco para a própria
proliferação)
ð Heterorresistência (quando um subgrupo da população é resistente, embora o total seja
considerado sensível)
Os mecanismos de resistência podem ser intrínsecos do microrganismo (mutação in loci) ou
adquiridos por transmissão de material genético ou mutação (transferência horizontal de genes
resistentes de um microrganismo para o outro).
A transferência horizontal pode ocorrer por transformação (bactéria recebe partes de DNA do
meio envolvente), transdução (por meio de bacteriófagos) ou conjugação (contato direto com troca
de material genético, como plasmídeos).
Gram-negativas => parede celular mais complexa. Da membrana plasmática para fora, temos: 1-
espaço periplasmático – enzimas e outros componentes, 2- camada mais fina de peptideoglicanos, 3-
membrana externa – dupla camada lipídica similar em alguns aspectos à membrana plasmática, nela
encontram-se as porinas – canais transmembranas cheios de água que facilitam a passagem de atbs
hidrofílicos, 4-polissacarídeos complexos – camada mais externa, importante para antigenicidade,
variam de acordo com a cepa bacteriana.
- Um aumento do [PABA] pode reverter seus efeitos. Importante para alguns anestésicos locais, como
a procaína, que são ésteres de PABA.
- Possuem apenas ação em bactérias que precisam produzir seu próprio ácido fólico. Não tem ação na
presença de pus ou produtos de degeneração tecidual, pois estes contêm timidina e purinas que as
bactérias podem usar diretamente, contornando a necessidade do ácido fólico.
Mecanismos de resistência: aumento da produção de PABA e aquisição de uma enzima alvo de baixa
afinidade.
Trimetoprima
- Quimicamente relacionado à pirimetamina
Mecanismo de ação: inibição competitiva de uma enzima importante no metabolismo do ácido fólico
(di-hidrofolato redutase).
Mecanismo de resistência: produção da enzima-alvo com menor afinidade. 10-30% das cepas de E.
coli da comunidade são resistentes à associação SMZ-TMP, Enterococcus faecalis possui resistência
natural às sulfas e à trimetoprima.
Efeitos adversos: Deficiência de ácido fólico, em doses muito altas podem causar hipercalemia –
semelhança aos diuréticos poupadores de K+. Contraindicação relativa no último trimestre – risco de
Kernicterus para o recém-nascido.
Antibióticos β-lactâmicos
2 - Penicilinas
Mecanismo de ação: BACTERIOLÍTICA. Interferem na síntese de peptideoglicanos na parede celular
bacteriana. Conectam-se a proteínas ligadoras da penicilina nas bactérias (PLPs ou PBPs), que incluem
transpeptidases importantes na síntese da parede celular e outras proteínas envolvidas em outros
processos (possui ações líticas e não-líticas). Uma vez que a parede está constantemente sendo
quebrada para renovação, esse processo leva à lise da bactéria.
- Alcançam facilmente as PLPs nas gram-positivas, porém, nas gram-negativas precisam atravessar as
porinas e atingir o espaço periplasmático.
Tipos de penicilina:
Possui toxicidade direta mínima, porém outros efeitos como depressão da medula óssea,
granulocitopenia e hepatite.
Cefalosporinas
Mecanismo de ação: Mecanismo de ação semelhante ao das penicilinas – inibem a síntese da parede
celular bacteriana.
Cefalosporinas de 1ª geração: - via parenteral: Cefalotina, cefalozina – preferida pois pode ser
administrada em intervalos menos frequentes, via oral: cefalexina e cefadroxil – ação sobre a maioria
dos gram-positivos, poucos gram-negativos.
Efeitos adversos: Principal – hipersensibilidade, em geral, os pacientes alérgicos a uma classe podem
manifestar reatividade cruzada a um membro da outra. São potencialmente nefrotóxicos.
Carbapenêmicos
Mecanismo de ação: mecanismo similar à penicilina. Foram desenvolvidos para enfrentar os gram-
negativos produtores de β-lactamase (resistentes à penicilina).
Imipenem: gram-positivos e gram-negativos aeróbios e anaeróbios. Não tem efeito sobre alguns
estafilococos resistentes a meticilina e a maioria das cepas de Pseudomonas. Não deve ser usado como
monoterapia contra P. aeruginosa pelo risco do desenvolvimento de resistência. É comercializado em
conjunto com a cilastatina – inibe sua inativação pelas enzimas renais.
Ertapenem: apenas licenciado para algumas indicações, difere pela sua meia-vida sérica mais longa.
Farmacodinâmica e farmacocinética: Em geral, meia-vida de ~ 1 hora, não são absorvidos por via oral.
Monobactâmicos
Mecanismo de ação: similar à penicilina.
Aztreonam – via endovenosa, meia-vida de 2 horas, efetivo sobre bacilos aeróbios gram-negativos (N.
meningitidis e H. influenzae) – espectro similar aos aminoglicosídeos. Não tem ação sobre gram-
positivos ou anaeróbios, não apresenta reação cruzada com a penicilina.
3 - Glicopeptídeos
Vancomicina e teicoplanina
Efeitos adversos: febre, rashes, flebite no local da injeção, ototoxicidade e nefrotoxicidade, alguns
casos de hipersensibilidade
4 -Tetraciclinas
Mecanismo de ação: BACTERIOSTÁTICO, agem inibindo a síntese proteica bacteriana ao se ligar a
subunidade ribossomal 30S (tal como os aminoglicosídeos), bloqueando a ligação do aminoacil-RNAt
no complexo ribossoma-RNAm.
Efeitos adversos: Não é recomendado seu uso em gestantes e crianças até 8 anos – descoloração
marrom-amarelada nos dentes, com hipoplasia do esmalte, além de prejuízo ao desenvolvimento
ósseo. Pode causar distúrbios no TGI, desde intolerância a ulcerações.
Aminoglicosídeos
Mecanismo de ação: BACTERICIDA, inibem a síntese proteica bacteriana se ligando irreversivelmente
à subunidade 30S do ribossomo, levando a erros na leitura do RNAm e dificultando o início da
tradução. Sua entrada na membrana interna da bactéria depende de transporte ativo dependente de
O2 e do gradiente eletroquímico transmembrana. Portanto, essa passagem é uma fase limitante da
ação e pode ser inibida por cátions divalentes, hiperosmolaridade, por redução do pH ou anaerobiose.
Assim, perdem atividade em ambientes ácidos como secreções pulmonares e coleções purulentas e
são ineficazes contra bactérias anaeróbicas.
- Podem ter seu efeito reforçado por agentes que interferem na síntese da parede celular. Ex: β-
lactâmicos.
Farmacodinâmica e farmacocinética: Não são bem absorvidas no TGI, usualmente via intramuscular
ou intravenosa, eliminação renal, atravessam a placenta, não atravessam a barreira hematoencefálica.
Efeitos adversos: Ototoxicidade (pode ser irreversível, envolve disfunção vestibular e auditiva) e
nefrotoxicidade (reversível). Mais raro: bloqueio neuromuscular.
5 - Macrolídeos
Mecanismo de ação: BACTERIOSTÁTICO, atuam inibindo a síntese proteica se ligando à subunidade
50S do ribossomo – mesmo local de ação do cloranfenicol e da clindamicina, esses fármacos
competem se administrados em conjunto, não há indicação para tal.
- Eritromicina pode ter feito bactericida em concentrações muito altas em microrganismos muito
sensíveis.
Mecanismo de resistência: efluxo do fármaco por um mecanismo ativo de bomba, indução de uma
proteção ribossômica ou alteração do sítio de ligação ou por meio de hidrólise dos macrolídeos.
Indicações: espectro similar à penicilina, podendo ser utilizada nos casos de sensibilidade.
Eritromicina → eficaz contra espiroquetas gram-positivas, porém não contra a maioria dos gram-
negativos, exceto: N. gonorrhoeae, H. influenzae, Mycoplasma pneumoniae, Legionella e alguns
microrganismos clamidiais. Escolha para o tto de coqueluche (B. pertussis).
Lincosamidas
Mecanismo de ação: Clindamicina, mesmo mecanismo dos macrolídeos.
Farmacodinâmica e farmacocinética: Via oral, atravessa barreira placentária, não atinge níveis altos
no líquido cerebrospinal, mesmo quando há inflamação.
Efeitos adversos: Atb mais associado a ocorrência de diarreia, pode ocorrer colite
pseudomembranosa, exantema cutâneo e elevação das transaminases hepáticas. Atenção para
interação com bloqueadores neuromusculares – pode potencializar seu efeito.
Cloranfenicol
Com a discriminação do uso, ficou evidente que o fármaco pode causar discrasias sanguíneas graves
e fatais. É reservado para o tto de infecções potencialmente fatais (meningite, riquétsias) em
pacientes que não podem receber fármacos mais seguros por resistência ou alergias.
Mecanismo de ação: semelhante aos macrolídeos, inibem a síntese proteica bacteriana ao se ligar
reversivelmente à subunidade 50S do ribossomo e também, em menor grau, das células eucarióticas
- ação na peptidiltransferase ribossômica.
Linezolida (oxazolidinonas)
Mecanismo de ação: inibem a síntese proteica ligando-se a subunidade 50S, mas diferente das outras
classes que atuam nesse sítio, esse fármaco bloqueia a formação do complexo maior de ribossomos –
ligação à subunidade 30S.
- Deve-se tomar cuidado com seu uso para evitar o desenvolvimento de resistência.
Efeitos adversos: mielossupressão, neuropatia periférica, neurite óptica e ácido lático. É um inibidor
fraco e inespecífico da monoaminoxidase (MAO) – pode causar síndrome serotoninérgica.
Indicações: excelente espectro para gram-positivas, incluindo S. aureus MRSA e S. aureus VIRSA,
pneumococo resistente à penicilina e enterococo VRE.
Farmacodinâmica e farmacocinética: Bem absorvidas pela via oral e bem distribuídas, maioria possui
eliminação renal, concentram-se nos fagócitos, maioria não atravessa a barreira hemato-encefálica,
anti-ácidos com Al e MG interferem na sua absorção, contraindicado em grávidas.
Efeitos adversos: Principal => alterações no TGI – náuseas, vômitos e desconforto abdominal, seguidas
de cefaleia branda, tontura e erupções cutâneas. Com ciprofloxacino pode ocorrer colite
pseudomembranosa. A interação com teofilina e AINES pode causar alterações no SNC mais graves.
Podem ocorrer também arritmias. É contra-indicado para crianças => artropatia, compromete a
maturação da cartilagem articular.
Indicações: Ciprofloxacina – mais comumente usada, largo espectro efetivo contra gram-positivas e
gram-negativas, incluindo resistentes às penicilinas, cefalosporinas e aminoglicosídeos → mais
eficazes que sulfametoxazol-trimetoprima para as infecções do trato urinário → melhor para infecções
por bastonetes e cocos gram-negativos facultativos e aeróbios → Não é muito usada para pneumonia,
baixa eficácia contra S. pneumoniae e bactérias anaeróbias
Outros
7 - Metronidazol
Mecanismo de ação: por seu metabolismo anaeróbico, possuem substâncias como as ferredoxinas,
que participam da cadeia de transporte de elétrons. Na presença do metronidazol, a transferência de
elétrons é desviada para o fármaco, formando um nitrorradical aniônico altamente reativo que age
sobre o DNA e outras biomoléculas vitais, causando destruição dos microrganismos suscetíveis.
Efeitos adversos: efeitos graves são raros, podem causar cefaleia, náuseas, boca seca, gosto metálico,
alterações no SNC e no TGI e reações de hipersensibilidade.
Indicações: Eficácia contra anaeróbios, tanto protozoários parasitos, como bactérias → tricomoníases,
amebíases e giardíases → Bacteroides, Clostridium.
FIM