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SUMÁRIO

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA ������������������������������������������������������������������������������������ 3


TRIAGEM NUTRICIONAL ������������������������������������������������������������������������������������������������� 3
INQUÉRITO ALIMENTAR ����������������������������������������������������������������������������������������������� 11
EXAMES BIOQUÍMICOS.................................................................................................. 14

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA �������������������������������������������������������������������� 24


AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA ADOLESCÊNCIA �������������������������������������������������������� 26
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA GESTAÇÃO ������������������������������������������������������������������ 27
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO ������������������������������������������������������������������������� 27

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO.................................. 28


NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO IDOSO ����������������������������������������������������������������� 33
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AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

A avaliação antropométrica é uma das ferramentas da avaliação nutricional


construída a partir de medidas físicas, tais como: peso, estatura (comprimento
ou altura), dobras cutâneas, perímetros e medidas de segmentos corporais em
pacientes com limitações físicas. Posteriormente, essas medidas possibilitam
estudar a composição corporal humana e situar o diagnóstico para tratamento de
problemas nutricionais.

TRIAGEM NUTRICIONAL

A triagem nutricional identifica os indivíduos que devem passar por uma


avaliação mais detalhada a partir do diagnóstico de risco nutricional. Os métodos
de triagem têm como característica em comum o baixo custo e a fácil execução.
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SEMIOLOGIA NUTRICIONAL

A semiologia nutricional compreende o estudo de sinais e sintomas manifestados


pelo paciente. Os sinais são manifestações clínicas visíveis e a avaliação é feita
por meio do exame físico. Já os sintomas se manifestam de forma subjetiva,
relatado pelo paciente e não visualizada pelo examinador, e o nutricionista dispõe
da anamnese nutricional para identificar os sintomas clínicos nutricionais.
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INQUÉRITO ALIMENTAR

O nutricionista dentro da avaliação nutricional possui diversos instrumentos ou


metodologias para avaliar a saúde do seu paciente. O inquérito alimentar tem por
finalidade colher dados referente ao consumo alimentar quantitativo e qualitativo,
envolvendo a frequência de consumo, os hábitos individuais e coletivos.

 CURTO PERÍODO
(FUTURO)
PROSPECTIVOS
EX: Registro alimentar diário e
pesagem direta.
MÉTODOS

RETROSPECTIVOS  LONGO PERÍODO


(PASSADO IMEDIATO/
LONGO PRAZO)

EX: Recordatório 24h, frequência


e história alimentar.
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Tabela 1. Características dos Métodos de Inquérito Alimentar.

Recordatório 24 Horas

Avaliação atual (dia) alimentar;


Quantifica a ingesta alimentar;
Indica adesão ao plano alimentar;
Descreve o consumo de bebidas.

OBS: caso haja dificuldade na procura do alimento


consumido nas tabelas de composição nutricional,
pode ser solicitado a marca comercial do alimento.

Registro Alimentar

Registro prospectivo de 3-7 dias;


Alimentos anotados pelo paciente ou cuidador ou
representante;
Evita omissão ou esquecimento no relato.
Metodologias de
História Alimentar
análise:
Praticado na 1ª consulta;
Envolve detalhes alimentares
Estimativa qualitativa e quantitativa (habitual).
Ex: preferências, aversões, intolerâncias alimentares,
estilo de vida, uso de medicamentos e suplementos
nutricionais.

Questionário de Frequência Alimentar

Ingesta usual com base em um questionário;


Frequência de consumo (diária, semanal, mensal ou
anual);
Predisposição ao desenvolvimento de doenças
crônicas;
Método epidemiológico.
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METODOLOGIA VANTAGENS LIMITAÇÕES

Depende da memória do
Baixo custo, rápido e fácil; paciente;

Ingestão habitual; Investigador deve ser treinado;


Recordatório Aplicável às diversas faixas Exclui dias atípicos;
24 horas etárias; Pouco preciso nas estimativas
Estimativa de macro e quantitativas;
micronutrientes. Bebidas e lanches podem ser
omitidos.
Pode influenciar o padrão
Não depende da memória;
alimentar;
Precisão quantitativa dos
Longo tempo;
alimentos;
Registro Alimentar Paciente deverá saber ler e
Relata as preparações;
escrever;
Indica o intervalo entre as
Requer treinamento do
refeições.
avaliado (paciente).
Depende da memória do
Considera variações
paciente;
História Alimentar sazonais;
Longo período na colheita das
Elimina variações atípicas.
informações.
Baixo custo; Não relata o horário ou local de
Não requer treinamento consumo;

Questionário (autoaplicável); Quantificação pouco exata;


de Frequência Permite associações Pode não refletir o padrão
Alimentar nutricionais; alimentar do indivíduo;
Não influencia o padrão Depende da memória do
alimentar paciente.
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EXAMES BIOQUÍMICOS

Os exames laboratoriais formam o tripé da avaliação nutricional (bioquímico,


físico e funcional) que servirão de base para o diagnóstico do paciente. Por meio dos
testes bioquímicos é possível determinar a qualidade e a quantidade de nutrientes,
uma vez que em excesso ou em falta podem prejudicar o funcionamento do
organismo. Os indicadores do estado nutricional são os parâmetros hematológicos,
proteicos viscerais, proteicos somáticos, perfil lipídico, teste de competência
imunológica e micronutrientes.
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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
PESO, ALTURA E IMC
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ANTROPOMETRIA

Conjunto de técnicas e medidas padronizadas que visam o estudo da forma,


proporção e composição do corpo humano.

ÍNDICES

Através da associação de duas ou mais medidas conseguimos os índices

ÍNDICES
IMC: Índice de Massa Corporal
CMB: Circunferência Muscular do Braço
AMBc: Circunferência Muscular do Braço Corrigida
AGB: Área de Gordura do Braço
RCQ: Relação Cintura/Quadril

TIPOS DE AFERIÇÃO DE PESO

PESO SOMA DE TODOS OS COMPONENTES CORPÓREOS

Peso atual Obtido no momento do atendimento


Referido pelo paciente. Pode coincidir ou não com o peso
Peso usual ou habitual
atual
Calculado a partir do IMC. Reflete o que seria considerado
Peso ideal ou desejável
adequado para as características do indivíduo
Determina as necessidades nutricionais quando a
adequação do peso for inferior a 95% ou superior a 115%
Peso ajustado
Adequação de peso (%): Peso atual x 100
Peso ideal
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MUDANÇA DE PESO CORPORAL

Mudanças agudas de peso estão associadas com altas taxas de mortalidade

PERDA SIGNIFICATIVA DE
TEMPO PERDA SEVERA DE PESO (%)
PESO (%)
1 semana 1-2 >2
1 mês 5 >5
3 meses 7,5 >7,5
6 meses 10 >10

ADULTOS E IDOSOS
CRIANÇAS ADULTOS IDOSOS ACAMADOS OU COM
LIMITAÇÕES
Peso em pé √ √ √ -
Peso deitado √ - - -
Peso estimado - - - √
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TÉCNICAS DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DO PESO

FÓRMULA DE CHUMLEA ET AL (1988)

Homens: (0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x PCSE) – 81,69

Mulheres: (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x PCSE) – 62,35

ESTATURA

ESTATURA RECUMBENTE (ESTIMATIVA)


• Realizada em indivíduos acamados, sem movimentação fora do leito;
• Indivíduo deve estar em posição supinada;
• Deve-se marcar o lençol na extremidade da cabeça e base dos pés
para fazer a aferição.
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EXTENSÃO DOS BRAÇOS/ENVERGADURA


• Indivíduo de costas para a parede
• Braços estendidos (90º em relação ao corpo)
FORMAS DE AFERIR
1. Aferir com fita métrica a distância entre os dedos
médios.
2. Aferir a distância entre o dedo médio de um dos
braços até o meio do externo na altura do ombro
E multiplicar o resultado por dois

COMPRIMENTO DA PERNA OU ALTURA DO JOELHO


• Indivíduos acamados ou não
• Mais utilizado em idosos
• Utilizado para estimar altura a partir da fórmula de Chumlea et al
(1985).

Homens: (0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x PCSE) – 81,69

Mulheres: (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x PCSE) – 62,35

FÓRMULA DE RABITO (2006)

Homens: 58,6940 – 2,9740 x (1) – 0,0736 x (idade em anos) + 0,4958 x


(CB) + 1,1320 x (ME)

Mulheres: 58,6940 – 2,9740 x (2) – 0,0736 x (idade em anos) + 0,4958 x


(CB) + 1,1320 x (ME)

CB = COMPRIMENTO DO BRAÇO (CM)


ME= MEIA ENVERGADURA
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IMC
Avalia a massa corporal total em relação à altura
IMC =__PESO__
ALTURA²

CLASSIFICAÇÃO DO IMC (OMS, 1998)


CLASSIFICAÇÃO
<16 Magreza grau III
16 - 16,9 Magreza grau II
17 – 18,4 Magreza grau I
18,5 – 24,9 Eutrofia
25 – 29,9 Sobrepeso
30 – 34,9 Obesidade grau I
35 – 39,9 Obesidade grau II
>40 Obesidade grau III

INDICADORES DE COMPOSIÇÃO CORPORAL

ÍNDICES O QUE AVALIAM


CMB, AMB, AMBc, CP e CB Parâmetros para avaliação de reserva muscular
AGB, ∑2 dobras (PCT + PCSE, CB, ∑4
Parâmetros para avaliação de tecido adiposo
Dobras (PCT + PCB + PCSE + PCSI)
CC, RCQ, IC, DAS Distribuição de gordura corporal
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Interpretação AGB e ∑2 dobras (PCT + PCSE)

PERCENTIL TECIDO ADIPOSO


≤5 Déficit
5 - 15 Risco de déficit
15 – 85 Média
85 - 90 Acima da média
≥90 Excesso de gordura

Valores de referência para percentuais de gordura corporal

CLASSIFICAÇÃO HOMENS MULHERES


Risco de doenças
≤5 ≤8
associadas à desnutrição
Abaixo da média 6 - 14 9 - 22
Média 15 23
Acima da média 16 - 24 23 - 31
Risco de doenças
≥25 ≥32
associadas à obesidade

Fonte: Lohman (1988)

LIMITAÇÕES DAS PREGAS CUTÂNEAS

• Pode não indicar o valor real da dobra em indivíduos com edemas


locais ou generalizados
• Não é aconselhável realizar a aferição em indivíduos obesos pois o
nível de viés se torna elevado
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DISTRIBUIÇÃO DE GORDURA CORPORAL

TECIDO MUSCULAR

INTERPRETAÇÃO DA AMB e AMBc


PERCENTIL TECIDO ADIPOSO
≤5 Depleção
5 - 15 Risco de déficit
15 – 85 Média
85 - 90 Boa reserva
≥90 Boa reserva
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA

Recém-nascidos

CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO IDADE GESTACIONAL


IG < 37 semanas RN pré-termo (RNPT)
IG entre 37 e 42 semanas RN a termo (RNT)
IG > 42 semanas RN pós-termo

Prematuro tardio — nascido entre 34 semanas completas


e 36 semanas e 6 dias.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO PESO AO NASCER
Macrossomia 4.000 g ou mais
Normal 2.500 a 3.999 g
Baixo peso < 2.500 g
Muito baixo peso < 1.500 g

Fonte: (OMS, 1993)


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Crianças
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA
CRIANÇAS CRIANÇAS
DE 0 A 5 ANOS DE 5 A 10 ANOS
VALORES CRÍTICOS
Peso-para- Peso para IMC para Estatura Peso-para- IMC-para- Estatura-
idade estatura idade para idade idade idade para-
idade
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixa Muito baixo Muito
Muito baixo Magreza Magreza estatura peso para a Magreza baixa
peso para a acentuada acentuada para a idade idade acentuada estatura
idade para a
idade
Escore-z -3 e
Percentil 0,1 e < Escore-z -2 Baixo peso Magreza Magreza Baixa Baixo peso Magreza Baixa
< Percentil 3 para a idade estatura para a idade estatura
para a idade para a
idade
Escore-z -2 e
Percentil 3 e < Escore-z -1 Peso
< Percentil 15 adequado Eutrofia Eutrofia Eutrofia
> Percentil 15 e Escore-z -1 e para a idade
< Percentil 85 Escore-z +1 Peso
adequado
Percentil 85 e > Escore-z +1 e Risco de Risco de Estatura para a idade Sobrepeso
Percentil 97 Escore-z +2 sobrepeso sobrepeso adequada Estatura
para a idade adequada
> Percentil 97 e > Escore-z +2 e Sobrepeso Sobrepeso Peso para a
Percentil 99,9 Escore-z +3 Peso elevado idade
elevado para a idade Obesidade
para a idade
> Percentil 99,9 > Escore-z +3
Obesidade Obesidade Obesidade
grave
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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA ADOLESCÊNCIA

ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA


ADOLESCENTES
VALORES CRÍTICOS

IMC para idade Estatura para idade

Magreza Muita baixa estatura


< Percentil 0,1 < Escore-z -3
acentuada para a idade
Percentil 0,1 e Escore-z -3 e Baixa estatura para a
Magreza
< Percentil 3 < Escore-z -2 idade

Percentil 3 e Escore-z -2 e Estatura adequada


Eutrofia
< Percentil 15 < Escore-z -1 para a idade

> Percentil 15 e < Escore-z -1 e


Percentil 85 Escore-z +1
Percentil 85 e > Escore-z +1 e
Sobrepeso
Percentil 97 Escore-z +2
> Percentil 97 e > Escore-z +2 e
Obesidade
Percentil 99,9 Escore-z +3

> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave

Fonte :SISVAN, 2011


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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA GESTAÇÃO

Durante a gestação as necessidades energéticas estão aumentadas para o


correto desenvolvimento do feto. O Institute of Medicine (IOM, 2009) recomenda o
seguinte ganho de peso:

IMC PRÉ- GANHO DE PESO GANHO DE


IMC (KG/M²)
GESTACIONAL DURANTE A PESO NO 2º E 3º
GESTAÇÃO TRIMESTRE

Baixo peso <18,5 12,5 – 18 0,5


Peso adequado 18,5-24,9 11 – 16 0,4
Sobrepeso 25,0-29,9 7 – 11,5 0,3
Obesidade ≥30,0 5–9 0,2

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO

IMC OPAS (2002) MS (2017)

BAIXO PESO
<23 <22

EUTROFIA
23-28 22-27

SOBREPESO >27
28-30
(EXCESSO DE PESO)
OBESIDADE >27
>30
(EXCESSO DE PESO)

Para avaliar o risco nutricional de idosos uma das ferramentas mais utilizadas
é a Mini Avaliação Nutricional versão reduzida (MAN-SF), cujo procedimento
engloba 18 perguntas com 4 categorias: antropometria, cuidados gerais, dietética
e avaliação global.
A soma dos escores da MAN possibilita diferenciar os seguintes grupos de
pacientes idosos:
• Os que apresentam estado nutricional adequado: MAN > 24
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• Os que correm risco de depleção nutricional, porém com bom prognóstico


para intervenção: MAN entre 17 e 23,5
• Os que apresentam subnutrição energético-proteica declarada: MAN
< 17

Na impossibilidade de deambulação do idoso, as medidas de peso e estatura


podem ser obtidas por meio das equações de estimativa desenvolvidas por
Chumlea et al:

Equações para cálculo do peso estimado

Homens = (0,98 × circunferência da panturrilha) + (1,16 × comprimento


da perna) + (1,73 × circunferência do braço) + (0,37 × dobra cutânea
subescapular) – 81,69

Mulheres = (1,27 × circunferência da panturrilha) + (0,87 × comprimento


da perna) + (0,98 × circunferência do braço) + (0,4 × dobra cutânea
subescapular) – 62,35

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO


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O período gestacional é caracterizado por inúmeras alterações como o


aumento do volume sanguíneo, que pode chegar a 50% até o fim da gestação
com variabilidade entre as mulheres, e diminuição de nutrientes circulantes
caracterizando um quadro de hemodiluição também conhecido como anemia
fisiológica.
Quanto a função respiratória e a dinâmica cardiovascular, é comum que o ritmo
cardíaco e respiratório se elevem à medida que mais oxigênio (O²) tem que ser
levado ao feto e mais gás carbônico exalado.
Outros ajustes fisiológicos são observados desde o 1º trimestre como o apetite
e os hábitos alimentares. O aumento da progesterona relaxa o músculo uterino
para permitir o crescimento fetal e diminuir a motilidade intestinal, o que resulta
em constipação. Além disso, o esfíncter esofágico inferior relaxado e a pressão
do útero em crescimento sobre o estômago podem causar regurgitação e refluxo
gástrico.
A anemia ferropriva em gestantes tem como causa primária a baixa ingestão
do nutriente e atinge principalmente o nível socio econômico mais baixo, mulheres
com mais de um parto no histórico e idade gestacional avançada.

Anemia ferropriva em gestantes


(OMS ,2001 e MS, 2012)
Ausência de anemia: >11g/dl
Anemia leve a moderada: 8g/dl a 10g/dl
Anemia grave: < 8g/dl

Picamalácia (Pica): é um transtorno alimentar caracterizado pelo


consumo de substâncias não comestíveis durante a gestação, na maioria
das vezes envolve o consumo de terra ou outros produtos que podem
prejudicar a saúde da mulher. A causa da pica ainda é mal compreendida,
mas parece ter relação com a deficiência de algum nutriente especial
como o ferro, zinco, cálcio ou potássio.
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Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2017/2018), diabetes gestacional


está relacionada a intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se inicia
durante a gestação atual e não preenche os critérios diagnósticos de diabetes
mellitus franco. Os fatores de risco são:
• Idade materna avançada
• Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual
• Deposição central excessiva de gordura corporal
• História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau
• Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia
na gravidez atual
• Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações,
morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG
• Síndrome de ovários policísticos
• Baixa estatura (menos de 1,5 m)
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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS EM PEDIATRIA

Recomendações nutricionais de macronutrientes na pediatria preconizadas


pelas Dri’s.

Estimativa da Necessidade Proteica Em Pediatria

NECESSIDADE
IDADE
PROTEICA (G/DIA)
1 a 3 anos 13
4a8 19
9 a 13 Meninos 34
14 a 18 Meninos 52
9 a 13 Meninas 34
14 a 18 Meninas 46
Fonte: Dietary Intakes (DRIs)
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Faixa De Distribuição Aceitável de Carboidratos


CARBOIDRATOS (G/
ESTÁGIO DE VIDA
DIA)
1 a 3 anos 130
4a8 130
9 a 13 Meninos 130
14 a 18 Meninos 130
9 a 13 Meninas 130
14 a 18 Meninas 130

Recomendações de lipídios de acordo com a faixa etária

GORDURA %
1 a 3 anos 30-40
4 a 18 25-35

CARBOIDRATO %
1 a 3 anos 45-65
4 a 18 45-65

FIBRAS (G/D)
1a3 19
4a8 25
9 a 13 Meninos 31
14 a 18 Meninos 38
9 a 13 Meninas 26
14 a 18 Meninas 26

Estratégias para prevenção e controle da anemia

A anemia é definida como processo patológico no qual a concentração de


hemoglobina (Hb), contida nos glóbulos vermelhos, encontra-se anormalmente
baixa, respeitando-se as variações segundo idade, sexo e altitude em relação
ao nível do mar, em consequência de várias situações como infecções crônicas,
problemas hereditários sanguíneos, carência de um ou mais nutrientes essenciais,
necessários na formação da hemoglobina, como ácido fólico, Vitaminas B12, B6
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e C e proteínas.
Algumas estratégias podem ser adotas para prevenir essa anemia como:

GESTAÇÃO SUPLEMENTAR FERRO E ÁCIDO FÓLICO

Parto e Nascimento Clampeamento tardio do cordão umbilical


Primeiros Seis Meses Aleitamento materno exclusivo
6 meses até 2 Anos Alimentação completa

Deficiência De Vitamina A

A vitamina A é um micronutriente reconhecidamente relacionado às funções


visuais, à integridade epitelial e ao funcionamento do sistema imunológico. Dentre
as estratégias para combater e controlar a DVA, a suplementação massiva de
megadoses de vitamina A para crianças de seis a 59 meses de idade e em mulheres
no pós-parto imediato, entendida como intervenção de caráter emergencial,
tem sido preconizada por organismos internacionais e adotada pelo Programa
Brasileiro de Suplementação de Vitamina A.

IDADE DOSE FREQUÊNCIA


Crianças: 6-11meses 100.000 UI Uma dose
Uma vez a cada 6
Crianças: 12-59 meses 200.000 UI
meses

Em puérperas essa megadose é administrada de 200.00 UI é feita de forma


oral, uma única fez, somente no pós-parto imediato, antes da alta hospitalar.

NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO IDOSO

Segundo legislação brasileira, os idosos são aqueles com 60 anos ou mais. O


envelhecimento é considerado um processo natural, progressivo e irreversível, no
qual ocorre redução progressiva de todos os compartimentos corporais, reduzindo
de 10 a 20% o metabolismo basal.
Algumas alterações fisiológicas interferem no estado nutricional do idoso, tais
como:
• Redução da atividade enzimática e nos componentes das secreções
gástricas
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• Atividade da amilase salivar frequentemente reduzida


• Possibilidade de redução da atividade de enzimas proteolíticas, como
a amilase e lipase pancreáticas
• Hipocloridria e acloridria frequentes
• Tendência à diminuição da tolerância à glicose
• Redução do fluxo sanguíneo renal e da velocidade de filtração glomerular
• Diminuição da acuidade sensorial
• Problemas econômicos
• Retardo no metabolismo
• Automedicação, com uso de medicamentos de venda livre, indicados
por leigos
• Depressão (causa mais comum de perda de peso).

Energia e Macronutrientes

>51 anos Kcal/dia Proteínas/dia Lipídeos %

Homens 2204 130 20-35

Mulheres 1978 130 20-35


(DRIs, 2002)
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Vitaminas

51 a 70 anos >70 anos


Vitamina
Homens Mulheres Ambos os sexos
A (mg/dia) 900 700 Igual
90 75 Igual
C (mg/dia) O estresse, fumo e alguns medicamentos podem influenciar a absorção
desta vitamina. Pode ser necessária a suplementação.
E (mg/dia) 15 15 Igual
B6 (mg/dia) 1,7 1,5 Igual
B9 (mcg/dia) 320 320 Igual
B12 (mg/dia) 2,4 2,4 Igual
Deficiência ocorre devido hipocloridria, gastrite atrófica
10 10 15
D (mg/dia) Dependente das quantidades ideais de cálcio e fósforo, além da
necessidade de exposição solar.
(DRIs, 2002)

Minerais

Mineral 51 a 70 anos >70 anos


Ambos os
Homens Mulheres
sexos
Fe (mg/dia) 8 8 Igual
Ca (mg/dia) 1200 1200 Igual
↓ Ca + ↓ Vit D + sem exposição solar =
Osteoporose
Na (mg/dia) 1,5 1,5 1,2
Zn (mg/dia) 11 8 Igual
Deficiência associada à prejudicada
função do sistema imunológico,
anorexia, perda de sensação do
paladar e cicatrização demorada.
(DRIs, 2002)
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