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- O trivium e o quadrivium nas Escolas e a escolástica.

A escolástica compreende os séculos IX e XV. Recebeu esse nome por


ser ensinada em escolas pelos mestres da época. Deu origem às primeiras
universidades na Idade Média, com os cursos de medicina, direito e teologia.
Para iniciarem sua jornada na educação superior os jovens deveriam aprender
o trivium e o quadrivium, para que assim pudessem ingressar em algum dos
três cursos oferecidos, sendo a teologia o principal entre eles, considerada a
mãe de todas as ciências.  A educação básica se atinha ao estudo das sete
Artes Liberais, divididas em duas partes: o trivium e o quadrivium. O trivium se
voltava para o ensino da argumentação e da conversação, tratando
sumamente dos estudos da gramática (para que aprendessem a fazer o uso
correto da língua); da dialética (para uma argumentação solidamente
argumentada e perspicaz, a fim de separar o falso do verdadeiro), e da retórica
(para o estudo da persuasão). O quadrivium era composto pelas artes reais: a
aritmética (estudo dos números), a música (aritmética aplicada), a geometria
(estudo do espaço e das dimensões) e a astronomia (a geometria aplicada). 
Após a formação os estudantes recebiam o título de doutor, podendo
lecionar nas universidades e ensinar outras pessoas. Quando formado em
teologia recebiam o título de doutor em divindade, alcançando um dos mais
altos prestígios da época.  

2 - Argumento ontológico de Anselmo x Cinco vias de Tomás de Aquino


As cinco vias de Tomás de Aquino estão centradas na ideia de que
Deus está estabelecido em primeiro lugar na ordem ontológica. A partir da
ordem psicológica, por meio dos nossos sentidos e da cognição, percebemos o
mundo, o conhecimento de Deus é levado por meios a posteriorísticos, a partir
dos efeitos do movimento do mundo.  
Sendo a primeira chamada de “Caminho da Mutação”, com a máxima de
que tudo que é movido por outra coisa é movido. A segunda é conhecida como
“Caminho da Causa Eficiente”, onde todas as coisas são movidas por uma
causa próxima, existindo uma necessidade de causas primárias que causam as
intermediárias e as intermediárias são as causas das últimas. Sendo assim,
admite-se a necessidade de uma causa primária e esta é Deus. A terceira via
se dá através da contingência, considerando que coisas existem e deixam de
existir, podem ser e não ser, admiti-se a necessidade da existência pois se em
algum momento tudo fosse não ser de lá nada se originaria, admitindo-se aí a
existência de um ser necessário. A quarta via se dá através dos graus de
perfeição, considerando que entre os entes há os mais ou menos bons e todos
eles se assemelham a algo que é a expressão máxima de cada gênero,
consequentemente, assume-se a existência de algo verdadeiro, nobre e bom e
para a explicação da existência da humanidade admitisse a existência de
Deus. Já a quinta via é nomeada como “Caminho do finalismo”, segue-se que
todas as coisas seguem para o seu fim, havendo então a necessidade de que
sejam guiadas para tal, assim, admite-se a existência de Deus. 
O argumento ontológico oposto ao de Tomás é apresentado por
Anselmo de Cantuária, que afirma a existência de Deus a partir da própria
existência do absoluto, por meios apriorísticos, partindo da própria ideia de
Deus, se tornando impossível não pensar na existência do ser divino sem que
se caia em contradição ao se deparar com o mundo. Pois além de Deus se
encontrar na inteligência, podemos encontrá-lo também na realidade. Pois na
própria ideia de Deus existe a ideia da sua existência fora da mente.  
Para Santo Anselmo os argumentos que asseguram a existência de
Deus se dão pelo fato de que ele é o ser de que não se pode pensar nada
maior, e além de se encontrar na inteligência, Deus está na realidade. Sendo “o
ser que não se pode pensar em nada maior” se admitisse a sua inexistência ele
não seria “o ser que não se pode pensar em nada maior”, e assim por diante...  

3 - A dúvida como método em Abelardo.


Pertencente a vertente racionalista da escolástica, Pedro Abelardo
empregou um caráter científico a suas investigações, tendo como uma de suas
máximas: “a dúvida leva à pesquisa e através dessa conhecemos a verdade”.
Trazendo um caráter dialético ao conhecimento teológico da época, pois para
ele, a dialética é um instrumento para nos conduzir com clareza à diferença
entre as doutrinas cristãs verdadeiras e falsas. A razão aqui assume o papel de
auxiliar na compreensão da teologia para torná-la mais fácil, atuando como
mediadora entre a verdade revelada e o pensamento humano. Fazendo uma
aproximação entre a teologia e a lógica, analisando as partes que constituem
as teses teológicas para evidenciar as incoerências e coerências existentes
nela.  A razão se sobrepõe à opinião dos mestres da época. Introduzindo uma
espécie de ceticismo a teologia ao afirmar que só a partir da dúvida que se
pode encontrar o conhecimento

4 - Da consciência ou da interioridade da ética em Abelardo.
A respeito da moral Abelardo escreveu Ética, ou Conhece-te a ti Mesmo
em 1128, tratando do pecado. Para ele o pecado não está em pensar mal, mas
sim em consentir o mal, na negação de fazer aquilo ordenado por Deus.
Estando o pecado não na ação, mas sim na intenção, classificando-a como
intencional. A intenção humana deve se alinhar a vontade divina, se
classificando como heterônoma, onde a moral é posterior ao sujeito, sem
caráter autônomo. A moral é ditada pela palavra divina e cabe a consciência do
sujeito valorar suas ações de acordo com as leis divinas. Cabendo a Deus
julgar se a intenção da ação é boa ou má, pois o sujeito pode omitir muitas
partes das suas intenções. Portanto, para o pensador a ação não deve ser
julgada em si, mas sim a intenção que a orientou, que está, por sua vez, está
contida na consciência e apenas Deus conseguirá julgá-la. 

5 - A questão dos universais.


A discussão a respeito dos universais se iniciou com Porfírio analisando
as afirmações feitas por Aristóteles a respeito da existência das categorias
universais. Averiguando o valor dos conceitos universais empregados na
representação de coisas particulares. Ligado ao realismo transcendente,
originado em Platão, o universal é defendido como a ideia de uma realidade em
si, existindo não somente fora da mente, mas também fora do objeto. Por outro
lado, o realismo moderado, com origens aristotélicas, defendia que o universal
tem em si mesmo uma realidade objetiva, mas é inerente aos objetos
particulares em que se apresenta como princípio.  
Os nominalistas (sofistas, estóicos, epicuristas e céticos) por sua vez
afirmavam que os universais têm existência apenas mental e nominal. Para
Abelardo, que partia da ciência da linguagem e da lógica, o universal é o que
pode predicar de muitos, importando o significado na linguística, tornando a
questão sobre os universais pertencentes à ciência do discurso.  O argumento
ontológico de Santo Anselmo sobre a existência de Deus, também admite a
existência de categorias universais quando se admite a existência de um
absoluto. Tal argumento teve forte influência em pensadores modernos como
Descartes e Kant. 

6 - A Translatio studiorum e a continuidade da filosofia grega entre os


árabes.
Translatio studiorum é o termo referente ao movimento de "transmissão
de saberes” entre o Ocidente e o Oriente Médio, entre culturas e religiões,
sobretudo, entre as religiões do livro, a Torah dos judeos, o Alcorão dos
mulçumanos e a Bíblia dos cristãos. Esse movimento também representa a
decadência do pensamento greco-cristão, que predominantemente preservou
uma filosofia conhecida como neoplatonismo cristão e condenou a Aristóteles.
Em contra ponto do ocidente, os árabes traduziram quase todas as obras de
Aristóteles, tendo grande incentivo remunerado durante o califado de Abássida.
Não apenas traduziram mas também produziram sua própria filosofia
(falsafa) e próprias teologia (kalâm), segundo Alain De Libera, no livro A
Filosofia Medieval, diz sobre a motivação dos primeiros califas abássidas “(...) é
marcado por duas vontades políticas: favorecer a apropriação da ciência grega
pelos árabes, inclusive a parte teológica do aristotelismo neoplatonizante, e
incentivar, paralelamente, o desenvolvimento de uma teologia racional
muçulmana independente da filosofia e capaz de lhe fazer concorrência, até
mesmo em seu próprio território, a razão.” 
No entanto, crítica Alain, sobre tal filosofia: “Mero instrumento lógico da
teologia, a filosofia preservada nas escolas monásticas siríacas reduzia-se ao
aristotelismo e, mais particularmente, à interpretação de certas partes do
Organo. 

7 - O ser possível e o ser necessário em Avicena.


Primeiro é preciso destacar a diferença entre ente e essência. Ente é
tudo que é concreto e real no mundo e, essência é a abstração. Por exemplo, o
cachorro constitui o ente, por sua vez, o animal constitui a essência. Os
primeiros existem de fato, já os segundos abstrai-se da existência, pois é a
definição. 
A distinção entre o ser possível e o ser necessário. O ser possível é
aquilo que existe de fato, no entanto tem a necessidade de uma causa externa
para vir a existir, dependente de um outro, sendo assim, poderia também não
existir. Já o ser necessário é Deus, não se difere de sua essência e não pode
deixar de ser, sendo assim, independente. Assim o antes de Deus nada há,
nem um espaço, nem tempo.
Diz Avicena, segundo Giovanni Reale e Dario Antiseri, no livro História
da Filosofia: Antiguidade e Idade Média, “O ser necessário é apenas um,
assumindo o grau de primeiro princípio e causa primária. (...) É evidente que o
ser necessário é numericamente um e está claro que tudo aquilo que se
encontra fora de sua essência, considerado em si mesmo, é apenas um
possível em relação à sua existência, sendo por isso um causado. Essa é a
razão pela qual, na cadeia das coisas causadas, chega-se ao ente
necessário." 

8 - O intelecto agente o intelecto possível em Averróis.

9 - O exemplarismo e as razões seminais em Boaventura.


10 - A questão do mal e a liberdade em Agostinho

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